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Método dos Deslocamentos A formulação matemática do método das forças e dos deslocamentos é bastante semelhante, devendo a escolha do método de análise incidir num ou noutro conforme seja mais vantajoso. O método dos deslocamentos pode ser aplicado quer as estruturas isostáticas quer a hiperestáticas sendo especialmente útil na análise das segundas, nomeadamente, quando o grau de indeterminação estático é elevado. Este método é melhor adaptável à programação automática que o método das forças, porque neste todos deslocamentos são restringidos ao contrário do que acontece no método das forças em que apenas algumas liberações são introduzidas para se obter a estrutura isostática. Mas antes de se proceder a descrição do método vejamos o que se entende por grau de indeterminação cinemática. 3.1. - Noção de indeterminação cinemática. Designaremos por indeterminação cinemática o número de restrições (vínculos) necessárias para eliminar os deslocamentos dos nós da estrutura. Por outras palavras, diremos que o grau de indeterminação cinemática é a soma dos graus de liberdade (rotações e translações) independentes, de todos os nós da estrutura, inclusive os apoios (não é mais do que o número de graus de liberdade da estrutura). Refere-se que um sistema de deslocamentos dos nós é independente se cada deslocamento puder variar arbitrariamente e independentemente de todos os outros. Vejamos alguns exemplos elucidativos do grau de indeterminação cinemática : grau 3 (D1, D2 e D3) ou grau 2 (D1 e D2) se desprezada a deformação axial grau 4 (D1, D2, D3 e D4) ou grau 2 (D1 e D2) desprezados os efeitos dos esforços normais 3.2. - Descrição do método a) Numa primeira fase determina-se o grau de indeterminação cinemática e escolhe-se um sistema de coordenadas de modo a poder-se identificar a posição e a direcção dos deslocamentos dos nós. Em seguida são introduzidas forças de restrição (em número igual ao grau de indeterminação cinemática) que impedem os deslocamentos dos nós (as forças são do mesmo tipo, sentido e direcção dos deslocamentos impedidos). b) Depois determinam-se as forças de restrição somando as forças de fixação dos extremos das barras convergentes nos nós (um a um). Tais forças devem impedir os deslocamentos para qualquer tipo de acção externa quer sejam cargas, variações de temperatura, pré-esforços, etc.). Estas acções podem ser consideradas separadamente ou em conjunto. Se na estrutura que está a ser analisada existir aí algum deslocamento prescrito, por exemplo, um assentamento de apoio, as forças de restrição correspondentes ao impedimento deste(s) deslocamento(s) devem ser considerados nesta etapa. Determina-se ainda nesta fase os esforços internos nas barras correspondentes as forças de restrição (nos impedidos de movimentarem-se). c) A estrutura considerada deformada de tal modo que numa das coordenadas generalizadas o deslocamento seja aí unitário e nulo em todas as outras. As forças necessárias para levar a estrutura a esta configuração são então calculadas sendo o procedimento repetido para cada uma das restantes coordenadas as generalizadas (restrições impostas inicialmente). d) Os deslocamentos necessários para eliminar as forças de restrição (obtida em b)) são determinados aplicando a sobreposição dos efeitos para os diversos deslocamentos impostos e igualando às forças de restrição. e) Os esforços na estrutura original são obtidos adicionando aos esforços na estrutura restringida os esforços originados pelos deslocamentos determinados em d). Problema : Determinar os esforços nas barras da estrutura representada na figura devido a acção combinada 1) da carga extrema P e 2) do alongamento �k no comprimento da barra k (motivado por acréscimo de temperatura nesta barra). Resolução O grau de indeterminação estático é 2, as translações segundo os eixos xx e yy de sentidos positivos arbitrários. Para 1) o deslocamento do nó A é impedido introduzindo em A uma força igual e oposta a P, de componentes F11 e F21 nas direcções 1 e 2 (o segundo índice indica a causa, neste caso 1)) Para 2) o alongamento �k da barra k pode ser impedido por uma força tal que aplicada em A origina na barra k um encurtamento da mesma grandeza. O valor da força de compressão correspondente será k kk k EA l � cujas componentes nas direcções 1 e 2 serão (o segundo índice indica o caso 2) kk k kk 22 kk k kk 12 sinEAF cos EAF ��� ��� l l A força total de restrição do nó terá as componentes F1 = F11 + F12 ; F2 = F21 + F22 Podemos também concluir que quando os deslocamentos são restringidos, em 1) não há esforços internos em qualquer das barras e em 2) aparece somente o esforço de compressão k kk k EA l � na barra k. Representando por {Ar} os esforços axiais nas barras nas condições de restrição teremos Ar1 = Ar2 = ... = Ark�1 = 0 , k EAA k kk rk l �� ; Ark+1 = ... = Arm = 0 Devido ao deslocamento unitário de A, gera-se na barra genérica i uma força de compressão i i ii cos EA � l e para manter o nó nesta posição teremos de aplicar as forças De um modo similar na hipótese D2 = 1 e D1 = 0 teremos de aplicar as forças Mas na estrutura real não existem só forças de restrição, para além disso sabemos que o nó D experimenta um deslocamento determinado de componentes D1 e D2 Então a sobreposição das forças de restrição introduzidas e das correspondentes aos deslocamentos reais deve ser nula. F1 + k11D1 + k12D2 = 0 F2 + k21D1 + k22D2 = 0 Estas equações podem ser escritas na forma matricial {F} + [K]{D} = 0 � [K]{D} = {�F} em que o vector coluna {F} depende do carregamento da estrutura; os elementos da matriz [K] são as forças correspondentes a deslocamentos unitários e são chamados coeficientes de rigidez. A matriz [K] é a chamada matriz de rigidez. Os elementos do vector {D} são os deslocamentos desconhecidos {D} = [K]�1{�F} Num caso geral de n restrições, a ordem das matrizes {D}, [K] e {F} são n�1, n�n e n�1, respectivamente. A matriz [K] é uma matriz quadrada simétrica. O esforço final em qualquer barra i pode ser obtido por sobreposição do esforço nessa barra nas condições de restrição e dos correspondentes aos deslocamentos dos nós Ai = Ari + (Aui1D1 + Aui2D2 + ... + AuinDn) A realização da sobreposição para todas as barras na forma matricial. {A}m�1 = {Ar} m�1 + [Au] m�n{D} n�1 onde os elementos de A são os esforços finais nas barras; os elementos de Ar são os esforços nas barras nas condições de restrição e os elementos de Au são os esforços nas barras correspondentes aos deslocamentos unitários. Especificamente os elementos da coluna j de [Au] são os esforços nas barras correspondentes ao deslocamento Dj = 1, enquanto todos os outros deslocamentos são nulos. Para o caso em estudo é fácil de concluir que � � � � � � � � � � � � � ��� � ��� � ��� � � m mm m mm 2 22 2 22 1 11 1 11 u sin m EA cos m EA ... sin 2 EA cos 2 EA sin 1 EA cos 1 EA A Notemos que num pórtico de nós rígidos podemos pretender os esforços em qualquer secção ou as reacções dos apoios. Por esta razão, consideramos que a rotação A representa qualquer acção, podendo ser o esforço axial, transverso, momento flector, torção numa secção genérica ou uma reacção num apoio. Problema : Trace o diagrama dos momentos flectores na estrutura indicada admitindo que são desprezáveis as variações dos comprimentos da barras devido ao esforço axial. Resolução O grau de indeterminação cinemática é 3 correspondente aos deslocamentos indicados na figura e as forças de restrição são a soma das forças de fixação nas extremidades das barras. � � � � � � �� � � � � � � � � � �� � � 8 P P 2 P 8 P P 8 P 8 P 2 P F l l l lll Os valores dos momentos flectores nas extremidades 1, 2, ... , 6 são � � 0 0 1 1 1 1 8 PAr � � � � � � � � � l nas condições de restrição Os elementos da matriz de rigidez são as forças necessárias (correspondentes às coordenadas 1, 2 e 3) para manter as deformações a seguir apresentadas llllll lll llllll 12EI 2 4EI4EIk 2EIk 24EI )2( 6EIk 2EIk 8EIk 6EIk 24EI )2( 6EIk 6EIk 108EI )2( 2EI112EIk 33322231 2322221 221321233311 �������� ���� ��������� Portanto � � � � � � � � � � � � 12224- 286- 24-6-108 EIK 2 l l lll l e da equação � �� � � � � � � � � � � � � ���� 0,0156 0,1355 0,0087 EI PDFD K 2l É fácil concluir que � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 4024 8024 420 240 046 026 EIAu l l l l l O valor dos momentos finais � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 4024 8024 420 240 046 026 EIAu l l l l l O diagrama de momentos virá : Problema : Trace o diagrama dos momentos na estrutura indicada desprezando as deformações devidas ao esforço axial e admitindo EI constante. Resolução O grau de indeterminação cinemática é 3 sendo as incógnitas as indicadas, assim como as forças de fixação dos extremos devido às cargas aplicadas. As forças nas extremidades das barras correspondentes a cada um dos deslocamentos unitários dos nós estão indicados nas figuras seguintes. Obtidos os elementos da matriz de rigidez, da equação [K]{D} = {�F} � � � � � � ��� � � � � � � �� � � � � � � � � � �� � 3 2 2 222 2 2 05310 0570 08620 EI P{D} 6252 60 0.417 P{D} 48.93887543 4.87592 328 EI l. l. l. . . l ll . l lll lll Para traçar o diagrama de momentos flectores precisamos de conhecer os momentos A1, A2, ... , A6 nas extremidades l . . . . . . l. l. l. ll l . l ll lll ll ll l P 7400 6830 6830 0300 0300 3090 05310 05700 08620 EI P 9.375 2 50 375950 4.540 4.522 7.504 7.502 EI 10 1 10 1 2 1 12 1 12 1 P{A} 3 2 2 2 2 2 2 2 2 � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � Donde o diagrama de momentos flectores Problema : Determinar as três componentes da reacção na extremidade A da grelha horizontal da figura quando submetida a uma carga uniforme q em AC. Considerar que todas têm a mesma secção e que a relação das rigidezas de torção e de flexão é 0.50 EI GY � Resolução : O grau de indeterminação cinemática é 3, correspondente às incógnitas 1,2 e 3 indicadas E com facilidade se conclui que : � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 27 0 3 2 q}{A ; 20.25EI040.5EI 020.25EI40.5EI 40.5EI40.5EIEI729 K ; 36 0 2 q{F} 2 r 2 2 22 2 l ll ll ll l l � � � � � � � � � � � � � � ll . l . l . l . EI30EI513 0EI7500 EI5130EI540 A 2 23 4 Donde : � � �� � � � � � � � � {D}A}{A de e 00340 00200 00100 EI q{D} 4r 2 2 3 l. l. l. � � � � � � � � � � � � � � � � �� � � � � � � � � � � � � � � � � � �� 2 2 2 2 3 2 06110 00150 41970 q 00340 00200 00100 EI q 30513 07500 5130540 EI 27 0 3 q{A} l. l. l. l. l. l. l l . . l . l . ll l 3.3. - Análise duma estrutura para diferentes hipóteses de carga Os elementos da matriz de rigidez da estrutura é independente das cargas, depedendo unicamente das propriedades da estrutura (constantes elásticas e geometria). Então para um número p de hipóteses de cargas podemos obter as soluções correspondentes a partir da equação matricial. [D]n�p = [K]�1[�F]n�p em que cada coluna de [D] e [�F] corresponde a uma dada hipótese de carga. Vimos já o estudo da estrutura pelo método das forças quando as estruturas são submetidas a acções como variações de temperatura, falhas no comprimento das peças, retracção ou pré-esforço, etc. A equação {D}= [K�1][�F] é igualmente aplicável no estudo da estrutura submetida a este tipo de acções mas agora {F} representa as forças necessárias para impedir os deslocamentos dos nós devido aos efeitos anotados. Quando se tratar de um movimento de apoios ainda a referida equação pode ser aplicada, mesmo que o movimento de apoio não corresponda a um dos deslocamentos desconhecidos da indeterminação cinemática. Claro que nesta hipótese é necessário proceder a necessária adaptação. Problema : Trace o diagrama de momentos flectores quando : (1) ocorre um assentamento vertical � no apoio A (2) ocorre uma rotação � no sentido inverso em B Resolução : (1) O grau de indeterminação cinemática é 2, correspondentes às incógnitas D1 e D2 em B e C. As forças de restrição necessárias para manter D1 = D2 = 0 Os momentos nas extremidades das barras nas condições de restrição dos nós são : � � � � � � �� � � � � � � � 0 0 0 0 6 6 EI A ... A A A 2 r6 r2 r1 r l Os elementos da matriz de rigidez Os momentos flectores nas secções consideradas originados por cada um dos deslocamentos unitários (D1 e D2) são : � � � � � � � � � � � � � � � � 20 40 42 24 04 02 EIAu l Da equação {D}= [K]�1{�F} � � � � � �� � � � � � � �� � � � � � � � � 1 4 0 6EI 82 28 60EI D 2l l ou seja : � � � � � � �� l l 5 D 5 4D 2 1 A forma deformada da viga correspondente ao assentamento � : Os momentos correspondentes � � � � � � � � �� � � � � � ��� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �� 40 80 80 82 82 44 EI 20 80 20 4042 24 04 02 EI 0 0 0 0 6 6 EI{A} 22 . . . . . . l . . lll Para o equilíbrio dos nós B e C a soma dos momentos nos extremos que concorrem nesses nós deve ser nulo, donde pode-se utilizar este facto como via de verificação dos resultados. O diagrama de momentos será : (2) Esta hipótese ocorria se a viga ABCD estivesse rigidamente ligada em B a uma viga transversal horizontal que sofresse uma torção definida pelo ângulo � em B. Para produzir esta rotação deve actuar em B uma força }{F1� , donde à deformada indicada corresponde as forças externas � � � � � � � � � 0 F }{F 1 Os deslocamentos e as forças estão relacionados por : � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 0 F D D kk kk 1 2 1 2221 1211 Os elementos da matriz de rigidez já foram determinados em (1); D1 = � e D2 é desconhecido Resolvendo : k21D1 + k22D2 = 0 � D2 = � 22 21 k k D1 = � 4 �� Os momentos nos extremos serão obtidos atendendo a que {Ar} = 0 e a {An} determinado em (1) � � � � � � � � �� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 0.5 1 1 3.5 4 2 EI 4 20 40 42 24 04 02 EI{A} ll 3.4. - Efeito de deslocamentos prescritos O método usado em (2) será considerado agora em relação ao caso geral de uma estrutura com um grau de indeterminação cinemática n onde ocorrem m deslocamentos �1, �2, ..., �m em m pontos. Na matriz de rigidez podemos escrever os esforços nas secções correspondentes aos deslocamentos conhecidos nas primeiras m linhas e colunas � � � � � � � � � � � � � � � � � ������ � � nn1)n(mnmn2n1 1)n(m1)1)(m(m1)m(m1)2(m1)1(m mn1)m(mmmm2m1 1n1)1(m1m1211 k...kk...kk ..................... k...kk...kk k...kk...kk ..................... k...kk...kk K ou � � � � � � � � � �� � � � � � 2221 1211 KK KK K onde os [kji] são as submatrizes de [K]. As ordens de [K11], [K12], [K21] e [K22] são respectivamente m�m; m�(n�m); (n�m) � m e (n�m )�(n�m). Para produzir deslocamentos �1, �2, ..., �m devem ser aplicadas as forças externas �1F , � 2F , ..., � mF nas coordenadas 1, 2, ..., m respectivamente (nas restantes coordenadas não actuam forças). Como consequência daqueles deslocamentos ocorrem nas restantes coordenadas os deslocamentos Dm+1, ..., Dn. A equação que relaciona as forças e os deslocamentos é : � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � {0} }{F }{D }{D KK KK 1 2 1 2221 1211 onde {D1} é o vector de deslocamentos conhecidos � e {D2} é o vector de deslocamentos desconhecidos Dm+1, ..., Dn. O vector { �1F } é o vector das forças desconhecidas nas coordenadas 1, 2, ..., m. Da 2ª linha da equação matricial tira-se que : {D2} = �[K22�1][K21]{D1} Conhecidos os deslocamentos das n incógnitas, os esforços em qualquer secção poderão ser determinados por : {A} = [Au]{D} onde {A} é qualquer acção e [Au] é a mesma acção correspondente a um deslocamento unitário numa só coordenada. Esta equação é a mesma que : {A} = {Ar} + [Au]{D} com {Ar} = 0 porque as acções compreendidas são devidas unicamente aos efeitos dos deslocamentos {D}. As forças { �1F } são dadas por : � � � � � � � �� � }{D K K KK }{F 12112212111 �� �� equação obtida da 1ª linha da equação matricial anteriormente escrita entrando com os valores já determinados de D2. Método dos Deslocamentos Resolução F1 + k11D1 + k12D2 = 0 A realização da sobreposição para todas as barras na forma matricial. Resolução Portanto Resolução
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