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INSTITUTO PEDAGÓGICO DE MINAS GERAIS- IPEMIG ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR INTEGRADORA COM HABILIDADE EM ADMINISTRAÇÃO, INSPEÇÃO, ORIENTAÇÃO E SUPERVISÃO. SIMONE MARIA DE SOUZA SANTOS A INCLUSÃO DA PESSOA DEFICIENTE NO MERCADO DE TRABALHO BELO HORIZONTE 2017 SIMONE MARIA DOS SANTOS SOUZA A INCLUSÃO DA PESSOA DEFICIENTE NO MERCADO DE TRABALHO Monografia apresentada á IPEMIG, como requisito parcial do título de Especialista em Gestão Escolar Integradora com habilidade em administração, inspeção, orientação e supervisão. BELO HORIZONTE 2017 INSTITUTO PEDAGÓGICO DE MINAS GERAIS- IPEMIG SIMONE MARIA DOS SANTOS SOUZA Aprovado pelos membros da banca examinadora em __/__/__ com menção ____(___________). Banca Examinadora ___________________________________ ___________________________________ BELO HORIZONTE 2017 RESUMO O presente trabalho trata da importância em incluir as pessoas portadoras de deficiências no mercado de trabalho, a fim de cumprir a legislação vigente, promover a igualdade entre as pessoas em termos de direitos e dignidade. Considerar e demonstra através de vários aspectos o valor humano; que muitas vezes são descriminados sem justa causa e descumprindo o que está na lei.È apresentado um breve panorama histórico sobre a questão das pessoas com deficiência. Dificuldades na busca por trabalho e prevalência dos seus direitos na inclusão social. Palavras Chaves: Deficientes. Mercado de Trabalho. Legislação. Direitos. ABSTRACT This paper addresses the importance of including people with disabilities in the labor market, in order to comply with the current legislation, promote equality between people in terms of rights and dignity. Consider and demonstrate by various aspects the human value; Which are often discriminated against without just cause and disregarding what is in the law. A brief historical overview on the issue of people with disabilities is presented. Difficulties in the search for work and prevalence of their rights in social inclusion. Keywords: Disabled. Job market. Legislation. Rights SUMÁRIO INTRODUÇÃO..............................................................................................................03 1. INCLUSÃO E ORGANIZAÇÃO ............................................................................04 1.1 PANORAMA HISTÓRICO.....................................................................................04 1.2 O MERCADO DE TRABALHO E A INCLUSÃO.................................................06 2. PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E A BUSCA PELO TRABALHO......................07 2.1 .DEFICIÊNCIA INTELECTUAL.......................................................................... .09 2.2 A LEGISLAÇÃO EM DEFESA DA PESSOA DEFICIENTE..............................10 3. AS DIFICULDADES DA PESSOA DEFICIENTE EM CONSEGUIR UM TRABALHO.............................................................................................................13 3.1 A INCLUSÃO DA PESSOA DEFICIENTE NO MERCADO DE TRABALHO ...14 CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................36 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................................................37 REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS...................................................................................38 03 INTRODUÇÃO Sabe-se, pela análise histórica das organizações ou associações que abrigavam, muitas vezes e, ainda abrigam as pessoas deficientes, que o caráter primeiro de tais instituições era somente o de “cuidar de indivíduos desprovidos de sorte, verdadeiras aberrações da natureza”. Segundo as Diretrizes Curriculares de Educação Especial para a Construção dos Currículos Inclusivos (Documento Preliminar): “Os primeiros modelos para explicação das anomalias físicas, mentais ou sensoriais, decorrentes de deformações congênitas ou doenças graves que acometiam as pessoas, foram buscados na mitologia e no sobrenatural, durante séculos. Na Idade Média essa crença foi intensificada, concebendo se a deficiência como obra e intervenção direta de Deus ou de outros seres superiores, seja sob forma de castigo para expiação de pecados, seja, sob forma de benção quando privilegiados pelo dom da vidência ou do milagre da cura. (DCEE, SEED, p.7)”. Diante da necessidade de promover a inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho, devemos levar em consideração a legislação vigente e a questão do respeito e o cumprimento do papel social das pessoas com deficiência se faz necessário um estudo sobre as informações históricas e a necessidade atual. 04 1. INCLUSÃO E ORGANIZAÇÃO 1.1 PANORAMA HISTÓRICO A divisão do tratamento atribuído aos deficientes em várias fases da humanidade, o qual compreende desde as atrocidades por eles sofridas, passando pelo menosprezo, pela concessão de certas vantagens e até mesmo pelo reconhecimento de serem enviados pelos deuses. Na mitologia grega, por sua vez, mais precisamente na sociedade espartana, a vida das crianças era decidida pelos velhos e a presença de um defeito físico poderia implicar a condenação à morte para que não fosse transmitida a falta de fortaleza a gerações futuras. Já aqueles que eram escolhidos para a vida eram, a partir dos doze anos, mandados para o campo, onde deviam aprender sozinhos a se sustentar. Se não morressem de fome ou frio, estariam aptos a viver como soldados espartanos. Na sociedade romana, ou o pai matava o filho que era defeituoso (como determinava a Lei das XII Tábuas) ou o abandonava. Nesse caso, estes eram acolhidos para serem usados na prática de mendicância ou eram vendidos como escravos. Na idade Média, os indivíduos portadores de deficiência física eram vítimas de extermínio, porque os concebiam como portadores de poderes especiais, oriundos dos demônios. Apesar disso, começaram a surgir hospitais e abrigos destinados aos doentes e também as pessoas portadoras de deficiência. Por outro lado, no Renascimento, com o surgimento do espírito científico, os deficientes físicos começam a desfrutar de um tratamento mais humanitário. Na idade Moderna, alguns deficientes físicos tornaram-se notáveis no campo das artes e da literatura. O tema da integração dos deficientes na sociedade e no mercado de trabalho nunca esteve tão presente, seja na legislação vigente, seja em estudos científicos e acadêmicos. Porém, os avanços concretos ainda são discretos, ainda tem-se um longo caminho até que as pessoas portadoras de deficiência tenham seus direitos básicos assegurados e efetivados. 05 No Brasil até os anos de 1940 a deficiência era consequência da má-formação congênita ou de doenças decorrentes da idade avançada. Existiam, ainda, os acidentes que ocorriam com pessoas adultas, sendo que nestes poucos sobreviviam. Além disso, crianças com o conhecido “retardo mental” e os adultos cegos eram afastados do meio social. Nessa época quem tinha uma deficiência era julgado incapaz para praticar um trabalho. Nesse período, as instituições filantrópicas entediam que o melhor era dar proteção e asilo a essas pessoas. Já as décadas de 1960 e 1970 apresentaram os movimentos de protesto da população e a retomada pelos grupos minoritários da Carta das Nações Unidas de 1945. Nessas décadas é que passam a existir documentos internacionais que produziram novo conceito econômico, social e político às discussões atuais sobre emprego e trabalho, como por exemplo: a Declaração dos Direitos do Deficiente Mental (ONU, 1971), a Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes (ONU, 1975) e a Convenção 159 Sobre Reabilitação Profissional eEmprego de Pessoas Deficientes (OIT, 1983). Somente através da educação que se podem construir sujeitos históricos, conhecedores de direitos e deveres, principalmente na interação e no diálogo entre os grupos, onde deve prevalecer o respeito e a intolerância a discriminação. Trata-se de oferecer ao aluno todos os conhecimentos que possam levá-los a ter consciência de que todos possuem os mesmos direitos, ou seja, a igualdade social. No ensino fundamental a escola deve trabalhar os Temas Transversais, de forma que busque a construção da cidadania. Propondo o desenvolvimento das capacidades de conhecer a diversidade cultural do país; valorização das diversas culturas, repudiando toda discriminação baseada em diferenças de raça/etnia, classe social, crença religiosa entre outras características individuais; exigir respeito para si e para o outro; valorização do convívio pacífico; discernimento sobre as atitudes que podem levar a preconceitos ou discriminação. Além de compreender a cidadania como participação social e política posicionarem-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais. Aprender conceitos como solidariedade, respeito mútuo, justiça. 06 Os Parâmetros Curriculares Nacionais, ao propor uma educação comprometida com a cidadania, elegeram baseados no texto constitucional, princípios segundo os quais orientam a educação escolar: Dignidade da pessoa humana Implica respeito aos direitos humanos, repúdio à discriminação de qualquer tipo, acesso a condições de vida digna, respeito mútuo nas relações interpessoais, públicas e privadas. Igualdade de direitos Refere-se à necessidade de garantir a todos a mesma dignidade e possibilidade de exercício de cidadania. Para tanto há que se considerar o princípio da equidade, isto é, que existem que necessitam ser levadas em conta para que a igualdade seja efetivamente alcançada. No caso da educação inclusiva, é reconhecida como uma ação política, cultural, social e pedagógica a favor do direito de todos a uma educação de qualidade e de um sistema educacional organizado e inclusivo. Á escola cabe a responsabilidade em atender as diferenças, considerando que para que haja qualidade na educação é necessário assegurar uma educação que se preocupe em atender a diversidade. 1.2 O MERCADO DE TRABALHO E A INCLUSÃO Percebem-se as várias dificuldades para a inclusão do deficiente no mercado de trabalho. Mas o problema advém dos dois lados, tanto das empresas, quanto dos próprios deficientes. As empresas precisam de uma estrutura para recebê-los e estes, de capacitação e interesse em desenvolver seu lado intelectual para ocuparem tais vagas. Cabe aos órgãos governamentais, capacitá-los e às empresas, disponibilizar espaço físico para que todos consigam alcançar o interesse comum: formar e integrar cidadãos dignos do trabalho diário. Durante a contratação de pessoas com deficiência deve ser vista como outra qualquer, de maneira que os selecionadores conheçam a legislação vigente e não se apeguem ao estereótipo de que as pessoas com deficiências desenvolvem habilidades para compensar suas limitações. No momento da entrevista deve se investigar o que a pessoa portadora de necessidade especial pode ou não realizar nas suas atividades, desde o simples ao mais complexo. 07 Para a perfeita integração do empregado com deficiência no ambiente de trabalho, é importante que a empresa desenvolva um processo de acompanhamento do empregado com deficiência visando sua integração com os colegas e chefia e adaptação às rotinas de trabalho. Para tal, tanto o empregado como a chefia, devem ser questionados sobre as questões suscitadas com o ingresso do novo empregado. A inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho representa uma experiência nova para muitos empregadores. É preciso sensibilizar as pessoas que estão no ambiente de trabalho para que haja a inclusão da pessoa com deficiência. As dificuldades iniciais de adaptação, entrosamento ou aprendizagem de novas funções podem ocorrer com qualquer funcionário, tenha ele deficiência ou não. 2. PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E A BUSCA PELO TRABALHO O termo "pessoas com deficiência" faz parte do texto da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, adotada pela Assembleia Geral da ONU em 2006 e ratificado no Brasil em julho de 2008. A sigla PcD é invariável. Por exemplo: a PcD, as PcD, da PcD, das PcD. Devemos, porém, evitar o uso de siglas para nos referirmos a seres humanos. Também ao desdobrar a sigla, tenha cuidado com o plural: o correto é pessoas com deficiência e não pessoas com deficiências, a não ser que elas tenham, de fato, múltipla deficiência. O paradigma da inclusão começou na década de 80 e com o tempo foi evoluindo. Atualmente é considerado um movimento mundial, sendo claramente progressivo em termos de mudanças educacionais e sociais. A Lei de Cotas existe em vários países, como: Portugal, Espanha, França, Itália, Alemanha, Áustria, Bélgica, Holanda, Irlanda, Reino Unido, Argentina, Colômbia, El Salvador, Honduras, Nicarágua, Panamá, Peru, Uruguai, Venezuela, Estados Unidos, Japão e China. Cada país tem suas regras para esta Lei. A cota é calculada de acordo com o número geral de empregados que a empresa tem em seu quadro, conforme estabelece o art. 93 da lei 8.213 de 1991 100 a 200 funcionários: 2% do efetivo 201 a 500: 3% do efetivo 501 a 1000: 4% do efetivo 1001 em diante: 5% do efetivo. 08 No nosso dia a dia não percebemos a diversidade entre nossos colaboradores e colegas de trabalho. Mas elas existem! Apesar de sabermos que todos são diferentes uns dos outros, muitas vezes não nos damos conta disso... É muito fácil não notar as diferenças sutis e, na maioria das vezes, é difícil passar por cima das mais aparentes. Por isso, conviver com as pessoas com alguma limitação física, intelectual ou sensorial parece complicado. Suas causas são muito diversas, podendo ser desde erros médicos, acidentes de trânsito, violência urbana, até falta de informações durante a gestação, Panorama da deficiência no Brasil 9 que levam as mães ao uso de substâncias indevidas e que podem gerar uma imperfeição no bebê. Deficiências congênitas são aquelas adquiridas antes do nascimento ou mesmo posterior a tal, no primeiro mês de vida, seja qual for a sua causa, como, por exemplo: cegos de nascença, deficientes intelectuais, deficiência física como encurtamento de pernas ou nanismo, etc. Deficiências adquiridas ocorrem após o nascimento e podem cometer. O sujeito em diferentes etapas da vida, sendo consequentes a causas nãotraumáticas, como acidente vascular encefálico, tumores, processos degenerativos, dentre outras e, também causas traumáticas, como acidentes de trânsito, agressões por armas de fogo, quedas, mergulhos etc. O mercado de trabalho está cada vez mais exigente e, para atendê-lo, o pessoal de recrutamento e seleção foca nas competências do candidato à vaga. O mais importante é que ele possua conhecimentos, habilidades e potencial para desenvolver suas tarefas com competência. Mas, mesmo com essa visão, muitas empresas desconhecem o potencial das pessoas com deficiência para o trabalho e ainda acreditam que existem funções específicas para cada tipo de deficiência. Algumas companhias procuram candidatos com deficiências mais leves, rejeitando pessoas com deficiência severa que estão perfeitamente aptas para ocupar o cargo. Além do risco dessa política se configurar como uma espécie de preconceito, ela não implica melhores resultados do que uma política de maximização das potencialidades das pessoas. Uma empresa com uma cultura inclusiva consegue criar um ambiente que permita as pessoas desempenharem o máximo de suas potencialidades em favor da força de trabalho da organização. 09 2.1 A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL Deficiente intelectualsão toda a pessoa que apresenta um desenvolvimento intelectual abaixo da média ou, pela definição da lei de cotas, limitações significativas no funcionamento intelectual e no comportamento adaptativo que aparecem nas habilidades conceituais, sociais. e práticas antes dos 18 anos de idade. As pessoas com deficiência intelectual são as pessoas com síndrome de Down ou com alguma das outras 72 síndromes. Também apresentam o coeficiente de inteligência abaixo da média da população, nomeados pela Organização Mundial da Saúde como pessoas com retardo mental. A pessoa com deficiência intelectual convive normalmente com várias pessoas e costuma circular pela cidade, sozinha ou acompanhada. Cada gestor tem o papel de assegurar o desenvolvimento da empresa e de administrar o negócio (área de atuação), e para isso deve saber motivar a equipe e torná-la participativa nas atividades. Saber lidar com a diversidade também é uma responsabilidade do gestor. É importante ter em mente que todas as pessoas são iguais, independente de terem ou não uma deficiência e, consequentemente, devemos tratá-las com igualdade, valorizando a diversidade. Os direitos e obrigações das pessoas com deficiência são iguais aos de qualquer outra pessoa: A PcD deve participar de feiras, eventos, treinamentos e reuniões junto à equipe, exatamente como os demais colaboradores. Não se pode rotular uma pessoa com deficiência e discriminá-la. Para demitir um profissional com deficiência, deve-se seguir os mesmos critérios e procedimentos adotados pela empresa em relação aos outros colaboradores. A avaliação de desempenho de um colaborador com deficiência deve ser feita de acordo com a ferramenta utilizada pela empresa. Toda PcD deve chegar na empresa no horário que está acordado em seu contrato de trabalho, assim como os demais colaboradores. Não se pode exigir de uma PcD atividades que a deficiência dela não comporte. Metas devem ser estabelecidas para um profissional com deficiência, assim como para a equipe. As pessoas com deficiência devem entregar seus resultados e cumprir com suas responsabilidades, da mesma maneira que as demais pessoas da equipe. 10 2.2 A LEGISLAÇÃO EM DEFESA DAS PESSOAS DEFICIENTES As motivações atuais para a manutenção do programa de inclusão, na visão dos gestores de RH, contudo, alteraram-se do foco na questão social para o foco na questão legal, de atendimento à Lei de Cotas. Com efeito, os profissionais colocaram dúvidas até mesmo acerca da continuidade do programa caso a Lei de Cotas fosse revogada, já que a pressão por resultados faz com que sua manutenção vá de encontro à necessidade de sustentabilidade financeira da empresa. A lei reserva percentual de cargos e empregos públicos para as pessoas com deficiência e define critérios para a sua admissão. A Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em cinco de outubro de 1988, assegura, no item II do artigo 23, que "É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência." A lei reserva percentual de cargos e empregos públicos para as pessoas com de deficiência e define critérios para a sua admissão no artigo 37 item VIII. Já no item XXXI do sétimo artigo, a lei proíbe qualquer discriminação no tocante a salário. A pessoa com deficiência tem o direito à educação profissional previsto no artigo 59, inciso IV, da Lei Federal 9394/96, e no artigo 28 do Decreto 3.298/99, que assegura o acesso à educação especial para o trabalho, tanto em instituição pública quanto privada. De acordo com a CLT (Consolidação das leis de Trabalho) que regulamenta as leis trabalhistas, não existe nenhuma regra especial para profissionais deficientes. Portanto, as normas trabalhistas de profissionais com deficiências e sem deficiências são as mesmas e precisam ser aplicadas de forma igualitária, caso contrário podem caracterizar tratamento discriminatório, passível de responsabilização. Desse modo, um profissional com deficiência física, contratado para trabalhar como auxiliar de recursos humanos, por exemplo, tem os mesmos direitos e deveres que um profissional sem deficiência. Estão entre os direitos trabalhistas de deficientes físicos: o direito ao vale transporte, caso não disponha de passe livre no que se refere ao trajeto de sua residência e o seu local de 11 trabalho. Outro direito importante é a estabilidade desses profissionais. O trabalhador com deficiência ou reabilitado não poderá ser dispensado sem justa causa, quando tratar-se de contrato por tempo indeterminado, além de ser necessária a prévia contratação de um substituto. Em se tratando de contrato por tempo determinado, esse não poderá ser inferior a 90 (noventa) dias. Assim sendo, dadas as peculiaridades existentes nas contrações em geral, notadamente, ao que se refere aos trabalhadores com deficiência, torna-se imperioso a terceirização dessas contratações de forma a realizá-las dentro da mais perfeita legalidade. A lei garante aos trabalhadores com deficiência a inexistência de desigualdade no salário a ser pago, desde que a função realizada seja compatível com a dos outros colaboradores da empresa. Por exemplo, se uma empresa contrata dois trabalhadores, um com deficiência e outro sem, que vão exercer a função de assistente administrativo, com carga horária, funções e responsabilidades iguais, não pode haver diferença salarial entre esses profissionais. Entretanto, nesse caso havendo diferença na remuneração é caracterizada uma prática ilícita e discriminatória. Daí a importância da terceirização na admissão de trabalhadores. Os direitos trabalhistas referentes à remuneração serão compatíveis com a jornada de trabalho realizada por esses profissionais, variando de acordo com a necessidade de cada um. Por exemplo, se a deficiência do profissional exigir um horário flexível ou reduzido devido a um tratamento médico realizado periodicamente, o trabalhador receberá salário proporcional às horas trabalhadas. Ou seja, se um funcionário precisa de algumas horas toda semana para algum tipo de tratamento médico, a empresa contratante é obrigada por lei a liberar o profissional para o tratamento e sua remuneração será compatível com as horas efetivamente trabalhadas. Por sua vez, a educação das pessoas portadoras de deficiência é especificamente tutelada no ordenamento constitucional vigente em dois dispositivos distintos, quais sejam artigos 208, III e 227, §§ 1º e 2º: “Art. 208”. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; 12 Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência. Familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010). § 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança, do adolescente e do jovem, admitida a participação de entidades não governamentais, mediante políticas específicas e obedecendo aos seguintes preceitos: (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010) (...). II - criação de programas de prevenção e atendimento especializado para as pessoas portadoras de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente e do jovem portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos arquitetônicos e de todas as formas de discriminação. (Redação dada Pela Emenda Constitucionalnº 65, de 2010) Igualmente, são consideradas pessoas portadoras de deficiência habilitadas, de acordo com o Decreto 3.298/99, aquelas que concluíram curso de educação profissional de nível básico, técnico ou tecnológico, ou curso superior, com certificação ou diplomação expedida por instituição pública ou privada, legalmente credenciada pelo Ministério da Educação ou órgão equivalente, ou aquela com certificado de conclusão de processo de habilitação ou reabilitação profissional fornecido pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), e também aquelas que, não tendo se submetido a processo de habilitação ou reabilitação, estejam capacitadas para o exercício da função. 13 3. AS DIFICULDADES DA PESSOA DEFICIENTE EM CONSEGUIR UM TRABALHO Embora haja dezenas de projetos de lei para tratar do tema — inclusive a proposta do Estatuto da Pessoa com Deficiência (PL 7699/06) —, a necessidade de mudanças não é consensual. Algumas pessoas ainda acreditam que os portadores de deficiência, seja ela de qualquer espécie não possam trabalhar como uma pessoa dita, comum. Infelizmente este pensamento acaba tornando a busca mais difícil e acaba por descumprir a lei, que garante o direito ao trabalho. Um dos fatores de desestímulo é justamente a baixa remuneração. Hoje, pela Lei de Assistência Social (8.742/93), o deficiente desempregado cuja renda familiar seja inferior a ¼ do salário mínimo tem direito a um salário mínimo de benefício, mesmo que nunca tenha contribuído para o INSS. Ao conseguir o emprego, o deficiente perde o benefício. Desse modo, muitos preferem continuar desempregados e recebendo o salário mínimo a receber uma vaga com igual remuneração. O mercado de trabalho é um tema bastante polêmico, porque o mundo em que estamos vivendo hoje está com este mercado muito defasado, não havendo mais oportunidades para todos, pois este solicita qualificação profissional sem mesmo dar oportunidades para as pessoas estarem qualificando-se. Já não há mais emprego para os desqualificados ou para aqueles que não estão capacitando-se diariamente, mesmo as pessoas que tem formação superiores estão passando por diversas dificuldades para encontrar um emprego. Sabemos disso pelo fato de muitos de nós ter passado por esta situação. Mas, as maiores dificuldades são aqueles requisitos solicitados pelo mercado. Sabemos que o país está sofrendo um momento bastante crítico em relação ao desemprego, o qual está fazendo com que muitos dos cidadãos desempregados passem por grandes dificuldades psicológicas, o qual muitas vezes é tão preocupante quanto a própria deficiência, isto porque, para a maioria das pessoas, o trabalho não é apenas uma fonte de renda para sua sobrevivência, mas também se confunde com a própria integridade social, onde o cidadão que está desempregado sente-se inútil. Para os Portadores de Necessidades especiais. 14 3.1 LEGISLAÇÕES VIGENTES Pessoas com diferentes tipos de deficiência podem exercer praticamente qualquer atividade profissional, especialmente se receberem um bom treinamento. Importa esclarecer que o objetivo das empresas não deve ser contratar por assistencialismo, mas sim, pela competência do portador de deficiência, para isso, portanto, as empresas precisam de deficientes qualificados. Em muitos aspectos a vida do portador de deficiência, não é diferente dos demais possui momentos de alegria e conquistas, em outras palavras, bons e maus momentos como qualquer ser humano se diferencia sim, em uma particularidade, são vitimas do preconceito de discriminação, principalmente no mercado de trabalho. O portador de deficiência física, no uso de suas aptidões, que não dependam suas limitações, é tão quanto mais produtivo que qualquer outra pessoa. Disponibilizar trabalho á essas pessoas não é caridade, mas sim respeitar o principia básico da igualdade perante a sociedade. É necessário mudar o conceito da pessoa portadora de deficiência física perante toda a sociedade, se não ressaltar suas qualidades, ao menos por acreditar que inclusão social somente será possível pelo trabalho. E isso, não é uma prerrogativa somente dos deficientes, mas de toda a sociedade. 15 O direito à igualdade emerge como “regra de equilíbrio dos direitos das pessoas portadoras de deficiência”. Conforme Luiz Alberto David Araujo (2003, p.46); “Toda e qualquer interpretação constitucional que se faça, deve passar, obrigatoriamente, pelo princípio da igualdade. Só é possível entendermos o tema de proteção excepcional das pessoas portadoras de deficiência se entenderem corretamente o princípio da igualdade.” Contudo, o princípio da igualdade no Brasil aparece assegurado nos limites de sua definição em cada época, desde a primeira Constituição, outorgada logo depois da Proclamação da Independência, em 07 de setembro de 1822, momento histórico em que se proclamavam os princípios da Revolução Francesa: liberdade, igualdade e fraternidade. Veja-se: “Artigo 179: a inviolabilidade dos direitos civis, e políticos dos cidadãos brasileiro, que tem por base a liberdade, a segurança individual, e a propriedade, são garantidos pela Constituição do Império, pela maneira seguinte. [...]. XIII: a Lei será igual para todos, quer proteja, quer castigue, o recompensará em proporção dos merecimentos de cada um; [...] (sic) (Constituição Política do Império do Brasil, de 25 de março de 1824).” Entretanto, com o passar do tempo e as decorrentes mudanças sociais, com a importante contribuição dos filósofos contemporâneos do início do século passado, o conceito de “igualdade”, sem perder sua concepção primitiva, foi absorvendo novas características, para impedir que os seres humanos fossem “diferenciados pelas leis”, ou seja, que o direito positivado viesse a “estabelecer distinções entre as pessoas independentemente do mérito”, e a constatação foi a de que “a lei sempre discrimina (BASTOS, 2001) 16 Desse modo e no direito hodierno, o princípio da igualdade assume um caráter de dupla aplicação: uma teórica, para “repulsar privilégios injustificados” e outra prática, contribuindo para diminuir os “efeitos decorrentes das desigualdades evidenciadas diante do caso concreto”. Como decorrência, o princípio constitucional da igualdade passa a figurar como “ponte entre o direito e a realidade que lhe é subjacente” (SILVA,2003). A Constituição Federal de 1988 reconheceu a importante função do princípio da igualdade na ordem jurídica. Desde então, “a igualdade não assegura nenhuma situação jurídica específica, mas (...) garante o indivíduo contra toda má utilização que possa ser feita da ordem jurídica”. Inegável a vastidão do princípio constitucional da igualdade, “não se vendo recanto onde ela não seja impositiva”(BOTELHO,2002). O princípio da igualdade está intimamente relacionado com o conceito de lei inerente ao Estado de Direito, sendo uma das suas bases essenciais, postulando o exercício de um direito igual para todos os cidadãos, o que significa dizer que a intervenção do Estado deverá ser efetuada na igual medida para todos. Trata-se, portanto, da igualdade jurídica, que pode ser civil (assegura a igualdade de aptidão de todos para desfrutar dos direitos) e real (garante a todos o exercício atual dos referidos direitos .A Lei não deve ser fonte de privilégios ou perseguições, mas instrumento regulador da vida social que necessita tratar equitativamente todos os cidadãos. Este é o conteúdo político-ideológico absorvido pelo princípio da isonomia e juridicizado pelos textos constitucionais em geral, ou de todo modo assimilado pelos sistemas normativos vigentes. Reafirme-se que “o princípio da igualdade se apresenta como igualdade, perante todos os atos do poder público e não apenas perante a lei”. Consiste em um “princípio estruturante do Estado de Direito Democrático e do sistema constitucional global” e implicaque “as decisões administrativas sejam tomadas segundo critério objetivos [igualdade objetiva]”, ou seja, se agiu de uma forma para um terá de agir da mesma forma para outro, se os elementos de ponderação de ambos são iguais”, obviamente que processado dentro da legalidade. Por isso, do princípio da igualdade dimana “um direito subjetivo em favor do cidadão e uma obrigação”. 17 A verdadeira função dos princípios da igualdade, erigido no plano constitucional e que condiciona todos os demais ramos da ciência jurídica, consiste em garantir o individuo contra o mau uso do direito aos casos concretos pelos órgãos judiciais. Outro aspecto importante em relação ao princípio da legalidade diz respeito à igualdade na aplicação do direito e na criação do direito. A expressão “todos são iguais perante a lei”, significava, em sua acepção tradicional, “a exigência de igualdade na aplicação do direito”. A igualdade na aplicação dos direitos continua a ser uma das dimensões básicas do princípio da igualdade constitucionalmente garantido, mas atualmente, essa igualdade perante a lei vem acompanhada da igualdade na lei (na criação do direito), isto é, ser igual “perante” a lei não significa apenas “aplicação igual da lei”, pois a lei, ela própria, deve tratar por igual todos os cidadãos. Significa dizer que o princípio da igualdade “dirige-se ao próprio legislador, vinculando-o à criação de um direito igual para todos os cidadãos”. (CANOTILHO, 2003). O princípio da igualdade, no sentido de igualdade na própria lei, é, de acordo com José Joaquim Gomes Canotilho, um “postulado de racionalidade prática”, ou seja, “para todos os indivíduos com as mesmas características devem prever-se, através da lei, iguais situações ou resultados jurídicos”. Contudo, se o princípio da igualdade for reduzido a um postulado de universalização, acabará se tornando discriminatório quanto ao conteúdo. Por exemplo: “todos os indivíduos de raça negra devem ser tratados igualmente em escolas separadas das escolas reservadas a brancos”. Nessa hipótese, a lei trataria todos os negros de forma igualitária, mas criaria para eles uma disciplina intrinsecamente discriminatória. Significa dizer que a igualdade perante a lei é insuficiente, se não for acompanhada de uma igualdade na própria lei, isto é, exigida ao próprio legislador relativamente ao conteúdo da lei. (CANOTILHO, 2003). “É preciso delinear os contornos do princípio da igualdade em sentido material”. Isto não significa que o princípio da igualdade formal não seja relevante nem seja correto. 18 O princípio da igualdade exige, então, uma igualdade material através da lei, isto é, a igualdade formal de identidade “perante” a lei, pressupõe diferenciações materiais, “na” lei. A verificação dessa diferenciação exige que se aplique o critério material de valoração sobre a relação de igualdade/desigualdade: se resulta ou não “justa”, para não acabar implicando em discriminações. O princípio constitucional da legalidade, expresso no artigo 5º, caput, da Constituição Federal de 1988, é dirigido, notadamente, ao legislador, posto que somente o criador da lei possa ser seu destinatário útil. É que o aplicador da lei já está, necessariamente, obrigado a aplicá-la de acordo como os critérios constantes da própria lei. Mas quando se diz que o legislador “não pode distinguir”, não se quer dizer que “a lei deva tratar todos abstratamente iguais, pois o tratamento igual não se dirige a pessoas integralmente iguais entre si, mas àquelas que são iguais sob os aspectos tomados em consideração pela norma”. (SILVA, 2003) Desse modo, os conceitos de igualdade e de desigualdade são relativos, impõem a confrontação e o contraste entre duas ou várias situações, pelo que onde uma só existe não é possível indagar de tratamento igual ou discriminatório. São esses fundamentos que permitem, ao legislador, criar leis capazes de assegurar o princípio da igualdade dispensando tratamentos desiguais, ou seja, por meio da lei, o legislador discrimina situações, de modo que “as pessoas compreendidas em umas ou em outras vêm a ser colhidas por regimes diferentes”, sendo que “a algumas pessoas são oferecidos determinados direitos e obrigações que não assistem a outras, por abrigadas em diversa categoria, regulada por diferente plexo de obrigações de direitos” (MELLO, 1997). Conforme Pimenta Bueno, “a lei deve ser uma e a mesma para todos; qualquer especialidade ou prerrogativa que não for fundada só e unicamente em uma razão muito valiosa do bem público será uma injustiça e poderá ser uma tirania”. Recorde-se que a Constituição Federal de 1988, ao lado do imperativo “todos são iguais perante a lei”, acrescenta a expressão “sem distinção de qualquer natureza”, ou seja, para além da base geral em que assenta o princípio da igualdade perante a lei, que consistente. 19 no tratamento igual a situações iguais e tratamento desigual a situações desiguais, a Constituição Federal de 1988 “veda distinções de qualquer natureza”, pois entre os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, está o de promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação, dentre elas a posse de deficiência (BRASIL, 1989). Conforme Celso Antônio Bandeira de Mello, uma regra, para que respeite o princípio da igualdade, precisa trazer a devida correlação lógica entre o fator erigido em critério de discrimina e a discriminação legal decidida em função dele. Dito de outro modo, o legislador pode tratar desigualmente situações, desde que cumpra o critério de correlação lógica entre o fator de discriminação e a desequiparação pretendida. Nas suas palavras: “é o vínculo de conexão lógica entre os elementos diferenciais colecionados e a disparidade das disciplinas estabelecidas em vista deles, o quem determinante da validade ou invalidade de uma regra perante a isonomia”(MELLO,1997). Portanto, uma norma diferenciadora tem reconhecida sua juridicidade quando se percebe, nela, a congruência entre a distinção de regimes estabelecida e a desigualdade de situações correspondentes. Em assim sendo, a questão das diferenciações que não podem ser feitas sem quebra da igualdade, não se subordina aos elementos escolhidos como fatores de desigualarão, mas resulta da conjunção deles com a disparidade estabelecida nos tratamentos jurídicos dispensados, ou seja, a quebra da igualdade só é permitida depois da investigação de duas dimensões dos fatos: de um lado, aquilo que é erigido em critério discriminatório e, de outro, se existe justificativa racional para, a vista da linha desigualadora adotada, atribuir o tratamento jurídico específico construído em função da desigualdade afirmada (MELLO, 1997). Muito embora exista a possibilidade normativo-jurídica de trato diferenciado, não existe nenhum fundamento legal para a discriminação gratuita. Se o fator diferencial não guardar conexão lógica com a disparidade de tratamentos jurídicos dispensados, a distinção é inconstitucional, porque afronta o princípio da igualdade. A igualdade jurídico-formal só pode ser quebrada se o objetivo é garantir a igualdade material. 20 Em relação ao grupo de deficientes, é preciso ter em linha de conta que a regra mestra também deve ser a aplicação do princípio da igualdade formal perante a lei (artigo 5º, caput, da Constituição Federal de 1988). Contudo, essa igualdade formal pode ser quebrada diante de situações que a justifique. Nesse pensar, “é razoável entender-se que a pessoa portadora de deficiência tem, pela sua própria condição, direito à quebra da igualdade, em situações das quais participe com pessoas sem deficiência” (ARAUJO, 2003). Traduzindo-se o pensamento de Celso Antônio Bandeira de Mello, (a quebra da legalidade deveser embasada na correlação lógica entre fator de discrimina e a desequiparação procedida), para o caso específico dos portadores de deficiência, pode-se dizer que é possível a quebra da igualdade formal geral para os direitos do grupo das pessoas portadora de deficiência, se, e somente se, “a situação logicamente o autorize”. Nesse passo, parece lógico afirmar que “a pessoa portadora de deficiência tem direito a um tratamento especial dos serviços de saúde ou à criação de uma escola especial ou, ainda, a um local de trabalho protegido”, porque essas situações apresentam justificativas que autorizam a quebra da igualdade. No contraponto (aplicação inversa), o princípio da legalidade será aplicado para impedir que a deficiência seja de fundamento para a quebra da isonomia “sem logicidade para tal discrimina”. Por exemplo: uma pessoa portadora de deficiência de locomoção não pode ser vetada de participar de um concurso público, pelo simples fato de ser deficiente. O veto só se justificará se existir correlação lógica entre o cargo pretendido e a deficiência. É razoável, portanto, que diante de indivíduos diferentes possam existir regulações diferentes. Significa dizer que a “igualdade de tratamento” deve ser quebrada quando, “diante de uma determinada situação, o rompimento da igualdade for à única forma possível de efetivamente assegurar a igualdade”. Nas explicações de palavras de Eliana Franco Neme (2006, p.140-141) a proteção à dignidade da pessoa humana se viabiliza pelo tratamento isonômico a ser dado pelo direito a todos os indivíduos e pela ruptura desse padrão quando essa for à única forma de garantir a igualdade e a dignidade humana. Desse modo, “a preservação do direito à igualdade é o que está implícito no direito à inclusão da pessoa portadora de deficiência”. Dessa forma Ribeiro (2002, p.1): 21 “[...] a garantia do direito à inclusão, e, em última análise, do direito à igualdade dos portadores de deficiência, é essencial para a proteção do seu direito à democracia, direito este que, sendo de quarta geração, compendia o futuro da cidadania e o porvir da liberdade dessas mesmas pessoas, criando e mantendo os pressupostos elementares de uma vida em liberdade e na dignidade humana.” Vê-se, portanto, que em qualquer situação, a igualdade funciona como regra mestra superior a todo o direito à inclusão social dos portadores de deficiência, quer seja para manter ou quebrar a isonomia. Algumas das citadas expressões realçam a “incapacidade”, outras a “deficiência” e outras, ainda, a “pessoa”.Dada a visível complexidade de situações que o tema carrega consigo, é difícil a construção de uma definição completa. Contudo, sempre que se tenha à pretensão de estudar determinado objeto, este deve ser precedido, dentro do possível, de uma mínima definição. Para Mauricio Godinho Delgado (2007, p.49) “Definir um fenômeno consiste na atividade intelectual de apreender e desvelar seus elementos componentes e o nexo lógico que os mantém integrados. Definição é, pois, a declaração da estrutura essencial de determinado fenômeno, com seus integrantes e o vínculo que os preserva unidos.” Entretanto, no cenário brasileiro, o conceito: “o portador de deficiência”, pode ser abordado a partir da evolução referencial extraída do direito constitucional. Na Emenda Constitucional nº 1, de 17 de outubro de 1969, consta a palavra “excepcionais”: “educação de “excepcionais” (artigo 175, parágrafo 4º)”. Já a Emenda Constitucional nº 12, de 17 de outubro de 1978, utiliza apenas o termo “deficientes: “é assegurado aos ‘deficientes” (BRASIL, 1978)”. Por fim, a Constituição Federal de 1988, em diversos de seus enunciados, traz a expressão “pessoas portadoras de deficiência”. Sem menosprezar a expressão “pessoa portadora de necessidades especiais”, mas no sentido de acompanhar a Constituinte de 1988, adota-se, nesse estudo, a expressão “pessoas portadoras de deficiência”, que traz como “núcleo” a palavra “pessoa” e o termo 22 “deficiência” figura como “um qualificativo”, ou seja, valoriza-se a “pessoa”, onde a qualificação “deficiência” apenas “completa a ideia nuclear”.(ARAUJO, 2003) Desse modo, o conceito de “deficiente” na forma esposada pela Constituição Federal de 1988, não está no indivíduo, mas na sua capacidade de relacionamento social. Nas palavras de Luiz Alberto David Araujo (2001, p.26): “O que define a pessoa portadora de deficiência não é falta de um membro nem a visão ou audição reduzidas. O que caracteriza a pessoa portadora de deficiência é a dificuldade de se relacionar, de se integrar na sociedade, O grau de dificuldade de se relacionar, de se integrar na sociedade, O grau de dificuldade para a integração social é que definirá quem é ou não portador de deficiência.” Nesse segundo momento alcança-se o conceito de “deficiente” no sentido de “dificuldade de integração social”. O terceiro passo proposto é a verificação das razões que dificultam a inclusão social das pessoas portadoras de deficiência. As dificuldades, nesse passo, são ainda maiores, eis que a Constituição Federal de 1988 “não cuida de disciplinar o rol das causas das deficiências”.(ARAUJO,2001) Um ponto de partida, para a delimitação da problemática das deficiências no Brasil, pode ser os tipos de deficiências mais abrangentes e frequentes, na classificação adotada pela Organização Mundial de Saúde, quais sejam: as pessoas portadoras de deficiência mental, motora, auditiva, visual e múltipla: “O dimensionamento da problemática da deficiência no Brasil, tanto em termos qualitativos quanto quantitativos, é muito difícil em razão da inexistência quase total de dados e informações de abrangência nacional, produzidos sistematicamente, que retratem de forma atualizada a realidade do País nesta área. A Organização Mundial de Saúde estima que cerca de 10% da população de qualquer país em tempo de paz é portadora de algum tipo de deficiência, das quais: 5% é portadora de deficiência mental; 2% de deficiência física; 1,5% de deficiência auditiva; 0,5% de deficiência visual; e 1% de deficiência múltipla. Com base nesses percentuais, estima-se que no Brasil existam 16 milhões de pessoas portadoras de deficiência.” 23 Para a Organização Mundial de Saúde, a palavra “deficiência” significa “uma anomalia de estrutura ou de aparência do corpo humano e do funcionamento de um órgão ou sistema, independentemente de sua causa, tratando-se em princípio de uma perturbação de tipo orgânico”. Por sua vez, concebe que a “a incapacidade reflete as consequências de uma deficiência no âmbito funcional e da atividade do indivíduo, representando desse modo uma perturbação no plano pessoal”, sendo que as “desvantagens” são concebidas como as “limitações experimentadas pelo indivíduo em virtude da deficiência e da incapacidade, efletindo-se, portanto, nas relações do indivíduo com o meio, bem como em sua adaptação ao mesmo”. No artigo 1º, da Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes, aprovada pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, em 09 de dezembro de 1975, consta que: “O termo "pessoas deficientes" refere-se a qualquer pessoa incapaz de assegurar por si mesma, total ou parcialmente, as necessidades de uma vida individual ou social normal, em decorrência de uma deficiência, congênita ou não, em suas capacidades físicas ou mentais.” No Brasil, a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência está regulada pela Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, e regulamentada pelo Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999 (BRASIL, 1999), legislação essa que, em essência, traduz os conceitos sugeridos pela Organização Mundial de Saúde. O artigo 3º, do Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999, assim expressa: "Artigo 3º: para os efeitos deste Decreto, considera-se: I - deficiência: toda perda ou anormalidade de uma estruturaou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano; II - deficiência permanente: aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentos; e III - incapacidade: uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida.” 24 Por outro lado, para além dos conceitos e categorias, é importante verificar o grau de deficiência, eis que “o grupo de pessoas portadoras de deficiência (...) não se caracteriza por qualquer grau de deficiência. Há que se atentar para o grau, que envolve essa dificuldade de integração social”. Ressalte-se a importância da “integração social”, eis que a proteção constitucional se restringe às pessoas que “apresentam um grau acentuado de dificuldade”, cuja “verificação só poderá ser feita diante de um caso concreto”. De outro lado Araujo (2003, p.44), Há pessoas portadoras de deficiência que não encontram qualquer problema de adaptação social. Dentro de uma comunidade de doentes, isolados por qualquer motivo, a pessoa portadora de deficiência não encontra qualquer outro problema de integração, pois todos têm o mesmo tipo de dificuldade.” Desse modo, a questão não se resolve sob o ângulo da deficiência, mas sob o prisma da inclusão social da pessoa portadora de deficiência. Conclui-se, desse modo, que “o meio social do indivíduo é fator determinante” para a verificação das situações fáticas protegidas pela Constituição Federal de 1988. Nas palavras de Luiz Alberto David Araujo (2003, p.44),: “O meio social complexo, especialmente em relação ao portador de deficiência mental, será mais rigoroso com o indivíduo, exigindo-se mais na adaptação social. Por outro lado, a vida em sociedades mais simples, como nas pequenas comunidades agrícolas, o indivíduo poderá se integrar com maior facilidade. Por sua vez, o portador de deficiência renal crônica só se poderá adaptar em uma sociedade complexa, na qual se encontrem meios para seu tratamento, a exemplo da hemodiálise periódica.” Importa, para esse estudo, que a referência às pessoas portadoras de deficiência é ao “grupo” de pessoas com algum tipo de deficiência. São assim agrupadas aquelas pessoas que têm as suas aptidões físicas, psicológicas, metabólicas, ou motoras diminuídas (ou exorbitantes, no caso dos superdotados), em decorrência de causas naturais ou acidentais. Considera-se, desse modo, “pessoa portadora de deficiência” todo aquele que apresentar perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou 25 anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano. Para a proteção constitucional das pessoas portadoras de deficiência, considera-se o grau de deficiência que envolve a dificuldade de inclusão social, cuja verificação deve ser feita diante de um caso concreto. No texto constitucional brasileiro em vigor, o princípio da dignidade humana é tratado, de um lado como fundamento da Constituição Federal de 1988 (artigo 1º) e de outro como princípio fundamental de garantia de direitos humanos (artigo 5º). Pelo princípio da dignidade da pessoa humana, a “pessoa” é colocada como o fim último da sociedade. De acordo com José Afonso da Silva, a dignidade da pessoa humana é um valor supremo que atrai o conteúdo de todos os direitos fundamentais do ser humano, desde o direito à vida (SILVA, 2000) O princípio da dignidade humana, na concepção atual, designa uma referência constitucional unificadora de todos os direitos fundamentais. Seu conceito obriga a uma densificação valorativa que tenha em conta o seu amplo sentido normativo-constitucional e não qualquer ideia do ser humano, não podendo reduzir-se o sentido da dignidade humana à defesa dos direitos pessoais tradicionais, esquecendo-a nos casos de direitos sociais, ou invocá-la para construir “teoria do núcleo da personalidade” individual, ignorando-a quando se trate de garantir as bases da existência humana. (SILVA, 2000). De esse pensar decorre que a ordem econômica há de ter por fim assegurar a todos existência digna (artigo 170, da Constituição Federal de 1988), a ordem social visará a realização da justiça social (artigo 193), a educação, o desenvolvimento da pessoa e seu preparo para o exercício da cidadania (artigo 205), entre outros, “não como meros enunciados formais, mas como indicadores do conteúdo normativo eficaz da dignidade da pessoa humana”. Inserem-se, nesse quadro, os portadores de deficiência, que diante de suas características peculiares estavam e estão a merecer atenção projetiva e observadora das entidades estatais, a fim de que, realmente, seja concretizado o já mencionado princípio da igualdade. Ao admitir que a Constituição Federal de 1988 tenha como fundamento a dignidade da pessoa humana, o Constituinte de 1988 quis dizer que “toda a atividade estatal deve estar direcionada ao bem coletivo”, isto é, “o Estado deve servir as pessoas e não as 26 pessoas servirem o Estado. “Esta é a premissa fundamental de qualquer Estado Constitucional” (GARCIA; CARDOSO; ARAÚJO,2003). Ao elevar a “pessoa” ao status de “valor supremo da democracia”, passou a exigir que todo e qualquer estatuto jurídico devamos assegurar a dignidade da pessoa humana “já que, este é um princípio absoluto, embasador de todos os direitos fundamentais”, do que se infere que: “[...] a interferência do princípio se espraia em diversos pontos do ordenamento jurídico, sendo na reverência da igualdade entre os homens; no impedimento à consideração do ser humano como objeto; na limitação da autonomia de vontade, entre outros. Porém acrescentar-se-ia ainda a importância da interferência ora estudada, servindo de proteção à pessoa portadora de deficiência.” Nos termos da Constituição Federal de 1988, o conteúdo da inclusão social das pessoas portadoras de deficiência perpassa além do direito geral à igualdade, corolário do princípio da dignidade humana, todos os direitos sociais assegurados no artigo 6º, da Constituição Federal de 1988, tais como o direito à educação, o direito à saúde, o direito ao trabalho, o direito ao lazer, o direito à previdência social e, mais especificamente, o direito à vida familiar, o direito ao transporte e o direito à eliminação das barreiras arquitetônicas. Os portadores de deficiência não querem ser objeto de tratamento diferenciado; querem se integrar na sociedade, sem que sua deficiência se sobressaia, porque não conseguem atravessar a rua ou subir numa calçada sem ajuda dos ditos “normais”. Para além da Constituição Federal de 1988, existem diversas leis infraconstitucionais voltadas à efetivação da inclusão de pessoas portadoras de deficiência na escola, na família e na sociedade como um todo. Com base na colação de Sandra Cristina Filgueiras de Almeida, passa-se a apresentar a legislação brasileira em vigor relacionada com os portadores de deficiência: a) a Lei nº 7.070, de 20 de dezembro de 1982: assegura, em seus termos, a pensão especial, mensal e vitalícia, às vítimas da Talidomida; b) a Lei nº 8.686, de 20 de julho de 1993: estabelece que o reajustamento da pensão especial deva ocorrer na mesma época e com base nos mesmos índices aplicados aos benefícios do regime geral de previdência social; 27 c) a Lei Complementar nº 53, de 19 de dezembro de 1986: concede isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias - ICM para veículos destinados a uso exclusivo deparaplégicos ou de pessoas portadoras de defeitos físicos; d) a Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989: procura garantir às pessoas portadoras de deficiência acesso aos programas governamentais nas áreas de: educação, saúde, formação profissional, recursos humanos e edificações. Atribui prioridade no tratamento dos assuntos relativos à pessoa portadora de deficiência, através de órgão de coordenação federal - CORDE, e reforça a atuação do Ministério Público para intervir em ações públicas, coletivas ou individuais, em que sejam discutidos interesses das pessoas portadoras de deficiência; e) a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990: o funcionário público, quando considerado inválido, tem direito à aposentadoria por invalidez e licença para tratamento de saúde. O dependente inválido faz jus à pensão (artigo 217, inciso II, alínea “a”, da Lei nº 8.112, de 1990). O inválido pode ser dependente designado, desde que viva sob dependência econômica do funcionário, sem limite de idade (artigo 217, inciso II, alínea “e”). No artigo 5º, parágrafo 2º, assegura-se aos portadores de deficiência o direito de inscrição em concurso público para provimento de cargo, cujas atribuições sejam compatíveis com a sua deficiência, reservando-lhes até 20% das vagas oferecidas; f) a Lei nº 8.160, de 08 de janeiro de 1991: obriga a colocação do “símbolo internacional de surdez” em todos os locais que possibilitem acesso, circulação e utilização por pessoas portadoras de deficiência auditiva; g) a Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991: no seu artigo 151, relacionam-se as doenças graves que dão direito à aposentadoria por invalidez sem exigência de cumprimento de carência. Determina que o beneficie por invalidez fica acrescido de vinte e cinco por cento se o deficiente necessitar de ajuda permanente de outra pessoa (artigo 45). O segurado que, após sofrer acidente, apresentar sequelas que impliquem a redução da sua capacidade de trabalho tem direito ao auxílio-acidente de valor igual a cinquenta por cento do salário de benefício (média das maiores contribuições correspondente a oitenta por cento do período contributivo). No artigo 118, assegura a estabilidade no emprego, pelo prazo mínimo de doze meses a contar da cessação do auxílio-doença, ao segurado que sofre acidente do trabalho. Na qualidade de 28 dependente de segurado, o portador de deficiência faz jus à pensão (artigo 16, incisos I e III). No artigo 89 prevê a reabilitação profissional para proporcionar ao beneficiário incapacitado parcial ou totalmente para o trabalho, e às pessoas portadoras de deficiência, os meios para a (re) educação e (re) adaptação profissional e social. O Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999, ao disciplinar o contido na referida Lei, em seus artigos 136 a 140, garante o atendimento às pessoas portadoras de deficiência, independentemente de serem seguradas ou não, mediante celebração de convênio de cooperação técnica. No artigo 141, do referido decreto, encontra-se regulamentado o previsto no artigo 93, da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, que obriga a empresa com cem ou mais empregados a preencher de dois a cinco por cento de seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência habilitadas; h) a Lei nº 8.541, de 23 de dezembro de 1992: modifica a redação do artigo 6º, da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, para isentar do imposto de renda pessoa física - IRPF os proventos de aposentadoria ou reforma, desde que motivadas por acidente em serviço, e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson anquilosante, estados vançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base na conclusão da medicina especializada. Isenta também do referido imposto os valores percebidos a título de pensão quando o beneficiário for portador das referidas moléstias, mesmo se a doença for contraída após a concessão da pensão; i) a Lei nº 8.742, de 07 de dezembro de 1993: em seu artigo 20 assegura ao portador de deficiência, que comprove receber renda mensal per capita inferior a 1,4 do salário mínimo, o benefício assistencial de um salário mínimo mensal; j) a Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991: no artigo 72 isenta do importo sobe operações financeiras - IOF as operações de financiamento para a aquisição de automóveis de passageiros de fabricação nacional quando adquiridos por pessoas portadoras de deficiência física, entre outros que menciona; 29 k) a Lei nº 8.687, de 20 de julho de 1993: isentam do pagamento do imposto sobre a renda os benefícios auferidos pelos deficientes mentais; l) a Lei nº 8.883, de 08 de junho de 1994: dispensa licitação para a contratação de associação de portadores de deficiência, que não tenha fins lucrativos e de comprovada idoneidade, por órgãos ou entidades da Administração Pública, para prestação de serviços ou fornecimento de mão de obra, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado; m) a Lei nº 8.899, de 29 de junho de 1994: concede passe livre às pessoas portadoras de deficiência no sistema de transporte coletivo interestadual e insenta de imposto sobre produtos industrializados - IPI o veículos adquiridos por pessoas portadoras de deficiência; n) a Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, que permite dedução da base de cálculo do imposto de renda pessoa física, sem limite de abatimento, as despesas realizadas com médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias. Isenta da incidência do referido Imposto os rendimentos auferidos pelas pessoas físicas decorrentes de seguro-desemprego, auxílio-natalidade, auxíIio-funeral e auxíIio-acidente, pagos pela previdência oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e pelas entidades de previdência privada. o) a Lei nº 9.533, de 10 de dezembro de 1997: prevê apoio financeiro a Municípios que instituírem programas de renda mínima associados a ações sócio-educativas, tais como programas de assistência em horário complementar ao da frequência escolar no ensino fundamental, para os filhos e dependentes das famílias beneficiárias, inclusive portadoras de deficiência ou programas de educação especial para portadores de deficiência. p) a Lei nº 9.656, de 03 de junho de 1998: proíbe que haja qualquer impedimento em razão de idade ou de condição de deficiência no que se refere à participação em planos de seguros privados de assistência à saúde; 30 q) a Lei nº 9.867, de 10 de novembro de 1999: prevê a instituição das Cooperativas Sociais, visando à integração social das pessoas em desvantagem no mercado, nestas incluídas as pessoas portadoras de deficiência; r) a Lei nº 10.048, de 08 de novembro de 2000 (regulamentada pelo Decreto nº 5.296, de 02 de dezembro de 2004): dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica. No artigo 4º determina que os logradouros e sanitários públicos, bem como os edifícios de uso público, terão normas de construção, para efeito de licenciamento baixado pela autoridade competente, destinadas a facilitar o acesso e uso desses locais pelas pessoas portadoras de deficiência. No artigo 5º estabelece que os veículos de transporte coletivo a serem produzidos após doze meses da publicação desta lei serão plantados de forma a facilitar o acesso a seu interior das pessoas portadoras de deficiência; s) a Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000 (regulamentada pelo Decreto nº 5.296, de 02 de dezembro de 2004): estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. Em seu artigo 1º define seus objetivos de estabelecer normasgerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte e de comunicação; t) a Lei nº 10.182, de 12 de fevereiro de 2001: restaura a vigência da Lei nº 8.989, de 24 de fevereiro de 1995, que dispõe sobre a isenção do imposto sobre produtos industrializados - lPI na aquisição de automóveis destinados ao transporte autônomo de passageiros e ao uso de portadores de deficiência física, reduz o imposto de importação para os produtos que especifica; u) a Lei nº 10.226, de15 de maio de 2001: determina a expedição de instruções sobre a escolha de locais para a votação de mais fácil acesso para o eleitor deficiente físico; e v) a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002: garante apoio ao uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras, por parte do Poder Público e das empresas concessionárias de serviços públicos. Garante atendimento adequado aos portadores de deficiência auditiva, por parte do Poder Público e das empresas concessionárias de serviços públicos. Inclui a "Libras" nos 31 cursos de formação de Educação Especial, Fonoaudiologia e de Magistérios, nos níveis Médio e Superior das Instituições de Ensino Federais e Estaduais. Muitas são as leis que a partir da Constituição Federal de 1988 pretendem promover eficazmente a inclusão das pessoas portadoras de deficiência na escolha, na família e na sociedade. Contudo, segundo Eugênica Augusta Gonzaga Fávero, bastariam os dispositivos constitucionais relacionados ao tema para que as pessoas com deficiência fossem efetivamente incluídas na sociedade. (FÁVERO, 2006, p.165) O Projeto de Lei nº 7.699, de dezembro de 2006 foi retirado de pauta no dia 08 de agosto de 2007, por tempo indeterminado, em decorrência da mobilização para impedir sua votação que envolveu a sociedade civil, as organizações não governamentais e órgãos como o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência - CONADE e a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência - CORDE, que já se posicionaram oficialmente contrários ao Estatuto no formato atual, solicitando aos congressistas que o Estatuto fosse discutido mais amplamente. O Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência - CONADE e a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência - CORDE desejavam, antes de aprovar um Estatuto nesse sentido, que fosse ratificada a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas - ONU, em 13 de dezembro de 2006. Também queriam a incorporação das mudanças e avanços contidos no documento internacional no Estatuto. (PERRI, 2007). A ratificação aconteceu por meio do Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009 (BRASIL, 2009). 32 O Projeto de Lei nº 7.699, de dezembro de 2006 ficou pouco tempo fora de pauta. Logo voltou à discussão e desde o dia 05 de setembro de 2011 está pronto para Pauta no Plenário da Câmara dos Deputados. Para os críticos da iniciativa de instituir um Estatuto das Pessoas com Deficiência, reunir as leis sobre o assunto em um estatuto gera segregação, eis que o simples fato de ter um estatuto, já daria uma condição diferente de cidadão, o que contribui ou reforça o preconceito e a discriminação, estigmatizando as pessoas portadoras de deficiência como cidadãos de categoria diferente. A Constituição de 1988 assegurou a educação como “direito de todos e dever do Estado e da família” (artigo 205,caput, primeira parte), visando o “pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (artigo 205), pretendendo, desse modo, dar efetividade à cidadania e à dignidade humana (artigo 1º, incisos II e III), eleitos como fundamentos da República brasileira; promover o bem de todos, um dos objetivos fundamentais do Estado brasileiro (artigo 3º, inciso IV); e garantir o direito à igualdade de todos os cidadãos (artigo 5º). A garantia do direito geral à educação figura, então, como um meio de promoção de todos esses princípios e garantias do Estado Democrático de Direito brasileiro (BRASIL, 1988). Para reafirmar que ninguém poderá ser excluído de tais princípios e garantias, sob pena de ofensa grave à Constituição da República Federativa do Brasil, o constituinte de 1988 elegeu a “igualdade de condições para o acesso e permanência na escola” como um dos princípios para o ensino (artigo 206, inciso I), acrescentando que “o dever do Estado com a educação será efetivado” por meio da “garantia de acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um” (artigo 208, incisa V) (BRASIL, 1988). Portanto, está constitucionalmente assegurado que a educação é um direito de todos e um dever do Estado e da família. Apesar disso, o constituinte de 1988 se preocupou em demonstrar, em diversos dos dispositivos constitucionais, sua intenção de promover de forma efetiva a inclusão da pessoa portadora de deficiência por meio da educação, não apenas escolar, mas também familiar e social. 33 As regras que devem ser impostas no cumprimento do dever estatal de prestar a educação estão expostas no texto do artigo 208, da mesma Constituição Federal de 1988, sendo que o inciso III do referido artigo, expressa a garantia de educação especial aos portadores de deficiência: “artigo 208: o dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: (...); III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; (...)”. Conforme Silvia Araújo Silva (2003, p.478), “ao determinar que o ensino especializado seja, preferencialmente, ministrado na rede regular de ensino, tomou cuidado de proteger a pessoa portadora de deficiência contra a eventual discriminação, buscando integrá-la socialmente”. Deve-se levar em consideração que algumas situações exigem atendimentos em classes especiais, pelo menos em certa fase, com atenção mais efetiva dos profissionais do ensino, como, por exemplo, no caso de lesão mental acentuada, de deficiência auditiva, da fala e visuais; outras não apresentam qualquer necessidade de educação especial, como acontece, por exemplo, com as pessoas portadoras de deficiências de locomoção, que não necessitam, em regra, de educação especial, “mas de transporte especial para chegarem até as escolas”. (SILVA, 2003) Por outro lado, enfatize-se que a opção pela expressão constitucional “preferencialmente na rede regular de ensino”, foi no sentido tanto de incluir socialmente as pessoas portadoras de deficiência, quanto de proteger essas pessoas contra eventual discriminação. Significa dizer que a educação especializada não é no sentido da colocação dos portadores de deficiência em escolas especiais, mas no sentido do “atendimento educacional especializado” dentro da rede regular de ensino. Para tanto, todos os professores deverão ser preparados para oferecer o atendimento especializado de que o portador de deficiência precisa para ser tratado com igualdade no seu relacionamento com os demais colegas. Com essa inclusão educacional do portador de deficiência, todos vão conviver com suas dificuldades, e isso vai, de um lado, permitir que a criança portadora de deficiência seja incluída nos desafios regulares da rede de ensino, e de outro contribuirá sobremaneira para o desenvolvimento do espírito de solidariedade do grupo. 34 modalidade de ensino”. Se o atendimento educacional a todos os alunos, já é garantido na Constituição Federal de 1988, cujas práticas de ensino devem ser adequadasàs diferenças entre todos os alunos, a palavra “especializado", expressa no artigo 208, inciso III, só pode ser no sentido de “algo diferente”, como, por exemplo, a língua dos sinais, o braile, dentre outras peculiaridades que refletem um atendimento especializado (ARAÚJO, 2003) A realidade social e democrática brasileira que se instalou a partir da Constituição Federal de 1988 (preâmbulo), destina-se a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social, exige a inclusão das pessoas portadoras de deficiência na rede regular de ensino, como forma de participação social e democrática. A criança portadora de deficiência, ao ingressar no ensino regular, passa a desenvolver atividades com outras crianças não portadoras de deficiência ou portadoras de outras formas de deficiência, a partir de critérios próprios, que serão escolhidos pelos professores que, capacitados para tanto, saberão acompanhar e avaliar cada aluno dentro de sua realidade. É preciso ter em linha de conta que as pessoas são diferentes e os professores devem estar preparados para lidar com essas diferenças. A própria definição de “pessoa portadora de deficiência” é temerosa, eis que cada indivíduo tem suas deficiências. Algum aluno tem dificuldades em lidar com as letras, outros se atrapalham com os números, alguns não ouvem outros não veem ou não andam. A pedagogia educacional capaz de incluir é aquela que permite um sistema de ensino flexível, no sentido de permitir que cada criança desenvolva suas habilidades a partir de critérios próprios. E a natureza é tão sábia que para cada deficiência permite o desenvolvimento de uma habilidade. Não são as deficiências que precisam ser destacadas pelo atendimento especializado. As atenções devem voltar-se para o aprimoramento das habilidades, a partir das deficiências sem deixar essas crianças fora do contexto educacional. Entretanto, o método educacional que “deixa de fora da escola regular milhões de crianças e para trás outros milhares por ano”, segundo Eugênica Augusta Gonzaga Fávero, “tem sido seriamente contestado pelos educadores e sua ineficiência é atestada pela simples 35 verificação na prática das injustiças e violências psíquicas cometidas contra crianças e adolescentes” (FÁVERO, 2006) Com respaldo na Constituição Federal de 1988; ressalta garantia da educação para todos, “em um mesmo ambiente, e este pode ser o mais diversificado possível, como forma de atingir o pleno de desenvolvimento humano e o preparo para a cidadania (artigo 205)” Resta ver se há mecanismos adequados à sua proteção ou se trata de mais uma previsão normativa que não consegue extravasar os limites dos manuais de direito constitucional. De antemão afirma-se, juntamente com Eugênica Augusta Gonzaga Fávero, que “faltam ainda políticas públicas adequadas para que exista apoio técnico e financeiro às escolas para tanto, além de se investir na correta preparação de professores. Membros do Ministério Público têm trabalhado nesta matéria” Para finalizar, destaca-se que não é apenas a sociedade que pode contribuir com a inclusão social dos portadores de deficiência, mas os próprios portadores de deficiência são protagonistas de imensuráveis benefícios à sociedade. Seguramente são esses muito maiores que os primeiros. 36 CONSIDERAÇÕES FINAIS Compreende-se que qualquer pessoa portadora de deficiência poderá ser contratada pelas empresas privadas quando demonstrar capacidade para assumir as atividades atinentes à vaga de trabalho ofertada. A aptidão para o trabalho pode ser atestada pelo empregador que, independente de processo de habilitação ou reabilitação, poderá ser feita a admissão. Do exposto, conclui-se que, de um lado, a sociedade pode dar condições ao portador de deficiência como, por exemplo: material especializado para um melhor aprendizado como os livros em braile para os deficientes visuais, facilitar o acesso em lugares públicos com rampas para os deficientes físicos, reservar vagas em concursos públicos, entre muitos outros; de outro lado, a sociedade pode aprender com as pessoas portadoras de deficiência os chamados “valores da sociedade”, pois o portador de deficiência pode ensinar a sociedade uma convivência mais harmoniosa, no sentido de desenvolver melhores valores nas relações humanas, como dignidade, respeito, compreensão, educação, paciência, enfim, uma verdadeira educação no convívio com as diferenças. Mas para tudo isso, é preciso primeiramente a sua integração para com a sociedade e não a exclusão como é o que cada vez mais vem ocorrendo na realidade brasileira. Não se pode continuar incentivando as escolas para portadores de deficiência e sim “escolas com portadores de deficiência”; não se deve incentivar a facultatividade do voto para os portadores de deficiência, e sim dar condições para que possam sair de suas casas para votarem. O esboço constitucional fornece todos os elementos para a realização dessa inclusão total e legal dentro do contexto social, o que não acontece na prática. As pessoas com deficiência não precisam de estatuto, mas de políticas públicas voltadas à implementação e concretização efetiva desses direitos e garantias. Defende-se que a inclusão social pela educação efetivamente tornará, a pessoa portadora de deficiência, partícipe da condição de cidadão e engrandecerá a tão incipiente democracia nacional. 37 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARROS, Alice Monteiro de Curso de direito do trabalho. 3 ed. São Paulo: LTR, 2007. MACIEL, M. R. C. Portadores de deficiência: a questão da inclusão social. São Paulo em Perspectiva, 14 (2), 2000. BOTINI, J. [coord.]. Deficiência e competência: programa de inclusão de pessoas portadoras de deficiência nas ações educacionais do Senac. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2002. ALMEIDA, Sandra Cristina Filgueiras de. Legislação aplicável aos portadores de deficiência: legislação relacionada com os portadores de deficiência. ANDRADE, Denise Lapolla de Paula Aguiar. Portadores de deficiência: sujeitos de direitos. In: Revista do Ministério Público do Trabalho, Brasília, ano X, nº 19, p. 35-38, semestral, mar. 2000. ARAUJO, Luiz Alberto David. Pessoa portadora de deficiência: proteção constitucional das pessoas portadoras de deficiência. 3. ed., rev., ampl. e atual. Brasília: CORDE, 2003. BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de direito constitucional. 22. ed. São Paulo: Saraiva, 2001. BOTELHO, José Manuel Santos; ESTEVES, Américo Joaquim Pires; PINHO, José Cândido. Código do Procedimento Administrativo: anotado e comentado. 5. ed. Coimbra: Livraria Almedina, 2002. GARCIA, Edinês Maria Sormani; CARDOSO, Carla Roberta Fontes. A proteção da pessoa portadora de deficiência e seu fundamento no princípio da dignidade humana. p. 151-172. In: ARAUJO, Luiz Alberto David (Coord).Direito da pessoa portadora de deficiência: uma tarefa a ser completada. Baury: EDITE 2003 38 REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm Acesso em: 25 de novembro de 2016. TEMAS TRANVERSAIS, MEC disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ttransversais.pdf Acesso em 22 de novembro de 2016 Diversidade Cultural no Brasil, disponível em http://brasilescola.uol.com.br/brasil/a-diversidade-cultural-no-brasil.htm Acesso em 24 de novembro de 2016. A História dos deficientes no mundo -http://www.deficienteciente.com.br/as-pessoas-com-deficiencia-na-historia-do-mundo.html – Acesso em 26 de novembro de 2016