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Transtornos alimentares

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Transtornos
alimentares
Professora: Rafaella de Andrade
Distúrbios patológicos em que há o envolvimento dos aspectos psicológicos, emocionais, cognitivos, fisiológicos e alimentares, levando o indivíduo a apresentar uma imagem corporal distorcida da realidade 
EPIDEMIOLOGIA: 
Distribuição não uniforme, atingindo 90 a 95% do sexo feminino
Mulheres de classe social média e alta são as mais envolvidas
Classificação diagnóstica:
- Classificação Internacional de Doenças (CID-10)  OMS
- Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV) / Associação de Psiquiatria Norte-americana
Preocupação excessiva com o peso e a forma corporal, que leva as pacientes a se engajarem em dietas extremamente restritivas ou a utilizarem métodos inapropriados para alcançarem o corpo idealizado
Anorexia Nervosa - Bulimia:
Transtornos intimamente relacionados 
Psicopatologia comum
Anorexia = negação 
As anoréxicas não sofrem de falta de apetite, a não ser no final da doença 
O que existe é um controle sobre a fome em que se preconiza a baixa ingestão de alimentos ou o jejum para emagrecer 
Bulimia = exagero 
Anorexia Nervosa: 
Perda de peso e recusa em manter o peso dentro da faixa normal (>85% do esperado), ou seja, ocorre a presença de 15% de déficit em relação ao padrão de peso ideal
Medo mórbido de engordar mesmo estando abaixo do peso
Perturbação na forma de vivenciar o baixo peso, influência indevida do peso sobre a auto-avaliação e negação do baixo peso
Amenorreia por 3 ciclos consecutivos
DSM-IV
Medo mórbido de engordar, acompanhada por emagrecimento intenso em razão de baixo consumo energético ou realização de jejum, amenorreia e complicações clínicas 
As pacientes acreditam estar obesas e adquirem uma obsessão por emagrecer 
Passam a não ter uma relação positiva com os alimentos, desenvolvendo mitos e rituais alimentares onde só as calorias importam 
SUBTIPOS: 
Restritivo: Quando não há métodos compensatórios de purgação como o vômito, laxantes, diuréticos, anorexígenos e intensa prática de atividade física
Purgativo: Quando há, algumas vezes, métodos compensatórios de purgação associados, mesmo consumindo menos do que necessitam
BULIMIA NERVOSA:
 DSM-IV
 
Episódios recorrentes de compulsão alimentar (excesso alimentar + perda de controle)
Métodos compensatórios para prevenção de ganho de peso: indução de vômitos, uso de laxantes, diuréticos, enemas, jejum, exercícios excessivos
Freqüência dos episódios compulsivos e compensatórios: em média pelo menos 2x/semana por 3 meses
Influência indevida do peso/forma corporal sobre a auto-avaliação
SUBTIPOS: 
Purgativo: Quando há, com frequência, a prática de métodos compensatórios de purgação, como o vômito, laxantes, diuréticos, anorexígenos ou prática intensa de atividade física
Não-purgativo: Quando há abuso de práticas como o jejum ou atividade física, mas não há abuso de outros métodos purgativos 
Ingestão de quantidade exagerada de alimentos 
Aspecto central do diagnóstico
A paciente mostra-se com peso corporal próximo ao normal, porém quer desesperadamente emagrecer e lança mão de métodos purgativos (vômitos, uso de laxantes, diuréticos e intensa prática de atividade física) para emagrecer 
É preciso afastar a hipótese de outras doenças que podem provocar aumento no consumo calórico, como hipertireoidismo, diabetes mellitus descompensado e a própria adolescência, além de outras em que há diminuição da ingestão alimentar por anorexia propriamente dita, como neoplasias, vírus da imunodeficiência humana positivo e doença pulmonar obstrutiva crônica 
Fisiopatologia:
FATORES BIOLÓGICOS  centros da fome e saciedade, hormônios
FATORES PSICOLÓGICOS  Distúrbios afetivos (individuais e familiares): traços de personalidade, depressão, ansiedade e abuso sexual na infância 
AN - ótimas alunas, tímidas e organizadas
BN - depressivas, uso de álcool e drogas e promiscuidade sexual
FATORES SOCIAIS 
Aspectos clínicos e complicações:
Comprometimento do estado nutricional 
Práticas compensatórias inadequadas para o controle do peso 
O culto à magreza e a obsessão por dietas trazem consequências negativas e problemáticas aos pacientes envolvidos com os transtornos alimentares, principalmente por acontecerem na fase da adolescência, em que há o crescimento, o estirão da puberdade e o acúmulo de tecido adiposo, que favorecerá a forma arredondada do corpo feminino 
Anorexia Nervosa
Sinais e sintomas físicos:
A sintomatologia mais evidente é o emagrecimento 
Ocorre perda de peso intensa, levando ao aparecimento dos ossos e à diminuição acentuada do tecido adiposo 
Sinais de desnutrição característicos podendo haver hirsurtismo, lanugem, hipercarotenemia (alta ingestão de alimentos ricos em caroteno) e pele ressecada, além de apatia, falta de disposição e cansaço
COMPLICAÇÕES ENDÓCRINO-METABÓLICAS: 
Amenorreia
A menstruação retorna geralmente quando o teor de gordura corporal atinge 22% 
Homens  esterilidade e perda do desejo sexual 
Intolerância ao frio, hipercolesterolemia e desidratação
COMPLICAÇÕES CARDIOVASCULARES, GASTROINTESTINAIS, HEMATOLÓGICAS, ÓSSEAS E RENAIS:
Bradicardia e hipotensão
Constipação, saciedade precoce, alterações do paladar
Leucopenia, linfopenia, anemia
Osteoporose, osteopenia
Litíase renal
BULIMIA NERVOSA
Sinais e sintomas físicos:
Sobrepeso ou peso próximo ao normal
Aumento das glândulas parótidas, submandibular e sublingual
Sinal de Russell e dentes com perimólise 
Fraqueza física e personalidade transtornada e extremista, associada à depressão e ao risco de suicídio
COMPLICAÇÕES ENDÓCRINO-METABÓLICAS:
Hipoglicemia
Hipercolesterolemia
Distúrbio hidroeletrolítico
Desidratação e alcalose metabólica (ocasionados pelo uso abusivo de métodos purgativos 
Complicações cardiovasculares e digestivas:
Diminuição de eletrólitos  arritmia cardíaca
Constipação ou diarreia
Esôfago comprometido podendo sofrer rupturas
Estômago dilatado e com ulcerações
Fígado e o pâncreas com alterações enzimáticas
COMPLICAÇÕES HEMATOLÓGICAS E RENAIS: 
Anemia
Diminuição de cloretos e de potássio, além da desidratação  cálculos renais
Tratamento:
 
Psiquiátrico
Psicológico
Nutricional 
Não há exatamente um tratamento específico para todos os casos de transtornos alimentares
Há uma abordagem individual adequada 
A hospitalização pode ocorrer num momento de descontrole da doença, em que só o tratamento ambulatorial não é suficiente para conduzir o caso 
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL:
História dietética:
Avaliação da ingestão energética, consumo de macro e micronutrientes, atitudes e comportamentos alimentares 
AN:
Consumo inferior a 1000Kcal 
Contam calorias, sendo que geralmente superestimam sua ingestão alimentar e energética
BN:
A ingestão energética pode ser imprevisível
Conteúdo calórico da compulsão alimentar, grau de absorção após a purgação, restrição calórica entre os episódios de compulsão  desafios para a avaliação da ingestão energética 
Alimentação caótica, variando entre restrição e compulsão alimentar
Recordatório de 24hs  Não é utilizado 
É útil estimar o consumo alimentar diário durante toda a semana  Diário alimentar
Determina-se os dias sem compulsão alimentar e aproxima-se seu conteúdo calórico
Deduz-se 50% do conteúdo calórico das compulsões alimentares que são purgadas
Ingestão calórica inadequada, variedade limitada de alimentos na dieta e consumo restrito de grupos alimentares resultam em um consumo inadequado de micronutrientes 
Comportamento alimentar:
Aversão alimentares  carne vermelha, itens de panificação, sobremesas, gorduras
Alimentos absolutamente bons ou maus
Comportamentos incomuns e ritualísticos 
Avaliação laboratorial: 
Alterações importantes nas concentrações de proteínas viscerais não são comuns na AN 
Fenômeno adaptativo do jejum prolongado  mantém o metabolismo das proteínas viscerais às custas do compartimento somático (músculos)
Uma dieta restritaem lipídios e colesterol não deve ser prescrita inicialmente  o paciente deve ser reavaliado após a restauração da massa corporal
Apesar do consumo de dietas de baixo teor de lipídios e colesterol, alguns pacientes com AN apresentam concentrações elevadas de colesterol total (pacientes com BN podem ter também)
Deficiência de vitamina e minerais:
Hipercarotenemia é um achado comum na AN, sendo atribuível à mobilização dos estoques de lipídios, alterações catabólicas e estresse metabólico
Anemia ferropriva não é comum na AN  necessidades diminuídas de ferro
AN x osteopenia e osteoporose
 
Avaliação antropométrica:
Pacientes com AN  apresentam desnutrição proteico-energética caracterizada por reservas adiposas e de proteína somáticas com depleção importante, porém com um compartimento de proteínas viscerais relativamente intacto
Peso, altura, IMC, dobras, circunferências, BIA 
Tratamento nutricional: 
Enquanto as pacientes com bulimia gastam grandes somas em dinheiro com a compra de alimentos que serão consumidos em um único episódio seguido de purgação, as pacientes com anorexia restringem a alimentação, que será fracionada ao longo do dia 
Anorexia nervosa
Objetivos da reabilitação nutricional:
	Correção das sequelas biológicas e psicológicas da desnutrição 
	Restauração da massa corporal
	Normalização dos padrões alimentares
Prescrições calóricas na faixa de 30 a 40Kcal/Kg/dia são suficientes para iniciar o ganho de massa corporal 
Deve-se aumentar progressivamente a prescrição calórica  100 a 200 calorias a cada 2 a 3 dias 
Síndrome de realimentação / melhor aceitação
Prescrições calóricas na faixa de 3.000 a 4.000 Kcal/dia podem ser necessárias no curso da restauração de massa corporal (sexo masculino  4.000 a 5.000 Kcal/dia)
Lipídios: 25 a 30%
Proteínas: 15 a 20%
Carboidratos: 50 a 55%
Bulimia nervosa:
Estado de caos dietético, caracterizado por períodos de alimentação descontrolada, mal estruturada e frequentemente seguida por um período de ingestão alimentar restrita
Meta imediata  interrupção do ciclo de compulsão alimentar e purgação, restauração do comportamento alimentar adequado e estabilização da massa corporal total
Os pacientes com BN apresentam graus variados de eficiência metabólica 
Como estabelecer a prescrição calórica inicial?? 
1- Pedir para o paciente estimar:
	o número de dias de compulsão alimentar/purgação
	os dias de compulsão alimentar/não-purgação
	os dias de ingestão moderada
	os dias de ingestão restritiva 
2- Solicitar ao paciente que descreva:
	 Ingestão alimentar típica em um dia de compulsão alimentar
	 Um dia de ingestão moderada
	 Um dia de ingestão restritiva 
3- Estimar:
	 50% da ingestão calórica nos dias de compulsão alimentar/purgação 
	 100% da ingestão calórica nos dias de compulsão alimentar/não-purgação, ingestão moderada e ingestão restritiva
4- Calcular a ingestão calórica total durante um período de 7 dias 
5- Calcular a ingestão diária média. 
	O nutricionista pode posteriormente formular a alimentação inicial e o plano de refeição baseado nesta estimativa da ingestão diária média
Distribuição normal de macronutrientes

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