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CAPÍTULO 17 Resiliencia Familiar

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CAPÍTULO 17 
Resiliência familiar 
Resistência formada pela adversidade 
Froma Walsh 
Crise e desafio são inerentes à condição humana. O conceito de resiliência familiar amplia nosso conhecimento do 
funcionamento familiar para situações de adversidade. Resiliência familiarenvolve o potencial para recuperação, reparo 
e crescimento nas famílias que enfrentam sérios desafios na vida. Embora algumas famílias sejam abaladas por eventos 
de crise, transições perturbadoras ou dificuldades persistentes, o notável é que muitas outras emergem fortalecidas e 
com mais recursos, capazes de amar plenamente e criar bem seus filhos. Este capítulo apresenta uma visão geral de 
uma estrutura de resiliência familiar e descreve processos-chave destilados de pesquisas sobre resiliência e 
funcionamento familiar eficiente. As aplicações práticas são descritas brevemente para sugerir a ampla utilidade desta 
estrutura conceitual em esforços de prevenção e intervenção para fortalecer as famílias estressadas e vulneráveis. 
UMA VISÃO SISTÊMICA DE RESILIÊNCIA 
Resiliência – a capacidade de resistir e se recuperar de desafios vitais perturbadores – se tornou um conceito importante 
na teoria, pesquisa e prática em saúde mental nas últimas décadas. Envolve processos dinâmicos que estimulam a 
adaptação positiva dentro do contexto de adversidades significativas (Bonanno, 2004; Luthar, 2006; Masten, 2001). 
Além do enfrentamento e adaptação, essa resistência e recursos possibilitam a recuperação e o crescimento positivo. 
A interação de influências biopsicossociais na resiliência 
A maioria das pesquisas até o momento se concentrou na resiliência individual. Estudos iniciais descobriram que a 
mesma adversidade pode ter diferentes resultados, o que desafiou o pressuposto determinista prevalente de que as 
experiências traumáticas precoces são inevitavelmente nocivas. Estudos encontraram, por exemplo, que a maioria dos 
indivíduos que haviam passado por abuso familiar na infância não se tornavam pais abusivos (Kaufman & Ziegler, 
1987). Conforme Rutter observou (1987), nenhuma combinação de fatores de risco, independentemente da gravidade, 
originava um transtorno em mais da metade das crianças expostas. Embora muitos tenham tido problemas na vida, 
outros superaram condições de alto risco semelhantes e conseguiram conduzir vidas amorosas e produtivas. 
Para explicar essas diferenças, os primeiros estudos focaram nos traços intrapessoais para resiliência, ou resistência, 
refletindo o ethos cultural dominante do “indivíduo resistente” (ver Walsh, 1996). Inicialmente, a resiliência foi vista 
como inata, como na blindagem do caráter da “criança invulnerável”, que era imune ao estresse, como uma “boneca de 
aço” que não quebraria se fosse manejada indevidamente (Anthony & Cohler, 1987). Quando os estudos foram 
ampliados para maiores possibilidades de condições adversas – circunstâncias de pobreza, doença crônica, eventos 
vitais traumáticos, trauma e perda – os pesquisadores reconheceram a interação entre natureza e criação na emergência 
da resiliência. Tornou-se claro que resiliência envolve a interação dinâmica de múltiplos processos de risco e proteção 
ao longo do tempo, com influências individuais, interpessoais, socioeconômicas e culturais (p. ex., Garmezy, 1991; 
Rutter, 1987). A vulnerabilidade psicobiológica e genética ou o impacto negativo e as condições de vida estressantes 
podem ser compensados por influências positivas. 
Em um notável estudo longitudinal da resiliência, Werner (Werner & Smith, 2001) acompanhou as vidas de quase 
700 filhos multiétnicos de trabalhadores em plantações vivendo na pobreza na ilha havaiana de Kauai. Um terço foi 
classificado “em risco” devido à exposição no início da vida pelo menos a quatro fatores de risco adicionais, como 
problemas sérios de saúde e alcoolismo familiar, violência, divórcio ou doença mental. Com a idade de 18 anos, cerca 
de dois terços das crianças em risco tinham resultados tão insatisfatórios conforme o previsto, com gravidez precoce, 
problemas de doença mental ou problemas na escola ou com a lei. No entanto, um terço dos que estavam em alto risco 
haviam se tornado jovens adultos competentes, afetivos e confiantes, com capacidade de “trabalhar e amar bem”, 
conforme avaliado por uma variedade de medidas. Em estudos posteriores de seguimento na meia-idade, quase todos 
ainda estavam vivendo com sucesso familiar. Muitos haviam ultrapassado crianças Kauai com históricos menos graves; 
muitos se encontravam estáveis no casamento e no trabalho, e poucos sofriam efeitos do trauma de um furacão que 
havia destruído boa parte da ilha. É digno de nota que vários dos que tiveram resultados insatisfatórios na adolescência 
deram uma virada em suas vidas na idade adulta, mais frequentemente creditando isso a relações apoiadoras. Esses 
achados têm implicações importantes, revelando que apesar da infância ou início da adolescência conturbada, existe 
um potencial para fazer mudanças na vida, desenvolvendo resiliência na idade adulta. 
Relações apoiadoras alimentam a resiliência 
De forma marcante, a influência positiva das relações apoiadoras se destacou em muitos estudos (Walsh, 1996). A 
resiliência dos indivíduos era alimentada em vínculos importantes, em particular com modelos e mentores, como 
treinadores e professores, que investiam em seu bem-estar, acreditavam no seu potencial, apoiavam seus esforços e os 
encorajavam a obter o máximo das suas vidas. 
Entretanto, a maioria dos investigadores iniciais estudou indivíduos que prosperaram apesar da disfunção e maus-
tratos parentais, e tinham uma visão pessimista e limitada da família. O foco nos déficits parentais impedia que muitos 
reconhecessem os recursos potenciais da família mais ampla, mesmo quando o funcionamento de um dos pais era 
seriamente prejudicado. Os clínicos encorajavam os assim-chamados “sobreviventes” a se desligarem das suas 
“famílias disfuncionais” e buscarem relações positivas em outro lugar para compensar o impacto negativo. Assim 
sendo, a visão era de que as famílias contribuíam para o risco, mas não para a resiliência. 
Uma orientação voltada para os sistemas familiares amplia a atenção para toda a rede relacional, identificando 
recursos potenciais para resiliência na família imediata e estendida. As contribuições positivas podem ser dadas por 
irmãos, pais e outros cuidadores; cônjuges e parceiros, avós e avôs, tios e tias; e outros parentes informais (Minuchin, 
Colapinto & Minuchin, 2005; Ungar, 2004). Mesmo em famílias perturbadas, podem ser encontradas ilhas de força e 
resiliência. 
O CONCEITO DE RESILIÊNCIA FAMILIAR 
Resiliência na família como uma unidade funcional 
Além de ver os membros individuais da família como recursos potenciais para resiliência individual, o conceito de 
resiliência familiar focaliza no risco e resiliência na família como uma unidade funcional (Walsh, 1996, 2003, 2006). 
Uma premissa básica nessa visão sistêmica é que crises sérias e adversidade persistente têm um impacto na família 
como um todo e, por sua vez, os principais processos familiares são mediadores da adaptação de todos os membros e 
suas relações. Estressores importantes ou um acúmulo de estresses pode desviar o funcionamento de um sistema 
familiar, com efeitos variados para todos os membros e suas relações. A resposta da família é vital: os processos-chave 
na resiliência (descritos adiante) possibilitam que o sistema familiar se recupere em momentos difíceis para suavizar o 
estresse, reduzir o risco de disfunção e apoiar a adaptação ideal. 
O conceito de resiliência familiar amplia a teoria e pesquisa sobre estresse familiar, enfrentamento e adaptação 
(Hawley & DeHaan, 1996; Mackay, 2003; McCubin & Patterson, 1983; Patterson, 2002; Simon, Murphy & Smith, 
2005). Implica mais do que o manejo de condições estressantes, assumir uma carga ou sobreviver a um infortúnio. 
Envolve o potencial para transformação ecrescimento pessoal e relacional que pode ser forjado a partir da adversidade. 
Explorando os processos-chave para resiliência, as famílias que estão em dificuldades podem emergir mais fortes e 
com mais recursos para enfrentarem desafios futuros. Os membros podem desenvolver novos insights e habilidades. 
Uma crise pode ser um grito de alerta, chamando a atenção para temas importantes. Ela pode se tornar uma oportunidade 
para reavaliação das prioridades e objetivos na vida, estimulando um maior investimento em relações significativas. 
Estudos das famílias resistentes mostraram que quando os membros da família enfrentaram uma crise juntos, suas 
relações foram enriquecidas e se tornaram mais afetuosas do que poderiam ter sido em outra situação (Stinnett & 
DeFrain, 1985). 
Essa perspectiva da resiliência familiar altera de forma fundamental a visão baseada no déficit, deixando de ver as 
famílias em dificuldades como prejudicadas e sem conserto, passando a uma visão delas como desafiadas pelas 
adversidades da vida, com potencial para estimularem a cura e o crescimento nos membros da família. 
Contextos ecológicos e desenvolvimentais da resiliência familiar 
Uma estrutura da resiliência familiar combina perspectivas ecológicas e desenvolvimentais para examinar o 
funcionamento familiar em relação ao seu contexto sociocultural mais amplo e evolução ao longo do ciclo vital 
multigeracional. 
Perspectiva ecológica 
Segundo uma orientação dos sistemas psicossociais, risco e resiliência são encarados com perspectivas de múltiplas 
influências recursivas. O funcionamento e a disfunção humana são vistos como resultantes de uma interação da 
vulnerabilidade ou resiliência individual e familiar ao lidar com experiências vitais e contextos sociais estressantes. As 
predisposições genéticas e neurobiológicas (Feder, Nestler & Charney, 2009) podem ser reforçadas ou compensadas 
pelos processos familiares e pelos recursos ou desvantagens socioculturais. O estresse familiar pode resultar de 
tentativas malsucedidas de enfrentar uma situação de crise devastadora ou o acúmulo de estressores, como uma perda 
traumática na família ou o impacto mais amplo de um desastre em grande escala (Walsh, 2007). A família, grupo de 
pares, recursos da comunidade, ambientes escolares ou profissionais e outros sistemas podem ser vistos como contextos 
associados para a alimentação e reforço da resiliência. 
A contribuição vital dos recursos culturais e espirituais para a resiliência foi demonstrada por muitos estudos, em 
especial para aqueles que enfrentam discriminação e barreiras socioeconômicas, como os afro-americanos, latino-
americanos e muçulmanos (McCubbin & McCubbin, 2005; McCubbin, McCubbin, McCubbin & Futrell, 1998; 
McCubbin, Thompson, Thompson & Fromer, 1998; ver Boyd-Franklin & Karger, Cap. 12; Falicov, Cap. 13; e Walsh, 
Cap. 15 deste livro). Extensas pesquisas sobre resiliência em populações nativas do Canadá (Kirmayer, Dandeneau, 
Marshall, Phillips & Williamson, 2011) sublinham a importância de uma abordagem sistêmica social-ecológica, 
incorporando valores indígenas culturais, históricos e espirituais na promoção, política e prática clínica em saúde 
mental. Por exemplo, a transmissão familiar e social de histórias e metáforas apoia a adaptação por meio de conceitos 
relacionais, ecocêntricos e cosmocêntricos do self, personalidade e identidade coletiva, e pelo ativismo político, 
fortalecimento e reconciliação. Essas fontes de resiliência, compreendidas em termos dinâmicos, emergem de 
interações entre os indivíduos e suas famílias, suas comunidades e sistemas mais amplos. 
A estrutura multidimensional de Falicov (1995, 2007; ver o Cap. 13 deste livro) para consideração das influências 
culturais localiza cada família dentro de um nicho ecológico complexo, compartilhando fronteiras e pontos comuns 
com outras famílias, além de posições diferentes relacionadas a variáveis como gênero, condição econômica, estágio 
na vida e posição em relação à cultura dominante. A experiência de cada família terá características comuns e únicas. 
Uma avaliação holística inclui os contextos variados e tende a compreender as restrições e possibilidades na posição 
de cada família. Uma estrutura da resiliência familiar procura da mesma forma identificar elementos comuns numa 
situação adversa e respostas familiares eficazes, ao mesmo tempo também considerando a perspectiva única, desafios 
e recursos de cada família. 
Perspectiva desenvolvimental 
Uma perspectiva desenvolvimental é essencial na compreensão e desenvolvimento da resiliência. O impacto das 
adversidades varia com o tempo e em relação a uma passagem individual e familiar pelo ciclo vital. 
Desafios e respostas emergentes com o passar do tempo. A maioria dos principais estressores não é simplesmente 
um evento único de curta duração, mas um complexo conjunto de condições em mudança com história passada e curso 
futuro (Rutter, 1987). Assim é a experiência do divórcio, de uma escalada das tensões pré-divórcio até a separação e 
reorganização das famílias e relações entre pais e filhos. A maioria das famílias passa por transições posteriores, com 
relocação, recasamento e integração da família adotiva (ver Greene, Anderson, Forgatch, DeGarmo & Hetherington, 
Cap. 5; Pasley & Garneau, Cap. 7 deste livro). 
Considerando essa complexidade, nenhuma resposta isolada de enfrentamento é invariavelmente a mais bem-
sucedida; estratégias variadas podem se revelar úteis para atender a novos desafios que surgem. Na avaliação do 
impacto dos eventos estressantes, é essencial explorar como os membros da família abordaram a sua situação, que vai 
de uma postura proativa até a resposta imediata e estratégias de longo prazo. Algumas abordagens podem ser funcionais 
no curto prazo, mas se tornam rígidas e disfuncionais com o passar do tempo ou quando as condições mudam. Por 
exemplo, após o pai sofrer um acidente vascular (AVC), a família precisa mobilizar recursos e se unir para fazer frente 
à crise; porém, mais tarde, precisa fazer mudanças para se adaptar à incapacidade crônica e dar atenção às necessidades 
de outros membros da família (Walsh, 2011a; ver Rolland, Cap. 19 deste livro). Assim sendo, resiliência familiar 
envolve variados caminhos de adaptação que se ampliam com o tempo, a partir de um evento ameaçador no horizonte, 
passando por transições perturbadoras e subsequente ondas de choque imediatas e posteriores. 
Estressores cumulativos. Algumas famílias podem se sair bem com uma crise de curta duração, mas não resistem 
às tensões cumulativas de desafios múltiplos e persistentes, como uma doença crônica, condições de pobreza ou 
situações traumáticas complexas constantes. Um acúmulo de estressores internos e externos pode sobrecarregar a 
família, aumentando sua vulnerabilidade e o risco de problemas posteriores (Patterson, 2002). A escalada do conflito e 
o consumo excessivo de álcool trouxeram um casal à terapia. Era essencial situar esses problemas no contexto do 
represamento de tensões e perdas da família nos últimos 2 anos que incluíram a perda do emprego do marido e a perda 
associada à saúde, e um AVC sofrido pela avó materna, com quem contavam para ajudar na criação dos seus três filhos, 
um deles com atraso no desenvolvimento. A família estava passando de uma crise para outra, com as pressões se 
acumulando e nenhuma trégua. A terapia facilitou o apoio mútuo do casal, a reorganização dos papéis e os esforços em 
equipe envolvendo membros da família estendida para controlar os desafios constantes. 
Perspectiva do ciclo vital familiar. O funcionamento e os sintomas de estresse são avaliados no contexto do sistema 
familiar ao longo da vida e das gerações (McGoldrick, Carter & Garcia-Preto, 2011; ver McGoldrick & Shibusawa, 
Cap. 16 deste livro). A estrutura da resiliência familiar se concentra na adaptação da família em torno dos eventos 
críticos, incluindo complicações com transiçõesnormativas previsíveis, tais como o nascimento do primeiro filho (ver 
Cowan & Cowan, Cap. 18 deste livro) e eventos perturbadores inesperados, como divórcio ou a morte precoce de um 
genitor jovem (Gorell Barnes, 1999; Greef & Human, 2004; Greef & Van der Merwe, 2004; Walsh, 2009a). A forma 
como a família se prepara para uma perda prevista, suaviza o estresse, possibilitando que a família se reorganize de 
forma eficiente e volte a ter objetivos na vida. Esse processo influenciará a adaptação imediata e de longo prazo de 
todos os membros e de suas relações (Walsh e McGoldrick, 2004). 
O estresse é aumentado quando os estressores atuais reativam lembranças e emoções dolorosas de experiências 
passadas, como nas reações de estresse pós-traumático. A convergência de tensões do desenvolvimento e 
multigeracionais aumenta o risco de complicações (McGoldrick et al., 2011). Os membros da família podem perder a 
perspectiva, associando as situações imediatas a eventos passados, e ficam sobrecarregadas ou se desligam dos 
sentimentos e conexões dolorosas. Experiências de adversidades passadas, como traumas associados à guerra e 
refugiados, influenciam expectativas futuras: medos catastróficos aumentam o risco de disfunção, enquanto histórias 
de resiliência podem inspirar a adaptação positiva (Hauser, 1999; Hernandez, 2002; Weingarten, 2004). 
Vantagens de uma estrutura de resiliência familiar 
A avaliação do funcionamento familiar é repleta de dilemas. Os clínicos e pesquisadores incluem seus próprios mapas 
de pressupostos na avaliação e intervenção familiar, implícitos nas normas culturais, orientações profissionais e 
experiência pessoal (ver Walsh, Cap. 2 deste livro). Além do mais, com as transformações sociais e econômicas, 
nenhum modelo único de funcionamento familiar é essencial para que crianças e famílias prosperem (ver Walsh, Cap. 
1 deste livro). 
As pesquisas do processo familiar orientadas para os sistemas nas últimas décadas forneceram alguma base empírica 
para a avaliação do funcionamento de casal e familiar eficiente (ver Lebow & Stroud, Cap. 12 deste livro). Contudo, 
as tipologias de avaliação familiar tendem a ser estáticas e acontextuais, oferecendo uma perspectiva do momento dos 
padrões de interação, mas frequentemente não considerando como eles estão relacionados aos estressores, recursos e 
desafios de uma família ao longo do tempo e no ambiente social mais amplo. Na prática clínica, a famílias geralmente 
entram em períodos de crise quando o estresse e as diferenças das normas são prontamente assumidos como sinais de 
patologia familiar. 
Uma estrutura de resiliência familiar oferece várias vantagens. Primeiro, por definição, ela se concentra nos pontos 
fortes forjados sob estresse, em resposta a uma crise e diante de adversidades prolongadas. Segundo, presume-se que 
nenhum único modelo de funcionamento sadio seja adequado para todas as famílias ou suas situações. O funcionamento 
é avaliado no contexto em relação aos valores de cada família, recursos estruturais e relacionais e desafios na vida. 
Terceiro, os processos para o funcionamento ideal e o bem-estar dos membros variam com o tempo enquanto surgem 
desafios e as famílias evoluem. Embora a maioria das famílias possa não corresponder aos modelos ideais, a perspectiva 
de resiliência de uma família está fundamentada numa convicção profunda no potencial de todas as famílias para 
adquirir resiliência e um crescimento positivo a partir das adversidades. Mesmo aquelas que passaram por traumas 
severos ou relações muito conturbadas têm o potencial para a cura e transformação durante a vida e através das gerações 
(Tedeschi & Calhoun, 2004; Tedeschi & Kilmer, 2005). 
PROCESSOS-CHAVE EM RESILÊNCIA FAMILIAR 
A estrutura da resiliência familiar apresentada no Quadro 17.1 foi desenvolvida como um mapa conceitual para os 
profissionais identificarem e visarem os processos-chave que podem produzir estresse e vulnerabilidade em situações 
de alto risco, estimular a cura e o crescimento a partir da crise e capacitar as famílias para superarem as adversidades 
prolongadas. Essa estrutura é informada por mais de três décadas de pesquisas clínicas e das ciências sociais procurando 
compreender as variáveis cruciais que contribuem para a resiliência e o funcionamento familiar eficaz (Walsh, 2003, 
2006). Extraímos e organizamos achados da grande literatura de pesquisa para identificar processos-chave para a 
resiliência em três domínios do funcionamento familiar: sistemas de crenças da família, padrões organizacionais e 
processos de comunicação. Esses processos-chaves são descritos brevemente aqui (ver Walsh [2006, 2007] para 
elaboração e aplicação na prática clínica e baseada na comunidade). 
QUADRO 17.1 Processos-chave na resiliência familiar 
Sistemas de crenças 
1. Encontrar significado na adversidade 
•Visão relacional da resiliência 
•Normalizar, contextualizar o estresse 
•Senso de coerência: Ver a crise como um desafio significativo, compreensível, 
administrável 
•Avaliacão facilitadora: causal/atribuições explicativas; expectativas futuras 
2. Perspectiva positiva 
•Esperança, tendência otimista; confiança na superação das dificuldades 
•Coragem/encorajamento; afirmar pontos fortes; focar no potencial 
•Iniciativa ativa e perseverança (espírito dinâmico) 
•Dominar o possível; aceitar o que não pode ser mudado; tolerar a incerteza 
3. Transcendência e espiritualidade 
•Valores e propósito maiores 
•Espiritualidade: fé, práticas contemplativas, comunidade; conexão com a natureza 
•Inspiração: antever possibilidades; sonhos na vida; expressão criativa; ação social 
•Transformação: aprendizagem, mudança e crescimento a partir das adversidades 
Padrões organizacionais 
4. Flexibilidade 
•Abertura à mudança: recuperar-se, reorganizar-se, adaptar-se a novas condições 
•Estabilidade para combater a perturbação: continuidade, confiança, previsibilidade 
•Forte liderança autoritativa: educar, guiar, proteger 
•Variadas normas familiares: parentalidade cooperativa/equipes de cuidadores 
•Relação do casal/cogenitor: respeito mútuo; igualdade entre os parceiros 
5. Conectividade 
•Apoio mútuo, colaboração e comprometimento 
•Respeitar as necessidades e diferenças individuais 
•Procurar reconexões, reparar separações, lutos 
6. Recursos sociais e econômicos 
•Mobilizar redes de parentesco, sociais e comunitárias; modelos e mentores 
•Construir segurança financeira; equilibrar tensões no trabalho/família 
•Sistemas mais amplos: apoio institucional, estrutural 
Comunicação/solução de problemas 
7. Mensagens claras e consistentes 
•Esclarecer informações ambíguas; buscar a verdade 
8. Expressão emocional aberta 
•Compartilhar sentimentos dolorosos; resposta empática; tolerar as diferenças 
•Interações prazerosas, humor; descanso 
9. Solução de problemas colaborativa 
•Brainstorming criativo; engenhosidade 
•Compartilhar tomada de decisão; reparar conflitos; negociação; justiça 
•Concentrar em objetivos, tomar medidas concretas: construir sobre o sucesso; aprender 
com o fracasso 
•Postura proativa: prontidão, planejamento, prevenção 
É importante enfatizar que esta não é uma tipologia de traços de uma “família resiliente”. Ao contrário, 
são processos dinâmicos que envolvem pontos fortes e recursos a que as famílias podem ter acesso e obter ganhos para 
aumentar a resiliência familiar. Os clínicos podem se direcionar para os processos-chave nos esforços de intervenção e 
prevenção. Vários processos podem ser mais relevantes e úteis em diferentes situações de adversidade, e os membros 
da família podem traçar caminhos variados na resiliência dependendo dos seus valores, recursos, desafios e objetivos. 
Sistemas de crenças familiares 
Os sistemas de crenças familiares influenciam fortemente a forma como os membros encaram as adversidades, seu 
sofrimento e suas opções (Wright & Bell, 2009). Construções compartilhadas da realidade, influenciadas por crenças 
multigeracionais,culturais e espirituais, emergem por meio das transações familiares e sociais. Por sua vez, elas 
organizam as abordagens familiares das situações de crise e desafios prolongados, e podem ser fundamentalmente 
alteradas por essas experiências (Reiss, 1981). As adversidades geram uma crise de significado e perturbação potencial 
da integração. A resiliência familiar é estimulada pelas crenças facilitadoras compartilhadas que aumentam o 
funcionamento eficaz e as opções para solução dos problemas, recuperação e crescimento. Elas ajudam os membros a 
encontrarem significado nas situações adversas; facilitam uma perspectiva positiva de esperança; e oferecem valores e 
conexões transcendentes ou espirituais. 
Dando um sentido às adversidades 
As famílias com bom funcionamento abordam uma crise ou adversidade prolongada como um desafio compartilhado. 
Na pesquisa de Gottman das relações de casal, os casais de sucesso abordavam os problemas como uma equipe e os 
parceiros enfatizavam a força que cada um recebia do outro. Eles encaravam as dificuldades como provações a serem 
superadas juntos e acreditavam que seus esforços deixavam sua relação mais forte; os esforços compartilhados e o 
orgulho por triunfarem os aproximava ainda mais (ver Driver, Tabares & Gottman, Cap. 3 deste livro). Os profissionais 
podem estimular essa perspectiva relacional da resiliência. 
Ao normalizar e contextualizar o estresse, os membros da família podem encarar suas dificuldades como 
compreensíveis entendimentos da sua situação adversa. A tendência para a acusação, vergonha e patologização é 
reduzida quando os problemas são encarados como dilemas humanos e os sentimentos complicados são vistos como 
comuns entre aqueles que se encontram em dificuldades semelhantes – e em situações extremas ou injustas, como 
respostas normais a condições anormais ou desumanas. A resiliência familiar também é estimulada por uma noção 
evolutiva de tempo e de vir a ser – um processo contínuo de crescimento, desafio e mudança ao longo da vida e das 
gerações (Beavers & Hampson, 2003). Essa perspectiva do ciclo vital familiar ajuda os membros a encararem as 
transições perturbadoras como marcos ou momentos de mudança em sua passagem de vida e as associam às gerações 
passadas e futuras. 
Ao enfrentarem as adversidades, os casais e famílias têm melhores resultados quando são ajudados a alcançar 
um senso de coerência compartilhada (Antonovsky, 1993; Antonovsky & Sourani, 1988; Hansson & Cederblad, 2004), 
reformulando a crise como um desafio que é compreensível, administrável e significativo a ser enfrentado. Envolve 
esforços para esclarecer a natureza e origem dos problemas e as expectativas futuras. A avaliação subjetiva que os 
membros da família fazem da sua situação e suas opções influenciam a sua resposta de enfrentamento e adaptação. Eles 
tentam compreender como as coisas aconteceram por meio de atribuições causais ou explanatórias, e olham para seu 
futuro com esperanças e medos. Experiências negativas passadas podem ser carregadas de temores catastróficos em 
relação a expectativas futuras. Para facilitar a reconstrução e significado dos membros da família (Nadeau, 2001), os 
profissionais podem apoiar seus esforços para esclarecer a compreensão da sua situação, avaliar realisticamente seus 
desafios e opções e planejar estratégias de enfrentamento ativo. 
Perspectiva positiva 
Um número considerável de pesquisas documenta os fortes efeitos neurofisiológicos de uma perspectiva positiva no 
enfrentamento do estresse, recuperação da crise e superação das barreiras ao sucesso. Esperança é essencial para o 
espírito: ela fornece energia e dá incentivo aos esforços para ultrapassar as adversidades. A esperança está baseada na 
fé, não importa o quanto o presente é menos favorável, um futuro melhor pode ser vislumbrado. Em condições saturadas 
de problemas, é essencial reacender a esperança a partir do desespero para que os membros da família vejam 
possibilidades, considerem os recursos potenciais e se esforcem para superar os obstáculos. A esperança de uma vida 
próspera para seus filhos evita que muitos pais em dificuldades sejam derrotados pelas suas decepções na vida. 
Epidemiologistas identificaram que “ilusões positivas” mantêm a esperança daqueles que lidam com adversidades, 
como uma doença que ameaça a vida (Taylor, 1989). Diferente da negação, existe a consciência de uma realidade cruel, 
como um mau prognóstico, e uma opção de acreditar que é possível superar as chances em contrário. Essa postura 
positiva apoia esforços que podem reduzir o risco e maximizar as chances de sucesso. Embora estudos tenham 
encontrado que uma perspectiva positiva por si só necessariamente não prolonga a vida, ela melhora a qualidade de 
vida e as relações importantes. 
As famílias com bom funcionamento tendem a manter uma visão mais otimista da vida (Beavers & Hampson, 2003). 
A pesquisa de Seligman (1990) sobre otimismo aprendido tem particular relevância para estimular a resiliência. Seus 
primeiros estudos sobre “desamparo aprendido” mostraram que com experiências repetidas de inutilidade e fracasso, 
os indivíduos param de tentar e se tornam passivos e pessimistas, generalizando a crença de que sempre acontecem 
coisas ruins para eles, e que nada que possam fazer irá fazer diferença. Seligman, então, demonstrou que o otimismo 
pode ser aprendido e o desamparo e pessimismo podem ser desaprendidos por meio de experiências de controle bem-
sucedido, construção da confiança de que os próprios esforços podem fazer a diferença. Entretanto, ele alertou que uma 
mentalidade positiva não é suficiente para o sucesso se as condições de vida forem incessantemente árduas, com poucas 
oportunidades de superá-las. Conforme enfatizou Aponte (1994), muitas famílias que se sentem presas a comunidades 
carentes e arruinadas perdem a esperança. Esse desespero lhes rouba o significado, o propósito e uma noção de 
possibilidades futuras. Para que seja revitalizada, uma perspectiva positiva precisa ser reforçada por experiências de 
sucesso e por um contexto social protetor. 
A coragem e determinação apresentadas por famílias comuns ao enfrentarem dificuldades do dia a dia 
frequentemente passam despercebidas. Conforme declarou uma esforçada mãe solteira, que trabalha em dois empregos 
para sustentar seus filhos: “É difícil, mas todas nós unimos esforços e não desistimos”. Ao afirmarem os pontos fortes 
e o potencial familiar em meio às dificuldades, os clínicos podem ajudar as famílias multiestressadas a combaterem o 
sentimento de desamparo, fracasso e culpa, ao mesmo tempo reforçando o orgulho, confiança e um “espírito dinâmico”. 
Oferecer incentivo reforça a coragem para aproveitar as oportunidades e persistir nos esforços. As intervenções podem 
ajudar as famílias a desenvolverem confiança e novas competências por intermédio de experiências de controle bem-
sucedido, aprendendo que seus esforços podem fazer a diferença. Iniciativa e perseverança – características da 
resiliência – são estimuladas por essa confiança compartilhada durante as dificuldades. Um pai, desempregado por mais 
de um ano depois que a sua empresa fez um corte no quadro de funcionários, relatou: “Nós não tínhamos certeza de 
como iríamos passar por isso, mas nos unimos e continuamos acreditando que iríamos encontrar um caminho”. As 
famílias demonstram confiança de que farão o melhor possível e apoiam a participação ativa dos membros na superação 
dos seus desafios. 
Dominar a arte do possível é um ponto vital para a resiliência (Higgins, 1994). Para as famílias, isso envolve fazer 
um balanço da sua situação – seus desafios, recursos e objetivos – e depois focar as energias em tirar o melhor partido 
das suas opções. Isso requer a aceitação do que está além do seu controle e não pode ser mudado. Em vez de ficarem 
imobilizados ou presos a uma posição de vítima impotente, o foco é direcionado para as possibilidadesexistentes e 
futuras. Quando os eventos não podem ser mudados, eles podem ser reformulados com uma nova visão que estimule 
uma maior compreensão e cura. Quando as perspectivas futuras são menos favoráveis, como uma doença terminal, os 
membros da família podem não conseguir controlar o resultado, mas podem se engajar de forma significativa, participar 
da prestação de cuidados, aliviar o sofrimento e aproveitar ao máximo o seu tempo juntos. Os membros da família 
frequentemente relatam que, por estarem mais plenamente presentes com as pessoas amadas, este momento doloroso 
se tornou o mais precioso em suas relações (Walsh, 2006). Depois da perda, os sobreviventes são ajudados a encontrar 
maneiras de transformar a presença viva de uma pessoa amada numa presença espiritual, por meio de lembranças 
memoráveis, histórias e ações que transmitem os melhores aspectos e aspirações do falecido e suas relações. 
Transcendência e espiritualidade 
As crenças e práticas transcendentes fornecem significado e propósito que vão além de uma provação imediata da 
família. A maioria das famílias procura força, conforto e orientação em momentos difíceis recorrendo a conexões com 
suas tradições culturais e espirituais, especialmente aquelas que estão enfrentando as barreiras da pobreza e 
discriminação (Walsh, 2009e; ver Boyd-Franklin & Karger, Cap. 12; Falicov, Cap. 13; Walsh, Cap. 15 deste livro). 
Conforme documentado por um grande corpo de pesquisa, os recursos espirituais, pela fé profunda, práticas como a 
oração e meditação e o envolvimento em congregações, se revelaram como as principais fontes de resiliência (Walsh, 
2009d). Os rituais e cerimônias facilitam a passagem por transições significativas e de ligação com uma comunidade 
mais ampla e uma herança comum (ver Imber-Black, Cap. 20 deste livro). Muitos encontram alimento espiritual fora 
da religião formal, por intervenção do humanismo laico; conexão profunda com a natureza; expressão criativa na 
música e artes; e ativismo social. 
O paradoxo da resiliência é que os piores momentos também podem provocar o melhor no espírito humano. Uma 
crise pode produzir aprendizado, transformação e crescimento em direções imprevistas, conforme documentado na 
pesquisa sobre “crescimento pós-traumático” (Tedeschi & Calhoun, 2004; Tedeschi, Park & Calhoun, 1996). Ela pode 
despertar os membros da família para a importância das pessoas amadas ou motivá-los para que curem velhas feridas 
e reordenem as prioridades para relações e busca de objetivos mais significativos na vida. Muitos emergem de crises 
devastadoras com moral aumentada e um senso de propósito em suas vidas, recebendo compaixão dos outros pelas 
dificuldades e se comprometendo com ações sociais, políticas ou ambientais. Os profissionais podem apoiar os esforços 
das famílias para anteverem um futuro melhor com ajuda dos seus esforços e, quando as esperanças e sonhos foram 
abalados, imaginar novas possibilidades, aproveitando as oportunidades de intervenção, transformação e crescimento 
positivo. 
Padrões organizacionais familiares 
As famílias contemporâneas, com diversas estruturas e recursos, precisam organizar sua casa e as redes relacionais de 
formas variadas para enfrentar os desafios da vida. A resiliência é fortalecida por uma estrutura flexível, pela 
conectividade e recursos sociais e econômicos. 
Adaptabilidade: flexibilidade e estabilidade 
Flexibilidade, um processo central na resiliência, envolve a abertura para uma mudança adaptativa (Olson & Gorall, 
2003). A capacidade de se recuperar é frequentemente considerada como um “recuo” para uma forma ou norma 
preexistente. No entanto, depois da maioria das crises e transições sérias, as famílias não podem simplesmente retornar 
à vida “normal” como a conheciam. Uma metáfora mais adequada seria “recuar avançando” (Walsh, 2002b), 
adaptando-se para enfrentar novos desafios e construir um “novo normal”. A famílias frequentemente precisam de 
ajuda para andar por um terreno inexplorado, renovando as relações e reorganizando os padrões de interação para se 
adequarem às novas condições. 
Ao mesmo tempo, as famílias precisam suavizar e contrabalançar as mudanças perturbadoras para restaurar 
a estabilidade. As crianças e outros membros da família vulneráveis precisam especialmente da garantia 
de continuidade, confiança e previsibilidade em meio à turbulência, e com separações e perdas. Rotinas diárias e rituais 
significativos são importantes em tais momentos, desde horários regulares na hora de dormir e horários de refeições 
compartilhados até em eventos, como o almoço de domingo na casa do pai e a celebração de aniversários e datas 
importantes (ver Imber-Black, Cap. 20 deste livro). 
A liderança autoritativa, firme embora flexível, é em geral mais efetiva para o funcionamento familiar e o bem-
estar dos filhos (Steinberg, Lamborn, Darling, Mounts & Dornbush, 1994). Durante períodos de estresse, é 
especialmente vital prover cuidados, proteção e orientação. A forte liderança e confiabilidade parental facilita a 
adaptação pós-divórcio dos filhos quando são estabelecidas novas estruturas de família monoparental, horários de 
visitação, regras e rotinas. Famílias com estruturas complexas ou situações de vida dispersas podem precisar de ajuda 
para criar uma equipe colaborativa coparental e cuidadora entre as famílias e a distância. 
Conectividade 
A conectividade é essencial para a resiliência relacional. Uma crise ou adversidade prolongada pode abalar a coesão 
familiar, deixando seus membros incapazes de depender uns dos outros. A resiliência é fortalecida pelo apoio mútuo, 
colaboração e comprometimento de enfrentar os momentos difíceis juntos. Conforme revelou a pesquisa de Gottman, 
os casais bem-sucedidos conversam sobre seu relacionamento em termos de apoio mútuo e colaboração, seja qual for 
seu nível de independência (ver Driver et al., Cap. 3 deste livro). Ao mesmo tempo, os cônjuges e membros da família 
precisam respeitar as diferenças, individualidades e fronteiras uns dos outros. Eles podem ter variadas reações, estilos 
de enfrentamento e tempo necessário para processar um evento adverso, dependendo de variáveis como o significado 
e impacto da experiência para cada um ou a idade de um filho. 
Quando os membros da família são separados, por exemplo, em casas de acolhimento, pela ausência parental ou 
ruptura a nível comunitário, é importante manter conexões vitais com fotos, lembranças, telefonemas e contatos pela 
internet. A adaptação e resiliência de famílias imigrantes são estimuladas pela manutenção da conexão com os parentes 
e a comunidade com as raízes culturais e espirituais (Falicov, 2007; Cap. 13 deste livro). Em famílias adotivas, os pais 
podem ser encorajados a forjar coalisões parentais viáveis dentro e através das fronteiras das famílias e entrelaçar 
relações biológicas e adotivas, incluindo a família estendida. 
Pressões intensas em momentos difíceis podem criar interpretações errôneas, conflitos e separações. No entanto, 
uma crise, como uma situação de ameaça à vida, também pode ser aproveitada como uma oportunidade para reconexão, 
reconciliação e reparo de relações feridas e distantes. Por exemplo, no fim da vida, com a proximidade da morte e 
perda, os pais idosos e seus filhos adultos frequentemente desenvolvem novas perspectivas e estímulo para a resolução 
de antigas queixas, alcançando maior compreensão mútua (Walsh, 2011a). 
Recursos sociais e econômicos 
As redes de familiares e sociais, grupos comunitários e congregações religiosas podem ser uma segurança em tempos 
de dificuldades, oferecendo apoio prático e emocional. A significância dos modelos e mentores para a resiliência dos 
jovens está bem documentada. A importância dos laços relacionais para o bem-estar e resiliência, não só com as pessoas 
amadas e amigos mais próximos, mas também com animais domésticos, está cada vez mais encontrando aplicação 
numa ampla gamade programas para tratamento e reabilitação e nos cuidados de adultos idosos (Walsh, 2009b, 2009c). 
A resiliência e pontos fortes da maioria das famílias que sofrem dificuldades econômicas são notáveis (Orthner, 
Jones-Sanpei & Williamson, 2004). Contudo, a segurança financeira é vital para o bem-estar familiar. Desemprego 
persistente ou a perda de um provedor podem ser devastadores. Uma doença séria ou crônica pode esgotar os recursos 
econômicos familiares. Uma tensão financeira séria é o fator mais significativo quando as crianças em famílias 
monoparentais evoluem mal (ver Anderson, Cap. 6 deste livro). 
O que é mais importante, o conceito de resiliência familiar não deve ser mal aplicado para culpar as famílias que 
não conseguem superar a condições difíceis rotulando-as como não resilientes. Assim como os indivíduos precisam de 
relações apoiadoras para resiliência, as famílias precisam de políticas institucionais, estruturas e programas que sejam 
apoiadores no local de trabalho, na assistência médica e outros sistemas maiores. Não é suficiente ajudar as famílias 
vulneráveis a “triunfar sobre as probabilidades”; as políticas sociais também precisam “mudar as probabilidades” para 
capacitá-los a se desenvolverem (Seccombe, 2002). 
Processos de comunicação 
Os processos de comunicação facilitam a resiliência, trazendo clareza de informação para as situações de crise, 
encorajando a comunhão emocional aberta e estimulando a solução de problemas colaborativos e de prontidão. Deve-
se ter em mente que as normas culturais variam amplamente no compartilhamento das “más notícias” e na expressão 
emocional. 
Informações claras 
Mensagens claras e congruentes facilitam o funcionamento familiar eficiente (Epstein, Ryan, Bishop, Miller & Keitner, 
2003). Em condições de crise e múltiplos estresses, a comunicação é facilmente interrompida. A ambiguidade pode 
bloquear a compreensão, proximidade e o domínio da comunicação (Boss, 1999). O conhecimento compartilhado da 
verdade de uma experiência dolorosa, como abuso ou tortura na relação, estimula o processo de cura, enquanto negação, 
segredo e encobrimento bloqueiam o relacionamento autêntico e podem impedir a recuperação (Walsh & McGolrick, 
2004). Famílias bem-intencionadas frequentemente evitam temas dolorosos e ameaçadores, querendo proteger uns aos 
outros das preocupações. Elas podem não dizer nada a respeito de uma situação precária, como uma doença séria ou 
uma possibilidade de divórcio, até que tenham certeza do resultado. No entanto, ansiedades sobre o inominável podem 
gerar temores catastróficos e frequentemente são expressas em problemas somáticos ou comportamentais, 
especialmente em crianças. Os pais ou cuidadores podem ajudar mantendo os filhos ou outras pessoas informados 
quando se desenvolve uma situação de abertura para discutirem questões ou preocupações. Eles podem precisar de 
orientação sobre formas de compartilhar informações que sejam adequadas à idade e podem ter a expectativa de que, 
quando os filhos cresçam, eles possam revisitar os assuntos para terem maior compreensão ou trazerem à tona 
preocupações a respeito (Walsh, 2006). 
Em desastres de amplo espectro, mensagens ambíguas ou confusas aumentam a ansiedade e bloqueiam a 
compreensão do que está acontecendo, como aconteceu e o que pode ser esperado. Por exemplo, quando ocorreu o 
vazamento de óleo no golfo de Louisiana no ano de 2010, famílias de pescadores e muitas gerações foram devastadas. 
Durante o ano seguinte, persistiram mensagens contraditórias do governo e da indústria, sem esclarecer se era seguro 
comer os peixes e se a indústria da pesca sobreviveria ou permaneceria destruída por décadas. Quando as famílias 
podem esclarecer e compartilhar informações essenciais a respeito da sua situação e expectativas futuras, isto facilita 
a compreensão, a tomada de decisão informada e o planejamento futuro. 
Expressão emocional e interações prazerosas 
A comunicação aberta, apoiada por um clima de confiança mútua, empatia e tolerância às diferenças, possibilita que 
os membros compartilhem uma ampla gama de sentimentos que podem ser despertados por eventos de crise e estresse 
crônico. Os membros da família podem ficar fora de sincronia com o tempo; um pode continuar a lamentar uma perda, 
enquanto outros se sentem prontos para seguir em frente. Um pai ou cuidador pode reprimir reações emocionais para 
manter o funcionamento no trabalho ou em função da família; os filhos podem esconder seus sentimentos e 
necessidades de forma a não sobrecarregarem seus pais. Para resiliência nas relações, os terapeutas podem oferecer um 
refúgio seguro para que os membros da família compartilhem e processem sentimentos difíceis e facilitar o apoio 
empático. Quando as emoções são intensas, o conflito pode irromper e entrar numa espiral fora de controle. Estereótipos 
masculinos frequentemente impedem que os homens demonstrem medo, vulnerabilidade ou tristeza, aumentando os 
riscos de abuso de substância, comportamentos destrutivos e conflito relacional ou estranhamento. Abordagens de 
tratamento individuais e relacionais combinadas podem ser indicadas. 
Encontrar humor e graça em meio a dificuldades estimula a resiliência (Wuerffel, DeFrain & Stinnett, 1990). 
Quando a vida familiar está saturada de problemas, sofrimento ou lutas é essencial criar tempo e espaço para uma pausa 
e compartilhar experiências agradáveis com uma conexão positiva, diversão e alegria, revitalizando o espírito e as 
energias. É especialmente importante celebrar aniversários e datas positivas, o que em geral é deixado de lado em 
condições de estresse prolongado. 
Solução de problemas colaborativos e prontidão 
O brainstorm criativo expande a capacidade de superar as adversidades. Uma tomada de decisão compartilhada e o 
manejo de conflitos envolvem negociação das diferenças com justiça e reciprocidade ao longo do tempo. Quando 
sobrecarregados por condições de múltiplos estresses, é importante estabelecer prioridades claras e objetivos atingíveis, 
e tomar atitudes concretas para a sua realização. Os profissionais podem facilitar os esforços de criar pequenos sucessos 
e usar os fracassos como experiências de aprendizado. 
Uma postura proativa é essencial para enfrentar desafios futuros. Famílias em crise precisam sair dela de um modo 
reativo e se prepararem para os desafios previstos e evitar novos conflitos. Encorajar os membros a considerarem um 
possível “Plano B” pode capacitá-los a se recuperarem diante de desafios imprevistos. Quando os sonhos foram 
abalados, as famílias podem ser encorajadas a investigar o cenário alterado e procurar oportunidades para o crescimento 
significativo em novas direções. 
Influências sinergísticas em processos-chave na resiliência 
Essas chaves para a resiliência são mutuamente interativas e sinergísticas. Por exemplo, uma visão relacional da 
resiliência (sistema de crenças) apoia a conectividade (padrões organizacionais) e solução de problemas colaborativa 
(processos de comunicação). Uma compensação dos processos também é importante, já que são necessárias alterações 
fluidas entre estabilidade e flexibilidade para continuidade e mudança. 
Desafios para as pesquisas e políticas sociais 
As pesquisas e políticas sociais da família devem ser reequilibradas a partir de um foco em como as famílias, quando 
desafiadas, podem ter sucesso se o campo quiser ir além da retórica da promoção dos pontos fortes da família para 
apoiar processos-chaves nos esforços de intervenção e prevenção (Leadbeater, Dodgen & Solarz, 2005). São 
necessários métodos mistos, combinando estudos quantitativos e qualitativos, para avançar na compreensão das 
variáveis-chave em resiliência familiar (Black & Lobo, 2008; Luthar & Brown, 2007). 
A própria flexibilidade do construto de resiliência complica os esforços de pesquisa (Barton, 2005; Luthar, 2006). 
Em vez de um modelo familiar estático e singular ou um conjuntode traços, resiliência envolve processos ao longo do 
tempo que podem variar dependendo das condições adversas e dos recursos disponíveis. Diferentes pontos fortes podem 
passar paro o primeiro plano para lidar com desafios específicos do contexto, como com a morte de um filho ou o 
câncer recorrente de um dos pais, ou o constante trauma complexo de famílias em zonas de guerra ou em campos de 
refugiados. A estrutura de resiliência familiar aqui apresentada está sendo aplicada por pesquisadores em muitas regiões 
do mundo (p. ex., Yang & Choi, 2002), mais frequentemente servindo como um amplo mapa conceitual para 
investigação qualitativa em entrevistas e questionários, cada um se adaptando a perguntas e ênfases particulares para 
se adequarem às suas populações na pesquisa e ao tipo de adversidade em estudo. É necessário um trabalho contínuo 
futuro para esclarecer os componentes mais úteis do funcionamento familiar com as várias condições adversas e 
populações. Atualmente, está sendo desenvolvida uma rede de investigadores e profissionais de saúde mental 
interessados em resiliência familiar. 
VALOR CLÍNICO DA ORIENTAÇÃO PARA A RESILIÊNCIA DE UMA FAMÍLIA 
Nas últimas décadas, o campo da terapia familiar tem mudado o foco da atenção dos déficits familiares para os pontos 
fortes da família (ver Walsh, Cap. 2 deste livro). A relação terapêutica se tornou mais colaborativa e fortalecedora do 
potencial do paciente, com o reconhecimento de que as intervenções de sucesso dependem mais da mobilização dos 
recursos familiares do que das técnicas do terapeuta. A avaliação e intervenção são redirecionadas de como os 
problemas foram causados para como eles podem ser resolvidos, identificando e ampliando competências potenciais e 
já existentes. Essa postura positiva orientada para o futuro muda o foco de como as famílias fracassaram para como as 
famílias podem ter sucesso. 
Uma abordagem da prática em resiliência familiar se baseia nos princípios e técnicas comuns entre os modelos 
baseados nos pontos fortes. Ela é distinta em dar atenção mais central às ligações entre os sintomas presentes e 
estressores familiares significativos, e ao contexto sociocultural e desenvolvimental. Aborda os sintomas de estresse 
associados a eventos e condições altamente estressantes, identificando e fortalecendo processos-chave para a resiliência 
(Walsh, 2003). Essa abordagem também dá maior atenção aos processos desenvolvimentais ao longo do tempo, pois 
as famílias alteram os padrões de interação para atender a desafios emergentes e a mudanças nas prioridades. Os 
princípios que orientam essa abordagem são descritos no Quadro 17.2. 
QUADRO 17.2 Resiliência familiar/princípios para a prática clínica baseada na 
comunidade 
•Visão relacional da resiliência humana (vs. “indivíduo resistente”) 
•Laços familiares e sociais; recursos comunitários, sociais e espirituais 
•Mudança da visão de déficit das famílias 
•Desafiada pelas adversidades; potencial para reparação e crescimento 
•Baseados na teoria desenvolvimental sistêmica 
•Influências biopsicossociais-espirituais ao longo da vida e das gerações 
•Eventos de crise, estressores maiores impactam o sistema familiar; influências da 
resposta da família 
•Recuperação de todos os membros, relações e unidade familiar 
•Visão contextual de crise, estresse e adaptação 
•Apoio familiar, sistemas maiores/institucionais; influências socioculturais 
•Influências temporais 
•Momento dos sintomas em relação aos eventos de crise/trauma 
■Acúmulo de estressores, transições perturbadoras, adversidades persistentes 
■Vários desafios de adaptação ao longo do tempo: imediatos e de longo prazo 
■Fases desenvolvimentais individuais e familiares, padrões multigeracionais 
•Caminhos variados em resiliência – nenhum modelo único serve para todas as famílias e 
situações 
•As intervenções têm valor de prevenção: ao fortalecerem a resiliência, as famílias adquirem 
mais recursos; proativas para enfrentarem desafios futuros 
Avaliação orientada para a resiliência 
As famílias geralmente procuram ajuda em momentos de crise ou quando pressões crônicas aumentam, mas elas podem 
não fazer conexão dos problemas presentes com estressores relevantes. Uma premissa básica que orienta essa 
abordagem é que estresses significativos reverberam por meio do sistema familiar e, por sua vez, os processos-chave 
familiares são mediadores da adaptação de todos os membros e suas relações. 
Na avaliação orientada para a resiliência, o estresse atual é avaliado no contexto sociocultural e desenvolvimental. 
Um genograma sistêmico e a linha do tempo da família (McGoldrick, Gerson & Petry, 2008) são valiosas ferramentas 
clínicas e de pesquisa para esquematizar informações sobre o relacionamento, rastrear padrões sistêmicos e orientar o 
planejamento da intervenção. Como as estruturas familiares e os laços importantes são tão variados, é importante 
mapear todas as relações significativas dentro e além da família imediata. Isso inclui os pais não residentes, parentes 
da família estendida e redes sociais. Muitos construíram seus próprios vínculos para nutrir resiliência com parceiros 
íntimos e amigos próximos a quem consideram “família”, como as famílias escolhidas de homossexuais, bissexuais e 
transgênero (Oswald, 2002). Os clínicos dão atenção aos recursos que foram perdidos e identificam aqueles abalados 
por conflitos ou estranhamentos que poderiam ser reparados. 
Enquanto avaliações clínicas tendem a focar predominantemente em padrões familiares problemáticos, uma 
abordagem orientada para a resiliência prioriza uma busca por influências positivas – passadas, presentes e potenciais. 
Perguntamos acerca daqueles membros que poderiam contribuir com pontos fortes e recursos num esforço em equipe 
para superar os desafios. Identificamos modelos e mentores potenciais na rede de parentes e somos especialmente 
interessados em ouvir acerca das formas engenhosas como os membros da família lidaram com adversidades passadas, 
tais como histórias sobre o espírito confiante dos avós durante a migração ou momentos econômicos difíceis que 
poderiam inspirar os esforços para controlar os desafios atuais. 
Exploramos como o momento dos sintomas pode estar conectado a transições familiares altamente estressantes. 
Frequentemente, os sintomas das crianças coincidem com transições que provocam ansiedade, tais como separação dos 
pais por exemplo, a prisão, migração transnacional ou serviço militar, o que também envolve mudanças nas fronteiras 
familiares e redefiniçao de papéis (MacDermid, 2010; MacDermid, Sampler, Schwartz, Nishida & Nyarong, 2008). 
Processo de intervenção colaborativa 
Nessa abordagem prática, os casais e membros da família trabalham juntos, como uma equipe, para encontrar novas 
possibilidades em sua situação saturada de problemas e superar os impasses à mudança. A estrutura de resiliência 
familiar pode servir como um mapa conceitual valioso para guiar a intervenção e os esforços de prevenção. Ao focalizar 
e fortalecer os processos-chave quando os problemas são abordados, risco e vulnerabilidade são reduzidos. À medida 
que as famílias vão se munindo de mais recursos, elas têm maior capacidade de enfrentar desafios futuros. Assim, 
desenvolver resiliência também é uma medida preventiva. 
Em vez de resgatar os assim-chamados “sobreviventes” de “famílias disfuncionais,” essa abordagem da prática 
engaja as famílias com problemas, com respeito e compaixão pelas suas dificuldades; afirma seu potencial reparatório; 
e procura desenvolver suas melhores qualidades. Os membros da família são considerados como membros essenciais 
da equipe de cura para a recuperação e resiliência. Os esforços objetivam reduzir a vulnerabilidade e intensificar o 
funcionamento familiar, com o potencial de beneficiar todos os membros da família enquanto eles fortalecem os laços 
relacionais e a unidade familiar. 
A abordagem colaborativa engaja prontamente asfamílias “resistentes” que frequentemente são relutantes procurar 
os serviços de saúde mental sem expectativas (e experiência anterior) de que serão julgadas como perturbadas ou 
deficientes e culpadas pelos seus problemas. Em vez disso, os membros da família são vistos como tendo a intenção de 
darem o melhor de si para os outros e enfrentando uma sobrecarga de desafios. Os esforços terapêuticos mobilizam os 
recursos familiares e comunitários por meio de esforços colaborativos (ver o Quadro 17.3 para diretrizes práticas). 
QUADRO 17.3 Diretrizes práticas para fortalecer a resiliência familiar 
•Respeitar a dignidade e o valor de todos os membros da família. 
•Transmitir convicção quanto ao seu potencial para superar as adversidades por esforços 
compartilhados. 
•Usar linguagem respeitosa, buscando humanizar e contextualizar o estresse. 
•Encarar como compreensível, comum na situação adversa (p. ex., evento traumático – 
reações normais a condições anormais ou extremas). 
•Reduzir vergonha, culpa, estigma, patologização. 
•Oferecer refúgio seguro para compartilhar dor, preocupações, desafios. 
•Demonstrar compaixão pelo sofrimento e esforços. 
•Desenvolver comunicação, empatia, apoio mútuo entre os membros. 
•Identificar e afirmar pontos fortes, recursos paralelos às vulnerabilidades e limitações. 
•Promover e desenvolver o potencial para domínio, cura e crescimento. 
•Lançar mão de recursos de parentesco, comunitários e espirituais – linhas da vida – para lidar 
com os desafios. 
•Encarar a crise como oportunidade para aprendizado, mudança e crescimento. 
•Mudar o foco dos problemas para as possibilidades. 
•Adquirir domínio, cura e transformação a partir da adversidade. 
•Reorientar esperanças futuras e sonhos. 
•Integrar a experiência adversa – incluindo a resiliência – à passagem da vida individual e 
relacional. 
Essa abordagem também é valiosa nos esforços terapêuticos para a cura de feridas relacionais e reconciliação de 
relações estremecidas (Walsh, 2006). Um jovem adulto pode ser ajudado a ver um genitor alcoolista e deprimido sob 
um novo ângulo, aprendendo mais sobre o trauma que ele vivenciou em sua vida, desta forma desenvolvendo 
compaixão pela sua luta e admiração pela sua coragem, juntamente com suas limitações. Sem negar a experiência do 
paciente de abandono, a visão que ele tem do seu pai pode ser ampliada e humanizada. Nem todos os indivíduos têm 
sucesso na superação das adversidades da vida, mas embora possam ter fracassado, todos são vistos com dignidade e 
valor. 
A gama de aplicações práticas 
Uma orientação da resiliência familiar pode ser aplicada com utilidade a uma ampla gama de situações de crise, 
transições perturbadoras e condições de estresses múltiplos em serviços clínicos e comunitários. Uma avaliação 
sistêmica pode ser centrada na família, mas inclui trabalho individual e/ou grupal com jovens, pais solteiros ou 
cuidadores. Colocando em prática a visão ecológica, as intervenções podem envolver coordenação e colaboração com 
agências comunitárias, comunidades religiosas, o local de trabalho, escola, prestadores de serviço de saúde e outros 
sistemas maiores. 
Durante os últimos 20 anos, a orientação da resiliência familiar guiou o desenvolvimento de treinamento, consulta 
e serviços profissionais do Chicago Center for Family Health (codirigido por John Rolland e Walsh). Os programas 
foram criados em parceria com organizações baseadas na comunidade para tratar de uma variedade de desafios (Rolland 
& Walsh, 2006; Walsh, 2002a, 2006, 2007, 2011b): 
•Doenças sérias, desafios por deficiência (p. ex., grupos de “Parceiros Resilientes” com esclerose múltipla; 
adaptação positiva com diabetes; condições pediátricas) 
•Desafios no final da vida e luto familiar complicado 
•Trauma complexo, perda traumática em regiões devastadas pela guerra e grandes desastres (Furacão Katrina) 
•Trauma de refugiados: grupos multifamiliares (Bósnia e Kosovo) 
•Divórcio e reorganização da família adotiva 
•Estresses familiares com a perda do emprego e transição prolongada 
•Parcerias família-escola para o sucesso de jovens de alto risco 
•Desafios para pessoas lésbicas, gays, bissexuais e transgênero, casais e famílias 
As intervenções familiares baseadas na resiliência podem ser adaptadas a uma variedade de formatos, incluindo 
consultas familiares ou aconselhamento/terapia familiar. Grupos multifamiliares psicoeducacionais, workshops e 
fóruns comunitários oferecem apoio social e informações práticas, propondo diretrizes para manejo de crise, solução 
de problemas e redução do estresse enquanto as famílias passam por períodos de estresse e enfrentam desafios futuros. 
Fóruns familiares e comunitários têm sido eficazes em situações de catástrofe generalizada (Landau & Saul, 2004; 
Walsh, 2007). Os terapeutas ou facilitadores de grupo podem ajudar as famílias a esclarecerem estresses específicos e 
desenvolverem estratégias de enfrentamento eficazes, e compartilharem orgulho e celebração pelos pequenos sucessos. 
“Módulos” psicoeducacionais breves, econômicos e oportunos para transições críticas ou fases de um desafio vital 
encorajam as famílias a digerir porções viáveis de um processo de recuperação de longo prazo. As descrições adiante 
de um programa são apresentadas para ilustrar a abordagem. 
Facilitando a resiliência familiar com perda do emprego e desemprego prolongado 
Um programa CCFH foi direcionado para a adaptação de trabalhadores demitidos e as suas famílias quando os 
empregos foram perdidos devido a fechamento de fábricas ou redução de pessoal nas empresas. Nosso corpo docente 
planejou e implantou workshops de resiliência familiar e serviços de aconselhamento em parceria com uma agência da 
comunidade especializada em reciclagem para emprego e serviços de reinserção no mercado. A perda do emprego e 
dos rendimentos, assim como a ansiedade e incerteza quanto ao desemprego prolongado e o sucesso da reinserção, 
frequentemente levavam à depressão, abuso de substância e conflito conjugal/familiar. Por sua vez, estresses 
acumulados durante muitos meses reduziram a capacidade dos cônjuges e membros da família de apoiar os esforços do 
trabalhador. Em um caso, quando uma grande fábrica de confecções se transferiu, mais de 1.800 trabalhadores perderam 
seu emprego. A maioria era provedora da sua família, oriundos de minorias étnicas, muitos eram pais solteiros e tinham 
baixo nível de instrução e poucas habilidades para emprego no mercado de trabalho que se encontrava em mudança. 
Workshops orientados para resiliência familiar abordaram o impacto pessoal e familiar das perdas e os estresses da 
transição, dando atenção às tensões familiares, reorganização dos papéis e suas funções e à aproximação dos membros 
da família para apoiarem os melhores esforços do trabalhador demitido. As sessões de grupo focaram nas chaves para 
a resiliência, como a identificação de crenças restritivas (p. ex., “ninguém vai me empregar, com todas as minhas 
deficiências”) para identificar e afirmar os pontos fortes, tais como o orgulho de fazer um bom trabalho e qualidades 
pessoais de confiabilidade e lealdade no trabalho e na vida familiar. Para os homens cujo sentimento de valor estava 
diminuído quando perderam o papel masculino tradicional de provedor financeiro, foi importante ampliar sua 
contribuição e valor para a sua família. Os pais experimentaram novas competências e benefícios por um maior 
compartilhamento das responsabilidades nas tarefas domésticas e criação dos filhos, e os laços dos casais foram 
fortalecidos. Os pais solteiros, deprimidos e esgotados, foram encorajados a envolver as tias, tios e padrinhos dos seus 
filhos, bem como os avós, e a oferecerem serviços mútuos, tais como intercambiar o tempo de cuidados dedicados aos 
filhos, para aliviarem a sobrecarga. Os membros fizeram um brainstorm sobre formas de incluir um “momento de 
diversão para a família” e como mostrar admiração diária pelaspessoas amadas, apesar dos estresses. Os grupos 
familiares davam incentivo para que eles tomassem iniciativa e perseverassem nos esforços de busca de emprego, e 
celebraram pequenos sucessos enquanto fortaleciam seus laços familiares. 
Estimulando a resiliência familiar em resposta a traumas em massa 
O valor de uma abordagem da resiliência familiar com base na comunidade com refugiados de regiões assoladas pela 
guerra foi demonstrado em projetos desenvolvidos pelo Chicago Center for Family Health (CCFH) em colaboração 
com o Center on Genocide, Psychiatry e a University of Illinois (Walsh, 2006; Weine et al., 2005). Entre 1998 e 1999, 
foram designados grupos multifamiliares para refugiados da Bósnia e Kosovo que haviam sofrido atrocidades e perdas 
traumáticas de pessoas amadas, suas casas e comunidades durante a campanha de “limpeza étnica” da Sérvia. Nossa 
abordagem da resiliência familiar foi procurada porque muitos refugiados estavam sofrendo com sintomas de estresse 
pós-traumático, mas não usavam serviços de saúde mental, sentindo-se envergonhados e estigmatizados por categorias 
diagnósticas psiquiátricas e por um foco restrito nos sintomas individuais do transtorno. O programa, denominado 
CAFES para os bosnianos e TAFES para os kosovares (Coffee/Tea And Family Education & Support), utilizou um 
formato de grupo multifamiliar durante 9 semanas. As famílias prontamente participaram porque o programa tocava 
em fortes valores culturais centrados na família e estava localizado em local acessível na vizinhança, em que eles se 
sentiam confortáveis. Ao ser oferecido um ambiente seguro e solidário para compartilhar histórias de sofrimento e luta, 
isto também expôs e afirmou os pontos fortes das famílias, tais como sua coragem, resistência e fé; fortes redes de 
parentesco; profundo interesse pelas pessoas amadas; e determinação para superarem suas tragédias e recomeçarem 
uma nova vida. Os agentes de saúde da sua comunidade foram treinados para coliderar grupos para estimular a 
colaboração e desenvolver os recursos locais. As famílias viveram essa abordagem como respeitosa e fortalecedora. 
Esses projetos levaram ao desenvolvimento do Kosovar Family Professional Educational Collaborative (KFPEC) 
em Kosovo entre profissionais de saúde mental locais e uma equipe norte-americana de consultores em terapia familiar 
apoiados pela American Family Therapy Academy. O objetivo do projeto de muitos anos era reforçar as capacidades 
dos profissionais e agentes de saúde mental a tratarem das necessidades de serviços em sua região assolada pela guerra, 
oferecendo serviços baseados na resiliência familiar para promover a recuperação relacionada a grandes traumas e 
perdas (Rolland & Weine, 2000). Reconhecendo que as necessidades psicossociais de refugiados, outros sobreviventes 
de traumas e pessoas vulneráveis nas sociedades em transição excedem muito o foco individual e psicopatológico das 
abordagens convencionais de saúde mental ao trauma, sua abordagem foi construída sobre as forças familiares e 
culturais. Os consultores, compartilhando uma ampla abordagem multissistêmica orientada para a resiliência, 
encorajaram os profissionais de Kosovo a adaptarem a estrutura e desenvolverem seus próprios métodos para a prática 
que melhor se adapte às necessidades do contexto e serviço locais. 
A abordagem enfatizava a importância de conhecer outras famílias para ouvir suas histórias, dando o testemunho 
das atrocidades sofridas e identificando os pontos fortes e recursos de cada família (Becker, Sargent & Rolland, 2000). 
Em uma família, a mãe tinha ouvido os tiros quando seu marido, dois filhos e dois netos foram assassinados no pátio 
da sua fazenda. Ela e os membros sobreviventes da sua família conversaram com membros da equipe em sua casa sobre 
o que os tinha mantido fortes: 
O filho sobrevivente na família respondeu: “todos nós somos crentes. Uma das forças em nossa família vem de 
Alá... Ter algo em que acreditar ajudou muito”. 
ENTREVISTADOR: – O que você faz para manter forte a sua fé? 
FILHO: – Eu vejo minha mãe como a “origem da força”... Ver alguém que perdeu cinco membros da família … isto 
nos dá força só de olhar para ela. Precisamos pensar no futuro e no que podemos conseguir. Isso é o que nos mantém 
fortes. O que vai acontecer com ele (apontando para seu sobrinho de 5 anos) se eu não estiver aqui? Se ele me vê 
forte, ele será forte. Se eu for fraco, ele se tornará mais fraco do que eu. 
ENTREVISTADOR: – O que você espera que seu sobrinho aprenda sobre a família quando ele crescer? 
FILHO: – No momento em que ele for independente e ajudar os outros e a família – para ele, será como ver seus pais 
e avós e tios vivos novamente. (p. 29) 
Nessa família, a influência positiva dos sistemas de crenças era notável, em particular, o poder da fé religiosa e a 
inspiração de modelos e mentores fortes. Em outras famílias, os membros da equipe observaram que a resiliência era 
fortalecida pela sua conectividade/coesão e flexibilidade do papel adaptativo: 
Todos pertencem à família e à terra natal da família, vivos ou mortos, aqui ou no exterior. Todos são importantes e todos 
contam. Cozinhando ou plantando, todos avançam juntos com fluidez, em um padrão complementar, cada pessoa 
colhendo o que a pessoa anterior deixou... Um tesouro escondido na família é a sua adaptabilidade a quem assume cada 
um dos papéis ausentes. Embora o luto pela perda seja imensurável, a sua resiliência é notável. (Becker et al., 2000, p. 
29). 
Abordagens de intervenção orientadas para a resiliência familiar estão sendo constantemente desenvolvidas para 
situações de trauma em massa, trauma associado à guerra e desastres naturais (Boss, 2006; Boss, Beauleu, Wieling, 
Turner & La Cruz, 2003; Boyd-Franklin, 2010; Cohen, Slonim, Finzi & Leichtentritt, 2002; Girwitz, Forgatch & 
Wieling, 2008; Hernandez, 2002; Knowles, Sasser & Garrison, 2010; Landau, 2007; Landau & Saul, 2004; Rowe & 
Liddle, 2008; MacDermid, 2010; MacDermid et al., 2008; Walsh, 2007). Em contrapartida com os programas de 
tratamento focados em sintomas individuais, essas abordagens multissistêmicas constroem redes de cura que facilitam 
a resiliência individual, familiar e da comunidade. Os programas criam um refúgio para que os membros da família e 
comunidade apoiem uns aos outros, tanto para compartilharem uma dor profunda quanto em seus esforços positivos. 
Eles ajudam as famílias e comunidades a ampliarem sua visão do que é possível por meio da colaboração, não só para 
sobreviverem ao trauma e perda, mas também para que recuperem seu espírito de luta. 
Enfrentando novos desafios em um mundo em mudança 
Uma estrutura de resiliência familiar é especialmente oportuna na ajuda a famílias com desafios sem precedentes à 
medida que o mundo à sua volta se modifica num ritmo acelerado (ver Walsh, Cap. 1 deste livro). As culturas e 
estruturas familiares estão se tornando cada vez mais diversas e fluidas. Durante o ciclo vital de uma família estendida, 
os adultos e seus filhos estão entrando e saindo de configurações familiares cada vez mais complexas, com cada 
transição apresentando novos desafios de adaptação. Em meio a turbulências sociais, econômicas e políticas por todo 
o mundo, as famílias estão lidando com muitas perdas, rompimentos e incertezas. 
No entanto, como argumenta Lifton (1993), os humanos são surpreendentemente resilientes. Ele compara nossas 
situações difíceis e respostas à do deus grego Proteu: assim como ele conseguiu mudar de forma em resposta à crise, 
nós criamos novas configurações psicológicas, sociais e familiares, explorando novas opções e transformando nossas 
vidas muitas vezes durante o curso da vida e através das gerações. A maioria das famílias apresenta resiliência notável 
ao reorganizar de forma criativa a sua vida familiar. No entanto, transições estressantes e tentativas de seguir por um 
território inexplorado podem contribuir para o estresseindividual e relacional. Uma abordagem da prática orientada 
para a resiliência avalia o estresse individual, do casal e familiar em relação a este contexto social e global mais amplo. 
As famílias podem precisar de ajuda para fazer o luto pelas suas perdas reais e simbólicas enquanto “seguem em frente” 
para se adaptarem. Os terapeutas podem ajudar as famílias a encontrarem coerência em meio à complexidade e a manter 
continuidades em meio à turbulência enquanto seguem sua jornada em direção ao futuro. Resiliência não significa sair 
ileso, mas lutar bem, encontrando soluções efetivas e aprendendo com a adversidade e integrando a experiência à 
jornada da vida. 
CONCLUSÃO 
Uma orientação para a resiliência familiar envolve uma mudança crucial na ênfase dos déficits familiares para os 
desafios familiares, com convicção no potencial inerente nos sistemas familiares para a recuperação e crescimento 
positivo a partir das adversidades. Direcionando as intervenções para o fortalecimento dos processos-chave para 
resiliência, as famílias adquirem mais recursos para lidarem com as crises, enfrentando transições perturbadoras, 
suavizando estresses persistentes e enfrentando desafios futuros. 
Embora algumas famílias sejam mais vulneráveis ou enfrentem mais dificuldades do que outras, consideramos que 
todas têm potencial para adquirir resiliência ao enfrentarem seus desafios, criando vários caminhos. Além do 
enfrentamento, adaptação ou competência no manejo das dificuldades, os processos de resiliência possibilitam 
transformação e crescimento positivo, que podem emergir de experiências de adversidade. Essa estrutura conceitual 
informada pela pesquisa pode ser integrada de forma útil a muitas abordagens práticas baseadas nos pontos fortes e 
aplicadas a uma ampla gama de condições adversas, em sintonia com a diversidade familiar e cultural. Os serviços 
orientados para a resiliência estimulam o fortalecimento das famílias enquanto elas investem em suas esperanças 
compartilhadas, desenvolvem novas e renovadas competências e fortalecem os laços familiares. 
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