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CASO 1 Maria, jovem integrante da alta sociedade paulistana, apesar de não trabalhar, reside há dois anos em um dos bairros nobres da capital paulista, visto que recebe do Estado de São Paulo pensionamento mensal decorrente da morte de seu pai, ex-servidor público. Ocorre que, após voltar de viagem ao exterior, foi surpreendida com a suspensão do pagamento da referida pensão, em razão de determinação judicial. Em razão disso, deixou de pagar a conta de luz de sua casa por dois meses consecutivos o que acarretou, após a prévia notificação pela concessionária prestadora do serviço público, o corte do fornecimento de luz em sua residência. Considerando a narrativa fática acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. A) À luz dos princípios da continuidade e do equilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão de serviço público, é lícito o corte de luz realizado pela concessionária? Sim, nos termos do artigo 6º, § 3º, II, da Lei 8.987/95, tendo em vista que não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção, após prévio aviso, quando houver inadimplemento do usuário. A tarifa paga pelo usuário é parte essencial da manutenção do equilíbrio econômico-financeiro, garantido constitucionalmente pelo artigo 37, XXI da CF. B) O Código de Defesa do Consumidor pode ser aplicado irrestritamente à relação entre usuários e prestadores de serviços públicos? Não. A Lei 8.987/95 deve ser considerada norma especial em relação ao CDC, visto que disciplina relação especial de consumo, razão pela qual o CDC deverá ser aplicado apenas subsidiariamente. CASO 2 O Estado W resolve criar um hospital de referência no tratamento de doenças de pele. Sem dispor dos recursos necessários para a construção e a manutenção do ?Hospital da Pele?, pretende adotar o modelo de parceria público-privada. O edital de licitação prevê que haverá a seleção dos particulares mediante licitação na modalidade de pregão presencial, em que será vencedor aquele que oferecer o menor valor da contraprestação a ser paga pela Administração estadual. Está previsto também, no instrumento convocatório, que a Administração deverá, obrigatoriamente, deter 51% das ações ordinárias da sociedade de propósito específico a ser criada para implantar e gerir o objeto da parceria. Esta cláusula do edital foi impugnada pela sociedade empresária XYZ, que pretende participar do certame. Diante disso, responda, justificadamente, aos itens a seguir. A) A modalidade e o tipo de licitação escolhidos pelo Estado W são juridicamente adequados? Não. A modalidade de licitação adequada é a concorrência, que atrai o maior número de participantes, nos termos do artigo 10 da Lei 11.079/2004. Todavia, o tipo de licitação está correto, uma vez que a Lei admite como critério de julgamento o menor valor da contraprestação a ser paga pela Administração estadual, conforme o artigo 12, II, “a”, da Lei 11.079/2004. B) A impugnação ao edital feita pela sociedade empresária XYZ procede? Sim, considerando que o artigo 9º, §4º da Lei 11.079/2004 veda expressamente que o Poder Público detenha o controle acionário. CASO 3 Recentemente, 3 (três) entidades privadas sem fins lucrativos do Município ABCD, que atuam na defesa, preservação e conservação do meio-ambiente foram qualificadas pelo Ministério da Justiça como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público. Buscando obter ajuda financeira do Poder Público para financiar parte de seus projetos, as 3 (três) entidades apresentaram requerimento à autoridade competente, expressando seu desejo de firmar um termo de parceria. Com base na narrativa fática, responda às indagações abaixo, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. A) O poder público deverá realizar procedimento licitatório (Lei n. 8666/93) para definir com qual entidade privada irá formalizar termo de parceria? Embora a Lei de Licitações dispense formalmente a obrigatoriedade da Lei 8.666/93, o TCU tem entendimento firme no sentido de que deverá ser adotado minimamente um procedimento licitatório simplificado para escolha da entidade em respeito ao princípio da moralidade administrativa, como forma de restringir a subjetividade na escolha da OSCIP a formalizar o “termo de parceria”. B) Após a celebração do termo de parceria, caso a entidade privada necessite contratar pessoal para a execução de seus projetos, faz-se necessária a realização de concurso público? Não. As OSCIP’s não se submetem às regras de concurso público, nos termos do artigo 37, II da CF, haja vista que são paraestatais, ou seja, não integram a Administração Pública. CASO 4 Uma determinada microempresa de gêneros alimentícios explora seu estabelecimento comercial, por meio de contrato de locação não residencial, fixado pelo prazo de 10 (dez) anos, com término em abril de 2011. Entretanto, em maio do ano de 2009, a referida empresa recebe uma notificação do Poder Público municipal com a ordem de que deveria desocupar o imóvel no prazo de 3 (três) meses a partir do recebimento da citada notificação, sob pena de imissão na posse a ser realizada pelo Poder Público do município. Após o término do prazo concedido, agentes públicos municipais compareceram ao imóvel e avisaram que a imissão na posse pelo Poder Público iria ocorrer em uma semana. Desesperado com a situação, o presidente da sociedade empresária resolve entrar em contato imediato com o proprietário do imóvel, um fazendeiro da região, que lhe informa que já recebeu o valor da indenização por parte do Município, por meio de acordo administrativo celebrado um mês após o decreto expropriatório editado pelo Senhor Prefeito. Indignado, o presidente da sociedade resolve ajuizar uma ação judicial em face do Município, com o objetivo de manter a vigência do contrato até o prazo de seu término, estipulado no respectivo contrato de locação comercial, ou seja, abril de 2011; e, de forma subsidiária, uma indenização pelos danos que lhe foram causados. A partir da narrativa fática descrita acima, responda aos itens a seguir, utilizando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. A) É juridicamente correta a pretensão do locatário (microempresa) de impor ao Poder Público a manutenção da vigência do contrato de locação até o seu termo final? Não, visto que a desapropriação consiste em modo originário de aquisição de propriedade. Sendo assim, extingue o contrato de locação, liberando o bem de qualquer ônus real ou pessoal que incidia sobre a propriedade anteriormente. B) Levando-se em consideração o acordo administrativo realizado com o proprietário do imóvel, é juridicamente correta a pretensão do locatário (microempresa) em requerer ao Poder Público municipal indenização pelos danos causados? Depende, haja vista que a sociedade locatária experimenta prejuízos distintos dos suportados pelo proprietário. Enquanto o proprietário é indenizado pela perda da propriedade, nos termos do artigo 5º, XXIV da CF, a sociedade locatária é indenizada pela interrupção do negócio e pela perda do estabelecimento empresarial (fundo de comércio). CASO 5 O Prefeito do Município XYZ desapropriou um sítio particular para instalação de um novo centro de atendimento médico de emergência. Entretanto, antes do início das obras, o Estado ABC anunciou que o Município XYZ receberá um novo Hospital Estadual de Atendimento Médico Emergencial. Responda, fundamentadamente, aos itens a seguir. A) O Município pode desistir da construção do centro de atendimento médico e destinar a área desapropriada à construção de uma escola? Sim. Trata-se da tredestinação lícita, na qual o bem é empregado em finalidade diversa da inicialmente pretendida, mas ainda afetada ao interesse público. B) Com o anúncio feito pelo Estado, o antigo proprietário do sítio desapropriadopode requerer o retorno da área à sua propriedade, mediante devolução do valor da indenização? Não, haja vista que a tredestinação lícita, por manter o bem afetado a uma finalidade de interesse público, não configura direito de retrocessão. Ademais, mesmo que a tredestinação fosse ilícita não teria garantia do imóvel de volta porque possui três correntes. No entendimento da primeira corrente, existia apenas o direito pessoal de pleitear perdas e danos, incidindo o artigo 35 do DL 3.365/41. A segunda corrente assegura o direito de propriedade, ou seja, o direito de reaver o bem pelo mesmo valor pelo qual foi desapropriado caso haja destinação diversa de qualquer fim público. O STF acolhe a tese de que a retrocessão é um direito real, ressaltando a sobrevivência da segunda corrente e, consequentemente, não admitindo a incidência do artigo 35 do DL 3.365/41. A terceira corrente opta pela teoria de que a retrocessão é um direito de natureza mista, ou seja, é a que melhor beneficia o antigo proprietário do imóvel, pois dá o direito de escolha entre ter o seu imóvel de volta ou receber uma indenização equivalente. CASO 6 O Estado “Y”, mediante decreto, declarou como de utilidade pública, para fins de instituição de servidão administrativa, em favor da concessionária de serviço público “W”, imóveis rurais necessários à construção de dutos subterrâneos para passagem de fios de transmissão de energia. A concessionária “W”, de forma extrajudicial, conseguiu fazer acordo com diversos proprietários das áreas declaradas de utilidade pública, dentre eles, Caio, pagando o valor da indenização pela instituição da servidão por meio de contrato privado. Entretanto, após o pagamento da indenização a Caio, este não permitiu a entrada da concessionária “W” no imóvel para construção do duto subterrâneo, descumprindo o contrato firmado, o que levou a concessionária “W” a ingressar judicialmente com ação de instituição de servidão administrativa em face de Caio. Levando em consideração a hipótese apresentada, responda, de forma justificada, aos itens a seguir. A) É possível a instituição de servidão administrativa pela via judicial? Sim, às servidões se aplicam as normas relativas à desapropriação, dentre as quais a possibilidade de instituição pela via judicial, conforme o artigo 40 do DL 3.365/41. B) Um concessionário de serviço público pode declarar um bem como de utilidade pública e executar os atos materiais necessários à instituição da servidão? Os concessionários não podem declarar um bem como de utilidade pública, pois há necessidade da supremacia do interesse público sobre o privado. Todavia, podem promover a instituição de servidão administrativa, nos termos do artigo 3º do DL 3.365/41 c/c o artigo 29, IX da Lei 8.987/95.
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