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CONCEPÇÕES SOBRE A FILOSOFIA DO DIREITO – EIXO HISTÓRICO I – O DIREITO CLÁSSICO E MEDIEVAL Tópico 3 ARISTÓTELES: JUSTIÇA, VIRTUDE E EUDAIMONIA Tópico 3.2 A FILOSOFIA ARISTOTÉLICA: A DIVISÃO DOS SABERES • Aristóteles faz uma tripartição no seu conceito de “ciência”: a. Ciências (ou saberes) teoréticas: um saber que encerra seu valor em si mesmo. Ex.: metafísica e física. b. Ciências (ou saberes) poiéticas: relacionado à poiesis, ou seja, um saber produtivo. c. Ciências (ou saberes) práticas: um saber que se aplica no mundo da vida, no âmbito social, em última instância, na polis. JUSTIÇA E ÉTICA • Excelência do estudo ético: investigação em torno do fim (finalidade) da ação humana. • Ligação entre ética e política. • Reciprocidade: o Bem social é o individual; o Bem individual é o social. • O Bem do todo é o Bem das partes; o Bem das partes é o Bem do todo. • Não há divisão entre esfera pública e privada: o homem é naturalmente um ser gregário, politikon zoon. Resultado: só há plena realização humana em sociedade. “A VIRTUDE ESTÁ NO MEIO” • Ética II, 6 – virtude está entre dois vícios: um vício por excesso e um vício por carência. Virtude é meio-termo, mediania, justo meio. Ex: temeroso (vício por falta/carência) – CORAJOSO (virtude/mediania) – destemido (vício por excesso) • Ética V, 5 – Justiça x Injustiça: Injusto por excesso; Injusto por carência. • Obs: exceção à regra da mediania entre dois vícios. A Justiça: mediania entre possuir mais e possuir menos [justiça]. • • A virtude não é absoluta e única para todos. Ela obedece a uma relatividade a cada sujeito. • Ética da eudaimonia: felicidade. Finalidade do ser humano. • Ética advinda da construção de um hábito (éthos). • Portanto, é necessário praticar a ética, praticar a virtude, para que se possa avaliar se a vida é ou não virtuosa e, consequente, se se é ou não feliz. MAS AFINAL, O QUE É A “JUSTIÇA”? Há várias acepções sobre o que é “Justiça” O JUSTO TOTAL • Justo total: virtude de observância da lei. Justiça legal. • Também chamado de “justiça universal ou integral”. • Papel central do legislador; lei (nómos) = bem comum. • É “legal” tudo aquilo que visa o “bem comum”. Portanto, o legislador possui um papel fundamental na sociedade: dirigir todas as ações da polis para o bem comum. • “O justo total é a observância do que é regra social de caráter vinculativo. O hábito humano de conformar as ações ao conteúdo da lei é a própria realização da justiça nesta acepção (justiça total); justiça e legalidade são uma e a mesma coisa, nesta acepção do termo. Esse tipo de prática causa efeitos altruístas, de acordo com a virtude total” Bittar, p.148. • Diz respeito, não ao “justo” do bem comum (o justo total), mas ao “justo” na relação entre as partes. Contudo, ele é uma “espécie” (justo particular) do “gênero” (justo total), pois quem comete um ato injusto com o particular, fere a lei. Pode ser de dois tipos: justo particular distributivo ou justo particular corretivo. • Justo Particular Distributivo (público-privado): repartições, feitas pelo Estado, dos excedentes. Distribuição. Ex: Mais ricos – intervenção estatal (tributos) – Mais pobres. • Justo Particular Corretivo (privado-privado): ideia de igualdade perfeita estabelecida entre os indivíduos. Pode ser “voluntário” (p. ex. comprar um celular, na loja. Perceber que está quebrado. Trocar por um novo celular) ou “involuntário” (p. ex. responsabilidade civil – tragédias dos crimes ambientais recentes no Brasil). O JUSTO PARTICULAR OUTRAS DICOTOMIAS • Justo Político (aplicação da justiça na polis) x Justo Doméstico (oikía – casa. Oikonomía – Economia); • Justo Natural (justiça do que é natural, das disposições daquilo que pode ser encontrado na natureza) x Justo Legal (justiça daquilo que é convencionado na polis).
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