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CONCEPÇÕES SOBRE A FILOSOFIA DO DIREITO – EIXO HISTÓRICO I – O DIREITO CLÁSSICO E MEDIEVAL Tópico 3 SOFISTAS, SÓCRATES E PLATÃO Tópico 3.1 JUSTIÇA E COSMOLOGIA • Pré-socráticos: preocupação cosmológica. • Diké como justiça cosmológica. Equilíbrio. Harmonia. Uma espécie de “lei” que rege o cosmos. Não há sentido unívoco da concepção de justiça. • O justo: Anaximandro – é a relação de contrários; Heráclito: se cumpre na luta; Pitágoras – é a relação harmoniosa dos números; etc. SOFISTAS [RAZÃO, DISCURSO E RELATIVISMO DA JUSTIÇA] Tópico 3.1 SOFISTAS = SOPHOS [AQUELE QUE É SÁBIO] • Virada antropológica – ruptura sofista: passagem do cosmos ao antropos; • “o homem é a medida de todas as coisas” – Protágoras: essa frase, o que realmente significa?; • o movimento sofístico tornou a discussão filosófica muito mais ligada “à discussão de interesses comunitários, a discursos e elocuções públicas, à manifestação e à deliberação em audiências políticas, ao convencimento dos pares, ao alcance da notoriedade no espaço da praça pública, à demonstração pelo raciocínio [humano]...” Bittar, p.103; • “Tornar forte o discurso fraco” Platão, Apologia de Sócrates, 19b5c. O SÉCULO DE PÉRICLES • Séc. V a.C: “estruturação da democracia ateniense; esquematização da participação popular nos instrumentos de exercício do poder, sem necessidade de provar riqueza, nobreza ou ascendência; sedimentação de um longo processo de reorganização social e política de Atenas; expansão das fronteiras gregas; acúmulo de riquezas; intensificação do comércio; [...] necessidade de domínio de conhecimentos gerais, para o uso retórico; necessidade de domínio da técnica de falar, para o uso assemblear; entre outros” Bittar, p.105-6. RETÓRICA/ORATÓRIA, PRÁTICA JUDICIÁRIA E RELATIVISMO ÉTICO • Prática judiciária: os logógrafos – redatores de discursos forenses; • Técnica (techné) argumentativa: momento de desenvolvimento das práticas judiciárias na Grécia antiga; • Relativização da justiça: “grande parte dos esforços teóricos e epistemológicos dos sofistas recaiu exatamente sobre definições absolutas, sobre conceitos fixos e eternos, sobre tradições inabaláveis” Bittar, p.108. • Novamente, a frase de Protágoras é emblemática: “o homem é a medida de todas as coisas” – surge o relativo, o provável, o possível, o instável, o convencional. • Assim, o que são “o justo” e “o injusto”? • Physis e nomos: natureza das leis e convenção arbitrária (cf. Bittar, p.108-9) – “É a lei natural ou convencional?”. SÓCRATES [ÉTICA, EDUCAÇÃO, VIRTUDE E OBEDIÊNCIA] Tópico 3.1 DA IMPOSSIBILIDADE DE HAVER UM “SÓCRATES” SEM OS “SOFISTAS” • É a interação e reação de Sócrates, em relação aos Sofistas, que faz a modificação do âmbito investigativo da filosofia [já retratado anteriormente]. • Método socrático: refutação [ou ironia] e maiêutica; [trecho do diálogo Eutífron para esclarecer] • Tom ético dos diálogos socráticos de Platão: vida e filosofia de Sócrates estão unidas. • Conhecimento, virtude e felicidade: para saber julgar entre “o bem e o mal” e, portanto, ser virtuoso e feliz, é necessário conhecer o que as coisas realmente são. • Sócrates x Sofistas: “o respeito às normas vigentes, a vinculação do filósofo com a busca da verdade, o engajamento do cidadão nos interesses da sociedade [...]” Bittar, p.115. ÉTICA: COLETIVO X INDIVIDUAL • Respeito às leis e à coletividade: recusa de Sócrates de fugir da pena recebida; • “Sócrates vislumbra nas leis um conjunto de preceitos de obediência incontornável, não obstante possam estas serem justas ou injustas. O direito, pois, aparece como um instrumento humano de coesão social, que visa à realização do bem comum, consistente no desenvolvimento integral de todas as potencialidades humanas, alcançável por meio do cultivo das virtudes. Em seu conceito, que nos foi transmitido pelos diálogos platônicos de primeira geração, as leis da cidade são inderrogáveis pelo arbítrio da vontade humana” Bittar, p. 118. • cf. Bittar, p.121-2: eficácia das leis e isonomia. RESUMO DOS “MOTIVOS” DA OBEDIÊNCIA DE SÓCRATES • “o momento histórico decadencial vivido pela mais célebre cidade-estado grega (Atenas) após haver sucumbido às forças espartanas na Guerra do Peloponeso, carecendo-se, portanto, de atitudes e posturas favoráveis à democracia e ao respeito às leis; • a concatenação da lei moral com a legislação cívica; • o respeito às normas e à religião que governavam a comunidade, no sentido do sacrifício da parte pela subsistência do todo; • a importância e imperatividade da lei em favor da coletividade e da ordem do todo; • a substituição do princípio da reciprocidade, segundo o qual se respondia ao injusto com injustiça, pelo princípio da anulação de um mal com seu contrário, assim, da injustiça com um ato de justiça; • o reconhecimento da sobrevivência da alma, para um julgamento definitivo pelos deuses, responsável pelo verdadeiro veredito dos atos humanos” Bittar, p. 123-4. PLATÃO [IDEALISMO, VIRTUDE E TRANSCENDÊNCIA ÉTICA] Tópico 3.1 PLATÃO E A REPÚBLICA • “O que é o Bem para nós?”; • A República: modelo para o Estado “ideal”, onde o regime jurídico produz qualidade de vida; • O “Bem” é o prazer ou a razão? • Como vamos conhecer a realidade do justo, do bem e do correto? Do mundo sensível ao mundo das “Ideias” [das “formas puras”]. • A alegoria da caverna – mito de esclarecimento. • Só se pode ser racional na vida prática mediante o conhecimento do “outro” domínio – o domínio da verdade pura –, e que o verdadeiro conhecimento só é útil quando puder ser aplicado à vida prática; • Estado ideal: a. funda-se sobre a justiça; b. todos os cidadãos que nele vivem são felizes; • Justiça = o necessário para a realização do bem comum; • Platão x Democracia: estabelecimento de uma estrutura social justa. • Educação/formação: Paideia – descobrir a predominância da “alma” de cada cidadão. AS LEIS • Propõe um meio-termo intelectual com a pureza de seu idealismo: a. Critérios morais absolutos existem; b. Podem ser incorporados a um código jurídico. c. Obediência às regras e aos preceitos do legislador. “A obediência racional, e não o medo das sanções, é o método mais eficiente para se obter obediência, razão pela qual cada artigo da lei deve conter um preâmbulo para explicar a racionalidade desta e, espera-se, tornar redundante o elemento repressor do direito positivo”. ELEMENTOS DE RETÓRICA Tópico extra • O que é Retórica e para quê serve? • Os três meios de persuasão: ethos, pathos e logos • O que são falácias? • Como estudar a retórica? “A retórica” de Aristóteles e “A arte de ter razão” de Arthur Schopenhauer.
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