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AS EXPERIÊNCIAS CONSTITUCIONAIS BRASILEIRAS

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AS EXPERIÊNCIAS CONSTITUCIONAIS BRASILEIRAS 
 
 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
ORDENAÇÕES DO REINO ........................................................................................ 5 
Constituição de 1824 - A Constituição Imperial ......................................................... 12 
Decreto n. 1, de 15/11/1889 ...................................................................................... 16 
Constituição de 1891 ................................................................................................. 17 
A Revolução de 1930 – O Segundo Governo Provisório da República ..................... 20 
Constituição de 1934 ................................................................................................. 21 
Constituição de 1937 ................................................................................................. 25 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 52 
 
 
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DAS EXPERIÊNCIAS CONSTITUCIONAIS BRASILEIRAS 
 
As experiências constitucionais brasileiras tiveram início com o império, 
entretanto, é necessário destacar o contato inicial do direito brasileiro com as 
ordenações do reino, leis aplicadas no Brasil. 
Após este primeiro contato, o Brasil teve seu primeiro contato constitucional 
no império, desembarcando na república que enfrentou períodos ditatoriais e 
militarismo, e por último, alcançando o atual período com 29 anos de vigência da 
atual Constituição. 
As ordenações do reino predominaram durante o período colonial brasileiro, já 
que o direito brasileiro era basicamente o reflexo do direito português. 
A constituição imperial (1824) foi a primeira constituição brasileira, mas a 
interferência do Imperador dificultou a aplicação dos ditames constitucionais, eis que 
o poder (Moderador) entregue ao “Soberano” desestabilizava os demais poderes. 
 A segunda constituição brasileira (1891), como primeira constituição 
republicana, trouxe como principal mudança justamente a retirada do poder do 
imperador, constituída apenas do legislativo, executivo e judiciário. 
As constituições de 1934 e 1937 sofreram interferências dos Estados 
Totalitários (nazistas e fascistas), mas também da Revolução do Proletariado 
iniciada nos Estados Modernos, mas alcançou o Brasil neste período, e ainda da 
ditadura de Getúlio Vargas. 
A constituição de 1946 buscou “libertar” o Brasil das amarras militares e 
ditatoriais, trazendo idéias liberais e sociais, mas com curta duração, derrubada com 
a interferência militar de 1964 e a constituição militar de 1967. 
Após períodos de enormes dificuldades, no ano de 1988 foi promulgada a 
atual constituição baseada no constitucionalismo moderno e no Estado de Direito 
Social Democrático. 
A atual constituição possui 29 anos de vigência, caminhando para o seu 
aniversário trintenário, sofreu diversas emendas, mas ainda vai de encontro com as 
necessidades institucionais e sociais brasileiras, exceto em pontos como 
arrecadação, funcionalismo público, crimes de responsabilidades e 
representatividade. 
 
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Além disso, a Constituição de 1988 é o resultado das experiências 
constitucionais brasileiras, protetora, prolixa, superrígida e em síntese a Constituição 
Cidadã focada na pessoa humana. 
Este é um resumo das experiências constitucionais brasileiras, que serão 
apresentadas em riquezas de detalhes ao longo deste importante material de apoio. 
 
ORDENAÇÕES DO REINO 
 
Introdução 
 
A ordem jurídica portuguesa encontrava-se nas Ordenações do Reino, que 
compreendiam primeiro, as Ordenações Afonsinas, depois, as Ordenações 
Manuelinas e, ao tempo da dominação espanhola, as Ordenações Filipinas. 
Essas Ordenações, isto é, o sistema jurídico português teoricamente eram 
aplicáveis no Brasil, pois na colônia reinava a legislação da Metrópole. Entretanto, 
por falta de condições de aplicação, muitos preceitos e normas do direito português 
eram inaplicáveis aqui e outros necessitavam de adaptação para o serem. Surgiu, 
então, legislação especial adaptadora do direito da Metrópole à Colônia, bem como 
legislação local ou especial para o Brasil. 
A legislação portuguesa, que se destinava exclusivamente ao Brasil era, de 
regra, decretada em Portugal e, em certos casos, aqui ditada pelos portugueses. 
 
Breve relato sobre as Ordenações do Reino 
 
As Ordenações Afonsinas (1500-1514), aparecidas no século XV, atribuídas a 
João Mendes, Rui Fernandes, Lopo Vasques, Luis Martins e Fernão Rodrigues, 
foram elaboradas sob os reinados de João I, D. Duarte e Afonso V como o trabalho 
foi finalizado no reinado de Afonso V, recebeu o nome de Ordenações Afonsinas 
(1446). 
 
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Compunham-se de cinco livros, compreendendo organização judiciária, 
competências, relações da Igreja com o Estado, processo civil e comercial. As 
Ordenações Afonsinas consagraram-se como fonte do direito "nacional" e 
prevalente, tendo por fontes subsidiárias os direitos romanos e canônico, as glosas 
de Acúrsio e as opiniões de Bartolo e, por último, as soluções dadas pelo Monarca. 
Dessa forma, observa-se, desde já, que a consolidação das regras nas Ordenações, 
inclusive costumeiras, enfraqueceram as que não foram incluídas. No entanto, o 
apreço ao direito romano fica constatado na sua valoração como primeira fonte 
subsidiária. 
As segundas ordenações, as Ordenações Manuelinas (1514-1603), foram 
determinadas pela existência de vultoso número de leis e atos modificadores das 
Ordenações Afonsinas. Foram seus compiladores: Rui Boto, Rui da Grá e João 
Cotrim, que iniciaram seu trabalho em 1501, no reinado do Dom Manuel I e 
terminaram-no, mais ou menos, em 1514. Apresentavam a peculiaridade de uma 
duplicidade de edições: a primeira data de 1512-1514 e a segunda de 1521. 
A reforma se deu na parte atinente às fontes subsidiárias, onde após a 
afirmação da prioridade das leis portuguesas, deveriam ser observados primeiro o 
direito romano e em segundo lugar o direito canônico. Seguem-se como fontes 
subsidiárias. As glosas de Acúrsio e as opiniões de Bartolo. 
As Ordenações Filipinas, juntamente com as leis extravagantes, tiveram 
vigência no Brasil de 1603 até 1916. Esta compilação data do período do domínio 
espanhol, sendo devida aos juristas Paulo Afonso, Pedro Barbosa, Jorge de 
Cabedo, Damião Aguiar, Henrique de Souza, Diogo da Fonseca e Melchior do 
Amaral, que começaram seus trabalhos no reinado do rei espanhol Felipe I (1581-
1598), terminaram-no em 1603, no reinado de Felipe II (1598-1621). 
Essas ordenações objetivaram a atualização das inúmeras regras esparsas 
editadas no período de 1521 a 1600, nãoproduzindo grandes alterações nas fontes 
subsidiárias exceto transformações de cunho formal. Como última norma legal de 
fontes subsidiárias ao direito português, em ordem sucessiva: o direito romano, o 
direito canônico (quando a aplicação do direito romano resultasse em pecado) e as 
glosas de Acúrsio ou as opiniões de Bartolo (desde que de acordo com a comunis 
opinio doctorum). 
 
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Este quadro se manteve até 1769 quando por obra do Marquês do Pombal, 
foi editada a Lei da Boa Razão. Essa lei, sem revogar as Ordenações Filipinas, 
estabeleceu novos critérios para a interpretação, integração e aplicação das normas 
jurídicas. 
A lei em questão visava combater abusos cometidos quando da interpretação 
dos preceitos legais e aplicação das fontes subsidiárias, suprimindo as glosas e as 
opiniões, conservando as soluções do direito romano conforme a boa razão. Ser 
conforme à boa razão equivalia a corresponder aos princípios de direito natural e 
das gentes. 
E por fim, após a independência do Brasil, surgiram as Constituições, 
elaboradas por vezes unilateralmente, e por outros por um “Conselho”, mas se 
tornaram o ponto fundamental de todos os Governos. 
 
Ordenações Afonsinas 
 
Concluídas em 1446 d.C, durante a menoridade de D. Afonso V, as 
Ordenações Afonsinas tiveram longa gestação. Foi no tempo de D. João I (1385-
1423) que se iniciaram os trabalhos de compilação. O encargo foi confiado a João 
Mendes, Cavaleiro e Corregedor da Corte. 
Não tendo concluído a obra quando da morte do monarca, continuou nos 
trabalhos a pedidos do sucessor D. Duarte (1423-1438). 
Contudo, veio ele próprio a falecer logo depois, sendo substituído por Ruy 
Fernandes, do Conselho do Rei. É desta época o aparecimento de uma coleção 
cronológica de leis conhecida como Ordenações de D. Duarte que serviu, 
parcialmente, de preparação da compilação posterior, ao lado do Livro das Leis e 
Posturas. 
Após a morte de D. Duarte, o regente D. Pedro determinou ao compilador que 
se consagrasse inteiramente a essa tarefa. Terminada a obra na Vila de Arruda aos 
28 de julho de 1446, foi submetida, a seguir, à apreciação de uma comissão revisora 
composta pelo Corregedor da cidade de Lisboa, Dr. Lopo Vasques, e dois 
desembargadores do Paço, Luís Martins e Fernão Rodrigues, além do próprio Ruy 
Fernandes. Feita a revisão, que reformou o texto em algumas partes, aprovou-se a 
compilação por mandato régio. 
 
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Quanto à sistemática da codificação, a obra, dividida em 5 livros, parece 
seguir a estrutura das Decretais de Gregório DC, que teriam servido de modelo. 
O Livro I ocupa-se daquele direito que hoje poderíamos denominar 
administrativo, e traz os regimentos dos cargos públicos, quer régios, quer 
municipais. 
O segundo livro contempla a matéria relativa à Igreja, sobretudo quanto à 
jurisdição, pessoas e bens dos eclesiásticos. Trata, igualmente, dos direitos régios, 
do estatuto dos fidalgos, da jurisdição dos donatários e do estatuto dos judeus e 
mouros. 
O terceiro cuida da ordem judiciária, da regulamentação dos termos do 
processo, dos recursos, das seguranças reais e cartas de segurança. 
O livro quarto regula o Direito Civil e m sentido amplo: contém determinações 
sobre contratos, sucessões, tutelas, etc. 
O último livro enumera os crimes e as penas, incluindo investigação dos 
crimes, prisão de delinqüentes ou acusados, emprego da tortura nos processos, etc. 
Na época de sua promulgação, dado o caráter recente da descoberta de 
Guttemberg, o texto não foi impresso. Acredita-se que o manuscrito original tivesse 
ficado na Chancelaria do rei D. Afonso V extraindo-se dele cópias para a Casa de 
Suplicação, que andava com a Corte, para a Casa do Cível, de Lisboa e para alguns 
conselhos ricos que tivessem condições de custear cópias completas, como os do 
Porto e Santarém, ou mosteiros poderosos como o de Alcobaça. 
Tais são alguns dos manuscritos que permitiram a primeira (e única, até o 
momento) impressão das Ordenações Afonsinas, feita e m Coimbra no ano de 1792. 
 
Ordenações Manuelinas 
 
As Ordenações Afonsinas tiveram escassa divulgação e vida curta. O 
problema da divulgação deve-se ao fato de não terem sido impressas. Tirar cópias 
de um a compilação extensa como era a daquelas leis constituía tarefa demorada e 
onerosa, como o prova o reduzido número de manuscritos chegados até nós. 
Assim, o conhecimento da compilação difundiu-se necessariamente com 
grande vagar. Sua vida curta decorre da promulgação, poucas décadas mais tarde, 
de nova Ordenação compilada por D. Manuel. 
 
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Pensando em aproveitar as vantagens da imprensa - introduzida em Portugal 
em 1487 - para melhorar a divulgação das Ordenações do Reino, D. Manuel (1495-
1521), antes de imprimi-las, resolveu rever a compilação afonsina para nela 
introduzir a vasta legislação extravagante do reinado de D. João II e do seu próprio. 
Encarregou da tarefa o Chanceler-Mor Rui Boto. E m 17 de dezembro de 
1512 sai o Livro I das novas Ordenações, e em novembro do ano seguinte o Livro II, 
ambos das prensas da oficina de Valentim Fernandes. 
De março a dezembro de 1514 vem à luz, impressa agora por João Pedro 
Bonhomini, uma edição completa das novas ordenações, já apelidadas de 
Manuelinas e divididas também em 5 livros. 
Esta nova compilação pretendia acabar com as dúvidas e debates dos 
julgadores, decorrentes das contradições, defeitos e regras desnecessárias 
encontradas na legislação anterior. 
O sistema das novas Ordenações é idêntico ao das Afonsinas. A matéria 
encontra-se dividida em cinco livros, subdivididos em títulos e parágrafos, seguindo 
os moldes anteriores. 
Quanto ao conteúdo, desaparecem tanto a legislação relativa aos judeus em 
consequência de sua expulsão do Reino em 1496, quanto as normas relativas à 
fazenda real, que passaram a formar as autônomas Ordenações da Fazenda. 
A maior mudança, porém, da nova compilação diz respeito ao estilo no qual 
foi redigida. Ao contrário das Afonsinas, as Ordenações Manuelinas não são mera 
compilação de leis anteriores, transcritas na sua maior parte no teor original e 
indicando o monarca que as promulgara. 
Em geral, todas as leis são reescritas, em estilo decretório, como se de leis 
novas se tratasse, embora não passando muitas vezes de nova forma dada a leis já 
vigentes. 
Fazendo esse esforço de abstração das coordenadas espaço-temporais, e 
dando à redação cunho mais hipotético e abstrato, as Ordenações Manuelinas são 
consideradas por alguns como precursoras das modernas codificações. 
 
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O título V do Livro II trata do direito subsidiário e segue fundamentalmente o 
critério das ordenações precedentes. Declara-se expressamente que a vigência das 
leis imperiais se dá "pela boa razão em que são fundadas" A glosa de Acúrcio e a 
opinião de Bártolo, continuam a ser consideradas direito subsidiário, porém, suas 
doutrinas, agora, aparecem tuteladas pela "comum opinião dos Doutores" ou seja, 
pela interpretação que recolhe o consenso da doutrina posterior aos mestres. 
 
Ordenações Filipinas 
 
A história mostra-nos como após uma fase de codificação segue-se, quase 
sempre, outra de legislação extravagante. Extravagante porque, tratando de matéria 
já compilada, tallegislação não se inclui no corpo codificado, passando a vigorar 
"por fora”. 
Aumentando, esse corpo de legislação extravagante origina a necessidade de 
sua própria compilação. Redigidas as Ordenações Manuelinas definitivamente, o 
grande número de leis posteriores começou a tornar antiquada aquela compilação. 
Durante a menoridade de D. Sebastião e sendo regente o Cardeal D. 
Henrique, tendo em vista a confusão provocada pela abundância de novas leis e as 
numerosas determinações da Casa de Suplicação, que tinham valor de interpretação 
autêntica, encarregou-se o licenciado Duarte Nunes do Leão, procurador da Casa de 
Suplicação, de juntar toda a legislação extravagante e as determinações e m uso, 
resumindo-lhes o conteúdo. 
Duarte Nunes compilou as leis que se encontravam nas Casas de Suplicação 
e do Cível, na Chancelaria-mor, os regulamentos e capítulos das Cortes, fazendo-
lhes a síntese, como lhe tinha sido determinado. 
A obra, embora fruto da atividade de um particular, adquiriu o caráter de 
compilação oficial em virtude do alvará de 14 de fevereiro de 1569 que a aprovou, 
conferindo-lhe, assim, o valor de fonte de direito. 
A coletânea se compõe de seis partes que disciplinam sucessivamente os 
ofícios e os oficiais régios, as jurisdições e os privilégios, as causas, os delitos, a 
fazenda real e, na última, outras matérias. 
Cada uma das partes compreende vários títulos, cujos preceitos são 
chamados leis, embora extraídos de fontes de natureza diferente. 
 
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As leis mais extensas encontram-se divididas em parágrafos, contudo, nem 
mesmo a publicação da Coleção de Leis Extravagantes de Duarte Nunes do Leão 
conseguiu evitar que nascesse, aos poucos, o desejo de realizar nova compilação à 
medida que se aproximava o fim do século. 
Por determinação de Felipe II da Espanha, à época soberano também de 
Portugal, a tarefa se inicia em data não precisa, mas que parece ser anterior a 1589. 
Trabalharam nela diversos juristas portugueses, entre os quais se destacaram 
os desembargadores Jorge de Cabedo e Afonso Vaz Tenreiro. 
O próprio Duarte Nunes do Leão parece ter também contribuído, conforme 
opinião de Gomes da Silva. 
Embora terminadas e aprovadas por Felipe II e m 5 de junho de 1595, as 
Ordenações Filipinas somente entraram em vigor e m 1603, já no reinado de Felipe 
III (Felipe II de Portugal), por força de nova lei de 11 de janeiro. 
Não se trata de obra inovadora. No fundo, a preocupação principal foi reunir, 
num mesmo texto, as Ordenações Manuelinas, a Coleção de Duarte Nunes do Leão 
e as leis a esta posteriores. 
Para tanto concorreu, além da crise em que se encontrava à época a cultura 
jurídica, no rescaldo da investida humanista contra o Direito Romano, a preocupação 
política de Felipe II de não ferir a suscetibilidade dos novos súditos, manifestando 
assim o seu respeito pelas instituições portuguesas. 
Por isso, a legislação filipina nada mais é que uma atualização das 
Ordenações Manuelinas e não propriamente uma legislação castelhanizante. 
Contudo, esse respeito deu também origem à falta de clareza, à obscurídade de 
muitas de suas disposições que é apontada como o seu maior defeito. 
A nova compilação acompanha o sistema das anteriores, dividindo a matéria 
em cinco livros. 
Também o esquema geral relativo ao direito subsidiário é mantido, mudando 
tão-somente sua publicação. 
Nas compilações anteriores, o tema era tratado no Livro II, traduzindo de 
alguma forma o conflito de jurisdições entre o poder temporal simbolizado pelo 
direito romano - e o poder religioso - simbolizado pelo direito canônico. 
 
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Ao transferi-lo para o Livro III, consagrado ao Processo Civil, passa ele a ser 
encarado como mera questão processual, de determinação de critérios para o 
julgamento das causas pendentes em juízo, superando substancialmente a idéia 
inicial do conflito de jurisdições. 
A Revolução de 1640 não suspendeu a vigência das Ordenações Filipinas. 
Nesse mesmo ano D. João IV confirma todas as leis promulgadas pela dinastia 
castelhana em geral, e em 1643, especialmente, as Ordenações Filipinas, em tudo 
quanto não tivesse sido mudado por suas próprias leis. 
Apesar das várias tentativas de reforma, as Ordenações vigoraram em 
Portugal até o advento do Código Civil de 1867, e no Brasil até nosso Código de 
1917. Elas são, pois, o monumento legislativo com maior vigência, tanto em Portugal 
quanto e m nosso país. 
 
AS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS 
 
Constituição de 1824 - A Constituição Imperial 
Em 7 de setembro de 1822 foi declarada a Independência do Brasil, e em 
1823 foi convocada a Assembleia Geral Constituinte e Legislativa, com idéias 
liberais, não acolhidas pelo Imperador. 
Dom Pedro I criou um Conselho de Estado para substituir a Assembleia 
Constituinte, para elaborar um projeto de constituição com total ligação com a sua 
vontade, chamado de “Majestade Imperial”. 
A Constituição Imperial foi outorgada em 25 de março de 1824, e dentre todas 
foi a que durou mais tempo, com forte influência da constituição francesa de 1824. 
Algumas características da Constituição de 1824: 
 O Governo era característico monárquico, hereditário, constitucional e 
representativo, com forma unitária de Estado, e nítida centralização político-
administrativa. 
 O Território sofreu uma transformação, as capitanias hereditárias foram 
transformadas em províncias, e estas foram subdividas. Elas eram subordinadas ao 
Poder Central e tinham um “Presidente”, nomeado pelo Imperador e que poderia ser 
removido a qualquer tempo em nome do “Estado”. 
 
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 A Família Real possuía uma dinastia imperante, inicialmente por Dom 
Pedro I, e em seguida, de Dom Pedro II. 
 A Religião Oficial do Império era a Católica Apostólica Romana. Todas 
as demais religiões eram permitidas através de seu culto doméstico, ou particular, 
não podendo ter qualquer manifestação externa do templo. 
 A Capital do Império foi a Cidade do Rio de Janeiro durante 1822 e 
1826. Porém, com o Ato Adicional nº 16, de 12/08/1834, a Cidade do Rio de Janeiro 
foi transformada em Município Neutro ou Município da Corte. 
Segundo Vitor Fernandes Gonçalves, no Livro: O controle de 
constitucionalidade das leis do Distrito Federal, p.15-45: 
 
“o relacionamento direto com o poder central, ao invés da submissão ao 
poder da Província do Rio de Janeiro”. 
 
 Os Poderes foram organizados conforme os ideais de Benjamin 
Constant, não adotando a teoria tripartite de Montesquieu, pois além das funções 
legislativa, executiva e judiciária, constituiu-se também a função “moderadora”. 
 O Poder Legislativo era exercido pela Assembleia Geral, com a sanção 
do Imperador, que era composta de duas Câmaras: Câmara dos Deputados e 
Câmara dos Senadores, ou Senado. A Câmara dos Deputados era eletiva e 
temporária, agora a Câmara de Senadores era vitalícia, sendo seus membros 
nomeados pelo Imperador a partir de uma lista tríplice enviada pela Província. 
 As eleições para o Legislativo eram indiretas. 
 Existia o sufrágio censitário ou seja, para votar e ser votado exigia-se o 
cumprimento de algumas condições econômico-financeiras. 
 A função executiva (Poder Executivo) era exercido pelo Imperador, 
Chefe do Poder Executivo, por intermédio de seus Ministros de Estado. 
Primeiramente, os Ministros não dependiam da confiança do Parlamento, 
porém, a partir da abdicação do trono por D. Pedro I,em 7 de abril de 1831, na 
Regência, que durou 9 anos, tempo em que D. Pedro II estava com apenas 5 anos, 
os Ministros dependiam exclusivamente do Parlamento. 
 
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Em seguida, com a chegada ao Poder de D. Pedro II, o segundo imperador 
do Brasil, que assumiu o trono aos 15 anos de idade, em 18 de julho de 1841, 
contribuiu para a constituição do parlamentarismo monárquico no Brasil. 
O parlamentarismo se consolidou a partir da criação do cargo de Presidente 
do Conselho de Ministros através do Decreto n. 523, de 20/07/1847, pelo qual D. 
Pedro II escolhia o Presidente do Conselho e este, por sua vez, escolhia os demais 
ministros, que deveriam ter a confiança dos Deputados e do Imperador. 
Este parlamentarismo recebeu o nome de “parlamentarismo às avessas”, já 
que o Presidente do Conselho se equiparava a um primeiro ministro dos países 
europeus, e contrariamente daqueles Estados, onde o povo escolhia o primeiro 
ministro, no Brasil o Presidente do conselho de Ministros era escolhido pelo 
Imperador, e consequentemente, estava subordinado ao Imperador e não ao 
Parlamento. 
 O Poder Judiciário chamado naquele tempo de “Poder Judicial” era 
independente e composto por juízes e jurados. 
Os juízes aplicavam as leis, enquanto os jurados se pronunciavam sobre os 
fatos. Aos juízes de direito era assegurada a vitaliciedade, a ocupação do cargo até 
a morte, mas, não lhes foi assegurada a inamovibilidade, ou melhor, eles poderiam 
ser transferidos de províncias, conforme a vontade do Imperador. 
Para julgar as causas de segunda instância, foram criadas nas Províncias do 
Império as “Relações”, e na Capital do Império foi estabelecido como órgão de 
cúpula do Judiciário, o Supremo Tribunal de Justiça, composto por juízes togados, 
provenientes das “Relações” das Províncias e seguindo o critério de antiguidade. 
 O Poder Moderador foi o “mecanismo” que fortaleceu o Império e o 
Poder do Imperador durante o reinado no Brasil. 
Afonso Arinos de Melo Franco, no Livro O Constitucionalismo de D. Pedro I 
no Brasil e em Portugal, p. 28-29, destaca que o criador do Poder Moderador foi 
Benjamin Constant, e ainda diz: 
 
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 “Benjamin Constant definia o Poder Moderador, por ele chamado de „Poder 
Real‟, como „la clef de toute organisation politique’, frase esta consagrada no artigo 
98 da Constituição de 1824: „o Poder Moderador é a chave de toda a organização 
política, e é delegado privativamente ao Imperador, como Chefe Supremo da Nação 
e seu Primeiro Representante, para que incessantemente vele sobre a manutenção 
da Independência, equilíbrio e harmonia dos demais Poderes Políticos‟. 
Para os liberais, a melhor tradução ao termo „clef‟ seria „fecho‟, no sentido de 
„apoio e coordenação‟ em relação aos demais poderes. Para os conservadores, a 
tradução mais adequada seria „chave‟, dando a ideia de possibilidade de „abrir 
qualquer porta‟, tendo em vista as constantes „intervenções‟ e „imposições‟ do Poder 
Moderador sobre os demais Poderes.” 
Em termos práticos, a idéia do termo “clef” como chave refletiu melhor a 
constante interferência do Poder Moderador sobre os demais Poderes. 
Além disso, o Imperador recebeu os Títulos de “Imperador Constitucional e 
Defensor Perpétuo do Brasil”, “Majestade Imperial”, e a sua pessoa era inviolável e 
sagrada, não estando sujeita a qualquer responsabilidade. 
 Durante a Regência ocorreu a tentativa de se instalar o Estado 
Federativo através das chamadas “Assembleias Legislativas Provinciais”, porém não 
conseguiram acabar com o Poder Moderador, nem com o absolutismo, o que 
frustrou a tentativa de instalação de um Estado Federativo no Império. 
 O império enfrentou grandes dificuldades advindas de diversos 
movimentos populares que lutavam por melhores condições sociais, recebendo o 
nome de insurreições populares, sendo as mais conhecidas: 
a) Cabanagem, ocorrida no Pará em 1835; 
b) Farroupilha, aconteceu no Rio Grande do Sul em 1835; 
c) Sabinada, revolução ocorrida na Bahia em 1837; 
d) Balaiada, ocorrida no Maranhão em 1838 
e) Revolução Praieira, em Pernambuco em 1848. 
 
 Uma característica marcante da Constituição de 1824 foi a 
semirrigidez, nos termos do artigo 178, onde para a alteração das normas, 
necessitava de um procedimento mais árduo, mais solene e mais dificultoso. 
 
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 A Constituição de 1824 recebeu forte influência das Revoluções 
Americana (1776) e Francesa (1789), com a ideia de constitucionalismo liberal, e 
ainda continha um importante rol de direitos civis e políticos. 
 Durante a vigência da Constituição de 1824 ocorreu a manutenção da 
escravidão, por força do regime que se baseava na monocultura latifundiária e 
escravocrata. 
 
Decreto n. 1, de 15/11/1889 
A partir do ano de 1860, a Monarquia Brasileira começou a sofrer constantes 
enfraquecimentos. Em 1868, durante a Guerra do Paraguai, os militares passam a 
nutrir um forte sentimento de descontentamento com a Monarquia advindo 
principalmente da redução do orçamento e efetivo dos militares. 
Conjugados a isto, a Monarquia enfrentou o Manifesto do Centro Liberal 
(1869) e o Manifesto Republicano (1870), e eles contribuíram sobremaneira para 
abalar as estruturas da Monarquia Brasileira. 
Além disso, em 1874 a Monarquia criou fortes entraves com a Igreja Católica. 
Nesse contexto, em 15 de novembro de 1889 foi proclamada a República pelo 
Marechal Deodoro da Fonseca, afastando D. Pedro II do Poder e toda a dinastia de 
Bragança. 
Destaca-se que não houve muita movimentação popular, pois, a proclamação 
da República tratava-se de um golpe de Estado militar e armado. 
Consequentemente, as Províncias do Brasil são transformadas nos Estados 
Unidos do Brasil. 
 
Entre 1889 e 1891 constituiu-se o Governo Provisório, através do Decreto n. 1 
de 15/11/1889, redigido por Rui Barbosa, tendo como Presidente Deodoro da 
Fonseca, com a importante missão de consolidar o novo regime e promulgar a 
primeira Constituição da República. 
Por fim, nos termos do artigo 10 do Decreto Presidencial n. 1 de 15/11/1889, 
“o território do Município Neutro fica provisoriamente sob a administração imediata 
do Governo Provisório da República, e a cidade do Rio de Janeiro constituída, 
também provisoriamente, sede do poder federal”. 
 
 
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Constituição de 1891 
No ano de 1890 foi eleita a Assembleia Constituinte responsável pela 
elaboração da primeira Constituição da República, assim, em 24 de fevereiro de 
1891 foi promulgada a primeira Constituição da República do Brasil, e esta sofreu 
uma pequena reforma em 1926 e vigorou até 1930. 
O Relator da Constituição Republicana foi o Senador Rui Barbosa, e ela 
sofreu forte influência da Constituição norte-americana de 1787, consagrando o 
sistema de governo presidencialista, a forma de Estado Federal, a forma de governo 
republicana, desvencilhando do unitarismo, autoritarismo e da monarquia. 
Algumas características da Constituição da República de 1891: 
 A Constituição (artigo 1º) adotou como forma de Governo, a República 
Federativa, sob o regime representativo. Declarou ainda, a união perpétua e 
indissolúvel das antigas Províncias, transformando-as em Estados Unidos do Brasil. 
 O artigo 2º da Constituição de 1891 declarou que o Distrito Federale 
Capital do País seria a Cidade do Rio de Janeiro. O antigo Município Neutro, que era 
sede do Poder Central do Império foi transformado em Distrito Federal, passando a 
ser a Capital da União. 
 A Constituição de 1891 trouxe uma importante inovação em seu artigo 
3º, previu a Construção de uma nova Capital do Brasil e Distrito Federal, nos termos 
a seguir: 
 “fica pertencendo à União, no planalto central da República, uma zona de 
14.400 quilômetros quadrados, que será oportunamente demarcada para nela 
estabelecer-se a futura Capital Federal. Efetuada a mudança da Capital, o atual 
Distrito Federal passará a constituir um Estado”. 
 Com a Constituição de 1891, o Brasil passou a ser um país laico, ou 
não confessional, pois não havia mais religião oficial. Além disso, retiraram os efeitos 
civis do casamento religioso, e os cemitérios que eram controlados pela Igreja, 
passaram a ser administrados pela autoridade municipal. E ainda, houve a proibição 
do ensino religioso nas escolas públicas. A separação foi tão marcante que na 
promulgação da Constituição não houve a invocação da expressão “sob a proteção 
de Deus”. 
 
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A Constituição de 1891 trouxe uma verdade independência do Estado para 
com a Igreja. O artigo 4º do Decreto n. 119-A, já havia extinguido o padroado, direto 
que o Imperador tinha de intervir nas nomeações de bispos, bem como nos cargos e 
benefícios eclesiásticos. 
E a Constituição extinguiu também a concessão ou negativa de beneplácito 
régio aos Decretos dos Concílios e Letras Apostólicas, ou seja, anteriormente os 
textos eclesiásticos deviam ser aprovados pelo Estado, agora, o Estado rompeu 
todas ligações com a Igreja. 
 O Poder Moderador foi extinto, adotando-se a partir de então a teoria 
clássica de Montesquieu da tripartição de poderes. O artigo 15 da Constituição de 
1891 estabeleceu: 
 
São órgãos da soberania nacional o Poder Legislativo, o Executivo e o 
Judiciário, harmônicos e independentes entre si.” 
 
 O Poder Legislativo Federal era exercido pelo Congresso Nacional, 
com a sanção do Presidente da República, sendo este composto pela Câmara dos 
Deputados e pelo Senado Federal, estabelecendo-se assim, o bicameralismo 
federativo. 
A Câmara dos Deputados era composta de representantes do povo, eleitos 
pelos Estados e Distrito Federal, mediante sufrágio direto, garantida a representação 
da minoria, e cada Deputado exercia mandato de 3 anos. 
Já o Senado Federal representava os Estados e o Distrito Federal, sendo 
eleitos 3 senadores por Estado e 3 pelo Distrito Federal, eleitos igualmente aos 
Deputados, para mandato de 9 anos, renovando-se o Senado pelo terço 
trienalmente, ou seja, 1 a cada 3 anos, pois o mandato era de 9 anos e junto com as 
eleições para Deputados, que tinham mandato de 3 anos. 
Em âmbito estadual o Poder Legislativo também foi estabelecido, e 
curiosamente, alguns Estados, como São Paulo e Pernambuco adotaram a ideia de 
bicameralismo estadual, constituindo a Câmara de Deputados Estaduais e o Senado 
Estadual. 
Em relação aos entes municipais, eram nomeadas autoridades municipais, 
para exercer a função administrativa. 
 
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 O Poder Executivo era exercido pelo Presidente da República dos 
Estados Unidos do Brasil, como chefe eletivo da Nação, era eleito junto com o Vice-
Presidente por sufrágio direto da Nação, para mandato de 4 anos, não podendo ser 
reeleito para um período subseqüente. 
Destaca-se que ficou previsto no artigo 1º das Disposições Transitórias da 
Constituição de 1891 que a primeira eleição da República seria indireta pelo 
Congresso Nacional, elegendo-se o Presidente Marechal Deodoro da Fonseca e o 
Vice-Presidente dos Estados Unidos do Brasil o Marechal Floriano Peixoto. 
O Presidente da República era auxiliado pelos Ministros de Estado, agentes 
de sua confiança que lhe subscreviam os atos e RAM nomeados e demitidos 
livremente pelo Chefe do Executivo. 
Outro fato curioso foi que a alguns Estados designavam o Chefe do Executivo 
Local como “Presidente do Estado”, e alguns como “Governador do Estado”. 
 O Poder Judiciário sofreu diversas transformações com a Constituição 
de 1891, o órgão máximo do Judiciário passou a se chamar Supremo Tribunal 
Federal, composto por 15 juízes, e algumas garantias foram estabelecidas como a 
vitaliciedade para Juízes Federais (artigo 57) e para membros do Supremo Tribunal 
Militar (artigo 77, §1º), e para os Juízes Federais a irredutibilidade de vencimentos 
(artigo 5, § 1º). 
Estabeleceu-se os crimes de responsabilidade. 
A Justiça Federal foi mantida na Constituição, eis que o Decreto n. 848 de 
11/10/1890, por inspiração do modelo norte-americano (1789), suíço (1847) e 
argentino (1882 e 1883), já havia criado a Justiça Federal no Brasil. 
 A Constituição era rígida, nos termos do artigo 90, perdendo sentido a 
anterior distinção entre norma material e formalmente constitucional, passando a 
estabelecer como cláusulas pétreas a forma republicano-federativa e a igualdade da 
representação dos Estados no Senado. 
 A Declaração de Direitos foi aprimorada, abolindo-se a pena de galés, 
que havia sido extinta pelo Decreto n. 774 de 20/09/1890, a de banimento e a de 
morte, excetuando-se, neste último caso, as disposições da legislação militar em 
tempo de guerra. 
Houve a continuidade de proteção às clássicas liberdades privadas, civis e 
políticas, sem a previsão de direitos dos trabalhadores. 
 
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Agora em relação às garantias constitucionais, na Constituição de 1891, 
houve expressa previsão pela primeira vez do ação constitucional do habeas corpus. 
Apesar de que no Decreto n. 114 de 23/05/1821, denominado Alvará de D. 
Pedro I, houve a proibição de prisões arbitrárias, e no Código Criminal de 
16/12/1830, nos artigos 183-188 prever a garantia do habeas corpus, também 
previsto no Código de Processo Criminal de Primeira Instância, Lei n. 127 de 
29/11/1832 (artigos 340-345). 
Em 03/09/1926 foi editada a primeira Emenda à Constituição de 1891, 
limitando a garantia do habeas corpus aos casos exclusivos de privação de 
liberdade, já que a ação de habeas corpus estava sendo usada para à garantia de 
vários direitos, denominada, “Teoria Brasileira do Habeas Corpus”. 
 Em 03/09/1926 também ocorreu uma reforma na Constituição de 1891, 
centralizando o poder à União, restringindo a autonomia dos Estados. 
 
Segundo Celso Bastos, no Livro Curso de direito constitucional, 21 ed., p. 
110, a Reforma de 1926 foi: 
 
“... marcada por uma conotação nitidamente racionalista, autoritária, 
introduzindo alterações no instituto da intervenção da União nos Estados, no Poder 
Legislativo, no processo legislativo, no fortalecimento do Executivo, nos direitos e 
garantias individuais e na Justiça Federal”. 
 
Por fim, o movimento armado de 1930, pôs fim ao período denominado de 
“Primeira República, ou República Velha”. 
 
A Revolução de 1930 – O Segundo Governo Provisório da República 
A República Velha tem seu fim com a Revolução de 1930, e este marco 
histórico instituiu o Governo Provisório, conforme o Decreto n. 19.398 de 11/11/1930, 
colocando no Poder Getúlio Vargas. 
Pedro Lenza, no Livro Direito Constitucional Esquematizado, 15 ed., p. 104, 
citando o Livro O direito constitucional e a efetividade de suas normas: limites e 
possibilidades da Constituição brasileira, 8. ed., p. 14-19, leciona: 
 
 
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“Barroso aponta dois aspectos mais graves a ensejar a ruína da República 
Velha: o domínio das oligarquias e a fraude eleitoral institucionalizada. Lembra, 
ainda, a grave crise econômico-financeira de 1929 (“Grande Depressão”), uma 
pequena burguesia em ascensão, o Tenentismo (movimento contra o regime 
oligárquico que dirigia o Brasil) e o surgimento de uma classe operária descontente 
em razão do processo de industrialização estimulado pela Primeira Guerra.” 
Outro fato que contribuiu para a Revolução de 30 foi a morte de João Pessoa 
em 26 de julho de 1930, dando início ao movimento militar. 
Assim, naquele ano, uma Junta Militar transferiu o poder para um Governo 
Provisório, que vigeria até a promulgação da Constituição de 1934. Porém, até a 
promulgação, foram utilizados elementos de pressão e métodos arbitrários, como 
por exemplo, a atuação na Revolução de São Paulo, em 09/07/1932. 
O artigo 1º do Decreto n. 19.398/30 concedeu ao Governo Provisório a 
plenitude de todas as funções e atribuições do Poder Executivo e do Poder 
Legislativo, por meio de decretos expedidos pelo Chefe do Governo, até que fosse 
eleita a Assembleia Constituinte, para reorganização do país. 
Outro ponto do Decreto, a dissolução do Congresso Nacional (artigo 2º), das 
Assembleias Legislativas dos Estados, das Câmaras ou Assembleias Municipais, e 
de outro órgão legislativo ligado aos Estados, Municípios e Distrito Federal ou 
Território. 
Consequentemente, foi nomeado um interventor para cada Estado, nos 
termos do artigo 11 do Decreto, e este controlava também os respectivos 
municípios. 
O ponto positivo do Governo Provisório foi a decretação do Código Eleitoral, 
realizado por Getúlio Vargas em 1932, por meio do Decreto n. 21.076 de 
24/02/1932, criando a Justiça Eleitoral, e adotando o voto feminino e o sufrágio 
universal, direto e secreto. 
Por fim, após este período tenebroso, no dia 16 de julho de 1934 foi 
promulgada a Constituição de 1934. 
 
Constituição de 1934 
 
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A Constituição de 1934 sofreu várias influências dos movimentos 
revolucionários, da Constituição Alemã de Weimar de 1919, protegendo os direitos 
humanos de 2ª geração ou dimensão e a busca por um Estado social de direito 
(democracia social), e ainda do fascismo, estabelecendo que além do voto direto 
para escolha dos Deputados, poderia ser indiretamente através da “representação 
classista” do Parlamento. 
Na Constituição de 1934 foram mantidos alguns princípios fundamentais, 
como a República, a Federação, a tripartição de Poderes, o presidencialismo e o 
regime representativo. 
 
Abaixo algumas características da Constituição de 1934: 
 O artigo 1º da Constituição trouxe a seguinte previsão: 
“a Nação brasileira, constituída pela união perpétua e indissolúvel dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Territórios em Estados Unidos do Brasil, mantém 
como forma de Governo, sob o regime representativo, a República Federativa 
proclamada em 15 de novembro de 1889.” 
 
 Os poderes da União foram aumentados, e houve discriminação dos 
tributos destinados a cada ente: União, Estados e Municípios. 
 Foi mantida como Capital da República e sede do Distrito Federal a 
Cidade do Rio de Janeiro, administrada agora por um Prefeito. 
Novamente a Constituição (1934) trouxe a previsão da transferência do 
Distrito Federal para a parte Central do País (artigo 4º das Disposições 
Constitucionais Transitórias), assim que a Constituição entrasse em vigor, o 
Presidente da República enviaria uma Comissão e esta faria estudos e apresentaria 
os resultados à Câmaras dos Deputados, que escolheria o local e tomaria as 
providências necessárias para a realização da transferência. 
O Distrito Federal foi elevado à condição de “supermunicípio”, conforme artigo 
5º, inciso XVI da Constituição de 1934 e do artigo 1º da Lei n. 196 de 18/01/1936, 
esta a Segunda Lei Orgânica do Distrito Federal. 
 
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 Nos termos da Constituição o Brasil continuou sendo um País laico, ou 
não confessional, sendo inviolável a liberdade de consciência e de crença e 
garantido o livre exercício dos cultos religiosos, desde que não contrários à ordem 
pública e aos bons costumes. 
 
Diversamente da Constituição de 1891, a Constituição de 1934 admitiu 
novamente o casamento religioso com efeitos civis, conforme artigo 146, com a 
seguinte previsão: 
 
“o casamento perante ministro de qualquer confissão religiosa, cujo rito não 
contrarie a ordem pública ou os bons costumes, produzirá, todavia, os mesmos 
efeitos que o casamento civil, desde que, perante a autoridade civil, na habilitação 
dos nubentes, na verificação dos impedimentos e no processo da oposição sejam 
observadas as disposições da lei civil e seja ele inscrito no Registro Civil.” 
 
E ainda ficou facultativo, o ensino religioso nas escolas públicas, de acordo 
com o artigo 153 da Constituição de 1934. 
Por fim, após a luta contra a descrição “sob a proteção de Deus”, a 
Constituição de 1934 trouxe tal descrição em seu texto. 
 Os poderes mantiveram a clássica divisão tripartide de Montesquieu, 
nos termos do artigo 3º, com a seguinte previsão: “são órgãos da soberania 
nacional, dentro dos limites constitucionais, os Poderes Legislativo, Executivo e 
Judiciário, independentes e coordenados entre si”. (grifo pessoal). 
 O Poder Legislativo era exercido pela Câmara dos Deputados com a 
colaboração do Senado Federal. Desta maneira, foi desfeito o princípio do 
bicameralismo paritário, no qual as duas casas possuíam funções idênticas. Na 
verdade, instituiu-se um bicameralismo desigual, também chamado de 
unicameralismo imperfeito, pois o Senado Federal era mero colaborador da Câmara 
dos Deputados. 
O mandato dos Deputados era de 4 anos. A Câmara dos Deputados era 
composta de representantes do povo, eleitos através de sistema proporcional e 
sufrágio universal, igual e direto, e de representantes eleitos pelas organizações 
profissionais, com forte influência fascista. 
 
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Agora o Senado Federal era composto por 2 representantes de cada Estado e 
do Distrito Federal, eleitos mediante sufrágio universal, igual e direto, para o 
mandato de 8 anos, mas os requisitos eram ser brasileiro nato, alistado, eleitor e 
maior de 35 anos, renovando-se a cada 4 anos, na eleição para Deputados. 
A atuação do Senado era muito restrita, como mencionado no artigo 41, § 3º 
da Constituição de 1934: “a competência nas matérias relacionadas à Federação, 
como a iniciativa das leis sobre a intervenção federal, e em geral, as matérias de 
interesse de um ou mais Estados da Federação.” 
 O Poder Executivo era exercido pelo Presidente da República, eleito 
junto com o Vice- Presidente, por sufrágio universal, direto, secreto e por maioria dos 
votos, exercendo o mandato de 4 anos, vedada a reeleição. 
O Presidente da República era auxiliado pelos Ministros de Estado, que 
passaram a ter responsabilidade pessoal e solidária com o Presidente da República. 
 O Poder Judiciário foi organizado da seguinte maneira: 
a) A Corte Suprema; 
b) Os Juízes e Tribunais Federais; 
c) Os Juízes e Tribunais Militares; 
d) Os Juízes e Tribunais Eleitorais. 
 
Os juízes tinham as garantias de vitaliciedade, inamovibilidade e 
irredutibilidade de vencimentos. 
A Corte Suprema era composta por 11 Ministros, e a suasede ficava na 
Capital da República – Distrito Federal, com jurisdição em todo o território nacional. 
 
 A Constituição de 1934 era rígida, como estabelecido no artigo 178: 
 
“a constituição poderá ser emendada, quando as alterações propostas não 
modificarem a estrutura política do Estado (arts. 1º a 14, 17 a 21); a organização ou 
a competência dos poderes da soberania (Capítulos II, III e IV do Título I; o Capítulo 
V do Título I; o Título II; o Título III; e os arts. 175, 177, 181, este mesmo art. 178); e 
revista, no caso contrário”. 
 
 
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 O artigo 178, § 5º determinou como cláusula pétrea, a forma 
republicana federativa. 
 A Constituição de 1934 constitucionalizou alguns direitos 
importantíssimos, como o voto feminino, com igual valor ao masculino, e também o 
voto secreto, como previstos pelo Código Eleitora de 1932. 
 Os direitos clássicos foram mantidos, mas as inovações foram nos 
direitos sociais, garantindo os direitos da ordem econômica e social (Título IV), da 
família, educação e cultura (Título V) e da segurança nacional (Título VI). 
 Foi dada ênfase a legislação trabalhista e a representação classista. 
 As maiores novidades da Constituição de 1934 foram em relação às 
Ações Constitucionais, trazendo pela primeira vez a previsão do mandado de 
segurança (artigo 113, n. 33) e da ação popular (art. 113, n. 38). 
 
Constituição de 1937 
 
Getúlio Vargas foi eleito para governar o Brasil de 1934 a 1938. Porém, 
encontrou dificuldades com a oposição fascista, de um lado a Ação Integralista 
Brasileira – AIB, defendendo um Estado autoritário, e de outro lado a Aliança 
Nacional Libertadora – ANL, com ideais socialistas, comunistas e sindicais. 
Em 11 de julho de 1935, o Governo fechou a Aliança Nacional Libertadora – 
ANL, justificando que o movimento era ilegal, em especial com o manifesto lançado 
por Luis Carlos Prestes, com bases na “Lei de Segurança Nacional”. 
Getúlio Vargas, também enfrentou a Intentona Comunista, movimento 
formado por políticos e militares dos Estados de Natal, Recife e Rio de Janeiro que 
receberam o apoio do Partido Comunista Brasileiro e de ex tenentes, que se 
tornaram militares comunistas, com o objetivo de derrubar Getúlio Vargas e instalar 
o socialismo no Brasil. 
Para inibir as intenções comunistas, Getúlio Vargas decretou Estado de sítio e 
tratou com forte repressão o movimento opositor, criando a “Polícia Especial” para o 
auxílio no combate ao movimento. 
 
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Não bastasse, Getúlio Vargas, com o apoio do Congresso Nacional decretou 
“estado de guerra”, pois em 30 de setembro de 1937, o Estado-Maior do Exército 
descobriu um plano comunista com o objetivo de tomar o poder, que recebeu o 
nome de “Plano Cohen”. 
Nesse clima, o Governo apresentou a “salvação” contra o comunismo, com o 
apoio dos Generais Góis Monteiro, Chefe do Estado-Maior do Exército e Eurico 
Gaspar Dutra, Ministro da Guerra, em 10 de novembro de 1937, Getúlio Vargas deu 
um golpe ditatorial, centralizando o poder em suas mãos e dissolvendo o Congresso 
Nacional. 
Vargas intitulou o golpe de “nascer da nova era”, outorgando a Constituição 
de 1937, influenciada por ideais autoritários e fascistas, instalando a Ditadura do 
Estado Novo, e todo o país entrou em estado de emergência. 
A Constituição de 1937 foi elaborada por Francisco Campos, e foi chamada 
de “Polaca”, pela forte influência sofrida pela Constituição Polonesa 1935, que era 
uma Constituição Fascista, imposta pelo Marechal Polonês Josef Pilsudski. 
A Constituição de 1937 deveria ter sido submetida a plebiscito nacional, 
conforme o artigo 187, mas isto nunca aconteceu. 
Além de fechar o Parlamento, o Governo manteve o domínio do Judiciário. A 
Federação foi abalada pelos interventores. Os direitos fundamentais foram 
enfraquecidos, principalmente pela atuação da Polícia Especial e pelo Departamento 
de Imprensa e Propaganda – DIP. 
Ademais, no dia 02 de dezembro de 1937, através do Decreto-lei n. 37, 
Getúlio Vargas dissolveu os partidos políticos, demonstrando o poder da ditadura. 
Foi um período bastante conturbado, mas como o Estado atuava fortemente 
na economia, neste setor ocorreu importante crescimento. 
Em busca do apoio popular, a política desenvolvida por Getúlio Vargas foi 
considerada “populista”, e o principal marco deste período foi a consolidação das 
Leis Trabalhistas (CLT) e a consagração de importantes direitos trabalhistas, como 
por exemplo o salário mínimo. 
 
A Constituição de 1937 apresentou características peculiares, tais como: 
 A Forma de Governo estabelecida foi à República, apesar do golpe 
ditatorial, nos termos do artigo 1º, que dizia: 
 
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“o Brasil é uma República. O poder político emana do povo e é exercido em 
nome dele e no interesse do seu bem-estar, de sua honra, de sua independência e 
de sua prosperidade.” 
 
 A forma de Estado foi mantida a Federação, mas na prática, os 
Estados sofreram a repressão dos interventores federais, nomeados por Getúlio 
Vargas, tanto que os Vereadores e Prefeitos eram nomeados pelos interventores. 
 A Cidade do Rio de Janeiro continuou sendo a Capital do País e o 
Distrito Federal, conforme artigo 7º da Constituição de 1937. 
 O Brasil continuou sendo um país laico, e a invocação da proteção de 
Deus em seu preâmbulo, não foi feita na Constituição de 1937. 
 Formalmente foi mantida a teoria clássica tripartite dos Poderes de 
Montesquieu, porém, o que realmente aconteceu foi a centralização do poder nas 
mãos de Getúlio Vargas, dissolvendo o Poder Legislativo e o Poder Judiciário. 
 O artigo 38 estabeleceu que o Poder Legislativo seria exercido pelo 
Parlamento Nacional com a colaboração do Conselho da Economia Nacional e do 
Presidente da República. 
Segundo a Constituição, o Parlamento Nacional era composto pela Câmara 
dos Deputados e pelo Conselho Federal, este último em substituição do Senado 
Federal, que durante a Ditadura do Estado Novo deixou de existir. 
A Câmara dos Deputados seria composta de representantes do povo, eleitos 
mediante sufrágio indireto para mandato de 4 anos. Já o Conselho Federal seria 
composto de representantes dos Estados e 10 membros nomeados pelo Presidente 
da República, e a duração do mandato era de 6 anos. 
 
Destaca-se que o artigo 178 dispôs o seguinte: 
 
“Ficam dissolvidos a Câmara dos Deputados, o Conselho Federal, as 
Assembleias Legislativas dos Estados e as Câmaras Municipais.” 
 
 
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E enquanto o Parlamento Nacional não se reunisse para a realização de 
novas eleições, o Presidente da República tinha o poder de expedir decretos-leis 
sobre todas as matérias de competência legislativa, e o que aconteceu foi que o 
Legislativo nunca chegou a funcionar. 
 O Poder Executivo era exercido pelo Presidente da República, 
autoridade suprema do Estado, e ele coordenava a atividade dos órgãos 
representativos, de grau superior, dirigia a política interna e externa, promovia a 
política legislativa de interesse nacional, e era superintendente da administração do 
País. 
 Eram órgãos do Poder Judiciário: 
a) O Supremo Tribunal Federal; 
b) Os Juízes e Tribunais dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Territórios; 
c) Os Juízes e Tribunais Militares 
A Justiça Eleitoral foi extinta,e os partidos políticos foram dissolvidos. 
 
O Judiciário foi “esvaziado”, e as funções foram centralizadas nas mãos do 
Presidente da República, por exemplo, o parágrafo único do artigo 96 da 
Constituição de 1937, trouxe a seguinte previsão: 
 
“no caso de ser declarada a inconstitucionalidade de uma lei que, a juízo do 
Presidente da República, fosse necessária ao bem-estar do povo, à promoção ou 
defesa de interesse nacional de alta monta, pode o Presidente da República 
submetê-la novamente ao exame do Parlamento: se este a confirmar por 2/3 dos 
votos em cada uma das Câmaras, ficando sem efeito a decisão do Tribunal.” 
 
Assustadoramente, foi criado um quase “Estado de exceção”, pois durante o 
estado de emergência ou estado de guerra, os atos praticados pelo Governo não 
poderiam ser conhecidos por qualquer Juiz ou Tribunal, nos termos do artigo 170 da 
Constituição de 1937. 
 Na Constituição de 1937 não houve a previsão do mandado de 
segurança, nem da ação popular. Também foram extintos os princípios da 
irretroatividade das leis e da reserva legal. 
 
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Houve uma intensa censura da imprensa, do teatro, da cinematografia, da 
radio fusão, conforme o artigo 122, n. 15, “a”, da Constituição de 1937. 
Nenhum jornal poderia recusar a reprodução de comunicados do Governo 
(artigo 122, n. 15, “b”). 
O Temido artigo 122, n. 13, trouxe a previsão da pena por morte, além dos 
casos previstos na legislação militar para o tempo de guerra, para os crimes políticos 
e nas hipóteses de homicídio cometido por motivo fútil e com extremos de 
perversidade. 
O artigo 177, que vigorou durante todo o Estado Novo, mostrou novamente o 
autoritarismo e a ditadura ao dispor que o Governo poderia aposentar ou reformar, 
de acordo com a legislação em vigor, os funcionários civis e militares cujo 
afastamento se impusesse a juízo exclusivo do “Governo”, no interesse do serviço 
público ou por conveniência do regime. 
O artigo 186 da Constituição de 1937 declarou o estado de emergência, 
suspendendo direitos e garantias individuais. 
Foram proibidos as greves e lock-outs, de acordo com o artigo 139, sendo 
declarados recursos antissociais nocivos ao trabalho e ao capital, incompatíveis com 
os interesses da economia nacional. 
A tortura foi utilizada como instrumento de repressão, tendo como caso 
emblemático a entrega de Olga Benário, mulher de Luís Carlos Prestes, líder 
comunista no Brasil, para ser assassinada em campo de concentração nazista na 
Alemanha. 
 Muito embora a triste realidade ditatorial, foi inegável a nacionalização 
da economia e o controle das áreas de produção da mineração, aço e petróleo, 
frisando assim uma importante expansão capitalista. 
 
 Foram criadas as seguintes estatais: 
a) Companhia Vale do Rio Doce (1942); 
b) Companhia Nacional de Álcalis (1943); 
c) Fábrica Nacional de Motores (1943); 
d) Companhia Hidroelétrica de São Francisco (1945) 
 
 
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Por fim, vale trazer a baila, o pensamento do Ministro do Supremo Tribunal 
Federal, Luís Roberto Barroso, no Livro O direito constitucional e a efetividade de 
suas normas, p. 24: 
 
“... a Constituição não desempenhou papel algum, substituída pelo mando 
personalista, intuitivo, autoritário. Governo de fato, de suporte policial e militar, sem 
submissão sequer formal à Lei maior, que não teve vigência efetiva, salvo quanto 
aos dispositivos que outorgavam ao chefe do Executivo poderes excepcionais.” 
 
 
Constituição de 1946 
 
Durante a Segunda Guerra Mundial, o Governo Brasileiro se opôs aos países 
do “Eixo”, tendo como principais potências a Alemanha, a Itália e o Japão, entrando 
no confronto ao lado dos “Aliados”, China, França, Grã-Bretanha, União Soviética e 
os Estados Unidos. 
Em 1943 ocorreu a criação da Força Expedicionária Brasileira – FEB, um 
importante marco histórico. 
A entrada na Guerra fez com que Vargas perdesse o seu prestígio, e a sua 
queda foi materializada em 24 de outubro de 1943, com o Manifesto dos Mineiros, 
carta assinada por intelectuais que apontava a contradição entre a política interna e 
externa. 
Isso porque, ao entrar na Guerra ao lado dos “Aliados”, buscando enfrentar as 
ditaduras nazifascistas de Mussolini e Hitler (países do “Eixo”), parecia natural que o 
fascismo fosse “varrido” da realidade brasileira, não se sustentando, internamente, 
até porque era uma grande contradição manter um Estado arbitrário com base em 
uma Constituição inspirada no modelo fascista e externamente lutar contra os 
assustadores regimes. 
Outros documentos, na mesma linha do Manifesto dos Mineiros, foram 
assinados. Essa crise política forçou Vargas a assinar o Ato Adcional em 1945 (Lei 
Constitucional n. 9 de 28/02/1945), convocando eleições presidenciais e marcando a 
derrocada final do “Estado Novo”. 
 
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Durante a campanha eleitoral, surge o movimento chamado “queremismo” 
que significava “Queremos Getúlio”, e tudo levava a crer, especialmente com o apoio 
do partido comunista, agora legalizado, que Getúlio iria continuar e, eventualmente, 
até dar um novo golpe. 
Em 29 de outubro de 1945, Vargas tentou substituir o chefe de Polícia do 
Distrito Federal por seu irmão, Benjamin Vargas. Além disso, nomeou João Alberto 
para Prefeito do Rio de Janeiro, fatos que precipitariam o fim do Estado Novo, já que 
davam a entender a vontade de Vargas continuar no Poder. 
Esses fatos culminaram com a “expulsão” de Vargas do poder pelos Generais 
Gaspar Dutra e Góis Monteiro, sendo, assim, deposto pelas Forças Armadas. 
 
Convocado pelas Forças Armadas, o Executivo passou a ser exercido pelo 
então Presidente do STF, Ministro José Linhares, que governou de 29/10/1945 a 
31/01/1946, até assumir, eleito pelo voto direto e com mais de 55% de aprovação 
dos eleitores, o General Gaspar Dutra como o novo Presidente da República. 
 
José Linhares praticou importantes atos, como: 
a) Revogação do artigo 177 que permitia a aposentadoria ou reforma 
compulsórias, a exclusivo juízo do Governo, de funcionários civis e militares; 
b) A extinção do Tribunal de Segurança Nacional; 
c) A revogação do estado de emergência; 
d) A extinção do Conselho de Economia Nacional; 
e) A abolição da regra que permitia o esvaziamento da efetividade das 
decisões do STF em controle de constitucionalidade (artigo 96, parágrafo único). 
 
A Lei Constitucional n. 13, de 12/11/1945, atribuiu poderes constituintes ao 
Parlamento que seria eleito em 02/12/1945 para a elaboração da nova Constituição 
do Brasil. 
A Assembleia Constituinte foi instalada em 1º de fevereiro de 1946, vindo o 
texto a ser promulgado em 18/09/1946. Tratava-se da redemocratização do País, 
repudiando-se o Estado totalitário que vigia desde 1930. 
 
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O texto buscou inspiração nas ideias liberais da Constituição de 1891 e nas 
ideias sociais da de 1934. Na ordem econômica, procurou harmonizar o princípio da 
livre-iniciativa com o da justiça social. 
 
Algumas características da Constituição de 1946: 
 A Forma de Governo era a Republicana e Forma de Estado a 
Federativa, conforme o artigo 1º que dizia, “os Estados Unidos do Brasil, mantêm, 
sob o regime representativo, a Federação e a República”. Prestigiam o 
municipalismo. 
 O Distrito Federal continuou como Capitalda União. 
 
Cabe lembrar, contudo, a previsão do artigo 4º, do ADCT: 
 
“a Capital da União será transferida para o planalto central do País. 
Promulgado este Ato, o Presidente da República, dentro em 60 dias, nomeará uma 
Comissão de técnicos de reconhecido valor para proceder ao estudo da localização 
da nova Capital. O estudo previsto no parágrafo antecedente será encaminhado ao 
Congresso Nacional, que deliberará a respeito, em lei especial, e estabelecerá o 
prazo para o início da delimitação da área a ser incorporada ao domínio da União. 
Findos os trabalhos demarcatórios, o Congresso Nacional resolverá sobre a data da 
mudança da Capital. Efetuada a transferência, o atual Distrito Federal passará a 
constituir o Estado da Guanabara”. 
 
Cumprindo o seu “Plano de Metas” (“50 anos em 5”), Juscelino Kubitschek, 
além de suas importantes realizações econômicas, implementa a tão esperada 
construção de Brasília, a nova capital do Brasil, que depois de tanto tempo sendo 
prevista nos textos constitucionais, foi inaugurada em 21 de abril de 1960. 
 A inexistência de religião oficial teve continuidade, muito embora a 
expressa menção a “Deus” inserida no preâmbulo da Constituição. 
 Em relação a organização dos Poderes, a teoria clássica da tripartição 
de “Poderes” de Montesquieu foi restabelecida. 
 
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 Nos termos do artigo 37, o Poder Legislativo era exercido pelo 
Congresso Nacional, que se compunha da Câmara dos Deputados e do Senado 
Federal, reaparecendo o bicameralismo igual. 
A Câmara dos Deputados compunha-se de representantes do povo, eleitos, 
segundo o sistema de representação proporcional, pelos Estados, pelo Distrito 
Federal e pelos Territórios, para mandado de 4 anos. 
O Senado Federal, por sua vez, compunha-se de representantes dos Estados 
e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário e para mandato de 8 
anos, Cada Estado, e bem assim o Distrito Federal, elegia 3 Senadores, renovando-
se a representação de cada Estado e a do Distrito Federal de 4 em 4 anos, 
alternativamente, por 1 e por 2/3. 
Nos termos do artigo 61, as funções de Presidente do Senado Federal eram 
exercidos pelo Vice-Presidente da República. 
 
Nos termos do artigo 141, § 13, constitucionalizaram-se os Partidos Políticos, 
sendo vedada a organização, o registro ou o seu funcionamento nas hipóteses em 
que o programa ou ação contrariassem o regime democrático, baseado na 
pluralidade dos partidos e na garantia dos direitos fundamentais do homem. 
 Poder Executivo: retomando a normalidade democrática, o Presidente da 
República deveria ser eleito de forma direta para mandato de 5 anos, junto com o 
Vice-Presidente, que, como visto, acumulava a função de Presidente do Senado 
Federal. 
 Poder Judiciário: foi retomada a situação de normalidade. 
 
O Poder Judiciário era exercido pelos seguintes órgãos: 
a) Supremo Tribunal Federal; 
b) Tribunal Federal de Recursos; 
c) Juízes e Tribunais Militares; 
d) Juízes e Tribunais eleitorais; 
e) Juízes e Tribunais do trabalho. 
 
 O mandado de segurança e a ação popular foram restabelecidos no 
texto constitucional. 
 
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Salienta-se que nos termos do artigo 141, § 4º, consagrou-se o princípio da 
inafastabilidade do controle jurisdicional ao estabelecer que “a lei não poderá excluir 
da apreciação do Poder Judiciário qualquer lesão de direito individual”. 
E ainda, nos termos do artigo 141, § 13, passa-se, pela primeira vez, a prever 
a regra para os partidos políticos. 
Além disso, nos termos do artigo 141, § 31, vedou-se, caracterizando de 
cunho humanitário, a pena de morte (salvo disposições da legislação militar em 
tempo de guerra com país estrangeiro), a de banimento, a de confisco e a de caráter 
perpétuo. 
E por fim, nos termos do artigo 158, foi reconhecido o direto de greve. As 
várias garantias dos trabalhadores já conquistadas durante o “Estado Novo” foram 
mantidas, marcando importante “degrau” na evolução social do País. 
 
 Perdendo o apoio político, tanto do centro da direto, o Presidente Jânio 
Quadros renunciou em 25 de agosto de 1961, encaminhando carta ao Congresso 
Nacional pela qual afirmava que teria sido pressionado por “forças ocultas terríveis”. 
O Vice-Presidente João Goulart (Jango) estava na China e, assim, as Forças 
Armadas tentaram impedir o seu retorno, tendo em vista o receio com suas ligações 
comunistas. 
Não aceitando o inconstitucional afastamento de Jango, o Congresso 
Nacional tentando ser conservador, aprovou, em 02/09/1961, o regime 
parlamentarista. 
A grande novidade era a dualidade do Executivo, exercido pelo Presidente da 
República e pelo Conselho de Ministros, cabendo a estes a responsabilidade política 
do Governo. Nos termos do artigo 3º, inciso I, da EC n. 4/61, o Presidente da 
República nomeava o Primeiro-Ministro, que, por sua vez, escolhia os demais 
Ministros a serem nomeados pelo Presidente da República. 
Feito o referendo, em 06/01/1963, o povo determinou o retorno imediato ao 
presidencialismo, que continuou até a Revolução Militar de 1964. 
 
Interferência Militar de 1964 
 
 
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João Goulard foi derrubado por um movimento militar que eclodiu em 
31/03/1964, tendo sido acusado de estar a serviço do “comunismo internacional”. 
Instalava-se, assim, uma nova “ordem revolucionária” no País. 
O General Costa e Silva, o Brigadeiro Francisco Correia de Melo e o 
Almirante Augusto Rademaker, militares vitoriosos, constituíram o chamado 
Supremo Comando da Revolução e, em 09/04/1964, baixaram o Ato Institucional n. 
1, de autoria de Francisco Campos (o mesmo que elaborou a Carta de 1937), com 
muitas restrições à democracia: 
a) Nos termos do artigo 6º, o Comando da Revolução poderia decretar o 
estado de sítio; 
b) Nos termos do artigo 7º, conferia-se o poder de aposentar civis ou 
militares; 
c) Nos termos de seu artigo 10, o de suspender direitos políticos, cassar 
mandatos legislativos federais, estaduais e municipais, excluída a apreciação judicial 
desses atos. 
O AI n. 2/65, após ter estabelecido eleições indiretas para Presidente e Vice-
Presidente da República, foi seguido pelo n. 3, que também as estabeleceu em 
âmbito estadual. 
O Congresso Nacional foi fechado em 1966, sendo reaberto, posteriormente, 
nos termos do AI n. 4/66. 
Contudo, em razão do “autoritarismo” implantado pelo Comando Militar da 
Revolução, não possuindo o Congresso Nacional liberdade para alterar 
substancialmente o novo Estado que se instaurava, o texto de 1967 foi outorgado 
unilateralmente, apesar de formalmente votado, aprovado e “promulgado” pelo 
regime ditatorial militar implantado. 
Em conclusão, pode-se afirmar que a Constituição de 1946 foi suplantada 
pelo Golpe Militar de 1964. Embora continuasse existindo formalmente, o País 
passou a ser governado pelos Atos Institucionais e Complementares, com o objetivo 
de consolidar a “Revolução Vitoriosa”, que buscava combater e “drenar o bolsão 
comunista” que assolava o Brasil. 
 
Constituição de 1967 
 
 
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Na mesma linha da Carta de 1937, a de 1967 concentrou, bruscamente, o 
poder no âmbito federal, esvaziando os Estados e Municípios e conferindo amplos 
poderes ao Presidente da República. E a grande preocupação foi com a segurança 
nacional.Algumas características podem ser destacadas na Constituição de 1967: 
 A Forma de Governo foi a República. 
 Muito embora o artigo 1º, estabelecesse ser o Brasil uma República 
Federativa, constituída, sob o regime representativo, pela união indissolúvel dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, na prática, contudo, o que se percebeu 
foi um duro “golpe” no federalismo, mais se aproximando de um Estado unitário 
centralizado do que federativo. 
 Nos termos do artigo 2º, o Distrito Federal continuou sendo a Capital da 
União, lembrando que os Poderes da República já haviam sido transferidos para 
Brasília, no Planalto Central do País, inaugurada em 21 de abril de 1960. 
 
 Continuou o Brasil a ser um país leigo, embora houvesse a expressa 
menção a “Deus” no preâmbulo. 
 A teoria clássica da tripartição de Poderes de Montesquieu foi 
formalmente mantida. 
 
Conforme anota Celso Bastos, com precisão, no Livro Curso de direito 
constitucional, 21. ed., p. 134, apesar da previsão da tripartição de Poderes, “... no 
fundo existia um só, que era o Executivo, visto que a situação reinante tornava por 
demais mesquinhas as competências tanto do Legislativo quanto do Judiciário...”. 
 Nos termos do artigo 29, o Poder Legislativo era exercido pelo 
Congresso Nacional, que se compunha da Câmara dos Deputados e do Senado 
Federal. A Câmara dos Deputados era formada por representantes do povo, eleitos 
por voto direto e secreto, em cada Estado e Território e para mandato de 4 anos. O 
Senado Federal compunha-se de representantes dos Estados, eleitos pelo voto 
direto e secreto, segundo o princípio majoritário. Cada Estado elegia 3 Senadores, 
com mandato de 8 anos, renovando-se a representação de 4 em 4 anos, 
alternadamente, por 1 e por 2/3. 
 
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Na prática, contudo, conforme visto, o Legislativo teve a sua competência 
diminuída. 
Além disso, nos termos do artigo 41, § 2º, fortaleceu-se a representação dos 
Deputados nos Estados menores: “o número de Deputados será fixado em lei, em 
proporção que não exceda de um para cada trezentos mil habitantes, até vinte e 
cinco Deputados, e, além desse limite, um para cada milhão de habitantes”. 
 O Poder Executivo foi fortalecido, o Presidente era eleito para mandato 
de 4 anos, de maneira indireta por sufrágio do Colégio Eleitoral, composto pelos 
membros do Congresso Nacional e de Delegados indicados pelas Assembleias 
Legislativas dos Estados, em sessão pública e mediante votação nominal. 
O Presidente da República legislava por decretos-leis, que poderiam ser 
editados em casos de urgência ou de interesse público relevante, e desde que não 
resultasse aumento de despesa sobre as seguintes matérias: 
a) Segurança nacional; 
b) Finanças públicas. 
 
O artigo 58, parágrafo único, previa a criticada aprovação por decurso de 
prazo de decreto-lei, já que, publicado o texto, que tinha vigência imediata, o 
Congresso Nacional o aprovava ou rejeitava, dentro de 60 dias, não podendo 
emendá-lo. Se, porém, nesse prazo não houvesse deliberação, o texto seria tido 
como aprovado. 
Nos termos do artigo 60, estrategicamente, estabeleceu-se a iniciativa 
exclusiva do Presidente da República para certas matérias, ou seja, só ele poderia 
dar início ao processo legislativo. 
 Poder Judiciário: o Poder Judiciário da União era exercido pelos 
seguintes órgãos: 
a) Supremo Tribunal Federal; 
b) Tribunais Federais de Recursos e Juízes Federais; 
c) Tribunais e Juízes Militares; 
d) Tribunais e Juízes Eleitorais; 
e) Tribunais e Juízes do Trabalho. 
Havia previsão da Justiça Estadual, em razão do centralismo, o Judiciário 
também teve sua competência diminuída. 
 
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 Havia exagerada possibilidade de suspensão de direitos políticos por 
10 anos, nos termos do artigo 151. 
Houve a previsão de se tornar perdida a propriedade para fins de reforma 
agrária, mediante o pagamento da indenização com títulos da dívida pública. 
Os direitos dos trabalhadores foram definidos com maior eficácia. 
 
 Conforme anota Celso Bastos, apud: 
 
“... o Sistema Tributário Nacional, que há pouco, sofrera uma modificação, por 
meio da Emenda Constitucional n. 18 à Constituição de 1946, foi em princípio 
mantido. Contudo, a discriminação de rendas, ampliando a técnica do federalismo 
cooperativo, acabou por permitir uma série de participações de uma entidade na 
receita da outra, com acentuada centralização. Quanto à matéria orçamentária 
aparecem o orçamento-programa, os programas plurianuais de investimento, além 
da própria atualização do sistema orçamentário.” 
 
 AI-5, de 13/12/1968: o AI-5, o famigerado e mais violento ato baixado 
pela ditadura, perduraria até a sua revogação pela EC n. 11, de 17/10/1978, fixando 
as seguintes “atrocidades”, nos termos de sua ementa: 
a) Formalmente, foram mantidas a Constituição de 24/01/1967 e as 
Constituições Estaduais, com as modificações constantes do AI-5; 
b) O Presidente da República poderia decretar o recesso do Congresso 
Nacional, das Assembleias Legislativas e das Câmaras de Vereadores, por ato 
complementar em estado de sítio ou fora dele, só voltando a funcionar quando 
convocados seus membros pelo Presidente da República; 
c) O Presidente da República, no interesse nacional, poderia decretar a 
intervenção nos Estados e Municípios, sem as limitações previstas na Constituição; 
d) Os direitos políticos de quaisquer cidadãos poderiam ser suspensos 
pelo prazo de 10 anos e cassados os mandatos eletivos federais, estaduais e 
municipais; 
e) Ficaram suspensas as garantias constitucionais ou legais de 
vitaliciedade, inamovibilidade e estabilidade, bem como a de exercício em funções 
por prazo certo; 
 
AS EXPERIÊNCIAS CONSTITUCIONAIS BRASILEIRAS 
 
 
 
 
 
 
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f) O Presidente da República, em quaisquer dos casos previstos na 
Constituição, poderia decretar o estado de sítio e prorrogá-lo, fixando o respectivo 
prazo; 
g) O Presidente da República poderia, após investigação, decretar o 
confisco de bens de todos quantos tivessem enriquecido ilicitamente, no exercício do 
cargo ou função; 
h) Suspendeu-se a garantia de habeas corpus, nos casos de crimes 
políticos contra a segurança nacional, a ordem econômica e social e a economia 
popular (artigo 10 do AI-5); 
i) Finalmente, a triste previsão do artigo 11 do AI-5: “excluem-se de 
qualquer apreciação judicial todos os atos praticados de acordo com este Ato 
Institucional e seus Atos Complementares, bem como os respectivos efeitos”. 
No mesmo dia em que o AI-5 foi baixado por Costa e Silva, o Congresso 
Nacional foi fechado, nos termos do Ato Complementar n. 38, de 13/12/1968, 
situação essa que perdurou por mais de 10 meses. 
 
Constituição de 1969 – EC n. 1, 17/10/1969 
A EC n. 1/69 não foi subscrita pelo Presidente da República Costa e Silva 
(15/03/1967 a 31/08/1969), impossibilitado de governar por sérios problemas de 
saúde, nem “estranhamente”, pelo Vice-Presidente Pedro Aleixo, um civil. 
Com base no AI n. 12, de 31/08/1969, consagrou-se no Brasil um governo de 
“juntas militares”, já que referido ato permitia que, enquanto Costa e Silva estivesse 
afastado por motivos de saúde, governassem os Ministros da Marinha de Guerra, do 
Exército e da Aeronáutica Militar. Nesse sentido, e com “suposto” fundamento, é que 
a EC n. 1/69 foi baixada pelos Militares, já que o Congresso Nacional estava 
fechado. 
Sem dúvida, dado o seu caráter revolucionário, podemos considerar a EC n. 
1/69 como a manifestação

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