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AS CONSTITUICOES DO BRASIL analise historica

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aS CoNStItuIÇÕES Do BRaSIl
aNÁlISE HIStÓRICa DaS CoNStItuIÇÕES E DE tEMaS 
RElEVaNtES ao CoNStItuCIoNalISMo pÁtRIo
JÚlIo DE SouZa GoMES
líVIa pItEllI ZaMaRIaN
oRGaNIZaDoRES
1a EDIÇÃo
BIRIGuI - Sp
2012
aS CoNStItuIÇÕES Do BRaSIl
aNÁlISE HIStÓRICa DaS CoNStItuIÇÕES E DE tEMaS 
RElEVaNtES ao CoNStItuCIoNalISMo pÁtRIo
© 2012 Júlio de Souza Gomes e Lívia Pitelli Zamarian
©Direitos de Publicação
Editora Boreal
R. Aurora, 897 - Birigüi - SP - 16200-263 
(18) 3644-6578
www.editoraboreal.com.br
boreal@editoraboreal.com.br
Direção e Edição
Carlos Roberto Garcia Cottas
Capa
Carlos Roberto Garcia Cottas 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Índices para Catálogo Sistemático:
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS: Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, especialmente por sistemas 
gráficos, microfílmicos, fotográficos, reprográficos, fonográficos, videográficos. Vedada a memorização e/ou a recuperação total ou parcial, 
bem como a inclusão de qualquer parte desta obra em qualquer sistema de processamento de dados. Essas proibições aplicam-se também às 
características gráficas da obra e à sua editoração. A violação dos direitos autorais é punível como crime (artigo 184 e parágrafos do Código 
Penal) com pena de prisão e multa, busca e apreensão e indenizações diversas (artigos 101 a 110 da Lei 9.610/98, Lei dos Direitos Autorais).
As opiniões contidas nos capítulos desta obra são de responsabilidade exclusiva dos seus autores, não representando, necessáriamente, a opinião 
dos organizadores e da editora desta obra.
Orgulhosamente elaborado e impresso no Brasil
2012
CoNSElHo EDItoRIal Da EDItoRa BoREal
Andréia de Abreu
Doutoranda e Mestre em Engenharia de produção - uFSCaR
Antonio Celso Baeta Minhoto
Doutor em Direito pela ItE-Bauru
Daniel Marques de Camargo
Mestre em Direito pela uENp
 
Dayene Pereira Siqueira
Mestre em Educação pelo Centro universitário Moura lacerda
 
Dirceu Pereira Siqueira
Doutorando e Mestre em Direito pela ItE-Bauru
 
Jaime Domingues Brito
Doutorando em Direito pela ItE-Bauru
Leonides da Silva Justiniano
Doutor em Educação pela uNESp
Doutorando em Ciências Sociais pela uNESp
Luciano Lobo Gatti
Doutor em Ciências pela uNIFESp
Marisa Rossinholi
Doutora em Educação pela uNIMEp
 
Murilo Angeli Dias dos Santos
Mestre em Filosofia pela uSJt
 
Sérgio Tibiriçá Amaral
Doutor em Direito pela ItE-Bauru
SuMÁRIo
SoBRE oS autoRES XI
apRESENtaÇÃo XV
pREFÁCIo XVII
paRtE I
aNÁlISE DaS CoNStItuIÇÕES BRaSIlEIRaS
Capítulo I
BREVES EStuDoS SoBRE a CoNStItuIÇÃo IMpERIal (1824) 3
Bruno Miola da Silva
João Fábio Gonçalves
Capítulo II
a CoNStItuIÇÃo DoS EStaDoS uNIDoS Do BRaSIl (1891) 18
João Gustavo Bachega Masiero
Henrique Carani Coube
Capítulo III
a CoNStItuIÇÃo Da REpÚBlICa DoS EStaDoS uNIDoS 
Do BRaSIl (1934) 34
Elaine Cristina de Oliveira
Lívia Pitelli Zamarian
Capítulo IV
a CoNStItuIÇÃo Do EStaDo NoVo (1937) 59
Leandro Douglas Lopes
Ronaldo Adriano dos Santos
Capítulo V
a CoNStItuIÇÃo Da REpÚBlICa DoS EStaDoS uNIDoS 
Do BRaSIl (1946) 77
Júlio de Souza Gomes
Luiz Augusto Almeida Maia
Capítulo VI
a CoNStItuIÇÃo Da REpÚBlICa FEDERatIVa Do BRaSIl (1967) 
E a EMENDa Nº1/1969 97
Cristiane de Toledo Barros Burjato Simões
Capítulo VII
a CoNStItuIÇÃo DE WEIMaR E Sua INFluÊNCIa NaS 
CoNStItuIÇÕES BRaSIlEIRaS 115
Daniela Dias Graciotto Martins 
Thiago de Barros Rocha
Capítulo VIII
a CoNStItuIÇÃo CIDaDÃ Da REpÚBlICa FEDERatIVa 
Do BRaSIl (1988) 135
Juliana Cristina Borcat
Lívia Pelli Palumbo
paRtE II
tEMaS RElEVaNtES E SEu tRataMENto Na HIStÓRIa 
CoNStItuCIoNal BRaSIlEIRa
Capítulo IX
o MEIo aMBIENtE NaS CoNStItuIÇÕES BRaSIlEIRaS 
DE 1824 a 1988 163
Manoel Browne de Paula
Capítulo X
pRotEÇÃo pENal E GaRaNtIaS CoNStItuCIoNaIS 185
Haroldo Cesar Bianchi
Capítulo XI
a INFluÊNCIa Do pENSaMENto CRIStÃo NaS 
CoNStItuIÇÕES BRaSIlEIRaS 209
José Raimundo de Carvalho
Márcio Calçada Fernandes Machado
Capítulo XII
o DIREIto Do tRaBalHo NaS CoNStItuIÇÕES BRaSIlEIRaS 229
Winnicius Pereira de Góes
Capítulo XIII
a FaMílIa NaS CoNStItuIÇÕES BRaSIlEIRaS 248
Maria Amélia Belomo Castanho
Capítulo XIV
CoNtRolE DE CoNStItuCIoNalIDaDE NaS CoNStItuIÇÕES 
BRaSIlEIRaS 272
Marcelo Specian Zabotini
Peter Panutto
Capítulo XV
CoNtRolE CoNCENtRaDo DE CoNStItuCIoNalIDaDE EStaDual 294
Antônio da Silva Ortega
Felipe Gomes Salgueiro
Capítulo XVI
o DIREIto CoNStItuCIoNal À RaZoÁVEl DuRaÇÃo Do pRoCESSo 313
Willian Cleber Zolandeck
Capítulo XVII
aCESSo ao JuDICIÁRIo E a EFEtIVaÇÃo DE DIREIto 339
Gelson Amaro de Souza
Gelson Amaro de Souza Filho
Capítulo XVIII
atIVISMo JuDICIal E o StF 359
Nathália Mariáh Mazzeo Sánchez
Capítulo XIX
a GaRaNtIa Do aCESSo À JuStIÇa ao EStRaNGEIRo No 
BRaSIl E Na VISÃo Do DIREIto INtERNaCIoNal 375
Luís Renato Vedovato
SoBRE oS autoRES
Antônio da Silva Ortega
Mestrando em Direito pela Instituição Toledo de Ensino (ITE/Bauru). Especialista 
em Direito Processual Civil pela Universidade do Amazonas. Analista Judiciário da 
Justiça Federal de São Paulo.
Bruno Miola da Silva
Mestrando em Direito pela Instituição Toledo de Ensino (ITE/Bauru). MBA em
Direito Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas. Advogado.
Cristiane de Toledo Barros Burjato Simões
Mestranda em Direito pela Instituição Toledo de Ensino (ITE/Bauru). Servidora
Pública Estadual.
Daniela Dias Graciotto Martins 
Mestranda em Direito pela Instituição Toledo de Ensino (ITE/Bauru). Juíza
Substituta do Estado de São Paulo (TJSP).
Elaine Cristina de Oliveira
Mestranda em Direito pela Instituição Toledo de Ensino (ITE/Bauru). Especialista
em Direito do Estado pela Faculdade Anhanguera. Advogada.
Felipe Gomes Salgueiro
Mestrando em Direito pela Instituição Toledo de Ensino (ITE/Bauru). Especialista 
em Direito Civil e Processual Civil pela Instituição Toledo de Ensino (ITE/Bauru). 
Analista Judiciário da Justiça Federal de São Paulo.
Gelson Amaro de Souza
Doutor em Direito Processual Civil pela Pontifícia Universidade Católica (PUC/
SP), Professor concursado para os cursos de graduação e mestrado em direito 
da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP/Campus de Jacarezinho), 
ex-diretor e professor da Faculdade de Direito da Associação Educacional Toledo 
de Presidente Prudente/SP. Procurador do Estado (aposentado) e advogado em 
Presidente Prudente /SP.
Gelson Amaro de Souza Filho
Jornalista Graduado pela Universidade do Oeste Paulista e Bacharel em Direito 
pelas Faculdades Integradas Antônio Eufrásio de Toledo de Presidente Prudente/SP
Haroldo Cesar Bianchi
Mestre em Direito pela Instituição Toledo de Ensino (ITE/Bauru). Doutor em
Direito das Relações Sociais pela Pontifícia Universidade Católica (PUC/SP).
Promotor de Justiça Criminal da Capital do Estado de São Paulo. Professor de
Direito Penal da Faculdade de Direito/Centro Universitário de Bauru. Conselheiro
do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional do Ministério Público – Escola
Superior do Ministério Público do Estado de São Paulo.
Henrique Carani Coube
Tabelião de Notas e Oficial de Registro Civil das Pessoas Naturais. Especialista
pela Faculdade de Direito Prof. Damásio de Jesus. Tabelião de Notas e Oficial de
Registro Civil das Pessoas Naturais.
João Fábio Gonçalves
Mestrando em Direito pela Instituição Toledo de Ensino (ITE/Bauru). Especialista
em Direito Educacional pelas Faculdades Claretianas e em Gestão Educacional pela
Universidade Estadual de Campinas. Diretor de Escola da Rede Estadual do Estado
de São Paulo e advogado.
João Gustavo Bachega Masiero
Mestrando em Direito pela Instituição Toledo de Ensino (ITE/Bauru). Especialista
em Direito Público pela Escola Paulista de Direito. Advogado.
José Raimundo de Carvalho
Mestrando em Direito pela Instituição Toledo de Ensino (ITE/Bauru). Sacerdote
Católico.
Juliana Cristina Borcat
Mestranda em Direito pela Instituição Toledo de Ensino (ITE/Bauru). Advogada.
Júlio de Souza Gomes
Mestrando em Direito pela Instituição Toledo de Ensino (ITE/Bauru). Especialista
emDireito Tributário pela Fundação Eurípedes Soares da Rocha. Advogado
Leandro Douglas Lopes
Mestrando em Direito pela Instituição Toledo de Ensino (ITE/Bauru). Advogado.
Lívia Pelli Palumbo
Mestranda em Direito pela Instituição Toledo de Ensino (ITE/Bauru). Advogada.
Lívia Pitelli Zamarian
Mestranda em Direito pela Instituição Toledo de Ensino (ITE/Bauru). Especialista
em Direito Civil e Processo Civil pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e 
em Direito Aplicado pela Escola da Magistratura do Paraná (EMAP). Docente na 
Universidade Norte do Paraná (UNOPAR). Advogada.
Luís Renato Vedovato
Mestre e Doutor em Direito Internacional pela Faculdade de Direito da Universidade 
de São Paulo (USP). Professor da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade 
Católica (PUC/Campinas) e da FACAMP.
Luiz Augusto Almeida Maia
Mestrando em Direito pela Instituição Toledo de Ensino (ITE/Bauru). Advogado.
Manoel Browne de Paula
Mestrando em Direito pela Instituição Toledo de Ensino (ITE/Bauru). Especialista
em Meio Ambiente (COPPE/UFRJ). Legal and Law Master em Direito Empresarial 
(IBMEC). Responsável pela Gerência de Relações Institucionais e Meio Ambiente 
da Lwart Lubrificantes Ltda. Palestrante.
Marcelo Specian Zabotini
Mestrando em Direito pela Instituição Toledo de Ensino (ITE/Bauru). Oficial de 
Registro de Imóveis, Títulos e Documentos e Civil de Pessoas Jurídicas no Estado 
de São Paulo.
Márcio Calçada Fernandes Machado
Mestrando em Direito pela Instituição Toledo de Ensino (ITE/Bauru). Professor da 
Faculdade de Ciências Sociais e Agrárias de Itapeva (FAIT). Advogado.
Maria Amélia Belomo Castanho
Mestre em Ciência Jurídica da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP/ 
Campus Jacarezinho). Advogada.
Nathália Mariáh Mazzeo Sánchez
Aluna regular (bolsista CAPES) do Programa de Pós-graduação stricto sensu em
Direito Negocial da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Especialista em 
Direito Aplicado pela Escola da Magistratura do Paraná (EMAP). Advogada.
Peter Panutto
Mestrando em Direito pela Instituição Toledo de Ensino (ITE/Bauru). Diretor 
e professor de Direito Processual Civil da Faculdade de Direito da Pontifícia 
Universidade Católica (PUC/Campinas). Advogado. Membro da Comissão de 
Educação Jurídica da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/ Seção de São Paulo).
Ronaldo Adriano dos Santos
Mestrando em Direito pela Instituição Toledo de Ensino (ITE/Bauru). Advogado.
Thiago de Barros Rocha
Mestrando em Direito pela Instituição Toledo de Ensino (ITE/Bauru). Advogado.
Willian Cleber Zolandeck
Mestrando em Ciência Jurídica pela Universidade Estadual do Norte do Paraná 
(UENP). Especialista em Direito Civil e Empresarial pela Academia Brasileira de 
Direito Constitucional (ABDConst). Professor da Faculdade Metropolitana de 
Curitiba. Advogado.
Winnicius Pereira de Góes
Mestrando em Ciência Jurídica pela Universidade Estadual do Norte do Paraná 
(UENP). Especialista em Direito e Processo do Trabalho pela Faculdade Arthur 
Thomas (FAAT). Especialista em Direito Constitucional pela Pontifícia Universidade 
Católica do Paraná (PUCPR). Especialista em Direitos Humanos e Democracia 
pelo Ius Gentium Conimbrigae da Faculdade de Direito de Coimbra. Bolsista da 
Fundação Araucária.
apRESENtaÇÃo
Fruto de discussões e estudos realizados nas aulas do mestrado na 
Instituição Toledo de Ensino, em Bauru/SP, esta obra, que além da participação 
de todos os mestrandos da turma 2010-2012, logo recebeu a ilustre contribuição 
de professores e de autores vinculados a outros programas, revisita a história 
constitucional brasileira. 
Na primeira parte da obra, os capítulos apresentam cada uma das sete 
constituições brasileiras, com a ressalva de que a Emenda Constitucional n. 1/69 
não é entendida como uma nova constituição e, portanto, foi tratada junto com 
a Constituição de 1937. A obra tem o mérito de contextualizar historicamente as 
constituições brasileiras, sem descuidar dos aspectos jurídicos mais relevantes e as 
características peculiares de cada documento que, quiçá, tenham infl uenciado o 
atual constitucionalismo. Há ainda, nesta primeira parte, um capítulo dedicado 
à constituição de Weimar, por representar um marco na própria conformação 
do Estado, com a implantação dos direitos sociais, bem como, pelo forte refl exo 
que imprimiu nas constituições brasileiras, a partir de 1934. 
A segunda parte da obra é dedicada ao estudo do tratamento constitucional 
de diversos temas considerados relevantes pelos autores. O meio ambiente, a 
proteção penal, o pensamento cristão, o direito do trabalho, a família, o controle 
de constitucionalidade estadual e federal, a razoável duração do processo, o acesso 
ao judiciário e a efetivação de direito, o ativismo judicial e o acesso à justiça ao 
estrangeiro no Brasil foram os temas escolhidos ante sua importância social.
A obra não busca exaurir todos os temas constitucionais essenciais, 
mas é, certamente, uma consulta obrigatória para aqueles que pesquisam 
tais matérias. Destaca-se ainda, pela realização de uma digressão histórica, de 
importância singular para todos os estudiosos do direito, ante ao atual estágio do 
constitucionalismo pátrio que deve permear qualquer refl exão jurídica.
Os organizadores
Júlio de Souza Gomes
Lívia Pitelli Zamarian
pREFÁCIo
O programa de pós-graduação stricto sensu da Instituição Toledo 
de Ensino de Bauru, fazendo jus a seu pioneirismo, porquanto o primeiro 
programa de mestrado e doutoramento em Direito de uma instituição privada 
do interior de São Paulo, tem se destacado por sua produção científi ca apurada e 
simultaneamente voltada a temas atuais e de relevante importância social.
Na verdade, essa compostura acadêmica deriva de um arco de 
características, que, em uma ponta, apresenta como nota uma rigorosa formação 
científi ca de seus pós-graduandos e, em outra, um convite constante a estes para 
que aprofundem a pesquisa e a especulação sobre os diversos temas de Direito 
Constitucional, inclusive por meio da edição de obras literárias como esta que 
ora se apresenta.
Assim, foi com bastante orgulho que recebi o convite para prefaciar este 
livro. Conheço, de perto, todos os autores, podendo atestar o engajamento 
verdadeiro e dedicado de cada um deles ao estudo do Direito. Tal afi rmação 
pode ser verifi cada, ainda uma vez, pela leitura dos textos que compõem esta 
importante obra científi ca.
É de se destacar: estão alicerçados em sólida pesquisa, apresentam um 
invejável desenvolvimento lógico e destrinçam matérias relevantíssimas da 
história do Direito Constitucional brasileiro.
Cumprimento, assim, os autores. Em primeiro lugar, pelo exaustivo 
trabalho e, em segundo, por brindarem a nós, leitores, com textos tão ricos e 
relevantes.
 
Bauru, 15 de outubro de 2012
 Professor VIDAL SERRANO NUNES JUNIOR
 Livre-docente em Direito Constitucional
aNÁlISE DaS CoNStItuIÇÕES 
BRaSIlEIRaS
PARTE I
BREVES EStuDoS SoBRE a CoNStItuIÇÃo 
IMpERIal (1824)
Bruno Miola da Silva
Mestrando em Direito Constitucional pela Instituição Toledo de Ensino. MBA em Direito 
Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas. Advogado.
João Fábio Gonçalves
Mestrando em Direito Constitucional pela Instituição Toledo de Ensino. Especialista 
em Direito Educacional pelas Faculdades Claretianas e em Gestão Educacional pela 
Universidade Estadual de Campinas. Diretor de Escola da Rede Estadual do Estado de São 
Paulo e advogado.
INTRODUÇÃO: CONTExTO hISTóRICO
Com a volta de D. João VI para Portugal em 26/04/1821, fi ca no 
comando do Brasil, agora na categoria de Reino Unido a Portugal, o seu fi lho 
D. Pedro. Este, atendendo ao requerimento do Conselho dos Procuradores das 
Províncias, convoca uma “Assembleia Geral Constituinte e Legislativa do Brasil”, 
em 03/06/1832. A partir de então, gerou-se uma sucessão de acontecimentos 
culminando na Independência do Brasil.
A Constituição do Império teve vigência de 25/03/1824 a 15/11/1889, 
sendo a Carta Magna de maior longevidade de nossopaís.
Entretanto, não só a longevidade marcou esta Carta. Em franca usurpação 
da vontade constituinte dos governados, o Imperador chamou para si todo o 
poder constituinte, sendo esta a primeira última usurpação da Monarquia1.
1. BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 2004, p. 166
CAPÍTULO I
aS CoNStItuIÇÕES Do BRaSIl
aNÁlISE HIStÓRICa DaS CoNStItuIÇÕES E DE tEMaS RElEVaNtES ao CoNStItuCIoNalISMo pÁtRIo4
Dentre as características, se destaca nesta Constituição: estabelecia um 
governo monárquico unitário e hereditário; a existência de quatro poderes, o 
Legislativo, o Executivo, o Judiciário e o Moderador, este acima de todos os 
demais e exercido pelo Imperador; a religião oficial era o Catolicismo Apostólico 
Romano, com a igreja submissa ao Estado, podendo o Imperador conceder 
cargos eclesiásticos; o texto constitucional definia quem era considerado cidadão; 
as eleições eram censitárias, abertas e indiretas; o Imperador não respondia 
pelos seus atos judicialmente, ou seja, era irresponsável; foi uma das primeiras 
constituições no mundo a incluir em seu texto um rol de direitos e garantias 
individuais.
A primeira constituinte iniciou os seus trabalhos em 3 de maio de 
1923. Embora os constituintes tenham sido eleitos livremente, seus trabalhos 
dependeriam da aprovação do Imperador. Conforme Paulo Bonavides:
O Imperador tinha o poder de pôr e dispor; os constituintes podiam 
escrever livremente a Constituição, desde que ela fosse “digna da real 
aprovação”. Em tal estado de coisas, um dos lados tem de ser subjugado, 
já que uma composição parecia hipótese remota. 2
Após dissolver a Assembleia Constituinte sob a acusação de não atender 
ao juramento de defender a integridade do Império, D. Pedro I forma um 
Conselho de Estado composto por dez membros sob a sua presidência, com 
a incumbência de elaborar um projeto de Constituição, que deveria ser 
posteriormente discutido pela Assembleia dissolvida.
Sob a justificativa de se produzir uma Constituição “duplicadamente 
mais liberal do que a extinta Assembleia acabou de fazer”, o Príncipe Regente 
confiou a um Conselho de Estado composto de dez membros a incumbência de 
preparar o Projeto de Constituição. Este Projeto foi outorgado pelo Imperador 
como a Constituição Política do Império, dispensando-se uma nova convocação 
de Assembleia Constituinte3.
Bonavides4 explica que a dissolução da assembleia constituinte provocou 
um trauma na alma liberal da nação, pois ali estava sediado “o sentimento de 
progressão de nossas liberdades e franquias”. O golpe de Estado de novembro de 
1823, continua o autor, representou um grande revés na luta contra um Estado 
autocrático e usurpador.
A Constituição do Império instituiu o Governo monárquico hereditário, 
constitucional e representativo (art. 3º). 
2. BONAVIDES, Paulo. História Constitucional do Brasil. 2005, p. 100.
3. HORTA, Raul Machado. Estudos de Direito Constitucional. 1995, p. 55.
4. BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 2004., p. 215.
BREVES EStuDoS SoBRE 
a CoNStItuIÇÃo IMpERIal (1824) 5
De acordo com José Afonso da Silva5, as bases da Constituição do Império 
se preocupavam com Manutenção do equilíbrio da sociedade, uma vez que o 
texto constitucional foi outorgado em um momento em que havia interesses 
heterogêneos e contraditórios na sociedade brasileira.
A sociedade brasileira na época do império era marcada por forças 
reacionárias que visavam o retorno do País ao seu estado colonial. Classes sociais 
superiores da colônia – no caso os proprietários rurais – esperavam satisfazer 
seus interesses com a consolidação da liberdade e da independência do país. Por 
outro lado, forças populares encaravam a Constituição como forma de libertação 
econômica e social6.
A Constituição do Império conseguiu acomodar a situação e conciliar 
os diversos interesses conflitantes na medida em que considerou os portugueses 
como nacionais, pela combinação da residência tomada como adesão ao Império.
Ao mesmo tempo em que se ofereceu perspectivas às classes populares 
através de um elenco de direitos e garantias individuais, assegurou-se a hegemonia 
das classes superiores através do voto censitário.
De acordo com Horta, a Constituição do Império se distinguia dos 
demais documentos constitucionais do século XIX em sua concepção da dupla 
dimensão da matéria constitucional em três características básicas:
A primeira consistiu na incorporação constitucional do Poder 
Moderador, “chave de toda a organização política”, “delegado 
privativamente ao Imperador, como Chefe Supremo da Nação e seu 
primeiro representante” (art. 98). A segunda característica residiu na 
flexibilidade constitucional da Constituição semi-rígida, pois nela se 
perfilhou a regra de que “é só constitucional o que diz respeito aos 
limites e atribuições respectivas dos poderes políticos e aos direitos 
políticos e individuais dos cidadãos”. Tudo o que não fosse relativo 
à matéria constitucional poderia ser alterado, sem as formalidades 
da reforma constitucional, pelas legislaturas ordinárias (art. 178). A 
terceira característica é a liberal Declaração de Direitos e Garantis 
Individuais, amplamente desenvolvida nos 35 incisos do art. 179. 7
Durante a vigência da Constituição de 1824 viveu-se uma grande 
instabilidade política marcada por acontecimentos como a grande reforma do 
texto constitucional através do Ato Adicional em 1834, pela a abdicação de D. 
Pedro I seguida por um período de várias regências e incontáveis revoltas, por 
campanhas abolicionistas e republicanas. Sobre este período, Paulo Bonavides8 
comenta:
5. SILVA, José Afonso. Poder Executivo na Constituição Imperial do Brasil de 1824. Revista Latino-Americana 
de Estudos Constitucionais. 2003. p. 23 ss.
6. Ibidem, p. 23 ss.
7. HORTA, Raul Machado. Estudos de Direito Constitucional. 1995, p. 56.
8. BONAVIDES, Paulo. História Constitucional do Brasil. 2005, p. 101.
aS CoNStItuIÇÕES Do BRaSIl
aNÁlISE HIStÓRICa DaS CoNStItuIÇÕES E DE tEMaS RElEVaNtES ao CoNStItuCIoNalISMo pÁtRIo6
Vemos, então, que a Constituição de 1824 não conseguiu fazer com 
que um consenso duradouro em torno de certos princípios - que seriam 
expressos pelo próprio texto constitucional - fosse alcançado. Tentou-se 
impor ao País um modelo que não refletia a realidade das instituições e 
estruturas políticas brasileiras, nem tampouco garantia que as que foram 
implantadas trouxessem estabilidade. Esbravejava-se contra o Poder 
Moderador e se invocava ele ao mesmo tempo para realizar as reformas. 
Era preciso por freios a esse poder absoluto deixado nas mãos de um 
só homem. Tornava-se necessário ultrapassar essa situação ambígua, 
quando não contraditória.
1 DIVISÃO DOS PODERES
A Constituição do Império não adotou a forma clássica de separação dos 
poderes em Legislativo, Executivo e Judiciário. Entretanto, sob inspiração de 
Benjamin Constant, foi instituído o 4º poder: o Poder Moderador (art. 10).
Na dicção do art. 98, o Poder Moderador foi definido como chave da 
organização política, destinado privativamente ao Imperador com o objetivo 
de dar poderes para que este velasse “sobre a manutenção da independência, 
equilíbrio e harmonia dos mais poderes políticos””9.
Esquematicamente, os poderes estavam organizados da seguinte forma na 
Constituição de 1824:
9. FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Princípios Fundamentais do Direito Constitucional. 2009, p. 266.
BREVES EStuDoS SoBRE 
a CoNStItuIÇÃo IMpERIal (1824) 7
1.1 poDER MoDERaDoR
O Poder Moderador, também chamado de Poder Real, poder Imperial, 
Poder Neutro ou Poder Conservador teve suas atribuições enumeradas no 
art. 101 do texto constitucional. Outorgou-se ao Imperador grande poder de 
ingerência política, podendo inclusive decidir da ocupação do poder, fazer a 
alternância entre os homens e partidos quando bem desejasse10. 
Tratado pelo texto constitucional como quase divino, inviolável e 
sagrado, não sujeito a responsabilidade alguma, cabia ao Imperador interferir 
diretamentedos outros poderes.
 No Poder Executivo, o Imperador dispunha de amplos poderes para 
nomear e demitir os Ministros de Estado. Já no Poder Legislativo, poderia 
livremente nomear Senadores, convocar ou prorrogar a Assembleia Geral, 
dissolver a Câmara, sancionar as proposições do Legislativo, aprovar ou 
suspender interinamente as resoluções das Assembleias provinciais.
A ingerência no Poder Judiciário também era marcante. O Imperador 
poderia suspender os Magistrados, perdoar e moderar as penas impostas aos réus 
por sentença, como também conceder anistia.
Como há de se esperar, o Poder Moderador foi o órgão político mais ativo 
e influente, moldando o regime político do Brasil Imperial. Acerca da posição 
que o Poder Moderador ocupava dentro da estrutura política do Império, Paulo 
Bonavides11, acrescenta:
O Poder Moderador da Carta do Império é literalmente a 
constitucionalização do absolutismo, se isto fora possível... Com efeito, o 
art. 101 estabelecia a competência do Imperador, como titular desse poder, 
cabendo-lhe um feixe constitucional de nove atribuições (...) Atribuições 
de importância tão fundamental para o direito e a liberdade, para a vida 
e o funcionamento das instituições eram conferidas a um Imperador cuja 
pessoa a Constituição fazia inviolável e sagrada declarando ao mesmo 
tempo em que não estava ele sujeito à responsabilidade alguma (art. 99).
1.2 poDER EXECutIVo
Descrito em um único artigo (art. 102), o Poder Executivo tinha por “Chefe” 
o Imperador, que o exercia através de Ministros de Estado por ele designados.
Embora o texto constitucional firmasse que o Poder Executivo era exercido 
pelos Ministros de Estado, na prática era exercido pelo próprio Imperador, 
cumulativamente com o Poder Moderador. Tal ingerência é perfeitamente 
10. Ibid., p. 267.
11. BONAVIDES, Paulo. História Constitucional do Brasil. 2005, p. 106.
aS CoNStItuIÇÕES Do BRaSIl
aNÁlISE HIStÓRICa DaS CoNStItuIÇÕES E DE tEMaS RElEVaNtES ao CoNStItuCIoNalISMo pÁtRIo8
justificável, pois segundo o art. 101, inciso VI, o Imperador poderia livremente 
nomear e demitir os Ministros de Estado.
As atribuições do Poder Executivo foram listadas no art. 102 da Magna 
Carta de 1824, destacando-se dentre suas funções: (I) convocar a Assembleia 
Geral ordinária; (II a VI, XI) nomear de cargos, provimento de empregos civis e 
políticos, e títulos e distinções; (VII a IX) exercer relações políticas e comerciais 
internacionais; (XII) regulamentar a aplicação das leis.
1.3 poDER lEGISlatIVo
O Poder Legislativo, exercido pela Assembleia Geral, era composto por 
duas câmaras: deputados, eletiva e temporária; senadores, formada por membros 
vitalícios que eram nomeados pelo Imperador, dentre os componentes de uma 
lista tríplice eleita por províncias.
O modelo estruturado em duas câmaras se aproximava mais do modelo 
britânico do que do modelo americano. Entretanto, os senadores eram eleitos 
em eleições provinciais.
As eleições de deputados e senados era através de sufrágio censitário, 
ocorrendo em dois graus. Primeiramente, os eleitores de cada paróquia escolhia 
os de província, os quais elegeriam os deputados e senadores.
No caso dos senadores, segundo o artigo 43 da Constituição do Império, 
sua eleição se dava a partir de “listas tríplices, sobre as quais o Imperador 
escolherá o terço na totalidade da lista”.
Vale notar que na Carta de 1824, o número de representantes não era 
estabelecido como matéria constitucional, mas sim de através de lei ordinária. 
Este detalhe permitia que, conforme fossem criadas novas Províncias, o número 
de deputados pudesse ser alterado.
Como crítica à representatividade durante a época do Império, pesa o fato 
de que o país contava com 12 milhões de habitantes em 1881, entretanto havia 
somente 150 mil eleitores, algo que demonstrava um pequeno lastro eleitoral 
no país. Se não bastasse o número reduzido de eleitores, o sistema eleitoral 
era constantemente falsificado por meio da intervenção do Poder Executivo, 
praticada pelos dois partidos que se revezavam no poder12.
As atribuições do Poder Legislativo, conforme o art. 15 da Constituição 
Imperial, compreendiam: atribuições relacionadas com o Imperador e sua dinastia 
(I a VII); fazer as leis, interpretá-las, suspendê-las e revogá-las (VIII); atividades 
relativas a controle de orçamento e gastos do governo (X, XIII, XIV, XV).
12. NOGUEIRA, Octaciano. Constituições Brasileiras: 1824. 2001, p. 27, 28.
BREVES EStuDoS SoBRE 
a CoNStItuIÇÃo IMpERIal (1824) 9
1.4 poDER JuDICIÁRIo
O Poder Judicial tratado no Título VI da Constituição do Império não 
dispunha das mesmas garantias que o atual Poder Judiciário possui. Embora o 
texto constitucional em seu art. 10 apresente o Poder Judiciário como um dos 
quatro poderes, independente dos demais, na prática tratava-se de um poder 
enfraquecido frente à dependência dos demais podemos, mais destacadamente 
do Poder Executivo.
Esta dependência pode ser ilustrada pelo fato de que os juízes poderiam ser 
transferidos para outros lugares, como também ter sua vitaliciedade, garantida 
no art. 151, suspensa por ato do Imperador, conforme dicção do art. 154.
Ilustrando a ingerência que o Poder Executivo exercia sobre o Poder 
Judiciário, Octávio Nogueira comenta:
O mais notório dos casos de violação do preceito da vitaliciedade ocorreu 
durante o Ministério da Conciliação, presidido pelo Marquês de Paraná, 
entre 1853 e 1856, quando era Ministro da Justiça Nabuco de Araújo. 
O fato ficou conhecido na biografia de Joaquim Nabuco sobre seu pai, o 
Conselheiro Nabuco de Araújo, como o “desembarque de Serinhaem”, e 
consistiu na aposentadoria de dois e na transferência de um terceiro juiz 
da Relação de Pernambuco, por terem, em julgamento da violação da lei 
que puniu e suspendeu o tráfico, em 1850. 13
Um exemplo notório da ingerência do Poder Executivo sobre o Poder 
Judiciário foi quando em 1863 José Lins Vieira Cansanção de Sinimbu, Ministro 
da Justiça, aposentou vários membros do Supremo Tribunal de Justiça sob a 
alegação de que estes não acataram ato do Poder Executivo.
Fatos como estes ocorriam porque não havia regulamentação das 
disposições constitucionais que permitiam tanto a remoção quanto a 
aposentadoria compulsória dos membros da Magistratura, tornando possível ao 
Poder Executivo entrar no mérito das sentenças, chegando ao ponto de punir 
àqueles que discordassem de sua convicção.
2 PLASTICIDADE E ADAPTABILIDADE
Embora a Constituição do Império tenha sido outorgada, é importante 
destacar que foi através dela que se instituiu a monarquia constitucional, os 
Poderes do Estado, a garantia dos direitos para a contenção de abusos. Sua 
prática foi moldada no decorrer do tempo, sendo que seu início de fato se deu a 
partir de 1826, quando o Legislativo se instalou.
13. Ibid., p. 36.
aS CoNStItuIÇÕES Do BRaSIl
aNÁlISE HIStÓRICa DaS CoNStItuIÇÕES E DE tEMaS RElEVaNtES ao CoNStItuCIoNalISMo pÁtRIo10
Conforme mostra a tabela14 abaixo, quando comparada com as demais 
Constituições que tivemos no Brasil, a Constituição do Império se mostrou a 
que teve maior período de vigência:
Constituição Vigência Nº de Emendas Duração
1824 1824 – 1889 1 65 anos
1891 1891 – 1930 1 40 anos
1934 1934 – 1937 1 3 anos
1937 1937 – 1945 21 8 anos
1946 1946 – 1967 27 21 anos
1967 1967 – 1969 - 2 anos
AI-5 (1969) 1969 – 1987 26 18 anos
1988 1988 – ... 7015 > 24 anos
Essa característica, além dos fatos históricos envolvidos, se deve também 
à plasticidade e adaptabilidade do texto da Constituição do Império, algo que a 
distingue de todas as demais cartas constitucionais que tivemos.
Essa adaptabilidade se deve, na lição de Nogueira, a duas razões:
A primeira é que, ao contrário do que passou a ser tradição nas Cartas 
republicanas, que impediam, e ainda impedem, modificar a forma 
republicana e o sistema federativo por meio de emenda, a Constituição 
do Império não estabelecia restrições ao poder constituinte derivado. 
Todos os dispositivos, portanto, eram reformáveis,inclusive o que 
consagrava a monarquia como forma de governo. A segunda razão é 
que, embora as emendas constitucionais tivessem o mesmo rito de lei 
ordinária (como ocorreu com o Ato Adicional de 1834) e, portanto, 
dependessem da sanção do Imperador, no caso de mudança da forma de 
governo, como em qualquer outra matéria constitucional reformada por 
lei ordinária, não podia o Monarca negar a sanção, se aprovada por duas 
Legislaturas seguintes, em face do que dispunha o art. 65. 16
Embora na prática o resultado fosse diferente, nem mesmo o Imperador 
poderia impedir a mudança do texto constitucional com seu veto, conforme se 
lê no art. 65, in verbis:
Esta denegação (isto é, a negativa da sanção) tem efeito suspensivo 
somente, pelo que, todas as vezes que as duas Legislaturas que se 
seguirem àquela que tiver aprovado o projeto tornarem sucessivamente 
a apresentá-la nos termos, entender-se-á que o Imperador tem dado a 
sua sanção.
14. Ibid., p. 15.
15. Até 29 de março de 2012
16. Ibid., p. 17.
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a CoNStItuIÇÃo IMpERIal (1824) 11
Diante de tal plasticidade seria perfeitamente possível até mesmo 
a implantação da República por simples emenda constitucional, ou seja, 
proclamada a República, a Constituição Imperial tornar-se-ia Republicana. 
Conforme explica Paulo Bonavides:
A Carta imperial, se fez rígido o que era materialmente constitucional - 
não tão rígido quanto o Projeto - tornou o restante das regras e preceitos 
da Constituição demasiado flexíveis, de tal sorte que poderiam ser 
alterados pelas legislaturas ordinárias, sem as formalidade requeridas 
para a matéria basicamente constitucional, como a competência dos 
poderes e os direitos dos cidadãos. 17
3 CARÁTER CENTRALIZADOR
Em face do que ocorreu com a América espanhola, que após libertar-se 
do domínio colonial, foi fracionada em um grande número de países, havia 
na época do Império a preocupação que o mesmo viesse ocorrer no Brasil. Tal 
temor procedia, posto que mesmo no início do século XVIII não se tinha ainda 
conquistado a unidade linguística, pois a língua corrente em alguns lugares de 
São Paulo e da Amazônia era o tupi-guarani.
A Constituição Imperial ao criar o Estado Unitário, não permitiu a 
existência de poder local, uma vez que toda autoridade se centrava na capital 
do Império.
A centralização político-administrativa se faz presente por todo texto 
constitucional.. No Título VII, por exemplo, que tratava da administração e da 
economia das províncias, trazia apenas oito artigos, sendo dois artigos para a 
administração provincial, três artigos sobre as Câmaras Municipais e três artigos 
sobre a fazenda nacional e a economia do Império.
O artigo 165 dava amplos poderes ao Imperador, podendo nomear e 
remover o presidente de cada província quando bem o quisesse.
No Título IV, Capítulo V, ao tratar “Dos Conselhos Gerais de província 
e suas atribuições”, praticamente se retirava a autonomia desses conselhos. Suas 
resoluções dependiam do Poder Executivo em primeira instância, e do Poder 
Legislativo em segunda instância. As decisões tomadas pela maioria dos membros 
dos Conselhos Gerais de Província deveriam ser remetidas ao Poder Executivo da 
Província, representado pelo seu Presidente. Até mesmo os regimentos internos 
desses Conselhos dependiam da aprovação do Legislativo Imperial.
Com as alterações estabelecidas pelo Ato Adicional de 1834, houve uma 
sutil descentralização na medida em que se criaram as Assembleias Legislativas 
17. Ibid., p.110.
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aNÁlISE HIStÓRICa DaS CoNStItuIÇÕES E DE tEMaS RElEVaNtES ao CoNStItuCIoNalISMo pÁtRIo12
Provinciais, substituindo os Conselhos Gerais de Província e ampliando suas 
atribuições, como amplos poderes fiscais, legais e administrativos, instituiu-se a 
Regência Única eletiva, e suprimiu o Conselho de Estado.
4 O CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS
Diversamente do que hoje conhecemos como controle de 
constitucionalidade, seja pela via difusa ou concentrada, isto não ocorreu na 
Constituição do Império.
Seguindo o que foi dito anteriormente sobre o enfraquecido Poder 
Judiciário, não cabia a este o controle de constitucionalidade das leis, como hoje 
se conhece.
O controle de constitucionalidade e a guarda da Constituição eram 
atribuídos ao Poder Legislativo, pela Assembleia Geral, conforme disposto no 
art. 15, incisos VIII e IX da Constituição do Império18.
Segundo o entendimento daquela época, somente o Poder que fazia a 
lei seria competente para interpretá-la e confrontá-la com a Constituição, 
assim como manifestar-se sobre sua constitucionalidade. Entendia-se que seria 
impossível outro Poder, quer executivo quer judiciário perquirir a intenção do 
legislador.
Segundo este posicionamento, somente o poder do qual emanava a lei era 
competente para declarar o seu sentido, ou seja, apenas o poder legislativo tinha 
o direito de interpretar seu próprio ato e seus fins, não tendo qualquer outro 
poder este direito, até porque a lei não lhe dava esta faculdade. Nenhum outro 
poder poderia ser o real depositário da vontade do legislador.19 
No entanto, este tipo de controle de constitucionalidade das leis fere a 
teoria dos freios e contrapesos entre os poderes, pois se somente aquele que cria 
as leis tem o poder de interpretá-las, suspendê-las ou revogá-las, este mesmo será 
capaz de abusar de seu poder sem qualquer controle de outro, ferindo o próprio 
princípio da separação dos poderes.
Isto decorreu da força absoluta do Poder Moderador, na pessoa do 
Imperador, que tudo podia sem responsabilidade alguma. Vale lembrar que, 
conforme já comentado, garantia-se ao Imperador total irresponsabilidade de 
seus atos, ou seja, não poderia ser responsabilizado judicialmente por nada que 
fizesse.
18. Art. 15. É da atribuição da Assembleia Geral:[...]
 VIII – Fazer leis, interpretá-las, suspendê-las e revogá-las.
 IX – Velar na guarda da constituição e promover o bem geral da Nação.
19. BUENO, José Antônio Pimenta. Direito Público Brasileiro e Análise da Constituição do Império. 1978, p. 
69 e 70.
BREVES EStuDoS SoBRE 
a CoNStItuIÇÃo IMpERIal (1824) 13
Seu poder era tamanho que podemos dizer que o controle de 
constitucionalidade era feito pelo próprio Imperador, tendo em vista que ele 
poderia livremente nomear senadores, dissolver a Câmara dos Deputados e 
convocar outra para substituí-la.20
Na vigência da Constituição Imperial, tanto na teoria como na prática, 
o Poder Moderador não era neutro. “Era Atuante. Constituía um poder pessoal 
do Imperador, não simplesmente preservador e conservador dos outros, mas 
controlador. Estava acima deles. Interferia com tudo e com todos” 21.
Considerando o poder do Imperador sobre legislativo, judiciário e 
executivo, sendo ele a última voz em todos os assuntos do império, caso não 
fosse de sua vontade a elaboração, interpretação, suspensão e revogação de 
determinada lei, poderia ele fazê-lo, direta ou indiretamente.
5 SISTEMA DE GOVERNO
A Constituição do império não precisou o sistema de governo que 
adotava22. O Imperador governava plenamente a nação e suas províncias.
Esta afirmativa decorre do poder que o Imperador, o monarca, detinha 
sobre seus ministros, os quais poderiam ser nomeados e demitidos livremente pelo 
Imperador, conforme dispõe o inciso VI do art. 101 da Constituição do Império.23
Houve um início de sistema parlamentarista, mas o Poder Moderador 
não permitiu que este se desenvolvesse. Havia previsão de que os deputados 
e senadores poderiam ser nomeados para o cargo de ministro de Estado, com 
a diferença de que os senadores continuariam a ter assento no Senado, e os 
deputados deixariam vagos os seus lugares na Câmara24. 
20. Art. 101. O Imperador exerce o Poder Moderador
 I. Nomeando os Senadores, na forma do Art. 43.
 II. Convocando a Assembla Geral extraordinariamente nos intervallos das Sessões, quando assim o pede o bem 
do Imperio.
 III. Sanccionando os Decretos, e Resoluções da Assembléa Geral, para que tenham forçade Lei: Art. 62.
 IV. Approvando, e suspendendo interinamente as Resoluções dos Conselhos Provinciaes: Arts. 86, e 87.
 V. Prorrogando, ou adiando a Assembléa Geral, e dissolvendo a Camara dos Deputados, nos casos, em que o 
exigir a salvação do Estado; convocando immediatamente outra, que a substitua.
 VI. Nomeando, e demittindo livremente os Ministros de Estado.
 VII. Suspendendo os Magistrados nos casos do Art. 154.
 VIII. Perdoando, e moderando as penas impostas e os Réos condemnados por Sentença.
 IX. Concedendo Amnistia em caso urgente, e que assim aconselhem a humanidade, e bem do Estado
21. SILVA. Op. cit.. p. 27.
22. SILVA. Op. cit. p. 32.
23. Art. 101. O Imperador exerce o Poder Moderador: [...]
 VI. Nomeando e demitindo livremente os ministros de Estado.
24. Art. 29. Os Senadores, e Deputados poderão ser nomeados para o Cargo de Ministro de Estado, ou Conselheiro 
do Estado, com a differença de que os Senadores continuam a ter assento no Senado, e o Deputado deixa 
vago o seu logar da Camara, e se procede a nova eleição, na qual póde ser reeleito e accumular as duas 
funcções.
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aNÁlISE HIStÓRICa DaS CoNStItuIÇÕES E DE tEMaS RElEVaNtES ao CoNStItuCIoNalISMo pÁtRIo14
No entanto, o mesmo dispositivo possuía uma disposição curiosa, pois, 
após determinar que o deputado nomeado como ministro deixasse o cargo 
na Câmara, determinava também que nova eleição se procederia para o cargo 
vacante. O deputado nomeado ao cargo de ministro de Estado poderia ser 
reeleito a deputado e acumular as funções.
Previa-se que ministros assistissem e discutissem as propostas do 
Executivo ao Legislativo, após relatório da comissão formada para examiná-las, 
mas não poderia votar ou sequer estar presentes à votação, salvo os que fossem 
deputados ou senadores, o que para José Afonso da Silva25 “era o gérmen do 
sistema parlamentarista de governo que a estrutura de poder e especialmente 
a atuação do Poder Moderador não permitiam que se desenvolvessem”. Diz-se 
gérmen, pois este sistema parlamentarista só existia enquanto conveniente para 
o monarca. Só existia quanto à forma, pois na essência todo o poder era do 
monarca, que o exercia segundo sua conveniência.
Para Bonavides, de rigor, não houve o sistema parlamentarista na época 
do império, mas um regime pré-parlamentarista em busca deste modelo de 
sistema por uma “virtude evolutiva inerente a todos os sistemas inclinados a 
fazer valer a supremacia do órgão parlamentar” 26.
Em razão desses fatos acima expostos, pode-se afirmar que a Constituição 
era presidencialista. Como não havia clara distinção entre a titularidade 
das funções de chefe de Estado e de governo, o monarca, quer como Poder 
Moderador, quer como chefe do Poder Executivo, englobava as duas ordens de 
função27.
Afonso Arinos, citado por José Afonso da Silva, diz que:
“Governo parlamentar pressupõe formação de Ministérios pelo 
apoio das maiorias e queda deles pelo seu desfavor. No Brasil, os 
Gabinetes podiam ser nomeados e demitidos livremente (o termo 
era da Constituição) pelo imperante. Governo parlamentar exige 
responsabilidade política coletiva do Gabinete diante da Câmara 
popular. No Brasil nunca chegou a haver Gabinete no sentido 
parlamentar, pois os ministérios não eram coletiva nem politicamente 
responsáveis senão na medida em que o Chefe do Poder Executivo 
aceitasse tal situação. Sem o que demitia o Ministério, nomeava 
outro contrário, dissolvia a Câmara e elegia outra que o apoiasse 
o Ministério recém-nomeado. A responsabilidade ministerial 
estabelecida era unicamente a penal, o que também correspondia 
à sugestão de Benjamin Constant. Tudo dentro da Constituição. 
Nem se diga que, seguindo o modelo inglês, o Brasil - império 
foi estabelecendo, na prática, o funcionamento das instituições 
parlamentares não previstas na lei escrita. A ascendência da maioria 
25. Op. cit. p. 34 
26. BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 2004, p. 215.
27. SILVA. José Afonso da. Op cit. p 35
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parlamentar na escolha dos Ministérios e a teoria de que os governos 
eram comissões da Assembleia Legislativa encontraram, sem dúvida, 
guarida nos hábitos e nas ideias. É o que Nabuco chama obediência 
“às formas do Governo Parlamentar”. Mas eram somente formas, 
pois eram aplicáveis apenas enquanto tal situação era do agrado do 
soberano, conforme se demonstra com a rememoração dos fatos 
acima indicados e que se desenvolveram do princípio ao meio e ao 
fim do Império. Aliás, num sistema de constituição rígida como era 
o nosso, o costume não podia retirar ao Monarca as suas atribuições 
escritas. Não podia, pois, ocorrer o que se deu na Inglaterra. 28
Ainda que não tenha havido uma explicitação do sistema parlamentarista 
da Constituição do Império, podemos dizer que foi o início deste sistema, sendo 
esta uma das grandes virtudes, senão a maior, no sentido de permitir que o 
sistema político nela não previsto fosse paulatinamente adotado29.
6 DA GARANTIA DOS DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS
Podemos dizer que ao ler o art. 179 e incisos da Constituição do Império 
nos deparamos com muita semelhança aos da nossa Constituição de 1988.
Havia como primado a proteção da liberdade, segurança individual e a 
propriedade.
Preocupou-se a Constituição não só com a liberdade de ir e vir, mas 
também com a liberdade de pensamento30 e de religião31.
Embora previsto como um direito constitucional de liberdade, a 
liberdade de religião não era uma liberdade plena, pois a Carta outorgada 
fazia uma ressalva, no mesmo dispositivo, de que ninguém seria perseguido 
por motivo de religião, “uma vez que respeite a do Estado, e não ofenda a 
Moral Pública”.
O artigo 5º da Constituição de 182432 estabelecia que a religião Católica 
Apostólica Romana era a religião do Império, permitindo o culto de outras 
religiões apenas domesticamente ou de forma que não caracterizasse a formação 
de templos. Como se percebe, não era um Estado laico, pois previa expressamente 
na Constituição a adoção de uma religião.
28. Ibid., p. 36.
29. NOGUEIRA, Octaciano. Op. cit. p. 24.
30. IV. Todos podem communicar os seus pensamentos, por palavras, escriptos, e publical-os pela Imprensa, sem 
dependencia de censura; com tanto que hajam de responder pelos abusos, que commetterem no exercicio 
deste Direito, nos casos, e pela fórma, que a Lei determinar.
31. V. Ninguem póde ser perseguido por motivo de Religião, uma vez que respeite a do Estado, e não offenda a 
Moral Publica.
32. Art. 5. A Religião Catholica Apostolica Romana continuará a ser a Religião do Imperio. Todas as outras 
Religiões serão permitidas com seu culto domestico, ou particular em casas para isso destinadas, sem fórma 
alguma exterior do Templo.
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Ainda, como mais uma forma de impor a religião adotada pelo Estado 
ao povo, dizia que todos os que pudessem ser eleitores, poderia ser nomeados 
deputados, excetuando-se os que não professassem a religião do Estado.33 
Constatamos assim uma vetusta liberdade de religião no regime da Constituição 
Imperial.
Traz, desde aquela época, o princípio da igualdade inserto no inciso XIII 
do artigo 17934.
No entanto, mais uma vez é um direito relativizado, pois ainda havia a 
escravidão e só podia exercer plenamente seus direitos políticos os que possuíssem 
alta renda “por bens de raiz, industria, commercio, ou emprego” (arts. 45, 
IV35; 92, V36; 94, I37; 95,I38). É plenamente plausível que para o exercício de 
determinados direitos a lei exija requisitos, mas a presença de requisitos de 
cunho pecuniário demonstrava a vontade de que o poder permanecesse nas 
mãos da nobreza, ou seja, dos mesmos.
Em que pese tais críticas, a Constituição do Império foi de grande 
evolução na defesa dos direitos individuais, como pode-se notar pela previsão da 
abolição dos “açoites, a tortura, a marca de ferro quentee todas as mais penas 
cruéis” conforme consta do inciso XIX do artigo 179.
Vale notar que o extenso rol de direitos é precedido pelas Revoluções 
Francesa e Americana, pela Declaração dos Direitos do Homem e do 
Cidadão decretada pela Assembleia Nacional Francesa em 1789, e pelos 
outros documentos históricos como a Magna Carta de 1215 e Bill of 
Rights. Estes culminaram naquela lista talvez abordando mais em um 
sentido idealista e programático do que verdadeiramente efetivo, vez que 
dificilmente o seriam naquela época, devido ao costume daquele povo, que 
com o passar do tempo vem evoluindo para uma maior pacificação entre 
os povos.
33. Art. 95. Todos os que podem ser Eleitores, abeis para serem nomeados Deputados. Exceptuam-se [...]
 III. Os que não professarem a Religião do Estado.
34. XIII. A Lei será igual para todos, quer proteja, quer castigue, o recompensará em proporção dos merecimentos 
de cada um.
35. Art. 45. Para ser Senador requer-se [...]
 IV. Que tenha de rendimento annual por bens, industria, commercio, ou Empregos, a somma de oitocentos 
mil réis.
36. Art. 92. São excluidos de votar nas Assembléas Parochiaes. [...]
 V. Os que não tiverem de renda liquida annual cem mil réis por bens de raiz, industria, commercio, ou 
Empregos.
37. Art. 94. Podem ser Eleitores, e votar na eleição dos Deputados, Senadores, e Membros dos Conselhos de 
Provincia todos, os que podem votar na Assembléa Parochial. Exceptuam-se
 I. Os que não tiverem de renda liquida annual duzentos mil réis por bens de raiz, industria, commercio, ou 
emprego.
38. Art. 95. Todos os que podem ser Eleitores, abeis para serem nomeados Deputados. Exceptuam-se
 I. Os que não tiverem quatrocentos mil réis de renda liquida, na fórma dos Arts. 92 e 94.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Constituição de 1824, marcada pela sua longevidade caráter liberal na 
Declaração de Direitos e Garantias Individuais, representou um grande avanço 
para a época. Foi bem sucedida dentro de seu intento de manter o equilíbrio 
da sociedade, evitando a divisão do Brasil em um sem número de países, como 
ocorre com o território da América latina.
Sua natureza centralizadora carregada de resquícios absolutistas foi 
marcada pelo golpe de Estado de novembro de 1823, no qual a Assembleia 
constituinte é dissolvida e substituída por um grupo de apenas dez homens que 
preparam um texto para ser outorgado pelo Imperador. Concentrou-se o poder 
nas mãos do Imperador, não só por meio de um 4º poder, o Moderador, mas 
também pela ingerência sobre os demais poderes.
Seu parlamentarismo constituiu na verdade um pré-parlamentarismo, 
com características presidencialistas, produto de um governo absolutista com 
roupagem constitucional.
REFERêNCIAS
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BONAVIDES, Paulo. ANDRADE, Paes de. História Constitucional do Brasil. 
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FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Princípios Fundamentais do Direito 
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e Ministério da Ciência e Tecnologia, Centro de Estudos Estratégicos. 2001.
SILVA, José Afonso. Poder Executivo na Constituição Imperial do Brasil de 1824. 
Revista Latino-Americana de Estudos Constitucionais. Belo Horizonte. 2003.
a CoNStItuIÇÃo DoS EStaDoS uNIDoS Do 
BRaSIl (1891)
João Gustavo Bachega Masiero
Mestrando em Direito Constitucional pela Instituição Toledo de Ensino. Especialista em 
Direito Público pela Escola Paulista de Direito. Advogado.
Henrique Carani Coube
Mestrando em Direito Constitucional pela Instituição Toledo de Ensino – ITE/Bauru/
SP. Tabelião de Notas e Oficial de Registro Civil das Pessoas Naturais. Especialista pela 
Faculdade de Direito Prof. Damásio de Jesus. Tabelião de Notas e Oficial de Registro Civil 
das Pessoas Naturais.
INTRODUÇÃO
A Monarquia nunca caiu plenamente nas graças do povo brasileiro. Ela 
começou a ser idealizada no Brasil pela família real portuguesa como alternativa 
à batalha contra Napoleão Bonaparte.
A Corte enxergou aqui um porto seguro frente ao bloqueio continental na 
Europa imposto por Napoleão, em 1807. A Inglaterra era forte o sufi ciente para 
resistir. Já o Império português, imaginava-se na época, fatalmente sucumbiria 
perante a poderosa máquina de guerra comandada pelo Imperador francês.
Assim, a situação favorável conduziu a Corte para o Brasil, mas não criou 
condições para solidifi cá-la. Essa entidade tipicamente européia defi nitivamente 
não encontrou bases confi áveis em solo americano, ao passo de o Brasil ser 
reconhecido como o único Império no continente.
A República e a Federação consistiam, portanto, num caminho natural 
a ser seguido. 
CAPÍTULO II
A CONSTITUIÇÃO DOS 
ESTADOS UNIDOS DO BRASIL (1891) 19
Para ilustrar, é possível citar alguns acontecimentos marcantes: D. João 
VI tornou-se rei do Brasil em 1816, após a morte de sua mãe, D. Maria I, 
conhecida como Rainha Louca. Um ano depois, em 1817, ele sufocou uma 
revolução republicana em Pernambuco. Em 1823, com o país independente 
da metrópole, o império absoluto de D. Pedro I foi garantido pela força de sua 
espada e a dissolução da Constituinte. O decênio de 1831 a 1840 foi marcado 
por manifestações contrárias ao poder central – a Regência terminou com o 
famigerado golpe da maioridade.
A queda da Monarquia ocorreu apenas no final do século XIX, em 15 de 
novembro de 1889. 
O principal artífice da Constituição brasileira de 24 de fevereiro de 1891 
foi Rui Barbosa, confessadamente admirador da organização política dos EUA.
Mas Rui Barbosa contemplava, sobretudo, o modelo federativo norte 
americano. Ele era um pouco descrente quanto às formas de governo, ao passo 
de chegar a defender a federação em conjunto com a monarquia, sem ela ou 
até mesmo contra ela. Aderiu à República quando notou que a Monarquia não 
cederia voluntariamente parcela do poder.
O texto constitucional de 1891 foi marcado por regras claras e objetivas, 
que representavam a ruptura com o modelo autocrático do absolutismo 
monárquico. Entre outras mudanças podemos citar as seguintes novidades: as 
antigas províncias transformaram-se em Estados membros ligados por vínculo 
indissolúvel com a União; houve a previsão de responsabilidade do agente 
público; e o funcionamento do Supremo Tribunal Federal, como instância 
máxima do Judiciário, defendendo a higidez do sistema constitucional. 
Mas se é verdade que os grandes fatos se repetem, então o destino quis 
que a primeira fase republicana brasileira terminasse exatamente como começou: 
por um decreto1 editado discricionariamente por um Governo Provisório, num 
verdadeiro golpe de estado.
1 CONTExTO hISTóRICO
1.1 Da MoNaRquIa À REpÚBlICa
Antes de se adentrar na análise do texto da primeira Constituição 
republicana, é imperioso situar o leitor no momento histórico vivenciado pela 
população brasileira no século XIX. É preciso levar em consideração o contexto 
em que a Constituição foi criada, e o contexto em que está inserido o intérprete.
1. Dec. nº 19.398, de 11/11/1930, elaborado pelo Governo Provisório de Getúlio Vargas.
As Constituições do BrAsil
Análise históriCA dAs Constituições e de temAs relevAntes Ao ConstituCionAlismo pátrio20
A Monarquia conservadora alijava as camadas populares do centro de 
decisões políticas. O direito de votar e ser votado cabia apenas àqueles que 
tivessem determinado patrimônio.
A Constituição do Império pregava igualdade e liberdade, mas manteve a 
escravidão – os escravos não eram sujeitos dedireitos.
Uma pequena elite, em razão de apadrinhamentos, ocupava os melhores 
cargos no governo, cujo preenchimento nem sempre ocorria de acordo com as 
aptidões técnicas dos pretendentes. 
O país dessa época era eminentemente agrário, com latifúndios 
insuficientemente explorados, o trabalho era escravo ou semi-servil era a regra 
na lavoura e a população em geral era analfabeta.
A Monarquia era um artificialismo em nosso continente, voltada para a 
Europa e de costas para a América, sem olhar o Brasil, em sua realidade. 
O regime, os políticos, os partidos, não acompanhavam a vida de nosso 
país, o crescimento de seu povo, suas idéias, potencialidades2.
Dificilmente uma possível mudança de regime político, num país imenso, 
seria fruto exclusivo de uma causa. 
Assim, abordaremos rapidamente três fatores que tiveram papel 
importantíssimo na eclosão da história da República brasileira.
1.1.1 a quEStÃo Da aBolIÇÃo Da ESCRaVIDÃo
A dependência do mercado externo era vital. O Brasil exportava açúcar, 
algodão, café, couros e peles, entre outros produtos primários, e importava todo 
o resto, de calçados a maquinários em geral. 
A Monarquia estava atrelada principalmente aos produtores rurais 
do Vale do Paraíba, que davam valiosa sustentação ao governo, além de 
participarem das decisões políticas pela proximidade com o centro do Império. 
Eram grandes cafeicultores e escravocratas que se enriqueceram rapidamente 
a partir de 1831.
Mas a prosperidade dessa região foi fortemente abalada com a proibição 
do tráfico de escravos, em 1850, por meio da chamada Lei Eusébio de Queirós, 
que decorreu da vedação ao tráfico internacional de escravos.
A Lei Eusébio de Queirós propiciou ainda outro efeito. Com a proibição 
do tráfico internacional de escravos, o capital antes empregado na compra e 
venda deles estaria agora disponível para novos investimentos.
A sensação de progresso depois de 1850 era vivenciada por quem estava 
2. Hélio Silva, História da república brasileira – 1888/1894, Três S. A, 1998, p. 13-14.
A CONSTITUIÇÃO DOS 
ESTADOS UNIDOS DO BRASIL (1891) 21
nas cidades. Muitas atividades foram incentivadas, como aplicações em ações de 
companhias e o comércio.
Enquanto os senhores de terra do Vale do Paraíba lamentavam todo 
o ocorrido, formava-se no oeste da província de São Paulo um grupo de 
vanguarda. Eram cafeicultores que contratavam mão-de-obra livre, estudavam e 
aperfeiçoavam os métodos de produção, e moravam nas cidades, onde a difusão 
de idéias estava em plena ebulição.
Em decorrência disso, “a campanha a favor dos escravos começa a ganhar 
importância depois de 18603”.
A Guerra do Paraguai (1864-1870) relegou a questão da emancipação 
do negro africano para o segundo plano. Entretanto, a partir dela, já em 
1871, foi editada a Lei do Ventre Livre, segundo a qual os filhos das escravas 
nasciam livres.
As pressões políticas continuaram até que em 13 de maio de 1888 a Lei 
Áurea liberta definitivamente os escravos do cativeiro.
No dia seguinte a esse grande feito, um pilar de sustentação da monarquia 
cede. A partir daqui, grandes cafeicultores conservadores passam a apoiar os 
ideais republicanos.
1.1.2 a quEStÃo MIlItaR
A instituição militar era muitas vezes deixada em segundo plano 
justamente pelo seu caráter eminentemente popular. Atrasos de salários e falta 
de condições materiais para o exercício da atividade eram uma constante.
Havia ainda um agravante. O Exército rivalizava com outra entidade 
oficial de defesa da sociedade: a Guarda Nacional.
Esses fatos explicam a simpatia crescente que o povo nutria pelos homens 
de farda.
Mas foi a Guerra do Paraguai (1864-1870) que conferiu ao Exército 
um grande nível de unidade e identificação nacional. A organização das forças 
militares proporcionou que os oficiais pleiteassem por melhorias e mais atenção 
da Coroa. “É uma força que pretende estar presente no cenário das decisões 
políticas4”.
E a Monarquia, conservadora e avessa a mudanças, não dava respaldo às 
pressões. A aristocracia da época não sinalizava com uma abertura do acesso à 
estrutura do poder político.
3. José Ênio Casalecchi, A proclamação da república, São Paulo: Brasiliense, 1981, p. 55.
4. José Ênio Casalecchi,, Op. cit., p. 68.
As Constituições do BrAsil
Análise históriCA dAs Constituições e de temAs relevAntes Ao ConstituCionAlismo pátrio22
A crise começa realmente a ganhar corpo quando o Exército encontra no 
grupo republicano vozes de incentivo à classe.
1.1.3 a quEStÃo RElIGIoSa
A religião católica, com o advento da Constituição de 1824, era a oficial 
do Estado brasileiro. 
Desde o período colonial, a Coroa exercia muita interferência nos assuntos 
religiosos. O clero no país dependia materialmente da Coroa. Havia aqui uma 
relação de submissão em algumas situações. As comunidades de religiosos que 
vivem em mosteiros, as chamadas ordens monásticas, não foram proibidas, mas 
também não gozavam de verdadeira liberdade de ação.
Um fato importante retratado por Hélio Silva é que “o clero brasileiro era 
francamente liberal e, em muitos casos, maçom5”.
A maçonaria no Brasil não enfrentava a resistência da Igreja, como 
na Europa. Isso se devia à postura discreta da entidade no país. A maçonaria 
brasileira não se opunha à fé católica.
O episódio da Questão Religiosa teve origem em 1872, numa loja 
maçônica do Rio de Janeiro, quando ainda se festejavam a edição da Lei do 
Ventre Livre do ano anterior.
O padre católico Almeida Martins, que era maçom, proferiu discurso 
saudando ao Visconde do Rio Branco, também maçom, por sua atuação no caso 
da Lei do Ventre Livre.
Esse discurso desagradou algumas autoridades eclesiásticas e o bispo da 
diocese do Rio de Janeiro repreendeu o padre Almeida Martins pelo discurso 
proferido e o intimou a renunciar à maçonaria. O padre se negou a renunciar, 
manteve-se fiel aos seus ideais, e foi punido pelo bispo com suspensão do 
exercício das atividades sacras.
A partir daí a maçonaria passa a hostilizar abertamente as entidades e 
autoridades católicas. 
Levantou-se, em peso, a maçonaria contra a Igreja, em várias partes 
do Império. Surgiram, também, vários jornais novos, exclusivamente 
consagrados à maçonaria. Por meio deles, os maçons atacavam 
vigorosamente o papa e todo o clero6.
A controvérsia tomou proporções inimagináveis e atingiu o Conselho de 
Estado. Este órgão simplesmente fez valer as leis imperiais, principalmente a 
5. Op.cit., p. 49.
6. Helio Silva, Op. cit., p. 50.
A CONSTITUIÇÃO DOS 
ESTADOS UNIDOS DO BRASIL (1891) 23
Constituição de 1824, que prescrevia amplos poderes da Coroa sobre a Igreja, 
e determinou que o bispado retirasse as punições impostas à irmandade autora 
do recurso.
Em razão dos acontecimentos da Questão Religiosa, parlamentares 
conservadores e liberais acabaram por preencher a tribuna com discursos contra 
o autoritarismo do governo imperial.
1.2 o DIa 15 DE NoVEMBRo DE 1889 E a “CoMISSÃo DoS CINCo”.
A República foi proclamada no dia 15 de novembro de 1889 e foi criado 
o Governo Provisório, liderado pelo Marechal Deodoro da Fonseca.
Os vencedores procuraram imediatamente dar corpo à nova forma de 
governo. Sucessivos decretos7 institucionalizaram a República. Traçaram normas 
para reger os Estados membros, proveram a manutenção da família real, criaram 
a bandeira, selos e armas nacionais, alargaram o voto para todos os brasileiros 
alfabetizados, fixaram atribuições aos governadores de Estado etc.
E, logo depois, foi montada pelo Governo Provisório a famigerada 
“Comissão dos Cinco”, em alusão aos cinco membros que a compunham, com 
o nobre intuito de elaborar o projeto da primeira Constituição republicana 
brasileira. São eles: Joaquim Saldanha Marinho, como presidente, Américo 
Brasiliense de Almeida Melo, como vice-presidente, Antônio Luís dos Santos 
Werneck, Francisco Rangel Pestana e José António Pedreira de Magalhães 
Castro.
A Comissão logo se reuniu e começou a traçar o plano de trabalho. 
O resultado desse árduo trabalho foi entregueao Governo Provisório, 
que prontamente passou a estudá-lo. Para esse intento, contudo, o Governo 
convocou Rui Barbosa, que na época já se destacava como um jurista brilhante 
e contribuiu significativamente para o projeto de Constituição. Ele estruturou 
artigos e parágrafos e conferiu redação mais concisa a alguns dispositivos.
A primeira Constituinte republicana, composta de 205 deputados e 63 
senadores, instalou-se solenemente sob a presidência de Felício dos Santos, a 
15 de novembro de 1890, na Quinta da Boa Vista, ao transcurso do primeiro 
aniversário da Proclamação da República. 
Por certo muitos dos congressistas dispunham de fortuna, mormente 
os que, embora titulados, exerciam atividades agrícola e industrial, 
principalmente em São Paulo, Minas e Rio8.
7. O mais importante deles foi o Dec. 1, de 15/11/1889, que aboliu a ordem constitucional anterior.
8. A constituição de 1891: o sistema constitucional brasileiro, objeções e vantagens, In: Do poder executivo na 
república brasileira, Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1916, p. 6.
As Constituições do BrAsil
Análise históriCA dAs Constituições e de temAs relevAntes Ao ConstituCionAlismo pátrio24
E, finalmente, no dia 24 de fevereiro de 1891, a primeira Constituição 
republicana é solenemente promulgada por Prudente de Moraes.
2 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA CONSTITUIÇÃO DA REPúBLICA DE 1891.
2.1 EStétICa
A primeira característica que salta aos olhos dessa importante Constituição 
brasileira é a concisão de seu texto. Num total de noventa e um artigos no 
corpo permanente, e oito nas disposições transitórias, a Constituição de 1891 
é a mais enxuta daquelas já editadas pelo nosso constituinte. Ela é dividida em 
cinco Títulos, com frases curtas e diretas, sendo que o Título III, Do Município, 
contém um único artigo de número 689.
2.2 EStRutuRa Do EStaDo
Quando o governo provisório criou a comissão encarregada de elaborar o 
projeto da Constituição, duas idéias já estavam traçadas e muito bem definidas: 
a forma de Governo seria a republicana e a forma de Estado seria a federativa. 
Desse projeto, então, já se sabiam duas certezas – a monarquia e o poder 
unicamente central sucumbiriam10.
A Constituição de 1891 também aboliu o Estado unitário que vigorava 
desde 1824, sob o império de D. Pedro I e posteriormente D. Pedro II. Com 
isso, as antigas Províncias passam a se chamar Estados (art. 2º da CF/189111) e 
o antigo Município neutro (que era o Rio de Janeiro), sede da realeza imperial, 
constitui-se em Distrito Federal, agora alçado a capital da União.
O vínculo entre os Estados era perpétuo e indissolúvel, ou seja, não era 
possível a secessão. Também foi garantida a autonomia financeira dos Estados 
membros, consoante o seu artigo 5º12.
Interessante era o disposto no art. 3º do texto constitucional da República 
Velha13, onde Brasília começava a despontar no imaginário brasileiro.
9. CF/1891, art. 68: “Os Estados organizar-se-hão de fórma que fique assegurada a autonomia dos municípios, 
em tudo quanto respeite ao seu peculiar interesse”.
10. CF/1981, art.1º: “A Nação Brazileira adopta como fórma de governo, sob o regimen representativo, a 
República Federativa proclamada a 15 de novembro de 1889, e constitui-se, por união perpetua e indissolúvel 
das suas antigas províncias, em Estados Unidos do Brazil”.
11. CF/1981, art. 2º: “Cada uma das antigas províncias formará um Estado, e o antigo município neutro constituirá 
o Districto Federal, continuando a ser a capital da União, enquanto não se der execução ao disposto no artigo 
seguinte”. 
12. CF/1981, art. 5º: “Incumbe a cada Estado prover, a expensas próprias, ás necessidades de seu governo e 
administração; a União, porém, prestará socorros ao Estado que, em caso de calamidade pública, os solicitar”.
13. CF/1981, art. 3º: “Fica pertencendo à União, no planalto central da República, uma zona de 14.400 kilometros 
A CONSTITUIÇÃO DOS 
ESTADOS UNIDOS DO BRASIL (1891) 25
O art. 67, caput, da CF de 189114 permitia que o Distrito Federal se 
subdividisse em Municípios, o que na CF de 1988 há vedação expressa.
Talvez daí, conjugando o referido art. 67 com o art. 68, ambos 
da vetusta Carta Política, que possa ter brotado o pensamento hodierno 
quanto à utilização do princípio da simetria entre o DF e os Estados-
Membros.
Na seara da Administração do Estado republicano brasileiro, Oswaldo 
Aranha Bandeira de Mello descreve o seguinte:
A preocupação científica do Direito Administrativo desde a queda da 
Monarquia aos tempos atuais divide-se em duas fases nítidas, como 
expressões de posições distintas do Estado. Pode-se mesmo falar 
em período da 1ª República, que vai de 1989 até a Revolução de 
1930, e da 2ª República, dessa data em diante. Naquele o regime 
administrativo desenrolou-se sob a inspiração da Constituição 
de 1891, de caráter nitidamente liberal, individualista. Então, 
regulamentava a vida jurídica de um país organizado, sob o ponto de 
vista social, em moldes feudais e com economia predominantemente 
agrícola.15
No que concerne à educação, Motauri Ciocchetti de Souza nos ensina que: 
Com a república e a adoção do sistema federalista, veio regime bipartido 
de competências na área educacional. Assim, à União competia tratar dos 
ensinos secundário e superior, enquanto aos Estados estava delegada a 
tarefa de cuidarem da formação educacional básica em nível técnico, sem 
receberem, para tanto, qualquer repasse econômico.16
Para selar essa mudança e não deixar qualquer rastro de dúvidas sobre a 
intenção do Constituinte, o país adotou o nome oficial de República dos Estados 
Unidos do Brasil (evidentemente, uma forte influência dos Estados Unidos da 
América).
2.3 oRGaNIZaÇÃo DoS poDERES
O Título I da Constituição, especificamente no seu art. 1517, tratou da 
organização dos poderes, em observância à clássica divisão de Montesquieu.
O antigo Poder Moderador, antes chave de toda a organização política, 
foi abandonado pelos novos ares republicanos.
quadrados, que será oportunamente demarcada, para nella estabelecer-se a futura Capital Federal”.
14. CF/1981, art.67:”Salvas as restricções especificadas na Constituição e nas leis federais, o Districto Federal é 
administrado pelas autoridades municipaes”.
15. Princípios gerais de direito administrativo,Vol.I, 3ª ed., Malheiros, São Paulo: 2007, p. 142
16. Direito educacional. São Paulo:Verbatim, 2010, p. 29-30.
17. CF/1981, art. 15: “São órgãos da soberania nacional o Poder Legislativo, o Executivo e o Judiciário, harmônicos 
e independentes entre si”.
As Constituições do BrAsil
Análise históriCA dAs Constituições e de temAs relevAntes Ao ConstituCionAlismo pátrio26
2.3.1 poDER lEGISlatIVo
O Poder Legislativo era exercido pelo Congresso Nacional, com 
a sanção do Presidente de República (art. 16 da CF189118). O parágrafo 
primeiro traçava a noção que permanece até hoje do bicameralismo 
federativo.
A Câmara dos Deputados compunha-se de representantes do povo 
eleitos pelos Estados e pelo Distrito Federal, mediante o sufrágio direto, 
garantida a representação da minoria (art. 28, caput, CF189119). A legislatura 
era de três anos.
O Senado Federal era formado por representantes eleitos dos Estados e 
do Distrito Federal, maiores de trinta e cinco anos de idade, e em número fixo 
para todos: três. O mandato, nesse caso, era de nove anos. A renovação ocorria 
pelo terço trienalmente (um Senador a cada três anos, para acompanhar a 
eleição para a Câmara dos Deputados).
De qualquer forma, a vitaliciedade do senador, que era inerente ao 
período imperial, fora abolida na República.
Ambos os deputados e senadores eram invioláveis por suas opiniões, 
palavras e votos no exercício do mandato. Também não poderiam ser presos nem 
processados criminalmente sem prévia licença da Câmara, salvo em flagrante de 
crime inafiançável, desde a diplomação até a nova eleição.
Diferentemente da CF de 1988, o art. 25 do referido antigo Texto 
Magno20, prescrevia a incompatibilidade de funções do legisladordurante a 
sua respectiva legislatura.
O naturalizado poderia ser eleito para o Congresso Nacional. Para 
concorrer a uma vaga de Deputado, deveria ter mais de quatro anos de 
cidadania brasileira; para o Senado, mais de seis anos.
Um fato bastante curioso é trazido por Pinto Ferreira ao tratar do Poder 
Legislativo no âmbito dos Estados membros. 
Diz ele que, “alguns Estados só possuíam uma Câmara; outros, 
entretanto, como Pernambuco e São Paulo, além da Câmara dos Deputados, 
permitiram a existência de um Senado Estadual”21.
18. CF/1891, art.16: ”O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, com a sancção do Presidente da 
Reupública. § 1º O Congresso Nacional compõem de dous ramos: a Camara dos Deputados e o Senado”. 
19. CF/1981, art.28, caput: “A Camara dos Deputados compõe-se de representantes do povo eleitos pelos 
Estados e pelos Districto Federal, mediante o sufrágio direto, garantida a representação da minoria”
20. CF/1981, art.25: “O mandato legislativo é incompatível com o exercício de qualquer outra fucção durante as 
sessões”.
21. Curso de direito constitucional, São Paulo: Saraiva, 1998, p. 52
A CONSTITUIÇÃO DOS 
ESTADOS UNIDOS DO BRASIL (1891) 27
2.3.2 poDER EXECutIVo
Exercia o Poder Executivo o Presidente da República dos Estados Unidos 
do Brasil, como chefe eletivo da nação (art. 41, CF/198122). O pretendente 
ao cargo deveria ser brasileiro nato e contar com mais de 35 anos de idade. O 
mandato era de quatro anos, proibida a reeleição para o período subseqüente. 
O Vice-Presidente dependia dessas mesmas condições de elegibilidade, e 
era eleito simultaneamente com o Presidente.
A escolha deveria ocorrer por maioria absoluta dos eleitores em um 
turno apenas. Todavia, a Constituição traçou curiosa regra para o caso de a 
maioria absoluta não ser alcançada: o Congresso elegerá, por maioria dos votos 
presentes, um, dentre os que tiverem alcançado as duas votações mais elevadas 
na eleição direta (art. 47, §2º, CF/189123). Em caso de empate, considerava-se 
eleito o mais velho.
A eleição direta foi uma grande conquista nessa época. No entanto, a 
primeira eleição presidencial da República foi indireta, realizada pelo Congresso 
Nacional que estava reunido para a elaboração da Constituição. E mais, 
Presidente e Vice-Presidente não foram eleitos simultaneamente (art. 1º e 
parágrafos, das Disposições Transitórias).
De qualquer forma, tanto o Presidente quanto o Vice, este último se 
acabar exercendo a presidência no último ano de mandato, não poderiam ser 
reeleitos.
Em havendo a ausência do Presidente e também do Vice, quem assumiria 
o mandato, neste ínterim, seria o Vice-Presidente do Senado, diante o art. 41, 
§ 2º, da CF de 189124.
Talvez o art. 80 da CF de 1988, nesta questão da substituição temporária 
dos mandatários do Poder Executivo, fora mais feliz do que o da Carta Política 
de 1891, haja vista que no texto constitucional ora vigente é o Presidente da 
Câmara Federal quem preenche a vaga a descoberto, e não o Vice-Presidente 
do Senado.
Isto porque a Câmara Federal é a representante do povo, enquanto o 
Senado é o representante do Estado-Membro.
Paulo Bonavides explica:
22. CF/1981, art. 41: “Exerce o Poder Executivo o Presidente da República dos Estados Unidos do Brazil, como 
chefe electivo da nação”.
23. CF 1891, art. 47, § 2º: “Se nenhum dos votados houver alcançado maioria absoluta, o Congresso elegerá, por 
maioria dos votos presentes, um, dentre os que tiverem alcançado as duas votações mais elevadas, na eleição 
directa”.
24. CF/1981, art.41, §2º: “No impedimento, ou falta do Vice-Presidente, serão sucessivamente chamados à 
Presidência o Vice-Presidente do Senado, o Presidente da Camara e o do Supremo Tribunal Federal”.
aS CoNStItuIÇÕES Do BRaSIl
aNÁlISE HIStÓRICa DaS CoNStItuIÇÕES E DE tEMaS RElEVaNtES ao CoNStItuCIoNalISMo pÁtRIo28
O sistema de duas Câmaras, da essência da ordem federativa, testemunha 
precisamente uma técnica vertical de separação de poderes. Um ramo 
do poder legislativo – o Senado – exprime a vontade dos Estados, mas 
o poder político soberano se manifesta também através da segunda casa 
legislativa: a Câmara dos Deputados ou Casa de Representantes por onde 
se filtra a vontade dos cidadãos, vontade democrática, vontade popular, 
que expressa, na produção da ordem jurídica, o sentimento nacional 
unificado25.
2.3.3 poDER JuDICIÁRIo
A Constituição de 1891 consagrou a dualidade das justiças federal e 
estadual.
No âmbito federal, ela manteve a estrutura criada pelo Dec. 848, de 
11/10/1890, de autoria de Campos Salles, ainda sob o Governo Provisório. 
Havia um Supremo Tribunal Federal, com sede na capital da República, 
e composto por quinze membros. Um desses membros seria designado pelo 
Presidente da República como Procurador-Geral da República, cujas atribuições 
seriam definidas em lei (a constitucionalização do Ministério Público ocorreu 
como parte integrante do Judiciário – art. 58, §2º�). Havia ainda juízes federais 
(ditos seccionais) e tantos tribunais federais distribuídos pelo país “quantos o 
Congresso criar” (art. 5526).
Já a análise estadual dependia da lei de cada ente (a Constituição de 
1891 permitia que os Estados membros legislassem sobre processo inclusive), 
observados os limites e competências atribuídas à justiça federal pela Constituição 
da República.
Diante o art. 34, § 23, da CF de 189127, que não previa processo civil 
como matéria privativa do Congresso Nacional, Arruda Alvim destaca que:
O Dec. 763, de setembro de 1980, estabelecia que o Brasil continuaria 
sendo regido, quer em matéria civil, quer comercial, pelo Regulamento 
737, enquanto cada um dos Estados não baixasse o seu Código de 
Processo Civil próprio28.
Não havia proibição constitucional para a atividade político-partidária 
pelos juízes. Houve previsão da vitaliciedade e da irredutibilidade de vencimentos 
para os juízes federais (art. 57, §1º29).
25. Ciência política, 10ª ed, São Paulo: Malheiros, 1997, p. 186.
26. CF/1981, art. 55: ”O Poder Judiciário da União terá por órgãos um Supremo Tribunal Federal, com sede na 
Capital da República, e tantos juízes e tribunaes federaes, distribuídos pelo paiz, quantos o Congresso crear”.
27. CF/1981, art. 34, § 23º: ”Legislar sobre o direito civil, comercial e criminal da República e o processual da 
justiça federal”.
28. Manual de direito processual civil, Vol. I, 12ª ed., São Paulo:RT, 2008, p. 56.
29. CF/1981, art. 57, § 1º: “Os seus vencimentos (juízes) serão determinados por lei e não poderão ser diminuídos” 
(grifo nosso).
A CONSTITUIÇÃO DOS 
ESTADOS UNIDOS DO BRASIL (1891) 29
Talvez a maior inovação dessa Constituição fora a introdução do controle 
de constitucionalidade pela via difusa. A parte interessada poderia contestar 
judicialmente a validade de lei ou atos dos governos em face da Constituição.
2.4 ESTADO LAICO
Na esteira do Dec. 119-A, de 07/01/1890, o Legislador Constituinte não 
invocou a proteção de Deus no preâmbulo do texto constitucional e promoveu 
a separação oficial entre Estado e Igreja.
Mas tanto Decreto e Constituição foram além.
Nenhum culto ou igreja poderia gozar de subvenção oficial, nem teria 
relações de dependência ou aliança com o Governo da União ou dos Estados. 
Era reconhecida a personalidade jurídica das igrejas e confissões religiosas, para 
adquirirem bens e os administrarem.
Os cemitérios foram secularizados e as administrações transmitidas para 
a autoridade municipal respectiva.
Apenas o ensino leigo seria ministrado nos estabelecimentos públicos. E 
o casamento seria apenas civil, com celebração gratuita.
Por fim, o instituto do padroado, em que o Imperador intervia nas 
nomeações e benefícios eclesiásticos, restou extinto.
2.5 DEClaRaÇÃo DE DIREItoS
A seção II, do Título IV, consagrou a “Declaração de Direitos”. O art. 72 
garantiu aos brasileiros e estrangeiros residentes no país os direitos clássicos à 
liberdade, à segurança jurídica, à propriedade e à igualdade.
Pela primeira vez numa Constituição

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