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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL MAIKO SANT’ HELENA ESTUDO PARA APLICAÇÃO DE POLIESTIRENO EXPANDIDO (EPS) EM CONCRETOS E ARGAMASSAS CRICIÚMA, JULHO DE 2009 1 MAIKO SANT’ HELENA ESTUDO PARA APLICAÇÃO DE POLIESTIRENO EXPANDIDO (EPS) EM CONCRETOS E ARGAMASSAS Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado para obtenção do grau de Engenheiro Civil, no curso de Engenharia Civil da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC. Orientador: Prof. MSc. Fernando Pelisser CRICIÚMA, JULHO DE 2009 2 MAIKO SANT’ HELENA APLICAÇÃO DO POLIESTIRENO EXPANDIDO (EPS) EM CONCRETOS E ARGAMASSAS Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado para obtenção do grau de Engenheiro Civil, no curso de Engenharia Civil da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC. CRICIÚMA, JULHO DE 2009 BANCA EXAMINADORA Prof. Fernando Pelisser – Mestre – (UNESC) – Orientador Leonardo de Brito Andrade – Doutor – (UNESC) – Banca Michael Peterson – Doutor – (UNESC) – Banca 3 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, por ter iluminado meu caminho, dando força quando precisava. Sou grato aos meus pais Antonio Agenor Sant’ Helena e Márcia Alexandre Sant’ Helena, por te me incentivado e ajudado nas horas mais difíceis, e a demonstrações de confiança nos meus estudos para a realização deste curso. Meu irmão Thiago, companheiro de todas as horas e minha noiva Diana, pela sua compreensão durante minhas ausências devido aos estudos. Agradeço o Professor Fernando Pelisser, pela orientação e dedicação no estudo deste trabalho e durante o curso. Ao Pablo pelo apoio na realização dos ensaios laboratoriais. Os meus colegas do curso de Engenharia Civil, Lucas, Marcos, Eder, Tiago, Silvano, Charles, Cristiano e Sérgio, pela amizade e companheirismo. Agradeço todos os professores do curso de engenharia civil pelo conhecimento repassado. 4 “Mas na profissão, além de amar, tem de saber. E o saber leva tempo pra crescer”. Rubem Alves 5 RESUMO Reconhecendo a problemática dos resíduos de poliestireno expandido (EPS), foram abordadas alternativas para o reaproveitamento deste na fabricação de materiais para construção. Neste sentido, a pesquisa procura mostrar as alterações nas propriedades do concreto com acréscimos de 20 e 40% de EPS e da argamassa com acréscimos 40 e 60% em relação ao volume. Nestas misturas realizou-se adição de cola branca de madeira (PVA). Para posterior avaliação, foram feito mais duas misturas de argamassa com acréscimo de 40% de EPS, sendo uma sem adição da cola, e outra com a substituição de 60% da areia por pó de brita. Foram fabricados corpos-de-prova prismáticos, para avaliar a possibilidade de aplicação destes blocos na construção de habitações de baixo custo. No estado fresco do concreto e argamassa foi realizado o ensaio do índice de consistência e no estado endurecido, resistência à compressão, módulo de elasticidade e massa específica. Com objetivo de avaliar o módulo de elasticidade, a resistência à compressão, foi definidos para duas idades, 14 e 28 dias. Os resultados mostraram a influência do acréscimo de EPS no concreto e argamassa, reduzindo significativamente a resistência à compressão, mas atingindo resultados satisfatórios para utilização dos blocos prismáticos de argamassa, com resistência de 9,14 MPa, aos 28 dias. Palavras-chave: Poliestireno Expandido. Concreto. Argamassa. 6 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11 1.1 Justificativa ......................................................................................................... 12 1.2 Tema .................................................................................................................. 12 1.3 Problema de Pesquisa ........................................................................................ 13 1.4 Objetivos ............................................................................................................. 14 1.4.1 Geral ................................................................................................................ 14 1.4.2 Específicos ...................................................................................................... 14 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 15 2.1 Poliestireno Expandido (EPS) ............................................................................ 15 2.1.1 Definição .......................................................................................................... 15 2.1.2 Características ................................................................................................. 15 2.1.3 Vantagens ....................................................................................................... 17 2.1.4 Desvantagens .................................................................................................. 18 2.2 Poliestireno Expandido na Construção Civil ....................................................... 19 2.2.1 Histórico ........................................................................................................... 19 2.2.2 Propriedades Mecânicas do EPS .................................................................... 20 2.2.3 Lajes ................................................................................................................ 21 2.2.4 Isolamento Térmico e Acústico ........................................................................ 23 2.2.5 Pisos Flutuantes .............................................................................................. 24 2.2.6 Blocos Vazados de EPS .................................................................................. 25 2.2.7 Juntas de Dilatação ......................................................................................... 26 2.2.8 Painéis Divisórios ............................................................................................ 27 2.2.9 Resistência ao Fogo ........................................................................................ 28 2.2.10 Pavimentações .............................................................................................. 29 2.2.11 Fundações ..................................................................................................... 30 2.3 Controle Ambiental do EPS ................................................................................ 30 2.3.1 Reciclagem ...................................................................................................... 31 2.4 Concreto ............................................................................................................. 34 2.4.1 Hidratação do Cimento .................................................................................... 35 2.4.2 Propriedade Mecânica ..................................................................................... 36 2.4.2.1 Resistência ................................................................................................... 36 7 2.4.2.2 Módulo de Elasticidade ................................................................................. 38 2.4.3 Porosidade ...................................................................................................... 39 2.4.4 Dosagem ......................................................................................................... 41 2.5 Concreto Leve Fabricado com EPS ....................................................................42 2.5.1 Propriedades ................................................................................................... 42 2.5.2 Preparação e Mistura ...................................................................................... 43 2.5.3 Aplicações ....................................................................................................... 44 2.6 Desempenho de Edificações (Norma de Desempenho) ..................................... 45 3 PROGRAMA EXPERIMENTAL ............................................................................ 47 3.1 Características dos Materiais Constituintes ........................................................ 48 3.1.1 Cimento ........................................................................................................... 48 3.1.2 Agregado Miúdo e Graúdo .............................................................................. 49 3.1.3 Aditivo .............................................................................................................. 50 3.1.4 Poliestireno Expandido .................................................................................... 50 3.1.5 Cola Branca (PVA) .......................................................................................... 51 4 PREPARAÇÃO E PREPARO DAS AMOSTRAS DE CONCRETO E ARGAMASSA .......................................................................................................... 52 4.1 Mistura ................................................................................................................ 52 4.2 Moldagem das Amostras .................................................................................... 53 4.3 Propriedades Física e Mecânica ........................................................................ 53 4.3.1 Consistência .................................................................................................... 53 4.3.2 Resistência à Compressão Axial do Concreto e da Argamassa ...................... 54 4.3.3 Módulo de Elasticidade .................................................................................... 55 4.3.4 Massa Específica ............................................................................................. 57 5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .......................................... 58 5.1 Consistência ....................................................................................................... 58 5.2 Resistência à Compressão ................................................................................. 59 5.2.1 Concreto .......................................................................................................... 59 5.2.2 Argamassa ...................................................................................................... 60 5.3 Módulo de Elasticidade ....................................................................................... 64 5.3.1 Concreto .......................................................................................................... 64 5.3.2 Argamassa ...................................................................................................... 65 5.4 Massa Específica................................................................................................ 66 8 6 PROJETO E ESPECIFICAÇÃO DE MATERIAIS PARA APLICAÇÕES ESPECÍFICAS .......................................................................................................... 68 6.1 Blocos de Argamassa para Alvenaria ................................................................. 68 6.2 Aplicação do Concreto para Contrapiso ............................................................. 69 7 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 72 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 74 ANEXO A – Resultados Individuais do ensaio de resistência à compressão ........... 76 ANEXO B – Resultados Individuais do ensaio do módulo de elasticidade ............... 80 ANEXO C – Resultados Individuais do ensaio de massa específica ........................ 83 ANEXO D – Resumo dos materiais .......................................................................... 85 9 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Variação da resistência à compressão e tração em relação à sua densidade ................................................................................................................. 20 Figura 2 – Variação da resistência à compressão em relação à sua deformação .... 21 Figura 3 – Elemento de enchimento em laje nervurada e industrializada................. 22 Figura 4 – Elemento de enchimento em laje treliçada .............................................. 23 Figura 5 – Piso flutuante ........................................................................................... 24 Figura 6 – Blocos de EPS montados e concretados ................................................ 26 Figura 7 – Emprego do EPS em junta de dilatação .................................................. 27 Figura 8 – Paredes com painéis de EPS, com detalhe da tela de aço eletrossoldadas ........................................................................................................ 27 Figura 9 – Aplicação do EPS em fundações de estradas ......................................... 29 Figura 10 – Processos implantados com sucesso para reciclagem do EPS ............ 33 Figura 11 – Interação dos fatores que influenciam a resistência do concreto .......... 36 Figura 12 – Diagrama tensão-deformação do concreto ........................................... 38 Figura 13 – Flocos de EPS ....................................................................................... 51 Figura 14 – Abatimento do tronco de cone ............................................................... 54 Figura 15 – Mesa para índice de consistência ......................................................... 54 Figura 16 – Representação esquemática do carregamento para a determinação do módulo de elasticidade ............................................................................................. 55 Figura 17 – Resistência à compressão com relação ao acréscimo de EPS ............. 59 Figura 18 – Resistência à compressão da argamassa com relação ao acréscimo de EPS .......................................................................................................................... 61 Figura 19 – Influência do tipo de argamassa na resistência à compressão ............. 62 Figura 20 – Resistência à compressão da argamassa com relação ao acréscimo de EPS, para corpo-de-prova cilíndrico e tijolo .............................................................. 63 Figura 21 – Influência do tipo de concreto no módulo de elasticidade ..................... 64 Figura 22 – Influência do tipo de argamassa no módulo de elasticidade ................. 66 Figura 23 – Estimativa da resistência à compressão para o concreto ...................... 70 Figura 24 – Valores para 1m³ de concreto para contrapiso ...................................... 71 10 LISTA DE TABELAS Tabela 01 – Características exigíveis para o EPS – NBR 11752 ............................. 17 Tabela 02 – Classes de resistência do grupo I ......................................................... 37 Tabela 03 – Classes de resistência do grupo II ........................................................ 37 Tabela 04 – Resumo das misturas do concreto (mantendo-se fixo o abatimento em 10+/-2cm) ................................................................................................................. 47 Tabela 05 – Resumo das misturas da argamassa ....................................................47 Tabela 06 – Caracterização do cimento portland CPV-ARI RS ................................ 49 Tabela 07 – Características da areia ........................................................................ 49 Tabela 08 – Características do pó de pedra ............................................................. 50 Tabela 09 – Características da cola branca (PVA) ................................................... 52 Tabela 10 – Especificações dos moldes para os ensaios característicos ................ 53 Tabela 11 – Tolerância de tempo para o ensaio de compressão em função da idade de ruptura ................................................................................................................. 56 Tabela 12 – Resultados da consistência .................................................................. 58 Tabela 13 – Resultados de massa específica e absorção de água. ......................... 67 Tabela 14 – Comparação para 1 m² de alvenaria .................................................... 69 11 1 INTRODUÇÃO Atualmente uma das preocupações da construção civil é o desenvolvimento sustentável que significa a capacidade de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. Essa preocupação surgiu devido ao comportamento de consumo inadequado, provocando vários efeitos colaterais. De acordo com Tessari (2006), o desenvolvimento sustentável não nega a necessidade do progresso tecnológico. Porém as nações industrializadas conseguiram o progresso desvinculando temporariamente a humanidade da natureza, através da exploração sem controle da biodiversidade e dos recursos finitos. Desta forma, o desenvolvimento deve ser orientado buscando evitar situações irreversíveis, realizando o adequado gerenciamento de resíduos. A aplicação do poliestireno expandido (EPS) na construção civil está cada vez maior, para diversos casos, devido sua baixa densidade e capacidade de isolamento térmico. O volume de resíduos de EPS gerado vem se constituindo em grande preocupação, buscando-se possíveis aplicações deste material em concretos e argamassas, verificando-se as alterações nas propriedades e apresentando possibilidade de utilização como concreto para contrapiso e blocos de argamassa com ou sem função estrutural. Um dos objetivos deste trabalho visa às habitações de interesse social, analisando-se desta forma, com emprego do EPS, a redução de custos com garantia de propriedades satisfatórias. Neste estudo foi executado um programa experimental com função de avaliar o comportamento físico e mecânico do concreto e da argamassa com adição de flocos de poliestireno expandido, através deste, comparar suas propriedades com concreto e argamassas convencionais, denominados de referências. 12 1.1 Justificativa No Brasil são produzidos 40 mil toneladas de poliestireno expandido (EPS) por ano e grande parte vai para os lixões e aterros sanitários, ocupando muito espaço nesses locais. O poliestireno expandido (EPS) é composto 98% de ar e apenas 2% de plástico, tornando-se inútil economicamente a sua reciclagem, pois no derretimento do produto para reaproveitamento, perde-se grande parte da sua consistência como matéria prima. A finalidade desta pesquisa é a produção e análise de concreto leve e argamassa para produção de blocos para habitações de baixo custo e de interesse social, realizando ensaios técnicos para avaliar suas propriedades, principalmente respeitando os padrões mínimos de desempenho, de acordo com a recente norma nacional para edificações até cinco pavimentos. O poliestireno expandido é um material de baixo custo, ótimo isolante térmico e, além disso, sua leveza permite uma redução significativa do peso próprio da construção e da quantidade de matérias primas utilizadas na construção. Desta forma, neste trabalho será avaliada sua aplicação na construção civil, visando solucionar um dos problemas das indústrias e comércios, que é o descarte das embalagens, diminuindo-se assim, o impacto ambiental, e beneficiando os órgãos públicos. 1.2 Tema Estudo para aplicação de poliestireno expandido (EPS) em concretos e argamassas. 13 1.3 Problema de Pesquisa O poliestireno expandido (EPS) é muito usado na construção civil em forma de blocos, geralmente encontrados com seções de 0,50x1,00m a 1,20x1,20m e 2 a 6m de comprimento para lajes nervuradas. Conforme ABRAPEX (2006), este material ganhou espaço por sua leveza, sendo que suas densidades variam entre os 10 – 30kg/m³, permitindo uma redução do peso próprio da construção, e melhorando o conforto térmico, pois sua estrutura de células fechadas cheias de ar, dificulta a passagem do calor, o que dá ao EPS um grande poder isolante. Além dessas vantagens, é fácil de manusear, pois o EPS é um material com o qual se pode trabalhar com as ferramentas habitualmente disponíveis, garantindo a sua adaptação perfeita à obra. Considerando essas vantagens do EPS, resta saber se ele atenderá aos critérios normativos da construção civil, apresentando um isolamento térmico mais eficiente, a resistência necessária, o isolamento acústico satisfatório, um baixo custo do material e da execução das edificações, dentre outras necessidades que tornem viável a sua utilização. Através desta pesquisa serão realizados estudos a fim de viabilizar a utilização do EPS na produção de componentes para construção civil para aplicações específicas. 14 1.4 Objetivos 1.4.1 Geral Avaliar as propriedades de componentes para construção civil produzidos com poliestireno expandido (EPS). 1.4.1 Específicos • Avaliar as propriedades físicas e mecânicas de concretos e argamassas produzidas com adição de EPS; • Especificar a composição de alguns traços de concreto, com a respectiva quantidade de EPS, para algumas aplicações em construções; • Quantificar a melhoria do material na capacidade de isolamento térmico; • Desenvolver um componente modular para a alvenaria de argamassa com EPS, estudando o desempenho do material para utilização em habitações de interesse social; • Incentivar o uso de materiais mais eficientes, de acordo com os critérios básicos da norma de desempenho de edificações (de maio de 2008 e obrigatório a partir de maio de 2010); • Desenvolver materiais de baixo custo, apontando a sua utilização em sistemas construtivos aplicados em obras para habitações de baixo custo. 15 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Poliestireno Expandido (EPS) 2.1.1 Definição O Poliestireno Expandido (EPS) é uma espuma formada a partir de derivados de petróleo. É um plástico celular rígido onde seu produto final são pérolas de até 3 milímetros de diâmetro que sofrem expansão em até 50 vezes do seu tamanho original. EPS é a sigla internacional do Poliestireno Expandido, de acordo com a definição da norma DIN ISSO-1043/78. O Material foi descoberto em 1949 pelos químicos Fritz Stastny e Karl Buchholz, quando trabalhavam nos laboratórios da Basf, na Alemanha. No Brasil, é mais conhecido como “isopor®”, marca registrada da Knauf que designa,comercialmente, os produtos de poliestireno expandido vendidos por esta empresa. (ABRAPEX, 2006, p. 7). 2.1.2 Características O Poliestireno Expandido apresenta em seu volume até 98% de ar e 2% de poliestireno. Conforme a ABRAPEX (2006), em 1m³ de EPS existem cerca de 70 milhões de células fechadas e cheias de ar. O EPS apresenta algumas vantagens na construção civil, dentre elas se destacam o isolamento térmico, a durabilidade, a dilatação térmica, a impermeabilidade, a higiene e a facilidade de manuseiocom relação a diversos materiais de construção. O exemplo de sua utilização é nas lajes pré-moldadas, em que substituem as tavelas cerâmicas, reduzindo custos não somente com sua fácil aplicação, mas também nas cargas verticais na estrutura da obra. Na fabricação do EPS, a matéria prima é sujeita a um processo de transformação física, não alterando as suas propriedades químicas. Esta transformação acontece em três etapas: 16 A expansão do EPS é efetuada, primeiramente, num pré-expansor através de aquecimento por contato com vapor de água. Disto resulta um granulado de partículas de EPS constituídas por pequenas células fechadas, que é armazenado para estabilização. Num segundo momento, dá-se o armazenamento necessário para permitir a posterior transformação do EPS. Durante esta fase de estabilização, o granulado arrefece, criando uma depressão no interior das células. Ao longo deste processo o espaço dentro das células é preenchido pelo ar circundante. Na última etapa da fabricação, o granulado estabilizado é introduzido em moldes e novamente exposto ao vapor de água, o que provoca a soldagem do mesmo dando origem a um material expandido, que é rijo e contém uma grande quantidade de ar. Para fabricar placas para a Construção Civil produzem-se blocos de EPS em grandes moldes paralepipédicos. Na fabricação de moldados de EPS, o granulado é insuflado para dentro de moldes com a conformação das peças pretendidas. A escolha do tipo de matéria prima e a regularição do processo de fabricação permitem a obtenção de diversos tipos de poliestireno expandido, com várias densidades, cujas características se adaptam às aplicações previstas. 17 Os blocos são identificados, conforme apresentado na Tabela 01: Tabela 01 - Características exigidas para o EPS – NBR 11752. PROPRIEDADES NORMA Unid. Tipos de EPS Método de Ensaio TIPO 1 TIPO 2 TIPO 3 TIPO 4 TIPO 5 TIPO 6 TIPO 7 Densidade Aparente NBR 11949 kg/m³ 10,0 12,0 14,0 18,0 22,5 27,5 32,5 Nominal Densidade Aparente NBR 11949 kg/m³ 9,0 11,0 13,0 16,0 20,0 25,0 30,0 Mínima Condutividade NBR 12094 W/m.K - - 0.042 0,039 0,037 0,035 0,035 Térmica Máxima (23ºC) Tensão por Compressão NBR 8082 Kpa ≥ 33 ≥ 42 ≥ 65 ≥ 80 ≥ 110 ≥ 145 ≥ 165 com de formação de 10% Resistência mínima ASTM C-203 Kpa ≥ 50 ≥ 60 ≥ 120 ≥ 160 ≥ 220 ≥ 275 ≥ 340 à flexão Resistência mínima EN-12090 Kpa ≥ 25 ≥ 30 ≥ 60 ≥ 80 ≥ 110 ≥ 135 ≥ 170 ao cisalhamento Flamabilidade NBR 11948 Material Retardante à Chama (Se material classe F) Fonte: ABRAPEX, 2006, p. 8. 2.1.3 Vantagens Não é conhecido o período de durabilidade do poliestireno expandido (EPS). Porém, suas características impõem a sua correta aplicação de modo que seja garantido um desempenho apropriado ao longo do tempo. Necessita ser considerado a radiação solar direta, quando diversos tipos de radiações que deterioram o EPS podem alterar sua estrutura química. Este processo, entretanto, é lento e dependente da intensidade de radiação solar e do tempo de exposição. Em conjunto, as radiações e as intempéries abreviam o processo de deterioração. Assim, devemos evitar aplicações em que o EPS fique exposto à radiação solar direta. A estrutura celular do EPS igualmente é danificada por solventes ou vapores destes. Bem como outros materiais, o EPS expande e contrai em função da alteração da temperatura a que estiver sujeito. A dilatação térmica linear pode ser importante em algumas aplicações tais como, em câmaras frigoríficas e no 18 isolamento térmico pelo exterior, tendo a importância nas soluções construtivas a tomar. Nestes casos recorre-se a emprego de placas de EPS com dimensões faciais mais reduzidas. Além de impermeável, é resistente à umidade, apresentando elevada resistência à entrada do vapor, características que lhe atribuem uma grande resistência à ação da água e da umidade, permitindo sustentar inalteradas as suas qualidades. Não desenvolve bactérias, nem libera substâncias, podendo estar em relação direta com os materiais de construção, sem lhes alterar as características. Desta forma, é um grande aliado à indústria da construção civil. É um produto fácil para se trabalhar na construção civil, por usar as ferramentas que, geralmente, são disponíveis em obras, garantindo a adequação completa na construção. Além disso, sua leveza facilita o manuseio do mesmo, abreviando todas as intervenções de circulação e aplicação, favorecendo o rendimento da obra. 2.1.4 Desvantagens A composição celular do EPS é afetada pelos solventes, sendo este procedimento rápido com temperaturas elevadas. Portanto deve-se evitar o contato ou apresentação a vapores destes produtos que serão descritos a seguir: • Água, água do mar, soluções de sais; • Materiais de construção correntes (cal, cimento, gesso); • Soluções alcalinas; • Betumes, produtos betuminosos diluídos com água; • Soluções ácidas fracas; • Sais, adubos; 19 • Ácido clorídrico 35%; • Ácido nítrico 50%. 2.2 Poliestireno Expandido na Construção Civil Esse material ganhou nos últimos 35 anos uma posição estável na construção de edifícios, não apenas por suas características isolantes, mas também por sua leveza, resistência, facilidade de trabalhar e baixo custo. Atualmente, suas vantagens podem ser conferidas não apenas em lajes e miolos de parede, mas também em detalhes decorativos de fachadas, na fabricação de concreto leve e, especialmente, na fundação de estradas. 2.2.1 Histórico Desde os anos 1990, o EPS vem ganhando espaço na construção civil. Hoje em dia, o consumo mundial de EPS é de quase um milhão e duzentos mil toneladas por ano, prevendo-se que 40% deste volume seja consumido na Europa. Em Portugal, o poliestireno expandido (EPS) é aplicado principalmente na construção civil, em placas e como acondicionado na indústria da embalagem, sendo que tanto nas placas como em corpos moldados surgiu no final da década de 50, alcançando rapidamente a aceitação em qualquer desses setores. O mercado português consume cerca de 1 % do consumo europeu, 60% do qual na construção civil. 20 2.2.2 Propriedades Mecânicas do EPS As características mecânicas mais fundamentais do poliestireno expandido (EPS) relacionam-se com as classes de manuseamento e o bom emprego, sendo a resistência à compressão, a resistência à flexão, a resistência à tração e a fluência sob compressão. Os valores da resistência estão relacionados principalmente com a densidade do EPS. De uma maneira geral, os valores aumentam de uma maneira linear com a densidade conforme apresentado na Figura 1. Figura 1 – Variação da resistência à compressão e tração em relação à sua densidade. Fonte: http://www.tecnocell.com.br/eps.php?epsID=3. Na compressão, o poliestireno expandido (EPS) proporciona um desempenho elástico até a deformação atingir cerca de 2% da espessura da placa, nesta circunstância uma vez removida a força que provoca a deformação, a placa recupera a espessura original conforme representado na Figura 2. 21 Figura 2 – Variação da resistência à compressão em relação à sua deformação. Fonte: ABRAPEX, 2006, p. 26. Acrescentando a força de compressão, supera-se o limite de elasticidade e verifica-se uma deformação constante de parte das células que, portanto, não se rompem. 2.2.3 Lajes As lajes de uma edificação, devido a sua grande superfície, geralmente são elementos estruturais que mais consomem concreto. Quando é laje maciça chega a consumir quase dois terços do volume total da estrutura, portanto é muito importante na horade projetar pensar qual o tipo de laje terá um melhor benefício, tendo em vista a obtenção de soluções técnicas e econômicas. Há dois tipos de lajes nervuradas industrializadas, a laje pré-fabricada unidirecional, e a laje nervurada bidirecional. As lajes unidirecionais são recomendadas a execução de nervuras transversais às nervuras principais, que terão a função de travamento, melhorando a distribuição de cargas nas nervuras principais pelos carregamentos submetidos à laje. Geralmente é usado para preenchimento, blocos cerâmicos (tavelas) ou blocos de concreto tendo uma participação expressiva no peso próprio da laje. Na 22 substituição das tavelas, usando blocos de EPS como enchimento da laje, reduz consideravelmente o peso próprio da mesma, aliando a facilidade de manuseio da mão de obra, tornando-se um ponto positivo com relação a outros materiais. A laje bidirecional, que usa como enchimento o EPS entre as nervuras, possui melhor comportamento estrutural se comparado com a laje unidirecional. São caracterizadas por menor deslocamento (flechas) e melhor distribuição de cargas, conseqüentemente, pela sua altura reduz consumo de concreto e armaduras beneficiando o custo da obra. A laje nervurada bidirecional é uma concepção recente, que usa o EPS como elemento de preenchimento entre nervuras. A solução permite vencer grandes vãos com lajes delgadas, econômicas e bem resolvidas estruturalmente. O alívio de peso próprio das lajes permite a redução de dimensionamento de toda a estrutura, o que se traduz em economia. (ABRAPEX, 2006, p. 10). De acordo com a ABRAPEX (2006), o EPS pode ser fornecido em peças prontas, geralmente no comprimento de 1 metro com a seção necessária à laje que se vai montar. Seu corte é fácil e os pedaços eventualmente cortados servirão para uso na mesma laje, com perdas quase nulas. A colocação se faz do mesmo modo que os blocos cerâmicos, mas com menos esforço e com o transporte interno na obra facilitado. Na concretagem os blocos de EPS oferecem uma resistência que permite o suporte de materiais e operários durante a concretagem das lajes. As Figuras 3 e 4 mostram duas aplicações do poliestireno expandido em lajes. Figura 3 - Elemento de enchimento em laje nervurada e industrializada. Fonte: (ABRAPEX, 2006, p. 10). 23 Figura 4 - Elemento de enchimento em laje treliçada. Fonte: (ABRAPEX, 2006, p. 11). 2.2.4 Isolamento Térmico e Acústico O parâmetro mais importante do poliestireno expandido (EPS) é a baixa condutividade térmica, isso se deve à sua estrutura celular, constituída por milhões de células fechadas com diâmetros de alguns décimos de milímetros. O EPS é muito utilizado como isolante em telhados, paredes e enchimentos de laje. O rendimento de energia por meio da cobertura representa uma grande parcela de contribuição para o aumento da carga térmica no espaço construído, além da cobertura, que recebe a radiação solar incidente. As paredes também têm grande melhoria pelas trocas de calor entre o ambiente externo e interno, pois alguns sistemas construtivos que contemplam a utilização de EPS nos elementos de vedação, como forma de minimizar os efeitos negativos decorrentes da insolação direta. O painel pré-fabricado tipo sanduíche é uma das soluções, sendo composto por um núcleo em EPS de 8 cm de espessura envolto em telas soldadas de aço e em camadas de concreto de 3,5 cm em cada face. Um dos materiais mais usados hoje em dia na construção civil, pelo seu custo e benefício, para isolamento térmico de lajes impermeabilizadas, é o EPS. Sua fixação é simples e obtém-se o isolamento esperado com espessuras bem finas, pois não se admite, atualmente, que as lajes de cobertura sejam expostas ao sol sem isolamento térmico, pois a dilatação deteriora a impermeabilização rapidamente, e também ocasiona desconforto. As condições para o isolamento acústico são diferentes. Conforme a ABRAPEX (2006), o EPS, por ser composto de células fechadas, é um ótimo isolante térmico, porém um mal isolante acústico. Deste modo, para se obter, por 24 exemplo, isolamento de ruído de impacto em lajes, há necessidade de um tratamento do material, separando o lastro e o piso acabado, evitando-se qualquer união rígida entre ambos. Esta solução construtiva em que se coloca o EPS tratado denomina-se de pavimento flutuante. 2.2.5 Pisos Flutuantes Os pisos flutuantes geralmente são usados em lajes de edifícios residenciais, para atenuar os efeitos acústicos provocados pela vizinhança, dentre outros ruídos externos a edificação. Aplica-se em cima da laje do edifício placas de poliestireno expandido (EPS) com espessura mínima de 20 mm, tomando todo o piso, e junto às paredes, faz-se um rodapé de EPS que ultrapasse 5 cm as placas como demonstrado na Figura 5. Sobre o EPS coloca-se o contrapiso e o piso de acabamento. Com este procedimento a camada de poliestireno expandido envolve completamente o piso da laje. Figura 5 – Piso flutuante. Fonte: Tessari (2006, p. 14). Um pavimento flutuante é constituído de maneira que se possam montar, sobre a laje bruta, placas de poliestireno expandido, próprias para 25 isolamento contra o ruído de passos, e sobre estas aplicar o papel alcatroado ou o filme de polietileno. Aplica-se depois, na construção de habitações de mais de um pavimento, pelo menos uma camada de pavimento flutuante de 3,5 cm de espessura, devendo, no entanto, ter-se claro que a camada do pavimento flutuante não pode ficar em contato, em nenhum ponto, com a laje ou alvenaria, a fim de evitar pontos sonoros. (ABRAPEX, 2006, p. 69). As lajes sofrem impactos e atrito que produzem vibrações sonoras. Com utilização do EPS (aplicado também em paredes) acrescenta-se conforto acústico por meio de painéis. As paredes que dividem os apartamentos, feitas com duas alvenarias com a metade da espessura prevista, e intercalando-se uma placa de EPS entre ambas. 2.2.6 Blocos Vazados de EPS A construção em larga escala de habitações de baixa renda pode viabilizar o uso de tecnologias baseadas em materiais alternativos para alvenaria. É o caso dos blocos de EPS vazados que, armados e preenchidos com concreto, irão compor o fechamento da unidade residencial. Estes blocos são de alta densidade que permite a colocação rápida. Este sistema reduz a mão-de-obra, o desperdício e o tempo de construção, oferecendo maior controle das dimensões e alinhamento das paredes, promovendo também um isolamento térmico e acústico não obtido nos sistemas convencionais. Conforme a ABRAPEX (2006), os blocos têm paredes com 40 mm de EPS em ambas as faces, sendo fornecidos nas dimensões de 1200 x 300 x 140 mm, podendo ser facilmente recortados, de acordo com o projeto. Na montagem, os vazios dos blocos são preenchidos com concreto, especificado o traço, de acordo com o tipo de edificação. A cada fiada de blocos coloca-se uma barra de aço fina, amarrada nas barras verticais, repetindo-se esta operação até a altura da laje, que também possui enchimento em EPS. A Figura 6 mostra a montagem de blocos de EPS. 26 Figura 6 – Blocos de EPS montados e concretados. Fonte: http://www.revistatechne.com.br/engenharia-civil/136/artigo95948-3.asp. Após as instalações, os revestimentos são executados respeitando-se os vãos das portas e janelas. O revestimento com azulejos realiza-se no final, após a fixação dos caixilhos e esquadrias. Os forros e pisos são colocados de forma convencional. 2.2.7 Juntas de Dilatação A junta de dilatação pode ser definida como sendo uma separação entre duas partes de uma estrutura para que estas partes possam movimentar-se, uma em relação à outra, sem que haja qualquer transmissão de esforço entre elas. A estrutura de concreto com extensão superior a 35 metros necessitade juntas de dilatação. A aplicação dessas juntas é facilitada se o produto utilizado for durável e elástico, para poder conservar-se no local depois da concretagem. 27 A Figura 7 apresenta a utilização do EPS em junta de dilatação. Figura 7 – Emprego do EPS em junta de dilatação. Fonte: (ABRAPEX, 2006, p. 84). 2.2.8 Painéis Divisórios É um dos sistemas construtivos desenvolvidos para produzir painéis autoportantes para a construção civil. Kiesewetter (2007) diz que a construção das paredes requer a montagem de grandes painéis compostos de chapas de EPS com densidade em torno de 15 kg/m³ de no mínimo 80 mm, que são cortadas de acordo com a especificação de cada projeto. A Figura 8 mostra os painéis de poliestireno expandido aplicados para construção de uma casa. Figura 8 – Paredes com painéis de EPS, com detalhe da tela de aço eletrossoldadas. Fonte: (Kiesewetter, 2007, p.101). 28 Os painéis monolíticos de EPS interagem sem problemas com outros materiais, devendo-se evitar apenas os solventes. E geralmente, as obras com paredes e lajes de bloco de EPS reforçados e revestidos empregam os mesmos materiais utilizados na construção civil convencional. 2.2.9 Resistência ao Fogo Sendo o poliestireno expandido (EPS) um produto plástico, é um material combustível, porém existe o EPS tipo F, que não é inflamável. Denominado auto- extinguível, contém ainda um inibidor de combustão que, em contato com alguma chama, contrai, atrapalhando a sua ignição. Em seguida uma exposição demorada à chama é que se pode dar a ignição do material, embora o alastramento da chama seja sucessivamente muito restrito, é notável que, para a estimativa da contribuição do EPS em situações de incêndio, seja mais importante avaliar o desempenho do conjunto dos materiais componentes da construção e a sua composição, o que vem causar a sua eventual taxa de risco em caso de incêndio. Quando utilizado nas construções, deverá ser revestido por camadas de produtos não combustíveis. Sempre que não for revestido por materiais incombustíveis e resistentes ao fogo, será necessária a utilização do EPS tipo F, não inflamável. Neste caso, o produto não forma qualquer risco adicional de incêndio para uma construção, devido à sua baixa densidade e ao caso de não ser combustível, não espalhando a chama. Devem-se considerar os revestimentos ou colas das camadas de poliestireno expandido, que podem alterar a reação do material ao fogo. Análises biológicas sobre a toxicidade dos gases provocados pela combustão do poliestireno expandido mostram que o único influente tóxico é o monóxido de carbono. O risco para a saúde deste gás é baixo, em relação aos gases liberados pela combustão de outros materiais freqüentemente presentes nas construções. 29 2.2.10 Pavimentações Lugares com solos de baixa capacidade de carga são normais, ocasionando problemas de fundação nas construções, especialmente nas estradas e outras infra-estruturas. Pelo alto preço na mudança e compactação de solo ou nas fundações profundas, na Europa e no mundo atualmente está se difundido, o processo de aterro com poliestireno expandido (EPS), especialmente no Brasil. Por cima do solo limpo, coloca-se uma camada de areia nivelada para receber os blocos de EPS, que são colocados com juntas desencontradas. Assenta- se outra camada sobre a primeira, e assim consecutivamente, desenvolvendo um tronco de pirâmide para espalhar a carga da estrada em uma área ajustada com a resistência mecânica do solo. A Figura 9 mostra aplicação do EPS como alternativa para evitar o alto custo de compactação do solo. Figura 9 – Aplicação do EPS em fundações de estradas. Fonte: (ABRAPEX, 2006, p.84). No final do processo, os blocos são cobertos com um filme de EPS para protegê-los de eventual dispersão de solventes, que possam atacá-los. A base da pavimentação logo pode ser preparada e nas laterais coloca-se terra para plantio das encostas. Concluída a pavimentação, obtêm-se estradas de baixo custo de manutenção. Em locais alagadiços, devem-se fazer drenos no pé do aterro para evitar a ação do empuxo nos blocos. 30 2.2.11 Fundações É utilizado o poliestireno expandido (EPS) nas fundações proporcionando um isolamento térmico dos parâmetros enterrados, abaixo do nível do solo, para isso consiste no bom emprego de placas de EPS pelo exterior dos muros e fundações enterradas. O sistema traz vantagens permitindo níveis de isolamento térmico no perímetro de pavimento e edifícios, protegendo da umidade do solo, desde que a camada de poliestireno expandido esteja integrada a um sistema de impermeabilização e drenagem, este recurso é adequado à integração com sistemas de isolamento térmico pelo exterior de paramentos. 2.3 Controle Ambiental do EPS O poliestireno expandido (EPS) é empregado para diversas funções na construção civil (concreto leve, argamassa, peças para lajes, blocos, etc.), além de outras aplicações, em embalagens de eletrodomésticos e câmaras frigoríficas. O EPS é um material que pode ser totalmente reciclado, para voltar à condição de matéria-prima. Não contamina o solo, o ar e a água. Contudo sua fabricação e utilização não geram risco à saúde e ao meio ambiente. Mas há uma preocupação quanto ao descarte deste material comentado por Tessari (2006, p. 51- 52). Atualmente, um dos maiores desafios da humanidade é a prevenção e o controle da poluição ambiental. Dentre as diversas formas de poluição, uma das mais preocupantes é a representada pelos resíduos sólidos, em especial o resíduo plástico, da qual o EPS faz parte, pois sua degradação espontânea demanda muito tempo e ocupa muito espaço nos locais de destinação final. Esta dificuldade enfrentada por diversas cidades grandes, bem como pelas capitais, causa muitos problemas e está saturando os aterros sanitários. 31 O EPS sozinho não polui nem contamina a terra, porém seu processo de decomposição é lento, ocupando locais de utilização pública, por exemplo, delimitando o espaço útil dos lixões. 2.3.1 Reciclagem Atualmente, tem se comentado sobre a importância da reciclagem e a necessidade de descartar perfeitamente a variedade de materiais, tais como vidro, papel, alumínio e plástico. No entanto, determinados resíduos ainda provocam incertezas no momento do seu rejeito, sendo o poliestireno expandido um desses materiais, em que há o descarte sem o conhecimento das possibilidades de reaproveitamento. Apesar de ser totalmente reciclável, as dificuldades deste processo são inúmeras, a começar pelo seu transporte porque apesar do EPS ser um produto leve, ocupa muito espaço. Deste modo, mesmo sendo tecnicamente reciclável, a situação de ser expandido, torna seu transporte e armazenamento mais difícil. Atualmente, são consumidos 2,5 milhões de toneladas do poliestireno expandido (EPS) no mundo e no Brasil, nos últimos dez anos, teve um crescimento de 300% do consumo deste material, atingindo uma produção de quarenta mil toneladas, porém, apenas cinco mil toneladas são recicladas. A reciclagem e o reaproveitamento do EPS podem acontecer de diversas formas. Uma delas, que vem sendo muito adotada, é a utilização na construção civil, por suas características, o EPS pode ser aproveitado na fabricação de concreto leve, de tijolo leve poroso e de argamassa. A utilização do EPS na construção civil deixa o custo da habitação mais econômica e para muitas empresas é até um promotor de vendas, pelas suas propriedades. Outro processo de reciclagem do poliestireno expandido é primeiramente a quebra em tamanhos menores. Posteriormente o material é aglutinado, por meio de exposição ao calor e ao atrito. Em seguida o material é colocado naextrusora, onde é contido a novo aquecimento, em temperaturas controladas, até seu derretimento. Nesta situação, o poliestireno expandido é homogeneizado e transformado em filetes, na forma de espaguete, sendo resfriados e secos, os filetes 32 passam por uma máquina de picotes, que transforma o poliestireno expandido (EPS) em grânulos. Assim, depois desses processos, o poliestireno expandido (EPS) está pronto para ser reutilizado em diversas formas e formatos, atendendo à necessidade do mercado. Entretanto, ainda pelas diversas formas de se reciclar o poliestireno expandido (EPS), há uma exclusiva forma de reciclagem em ampla quantidade deste material, que é através do termobloco, tecnologia desenvolvida em Santa Catarina. O termobloco é um bloco pré-moldado, á base de cimento, poliestireno expandido (EPS) e aditivos que não só causam melhoria á natureza, além disso a quem utiliza, pois diminui o consumo com estrutura, adicionando o conforto térmico e abatendo drasticamente o consumo de energia com ar condicionado. Existem vários processos para reaproveitamento e reciclagem de resíduos de EPS, a Figura 10 apresenta um fluxograma dos processos de reciclagem do EPS. 33 Figura 10 – Processos implantados com sucesso para reciclagem do EPS. Fonte: ABRAPEX, 2000 apud Tessari, 2006, p. 56. 34 2.4 Concreto O concreto é a mistura de água, cimento e agregados. Quando endurecido tem ótima resistência à compressão, mas resistência insignificante à tração. Para efeito de cálculo a NBR 6118 (2003) considera o peso específico do concreto adotado em 2400 kg/m³. No concreto há possibilidades do uso de aditivos para melhorar algumas condições, como retardar o endurecimento, aumentar a trabalhabilidade para melhor adensamento. A consistência, trabalhabilidade e homogeneidade são propriedades importantes do concreto no estado fresco. A consistência corresponde a sua deformabilidade e varia em geral com a quantidade de água empregada, granulometria dos agregados e uso de aditivos. A trabalhabilidade que depende da incorporação de aditivos, da granulometria dos agregados e principalmente da relação água/cimento. E a homogeneidade que é a garantia de dispersão dos agregados na massa, estando totalmente envolvidos pela pasta. Os cimentos são substâncias ligantes, que de acordo com Kihara e Centurione (2005) após entrarem em contato com a água é submetido a processos de transformações químico-mineralógicas, que contribuem para agregar e consolidar os agregados. O cimento portland é o aglomerante mais utilizado na produção do concreto, obtido da moagem do clínquer ao qual é adicionado gipsita (CaSO4). O clínquer é obtido da queima a altas temperaturas de uma mistura de calcário e argila. Desta forma o cimento portland é formado essencialmente por compostos que possuem cálcio e sílica em sua composição. Outros materiais ( 32OAl e 32OFe ) surgem como impurezas. O tipo de cimento a ser escolhido depende das especificações da obra. Como exemplo a necessidade de endurecimento lento, normal ou rápido que varia com o tipo: CP I: cimento portland comum, quando não se exige propriedades especiais do cimento; CP II: cimento composto; CP III: cimento de alto forno; CP IV: cimento pozolânico; CP V: cimento de alta resistência inicial. 35 A dosagem do concreto é a proporção dos materiais do concreto, para se obter um desempenho que atenda a requisitos já estabelecidos. O concreto deverá ser dosado de modo a assegurar, após a cura, a resistência indicada no projeto estrutural. 2.4.1 Hidratação do Cimento Paulon (2005) comenta que Le Chatelier (1904) foi quem primeiro propôs o mecanismo pelo qual a pasta de cimento se hidrata. Ocorrendo inicialmente o fenômeno químico de hidratação dos compostos; em seguida, o fenômeno físico de cristalização dos hidratos e, logo após, o entrelaçamento de fibras cristalinas. O enrijecimento da pasta é caracterizado pela hidratação dos aluminatos e a evolução da resistência é realizada pelos silicatos. O cimento portland, hidratado sob condições normais, permite o desenvolvimento de várias formas morfológicas de gel de silicato de cálcio hidratado (abreviado como C-S-H); de hidróxido de cálcio; de etringita ou etringita na fase AFt; de monosulfoaluminato de cálcio hidratado ou associado a fase AFm e, ocasionalmente, a pequenas quantidades de outras fases. É geralmente considerado que o C-S-H constitui a maior proporção do sistema e que as fases AFt e AFm estão presentes em quantidades menores. (PAULON, 2005, p. 587). Considerando o cimento uma mistura heterogênea de vários compostos, o processo de hidratação consiste de reações simultâneas ocorrendo entre os compostos de anidros e a água. Os aluminatos hidratam mais rápido que os silicatos. A perda de consistência e a pega da pasta de cimento estão diretamente ligadas às reações envolvem os aluminatos. Os silicatos, por sua vez, têm papel dominante nas características de endurecimento. Na hidratação dos aluminatos a reação com o C3A com água é imediata e por isto há necessidade da adição de sulfato para retardar a reação. A hidratação dos silicatos se dá algumas horas após o início da hidratação do cimento. A hidratação do C3S e do C2S origina silicatos de cálcio hidratados que possuem composição química muito variada e são representados genericamente por C-S-H e 36 hidróxido de cálcio Ca(OH)2 , compostos estes que preenchem o espaço ocupado pela água e pelas partículas do cimento em dissolução. 2.4.2 Propriedade Mecânica 2.4.2.1 Resistência Muitos são os fatores que influenciam a resistência mecânica do concreto. De acordo com Mehta & Monteiro (1994 apud JACHINTO e GIONGO, 2005), devem- se considerar fatores tais como: tipo de solicitação, velocidade de carregamento, relação água/cimento, idade do concreto, forma e dimensões dos corpos-de-prova. A Figura 11 mostra de forma ilustrativa esses fatores. RESISTÊNCIA DO CONCRETO RESISTÊNCIA DAS FASES COMPONENTES PARÂMETROS DE CARREGAMENTO PARÂMETROS DE CARREGAMENTO VELOCIDADE DE APLICAÇÃO DA TENSÃO TIPOS DE TENSÃO GEOMETRIA DIMENSÕES ESTADO DE UMIDADE PARÂMETROS DA AMOSTRA POROSIDADE DA MATRIZ POROSIDADE DO AGREGADO POROSIDADE DA ZONA DE TRANSIÇÃO ADITIVOS MINERAIS FATOR a/c GRAU DE HIDRATAÇÃO Tempo de Cura Temperatura Umidade CONTEÚDO DO AR Ar Preso ADITIVOS MINERAIS FATOR a/c CARACTERÍSTICAS DE EXUDAÇÃO Distribuição Granulométrica do agregado Tamanho Máximo e Geométrica INTEGRAÇÃO QUÍMICA ENTRE AGREGADO E PASTA DE CIMENTO GRAU DE COMPACTAÇÃO GRAU DE HIDRATAÇÃO Tempo de Cura Temperatura Umidade Figura 11: Interação dos fatores que influenciam a resistência do concreto. Fonte: Adaptação de Mehta e Monteiro, 1994 apud Jachinto e Giongo, 2005, p. 606. Conforme Helene e Terzian (1992) o objetivo maior do controle da resistência à compressão do concreto é a obtenção de um valor único e característico da resistência de determinado volume de concreto. 37 Para se obter a resistência característica à compressão do concreto é necessário moldar e preparar um determinado número de corpos-de-prova, os quais são realizados conforme a NBR 5738 (1994) e ensaiados à compressão segundo a NBR 5739 (1994) – Concreto – Ensaio de compressão de corpos-de-prova cilíndricos. Quando não indicado a idade do concreto, a resistência refere-se a 28 dias de idade. O valor que irá representar essa resistência apresenta um grau de confiança de 95%, ou conforme a NBR 6118 (2003) expõe que, a resistência característica inferior é o valor que tem 5% de probabilidade de não ser atingido pelos elementos de um dado lote de material. A NBR 8953 (1992) indica que os concretos são classificados em grupos de resistência, grupo I e grupo II, conforme a resistência característica à compressão (fck) em megapascal(MPa), mostra-se na Tabela 02 e 03 os valores considerados. Tabela 02: Classes de resistência do grupo I. Grupo I de resistência Resistência característica à compressão (MPa) C10 10 C15 15 C20 20 C25 25 C30 30 C35 35 C40 40 C45 45 C50 50 Fonte: NBR 8953, 1992, Tabela 03: Classes de resistência do grupo II. Grupo II de resistência Resistência característica à compressão (MPa) C55 55 C60 60 C70 70 C80 80 Fonte: NBR 8953, 1992, A diferença na obtenção da resistência à tração está nos tipos de ensaios realizados. Há três ensaios para obter essa resistência: tração direta, compressão diametral e tração na flexão. O ensaio mais utilizado é por compressão diametral, conhecido como o ensaio brasileiro de resistência à tração, desenvolvido por Lobo Carneiro. O ensaio 38 de tração pura (direta) apresenta dificuldades, devido à ocorrência de excentricidade na força aplicada. As considerações para definir a resistência do concreto à tração são idênticas para compressão, portanto têm-se o valor da resistência que apresenta um grau de 95% de confiabilidade pelos resultados de um lote de concreto, sendo a resistência característica do concreto à tração tkf . 2.4.2.2 Módulo de Elasticidade De acordo com Shehata (2005), na literatura, são citados os módulos de elasticidade tangente, secante e cordal, que nem sempre são interpretados corretamente. A partir do diagrama tensão-deformação podem-se definir as características elásticas do concreto, sendo aspecto fundamental no projeto estrutural. De acordo com conceitos de resistências dos materiais, para determinados intervalos a relação entre tensão e deformação pode ser linear, ou seja; essa expressão do módulo de elasticidade é aplicada somente a parte retilínea da curva tensão-deformação. Quando não houver parte retilínea, aplica-se a expressão à tangente da curva na origem. Na Figura 12 estão definidos as características elástica do concreto. Figura 12 – Diagrama tensão-deformação do concreto. Fonte: Adaptação de Fusco (1976 apud CARVALHO e FIGUEIREDO, 2007, p. 35). 39 O módulo tangente é obtido pela inclinação da reta tangente à curva nesse ponto. O módulo cordal é definido pela reta que liga dois pontos quaisquer da curva. E o módulo secante possui um valor variável em cada ponto, sendo obtido pela inclinação da reta que une a origem a esse ponto. A Figura 12 apresenta ainda, o módulo de deformação tangente na origem ( 0E ), obtido pela inclinação da reta tangente à curva na origem. Conforme a NBR 8522 (ABNT, 2003), quando não forem realizados ensaios e não haver dados mais precisos sobre o concreto, pode-se estimar o valor do módulo de elasticidade longitudinal com a expressão: ckci fE .5600= com ciE e ckf dados em MPa. Conforme a NBR 8522 (2003), para avaliar o comportamento de um elemento estrutural ou de uma seção, pode-se adotar um módulo de elasticidade único, à tração e a compressão, igual ao módulo secante. 2.4.3 Porosidade Paulon (2005) comenta que as características mecânicas, elásticas, físicas e químicas, dependem de um grande número de fatores relativos à pasta em si, aos agregados utilizados e da ligação entre esse dois elementos essenciais. Ponto de vista das três propriedades essenciais: resistência mecânica, porosidade e durabilidade, ligação entre a pasta de cimento e o agregado, resulta não só de um entrelaçamento mecânico dos produtos de hidratação do cimento com o agregado, como também da reação química entre o agregado e a pasta de cimento. (PAULON, 2005, p. 584) A quantidade de poros de um material é sua característica de apresentar poros ou vazios, sendo a porosidade do concreto uma das principais características físicas que mais interfere nas propriedades do concreto. 40 Os poros existentes no concreto são considerados como parte integrante da matriz (pasta de cimento) e podem ser encontrados em diversos tamanhos, abrangendo uma escala de abaixo de 2,5 nm a acima de 10.000 nm. Os microporos (abaixo de 2,5 nm) são considerados responsáveis pela formação da porosidade intrínseca. Porém há estudos em que devem ser incluídos os mesoporos (2,5 nm a 50 nm) que junto ao macroporos formam o sistema de capilaridade do material. Paulon (2005) comenta que o sistema de distribuição de poros do concreto é fortemente influenciado por fatores como dosagem do concreto (principalmente relação água/cimento), cura, quantidade e tipos de adições. Na microestrutura da pasta de cimento dois fatores são muito importantes: a quantidade de água e a idade. Na relação água/cimento causa a modificação da pasta de cimento. Quanto à idade, as particularidades da microestrutura desenvolvem-se rapidamente desde o contato do cimento com a água, tornando-se mais lentas essa mudança. Porém, o processo de hidratação continua durante meses e anos. A resistência da pasta é fortemente relacionada com a porosidade da mesma, que hidratada distribui-se da seguinte forma: • Vazios entre camadas de C-S-H: que são vazios que não influem na resistência da pasta; • Vazios capilares: que representa o espaço não preenchido pelos componentes sólidos da hidratação do cimento. O volume total e principalmente a distribuição dos tamanhos dos poros afetam a resistência da pasta; • Poros de ar incorporado: possuem forma esférica, com dimensões superiores aos vazios capilares. Podem ser decorrentes de uma má vibração do concreto ou terem sido intencionalmente incorporados. Devido suas grandes dimensões reduzem consideravelmente a resistência do concreto e aumentando a impermeabilidade. 41 2.4.4 Dosagem O estudo de dosagem realiza-se visando obter a mistura ideal e mais econômica. Definindo-se o traço, o concreto deve atender conforme Helene (2005) alguns requisitos usuais, entre eles: • A resistência mecânica do concreto, sendo o parâmetro mais especificado. Nesta engloba-se a resistência à compressão, a mais utilizada, embora a resistência à tração por flexão seja muito comum em projetos de pavimentos de concreto. O tradicional uso da resistência à compressão como principal parâmetro de dosagem é devido ao simples procedimento de modelagem dos corpos-de-prova e do ensaio de compressão e também ao fato desta resistência ser um parâmetro sensível às alterações de composição de mistura. • A trabalhabilidade deve ser adequada para cada situação. Definindo os condicionantes pelos projetos estruturais (fôrmas, taxas de armaduras, detalhes geométricos), pelos equipamentos a serem utilizados, pelas necessidades de acabamento e por necessidades ambientais. O concreto deve ser coeso e viscoso, sem apresentar segregações, exsudação, variações de cor e escorrimentos. • A durabilidade que depende de valores extrínsecos como umidade relativa e solicitações mecânicas, como condições intrínsecas, tais como tipo de cimento, relação água/cimento, aditivos, entre outros. • Com referência a deformabilidade, a deformação inicial ou imediata e principalmente a fluência do concreto têm sido especificadas pelos projetistas. Por essas deformações, progressivamente vem sendo incluídas como requisitos importantes nos estudos de dosagem. 42 2.5 Concreto Leve Fabricado com EPS 2.5.1 Propriedades Os concretos leves de poliestireno expandido (EPS), são concretos convencionais, onde a brita é substituída pelo EPS, em forma de pérola pré- expandido, ou em flocos, moído. O concreto leve de EPS consiste na substituição total ou parcial dos agregados tradicionais por grânulos de EPS. As proporções de substituição de agregados convencionais no concreto por EPS variam em função da densidade e da resistência requerida, podendo-se cobrir uma escala larga de densidades, compreendida entre 600 a 1600 Kg/m³. (TESSARI, 2006, p. 39).Enquanto os concretos normais têm sua densidade variando entre 2300 e 2500 kg/m³, os leves chegam a atingir densidades próximas a 600 kg/m³ como supracitado por Tessari (2006). Cabe lembrar que a diminuição da densidade afeta diretamente a resistência do concreto. Sempre que não haja exigência de grandes esforços, o concreto leve de EPS pode ser usado com grande redução de peso em elementos ou componentes. Devido ao seu baixo peso e a sua capacidade de isolamento térmico, sua utilização permite uma economia no final da obra, pela redução do custo da estrutura, facilidade de manuseio, transporte e redução do tempo de obra. Os concretos leves mais utilizados são os celulares, os sem finos e os produzidos com agregados leves, como EPS e argila expandida. Sua aplicação está voltada para procurar atender exigências específicas de algumas obras e também para enchimento de lajes, fabricação de blocos, regularização de superfícies, envelopamento de tubulações, entre outras. Babu (2003 apud TESSARI, 2006), realizou um estudo sobre o uso de agregados leves de EPS, em proporções compreendidas entre 94,5% e 0%, em concretos contendo 50% de cinzas volantes no material cimentício, visando identificar características da durabilidade do concreto, como: permeabilidade, a absorção e o ataque químico. Concluiu que a permeabilidade e a absorção diminuem com o aumento da densidade http://www.portaldoconcreto.com.br/index.php?pagina=celulares 43 O fato de praticamente o EPS não absorver água, permite uma ótima qualidade do concreto produzido e um acabamento de superfície homogêneo, tornando possível o seu uso, mesmo exposto à intempéries, com várias possibilidades de uso arquitetônico. 2.5.2 Preparação e Mistura Podendo ser fabricado com matéria prima conseguida na própria obra (com a reciclagem, por meio de moinhos tipo “agrícolas”) com qualquer produto descartável de EPS, até mesmo embalagens, e principalmente das sobras, dependendo do porte de EPS e do tamanho da obra, podem ser cortados na mesma, deve ser controlada para produzir flocos de 1 a 8 mm de diâmetro, aproximadamente. No processo de fabricação do concreto leve de EPS, o material passa pelo estado de pérolas de espuma de EPS com diâmetros que variam de 1 a 8 mm aproximadamente. Além das pérolas, todo o EPS descartado poderá se moído e reaproveitado. (TESSARI, 2006, p. 39). Tessari (2006) indica,, que na produção deve ser dada atenção especial à interface dos grânulos de EPS e da pasta de cimento. Na preparação da mistura de concreto leve, deve ser levada em conta a finalidade da aplicação, que dará a formulação da mistura. A mistura do concreto deve ser feita preferencialmente em betoneira. Devido a sua leveza, as pérolas ou flocos flutuam em água, o que atrapalha sua homogeneidade. Para evitar isto deve ser utilizado um adesivo solúvel em água, por exemplo, cola branca de madeira (TESSARI, 2006) No processo de mistura, dissolve-se inicialmente o adesivo solúvel em água, e observa-se as proporções da mistura. Em seguida, coloca-se na betoneira o EPS, seguido das pérolas, para, por último, se colocar o cimento. O tempo de permanência na betoneira deve ser o suficiente para a mistura adquirir a consistência necessária para o lançamento. É importante mencionar que o fator água/cimento deve ter cuidados especiais, já que as pérolas não absorvem água devido à sua estrutura fechada. 44 O adensamento do concreto leve é diferente do concreto convencional. Os ensaios confirmam que não existe evolução na resistência mecânica, no caso de tentar o adensamento por vibro-compressão. Outra qualidade do concreto leve com EPS é a vantagem no uso de calor produzido pela hidratação do cimento, não sendo absorvido pelo EPS devido á falta de massa, e então o calor produzido se mantém, acelerando a “peça” de grandes volumes, sem necessidade de cura a vapor. Chen e Liu (2003 apud TESSARI, 2006), em pesquisa realizada com adição de sílica ativa nestes concretos, revelaram uma dispersão das espumas de EPS na matriz do cimento e consequentemente na ligação entre eles. Concluindo também que as propriedades mecânicas e de durabilidade do concreto leve podem ser otimizadas adicionando-se sílica ativa e fibras de aço em índices apropriados. 2.5.3 Aplicações Devido ao grande poder de isolamento térmico e sua elevada resistência, o concreto leve de poliestireno expandido (EPS) é aplicado, atualmente, em diversos campos, adequado para a produção de elementos construtivos, como também elementos internos, mas também para a obtenção de camadas isolantes e de sustentação para o isolamento de lajes, elementos de vedação etc. O concreto leve de EPS é empregado na construção civil nas partes onde não há necessidade de grandes esforços, devido às suas propriedades (baixa densidade aparente, isolamento térmico e acústico e considerável resistência). A utilização em residências como em obras de grande porte é viável, permitindo economia no custo final da obra, pelo dimensionamento estrutural apropriado e facilidade do manuseio e transporte. Em produção de elementos pré-moldados, o concreto leve de poliestireno expandido (EPS) é usual em ambientes construtivos, bem como em muros exteriores, sem cargas, peitoris vedação e casas pré–fabricadas. Os excelentes valores de isolamento térmico, importantes no elemento construtivo, a probabilidade de elaborar o concreto leve de poliestireno expandido (EPS) sem maior empenho técnicos, tanto nas usinas como no próprio espaço da 45 obra, e a possibilidade de combiná-lo com concreto normal mediante a mistura de em concreto em fresco, têm modificado hoje em dia o concreto leve de EPS num produto de construção de boa aceitação no mercado e cada vez com maiores freqüência, são feitas lajes isolantes com concreto leve de EPS, desde que a aplicação garante que tanto a estrutura da laje, como a impermeabilização da mesma, permaneça protegidas dos estragos que as variações de temperatura costumam produzir. O concreto leve de EPS é muito usado para aliviar as estruturas. Por ser um produto construtivo, leve e termo-isolante, o concreto leve de EPS, com uma densidade aparente de 600 a 700 kg/m³, tem satisfeito um papel importante na construção civil, tendo importância na prática, em todas as aplicações acima apresentadas. Além disso, existem outras, como revestimento de concretos no isolamento externo das edificações, tijolo ou bloco de concreto leve, na fabricação de caixões perdidos e tantos outros neste campo da construção civil. 2.6 Desempenho de Edificações (Norma de Desempenho) A nova Norma de Desempenho para Edifícios Habitacionais de até Cinco Pavimentos, estabelece critérios e métodos de avaliação de desempenho para os principais sistemas que compõem um edifício: estrutura, pisos internos, vedações externas e internas, coberturas e instalações hidrossanitárias. Agora, mais do que se preocupar em garantir a qualidade do produto simples, os construtores precisarão garantir a qualidade do conjunto construído. Os principais modelos de habitações de interesse social construídos com recursos públicos encontram-se nessa faixa de até cinco pavimentos. A importância da norma reside em dar abertura para que se possa utilizar sistemas construtivos inovadores e com uma garantia de desempenho mínima. A norma permite que qualquer sistema construtivo seja utilizado, desde que atenda às normas prescritivas vigentes. 46 Os construtores deverão assumir a responsabilidade de atingir o desempenho mínimo obrigatório e deverá fazer os ensaios que julgar necessários para garantir esse desempenho. As exigências do usuário são traduzidos na forma de critérios, que procuram quantificar suas necessidades. Somando esses fatores com condições de exposição da edificação e critérios para a avaliaçãodo desempenho de sistemas construtivos, chega-se a respostas técnicas possíveis e desejáveis. A nova norma de desempenho de edificações é considerada complemento às Normas prescritivas, sem substituí-las. A utilização simultânea delas visa atender às exigências do usuário com soluções tecnicamente adequadas ABNT (NBR 15575-1, 2008). Devem-se atender as exigências dos usuários relacionadas posteriormente: • Segurança estrutural; • Isolamento térmico; • Isolamento acústico; • Estanqueidade a água; • Resistência ao fogo; • Durabilidade (estes são os obrigatórios). 47 3 PROGRAMA EXPERIMENTAL Após o estudo da literatura técnica disponível, buscando alcançar os objetivos propostos no trabalho, a pesquisa foi delineada através de um programa experimental, definido 3 variáveis: a concentração de EPS (0, 20, 40 e 60%), o tipo de material (concreto e argamassa) e a idade de ensaio (7 e 14 dias). O planejamento da mistura, respeitando estes níveis das variáveis, pode ser observado nas tabelas 04 e 05. Tabela 04: Resumo das misturas do concreto (mantendo-se fixo o abatimento em 10+/-2cm). 1Foi adicionado a água de amassamento cola branca para madeira (à base de PVA). Fonte: Do Autor, 2009. Tabela 05: Resumo das misturas da argamassa. 1Foi adicionado a água de amassamento cola branca para madeira (à base de PVA). Fonte: Do Autor, 2009. Mistura Tipo de concreto EPS (%) do volume do concreto Traço em massa (1:m) Traço em massa (1:a:p:) a/c Teor de aditivo (%) Cola branca de madeira (%) Índice de consistência pelo abatimento (cm) Referência _ 1:5,5 1: 2,58: 2,92 0,55 0,70 - 9 Concreto com acréscimo de 20% EPS 20 1:5,5 1: 2,58: 2,92 0,53 0,70 5,0 1 12 Concreto com acréscimo de 40% EPS 40 1:5,5 1: 2,58: 2,92 0,60 0,70 5,0 1 8 Mistura Tipo de concreto EPS (%) do volume da Argamassa Traço em massa (1:m) a/c Teor de aditivo (%) Cola branca de madeira (%) Índice de consistência flow-table (cm) Referência _ 1:5,5 0,80 0,70 - 30,65 Argamassa com acréscimo de 40% EPS 40 1:5,5 0,80 0,70 5,55 1 26,20 Argamassa com acréscimo de 60%EPS 60 1:5,5 0,80 0,70 5,55 1 23,30 48 Os materiais serão estudados e analisados de acordo com as seguintes técnicas: a) Consistência do concreto, medida através do ensaio de abatimento do tronco de cone (NBR NM 67/1998); b) Consistência da argamassa medida através do ensaio de abatimento do tronco de cone (NBR 7215, 1996, Anexo B); c) Resistência à Compressão (NBR 5739/1994); d) Módulo de elasticidade (NBR 8522/2003); e) Massa específica (estado fresco e endurecido – NBR 9778 (ABNT 2005); f) Determinação da condutividade térmica; 3.1 Características dos Materiais Constituintes 3.1.1 Cimento O cimento empregado foi CP V ARI RS, apresentando-se na seqüência a definição da nomenclatura e na Tabela 06 a composição do cimento, suas características físicas e mecânicas e as exigências químicas. Nomenclatura: CP - Cimento Portland; V ARI - Alta Resistência Inicial; RS – Resistência a Sulfatos. 49 Tabela 06: Caracterização do cimento portland CPV-ARI RS. Caracterização do cimento portland Tipo/Classe: CPV-ARI RS Data: Abril de 2009 Fabricante: "A" Caracterização química (%) MgO SO3 CO2 Perda ao fogo Resíduo insolúvel ≤ 6,5 ≤ 3,5 ≤ 3,0 ≤ 4,5 ≤ 1,0 Caracterização física e mecânica Tempo de pega(min) Água de consistência Área específica Blaine Resíduo # 75 Exp. a frio Exp. a quente Resistência a compressão(Mpa) Inicial Final (%) (cm²/g) (%) (mm) (mm) 1dia 2dias 3dias ≥ 60 ≤ 600 27,78 ≥ 3000 ≤ 6,0 ≤ 5 ≤ 5 ≥14 ≥24 ≥34 Fonte: Fabricante “A”. 3.1.2 Agregado Miúdo e Graúdo Apresenta-se nas Tabelas 07 e 08 as características dos agregados utilizados nas misturas. Tabela 07 – Características da areia. 1. Determinação da Composição Granulométrica (NBR NM 248/03) 1.1. Denominação comercial: Areia Peneiras (mm) % Retida % Retida Acumulada Média 9,5 - - 6,3 - - 4,8 1 1 2,4 10 11 1,2 22 33 0,6 22 55 0,3 19 74 0,15 18 92 Fundo 8 100 Total 100,0 Módulo de Finura: 2,66 1.2. Dimensão Máxima Característica (mm) 4,8 1.3. Classificação (NBR 7211/05) Zona utilizável superior (próximo) Fonte: Do Autor, 2009. 50 Tabela 08 – Características do pó de pedra. 1. Determinação da Composição Granulométrica (NBR NM 248/03) 1.1. Denominação comercial: Pó de pedra Peneiras (mm) % Retida % Retida Acumulada Média 9,5 - - 6,3 - - 4,8 - - 2,4 23 23 1,2 32 55 0,6 20 75 0,3 14 89 0,15 7 96 Fundo 4 100 Total 100,0 Módulo de Finura: 3,38 1.2. Dimensão Máxima Característica (mm) 2,4 1.3. Classificação (NBR7211/05) Zona utilizável superior (próximo) Fonte: Do Autor, 2009. Sendo utilizado como agregado graúdo o basalto (brita n°1), com densidade de 2950kg/m³, fornecida por indústria da região de Criciúma/SC. 3.1.3 Aditivo Foi utilizado aditivo redutor de água para concreto a base lignosulfonatos e isento de cloretos. 3.1.4 Poliestireno Expandido Conforme Bezerra (2003), a utilização de resíduos na construção civil terá obrigatoriamente que apresentar vantagens técnicas como resistência mecânica e conforto térmico e também vantagens relacionadas ao baixo custo e aspectos ambientais. 51 O poliestireno expandido é classificado como um resíduo volumoso de baixa densidade. Por ser inerte aos constituintes da argamassa e do concreto (sendo um dos insumos mais utilizados na construção civil) seu emprego vem ao encontro de reduzir o despejo deste material na natureza. Para a produção do concreto e da argamassa, utilizou-se poliestireno expandido (EPS) em forma de flocos diâmetros variáveis de 2,5 a 4 mm e densidade de 12Kgf/m³. Figura 13 – Flocos de EPS. Fonte: Do Autor, 2009. 3.1.5 Cola Branca (PVA) Empregou-se cola branca conhecida por cola de madeira, com sua composição de PVA (polímero sintético). A Tabela 09 apresenta as características desta cola. 52 Tabela 09 – Características da cola branca (PVA). Características Aspecto do produto Líquido leitoso branco, viscoso, livre de grumos e/ ou materiais estranhos e odor característico de acetato de vinila. Aspecto do filme seco Levemente esbranquiçado, rígido, isento de pontos com média resistência térmica e baixa resistência à umidade. Teor de sólido, % 40,0 – 43,0 Viscosidade brook. LVF -25°c , cp 3000 – 7000 pH a 25°c 4,0 – 5,0 Tipo de polímero Homopolímero Fonte: Cascorez, 2009. 4. PRODUÇÃO E PREPARO DAS AMOSTRAS DE CONCRETO E ARGAMASSA 4.1 Mistura O concreto e argamassa foram misturados em betoneira de 120 litros Misturou-se o concreto durante três minutos, seguidos três minutos de descanso e logo após, mais dois minutos de mistura final, conforme indicado pela NBR 12821 (ABNT, 1993), seguindo-se o procedimento de mistura indicado pela norma, adicionando-se inicialmente o agregado graúdo, antes de ativar a betoneira, em seguida adicionou-se parte da água com aditivo e do cimento, os flocos de EPS, o agregado miúdo e por final o restante do cimento e da água (misturada com cola PVA). No amassamento o volume de concreto foi de 29 litros (65 kg). A argamassa foi misturada durante 2 minutos, com volume de argamassa de 29 litros (58,5 kg). 53 4.2 Moldagem das Amostras Para o traço da argamassa e do concreto, foram utilizados os moldes que estão especificados na tabela 10. Tabela 10 – Especificações dos moldes para os ensaios característicos. Moldes dos Corpos-de-Prova Concreto Argamassa Quant. Dimensão Ensaio Quant. Dimensão Ensaio
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