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Psicodiagnóstico na Atualidade: Conceituação e Cuidados Éticos

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TEXTO 1: CONCEITUAÇÃO DE PSICODIAGNÓSTICO NA ATUALIDADE
Fazer um diagnóstico psicológico não significa necessariamente o mesmo que fazer um psicodiagnóstico. 
Este termo implica automaticamente a administração de testes e estes nem sempre são necessários ou convenientes.
Para que o processo de avaliação psicológica seja chamado de psicodiagnóstico é necessário o uso de testes.
O que diferencia a avaliação clínica feita por psicólogos que nomeiam sua prática de “psicodiagnóstico” da daqueles que não a chamam assim é, apenas, o uso de testes psicológicos.
A definição de “avaliação psicológica” do CFP, por exemplo, engloba qualquer atividade, com ou sem o uso de testes:
A avaliação psicológica é compreendida como um amplo processo de investigação, no qual se conhece o avaliado e sua demanda, com o intuito de programar a tomada de decisão mais apropriada do psicólogo. Refere-se à coleta e interpretação de dados, obtidos por meio de um conjunto de procedimentos confiáveis, entendidos como aqueles reconhecidos pela ciência psicológica.
Diferença entre “avaliação psicológica” e “testagem psicológica” (CFP):
A avaliação psicológica envolve a integração de informações provenientes de diversas fontes (testes, entrevistas, observações e análise de documentos)
A testagem psicológica pode ser considerada um processo diferente, cuja principal fonte de informação são os testes psicológicos de diferentes tipos.
O psicodiagnóstico é um procedimento científico de investigação e intervenção clínica, limitado no tempo, que emprega técnicas e/ou testes com o propósito de avaliar uma ou mais características psicológicas, visando um diagnóstico psicológico (descritivo e/ou dinâmico), construído à luz de uma orientação teórica que subsidia a compreensão da situação avaliada, gerando uma ou mais indicações terapêuticas e encaminhamentos.
O psicodiagnóstico abrange qualquer tipo de avaliação psicológica de caráter clínico que se apoie em uma teoria psicológica de base e que adote uma ou mais técnicas (observação, entrevista, testes projetivos, testes psicométricos, etc.) reconhecidas pela ciência psicológica.
Uma simples aplicação de um teste, por mais complexo que ele possa ser, não deve ser entendida como psicodiagnóstico.
Reservamos o termo para descrever um procedimento complexo, interventivo, baseado na coleta de múltiplas informações, que possibilite a elaboração de uma hipótese diagnóstica alicerçada em uma compreensão teórica.
TEXTO 2: PSICODIAGNÓSTICO: FORMAÇÃO, CUIDADOS ÉTICOS, AVALIAÇÃO DE DEMANDA E ESTABELECIMENTO DE OBJETIVOS
Para fazer um psicodiagnóstico, o profissional deve saber avaliar com cuidado a demanda trazida pelo paciente ou pela fonte de encaminhamento para, a partir disso, realizar considerações éticas sobre o pedido e, quando essas forem favoráveis, tecer os objetivos de sua realização.
Entendemos que a formação ética e técnica para a realização do psicodiagnóstico tem sua base na graduação, mas alcança sua real possibilidade a partir do cuidado de cada profissional com sua constante atualização quanto aos instrumentos e processos de avaliação. 
Além disso, lembramos que o psicólogo precisa investir em seu desenvolvimento pessoal, realizando acompanhamento terapêutico, preferencialmente orientado pela teoria psicológica de base que sustenta seu fazer clínico.
Todos esses cuidados trarão gradativamente ao psicólogo melhores condições de avaliar as demandas e definir os objetivos de um psicodiagnóstico.
Formação em psicodiagnóstico e questões éticas
O aluno de Psicologia necessita de conhecimentos específicos da área, um profissional recém-formado não tem condições de realizar todos os tipos de avaliação psicológica, uma vez que ainda precisa desenvolver-se teórica e tecnicamente naquilo que seu curso não pôde enfatizar durante o desenvolvimento curricular, há necessidade de constante atualização.
No Brasil, tanto o Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica (IBAP) quanto a Associação Brasileira de Rorschach e outros Métodos Projetivos (ASBRO) são instituições que se preocupam com questões éticas na avaliação psicológica. 
Manter-se em contato com essas e outras instituições da área, participar de congressos ou atividades desenvolvidas por elas, ou, ao menos, acompanhar os debates científicos relatados em publicações sobre avaliação psicológica, são cuidados importantes a serem observados pelo profissional que realiza psicodiagnóstico.
Psicodiagnóstico: pensando na demanda
Um psicodiagnóstico tem mais chances de ser bem-sucedido quando há uma boa pergunta a ser respondida. A pergunta nem sempre é formulada pelo paciente, por exemplo, em um caso de uma criança encaminhada para avaliação por estar com dificuldades de leitura e escrita, não conseguindo acompanhar a turma, teria ela um transtorno específico de aprendizagem? Questões emocionais e/ou familiares estariam interferindo nos processos de aprendizagem de leitura e escrita? Haveria alguma questão neurológica envolvida? (...)
É importante que haja conhecimento de aspectos físicos, motores e neurológicos, a fim de poder encaminhar o paciente de forma correta a outros profissionais, quando necessário.
O psicólogo realizará a avaliação da demanda para, caso se mostre válido, estabelecer os objetivos do psicodiagnóstico. São esses objetivos que nortearão a eleição das técnicas e/ou instrumentos a serem utilizados posteriormente.
Objetivos do psicodiagnóstico 
Pode ser realizado de diferentes maneiras e com diferentes objetivos.
A avaliação da demanda indicará qual aspecto avaliativo deverá ser priorizado em cada caso, situando-se o objetivo do psicodiagnóstico a partir dessa reflexão inicial. 
TEXTO 3: O PROCESSO PSICODIAGNÓSTICO
A prática de diagnóstico psicológico, bem como a realização de um psicodiagnóstico, é atribuição exclusiva do profissional da psicologia.
A avaliação psicológica é entendida como um processo que permite descrever e compreender a pessoa em suas diferentes características, investigando tanto aspectos da personalidade quanto aspectos cognitivos, abordando possíveis sintomas, questões do desenvolvimento, questões neuropsicológicas, características adaptativas e desadaptativas, entre outros, permitindo, assim, que se chegue a um prognóstico e à melhor estratégia e/ou à abordagem terapêutica necessária
O psicodiagnóstico é:
· Processo bi pessoal (psicólogo – avaliando/grupo familiar)
· Tem duração limitada no tempo
· Número aproximadamente definido de encontros
· Procura descrever e compreender as forças e as fraquezas do funcionamento psicológico de um indivíduo
· Foco na existência ou não de uma psicopatologia
· Processo com início, meio e fim
· Utiliza entrevistas, técnicas e/ou testes psicológicos para compreender as potencialidades e as dificuldades apresentadas pelo avaliando
· Tem por base uma teoria psicológica
· Coleta dados mais substanciais para a realização de um encaminhamento mais apropriado
· Possibilita descrever o funcionamento atual, confirmar, refutar ou modificar impressões
· Possibilita realizar diagnóstico diferencial de transtornos mentais, comportamentais e cognitivos; 
· Possibilita identificar necessidades terapêuticas e recomendar a intervenção mais adequada, levando em conta o prognóstico.
O psicodiagnóstico derivou da psicologia clínica em torno de 1896, não havia um procedimento em que o avaliando fosse atendido de forma integrada e compreensiva. Isso mudou com o surgimento da psicanálise e com o desenvolvimento das técnicas projetivas, o que permitiu que se pudesse ter uma compreensão mais profunda e abrangente do sujeito avaliado.
A palavra “diagnóstico” origina-se do grego diagnõstikós e significa discernimento, faculdade de conhecer.
Psicodiagnóstico refere-se a um conhecimento dos aspectos mais relevantes do funcionamento psíquico.
Embora na contemporaneidade se entenda o psicodiagnóstico como um processo de avaliação amplo, esse termo ainda está associado à sua procedência do campo médico, com enfoque diagnóstico estritamente classificatório. Em função disso, alguns psicólogos rechaçamesse termo e defendem sua substituição pela expressão avaliação psicológica.
“Testagem” se refere a um tipo de recurso da avaliação psicológica, enquanto o “psicodiagnóstico” pressupõe a utilização de outros instrumentos ou procedimentos, que vão além do emprego de testes.
O psicodiagnóstico contempla algumas finalidades, como:
1. Investigação diagnóstica: objetivo de explicar o que acontece além do que o avaliando consegue expressar de forma consciente – e isso não significa rotulá-lo.
2. Avaliação do tratamento: avaliar o andamento do tratamento. Seria o “reteste”, no qual se aplica novamente a mesma bateria de testes usados na primeira ocasião ou uma bateria equivalente. 
3. Meio de comunicação: procura facilitar a comunicação e, em consequência, a tomada de insight. 
4. Na investigação: com o intuito de criar novos instrumentos de exploração da personalidade e, também, de planejar a investigação para o estudo de uma determinada patologia, etc.
Embora não seja sua principal finalidade, pode ser terapêutico, pois pode contribuir para uma decisão mais assertiva por parte do avaliado quanto à escolha entre um ou outro tratamento, mudança de um estilo de vida, ou mesmo quanto ao rumo que dará às recomendações do avaliador.
Testes e “retestes” não substituem ou são mais importantes do que a escuta e o olhar clínico do avaliador, pois nem sempre será necessária a utilização dessas ferramentas.
O processo tem início no encaminhamento, que é o que justifica a sua realização.
Passos de um processo de psicodiagnóstico:
1.Entrevista inicial
Determinar os motivos da consulta e/ou do encaminhamento e levantar dados sobre a história pessoal (dados de natureza psicológica, social, médica, profissional, escolar).
2.Definir hipóteses, objetivos e contrato
Definir as hipóteses e os objetivos do processo de avaliação. Estabelecer o contrato de trabalho (com o examinando e/ou responsável).
3.Estruturar plano de avaliação
Estruturar um plano de avaliação (selecionar instrumentos e/ou técnicas psicológicas).
4.Realizar plano de avaliação
Administrar as estratégias e os instrumentos de avaliação.
5.Corrigir e registrar informações das técnicas e testes utilizados
Corrigir ou levantar, qualitativa e quantitativamente, as estratégias e os instrumentos de avaliação
6.Integrar os dados colhidos
Integrar os dados colhidos, relacionados com as hipóteses iniciais e com os objetivos da avaliação.
7.Formular conclusões
Formular as conclusões, definindo potencialidades e vulnerabilidades
8.Comunicar os resultados
Comunicar os resultados por meio de entrevista de devolução e de um laudo/relatório psicológico. Encerrar o processo de avaliação.
TEXTO 4: OK
TEXTO 5. A ENTREVISTADE ANAMNESE
A anamnese é um tipo de entrevista realizada para investigar a história do examinando, ou seja, os aspectos de sua vida considerados relevantes para o entendimento da queixa.
Um de seus principais objetivos é a busca de uma possível conexão entre os aspectos da vida do avaliando e o problema apresentado.
A entrevista de anamnese tem caráter investigativo.
Os informantes podem expor suas ideias e pensamentos de forma pouco organizada. É nosso papel, então, tentar organizar essas informações em uma ordem cronológica.
A anamnese geralmente é feita em forma de entrevista semiestruturada, ou seja, há um roteiro prévio contendo aspectos essenciais a serem abordados, esse roteiro pode ser adaptado durante o processo.
Antes de iniciar a anamnese, é necessário estabelecer um rapport adequado com o informante, explicando os objetivos gerais da entrevista, bem como sua duração e seu papel no processo de psicodiagnóstico.
Nesse momento, o psicólogo não deve dar feedbacks sobre possíveis resultados.
Apesar de a entrevista de anamnese ter um papel fundamental no psicodiagnóstico, é importante considerá-la um recurso limitado.
Um dos principais desafios é estabelecer uma comunicação que permita a evolução comum do entendimento das queixas atuais do paciente e de sua evolução no tempo. É quase impossível coletar todos os dados relevantes da vida do avaliando em uma entrevista.
O psicólogo precisa ter habilidades para perguntar, escutar, prestar atenção no informante e anotar o que ele diz, preferencialmente, nas palavras dele, a fim de se evitar interferências da interpretação do psicólogo no registro.
Pode-se gravar, mas é importante enfatizar que qualquer registro em áudio ou vídeo tem implicações éticas, o avaliando deve assinar uma autorização
Não há uma regra sobre quantas sessões devem ser destinadas à entrevista de anamnese, costumamos destinar o tempo de uma sessão e, se houver necessidade de checar informações adicionais, solicitamos ao avaliando ou ao seu responsável que respondam às dúvidas que tenham surgido ou até mesmo uma outra sessão.
Existem modelos de anamnese preestabelecidos para ajudar o profissional com algumas perguntas importantes, o psicólogo deve ter um roteiro básico.
A anamnese não é uma técnica exclusiva do psicólogo.
Especificidades da entrevista de anamnese com pessoas de diferentes grupos etários
A entrevista de anamnese não segue a mesma estrutura para pessoas de diferentes grupos etários. 
Alguns aspectos são sempre examinados, independentemente da idade, como:
· A configuração e as relações familiares
· O número de pessoas da família imediata 
· A ocupação de cada membros
· As características do ambiente doméstico
· A rede de apoio do avaliando 
· As questões referentes à queixa
Outros aspectos comuns a todas as entrevistas de anamnese incluem: 
· evolução da queixa, ou seja, há quanto tempo o avaliando apresenta o problema e se teve momentos em que ele foi mais ou menos comprometedor; 
· histórico de tratamentos de saúde atuais e pregressos; 
· uso de medicamentos; 
· efeitos do problema sobre o funcionamento psicossocial do paciente no momento atual; 
· percepção do examinando em relação à queixa.
Anamnese de crianças: importante avaliar a história pré e perinatal e o alcance dos marcos do desenvolvimento, condições de saúde física e mental da mãe durante a gravidez e após o nascimento do bebê, sobre a realização de acompanhamento pré-natal e sobre possíveis intercorrências na gravidez (quedas, acidentes e outros eventos significativos). Questões importantes referem-se às capacidades linguísticas, motoras, cognitivas, sociais, emocionais e adaptativas.
Anamnese de adolescentes: deve-se dar atenção especial à socialização, ao interesse em relacionamentos íntimos, às questões relacionadas à sexualidade, ao histórico escolar e aos problemas específicos dessa fase da vida.
Anamnese de adultos: As questões mais importantes referem-se às demandas desenvolvimentais esperadas nos âmbitos sexual, familiar, social, ocupacional e físico.
Anamnese com idosos: é importante considerar aspectos do envelhecimento e perdas ocorridas ao longo da vida que possam estar relacionadas à queixa.
Com quem deve ser realizada a entrevista de anamnese 
Quem devemos contatar como principal informante na entrevista de anamnese é uma decisão importante.
Quando são crianças a serem avaliadas, o mais indicado é que se chamem os pais.
Em casos de pré-adolescentes, além da anamnese com os pais, pode-se fazer uma entrevista com o jovem, enfocando brevemente as queixas apresentadas pelos responsáveis para verificar a forma como o adolescente percebe e experimenta esses possíveis problemas. 
A escolha vai depender de quem elaborou a demanda, de quem procurou o psicólogo para a avaliação, de qual é a queixa principal, de qual é o interesse do avaliando.
Em caso de psicodiagnóstico de adultos e idosos, a anamnese é geralmente realizada com o próprio avaliando, exceto quando ele tem limitações intelectuais consideráveis ou quando um problema o impede de ser o principal informante.
Fontes complementares de informação
As fontes complementares de informação costumam envolver documentos como exames, registros escolares, contatos de profissionais com quem o avaliando faz tratamento, documentos decorrentes de outras avaliações, entre outros.
Recomendamos que sejam feitasfotocópias do material, sempre com consentimento do informante, para uma análise posterior dos documentos.
Com a grande expansão das tecnologias na atualidade, as famílias costumam ter muitos registros de aniversários, festas e eventos cotidianos. A análise desse material, ainda que trabalhosa, pode aumentar a qualidade da investigação e direcionar a escolha de testes e tarefas para o psicodiagnóstico. 
Ainda, pode ser útil a observação do avaliando em ambiente natural, como em casa, na escola ou em outros locais relevantes.
A importância dos conhecimentos teóricos para a realização da entrevista de anamnese 
A entrevista de anamnese exige conhecimentos de áreas diversas, como desenvolvimento humano, técnicas de entrevista, processos psicológicos e psicopatologia.
Também é importante que o profissional tenha conhecimentos sobre eventos - recorrentes na clínica, como a ação dos psicofármacos, seus efeitos colaterais e suas possíveis interferências no desempenho.
Para a prática de anamnese e para a avaliação psicológica, sugerimos que o psicólogo faça leituras básicas sobre o desenvolvimento infantil, dos manuais diagnósticos, sites confiáveis, livros e etc.
Informações insuficientes e fatores de confusão na entrevista de anamnese 
Às vezes, podemos fazer entrevistas de anamnese pouco esclarecedoras. 
Pode acontecer de o informante fornecer dados insuficientes, devido à confusão, à omissão proposital, à discordância de que a queixa seja um problema, às dificuldades em relatar os fatos ou ao simples desconhecimento.
Há, ainda, casos em que os acontecimentos são relatados de forma descontinuada no tempo, sendo difícil entender o que precedeu ou o que foi consequência de um determinado evento.
Quando faltam informações e não conseguimos falar com os familiares (crianças institucionalizadas, por exemplo), precisamos basear a avaliação nas poucas informações coletadas e levantar hipóteses.
Os informantes podem ter, portanto, percepções e interesses que influenciam seus relatos, e o psicólogo deve estar sempre atento, pois isso pode levar a conclusões precipitadas e errôneas.
Procedimentos para aumentar a qualidade das informações da anamnese.
Além da consulta a diferentes fontes de dados, alguns cuidados podem ser tomados para aumentar a qualidade das informações. Já no início da entrevista, é importante que o psicólogo esteja atento ao nível socio educacional do informante, de forma a adequar as perguntas ao seu vocabulário
Termos técnicos devem ser substituídos por outros que sejam de simples compreensão ou devem ser devidamente explicados.
As perguntas que sugerem respostas diretas, do tipo sim ou não, devem ser evitadas na anamnese.
A qualidade dos dados coletados também depende do entendimento correto daquilo que é informado.
TEXTO 6: ESCOLHA DOS INSTRUMENTOS E DAS TÉCNICAS NO PSICODIAGNÓSTICO
O descuido na escolha, o mau uso de instrumentos ou mesmo o não uso de técnicas apropriadas em diferentes etapas do psicodiagnóstico podem ter como consequências conclusões e encaminhamentos inapropriados, repercutindo negativamente na vida do avaliando.
Para que possamos escolher os instrumentos e as técnicas que serão utilizados, inicialmente devemos formular as hipóteses com base nos passos iniciais do psicodiagnóstico.
Perguntas vão surgindo para o psicólogo quando tenta entender com que paciente está lidando, com que quadro clínico e o que pode estar causando tais sintomas. 
Essas perguntas ajudarão na formulação das hipóteses diagnósticas.
As hipóteses podem ser diversas e, com o decorrer do processo, poderão ou não ser confirmadas até que se chegue ao diagnóstico final.
Precisamos adotar uma postura investigativa exploratória já no primeiro momento de trabalho para construir hipóteses que poderão ser reformuladas ao longo de todo o processo.
Além das hipóteses, outro fator que norteia a escolha dos instrumentos e técnicas é o conhecimento que o psicólogo tem sobre desenvolvimento humano e psicopatologia.
Com essa base, podemos entender melhor quais aspectos estão envolvidos no caso atendido (cognitivos, socioemocionais, adaptativos, motores), assim como que tipos de comportamentos e sentimentos caracterizam as diferentes patologias.
Isso ajudará a definir o que precisa ser avaliado, para que então se escolha que instrumentos ou técnicas avaliam o que queremos investigar.
Tendo definido o que é preciso avaliar, vamos às estratégias de avaliação psicodiagnóstica, que incluem testes e/ou técnicas psicológicos.
Teste é um instrumento ou procedimento por meio do qual se obtém uma amostra de comportamento de um indivíduo em um domínio específico. Para tanto, o mesmo deve ser avaliado e pontuado por meio de um processo padronizado. 
Então, quando não há padronizações ou quando há uma maior flexibilidade de aplicação e análise, sem a preocupação com a métrica, podemos adotar o termo técnica psicológica. 
Como exemplo, temos entrevistas (livres, semiestruturadas ou estruturadas), observações, pesquisa documental, ou outras técnicas utilizadas na tomada de decisão.
Os testes psicológicos são avaliados por sua Comissão Consultiva, a deliberação fica disponível no Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos Satepsi, que avalia a qualidade técnico-científica dos instrumentos e divulga informações sobre as condições do uso profissional de instrumentos psicológicos à comunidade e aos psicólogos.
O psicólogo deve utilizar somente os testes avaliados pelo CFP como favoráveis para uso.
Não é verdade que um psicodiagnóstico necessite sempre do uso de testes psicológicos para que seja considerado válido ou fidedigno.
Para determinar quais serão os instrumentos e técnicas a utilizar, o profissional precisa saber o que avaliam. Conhecer instrumentos específicos, de uso particular do psicólogo, e técnicas e recursos disponíveis é de responsabilidade do avaliador e parte de um compromisso ético assumido quando na formação de carreira.
Além de ter conhecimento sobre os instrumentos disponíveis, é condição para o - psicólogo que conheça também suas propriedades psicométricas e suas bases teóricas. Esses dados devem constar nos manuais dos testes, e ele precisa aprender a lê-los e ter uma postura crítica a seu respeito.
Por vezes, o teste pode ser adequado e ter normas para um contexto, mas não para outro.
De nada vale o teste ser válido e aprovado pelo CFP, se o psicólogo não for válido, ele precisa ter o conhecimento, a formação e a técnica para aplicar determinado instrumento.
Quando não houver instrumentos, podemos usar técnicas ou tarefas para entender melhor o paciente, o psicólogo deve:
· Ter um bom embasamento teórico para realizar a avaliação
· Ter habilidade em diversas técnicas de entrevista
· Conhecer recursos acessíveis para as diferentes faixas etárias
· Ter habilidades interpessoais para o levantamento de demandas junto a pessoas próximas
Ele precisa escolher os instrumentos sobre os quais tem domínio de aplicação e interpretação dos resultados. Por isso, em nossa área, é muito importante a atualização constante em termos de cursos específicos sobre testes, assim como leitura de artigos científicos.
Quando o psicólogo entende que seu paciente deveria se submeter a determinado teste que ele não domina, a ajuda de um colega mais capacitado é a melhor opção.
Com relação à ordem de aplicação dos testes escolhidos, entendemos que essa é uma tarefa que deve ser pensada conforme o caso.
Iniciamos por instrumentos mais simples e menos ansiogênicos, para então partir para os mais complexos, de forma que o avaliando possa ir se adaptando à situação de avaliação.
Todas as decisões tomadas pelo psicólogo ao planejar seu processo de psicodiagnóstico devem ter uma justificativa.
A escolha de instrumentos deve considerar os seguintes passos: 
1) o que quero avaliar?
2) quais os instrumentos e técnicas disponíveis que avaliam isso que quero saber considerando a idade do avaliando?
3) sei usar tais instrumentos e técnicas?

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