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grupo de estudos direito penal aula #1 – consentimento médico prof. flavia siqueira cambraia bibliografia: “promoção da saúde ou respeito à autonomia? intervenção cirúrgica, exercício de direito e consentimento no direito penal médico” introdução caso 1: paciente, se submete a procedimento cirúrgico, ciente dos riscos e morre. consentimento abrange os resultados imediatamente vinculados à intervenção, como o corte na pele, etc. heterocolocação em perigo consentida exclui hipótese de homicídio. caso 2: recusa de receber transfusão de sangue por testemunha de jeová, o médico a realiza da mesma forma, evitando sua morte. conduta punível a título de lesão corporal gravíssima. variação > pais desautorizam amputação de perna de criança, incapaz, pois acreditam que métodos naturais são superiores, médico a realiza da mesma forma, evitando sua morte. hipótese de estado de necessidade. caso 3: paciente curou 2 tumores e descobre um novo tumor e elabora um testamento vital (ou diretiva antecipada de vontade), dizendo que em caso de incorrência maior, não deseja ir a cti; o médico desrespeita sua vontade e prolonga sua vida por mais dois meses. conduta punível a título de lesão corporal. variação 1 > médico respeita a vontade da paciente, e ela falece. omissão não é punível. variação 2 > paciente não elaborou DAV, mas manifestava desejo de se submeter a todas as medidas possíveis. consentimento presumido justifica conduta típica, mas não ilícita. fundamento para a legitimidade das intervenções médicas modelo tradicional (ética hipocrática): salus aegroti suprema lex; modelo paternalista, seguido à risca no brasil. fundamentado no direito penal pelo “exercício regular de direito” do médico, previsto no art. 23, III, cp. em casos de urgência, há fundamentação legal para o médico intervir contra a vontade do paciente, denomina-se a isto, “estado de necessidade”, ou ainda, “estrito cumprimento do dever legal”. aqui, o médico e paciente têm relação assimétrica, na qual considera-se o segundo incapaz. art. 146, §3: não haverá constrangimento ilegal em caso de intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida. sustentam-se nem princípios como a indisponibilidade da vida, etc. em casos de intervenções arbitrárias, são consideradas legítimas, contanto que destinadas à promoção da saúde. modelo pós-hipocrático: voluntas aegroti suprema lex; respeito à autonomia do paciente (no sentido kantiano, o direito de ponderar, do imperativo categórico). fundamenta-se penalmente no consentimento. em situações de urgência, se preza pelo consentimento presumido (entre o consentimento e o estado de necessidade, quase que, ao invés de uma ponderação objetiva, uma ponderação subjetiva de valores). em casos de intervenções arbitrárias, são consideradas puníveis, tipificadas enquanto lesão corporal e/ou constrangimento ilegal. jurisprudência: caso na suprema corte americana, no qual morador em situação de rua recusou o tratamento médico para gangrena, alegando que preferia morrer. consentimento: sempre há duas partes. 1) função dogmática do consentimento teoria dualista: adotada no brasil, surge na alemanha (geerds). acordo > delitos de ruptura formal da vontade da vítima, com expressa previsão legal, e.g.: art. 150 “entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências” afeta a tipicidade consentimento > delitos que protegem o bem em si considerado e não a liberdade de dele e.g.: em caso de lesão corporal consentida (bdsm), houve propriamente a lesão, mas há causa supralegal de exclusão de ilicitude afeta a antijuridicidade objeções > (i) objeção sistemática: o consentimento como um “corpo estranho” no sistema das causas de justificação; (ii) objeção da confusão conceitual: a diferenciação entre os conceitos de bem jurídico e objeto material do crime; (iii) objeção da falta de praticidade e refutação do argumento da letra da lei: teoria monista: modelo de integração (roxin). unidade natural entre a vontade e o objeto de referência; as heterolesões consentidas representam um verdadeiro exercício da liberdade do titular de fruir e gozar dos seus bens individuais e, portanto, não ensejam qualquer lesão desses bens. tese defendida pela professora: um modelo unitário fundado no respeito à autonomia, tal que o argumento decisivo para a solução da controvérsia posta a partir da definição do conteúdo dos bens jurídicos individuais como disponíveis, na medida em que a disponibilidade não é sinônimo de destruição, mas de uso e de aproveitamento. 2) pressupostos de validade objeto: conduta consentida e resultados imediatamente vinculados a ela; consentimento com o risco (heterocolocação em risco consentido) anterioridade e revogabilidade disponibilidade do bem jurídico? indicação de filme: a balada de adam henry
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