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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAMETRO MEDICINA DANIELE MATOS; GABRIELA RUIZ; JÚLIA NICOLAU; LIONEL ESPINOSA; NORICKA GURJÃO; SHIRLEY PONTES. RESÍDUOS RADIOATIVOS MANAUS 2019 2 Sumário 1. Contexto Histórico...............................................................................................03 2. Órgãos Responsáveis.........................................................................................05 3. Tipos de Radioatividade......................................................................................06 4. Controle e Inspeção............................................................................................07 5. Tratamento..........................................................................................................08 6. Estudo de Caso...................................................................................................10 Referência...........................................................................................................11 3 1.0 Contexto Histórico A história sobre a radioatividade remonta ao século XIX, com atividades desenvolvidas por estudiosos e curiosos sobre a energia emitida através de raios invisíveis ao olho humano. Em 1895, o alemão Wilhelm Konrad Röntgen, acidentalmente em seus manuseios experimentais, descobriu um tipo de raio que proporcionava examinar o conteúdo do corpo humano. Através de uma ampola pequena de Krokes repleta de gases a baixa pressão ligada a dois eletrodos por uma fonte elétrica, o alemão mostrou que ao ligar a ampola de Krokes, uma tela de platinocianeto de bário ficava iluminada emitindo raios, o que não ocorria quando a mesma era desligada. Os Raios X, então denominados por Röntgen, sensibilizavam uma chapa fotográfica permitindo assim que visualizasse os ossos de suas mãos. Isso o levou a receber o Prêmio Nobel de Física, em 1901. No início de 1896, Becquerel verificou que substâncias fluorescentes e fosforescentes poderiam também emitir raios X e que os gases eram excelentes condutores. Mais tarde, com o casal Curie, Becquerel confirmaram que era do urânio a propriedade em emitir raios que causavam aquela impressão ao filme, ou seja, a propriedade da radioatividade. Meses depois constataram que outros elementos químicos apresentavam essa propriedade, como o rádio com massa atômica 226 sendo 1,4 milhões de vezes mais radioativo que o urânio. Eles três dividiram o prêmio Nobel de Física em 1903 pelos trabalhos em Radioatividade. Placa Prêmio Nobel atribuído aos três participantes, 1903 Ernest Rutheford, em 1908, demonstrou que a natureza da radioatividade advinha do núcleo. Ele descobriu três emissões radioativas principais Alfa (α), Beta 4 (ß) e Gama (γ). A Alfa, com menor poder de penetração, traz menos danos aos seres vivos. A Beta, semelhante a elétrons e com massa desprezível, tem um poderio maior que as partículas Alfa. E as de emissão Gama constituem uma onda eletromagnética de alta energia, com maior poder de penetração, causando danos irreparáveis aos seres vivos. Foi Rutheford também que realizou um experimento produzindo oxigênio artificial através do bombardeio do nitrogênio com partículas alfa, em 1919. A descoberta da radioatividade artificial levou o casal Irène Curie e Frédéric Joliot ao prêmio Nobel de Química em 1935. Daí em diante, uma série de descobertas de elementos radioativos foram se tornando realidade. O nêutron, o pósitron e a fissão nuclear surgiram dos incansáveis experimentos pela elite pesquisadora. Marcos na história da radioatividade tiveram repercussão e merecem ser lembrados, como: • O Projeto Manhattan em 1945, no estado do Novo México nos EUA, apresentou a primeira bomba nuclear, a “Gadget” como foi chamada, composta por duas bolas de plutônio, cobertas por níquel e no centro continham berílio e urânio. A explosão se deu numa área desértica povoada de apenas cobras, formigas, aranhas e escorpiões. • Hiroshima e Nagasaki no Japão em 1945, palco de dois eventos radioativos que trouxeram mortes, que duraram até por anos seguintes por causa dos efeitos radioativos tardios, considerando também o nascimento de bebês com má formação genética. As vítimas próximas ao epicentro das explosões foram incineradas, enquanto àquelas mais distantes receberam radiação em altas doses, provocando mortes lentas e dolorosas. Estruturas físicas e o meio ambiente foram totalmente afetados pelas emissões radioativas. Total de 145 mil mortos em Hiroshima e 75 mil em Nagasaki. • Acidente nuclear em Chernobyl (Ucrânia), em 1986, foi o mais grave acidente já registrado. Na demora em assumir o problema, o governo soviético viabilizou a expansão da radioatividade pelos países vizinhos numa reação em cadeia fora de controle. A dimensão dos problemas causados foi estarrecedora e latente devido à potencialidade radioativa de radionuclídeos expelidos durante 5 as explosões, entre eles os sais de Césio (Cs-137), isótopo mais perigoso com meia-vida de 30 anos contaminando uma região entre 125.000 e 146.000 km². Um total de mais de 8 milhões de pessoas foram expostas à radiação. Além de mortes ligadas diretamente ao acidente, confirmam-se casos de neoplasias, principalmente em tireoide em jovens na época. Ainda hoje, os efeitos são temorosos devido a chuvas, enchentes, ventos, neves derretidas em solo com compostos radioativos ainda presentes. • No Brasil, o acidente radioativo em Goiânia, em 1987. Uma cápsula do elemento Césio (Cs-137) foi encontrada por sucateiros e manipulada por curiosos que acabaram repassando porções do elemento radioativo entre os conhecidos e viabilizando uma gama de contaminação entre eles. Os sinais e sintomas fechou o quadro de síndrome da radiação. Os acidentes radioativos geram uma lição à comunidade global, porém, esta deve atentar-se para o significado de suas consequências e precaver-se de possíveis acidentes direta ou indiretamente fatais. No Brasil, a pesquisa científica teve seus trabalhos iniciais em energia nuclear em 1934, em São Paulo, depois no Distrito Federal. Muitos alunos saíram para o exterior afim de especializarem-se e depois, criarem os centros de pesquisa nacionais. A usina nuclear Angra I não obteve sucesso devido às falhas técnicas o que motivou sua desativação. Angra II teve sua obra concluída e iniciou sua operação no ano 2000, restando a Angra III, em fase de conclusão de obra. 2.0 Órgãos Responsáveis A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) é uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), criada em 1956 e estruturada pela Lei 4.118, de 27 de agosto de 1962, para desenvolver a política nacional de energia nuclear. Órgão superior de fiscalização, a CNEN estabelece normas e regulamentos em radioproteção e é responsável por regular, licenciar e fiscalizar a produção e o uso de radioativos no Brasil. A CNEN tem plano anual de inspeções em instalações radioativas, gerenciar os depósitos de 6 rejeitos radioativos e fiscalizar com eficiência as condições de proteção radiológica no atendimento a solicitações de auxílio, denúncias e emergências envolvendo fontes de radiações ionizantes; buscando prevenir quaisquer impactos desses resíduos à saúde. 3.0 Tipos de radioatividade Os efeitos radioativos advêm da energia da radiação que é absorvida e que produz o dano. A quantidade de massa absorvida por unidade de material irradiado chama- se dose. Sendo assim, as partículas de radioatividade tipo Gama (γ) que apresentam a velocidade da luz são muito mais penetrantes podendo até atravessar blocosde chumbo ou concreto. Tipos + Líquidos – solvente tipo aquoso e tipo orgânico + Sólidos – lixos radioativos, ponteiras para pipeta, frascos, microplacas, papel toalha, luvas, géis radioativos, membranas. + Lixo radioativo biológico + Gasosos – radionuclídeos gasosos e subprodutos de outros resíduos + Rejeitos sólidos e gasosos A radiação terrestre existe no meio ambiente em vários níveis, dependendo de sua concentração no solo, nas rochas, nos alimentos, na água e até nos seres vivos, como o homem. Essas fontes de radiação mais relevantes são K (potássio-40), o Rb (rubídio-87) e as duas séries de elementos radioativos do U (urânio-238) e Th (tório- 232). Chamados de radionuclídeos, foram precursores no processo de formação do universo e hoje os que se mantém são aqueles cuja meia vida é comparável à idade da Terra, em bilhões de anos. Apesar dos efeitos nocivos à saúde, a radioatividade é presente em alguns procedimentos em áreas como a Medicina. A Medicina Nuclear utiliza a radioatividade para diagnóstico e tratamento de doenças, como exemplo, no exame chamado cintilografia que permite a visualização das condições dos nossos órgãos internos; a 7 radioterapia para tratamentos neoplásicos. Na agricultura e alimentação para a conservação de alimentos, se tem a pasteurização térmica com a radiação que destrói fungos e bactérias, retardando assim os processos fisiológicos e proliferação de microrganismos. Na indústria, a radioatividade entra com a técnica de gamagrafia em filme fotográfico para verificação de rachaduras e defeitos em válvulas e turbinas de aviões. 3.0 Controle e Inspeção Como produto, os resíduos ou rejeitos radioativos são quaisquer materiais que resultam da atividade humana caracterizados pela presença de radionuclídeos em patamar maior que o previsto pela norma CNEN – NE – 6.02, sendo imprópria sua reutilização. (CNEN, Comissão Nacional de Energia Nuclear) Em 1955, foi criado o UNSCEAR (United Nations Scientific Committee on the Effects of Atomic Radiation) pela Assembleia Geral da ONU, com o intuito de avaliação das doses, dos efeitos e dos riscos da radiação em escala mundial. No Brasil, o CNEN, Comissão Nacional de Energia Nuclear é responsável pela elaboração de normas e diretrizes relativas à área nuclear brasileira. Sendo uma autarquia federal criada em 1956 e estruturada em 1962, o CNEN trata-se de um órgão superior de planejamento, orientação, supervisão e fiscalização, estabelecendo regulamentos em radioproteção e é responsável por regular, licenciar e fiscalizar a produção e o uso da energia nuclear no Brasil. A CNEN mantém atividades de pesquisa sobre o assunto e atua em setores como medicina nuclear, aplicações na indústria e agricultura, geração de energia elétrica, defesa à propulsão nuclear, proteção e segurança radiológica para a população, tratamento e armazenamento de rejeitos radioativos. No que tange aos rejeitos radioativos, essa comissão retrata o assunto nas normas: Norma NN 8.01 – Rejeitos Radioativos de Baixo e Médio Níveis de Radiação. Estabelece critérios gerais e requisitos básicos de segurança e proteção radiológica para níveis baixos e médios de radiação e de rejeitos com meia-vida curta. Itens como armazenamento, segregação, embalagens, transporte, tratamento, dispensa de 8 rejeitos sólidos e líquidos, liberação de efluentes de instalações nucleares, transferência de rejeitos radioativos. O Roteiro para elaboração de um plano de gerência de rejeitos radioativos faz parte desta norma descrevendo o passo a passo de cada etapa mencionada no parágrafo anterior. Norma NN 8.02 – Licenciamento de Depósitos de Rejeitos Radioativos de Baixo e Médio Níveis de Radiação. Visa estratificar os depósitos de acordo com o tipo de rejeito, como depósito inicial, intermediário, final e provisório. Essa norma orienta ainda o documento específico para o licenciamento dos depósitos que compreende o documento de aprovação do local, de autorização para a construção e operação, para o descomissionamento de depósitos e autorização de encerramento, no caso de depósitos finais. Além disso, o CNEM tem um programa para situações de incidentes e acidentes que necessitam de intervenção imediata, atuando na área de preparação e respostas a emergências radiológicas e nucleares com pronto atendimento. A equipe está preparada para averiguação do ocorrido, monitoramento ambiental, resgate das fontes de radiação, descontaminação da área, orientação do público, orientações quanto à recomendação quanto às doses de radiação. 4.0 Tratamento O tratamento dos rejeitos radioativos é o conjunto de operações que alteram as características físicas e químicas dos rejeitos de tal forma a aumentar a segurança e diminuir os custos das etapas seguintes da gestão, até a deposição final. O tratamento inclui etapas de transformação química, remoção de materiais inertes, inclusão dos rejeitos em materiais sólidos de grande durabilidade e acondicionamento em embalagens de alto desempenho. De acordo com o Art. 27 da CNEN, qualquer processo de tratamento de rejeitos radioativos está sujeito à aprovação prévia da CNEN. A cada ano a CNEN realiza operações de recolhimento de rejeitos em todo o país. Nestas, são também obedecidas todas as exigências de forma a garantir a segurança do público, trabalha dores e meio ambiente. As entidades que geram rejeitos não precisam esperar pelas operações de recolhimento da CNEN, podendo providenciar o transporte, dentro das 9 normas estabelecidas, através de empresas autorizadas para este tipo de operação, levando o material a um dos depósitos da CNEN. O lixo nuclear precisa passar por um tratamento adequado, em seguida ser embalado e, por fim, ficar armazenado em locais específicos por um período, até que sua radiação tenha fim e não ofereça mais riscos. Este período não é fixo, podendo variar de um lixo para outro. Os rejeitos de usinas nucleares são colocados em recipientes especiais e descartados em locais com revestimento de concreto, devendo permanecer confinados por um período longo que varia de 50 a 300 anos. No Brasil, este tipo de descarte é realizado nas mineradoras e em institutos energéticos. O descarte feito em cavernas é necessário para o lixo com alta atividade nuclear, como combustíveis de reatores, os quais precisam ficar completamente isolados. Estas cavernas são construídas especialmente para este fim e possuem 800 metros de profundidade. Os ambientalistas questionam as soluções propostas pelas centrais nucleares. Segundo eles, poderia haver contaminações do ar causadas por explosões ou vazamento contínuo de gases de um sítio (possíveis teoricamente), ou contaminações da água, causadas por vazamento do invólucro que armazena o rejeito e que poderia atingir um lençol freático. O fato é que, principalmente com relação aos rejeitos de alta radioatividade, a solução encontrada deve levar em conta a longa meia-vida do lixo, que chega a milhares de anos. Especificando o tipo de tratamento para determinado resíduo radioativo, pode- se classificar em: Resíduos Físicos: Compactação, vaporização e desmonte; Resíduos Químicos: Precipitação; Resíduos Físico-químicos: Sorção. 10 5.0 Estudo de Caso Goiânia, 13 de setembro de 1987, uma cápsula de césio-137, abandonada há 2 anos nos escombros do antigo Instituto Goiano de Radiologia foi encontrada por dois sucateiros e vendido para um ferro-velho, onde o dono violou a cápsula e distribuiu para pessoas próximas. Iniciando assim, a contaminação. O acidente radiológico com césio-137, desencadeado na cidade de Goiânia no ano 1987, não se encerra com o fim da contaminação radiológica e se estende a um processo judicial, médico-científico e narrativo de identificação e reconhecimento de novas vítimas. O drama ocupa um lugar central na dinâmicado evento radiológico ao estender seus limites, modular sua intensidade e atualizá-lo a cada nova narrativa. A etnografia, enquanto uma narrativa sobre o evento, incorpora e atualiza o drama como marco da análise e da descrição do tema e é também absorvida no processo dramático. O césio-137, drama recontado é um experimento textual dessa pesquisa e busca relatar uma história baseada em personagens e acontecimentos reais extraídos de depoimentos reportados em diversas narrativas sobre o acidente radiológico. O saldo dessa experiência foi a morte de 4 pessoas, a contaminação, em maior e menor grau de mais de 200 pessoas. Somente em 29 de setembro do mesmo ano, aqueles sinais foram identificados como características da síndrome da radiação. Palavras-chave: Evento radiológico césio-137, Drama, escrita etnográfica. 11 REFERÊNCIAS: Radioatividade no meio ambiente e avaliação de impacto radiológico ambiental. Pós-Graduação Acadêmica. Programa de Tecnologia Nuclear. Instituto de Pesquisa Energética e Nucleares IPEN. Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. Manual de Gerenciamento Integrado em Resíduos Sólidos. Governo Federal Cardoso, Eliezer de Moura A energia nuclear/Eliezer de Moura Cardoso. - 3.ed.- Rio de Janeiro: CNEN, 2012. (Apostila educativa) 52 p. PESSOA, Alysson Eduardo Ferreira; et.al. Acidente Radioativo de Goiânia Césio-137. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 02, Ed. 01, Vol. 13, pp. 434-440., janeiro de 2017. ISSN:2448-0959
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