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Legislação e Normas em Segurança do Trabalho

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LEGISLAÇÃO E NORMAS TÉCNICAS EM SEGURANÇA NO TRABALHO 
Caros Pós Graduandos; 
A disciplina Legislação e Normas Técnicas em Segurança no Trabalho, ora 
apresentada, é bastante rica e extensa, não cabendo, neste sintético 
trabalho, o seu esgotamento. Nosso objetivo, portanto, é levar o aluno, 
futuro profissional Engenheiro em Segurança do Trabalho, a conhecer as 
principais regras existentes no ordenamento jurídico brasileiro em matéria 
de segurança no trabalho, para que possa aplicá-las no dia-a-dia do seu 
exercício profissional Para tanto, faremos uma excursão no conteúdo 
básico da disciplina, conhecendo a evolução histórica da legislação sobre 
segurança do trabalho no Brasil, conceitos básicos para entender a 
sistemática do ordenamento jurídico brasileiro, a legislação existente 
quanto ao objeto da disciplina no que mais interessa ser de conhecimento 
do Engenheiro em Segurança do Trabalho, destacando e comentando as 
disposições contidas na Constituição Federal, na CLT, em Leis Esparsas, no 
Código Civil Brasileiro e nas principais Normas Técnicas em vigor, 
abordando, ainda, as Convenções Internacionais da OIT – Organização 
Internacional Trabalho - ratificadas pelo Brasil em matéria de segurança e 
medicina do trabalho. Espero que nosso objetivo seja alcançado, da forma 
mais prazerosa possível, possibilitando ao aluno uma visão global sobre a 
disciplina e a assimilação das questões mais relevantes e de utilidade 
prática no exercício da sua profissão. 
 
 
Tópicos da Primeira Aula 
-A História da Legislação no Brasil 
-Conceituação: Leis, Decretos e Portarias 
-Normas Regulamentadoras Versus Normas Brasileiras 
-Legislação Federal, Estadual, Municipal 
-Atividade Orientada 
 
A HISTÓRIA DA LEGISLAÇÃO NO BRASIL 
Mundialmente, a preocupação com as condições do trabalho e com a saúde 
do trabalhador, tomou corpo em 1919, com a criação da OIT – Organização 
Internacional do Trabalho , que passa a adotar convenções destinadas à 
proteção da saúde e integridade física dos trabalhadores, como, por 
exemplo, limitação da jornada de trabalho, proteção à maternidade, ao 
trabalho da mulher, do menor, com a limitação do trabalho noturno dos 
mesmos e exigência de uma idade mínima para a inserção do menor no 
mercado de trabalho, com o objetivo de uniformizar as questões 
trabalhistas já legisladas em diversos países desde 1802, notadamente os 
mais industrializados da Europa. No Brasil, à época, país de contornos 
agrários e possuidor de indústrias incipientes, a primeira norma a tratar das 
condições de segurança e medicina do trabalho foi o Decreto lei nº 3.724, 
de 15 de janeiro de 1919, pelo qual foi implementado o serviço de medicina 
ocupacional, com a fiscalização das condições de trabalho nas fábricas, 
além de disciplinar a reparação dos danos causados por acidente do 
trabalho, “fundamentada na Teoria da Responsabilidade Extracontratual ou 
aqui liana do empregador, vinculava a indenização ao elemento subjetivo, 
ou seja, à efetiva prova da culpa”1 Alguns Decretos foram aprovados 
disciplinando o trabalho dos menores, visando à proteção e saúde dos 
mesmos, como o Decreto nº 17.943/1927, que aprova o Código de 
Menores, seguido do Decreto nº 22.042/1932 que determina regras do 
trabalho do menor na indústria, além de se preocupar o legislador brasileiro 
com a proteção ao trabalho da mulher, mediante o Decreto 21.417-A/1932. 
Destacamos, ainda, o Decreto nº 24.637, de 10 de julho de 1934, também 
abordando o tema do acidente do trabalho e sua reparação, ampliando a 
definição de acidente do trabalho para abranger as doenças profissionais. 
O autor Eduardo Gabriel Saade2 afirma que “o legislador, em nosso País, só 
se ocupou de medidas preventivas das moléstias profissionais e dos riscos 
ocupacionais com a Consolidação das Leis do Trabalho, isto é, em 1º.5.43”, 
em que pese reconhecer a existência dos Decretos precedentes sobre o 
tema, como os acima mencionados. A CLT, instituída pelo Decreto-lei nº 
5.452, de 1º.5.1943, dedicou um Capítulo (Capítulo V) à Segurança e 
Medicina do Trabalho (denominada à época como Higiene e Segurança do 
Trabalho), trazendo ao mundo jurídico, no dizer do professor e 
Desembargador do Trabalho do TRT da 5ª Região Cláudio Brandão3 , “as 
primeiras normas de higiene e segurança do trabalho, prevenção de 
acidentes do trabalho e doenças profissionais, e disciplinou a obrigação dos 
empregadores e dos empregados quanto à segurança e higiene nos locais 
de trabalho, além de definir as atividades insalubres e perigosas”, estando 
hoje em vigor o Capítulo V, Título II, artigos 154 a 201 da CLT, com a redação 
da Lei nº 6.514/77, capítulo que será objeto de estudo mais detalhado na 
abordagem do Tema 2, do Bloco 1, face a sua importância. No Decreto nº 
7.203, de 10.11.1944, há uma definição do “conceito de acidente do 
trabalho a partir de sua causa, e não mais de seu efeito”4 abrangendo como 
tal também aquele ocorrido no trajeto do trabalho, além de conter o 
primeiro registro sobre Comissões Internas de Prevenção de Acidentes – 
CIPA(s), de obrigatoriedade nas empresas com número mínimo de 100 
empregados, assegurando a participação de trabalhadores no 
desenvolvimento dessas atividades, de tratar da obrigatoriedade do uso de 
EPI – Equipamento de Proteção Individual, e prever a criação pelas 
empresas de Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e 
Medicina do Trabalho – SESMT, com o objetivo de formar profissionais 
especializados em segurança e medicina do trabalho. Em 1945, foi criada a 
ABPA (Associação Brasileira para Prevenção de Acidentes), associação 
privada, sem fins lucrativos, que tem como objetivo promover a educação 
e informação relacionada às medidas de prevenção de acidentes Em 1966 
foi criada a Fundação Centro Nacional de Segurança, Higiene e Medicina do 
Trabalho - FUNDACENTRO, por meio da Lei nº 5.161, de 21 de outubro, para 
realizar estudos e pesquisas pertinentes aos problemas de segurança, 
higiene e medicina do trabalho, hoje denominada Fundação Jorge Duprat 
Figueiredo, de Segurança e Medicina do Trabalho. Em 1967, a Lei nº 5.316, 
como salientou o professor CLÁUDIO BRANDÃO5 “integrou o seguro de 
acidentes do trabalho no sistema da Previdência Social, instituído por meio 
de monopólio; estendeu a proteção aos trabalhadores avulsos e aos 
presidiários; determinou o custeio do seguro acidentário, por meio de uma 
contribuição a cargo exclusivo da empresa, variando conforme o risco”, 
além de ter passado a Previdência Social a adotar programas de prevenção 
de acidentes e reabilitação profissional, significando um avanço na 
legislação de segurança e medicina do trabalho. Em 1976, foi editada a Lei 
6.367, que ampliou a cobertura da Previdência Social quanto aos acidentes 
do trabalho para alcançar os trabalhadores temporários, instituindo um 
novo regime de acidentes do trabalho, criando uma contribuição a ser paga 
pelo empregador, conforme o risco do seu negócio, para a cobertura de 
acidentes do trabalho. As Normas Regulamentares do Ministério do 
Trabalho e do Emprego vieram ao mundo jurídico por meio da Portaria nº 
3.214, de 8.6.1978, em número de vinte e oito, trazendo de forma 
pormenorizada a regulamentação do quanto disposto na legislação em 
matéria de segurança e medicina do trabalho. Em 1979, acontece a Semana 
de Saúde do Trabalhador, promovida pela Comissão Intersindical de Saúde 
do Trabalhador, cuja denominação atual é Departamento Intersindical de 
estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes do Trabalho. A Lei nº 5.889, 
de 8.6.1973, determinou a observância das normas de segurança e higiene 
do trabalho, estabelecidas em Portaria do Ministro do Trabalho, nos locais 
de trabalho rural. A Portaria nº 3.067, de 12.4.1988, do Ministro do 
Trabalho, aprovou as Normas Regulamentares Rurais relativas à Segurança 
e Higiene do Trabalho Rural, as chamadas NRR, em número de cinco.Marco 
principal da saúde do trabalhador no ordenamento jurídico brasileiro, a 
Constituição Federal de 1988, constitucionalizou a matéria, elencando os 
direitos sociais dos trabalhadores urbanos e rurais, no seu art. 7º, dentre os 
direitos e garantias fundamentais do homem, inclusive o direito dos 
trabalhadores à “redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de 
normas de saúde, higiene e segurança” (inciso XXII), o direito à percepção 
do “adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou 
perigosas, na forma da lei ( inciso XXIII) e ao “seguro contra acidentes de 
trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que está 
obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.”, além de no art. 200, inciso 
VIII, proteger o meio ambiente do trabalho e dispor no seu art. 193 que “a 
ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o 
bem-estar e a justiça sociais”. Posteriormente, outras Normas 
Regulamentadoras foram aprovadas mediante Portarias do Ministério do 
Trabalho e Emprego, criando, até os dias atuais, as NR29, NR30, NR31, NR32 
e NR33, além de terem ocorrido diversas alterações nos textos das 28 NR(s) 
já existentes no ordenamento jurídico, com o fi m de aprimorá-las e 
adequá-las à finalidade maior que é de fornecer meios garantidores a 
assegurar o real e efetivo direito dos trabalhadores à segurança, higiene e 
saúde no trabalho Em 1991, foi editada a Lei 8.213/91 (Lei de Benefícios da 
Previdência Social), que define o conceito de acidente do trabalho; 
responsabiliza a empresa pela adoção e uso das medidas coletivas e 
individuais de proteção e segurança da saúde do trabalhador; constitui 
como contravenção penal, punível com multa, deixar a empresa de cumprir 
as normas de segurança e higiene do trabalho; possibilita à Previdência 
Social a propositura de ação regressiva contra os responsáveis, nos casos 
de negligência quanto às normas padrão de segurança e higiene do trabalho 
indicados para a proteção individual e coletiva; além de criar a estabilidade 
para o trabalhador vítima de acidente do trabalho. A redação atual da Lei 
8.213/91, que sofreu diversas alterações desde a sua edição originária, traz 
a obrigatoriedade para as empresas que exercem atividades nas quais o 
empregado esteja exposto a agentes nocivos químicos, físicos, biológicos 
ou associação de agentes prejudiciais à saúde, de preencher o formulário 
denominado Perfil Profissiográfico Previdenciário-PPR, documento 
“histórico-laboral do trabalhador” que deverá conter, dentre outras 
informações, “registros ambientais, resultados de monitoração biológica e 
dados administrativos, abrangendo as atividades desenvolvidas pelo 
trabalhador, documento este cuja cópia autêntica deve ser fornecido ao 
empregado quando da rescisão do contrato de trabalho. A Lei nº 9.795, de 
27.4.1999, dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional 
de Educação Ambiental e dá outras providências, fazendo referência à 
melhoria do meio ambiente do trabalho e instituindo a obrigação às 
empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, de 
promover programas de capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria 
e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as 
repercussões do processo produtivo no meio ambiente. Hoje, podemos 
concluir que a legislação brasileira, em matéria de segurança e saúde do 
trabalho, avançou muito, estando constitucionalizado o direito à proteção, 
à saúde do trabalhador e asseguradas as regras básicas de proteção à 
segurança e saúde do trabalhador e ao meio ambiente laboral contidas nas 
principais Convenções Internacionais da OIT ratificadas pelo Brasil e 
incorporadas ao seu ordenamento jurídico, munindo de ferramentas a 
sociedade para que se alcance os números mínimos desejáveis da 
ocorrência de acidentes do trabalhado e a melhoria do bem estar do 
trabalhador e da qualidade de vida coletiva. 
 
-CONCEITUAÇÃO, LEIS, DECRETOS E PORTARIAS 
Existem alguns termos jurídicos, de utilização bastante usual no âmbito do 
estudo da Legislação em Segurança e Medicina do Trabalho, que merecem 
ser bem conceituados, para que se permita ao aluno uma compreensão 
exata dos mesmos. Entre eles, destacamos os conceitos jurídicos de leis, 
decretos e portarias. LEIS A palavra lei pode ser empregada em vários 
sentidos, inclusive de ‘”condição imposta pelas coisas, pelas 
circunstâncias”, como, por exemplo, “a lei do destino; a lei da morte; a lei 
da selva”; “de um princípio que determina não somente as ações humanas, 
como também os acontecimentos naturais” sendo possível neste sentido 
se falar em “lei natural e lei positiva, lei divina e lei humana, lei física, lei 
ética, lei jurídica” , etc., dentre outros. Contudo, a acepção que nos 
interessa aprofundarmos acerca da palavra lei é a da lei em sentido jurídico. 
Sob este prisma, podemos considerar a lei em sentido amplíssimo, amplo e 
estrito. Lei em sentido amplíssimo, deve ser entendida como regra de 
direito, escrita ou não, abrangendo os costumes e a chamada norma 
hipotética fundamental, norma meta-jurídica, não positivada no 
ordenamento jurídico, mas que serve de fundamento de validade para a 
Constituição, norma jurídica de escalão mais alto dentro da estrutura 
piramidal apresentada por Hans Kelsen. 
Você sabe quem foi Hans Kelsen? 
 “Hans Kelsen foi o teórico que desenvolveu a ideia de uma pirâmide 
jurídica, na qual a Constituição está no ápice. No segundo patamar, 
encontram-se as leis ordinárias e complementares; no terceiro, os decretos, 
atos normativos, deliberações, instruções normativas dentre outros atos 
regulamentadores; e, por fim, os contratos 
Lei em sentido amplo, como de “qualquer norma jurídica escrita que revista 
os caracteres de validade e eficácia e tenha sido promulgada por autoridade 
a quem outras normas atribuam competência para tal”11, estando 
abrangidas por este conceito não somente as leis em sentido estrito, mas 
também os decretos, regulamentos, resoluções, portarias, etc. Neste 
sentido, a palavra lei é utilizada como sinônimo de norma jurídica escrita. 
O autor R. Limongi França traz um conceito de lei em sentido amplo, por ele 
classificado como conceito externo, em contrapartida ao conceito interno 
que se reporta às origens da lei, que define com exatidão suas principais 
características: 
“É um preceito jurídico escrito, emanado do poder estatal competente, 
com caráter de generalidade e obrigatoriedade.” 
A lei é um preceito, ou seja, um mandamento, um comando, decorrente da 
ação humana e não da natureza. Preceito este de natureza jurídica, 
relacionado ao justo, às leis morais. Escrito, diferenciando-se da norma 
jurídica não escrita, que é o costume, sendo característica essencial da lei 
ser escrita. De origem estatal, do poder dos órgãos políticos soberanos de 
um Estado, emanada de autoridade competente. Com caráter de 
generalidade, ou seja, de aplicação a todos ou a um número indeterminado 
de pessoas, indistintamente, e com caráter de obrigatoriedade, ou seja, que 
devem ser cumpridas por todos, o que somente se efetiva por ser a lei 
dotada de coercitividade. Acrescente-se, ainda, o caráter de permanência 
da lei, pois “é próprio da lei a duração, a extensão no tempo“. 
Já o conceito de lei, em sentido estrito, corresponde à norma jurídica 
escrita, de caráter geral e abstrato, criadora de direitos e obrigações, 
emanada do Poder Legislativo. Só a lei, em seu sentido material, cria 
direitos e impõe obrigações positivas ou negativas. 
 
Do ponto de vista formal, segundo José Afonso da Silva, a lei seria 
conceituada como sendo “o ato legislativo emanado dos órgãos de 
representação popular e elaborado de conformidade com o processo 
legislativo previsto na Constituição” 
 
O conceito de lei em sentido estrito é que deve ser considerado, para que 
possa ser distinguido dos conceitos de decretose portarias que adiante 
analisaremos. Diversas são as classificações atribuíveis às leis, merecendo 
ser aqui destacada a classificação das leis quanto à sua hierarquia, que, 
segundo CAIO MÁRIO PEREIRA DA SILVA15 se dividem em “constitucionais, 
complementares e ordinárias”. 
-Leis constitucionais seriam aquelas elaboradas pelo Poder Constituinte 
originário e derivado, constantes da Constituição e das Emendas 
Constitucionais, que se referem, em princípio, à estrutura e funcionamento 
do Estado, determinando os seu Poderes, competência, definindo os 
direitos fundamentais do homem, inobstante outras matérias possam ser 
inseridas no corpo orgânico da Constituição, o que por si só já lhes 
conferem o caráter de normas constitucionais. São as normas de maior 
hierarquia dentro do ordenamento jurídico, sendo o fundamento de 
validade para todas as demais normas, segundo a estrutura piramidal de 
hierarquia das leis anteriormente mencionada. 
Leis complementares seriam as que complementam as normas 
constitucionais que não sejam auto-executáveis, de eficácia limitada, sendo 
consideradas estas como as “que, de imediato, no momento em que a 
Constituição é promulgada, não têm o condão de produzir todos os seus 
efeitos, precisando de uma lei integrativa infraconstitucional”. A lei 
complementar seria exatamente a lei integrativa. Há autores, como MARIA 
HELENA DINIZ 17 e CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA que consideram a lei 
complementar de hierarquia superior à lei ordinária, sustentando que uma 
lei ordinária não pode revogar lei complementar, além do fato da CF/88 
trazer a mesma como espécie normativa e sujeitar a sua elaboração a um 
processo legislativo mais rígido que a lei ordinária, com quórum especial de 
maioria absoluta enquanto que a lei ordinária está sujeita a um quórum de 
maioria simples. Outros autores, consideram que a lei complementar e a lei 
ordinária estão situadas em uma mesma hierarquia, apenas diferenciando-
se pelo seu campo de atuação, pois algumas matérias a Constituição 
reserva à lei complementar. 
Leis ordinárias seriam as leis comuns, as emanadas “dos órgãos que a 
Constituição investiu da função legislativa”, segundo CAIO MÁRIO DA SILVA 
PEREIRA. 
Para finalizarmos este tópico, lembramos que no âmbito do Direito do 
Trabalho vigora o princípio proteção do hipossuficiente econômico (o 
trabalhador), que, em uma de suas vertentes, traz a regra da norma mais 
favorável, não se aplicando a estrutura piramidal rígida de hierarquia das 
normas, isto porque, em havendo conflito entre normas trabalhistas de 
hierarquias diferentes será aplicada ao caso concreto aquela que for mais 
benéfica ao trabalhador. Exemplificativamente, se o contrato individual de 
trabalho ou mesmo Norma Coletiva de Trabalho (Acordo Coletivo de 
Trabalho ou Convenção Coletiva de Trabalho) dispor que a empresa pagará 
ao empregado 40% a título de adicional de periculosidade, este percentual, 
apesar de estar contido em norma de hierarquia inferior à Consolidação das 
Leis Trabalhistas, que prevê o percentual de 30% de adicional de 
periculosidade em seu art.193, § 1º, prevalecerá em detrimento do 
adicional previsto em lei, por ser mais benéfico ao trabalhador. 
 
DECRETOS 
Dispõe o inciso IV, do art. 87, da Constituição Federal, de 05/10/1988, que 
compete privativamente ao Presidente da República expedir decretos e 
regulamentos para a fiel execução das leis. Decorre a competência do 
Presidente da República em expedir decretos do exercício do poder 
regulamentar, conceituado por José dos Santos Carvalho Filho como sendo 
“a prerrogativa conferida à Administração Pública de editar atos gerais para 
complementar as leis e permitir a sua efetiva aplicação.” 
Quanto ao conteúdo, os decretos podem ser classificados como gerais ou 
individuais. O decreto geral veicula um ato administrativo normativo, geral, 
correspondendo aos decretos regulamentares de uma lei. Nas palavras de 
JOSÉ CARVALHO DOS SANTOS FILHO, “ é por sua natureza, ato de que se 
socorre o Chefe do Executivo para regulamentar as leis, ou seja, para 
expedir normas administrativas necessárias a que a lei possa ser executada. 
Corresponderiam os decretos gerais aos decretos-legislativos, ou seja, ato 
administrativo formal, privativo dos Chefes do Poder Executivo da União 
Estados e Municípios, com a finalidade de complementar as leis permitindo 
a sua efetiva aplicabilidade. Apesar de possuírem a mesma normatividade 
da lei, não podem ultrapassar os limites da competência que foi atribuída 
ao Poder Executivo, sob pena de abuso do poder regulamentar, hipótese na 
qual é autorizado ao Congresso Nacional sustar o referido ato, nos termos 
do inciso V, do art. 49, da CF/88. Já o decreto individual, segundo o mesmo 
autor, teria “destinatários específicos, individualizados”, sendo ato 
administrativo individual, concreto, a exemplo dos decretos de nomeação 
ou exoneração de servidor público. Para a utilização prática do profissional 
Técnico em Segurança do Trabalho, de forma sintética, o conceito que 
devemos ter em mente é o de decreto como ato administrativo formal, 
privativo dos Chefes do Poder Executivo da União Estados e Municípios, 
com a finalidade de complementar as leis permitindo a sua efetiva 
aplicabilidade, em razão da existência de Decretos regulamentadores de 
leis que veiculam matérias atinentes à segurança do trabalho, como, por 
exemplo, o Decreto 93.412, de 14 de outubro de 1996, baixado pelo então 
Presidente da República José Sarney, que regulamenta a Lei 7.369, de 20 de 
setembro de 1985, que institui o salário adicional para empregados do setor 
de energia elétrica, em condições de periculosidade e dá outras 
providências. Convém relembrar que, segundo o sistema piramidal de 
hierarquia das normas, o Decreto é norma de categoria inferior à lei, não 
podendo ir de encontro com o que dispõe a lei, que constitui o seu 
fundamento de validade. 
 
PORTARIAS 
Assim como os Decretos, as Portarias são, também, consideradas pela 
doutrina como atos administrativos A diferença primeira a ser destacada 
entre os mesmos é quanto à autoridade competente para expedi-los. Os 
Decretos são atos da competência exclusiva dos Chefes do Executivo, 
enquanto que as Portarias são atos praticados por “autoridades de nível 
inferior ao Chefe do Executivo, quaisquer que sejam seus escalões”. A 
segunda diferença a ser destaca é quanto ao objeto, pois as Portarias ”se 
destinam a uma variedade de situações, como, expedir orientações 
funcionais em caráter concreto“ ou ainda “impor a servidores determinada 
conduta funcional, instaurar procedimentos investigatórios e disciplinares”, 
como leciona o professor e Juiz Federal DIRLEY DA CUNHA JÚNIOR.23 O 
autor CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO conceitua Portaria como 
sendo a “fórmula pela qual autoridades de nível inferior ao de Chefe do 
Executivo, sejam de qualquer escalão de comandos que forem, dirigem-se 
a seus subordinados, transmitindo decisões de efeito interno, quer com 
relação ao andamento das atividades que lhe são afetas, quer com relação 
à vida funcional dos servidores, ou, até mesmo, por via delas, abrem-se 
inquéritos, sindicâncias, processos administrativos.”, concluindo que 
“trata-se de ato formal de conteúdo muito fl uido e amplo”.24 As Portarias, 
como cima informado, se destinam-se a variadas situações, geralmente 
produzindo efeitos no âmbito interno da Administração Pública. Ocorre 
que, muitas vezes, a Portaria ultrapassa esses limites, impondo normas de 
conduta ao público, sendo designada, nesta hipótese, de Portaria Geral por 
JOSÉ CRETELLA JÚNIOR, e “que consiste em declaração dirigida, de modo 
abstrato, a situações ou pessoas indeterminadas, impessoais, não-
concretas, não-identificadas. Dirige-se a um conjunto de administrados, 
funcionários ou não”. 
A base jurídica das Portarias é a lei, regulamento ou decreto anterior, 
devendo conter todosos detalhes não previstos na lei, regulamento ou 
decreto a que se refere, com a finalidade de completar tais normas, 
descendo aos detalhes ali não especificados. A noção de Portaria ganha 
relevância para o estudo da disciplina Legislação e Normas Técnicas em 
Segurança do Trabalho porque, por intermédio delas, vieram ao mundo 
jurídico as Normas Regulamentares expedidas pelo Ministério do Trabalho 
e Emprego, normas técnicas que, de forma pormenorizada, regulamentam 
o quanto previsto genericamente em lei em matéria de segurança e 
medicina do trabalho e cujo conceito será objeto do próximo ponto do 
nosso conteúdo. 
 
NORMAS REGULAMENTADORAS VERSUS NORMAS BRASILEIRAS NORMAS 
REGULAMENTADORAS 
Por Normas Regulamentadoras - as denominas NR - devemos compreender 
aquelas aprovadas mediante Portarias expedidas pelo Ministério do 
Trabalho e do Emprego, de regulação técnica em matéria de segurança e 
medicina do trabalho, decorrentes do fenômeno denominado pela 
doutrina, aqui citada a de JOSÉ DOS SANTOS CARVALHO FILHO, de 
deslegalização, assim entendido como aquele pelo qual “o próprio 
Legislativo delega ao órgão ou à pessoa administrativa a função específica 
de instruí-la”26 , diante da sua incapacidade em regulamentar certas 
matérias de alta complexidade técnica, reservando o Legislativo para si a 
competência para o regramento básico da matéria e “transferindo tão 
somente a competência para a regulamentação técnica mediante 
parâmetros previamente enunciados na lei.” De início, como já informado 
ao discorrermos sobre a evolução histórica da legislação em segurança e 
medicina do trabalho, foi instituída pela Portaria MTB nº 3.214, de 
08.06.1978, vinte e oito Normas Regulamentadoras de Segurança e Saúde 
no trabalho urbano. Em 12/04/1988, por meio da Portaria MTb nº 3.067, 
de 12.4.1988, é que foram editadas cinco Normas Regulamentadoras 
Rurais: - NRR-01: Disposições Gerais; - NRR-02: SEPATR – Serviço 
Especializado em Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural; - NRR-03: 
CIPATR – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural; - 
NRR-04: EPI – Equipamento de Proteção Individual; e - NRR-05: Produtos 
Químicos. Com o passar dos anos, aprimorando-se a normalização na área 
da segurança e saúde do trabalho, foram editadas outras diversas NR(s) 
para o trabalho urbano, até chegarmos ao número atual de trinta e três 
NR(s), incluindo, entre elas, a NR31: Segurança e Saúde no Trabalho na 
Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aqüicultura, em 
substituição às cinco Normas Regulamentadoras de Segurança e Saúde no 
Trabalho Rural até então existentes. 
Resumindo: As Normas Regulamentares são normas de caráter obrigatório, 
de aplicação no âmbito nacional, que regulam tecnicamente a segurança e 
a saúde no trabalho, que devem ser cumpridas por todas as empresas e 
demais entes públicos da administração direta ou indireta que possuam 
empregados regidos pela CLT. NORMAS BRASILEIRAS Normas Brasileiras 
são normas técnicas expedidas pela Associação Brasileira de Normas 
Técnicas – ABNT – que permitem a produção, comercialização e uso de bens 
e serviços, de forma sustentável, nos mercados interno e externo, 
contribuindo para o desenvolvimento científico e tecnológico, proteção do 
meio ambiente e defesa do consumidor. A ABNT, na sua página da internet, 
conceitua Norma Brasileira como “documento, estabelecido por consenso 
e aprovado por organismo reconhecido, que fornece, para uso comum e 
repetitivo, regras, diretrizes ou características para atividades ou seus 
resultados, visando à obtenção de um grau ótimo de ordenação em um 
dado contexto.”, acrescentando que referidas normas devem ser ”baseadas 
em resultados consolidados da ciência, tecnologia e da experiência 
acumulada, visando o benefício da sociedade.” 
 Você conhece a ABNT? 
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é o órgão responsável 
pela normalização técnica no Brasil, fornecendo a base necessária ao 
desenvolvimento tecnológico brasileiro. Trata-se de uma entidade privada 
e sem fins lucrativos fundada em 1940. 
É membro fundador da International Organization for Standardization 
(ISO), da Comissão Panamericana de Normas Técnicas (COPANT) e da 
Associação Mercosul de Normalização (AMN). A ABNT é a única e exclusiva 
representante no Brasil das seguintes entidades internacionais: 
• ISO – International Organization for Standardization 
• IEC – International Electrotechnical Comission E das entidades de 
normalização regional: 
• COPANT – Comissão Panamericana de Normas Técnicas 
• AMN – Associação Mercosul de Normalização Mantenedora: 
• NBR5410 –norma brasileira para instalações elétricas de baixa tensão. 
Dicionário Brasileiro de Eletricidade O processo de elaboração das Normas 
Brasileiras é gerido pela ABNT, organismo considerado pelo governo 
brasileiro, como sendo o único Foro Nacional de normalização, técnica no 
país, através da Resolução n.º 07 do CONMETRO, de 24.08.1992 
fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro. 
As Normas Técnicas Brasileiras surgem como uma decisão da sociedade 
que, através de setores organizados, manifesta formalmente à ABNT a 
necessidade de criar uma NB sobre um determinado tema, apresentando 
lista com os nomes das empresas e entidades interessadas na elaboração e 
aplicação da referida NB que se pretende criar. O Comitê Brasileiro da ABNT 
ou o Organismo de Normalização Setorial forma uma Comissão de Estudo, 
composta geralmente de representante do governo, de órgãos de defesa 
do consumidor, de entidade de classe, entidades técnicas e científicas, que, 
juntamente com os interessados na criação da norma, discutirão o tema, 
estabelecendo as prioridades técnicas a serem observadas, sendo, assim, 
conduzida a elaboração da norma, mediante consenso entre os 
participantes na elaboração do projeto, por votação nacional entre os 
associados da ABNT e demais interessados. Você sabe o que significa 
normalização? Atividade que estabelece, em relação a problemas 
existentes ou potenciais, prescrições destinadas à utilização comum e 
repetitiva com vistas à obtenção do grau ótimo de ordem em um dado 
contexto.29 Diversos são os objetivos da normalização, que busca alcançar 
economia na produção, com redução da variedade de produtos e 
procedimentos, melhor comunicação entre fabricantes e consumidores, 
aumentando a confiabilidade das relações comerciais e de serviços, prover 
a sociedade de meio eficazes de aferir a qualidade dos produtos, eliminar 
as barreiras técnicas e comerciais para exportação, buscando normalizar de 
forma não conflitante com os demais países. Porém, um dos objetivos da 
normalização que mais interessa à área da segurança do trabalho é a de 
buscar melhoria da qualidade de vida através da edição de NBR (s) relativas 
à saúde, à segurança e à preservação do meio ambiente, com a finalidade 
sempre de proteger a vida humana e a saúde, possibilitando o desempenho 
da atividade profissional mais segura e menos desgastante Quanto à 
normalização da ABNT referente à área de atuação de Saúde e Segurança 
Ocupacional, destacamos o SISTEMA DE SEGURANÇA E SAÚDE 
OCUPACIONAL, consubstanciado a seguir: 
SISTEMA DA SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL OHSAS 18001. Este 
sistema tem por objetivo assegurar o bom cumprimento de procedimentos 
e cuidados que venham a garantir o gerenciamento dos riscos de saúde e 
segurança em uma organização. Também neste caso, nota-se certa pressão 
da sociedade para que as organizações ajam de maneira que sejam evitados 
acidentes ou fatalidades com seus colaboradores. Trabalhando com base 
nesses princípios, a organização consegue também a geração de mais 
qualidade e produtividade dos empregados e de seus processos fabris. 
Tendo todos estes procedimentos funcionando, a Certificação do Sistema 
da Segurança e Saúde Ocupacional serve, ainda, para mostrar, tantopara 
os fornecedores quanto para os consumidores, o grau de seriedade do 
trabalho de uma organização. 
O empresário, com a adoção da NRB referente ao seu ramo de negócio, 
estará adquirindo um “know-how”, tendo acesso a uma tecnologia já 
testada e provada, evitando desperdícios no processo produtivo, 
aumentando a produtividade e confiabilidade dos produtos e serviços, além 
de auxiliar na exportação, agregando à sua marca valores imateriais, 
gerando confiança e fidelização de clientes e conquista de novos 
consumidores. Existem Normas Brasileiras para produtos, para 
implementação de sistemas de gestão, para qualificar profissionais, de 
segurança contra incêndios, gases combustíveis, eletricidade, gestão 
ambiental, nível de ruídos, dentre outras, muitas trazendo em seu bojo 
regras a serem adotadas para se garantir a segurança no ambiente de 
trabalho e a saúde dos trabalhadores. As NBR (s) não se revestem de caráter 
obrigatório, como as leis, isto porque as empresas podem optar em se guiar 
pelas mesmas ou não, sendo consideradas normas técnicas voluntárias. 
Optando em segui-las, contudo, a empresa deverá observar todas as suas 
determinações, a fi m de que possa obter uma certificação de conformidade 
de produtos e serviços pela ABNT, que lhe garante um selo, elevando seu 
padrão de concorrência no setor, assegurando vantagens competitivas para 
os produtos e serviços, além de facilitar a entrada do produto ou serviço no 
comércio exterior. Quando, porém, as Normas Brasileiras vierem 
explicitadas em alguma norma expedida pelo Poder Público, como leis, 
decretos, portarias, instruções normativas ou citadas em contrato, passam 
a ser obrigatórias. As NBR (s) são normas de caráter privado, documento 
particular e não público e, por isso mesmo, protegida pela lei de direitos 
autorais, podendo ser adquiridas mediante compra nos diversos pontos de 
vendas existentes. 
Resumindo: As NBR são normas técnicas, facultativas, privadas, que 
fornece, para uso comum e repetitivo, regras, diretrizes ou características 
para atividades ou seus resultados, visando à obtenção de um grau ótimo, 
baseadas em resultados consolidados da ciência, tecnologia e da 
experiência acumulada. 
LEGISLAÇÃO FEDERAL, ESTADUAL, MUNICIPAL 
Dispõe o art. 1º da Constituição Federal que o Brasil é uma República 
Federativa formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do 
Distrito Federal, adotando, portanto, como forma de Estado, a Federação. 
Uma das características da Federação é a descentralização político-
administrativa constitucional, com a existência de órgãos próprios de cada 
entidade federada (União, Estados e Municípios) e distribuição de 
competências exclusivas para cada uma destas entidades. Cada uma delas 
possui administração própria, autonomia tributária e financeira, além de 
um poder legislativo próprio, convivendo estas entidades em um mesmo 
nível jurídico, agindo dentro dos limites das competências que lhe foram 
atribuídas pela Constituição, de forma autonomamente. Em decorrência da 
forma federativa de Estado adotada pelo Brasil, convivem, no âmbito do 
território nacional, três esferas de legislação: federal, estadual, municipal, 
não existindo entre as mesmas, em princípio, hierarquia, isto porque cada 
uma das entidades federadas editará leis dentro dos limites das 
competências que lhe foram atribuídas, prevalecendo a lei editada pelo 
ente federado titular desta competência, salvo quando se tratar de 
competência concorrente para legislar sobre determinada matéria, 
hipótese na qual prevalecerá a lei federal sobre a lei estadual. Assim, 
classificam-se as leis, quanto à sua extensão, em: federais, estaduais e 
municipais. Leis Federais são aquelas são aquelas emanadas do Congresso 
Nacional, decorrente da competência da União para legislar. José Cretella 
Júnior traz o seguinte conceito de Lei Federal: “declaração solene de norma 
jurídica, no âmbito federal, ou seja, a cargo da União, valendo para todo o 
território nacional – lei federal geral – ou para todo bem, pessoa ou situação 
que fi ca sob impacto desse tipo de lei – lei federal especial.” Leis Estaduais, 
segundo o mesmo autor, constituem uma “declaração solene da norma 
jurídica, no âmbito estadual, ou seja, nos diferentes Estados-membros de 
uma Federação, de acordo com os princípios estabelecidos na Const. 
Federal.” Leis Municipais, por sua vez, são conceituadas por José Cretella 
Júnior, como “declaração solene da norma jurídica, feita pelo poder 
competente, na esfera do município”. Em matéria de segurança no 
trabalho, no âmbito da legislação federal, muitas leis foram editadas e no 
decorrer do nosso estudo muitas delas serão mencionadas e analisadas, 
dentre elas merecendo destaque as abaixo relacionadas em ordem 
cronológica: 
 - Lei n. 4.860, de 26.11.1965, que dispõe sobre o Adicional de Risco 
Portuário; 
 - Lei nº 5.889, de 8.6.1973, Estatuto do Trabalho Rural; 
- Lei nº 7.369, de 20.09.1985, que dispôs sobre o Adicional de 
Periculosidade no Setor de Energia Elétrica; 
 - Lei nº 7.394, de 29.10.1985, que trata do Adicional de Risco para os 
Operadores de Raio X; 
- Lei nº 7.410, de 27.11.1985, que dispõe sobre a especialização de 
Engenheiros e Arquitetos em Engenharia de Segurança no Trabalho, a 
profissão de Técnico de Segurança no Trabalho e dá outras providências; 
 - Lei n. 8.112, de 11.12.1990, Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos 
Federais; 
 - Lei nº 8.212, de 24.07.1991, Plano de Custeio da Previdência Social; 
 - Lei nº 8.213, de 24.07.1991, Lei de Benefícios da Previdência Social; 
 - Lei 8.270, de 17.12.1991, que trata dos Adicionais de Insalubridade e 
Periculosidade dos Servidores Públicos Federais; 
 - Lei nº 10.593, de 6.12.2002, que disciplina a Carreira de Auditoria Fiscal 
do Trabalho. 
 
Além das leis federais acima enumeradas, de importância significativa são 
as disposições constantes na CLT inseridas no Capítulo V – Da Segurança e 
da Medicina do Trabalho, que será objeto de estudo em conteúdo próprio 
e muitas vezes citados os seus artigos ao longo do presente trabalho. O 
primeiro artigo do referido Capítulo da CLT – art. 154 - trata das Disposições 
Gerais da Segurança e da Medicina do Trabalho e determina que “a 
observância, em todos os locais de trabalho, do disposto neste Capítulo, 
não desobriga as empresas do cumprimento de outras disposições que, 
com relação à matéria, sejam incluídas em códigos de obras ou 
regulamentos sanitários dos Estados ou Municípios em que se situem os 
respectivos estabelecimentos, bem como daquelas oriundas de convenções 
coletivas de trabalho”. Logo, em havendo na Legislação Estadual e 
Municipal disposições relacionadas à matéria de segurança e medicina do 
trabalho, incluídas em código de obras ou regulamentos sanitários, devem 
ser observadas pelos estabelecimentos situados no limite territorial destes 
Estados ou Municípios.

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