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Introdução ao Estudo do Direito Processual - Diana Perez

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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO PROCESSUAL
Aluna: Maria Carolina Ribeiro
Professora: Diana Perez
Aulas 2015.2
1. PROPEDÊUTICA PROCESSUAL:
1.1. Conceitos básicos:
· Necessidade: É a falta de alguma coisa. A necessidade representa a ruptura do equilíbrio. 
· Bem: O bem é o elemento capaz de suprir as necessidades do homem.
· Utilidade: É a aptidão que o bem tem de satisfazer uma necessidade. Diz-se que um bem é útil quando ele consegue satisfazer uma necessidade. É preciso valorar se aquele bem de fato é útil para a satisfação de determinada necessidade.
· Interesse: É a posição favorável de um bem em relação a uma necessidade. O interesse é o vínculo que une o homem e a sua necessidade, ao bem e sua utilidade. O interesse possui algumas classificações: mediato e imediato, individual e coletivo. O interesse é imediato quando o bem é capaz de satisfazer diretamente a uma necessidade. O interesse é mediato quando o bem só é capaz de satisfazer indiretamente a uma necessidade. O interesse é individual quando o bem é capaz de satisfazer as necessidades de uma pessoa individualmente considerada. O interesse é coletivo quando um bem é capaz de satisfazer as necessidades da coletividade.
· Conflito de interesse: As necessidades do homem são ilimitadas, enquanto os bens são limitados. Quando ocorre um confronto entre necessidades humanas e escassez de bens, surge o conflito de interesses, que pode ser de duas ordens: os conflitos subjetivos e os conflitos intersubjetivos. O conflito é subjetivo quando se refere a apenas um indivíduo. O conflito é intersubjetivo quando envolve dois ou mais sujeitos, esses conflitos são aqueles que interessam para o direito.
· Pretensão: Quando há um conflito intersubjetivo surge a ideia de pretensão. A pretensão é vista como a exigência de subordinação do interesse de outro ao seu próprio interesse. A pretensão pode se dissolver rapidamente ou pode ser que haja a resistência.
· Resistência: O ato de resistência é o ato contrário à pretensão. Resistência é o gênero, pode se dar por uma resistência em sentido estrito ou por uma insatisfação. Quando a pretensão é resistida o juiz utiliza-se de técnicas cognitivas. Na resistência o que se discute é a titularidade de um bem. Na pretensão insatisfeita, vai-se a juízo para que o sujeito pague o que deve ou devolva o bem, por exemplo. Quando a pretensão é insatisfeita o magistrado se vale de técnicas executivas.
· Lide: Lide é o conflito intersubjetivo de interesses qualificado por uma pretensão jurídica, resistida ou insatisfeita, deduzida em juízo. As lides precisam ser resolvidas.
· Composição da lide: Diz respeito à resolução da lide. Em regra, o ordenamento veda a autotutela, logo, o encarregado de compor as lides é o Estado. A composição da lide portanto, se dá por atividade estatal.
· Jurisdição: É a atividade estatal de compor a lide. Existem alguns casos em que há atividade estatal mas não há conflito, logo, existe uma corrente doutrinário qua crê que seja possível a existência de jurisdição sem lide (exemplo: quando o homem e a mulher querem se divorciar, no sentido de que ambos possuem interesses convergentes = jurisdição voluntária). A jurisdição em regra é inerte, precisa ser provocada, as partes precisam se manifestar. As partes se manifestam exercendo o seu direito de ação.
· Ação: Direito subjetivo que todos têm de recorrer ao judiciário.
· Processo: É o meio pelo qual se exerce o direito de ação e se desenvolve a atividade jurisdicional. O Direito Processual é fincado em um tripé, em três institutos básicos: jurisdição, ação e processo. 
1.2. Direito Material e Direito Processual: O direito material é aquele que traça as regras de conduta (dever-ser). Quando ocorre violação ou ameaça de violação ao direito material, é necessário que, a partir do direito de ação, se recorra ao judiciário para que ocorra o processo. O processo precisa ser uniforme, logo, é necessário que ele seja regido por normas, e essas normas compõem o direito processual. O direito processual traz a técnica para que se desenvolva o processo, e se alcance uma solução. O direito processual serve para efetivar o direito material.
1.2.1. Sujeitos do conflito x sujeitos do processo: Os sujeitos do processo e regra, coincidem com os sujeitos do conflito. Embora a regra seja a coincidência entre os sujeitos, é possível que essa coincidência não ocorra. O ordenamento prevê hipóteses em que os sujeitos do conflito não sejam os sujeitos do processo (exemplo: o pai de um menor para de pagar a pensão alimentícia e o Ministério Público é quem ingressa com a ação, não o filho dele – legitimidade extraordinária). O rol de legitimados extraordinários está taxativamente previsto na lei.
 Obs.: nos casos de representação os sujeitos de conflito coincidem com os sujeitos do processo – legitimidade ordinária.
1.2.2. Instrumentalidade do processo: O processo é um instrumento de efetivação do direito material. O processo não é um fim em si mesmo. Não existe hierarquia entre direito material e direito processual, mas sim uma relação circular.
1.3. Sociedade e tutela jurídica: É imprescindível na sociedade, a existência de normas jurídicas, e a realização da paz social através das normas chama-se tutela jurídica. A tutela jurídica se dá tanto através do direito material quanto através do direito processual. A tutela jurídica possui dois momentos: o direito material compõe o momento estático da tutela jurídica. O direito processual representa o momento dinâmico da tutela jurídica, dando operabilidade ao direito material quando este não é cumprido. O momento dinâmico da tutela jurídica recebe o nome de tutela jurisdicional (espécie de tutela jurídica).
· Tutela jurídica x tutela jurisdicional: Tutela jurisdicional é o reconhecimento (dentro de um processo) de uma situação jurídica amparada pelo ordenamento material. O objetivo da jurisdição é a tutela jurisdicional, ou seja, o objetivo é que o juiz reconheça que existe o direito material alegado. A forma normal de se extinguir o processo é com a resolução do mérito (análise do direito material discutido). Existem casos em que o processo se extingue de forma anômala: o juiz não analisa o direito material discutido, neste caso, se diz que há a extinção do processo sem resolução do mérito, e não se forma a coisa julgada material, nestes casos, há jurisdição, porém não há tutela jurisdicional. Pouco importa se o juiz reconhece o direito material em favor do autor ou em favor do réu, se há a análise, seja caso de procedência, seja caso de improcedência, haverá tutela jurisdicional. Existem casos em que a tutela jurisdicional se dá apenas com o reconhecimento do direito material, porém, existem outros que além de reconhecer o direito material, busca a efetivação deste direito, do resultado prático deste reconhecimento.
1.3.1. Tutela jurisdicional diferenciada: Como o processo serve de instrumento de efetivação do direito material, é preciso que se criem procedimentos diferenciados a depender do direito material que está sendo discutido. Existem casos em que a urgência do direito material faz com o juiz se valha da chamada tutela antecipada.
- Exemplos: Mandados de segurança (exigem prova pré-constituída); ação de alimentos; casos de urgência (tutela antecipada), etc.
2. INTRODUÇÃO DO ESTUDO DO DIREITO PROCESSUAL:
2.1. Acepções do termo processo: 
· Processo como fenômeno da teoria Geral do Direito: Toda norma jurídica é resultado de um debate prévio, e este debate prévio é chamado de processo. Processo é a forma de criação das normas jurídicas de qualquer espécie. O processo funciona como um mecanismo de controle do poder das normas. 
· Processo como fato jurídico (ato jurídico complexo): No caso do processo a existência da vontade é relevante, por isso, é um ato jurídico (fato da vida relevante para o direito em que a vontade interfere). O ato jurídico neste caso é complexo, pois dentro do fato processual existem vários atos tendentes a uma obtenção de resultado. Nestes casos, processo é sinônimo de procedimento (conjuntode atos). Esta acepção é estuda sob a perspectiva do plano da existência. 
· Processo como relação jurídica: O ato processo gera efeitos, qual seja, o surgimento da relação jurídica processual. A relação jurídica processual é distinta da relação jurídica material. A relação jurídica processual é uma relação complexa, pois dentro da mesma existem inúmeras relações e situações jurídicas (ativas e passivas). Nesta acepção jurídica o processo é estudado no plano da eficácia.
2.2. Teoria Geral do Processo (?): Existem duas correntes acerca da possibilidade da existência de uma teoria geral do processo. Teoria é uma sistematização de conceitos, que podem ser de duas ordens:
· Conceito jurídico – positivo: Construções normativas obtidas com base em um real e determinado ordenamento jurídico. É um conceito jurídico obtido a posteriori. São conceitos relacionados à dogmática jurídica, portanto, conceitos do direito e não da ciência do direito.
· Conceito lógico-jurídico: São construções normativas obtidas a priori, ou seja, independem de um determinado ou específico ordenamento jurídico. São conceitos que possuem pretensão universal, buscando se aplicar a todo e qualquer ordenamento. O fato de terem pretensão universal não significa que sejam invariáveis. São conceitos filosóficos, ligados a epistemologia. São conceitos da ciência do direito e não do direito. Os conceitos lógicos-jurídicos seriam servíveis para a construção da teoria geral do processo (alguns autores acreditam que não há necessidade de dizer que a teoria é ‘geral’, enquanto outros autores acreditam que há a necessidade, já que, ao lado das teorias gerais existem também as teorias individuais e particulares).
Uma corrente doutrinária crê que não há como se falar em teoria geral do processo, pois até os conceitos lógico-jurídicos possuem peculiaridades quando muda-se o ramo de estudo.
Alguns autores defendem que seria possível estudar uma teoria geral do processo se, esta teoria fosse pautada apenas a conceitos lógico-jurídicos.
· Direito processual x Ciência do Direito Processual x Teoria Geral do Processo: Direito Processual é o conjunto de normas que vai disciplinar o processo, possui cunho dogmático e linguagem normativa. Ciência do Direito Processual é o ramo do pensamento dogmático que tem por objeto o direito processual, também de cunho dogmático, mas com linguagem doutrinária. A Teoria Geral do Processo é uma disciplina filosófica, epistemológica, que tem por objeto a ciência do direito processual; utiliza-se de linguagem doutrinária. Teoria Geral do Direito e Teoria Geral do Processo se aproximam pois ambas têm a pretensão de cunho epistemológico, não-dogmático, pretensões universais, e ambas se valem de conceitos lógicos-jurídicos.
2.3. Evolução do direito processual: Fala-se em fases metodológicas da evolução do direito processual.
· Sincretismo/Praxismo/Imanentismo: Nessa fase o direito processual não era visto como ciência, o direito processual nada mais era do que o direito material violado levado a juízo. A preocupação nessa fase era a práxis, a forma como se desenvolvia o processo. Essa fase vai até meados do século XIX, quando Oskar Von Bullow lança uma obra chamada ‘Teoria dos Pressupostos Processuais e das Exceções Dilatórias’, afirmando que a relação jurídica material é distinta da relação jurídica processual.
· Autonomia/Processualismo/Cientificismo: O direito processual passa a ser autônomo em relação ao direito material. Nessa fase, para que o direito processual se formasse enquanto ciência era imprescindível a ruptura abrupta com o direito material. Nesta época surgiam os principais estudos acerca do direito processual. Duas teorias se destacaram: a dualista e a unitária. Para a Teoria Dualista que tem como principal expoente Joseph Chiovenda, havia uma cisão nítida entre direito material e direito processual, e o direito processual não criava nada de novo, somente declarava o que já era estipulado pelo direito material (cunho declaratório). Já para a Teoria Unitária que tem como principal representante Carnellutti, o direito material não confundiria com o direito processual, mas a cisão não é tão nítida, pois o direito material não teria condições de disciplinar sempre todos os conflitos de interesses. O processo teria a função de complementar o sistema (cunho constitutivo - o processo criaria a norma individualizada a ser utilizada no caso concreto). Essa fase dura até meados do século XX.
· Instrumentalismo: Nesta fase passou-se a perceber que o processo não poderia ser um fim em si mesmo; ele na verdade é um instrumento de efetivação do direito material. Ocorre a reaproximação entre direito material e direito processual. Passa a haver uma preocupação com a efetividade do direito material e os aspectos sociais passam a ser relevantes no estudo do processo. Surgem aqui as ondas renovatórias de acesso à justiça: a primeira onda renovatória traz a preocupação de acesso à justiça pelos necessitados, a segunda onda renovatória traz à tona a preocupação com a tutela dos interesses coletivos, e a terceira onda renovatória trata da preocupação com a simplificação das formas, deixar de lado o formalismo exacerbado.
· Neoprocessualismo/Formalismo-valorativo: Os processualistas modernos entendem que já vivemos uma quarta fase. As mudanças de paradigmas que ocorreram no mundo do direito em gral devem ser levadas ao direito processual. Seria o estudo da nova realidade, dos novos paradigmas no âmbito do processo. Nessa fase há uma preocupação em ralação aos aspectos éticos (lealdade processual, boa-fé processual). O novo Código de Processo Civil surge com a necessidade se se adequar aos novos paradigmas.
2.4. O Direito Processual contemporâneo:
· Texto x norma: A norma é o texto interpretado. Atualmente já se entende o papel criativo do magistrado na criação de normas. Um mesmo texto legal pode ser interpretado de diversas maneiras. Diante de um texto legal pode surgir mais de uma norma.
· Princípio como norma: Os princípios passam a possuir força normativa. Antes os princípios eram utilizados apenas de forma supletiva.
· Jurisprudência como fonte: Não se nega atualmente que jurisprudência é fonte do direito. Jurisprudência são decisões reiteradas nos tribunais. Aplica-se o texto legal aos casos concretos formando as normas concertas, quando as normas concretas são reiteradas, forma-se a jurisprudência. Atualmente se fala muito em súmulas: nas súmulas parte-se da jurisprudência e elabora-se um novo texto. A súmula é um texto, e a inserção de uma situação fática na mesma já se enquadra como uma interpretação. A complexidade interpretativa da súmula é menor.	
· Conceitos jurídicos indeterminados/cláusulas gerais: As mudanças sociais ocorrem de forma mais rápida que as mudanças legislativas. Com isso, o legislador passou a criar textos legais mais abertos, para que fosse possível abarcar mais casos concretos. Os conceitos jurídicos indeterminados teriam abertura na hipótese fática enquanto o consequente normativo seria fechado. As cláusulas gerais são abertas tanto na hipótese quanto no consequente.
· Força normativa da Constituição (Direitos Fundamentais): As normas constitucionais são dotadas de caráter normativo e podem ser aplicadas diretamente (não são somente normas de orientação). O processo é um meio de efetivação dos direitos fundamentais. Inúmeros direitos processuais foram levados à Constituição, por isso, é possível se falar em direitos processuais fundamentais (exemplo: devido processo legal, contraditório, ampla defesa, mandado de segurança).
· Processo Civil x Processo Penal (reaproximação): Até pouco tempo atrás, processo penal e processo civil eram guiados por princípios antagônicos. Enquanto o processo civil era marcado pelo princípio dispositivo, o processo penal era marcado pelo princípio inquisitivo. O processo civil tratava de relações entre as partes, então o magistrado deveria funcionar como um mero coadjuvante, o papel centra seria das partes. No processo penal, o objeto era o jus puniendi do Estado, logo,o magistrado deveria ocupar o papel central. Atualmente, todos os sujeitos envolvidos no processo civil e no processo penal são importantes, e o princípio que guia ambos é o princípio da cooperação. Por esse princípio, todos os sujeitos do processo devem cooperar para o andamento do mesmo. Antigamente a verdade buscada pelo processo penal era a verdade real, e pelo processo civil era formal, e atualmente, a verdade buscada por ambos é a verdade possível.
· Tutela individual x tutela coletiva: Originalmente, o processo foi concebido para a tutela de interesses individuais. Com o tempo, passaram a surgir demandas processuais coletivas, e o sistema não era preparado para isso. Algumas medidas foram tomadas, e, atualmente, a tutela coletiva vem ganhado ênfase, o processo pode representar uma coletividade, trazendo economia de dinheiro e tempo ao Estado e às partes.
· Civil Law x Common Law: Dicotomia superada. Atualmente inúmeros institutos jurídicos são típicos do common law, mesmo que se diga que o Brasil faz partes dos países que adotam o “Civil Law”. Diz-se que, o Brasil não faz parte do civil law nem do common law.
3. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO BRASILEIRO: No Brasil, as fases metodológicas ocorreram de forma mais tardia. 
· Ordenações do reino: Mesmo com a independência, o país continuou a ser regido pelas leis lusitanas, e no âmbito processual, era regido pelas ordenações filipinas que eram fortemente influenciadas pelo direito canônico e romano, e pelo princípio dispositivo.
· Código de Processo Criminal (1832): Os castigos corporais eram permitidos. Em 1830, surge o primeiro Código Criminal para que isto fosse regulado. Em 1832 surge o Código de Processo Criminal, que possuía um anexo tratando da administração provisória da justiça civil. Alguns artigos do anexo foram revogados em 1841.
· Regulamento 737: Em 1850 surgiu o Código Comercial, e no mesmo ano surge o regulamente 737 que tratava sobre o processo comercial.
· Consolidação das Leis de Processo Civil/Ribas (1876): Ao longo dos anos surgiram leis esparsas que regulamentavam o processo civil. As leis esparsas foram reunidas por Antônio Joaquim Ribas em 1876, formando a Consolidação das Leis de Processo Civil (não houve somente compilação de leis, houveram algumas modificações feitas por Ribas).
· Extensão do Regulamento 737 às causas cíveis: Com o surgimento da Republica, houve a extensão do regulamente 737 para as causas cíveis, inclusive como forma de garantir a uniformidade dos processos.
· Constituição Republicana de 1891: dualidade de processos: Em 1891 a Constituição republicana dispôs que tanto a união quanto os estados membros teriam competência para legislar sobre processos. Cada estado membro podia criar o seu Código de Processo. Alguns estados possuíam códigos avançados, mas alguns sequer criaram um código.
· Constituição de 1934: A dualidade de processos acabou, e a competência para legislar sobre o processo era exclusiva da união, e é assim até hoje.
· Código Processual Civil de 1939 e Código Processual Penal de 1941: Os Códigos surgiram para abarcar todo o território nacional.
· Vinda de Enrico Tullio Liebman para o Brasil: Em 1940, na Europa, já acontecia do auge da processualismo e no Brasil não. Tullio passou a dar aulas e criou um grupo de estudos, que veio a se tornar a Escola Processualista de São Paulo, onde estudava-se o processo enquanto ciência. A vinda de Liebman e a criação da Escola Processualista de São Paulo marca a passagem do Sincretismo para o Processualismo. Formam-se as bases do direito processual civil brasileiro. 
· Código Processual Civil de 1973: Inúmeras críticas passaram a ser feitas acerca do CPC de 1939, e com isso passou-se a pensar na criação de um novo Código. Jânio Quadros nomeou Alfredo Buzaid para criar o Código Civil de 1973. Buzaid era discípulo de Liebman. As ideias de Liebman estão muito presentes no Código de 1973. Ainda não se observa a fase do instrumentalismo.
· Constituição Federal de 1988 e reformas processuais: A preocupação com os aspectos sociais, com a efetividade do processo, com o direito processual como instrumento de efetivação do direito material, surge apenas em meados da década de 80, surgindo o Instrumentalismo (Lei de Ação Civil Pública e Constituição de 1988). Para se adequar à nova realidade, no início da década de 90, ocorreram inúmeras reformas processuais.
· Novo Código de Processo Civil (2015): Como houveram muitas reformas, passou a existir a necessidade de um novo Código de Processo Civil, inclusive para atender ao neoprocessualismo. Aborda-se no novo código a tutela de interesses coletivos, a preocupação com a segurança jurídica, etc.
	
4. NORMA PROCESSUAL:
4.1. Aspectos gerais: As normas podem ser matérias ou processuais. As normas processuais disciplinam o poder jurisdicional, regula o exercício da jurisdição e o seu método de trabalho que é o processo. É possível que diplomas de direito material contenham normas de natureza processual.
4.2. Objeto e espécies: O objeto da norma processual é o poder jurisdicional, o exercício da jurisdição. O que caracteriza uma norma como processual é o seu objeto e não o local onde ela está positivada. Os institutos bifrontes são aqueles que possuem dupla regência: são regidos tanto pelo direito material quanto pelo direito processual (exemplo: legitimidade, penhora, provas). Para uma parte da doutrina, as normas regidas pelos institutos bifrontes são normas heterotrópicas (normas processuais que encontram-se em dispositivos materiais). A outra parte da doutrina chama as normas contidas nos institutos bifrontes de normas processuais-materiais (não seria normas estritamente processuais ou processuais puras, existindo peculiaridades em sua aplicação no espaço e no tempo).
· Norma de organização judiciária: Tratam da criação e estrutura dos órgãos judiciais e seus órgãos auxiliares. A competência para legislar sobre essas normas é concorrente (exemplo: normas que tratam da criação de câmaras cíveis).
· Normas processual em sentido estrito: (processo = a junção de procedimento + reação jurídica processual); competência exclusiva (união). É toda aquela que versa sobre a relação jurídica processual. Diz respeito aos direitos, aos sujeitos, aos ônus do processo, etc. O que disser respeito a direitos e garantias processuais são normas processuais, pois deve haver uma uniformidade que somente a união pode garantir.
· Norma procedimental: Seriam de competência concorrente (estados membros e união). Tudo que disser respeito a procedimento (como o processo se desenha, a concatenação dos atos processuais, a forma do processo). Tudo que for a respeito do modo, tempo, e lugar dos atos processuais será norma procedimental e portanto, competência concorrente. Aquilo que não necessitar de uniformidade será norma procedimental. 
4.3. Norma processual cogente x norma dispositiva: Independente da relação travada entre autor e réu, as normas processuais são sempre norma de direito público. As normas processuais não serão sempre cogentes, é possível se falar em normas processuais dispositivas. Normas processuais cogentes são aquela que gozam de imperatividade absoluta, não deixando margem para as partes deliberarem sobre elas. As normas dispositivas são aquelas que gozam de imperatividade relativa, ou seja, deixam certa margem de liberdade para as partes. Em regra, as normas processuais são cogentes, mas é possível falar em normas processuais dispositivas.
· Normas de competência absoluta: exemplo de normas processuais cogentes. A competência absoluta é firmada em razão do interesse público.
· Normas de competência relativa: exemplo de normas processuais dispositivas. Leva-se em conta o interesse das partes (exemplo: negócio jurídico procedimental - trazido pelo novo CPC – as partes podem liberar sobre o procedimento).
4.4. Fontes: As fontes dos direitos processuais são as mesmas dos direitos materiais.
· Constituição Federal: Além de a Constituição guiar todos os ramos, existem direitos processuais inseridos no bojo da Constituição.
· TratadosInternacionais: Existem inúmeros tratados internacionais adotados pelo Brasil, versando sobre direito processual (exemplo: carta precatória – precatório é uma ordem cronológica de pagamento, diferentemente da carta precatória que é um ato de cooperação entre os juízes).
· Lei ordinária federal: As leis federais vão versar sobre processo ou procedimento, enquanto as leis estaduais só podem versar sobre procedimento. Exemplo: CPC.
· Lei complementar federal: As leis federais vão versar sobre processo ou procedimento, enquanto as leis estaduais só podem versar sobre procedimento. Exemplo: LOMAN.
· Constituições e leis estaduais: Podem versar sobre procedimento, apenas. Exemplo: lei que estabelece competência de uma vara especializada.
· Regimentos internos dos tribunais: Dispões a divisão interna do tribunal, por exemplo.
· Jurisprudência: A jurisprudência já é aceita pelos tribunais.
· Usos e costumes judiciários: Também são aceitos pelos tribunais (exemplo: pedido de reconsideração – não é previsto no CPC mas é aceito).
· Doutrina: É importante para o processo, pois a doutrina traz muitos conceitos e teorias necessários ao exercício do direito processual.
· Negócio jurídico processual: Existe uma corrente que não aceita a existência do negócio jurídico processual, pois o efeito do ato está sempre previsto em lei. Outra parte da doutrina crê que pode-se falar que existem negócios jurídicos processuais (exemplo: transação dentro do processo). O novo CPC traz o autorregramento da vontade, onde as partes podem convencionar sobre os deveres, os direitos e os autos processuais.
4.5. Interpretação: Por mais claro que seja o texto, ele precisa ser sempre interpretado.
4.5.1. Métodos de interpretação:
· Gramatical, literal, exegético: a interpretação se dá através da verificação do sentido literal da lei.
· Lógico-sistemático: a norma deve ser analisada dentro de um sistema.
· Histórico: confronto do texto legal com outros que o antecederam.
· Comparativo: confronto com ordenamentos estrangeiros.
4.5.2. Resultados da interpretação:
· Axiológico ou teleológico: o interprete deve levar em conta o fim social ao qual a lei se destina.
· Resultado declarativo: a lei significa exatamente o que está escrito, não havendo nada que altero o seu sentido literal.
· Resultado restritivo: o interprete limita aplicação da lei, entende-se que o legislador disse mais do que deveria, e diminui-se o alcance da lei
· Resultado extensivo: o interpreta dá uma interpretação mais ampla à lei, o legislador disse menos do que deveria.
· Resultado abrogante: o interprete entende pela não aplicação daquela lei por ela ser incompatível com o ordenamento.
4.5.3. Integração: em nosso sistema há a vedação ao non liquet, o magistrado não pode se eximir de julgar por ausência de lei. Em casos de ausência e obscuridade da lei o juiz deve se valer da técnica da integração (princípios gerais, analogias, etc.).
4.6. Lei processual no espaço: A lei processual regula o exercício da jurisdição. A atividade jurisdicional é uma das funções soberanas do Estado, logo, a lei processual incide no Estado que a editou. Vige a regra da territorialidade, portanto. Veda-se, em regra, a aplicação de leis processuais estrangeiras no país (OBS: art.13, LINDB). A regra da territorialidade não veda a possibilidade de uma lei material estrangeira ser aplicada no caso concreto.
4.7. Lei processual no tempo: A lei processual não retroagirá em malefício do réu. Não pode atingir os atos já praticados e as situações jurídicas já consumadas (o ato jurídico perfeito, direito adquirido e coisa julgada). A norma processual nova produz efeito da sua criação em diante.
a) Processos findos: A lei processual nova não incide nos processos findos, já terminados.
b) Processos futuros: A lei processual nova incide nos processos futuros.
c) Processos pendentes: Existem três sistemas:
· Unidade processual: por esse sistema, o processo deve ser visto como um todo indivisível, ou seja, aplica-se a mesma lei em todo o procedimento, seja a lei velha (em todo o processo), seja a lei nova (de modo retroativo). Não é adotado em regra no ordenamento brasileiro.
· Fases processuais: É fato que o processo é divido em fases. Doutrinariamente se divide o processo em quatro fases: postulatória, de saneamento, instrutória (produção de provas), decisória. Se surge uma lei nova durante o processo, ela somente será aplicada na fase subsequente. Não é o sistema adotado no Brasil.
· Isolamento dos atos processuais: Regra adotada pelo Brasil. Cada fase processual é composta por uma série de atos, e esses atos devem ser vistos isoladamente. Se surge uma nova norma, ela deve ser aplicada no ato subsequente. (OBS: Atos complexos – existem atos que se prolongam. Se ocorrer a criação de uma nova lei, ela só pode ser aplicada no próximo ato). *STJ – súmula 205.
OBS1: Prazo: aplica-se o prazo antigo para situações já consolidadas.
OBS2: Validade e invalidade: Se o ato foi praticado de forma válida anteriormente, a lei nova não pode retroagir pra torna-lo inválido.
OBS3: Admissibilidade e efeitos do recurso: A lei nova não atingirá esses institutos de forma retroativa.
5. ACESSO À JUSTIÇA: Instrumentalismo (ondas renovatórias – acesso aos necessitados, tutela coletiva, formalismo). 
5.1. Noções gerais: a tutela jurisdicional deve ser vista enquanto decisão, enquanto resultado e enquanto procedimento.
5.2. Principais obstáculos:
· Custo do processo: O aparato jurisdicional custa dinheiro. A taxa judiciária é definida de acordo com o valor atribuído à causa. Não é proporcional o aumento do valor da causa com o aumento da taxa, e com isso, as ações com valores abaixo, acabam possuindo taxas mais altas proporcionalmente. As custas são os pagamentos por determinados atos processuais. As despesas processuais são valores pagos a terceiro. Os honorários contratuais são o pagamento do advogado. Os honorários de sucumbência são pagos ao advogado da parte vitoriosa. Para superar essa realidade, formam tomadas medidas de caráter gratuito de acesso à justiça. Essas medidas consistem na assistência judiciária (concessão de advogados), assistência jurídica (assessoria, consultoria) e o benefício da justiça gratuita (lei 1.060/50 – os hipossuficientes serão beneficiários da justiça gratuita; a parte deve requerer isto, gerando presunção relativa). Pessoa jurídica pode receber concessão de justiça gratuita.
· Duração do processo: A morosidade da justiça acaba por estrangular direitos fundamentais. Uma solução seria a criação de mais tutelas jurisdicionais diferenciais, mudanças estruturais, vias alternativas se solução de conflito, como a mediação e a arbitragem, incremento de tutelas coletiva.
· “Disparidade entre litigante habitual e litigante eventual”: Litigante habitual (empresas de telefonia, de seguros, Estado, etc.) – possuem certas vantagens em relação aos litigantes eventuais. É mais fácil para um litigante habitual dissolver as perdas. Resolve-se esse problema com uma postura mais ativa do magistrado, garantido a igualdade entre os litigantes.
· Problema cultural: Dificuldade do reconhecimento dos direitos, seja por baixa escolaridade seja por constantes alterações legislativas. Passa no âmbito da informação e divulgação ampla.
· Questão psicológica: Relaciona-se com o problema cultural. A questão psicológica é mais forte nas classes mais baixas.
· Primazia da tutela individual: O processo foi concebido inicialmente para a tutela individual. Com o passar do tempo houve o incremento da tutela coletiva.
· Formalismo exacerbado: A terceira onda renovatória tenta sanar este problema. É preferível que se dê mais atenção ao conteúdo do processo do que a formalidade exacerbada. Se o ato produz efeito desejado, mesmo em detrimento da forma, deve-se tentar aproveitar o ato. 
6. NORMAS FUNDAMENTAIS DO DIREITO CIVIL:
6.1. Princípios:
· Devido Processo Legal: Art. 5º, LIV da Constituição Federal e art. 8º do NCPC. É considerado um princípio mãe, pois vários outros decorrem dele. A doutrina majoritária diz que este princípiosurgiu em 1215 com a Carta Magna, outros, atribuem um surgimento mais remoto. O devido processo legal é uma cláusula geral, inclusive, adapta-se aos momentos históricos. Aplica-se este princípio às relações privadas e públicas. Segundo Nelson Nery, onde houver direito à vida, liberdade e propriedade, há a necessidade do devido processo legal. Muitos autores dizem que o princípio do devido processo legal é a versão processual do princípio da dignidade da pessoa humana.
O devido processo legal possui duas dimensões:
- Dimensão formal ou procedimental: Refere-se ao conjunto de garantias processuais mínimas (respeito ao contraditório, ampla defesa, motivação) – confina-se o poder do Estado no que diz respeito à forma das normas.
- Dimensão material ou substancial: Promove o controle da razoabilidade das normas, diz respeito ao conteúdo das normas, e não à forma. Nesta dimensão o devido processo legal é sinônimo de proporcionalidade e razoabilidade.
· Efetividade: Não possui previsão expressa na CF; art. 4º NCPC. Garantir os meios para a efetivação dos direitos. Atualmente fala-se em direito fundamental à tutela executiva – os sujeitos possuem o direito fundamental de que o seu direito pleiteado judicialmente seja efetivado. Não basta que o judiciário profira uma decisão é necessário que ela seja executada, e para isso, o magistrado deve possuir mecanismos para realizar a tutela executiva.
· Eficiência: Art. 37, CF e art.8º NCPC. Repercute no poder judiciário em duas dimensões.
- Sobre a administração judiciária: refere-se à administração dos órgãos administrativos que compõem o judiciário, aqui, este princípio é considerado uma norma de direito administrativo.
- Sobre a gestão/condução do processo: o magistrado deve observar a uma vantajosa relação de custo-benefício garantir maior aproveitamento com o menor custo e o menor tempo possível, respeitando as garantias processuais). Versão moderna do princípio da economicidade processual.
É possível que um processo seja efetivo sem ser eficiente; não é possível que um processo seja eficiente sem ser efetivo.
· Duração razoável do processo/tempestividade/processos sem dilações indevidas: chegou a brasil pelo Pacto de São José da Costa Rica e com a ECnº45, passou a ser previsto expressamente no art5, LXXVIII. No NCPC se encontra no art.4º. Um dos obstáculos para a efetividade da justiça é a morosidade do processo. Este princípio não deve ser confundido com celeridade. Geralmente, percebe-se se o processo tem duração razoável no caso concreto, mas, existem alguns critérios para se aferir se o processo está tendo ou não uma duração razoável:
- Complexidade da causa;
- Comportamento das partes;
- Estrutura do judiciário.
* A fazenda pública possui prazos maiores (art.183, NCPC).
· Igualdade/paridade das armas: Art.5, caput, CF e art.7º, NCPC. Disparidade entre litigante habitual e litigante eventual. O magistrado deve garantir a paridade sem violar a imparcialidade. Diante do caso concreto, deve-se garantir a isonomia, a igualdade não deve ser meramente formal.
- Remessa necessária ou reexame necessário: condição de eficácia das decisões condenatórias contra a fazenda pública. O processo necessariamente irá subir pra o TJ. O reexame não é um recurso, mas é uma condição de eficácia, ou seja, a decisão só produzirá efeitos após o reexame. O reexame necessário em si não viola o direito a igualdade, pois “quando o Estado perde toda a sociedade perde”. O problema é que quando o processo sobe, entende-se que o processo não poderá reformar a decisão para prejudicar o Estado (nesse aspecto haveria violação do princípio da igualdade).
* Foro privilegiado para mulheres (art. 100, I, antigo CPC) – as mulheres ainda possuem posição hipossuficiente. O novo CPC não traz mais essa prerrogativa.
· Contraditório/audiência bilateral: Art. 5º, LV, CF e art. 7º, 9º e 10º NCPC. Este princípio impõe a observância do dialogo no curso do procedimento. O princípio do contraditório impede as decisões surpresas. Se houver alguma questão não debatida no processo, deve ser dada a oportunidade às partes de participar e influenciar na decisão. Serve ainda como fundamento para o direito de ser acompanhado por um advogado. Esse princípio possui duas dimensões:
- Dimensão formal: Se refere ao direito de participação. As partes têm o direito de participar dos atos processuais.
- Dimensão substancial: Se refere ao direito de influência. As partes devem ter o poder de influenciar nas decisões.
* Concessão de medidas liminares: não viola o princípio do contraditório, pois o contraditório não é negado, mas sim postergado diante da urgência do caso.
* Existem matérias que o magistrado pode reconhecer de ofício. Mesmo estas questões não são permitidas, pois haveria uma decisão surpresa caso contrário. 
· Ampla defesa: Alguns autores dizem que a ampla defesa são os meios colocados à disposição das partes para o exercício do contraditório. Outros autores dizem que ampla defesa é a dimensão substancial do princípio do contraditório.
· Publicidade: Art.5º, LX, CF. Art.93, IX, CF. Art.8º e 11, 189 NCPC. Os atos processuais são públicos via de regra. A publicidade tem a função de proteger as partes (dimensão interna – se dirige às partes) e de permitir o controle externo dos atos processuais (dimensão externa – se dirige aos terceiros). Para as partes, o princípio da publicidade não é mitigado de modo algum, mas para os terceiros, a publicidade pode ser mitigada, caso o processo corra em segredo de justiça (defesa da intimidade ou interesse social). Art. 155, parágrafo único, antigo CPC – aplica-se apenas aos casos que correm em segredo de justiça. O NCPC altera isto no art.189, §1º.
Nos casos do artigo 189, NCPC, os processos irão correr em segredo de justiça.
Processos eletrônicos: Resolução 143/2011, CNJ. Existem dados básicos que necessariamente devem ser disponibilizados via internet. O NCPC trata das hipóteses do processo arbitral, que via de regra é sigiloso, salvo se estão participando do processo arbitral um ente público. Em relação aos acordos negociais, existe a possibilidade das partes de disporem sobre o procedimento, mas elas não podem convencionar o segredo de justiça.
· Inafastabilidade do controle jurisdicional: Art.5º, XXXV. Refere-se à tutela preventiva e a tutela repressiva. Art.3º NCPC – não exclui a apreciação jurisdicional. Existem outras formas de prestação de jurisdição que não aquelas prestadas pelo poder judiciário (exemplo: senado, arbitragem). A apreciação jurisdicional é mais ampla que a apreciação do poder judiciário. O STF diz que não há inconstitucionalidade em convencionar a via arbitral como solução de conflitos. É permitida a arbitragem na forma da lei. O princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional se relaciona intimamente com a vedação ao non liquet. Existe a chamada jurisdição condicionada (ação/instância administrativa forçada) – exige-se o prévio esgotamento das instâncias administrativas antes de recorrer ao poder jurisdicional; no Brasil, a jurisdição condicionada não é aceita; a única ressalva é no caso de justiça desportiva (art.217, §1º).
· Juiz natural: Não existe um artigo expresso que trate do princípio do juiz natural, mas, alguns artigos conjugados trazem este princípio (art.5º, XXXVII e art.5º, LIII). Existem duas dimensões para este princípio:
- Formal ou objetiva: se refere à competência – todos possuem o direito de serem julgados por juízes competentes com regras de competência previamente estabelecidas, não é possível a alteração de regras de competências predeterminadas, ou seja, veda-se o chamado poder de avocação. São vedados os tribunais de exceção, ou seja, não se pode criar um tribunal após a ocorrência do fato (veda o poder de convocação).
- Substancial: se refere à independência e à imparcialidade dos magistrados. Os magistrados precisam ser imparciais, ou seja, não pode possuir interesse direto na causa (imparcialidade objetiva) e deve manter-se equidistante das partes (imparcialidade subjetiva). O CPC veda que o magistrado julgueem certas causas sob pena de se ferir a imparcialidade – são as causas de impedimento e suspeição. As causas de impedimento estão previstas no art.144 do novo CPC/art.134 antigo CPC (são causas objetivas, que não suscitam maiores dúvidas). As causas de suspeição são mais subjetivas, e estão previstas no art. 145 do novo CPC/art. 135 do antigo CPC.
Existem competências em razão da função, existem os juízes plantonistas, a criação de varas especializadas, etc. Estes casos não são criados em função de um caso especifico, são predeterminadas, gerais e impessoais, e por isso não ferem o princípio do juiz natural.
O STF nega o princípio do promotor natural, porém, alguns doutrinadores pregam a possibilidade da existência deste princípio.
O que se exige do magistrado não é neutralidade e sim imparcialidade. O princípio do juiz natural vem sendo aplicado no âmbito do Direito Administrativo, nos Tribunais de Conta, e Secretarias da Fazenda.
· Motivação das decisões judiciais: Art. 93, IX, CF. Art.11, NCPC. Em todos os atos decisórios, mesmo nos juizados, é necessário que haja a fundamentação do magistrado. Nas decisões com caráter de urgência, como as de tutela antecipada, se faz necessária a fundamentação. No caso dos juizados há a discussão acerca deste princípio, já que as decisões podem ser mais sucintas, porém, deve haver motivação, por ser importante tanto do ponto de vista interno quanto externo: o ponto de vista interno se relaciona com as partes, pois é necessário saber o motivo da decisão do juiz para que haja a possibilidade de elaboração das razões recursais e para que órgão revisor saiba quais foram os motivos da decisão. Externamente, legitima-se a decisão perante a sociedade; é preciso que o povo saiba o motivo do juiz ter jugado de determinada maneira, garantindo inclusive a sua imparcialidade; submete o controle da decisão ao crivo da sociedade. 
· Livre conhecimento motivado/persuasão racional do juiz: Está intimamente ligado ao princípio da motivação das decisões judiciais (art. 371, NCPC). O magistrado é livre para apreciar as provas constantes dos autos e formar o seu convencimento, desde que fundamente a sua decisão. O sistema do livre convencimento é o meio-termo entre o sistema das provas tarifadas e o sistema da íntima convicção. No sistema das provas tarifadas existe uma espécie de tarifação dos meios de prova, é como se casa prova tivesse um valor, (exemplo: a prova pericial vale mais do que a prova documental, a prova documental vale mais do que a prova testemunhal). O sistema da íntima convicção é aquele em que o magistrado pode julgar independentemente das provas constantes nos autos, mesmo que seja em sentido totalmente contrário. No nosso sistema é necessário que o juiz se atenha ao que encontra-se nos autos, e motive a sua decisão. 
· Adequação: O processo serve de instrumento para a efetivação do direito material, logo, as leis processuais devem estar adequadas ao direito material discutido, sob pena de se estar negando a prestação jurisdicional. Não existe um artigo que trate expressamente deste princípio. Esse princípio apresenta três dimensões:
A dimensão legislativa ou pré-processual se dirige ao legislador, e portanto é sempre prévia e abstrata. No momento da elaboração da lei processual, o legislador deve levar em conta o direito material que será tutelado. Neste momento esse princípio funciona como guia para o legislador na criação de normas adequadas.
A dimensão jurisdicional é direcionada ao julgador, e se dá em concreto. O magistrado deve levar em conta as peculiaridades do direito material que está sendo discutido naquele processo. 
A dimensão negocial se dá diante do caso concreto e deriva dos negócios processuais celebrados pelos sujeitos do processo. Os negócios processuais devem se adequar ao direito material discutido.
O princípio da adequação pode se apresentar sob três aspectos/critérios. Estes critérios se aplicam a todas as dimensões do princípio da adequação.
Critério subjetivo: o processo de adequa levando em conta os sujeitos envolvidos (exemplo: prerrogativas da fazenda públicas – prazos dilatados; idosos – prioridade na tramitação). 
Critério teleológico: leva-se em conta a finalidade do processo. O processo deve se adequar aos diversos objetivos a que ele visa alcançar. Exemplo: juizados especiais tem objetivos específicos, portanto, deve ser marcado pela oralidade, celeridade, etc.
Critério objetivo: o processo deve se adequar a natureza do direito material, a evidência do direito material (a sua alta probabilidade) e a situação de urgência/perigo.
Nos casos em que a negociação se dá em concreto (dimensão jurisdicional ou negocial), este princípio também é chamado de princípio da adaptabilidade ou adaptação formal ou elasticidade ou flexibilidade, onde o juiz pode realizar uma adaptação formal no processo, se achar necessário.
· Boa-fé processual: Art.5º, NCPC. A boa fé processual é norma de conduta que leva em conta a boa-fé objetiva, não há que se perquirir a real intenção do sujeito. Este princípio é uma cláusula geral, e por isso, permite-se ao juiz analisar no caso concreto se houve ou não a quebra. Não diz respeito apenas às partes, mas todos os que participam do andamento do processo. Desse princípio, decorrem algumas regras e o princípio da cooperação.
· Cooperação: Art.6º NCPC. Decorre do princípio da boa-fé processual e impõe que todos os sujeitos do processo cooperem para o seu regular andamento. Atualmente não existe mais a dicotomia entre o princípio inquisitivo do direito processual penal e do princípio dispositivo do processo civil, sendo ambos regidos pelo princípio da cooperação. Este princípio impõe às partes os deveres de esclarecimento (as partes possuem o dever de serem claras em suas pretensões), lealdade (não agir de má-fé) e proteção (não causar nenhum tipo de dano a outrem).
O magistrado tem o dever de esclarecimento (o juiz deve pedir esclarecimento às partes diante de dúvidas, e deve esclarecer as suas próprias decisões); dever de consulta (o juiz deve consultar as partes a respeito de questões sobre as quais elas não tiveram oportunidade de se pronunciar); dever de prevenção (o magistrado tem o dever de prevenir e apontar eventuais defeitos do processo, e a consequência do descumprimento de ônus processuais) e dever de auxílio (dever que tem o magistrado de ajudar as partes a superarem eventuais obstáculos – exemplo: art.355 antigo CPC; não é unanime a aceitação da existência do dever de auxílio).
· Proteção da confiança: Subprincípio do princípio da segurança jurídica, e está implícito. Impõe a proteção da confiança de determinado sujeito na prática de uma conduta, com base em um ato normativo revestido de legalidade. Pratica-se determinada conduta respaldada por uma norma que supõe-se que seja legal. Se futuramente a norma é revogada ou considerada ilegal, não pode-se frustrar a confiança, pois, praticou-se anteriormente o ato, sob a égide da legalidade ou de uma legalidade aparente.
· Auto regramento da vontade: Este princípio insere-se no direito fundamental à liberdade. É o direito que todo sujeito possui de regular os seus interesses, e isto não é diferente no âmbito processual. Pelo fato do direito processual estar inserido no direito público e da maioria das suas normas serem cogentes, a restrição do autorregramento é maior, porém ele existe. Já existia no antigo CPC a possibilidade do negócio jurídico processual, porém isto ocorria em casos pontuais (negócios processuais típicos – casos tipificados em lei – exemplo: eleição de foro, transação, suspensão do processo, remarcação de audiência). O NCPC traz uma cláusula geral de negociação processual, permitindo a celebração de negócios processuais atípicos (art. 190, NCPC) e um estímulo a auto composição e a arbitragem.
· Primazia da decisão de mérito: art.4º, 6º NCPC. O órgão julgador deve priorizar as decisões de mérito. Só há tutela jurisdicional quando há o reconhecimento do direito material (podendo ser em favor do autor ou do réu). A forma normal de extinçãodo processo é com a análise do mérito, ou seja, com a resolução do mérito, formando a coisa julgada material. Existem casos em que o processo se extingue de forma anômala (por vícios formais), sem a resolução do mérito. O processo extinto sem resolução de mérito não forma a coisa julgada material, e por isso, é possível a repropositura da ação. Busca-se que ocorra a priorização das decisões de mérito, havendo a coisa julgada material (necessidade de segurança jurídica).
· Duplo grau de jurisdição: Não está expresso no ordenamento, mas advém do sistema recursal adotado pelo direito brasileiro. Visa a assegurar ao litigante vencido o direito de submeter a matéria a uma nova apreciação dentro do mesmo processo. Alguns autores falam que não se trata de garantia constitucional, e deste modo tem-se a decisão do STF. Os autores que consideram o duplo grau de jurisdição como uma garantia constitucional, justamente por ser uma ligação com a própria noção de Estado de Direito. Alguns autores defendem que a observância do duplo grau de jurisdição contribui para a lentidão do processo, desprestígio das decisões dos magistrados de primeiro grau e quebra da unidade jurisdicional (os magistrados de primeiro grau dão uma decisão em um sentido e os tribunais em outro sentido totalmente oposto. Muitas vezes o juiz de primeiro grau teve acesso às partes, às provas, e a impressão pessoal do mesmo é importante, porém, a decisão dos Tribunais de Justiça acaba se sobrepondo à decisão do juiz). Por outro lado, é importante permitir que haja outra apreciação, já que no tribunal há um órgão colegiado (dois ou três desembargadores). Nos casos de competência originária não há como recorrer, por isso, o princípio do duplo grau de jurisdição não é garantia absoluta.
· Economicidade: o processo deve obedecer uma vantajosa relação de custo benefício, precisa ser o mais efetivo possível com o menor custo e no menor tempo possível, respeitando as garantias processuais.
· Instrumentalidade: Na medida em que o processo atinge a sua finalidade instrumental, os atos processuais praticados devem ser respeitados, ainda que não obedecendo as formas prescritas em lei. A forma é importante, porém o formalismo exacerbado deve ser menos observado. Se um ato atinge a sua finalidade, ainda que não respeitando a forma prescrita em lei, ele não deverá ser passível de anulação.
6.2. Regras:
· Instauração do processo por iniciativa da parte e desenvolvimento por impulso oficial: art.2º do NCPC. O processo começa por iniciativa da parte (inércia do judiciário) e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei. A inercia não precisa ser quebrada somente na propositura da ação (exemplo: fase recursal). Existem casos em que o juiz age de oficio (exemplo: execuções das obrigações de fazer, instauração de conflito de competência). 
· Obediência à ordem cronológica de conclusão: art. 12, NCPC. Esta regra busca concretizar os princípios da igualdade e da duração razoável do processo. Esta regra aplica-se apenas às decisões finais; as decisões interlocutórias não precisam observar esta regra. O critério que se adota é a conclusão, a data que vai a concluso para sentença. A partir desta data aplica-se a ordem cronológica. Se novas diligências não forem necessárias, o processo volta para o mesmo local da fila. Existem exceções previstas a esta regra. Existem causas prioritárias nesta fila. As exceções não se submetem à fila, e as prioridades ‘furam a fila’.
7. JUSRISDIÇÃO:
7.1. Aspectos gerais: a palavra jurisdição deriva do latim, jurisdictio, que significa a ‘ação de dizer o Direito’. A jurisdição vai além do ato de dizer o direito e do papel criativo do magistrado. É preciso que haja uma atividade satisfativa, ou seja, a realização do direito. Não basta que o Estado-juiz diga o direito, ele deve possuir meios para efetivá-lo. Pode-se ver o termo jurisdição a partir de três perspectivas:
 Jurisdição como poder: é um dos poderes que toca o Estado como uma de suas funções soberanas. Poder que o Estado tem de julgar imperativamente. A decisão estatal é imperativa. A partir do momento em que o Estado toma para si o monopólio da jurisdição ela passa a ser também um dever.
Jurisdição como função (dever): A jurisdição é vista como uma função do Estado de resolver conflitos, de promover a pacificação social.
Jurisdição como atividade: A jurisdição é vista do ponto de vista dinâmico. Seria o complexo de atos praticados pelo juiz no processo, no exercício do seu poder e no cumprimento da sua função.
· Notas distintivas: Enquanto a atividade legislativa atua diante de hipóteses consideradas em abstrato, a função jurisdicional atua diante de casos concretos, revestindo-se de particularização (casos particulares). A atividade jurisdicional é marcada pela imparcialidade, e a atividade executiva é marcada pela parcialidade. Enquanto as decisões jurisdicionais são dotadas e imutabilidade, os atos administrativos podem ser revogados ou modificados a qualquer tempo. A atividade jurisdicional é marcada pela substitutividade (o terceiro que irá julgar, substitui a vontade das partes), enquanto na função executiva a administração exerce uma função que originalmente é sua (alguns autores não concordam com esta distinção, pois, a partir do momento em que o povo vota em um representante, este o substitui). A atividade jurisdicional é marcada pela inércia, precisa ser provocada. Na atividade administrativa, a iniciativa de agir é da administração pública. A atividade jurisdicional é função típica do Poder Judiciário, mas outros órgãos alheios podem exercê-la (arbitro, senado). O Poder Judiciário também exerce outras funções que não a jurisdicional (administrar e legislar).
7.2. Conceito: “Função atribuída a terceiro imparcial de realizar o direito de modo imperativo e criativo reconhecendo/efetivando/protegendo situações jurídicas concretamente deduzidas em decisão insuscetível de controle externo e com aptidão para tornar-se indiscutível” – Fredie Didier.
· Função atribuída a terceiro imparcial: A jurisdição é uma modalidade de hetero-composição. Não vão ser as partes que irão decidir, mas sim um terceiro imparcial. Hetero-composição se distingue da auto-composição (as próprias partes se regulam). A jurisdição é marcada pela impartialialidade. O terceiro precisa necessariamente ser imparcial, ou seja, se manter equidistante das partes (imparcialidade subjetiva) e não ter interesse direito na resolução da causa (imparcialidade objetiva). Imparcialidade não se confunde com neutralidade.
· Realizar o direito de modo imperativo e criativo: A jurisdição se impõe, mesmo contra a vontade das partes. A parte não pode escolher não se submeter à jurisdição. Os órgãos jurisdicionais devem ser dotados de meios para fazer cumprir as suas determinações. Atualmente não mais se discute o papel criativo do magistrado ou arbitro: ao julgar, o terceiro cria normas a partir do processo jurisdicional (norma individualizada ao caso concreto – presente na parte dispositiva da decisão). Ultimamente tem-se entendido que o papel criativo do magistrado vai além da criação de normas individualizadas no caso concreto; o magistrado também cria normas abstratas, normas gerais, que poderão servir de precedentes para casos futuros semelhantes. Essas normas estão contidas na fundamentação da decisão.
· Reconhecendo, efetivando e protegendo situações jurídicas: Reconhecimento, efetivação e proteção dos direitos. Trata das três atividades desenvolvidas em um processo, ocasionando a distinção entre processo de conhecimento, processo de execução e processo cautelar. No processo de conhecimento a atividade preponderante é a atividade do reconhecimento de um direito (pretensão resistida); no processo de execução, a atividade preponderante é a efetivação de um direito (pretensão insatisfeita); no processo cautelar a função preponderante é a proteção de um bem ou de um direito (o reconhecimento e a efetivação se dá em um outro processo, o principal). 
· Situações jurídicas concretamente deduzidas:As situações jurídicas podem ser as mais diversas. Podem ser situações conflituosas ou não conflituosas (não há lide – jurisdição voluntária). A jurisdição atua em casos concretos levados a juízo.
· Em decisão insuscetível de controle externo: a decisão jurisdicional não se submete ao controle de outros Poderes. O Poder Judiciário pode controlar as atividades legislativas e executivas, mas o contrário não é possível.
· Com aptidão para tornar-se indiscutível: Só o ato jurisdicional tem aptidão para formar a chamada coisa julgada material, tornado a decisão imutável. Após o esgotamento dos recursos, o processo transita em julgado e não há a possibilidade de discursão. Ter aptidão para não significa que necessariamente a questão se torna indiscutível. Existem casos em que, por opção legislativa o processo se extingue sem resolução de mérito, e então, via de regre não se forma a coisa julgada material. Não havendo formação de coisas julgada material é possível a repropositura da ação, a rediscussão daquela situação (há jurisdição, mas não há a tutela jurisdicional).
7.3. Características:
· Inércia: É preciso a instauração do processo pela parte, a jurisdição precisa ser provocada (art.2º, NCPC). Esta é a regra geral, mas existem exceções previstas em lei (exemplo: ação de arrecadação de bens de ausente). Ao longo do procedimento, a parte também precisa quebrar a inércia (exemplo: interposição de recurso). O terceiro julgador deve se ater dentro dos limites do que foi pedido (princípio dispositivo). Existe a exceção do pedido implícito (exemplo – honorários sucumbenciais, correção monetária).
· Substitutividade: O terceiro imparcial se substitui à vontade das partes. Essa característica não é exclusiva da jurisdição (exemplo: CAD, Tribunais Administrativos, TCU). 
· Definitividade/imutabilidade: a jurisdição tem aptidão para fazer com que suas decisões se tornem indiscutíveis, imutáveis.
· Unidade: Em nosso ordenamento a jurisdição é una, tem aptidão para dirimir todas as situações que a ele são levadas.
· Imparcialidade: A jurisdição é marcada pela imparcialidade (subjetiva e objetiva).
· Monopólio do Estado: A jurisdição é monopólio do Estado. Para uma corrente doutrinária, somente o Poder Judiciário poderia exercer a jurisdição (exclui-se o árbitro). Uma segunda corrente, engloba o arbitro no conceito de jurisdição. 
· Existência de lide: Alguns doutrinadores entendem que só há jurisdição se houver lide, sendo esta uma característica essencial da jurisdição (exclui-se a jurisdição voluntária). Quando entende-se que a lide não é essencial, mas meramente acidental engloba-se a jurisdição voluntário no conceito de jurisdição.
7.4. Escopos: 
· Social: promover a paz social, pacificar com justiça. Alguns autores fazem uma crítica à promoção da paz social, questionando se realmente ela é efetivada. O que a jurisdição consegue é tornar a situação irrelevante: a partir do momento em que a situação é levada a juízo, tenta-se que ela se torne juridicamente relevante.
· Jurídico: É a atuação da vontade concreta da lei, fazendo com que esta incida diante do caso concreto.
· Político: A jurisdição é a afirmação do poder estatal, da própria soberania do Estado.
7.5. Espécies: 
7.5.1. Quanto à pretensão: Leva em conta a natureza de norma a ser aplicada, podendo ser jurisdição penal ou jurisdição civil. Alguns autores dividem a jurisdição civil em latu sensu (engloba a trabalhista) e stricto sensu (o que não for penal ou trabalhista).
7.5.2. Quanto ao grau: A jurisdição pode ser de primeiro grau ou inferior, ou jurisdição de segundo grau ou superior. A jurisdição é de primeiro grau ou inferior, quando se conhece originariamente da causa, se aprecia aquela causa pela primeira vez. A jurisdição de segundo grau ou superior, ocorre quando se conhece da causa em grau de recurso – o juiz não está conhecendo da causa originariamente. Jurisdição inferior ou superior não se confundem com órgão de primeira instância: o termo instância está relacionado com a organização judiciária. Os órgãos de primeira instância são formados pelos juízes singulares, os órgãos de segunda instância são formados pelos colegiados. Via de regra, o primeiro grau de jurisdição é exercido pelos órgãos de primeira instância, entretanto, é possível que, órgãos de segunda instância exerçam a jurisdição de primeiro grau (Causas de competência originária dos Tribunais - mandado de segurança impetrado contra secretário).
7.5.3. Quanto à submissão ao direito positivo: A jurisdição se divide em jurisdição de direito e jurisdição de equidade. A regra geral é que a jurisdição seja de direito, pautando-se no critério da legalidade. Na jurisdição de equidade o juiz pode julgar com base na conveniência e oportunidade, não estando preso às amarras da legalidade (exceção). O legislador previu esta modalidade de jurisdição no Estatuto da Criança e do Adolescente (art.6º) e nos casos de jurisdição voluntária (art. 723, NCP). Alguns autores alegam que este critério está superado, já que a legalidade estrita foi superada.
7.5.4. Quanto ao órgão que a exerce: A jurisdição se divide em comum e especial. A jurisdição comum é a regra e julga todas as causas que não são especiais. A jurisdição especial se refere à justiça trabalhista, eleitoral e Militar. A jurisdição comum pode ser estadual ou federal.
7.5.5. Quanto à existência de lide: A jurisdição de divide entre contenciosa e voluntária (só quem entende que jurisdição voluntária é jurisdição, adota essa classificação). Na contenciosa, existe lide, na voluntária não.
7.6. Princípios:
· Investidura: A jurisdição só será exercida por quem tenha sido regularmente investido no poder jurisdicional.
· Aderência ao território/territorialidade: A jurisdição só poderá ser exercida em uma determinada limitação territorial. O juiz só exerce a sua jurisdição nos limites territoriais previstos em lei. Por conta deste princípio, se faz necessária a cooperação entre os juízes, e assim, surgem os atos de cooperação. Esta cooperação entre os juízes se dá através das Cartas, que podem ser Carta Precatória ou Carta Rogatória. As Cartas Precatórias são atos de cooperação entre juízes de mesma hierarquia e comarcas diferentes, mas dentro do território nacional. As Cartas Rogatórias são regidas pelo Direito Internacional, e, ocorrem entre juízes de países distintos. Existem exceções, mitigações acerca do princípio da territorialidade:
Art.255, NCPC – a pratica de determinados atos, como intimação, citação, notificação, penhora ou qualquer ato executivo, podem ser exercidos fora dos limites territoriais desde que sejam entre comarcas contíguas.
Art.60, NCPC – se o objeto da discussão se estende entre mais de um estado, o juiz que conhece primeiramente a causa, terá competência para julgar toda a extensão do objeto, inclusive a parte que não se encontra no seu estado.
Art.385, §3º, NCPC – Depoimento à distância – exemplo: por vídeo conferência.
Deve-se notar que uma decisão proferida em determinado local, produzirá efeitos em todo o território e não somente no local onde ocorreu esta decisão.
· Indelegabilidade: O exercício da jurisdição não pode ser delegado a outro órgão (vedação ao non liquet). Em relação aos atos decisórios, não há mitigação, entretanto, em relação aos atos instrutórios e a atos executórios, pode haver a mitigação, exemplos: 
Art.102, I, ‘m’, CF – trata de competência do STF – determinados atos processuais da execução de sentença, aplica-se por analogia ao STJ;
Art.93, XIV, CF – os servidores receberão delegação para pratica de atos de administração e atos de expediente, sem caráter decisório – atos ordinatórios;
Art.93, XI – nos Tribunais com mais de 25 julgadores pode-se constituir órgão especial;
Cartas de ordem – os juízes superiores delegam a pratica de atos para juízes a ele subordinados – exemplo, art.972, NCPC.
Nas cartas precatórias não há delegação de nada, mas sim a cooperação, portanto, não há mitigação.
· Inevitabilidade: A jurisdição é inevitável, inescapável. Todos se submetem à jurisdição, pois esta seimpõe.
· Inafastabilidade: Não se pode negar a jurisdição a alguém. 
· Inércia: O Poder Judiciário deve ser provocado.
· Juiz natural: Existem duas dimensões para este princípio: todos tem o direito de serem julgados por juízes competentes com regras de competência previamente estabelecidas, veda-se o chamado poder de avocação (alteração de regras de competências predeterminadas). São vedados os tribunais de exceção, ou seja, não se pode criar um tribunal após a ocorrência do fato (veda o poder de convocação). Os magistrados precisam ser imparciais, não podem possuir interesse direto na causa (imparcialidade objetiva) e devem manter-se equidistante das partes (imparcialidade subjetiva).
7.7. Elementos:
· Cognitio: É o poder que o Estado dispõe para conhecer o processo.
· Vocatio: É o poder que o Estado dispõe para convocar pessoas ao processo.
· Coertio: Poder que o Estado dispõe para determinar a aplicação de medidas coercitivas para reprimir eventuais ofensas.
· Juditio: Poder que o Estado dispõe de julgar, de proferir o direito no caso concreto.
· Executo: Poder que o Estado dispõe para determinar o cumprimento obrigatório das decisões proferidas.
7.8. Jurisdição voluntária: Determinados atos para produzirem efeitos, precisam necessariamente passar pelo Poder Judiciário. Existem casos onde não há lide, não há conflito, mas, para produzir efeito no mundo jurídico, é necessário que a demanda chegue ao judiciário (exemplo: divórcio). Sabe-se que a jurisdição voluntária é marcada pelo princípio inquisitivo, pois, aqui, o magistrado possui mais poderes do que na jurisdição contenciosa (exemplo: possibilidade de julgar através da equidade – critério de conveniência e oportunidade).
No antigo CPC, o artigo 1.105 colocou que serão citadas as partes e o Ministério Público – este artigo é criticado por, utilizar o vocábulo ‘citar’ ao invés de ‘intimar’, e por dar a entender que por se tratar de jurisdição voluntária é obrigatória a intervenção do Ministério Público. No novo CPC, ao redigir o art.721, o legislador alterou os vocábulos utilizados e passou a prever expressamente os casos onde é obrigatória a intervenção do Ministério Público.
Questiona-se se a jurisdição voluntária seria realmente jurisdição. Sobre isto, existem duas teorias:
· Teoria clássica/administrativa: Entende que jurisdição voluntária não é jurisdição, mas sim uma atividade meramente administrativa – administração pública de interesses privados. Trata-se de um mero negócio jurídico. Aqui, não há partes, mas sim interessados, pois, não há lide (ao se falar em partes, tem-se a ideia de antagonismo). Diz-se que aqui não há processo, mas apenas procedimento pois, não existem interesses divergentes. Não haveria ação, mas mero requerimento. Não há substitutividade, uma vez que as vontades seriam convergentes. Não há coisa julgada pois havendo circunstâncias supervenientes, a sentença pode ser alterada nos casos de jurisdição voluntária (art.111, antigo CPC). Essa teoria ainda é a dominante.
· Teoria revisionista: entende que jurisdição voluntária é jurisdição e por isso, há atividade jurisdicional. Dentro desta teoria, alguns acreditam que a lide não é elemento essencial mas acidental (essencial seria a pretensão). Alguns acreditam que existe uma lide potencial (no curso da demanda pode surgir um conflito). Aqui, há a existência das partes no sentido processual (todos que possuem parcialidade no processo são partes). Há processo, ainda que se entenda que seja um processo administrativo. Há ação. Mesmo que as vontades sejam convergentes é necessário que o Estado-juiz se substitua a vontade das partes. Os elementos da ação são partes, pedidos, e causas dos pedidos – para uma ação ser considerada idêntica a outra é necessário que haja a tríplice identidade. Havendo mudança de um dos três elementos da ação, esta não será a mesma. Se as circunstâncias fáticas são outras, a causa de pedir seria outra, e consequentemente não há rediscussão da coisa julgada. O artigo 1111 só reforça a existência da coisa julgada material na jurisdição voluntária.
Fredie Didier traz dois argumentos para reforçar que a jurisdição voluntária é jurisdição e não apenas uma atividade meramente administrativa
a) Possibilidade de divórcio consensual e arrolamento de bens extrajudicialmente: atualmente há a possibilidade da realização do divórcio extrajudicial (no cartório), desde que haja consenso e não exista menor evolvido. Para que se atinja o mérito é necessário que as três condições da ação estejam presentes. Não havendo interesse de agir, de ingressar no Poder Judiciário, não há porque iniciar um processo. Não haveria a necessidade de ingressar no poder judiciário se não há o interesse de agir nas questões de divórcio consensual. Para o STJ, há sim a possibilidade de ingresso nas vias judiciais, há sim o interesse de agir. Esse posicionamento vem a ratificar o caráter jurisdicional da jurisdição voluntária.
b) Homologação de acordo: É possível a realização de acordos não vedados pela lei, e isso é considerado um título jurídico extrajudicial. Havendo descumprimento, entra-se com uma ação de execução. Pelo fato do título jurídico ser extrajudicial, é mais fácil efetuar a defesa de quem descumpriu o acordo. Havendo homologação, o título passa a ser um título executivo judicial, e, havendo descumprimento, ingressa-se no Poder Judiciário para que haja a execução – neste caso, a possibilidade de defesa de quem descumpre o acordo é mais restrita. Isto ratifica o caráter jurisdicional da jurisdição voluntária.
	TEORIA CLÁSSICA/ADMINISTRATIVA
	TEORIA REVISIONISTA
	Não é jurisdição
	É jurisdição
	Atividade administrativa, mero negócio jurídico
	Atividade jurisdicional
	Não há lide
	Lide não é elemento essencial/existe lide potencial
	Não há partes, mas sim interessados
	Há partes (no sentido processual e não material)
	Não há processo, mas sim procedimento
	Há processo
	Não há ação, mas mero requerimento
	Há ação
	Não há substitutividade
	Há substitutividade
	Não há coisa julgada
	Há coisa material julgada
8. FORMAS ALTERNATIVAS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS – JUSTIÇA COEXISTENCIAL:
8.1. Noções gerais: A jurisdição ainda é a principal forma de resolução de conflito, mas não é a única forma de resolução de conflito. As formas alternativas de solução de conflitos ou a justiça coexistencial não tem por finalidade acabar com a jurisdição, mas existirem ao lado dela. Logo quando surgiram essas formas alternativas de resolução de conflitos, surgiram muitas críticas (forma de privatizar a justiça, não observância de garantias processuais mínimas, etc.), mas com o tempo, percebeu-se que que estas formas poderiam desafogar o poder judiciário, e, além disso, existem conflitos onde é mais vantajoso não se valer das vias judiciais.
8.2. Classificação dos modos de solução de conflitos:
· Autotutela: A auto tutela é uma forma de resolução de conflito em que há a imposição da vontade de uma das partes sobre a outra. Diz-se que esta é uma forma egoísta de resolução de conflitos. Essa forma de resolução de conflito em rega é vetada pelo ordenamento e é considerada crime (exercício arbitrário da própria razão, abuso de poder). O ordenamento prevê hipóteses de autotutela (exemplos: legítima defesa, estado de necessidade, direito de greve, direito de retenção).
· Auto-composição – modo não jurisdicional de solução de conflito: É considerada uma forma altruísta de resolução de conflitos, pois aqui, as próprias partes fazem concessões e chegam a um consenso. Seria a forma ideal de solução de conflitos. A auto-composição pode ocorrer dentro ou fora do processo. Auto-composição é o gênero que engloba algumas espécies: transação, submissão. Na transação há concessões recíprocas, ambas as partes fazem concessões. Na submissão a concessão é feita por apenas uma das partes. Quando a auto-composição ocorre dentro do processo instaurado e há submissão do autor, dá-se o nome de renúncia. Quando a submissão se dá pelo réu, há o reconhecimento da procedência do pedido. Na auto-composição, pode havera presença de um terceiro ou não. Aqui não há a figura da substitutividade, o terceiro não decide pelas partes, ele apenas conduz as partes para que elas alcancem um consenso.
· Mediação e conciliação – modo não jurisdicional de solução de conflito: É a auto-composição na presença de um terceiro (mediadores ou conciliadores). A mediação e a conciliação são técnicas para se alcançar a auto-composição.
Barreiras para o êxito da mediação e conciliação: a falta de normatização (resolução do CNJ nº125), desinformação, falta da percepção da figura da autoridade no mediador/conciliador. Barreiras pessoais: Utilização de estratégias, utilização de prepostos, medo de perder e desconfiança.
O novo CPC traz incentivos à auto-composição, inclusive há uma sessão específica para isto (art.165 à art.175).
Mediação x conciliação: Na conciliação o terceiro chamado de conciliador possui um papel mais atuante, mais ativo – o conciliador pode propor alternativas para as partes. A conciliação deve ser utilizada quando não há um vínculo prévio entre as partes. Na mediação o terceiro, chamado mediador, atua de modo passivo, funciona como um mero interlocutor, não propõe solução para o conflito. É preferencialmente utilizado quando há vínculo prévio entre as partes. Existe a possibilidade de centros de resolução criados pelos tribunais de justiça, câmaras privadas e administrativas para a resolução de conflitos
· Julgamento de conflito por Tribunal Administrativo – modo não jurisdicional de solução de conflito: Nos Tribunais Administrativos há a substitutividade, porém, não há a figura da imutabilidade (exemplo: TCU). As decisões podem ser reapreciadas pelo Poder Judiciário. 
· Arbitragem – modo jurisdicional de solução de conflito: É uma forma de resolução do conflito por meio do qual um terceiro imparcial escolhido pelas partes e chamado de arbitro irá decidir pelas partes (substitutividade), mas o árbitro não goza de coercitividade, logo, não pode impor a sua decisão às partes. A arbitragem é considerada uma forma de hetero-composição. É tratada na Lei 9.307/1996. Quando esta lei surgiu, questionou-se a sua constitucionalidade (violação do princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional). Para o STF não há inconstitucionalidade pois as partes optaram através da sua autonomia privada, pela via arbitral (negócio jurídico – convenção de arbitragem). A convenção de arbitragem pode ser de duas espécies – cláusula compromissória ou compromisso arbitral. A cláusula compromissória é sempre prévia ao conflito, atua diante de hipóteses abstratas. O compromisso arbitral se dá a posteriori, ou seja, após o surgimento do conflito, diante de um caso concreto. É normal que ocorram as duas formas de convenção de arbitragem.
Cláusula compromissória vazia: é necessário que haja o compromisso arbitral.
Cláusula compromissória cheia: não é necessário que haja o compromisso arbitral pois, a cláusula compromissória já estipula o detalhamento de como irá se dar o procedimento arbitral.
Existem casos onde as partes devem recorrer ao judiciário para definir o compromisso arbitral, já que as partes não entraram em consenso quanto a isto. O juiz não irá julgar o mérito, quem resolve a lide é o arbitro. A arbitragem não pode ser imposta, ela deve se dar pela vontade das partes. Contratos de adesão: alguns doutrinadores dizem que não é possível estabelecer cláusula compromissória. Outros dizem que a cláusula compromissória deve ser analisada no caso concreto, podendo ou não ser nula. O árbitro é escolhido pelas partes, não precisa possuir curso superior – os requisitos legais são o da capacidade e maioridade. O árbitro no exercício de suas funções se equipara a um funcionário público. As câmaras de arbitragem são privadas, por isso é conveniente que sejam pessoas com notório saber. As partes podem escolher as normas de direito material ou a equidade para o julgamento. Só se submete à arbitragem as pessoas capazes e os direitos disponíveis. Se apesar de envolver um direito indisponível, mas o que se discute é meramente patrimonial, pode-se utilizar a via arbitral. Se houver conflito de cunho disponível, mas surge um incidente que envolve um direito indisponível, o árbitro deve remeter essa parte para a apreciação do poder judiciário. A decisão ou sentença arbitral não precisa ser homologada. A lei 11.232 acrescentou um inciso no art.475N, uma alínea onde estabelece que a sentença arbitral é um título executório judicial. Existe a possibilidade de recorrer, dentro de 5 dias, a decisão arbitral dentro da própria via (equivale aos embargos de declaração) – quando há obscuridade, insuficiência e silêncio da lei. É possível recorrer ao judiciário em 90 dias se houver algum vício formal, mas, a decisão é remetida novamente ao árbitro, para que ele novamente dê a decisão. Não é possível se recorrer ao judiciário quanto ao mérito – equivale à ação rescisória do processo jurisdicional. O árbitro não pode se valer de medidas executivas para fazer valer a sua decisão, neste caso, entra-se com uma ação executória no judiciário para que a decisão se imponha. Alguns assuntos da Administração Pública podem ser submetidos à via arbitral.
- Natureza jurídica: A depender de como se conceitue, pode-se excluir ou incluir a arbitragem como tendo caráter jurisdicional. Para quem não entende que a arbitragem não é jurisdição, se diz que o indivíduo abre mão da jurisdição, que os árbitros não têm o poder de executar as suas decisões, necessitando se valer do poder judiciário para fazer valer as decisões, e que é possível recorrer somente ao próprio árbitro ou ao judiciário para sanar vícios formais. Logo, a arbitragem seria um equivalente jurisdicional. Para quem entende que arbitragem é jurisdição, não abre-se mão da atividade jurisdicional, mas sim da jurisdição típica. Esta corrente diz que, a falta de coercibilidade do árbitro, e a possibilidade de recorrer ao judiciário devido a vícios, indica não a ausência de jurisdição, mas sim ausência de competência
	AUTO-COMPOSIÇÃO
	Não há substitutividade
	Não coercitivo
	ARBITRAGEM
	Há substitutividade
	Não coercitivo
	JURISDIÇÃO
	Há substitutividade
	Coercitivo
9. ORGANIZAÇÃO JUDIÁRIA: Art.92, CF – traz os órgãos que compõem o Poder Judiciário.
· STF: É órgão máximo da organização judiciária. Composto por 11 ministros. Possui tanto competência originária quanto recursal. Incube ao STF ser o guardião da constituição (eventual violação à constituição deve ser analisada pelo STF). Existem causas em que se ingressa diretamente no STF (art.102, I). A competência recursal se divide em ordinária (art.102, II) e extraordinária (art.103).
· CNJ: É composto por 15 membros. É responsável pelo controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário, bem como pelo cumprimento dos deveres funcionais dos juízes – órgão de fiscalização.
· STJ: É formado por ministros, e é responsável pela guarda da legislação federal. Possui competência originária (art.105, I) e competência recursal ordinária (art.105, II) e especial (art.105, III).
· Tribunais regionais federais e juizados especiais federais: Via de regra a competência da justiça federal se dá quando há envolvimento da união, entidades autárquicas ou empresas públicas federais. Existem causas de competência originara do TRF e existem causas de competência recursal. Compostos por desembargadores. A circunscrição territorial onde ocorre a jurisdição não é chamada de comarca, mas sim de seção judiciária.
· Tribunais e juízes de trabalho: as causas que envolvem relação de trabalho vão ser jugadas pela justiça trabalhista. O TST é um órgão de sobreposição. 
· Tribunais e juízes eleitorais: as causas envolvendo direito eleitoral são de competência da justiça eleitoral. O TSE funciona como órgão de sobre posição. Os membros que compõem a justiça eleitoral advêm de outros órgãos judiciários. Aqui, há a possibilidade de órgão de primeira instância ser composto por uma junta eleitoral.
· Tribunais e juizes militares: A justiça militar é responsável pelo julgamento de crimes

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