Buscar

Falência e Recuperação Empresarial - João Glicério

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO EMPRESARIAL 2018.1	MARIA CAROLINA RIBEIRO
FACULDADE BAIANA DE DIREITO
MARIA CAROLINA RIBEIRO
2018.1
FALÊNCIA
E
RECUPERAÇÃO EMPRESARIAL
PROFESSOR: JOÃO GLICÉRIO
PANORÂMA HISTÓRICO
À época do Direito Romano, a insolvência era tratada de uma maneira que atualmente não pode ser concebida. Diante da Lei das XII Tábuas, o sujeito insolvente possuía duas opções: ou realizava o pagamento aos seus credores ou pagaria com o próprio corpo. Com a evolução do direito, as penas cruéis foram proibidas, mas, a crueldade da pena não evoluiu a ponto de impedir a prisão do devedor insolvente, que foi regra no direito por bastante tempo. O cidadão possuía a opção de negociar as dívidas com seus credores e, essa negociação precisava da aprovação unânime de todos eles – caso contrário, o devedor seria preso. Percebeu-se que não era razoável prender alguém para honrar com suas dívidas, tendo em vista que alguém preso não poderia obter os créditos para o pagamento.
Os primeiros sinais de uma legislação capaz de ensejar o que no futuro seria uma concordata ocorreu à época em que se admitiu que herdeiros do falecido devedor pudessem negociar os débitos do de cujus para evitar a pena de infâmia. Ainda morto a memória do sujeito era condenada à pena de infâmia e, para evitar essa vergonha, os seus herdeiros possuíam a possibilidade de chamar os credores para negociar o modo de pagamento das obrigações. Alguns doutrinadores, por não diferenciarem o comerciante do não comerciante, não entendem que esse instituto do direito romano seria um percussor da futura falência, mas boa parte da doutrina entende que essa possibilidade de negociação de dívidas para evitar a penalidade de infâmia ou até de prisão dos sucessores seria concebida como a semente que no futuro daria sustentação ao processo de concordata.
À época da Revolução Francesa era influenciada pelos sentimentos ideais iluministas. O Iluminismo preconizava ideais de liberdade e, o que o cidadão exigia à época era a liberdade, tendo em vista que vigia o Absolutismo – a burguesia não possuía liberdade plena para praticar sua atividade sem que o Estado interferisse. Era um anseio social e também econômico que o cidadão se protegesse do Estado – o Estado era algo que prejudicava as relações particulares, por isso as ideias iluministas se fundavam na liberdade. Essa liberdade foi obtida a partir da Revolução Francesa e as legislações dos países foram se adaptando ao sentimento de liberdade. Instituições surgiram de modo a possibilitar que as partes pudessem contratar sem que houvesse a intromissão do Estado. A partir desse momento surge o instituto da pacta sunt servanda, que determina que o contrato faz lei entre as partes – o Estado não deve intervir nas relações e, as regras do contrato só dizem respeito às partes. O grande problema desse Estado Liberal foi o surgimento de desigualdades sociais que ensejaram sentimentos de uma reaproximação estatal. 
No Brasil, algumas legislações foram aplicadas. Quando o Brasil foi descoberto em 1500, as leis que vigiam no país eram leis portuguesas e, as leis portuguesas que vigiam à época do descobrimento eram as Ordenações Afonsinas, que nada tratava de concordata: essa relação de acordo do devedor com os credores era algo resolvido na prática, não havendo disciplina jurídica até então. A regra era a prisão por dívida, mas se houvesse um acordo e, os credores, a unanimidade, dispensassem a prisão do devedor, não tinha interesse estatal em se colocar nas relações. As Ordenações Afonsinas foram substituídas pelas Ordenações Manoelinas que, futuramente foram substituídas pelas Ordenações Filipinas, que nada indicava acerca da concordata. A concordata, no direito brasileiro, apenas veio a ser regulada a partir da edição do Código Comercial de 1850. 
O processo de concordata apenas era tratado em sua forma suspensiva. A concordata era um instituto que visava evitar o processo de falência, mas, à época em foi concebida, somente admitia a suspensão de uma falência já decretada. Se a falência houvesse sido decretada o devedor poderia reunir seus credores e propor a esses credores uma concordata de modo a suspender o decreto de falência – somente se houvesse o cumprimento da proposta feita pelos credores é que a falência seria extinta. Em 1850 houve, além da possibilidade de concordata, a ausência de necessidade de unanimidade de votos para que o acordo proposto pelo devedor pudesse ser aceito, bastando a aprovação por dois terços dos credores. Em momento seguinte, através de decreto, a concordata preventiva foi incluída no ordenamento jurídico brasileiro. Haviam duas espécies de concordata: a concordata preventiva buscava evitar uma falência e a concordata suspensiva buscava suspender falência eventualmente já decretada.
O Código Comercial de 1850, fundado nos ideais iluministas, tratava do comerciante a partir da Teoria dos Atos de Comércio, que indica que era comerciante o cidadão que praticado um dos atos definidos na legislação. Essa realidade foi alterada a partir do Código Civil de 2002, quando a Teoria dos Atos de Comércio foi substituída pela Teoria da Empresa. Passou-se a ser considerado empregado aquele pratica ato de empresa – empresa, no conceito do Código Civil de 2002, é a atividade organizada para a produção de bens e insumos (art. 966, CC).
O Código Comercial foi parcialmente revogado pelo Decreto Lei 7.661/45 na parte em que tratava do processo falimentar. Esse Decreto Lei vigorou até 2005, quando houve a edição da Lei nº. 11.101/05. A partir dessa legislação já se colocava em prática uma pequena intervenção estatal.
O Estado Liberal não se provou a melhor opção, ante as desigualdades sociais observadas. Passou-se a se desenvolver então a teoria de um Estado Social que, no futuro viria a servir de base para a Constituição de 1988. O direito brasileiro sempre foi muito atrasado em relação ao direito europeu. A teoria do Estado Social foi adotada com bastante atraso pelo Brasil. A intervenção estatal passou a ser algo mais corriqueiro e o Estado passou a intervir mais na economia e nas relações privadas, de modo que o contrato que fazia lei entre as partes passou a precisar observar uma função social. Direitos fundamentais, como o direito à propriedade, passaram a precisar atender a uma função social e, a partir dessa necessidade de proteção estatal que se buscou atender a função social da propriedade que, posteriormente se estendeu a fim de abarcar os contratos.
Os contratos precisam atender a uma função social e, se isso não ocorre, cabe ao a Estado intervir na relação. Essa é a proposta da Constituição Federal de 1988, fundada em premissas garantistas, possibilita a interpretação da legislação infraconstitucional a luz dos seus princípios e regras. Uma regra legal deve ser aplicada a luz dos princípios constitucionais. Em 1945, quando o Decreto Lei 7.661/45 foi editado, o objetivo da lei falimentar era a proteção do crédito e dos credores. Se o comerciante caísse em insolvência, seus credores seriam prejudicados. Diante disso, a legislação não se preocupava com os outros personagens da sociedade – a concordata passou a ser não um acordo entre as partes, mas um favor legal do Estado para possibilitar o atendimento aos credores.
Nem todos os credores do devedor estavam submetidos ao processo de concordata. Os credores trabalhistas poderiam cobrar seus créditos normalmente, bem como os credores que possuíam garantia real. Ocorria então, a execução individual. A concordata era apenas destinada aos credores quirografários, que são os que não possuem garantias reais – eventualmente pode haver garantia pessoal, a exemplo do aval. A concordata, dessa forma, não resolvia o problema, pois a lei falimentar se preocupava apenas em proteger o crédito. O paradigma do direito comercial brasileiro mudou em 2002, de modo a se observar a empresa como atividade. O empresário não é dono de uma empresa, mas exerce uma empresa, pois empresa é a atividade – o sentido funcional de empresa passou a ser o previsto no CódigoCivil de 2002.
Passou-se a demandar uma nova legislação falimentar, tendo em vista que a anterior estava fundada em premissas ideológicas diversas do Código Civil de 2002. A legislação falimentar brasileira foi fortemente influenciada pelas normas norte-americanas, que há possuía fortes previsões de direito recuperacional – não mais se falava em atendimento prioritário dos credores, mas sim em recuperar o negócio, se este se mostrar ainda viável.
Surge então a Lei nº. 11.101/05, que extingue o processo de concordata, evolui o instituto da falência e inaugura o instituto da recuperação de empresas, que pode ocorrer no âmbito judicial ou extrajudicial. A insolvência é uma circunstância que há muito vem sendo tratada pelo direito. A insolvência ocorre quando alguém possui obrigações superiores aos seus ativos. O tratamento dado à insolvência é atualizado ao longo do tempo e, no Direito Brasileiro há uma legislação falimentar, qual seja a Lei nº. 11.101/05 que, em que pese seja considerada relativamente nova, já é alvo de pretensas alterações.
O art. 47 da Lei de Falências positiva os princípios que norteiam o processo de recuperação judicial. Um dos objetivos da recuperação da empresa é a sua preservação – além da preservação da empresa, busca-se a proteção aos trabalhadores e também o atendimento aos direitos dos credores. A concordata possuía como principal destinatário o atendimento do direito do crédito, enquanto na recuperação judicial esse direito do crédito é um dos objetivos, mas não o principal, tendo em vista que o que se busca prioritariamente é a preservação da atividade. Essa é uma mediada essencialmente social, pois ao preservar uma atividade econômica há manutenção de postos de trabalho, arrecadação fiscal, giro da economia, além da possibilidade de cumprimento das obrigações junto aos credores. O foco deixou de ser os credores e passou a ser a atividade.
A recuperação empresarial não tem como beneficiário o acionista, o administrador ou os sócios da empresa em dificuldade. A recuperação empresarial é um benefício estatal – trata-se de intervenção na economia e nas relações particulares, mas não com o objetivo de privilegiar ou conceder benesse aos empresários – o que se quer é proteger uma atividade porque ela é socialmente relevante. A mesma lei que prevê tal benesse também determina a necessidade de uma célere falência caso o benefício social da tentativa de recuperação for inferior ao seu custo. Admite-se a recuperação quando o benefício social for maior do que o seu custo.
Para que a recuperação judicial possa ser admitida, é importante que o requerente apresente dois pressupostos: deve haver a existência de uma crise e, essa crise é demonstrada a partir de documentação contábil. A crise pode ser apresentada em três vertentes: econômica, financeira ou patrimonial. A crise econômica é aquela em que o empresário não consegue mais vender seu produto ou serviço. Na crise financeira ocorre a venda do produto ou serviço, mas há um problema de liquidez, porque não se consegue faturar o suficiente para haver lucro. Diante de uma crise econômica ou financeira ocorrerá uma crise patrimonial, pois em algum momento o passivo da empresa será maior que seu ativo. O primeiro pressuposto é a alegação e demonstração de uma crise e o segundo é a demonstração da viabilidade da empresa. A empresa precisa se demonstrar viável.
O princípio da preservação da empresa não é absoluto, de modo que a preservação da empresa precisa ser sopesada em relação a outros princípios constitucionais, como por exemplo o princípio do interesse público. Não se pode buscar a recuperação judicial a qualquer custo. É necessário que haja um saldo social positivo para a recuperação empresarial. A recuperação empresarial e a falência são regidas por alguns princípios.
A proteção aos trabalhadores é um princípio que pode ser notado diante da posição privilegiada dos créditos trabalhistas, tanto na falência quanto na recuperação empresarial. Esse privilégio é fruto do atendimento do princípio da proteção dos trabalhadores. Há ainda o princípio da recuperação das empresas viáveis e da falência das empresas inviáveis. 
O princípio da participação ativa dos credores pode ser materializado no processo falimentar. A recuperação judicial é um processo que visa, ao final, preservar a atividade a partir da celebração de um grande acordo coletivo. Tudo se processa de modo a possibilidade que devedor e credores negociem e deliberem o futuro da atividade – o devedor apresenta aos credores um documento conhecido como plano de recuperação judicial. Nesse plano se apresenta as causas da crise, os remédios adequados para a superação da crise e a proposta de pagamento aos credores. Nesse momento a assembleia indica se aprova ou não o plano de recuperação judicial. Se ocorrer a aprovação, inicia-se efetivamente a recuperação, de modo que se passa a dar cumprimento ao mesmo – as obrigações anteriores são novadas por um novo título executivo e cada credor possuirá uma cópia do plano para possibilitar a execução diante de falhas. Se a falha ocorrer antes de dois após a decretação da recuperação, ela pode ser convolada em falência. Em suma, a viabilidade de manutenção do negócio é auferida pelos credores.
Iniciada a recuperação judicial a empresa possui dois caminhos: ou ocorre a recuperação ou a empresa segue para a falência. Quando se vai para a falência o objetivo é arrecadar o que há de patrimônio para que seja possível o pagamento aos credores dentro da ordem de preferência. As obrigações que surgem após o início da recuperação judicial são consideradas não sujeitas à recuperação, porém as execuções de créditos não sujeitos precisam ser averiguadas e deferidas pelo juiz da recuperação.
O plano de recuperação pode sugerir medidas atípicas, mas há uma regra que precisa ser observada. O plano de recuperação judicial é um contrato coletivo, mas o Estado determina que o pagamento de créditos trabalhistas não pode ultrapassar o ano. É possível negociar o desconto, mas o pagamento precisa se dar em até um ano. O pagamento dos trabalhistas pode até ser o último, desde que se dê dentro do prazo fixado em lei. A ordem de pagamento dos créditos no plano de recuperação judicial é definida pelo devedor – essa é uma diferença em relação à falência, onde há ordem específica de pagamento definido em lei.
Um princípio falimentar importante é o princípio da maximização dos ativos do falido. A falência deve funcionar de uma forma em se possa ao máximo otimizar o ativo do falido. A maximização dos ativos ocorre quando, uma vez decretada a falência, realiza-se o ativo o mais rápido possível para proteger o valor de mercado dos bens.
Há ainda o princípio da redução do custo do crédito. A Lei nº. 11.101/05 surgiu diante de grande lobby bancário, pois a legislação anterior lhe era bastante desfavorável. Na falência anterior, a ordem de pagamento dos créditos era a seguinte: créditos extraconcursais (aqueles que não participam do concurso – nascem após o decreto de falência ou pedido de recuperação judicial), créditos trabalhistas, créditos tributários, créditos com garantia real, créditos com privilégio especial, créditos com privilégio geral e créditos quirografários. Para diminuir o custo do crédito a Lei nº. 11.101/05 trocou a posição dos credores na falência, de modo que passou a pagar os créditos com garantia real antes dos créditos tributários. Em tese, diante de tal mudança, os bancos deveriam baratear o crédito, tendo em vista que o risco de não receber os valores diminuiu, mas, na prática tal redução não ocorreu. 
FALÊNCIA
O Direito Concursal é composto de dois institutos: falência e recuperação empresarial. O sucesso ou insucesso de um empresário repercute na riqueza distribuída na sociedade. Houve uma mudança de eixo na disciplina, pois antes havia uma preocupação em fornecer um tratamento isonômico aos credores e atualmente a preocupação é em preservar a atividade empresarial. Diante disso, sempre se dever ter em mente a preservação da empresa, da atividadeempresarial.
Empresário é o sujeito e empresa é o negócio – é o vínculo jurídico entre sujeito e objeto, é a atividade em exercício. Empresa é sinônimo de atividade. O princípio não é da preservação do empresário, mas da empresa – se mantém a atividade em funcionando, sendo possível substituir o empresário por alguém mais eficiente.
É importante saber que há uma diferença essencial entre falência e recuperação: na falência não há a preocupação de preservação da empresa, mas o tratamento isonômico dos credores ainda é relevante e deve ser rigorosamente observado. Já na recuperação, a ideia que prepondera é a da preservação da empresa e manutenção do negócio. Enquanto na falência há uma tendência à extinção do negócio que se mostrou inviável, na recuperação o objetivo é a reestruturação do negócio e a sua devolução ao mercado.
É razoável que algumas pessoas pensem que a recuperação é um degrau para a falência, mas essa relação não existe – em verdade, falência e recuperação possuem momentos distintos de aplicação. Primeiro, verifica-se a viabilidade do negócio e, essa viabilidade é que repercutirá na escolha entre falência ou recuperação. Se o negócio for inviável, não adianta tentar recuperar, de modo que o ideal é que se vá até a falência, pois se se recupera um negócio inviável, ele entrará em crise novamente, de modo que se estará impondo à toda a coletividade um prejuízo desnecessário, se estará imputando à toda a sociedade um prejuízo extraordinário.
Não adianta recuperar uma atividade inviável, pois ela entraria em crise novamente. Cada vez que se recupera um negócio, toda a sociedade paga a conta. Na recuperação o empresário possui dívidas que não consegue pagar, logo, há a realização de um plano de recuperação em que há o abatimento do pagamento da dívida durante um prazo. Os credores da empresa irão receber menos do que a expectativa criada em razão dos contratos assumidos. O credor recebe menos do que esperava e vai repassar esse prejuízo para os produtos que negocia – diante disso, a conta da recuperação é paga pela sociedade e, se se recupera uma atividade inviável, há uma perda de dinheiro. Se a atividade for inviável, ela deve ir à falência.
É importante que ocorra o exame de viabilidade do negócio, pois se a atividade for inviável, o ideal é que seja decretada a sua falência. Se a atividade for viável, o ideal é que se proceda sua recuperação. Se a atividade é viável, o próprio mercado se interessa em resolver o problema. A recuperação existe para atividades viáveis que não encontraram solução de mercado, mas a tendência é que nas atividades viáveis o próprio mercado se organize e reestruture a atividade.
São vários os fatores possíveis para que o mercado não consiga reestruturar uma atividade viável: o dono do negócio pode acreditar que não há necessidade de reestruturação, por exemplo. Pode ser que o mercado não possua disponibilidade financeira para assumir o negócio, a exemplo da situação da OI-TELEMAR, que é uma emprega enorme inserida em um mercado extremamente regulamentado.SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL E BANCOS
No caso dos bancos, há a necessidade de realizar a recuperação. A interrelação bancária é diuturna e, os bancos devem uns aos outros. Se um banco quebra, ele deverá a outros bancos, por isso não é possível simplesmente optar pela falência, pois é importante manter o sistema equilibrado. O FGC possui essa função, pois uma falta no sistema gera uma relação em cadeia e, não é somente o banco que é prejudicado.
O sistema financeiro americano é muito desregulamentado e, para cumprir metas, os bancos começaram a emprestar dinheiro a pessoas que não possuíam como garantir o pagamento – essas pessoas realizavam as hipotecas para a aquisição de moradia, mas a garantia era apenas a própria casa. Como os instrumentos de percepção da possibilidade de pagamento eram frágeis, quando o mercado imobiliário se abalou, as pessoas não conseguiram honrar as dívidas, de modo que houve reação em cadeia. A Crise de 2008 ocorreu porque o dinheiro era emprestado sem que o adquirente possuísse condição financeira para honrar com suas dívidas.
O insucesso de um negócio pode gerar consequências para toda a sociedade. Existem cidades que dependem de determinadas atividades empresariais e, se essas atividades não são mantidas, poderá haver prejuízo para toda uma localidade. Um exemplo próximo diz respeito à Camaçari e o Polo Petroquímico. Dessa forma, o Direito Falimentar e o Direito Recuperacional buscam evitar esse tipo de consequência, mas, para tanto, é necessário compreender as regras aplicáveis.
EXECUÇÃO DOS CRÉDITOS
Existe uma relação entre a dívida e a forma de exercer os direitos que emanam de tal dívida. Se há uma relação de crédito contra alguém, o meio hábil para exercer os direitos que emanam do título de crédito, considerando especialmente que o título é executivo, é a ação de execução. A ação de execução é uma ação individual e, a regra é das relações jurídicas e processuais individuais. Na eventualidade de o devedor estar insolvente, a regra da relação processual individual se torna indevida – a execução individual não mais se torna atraente.
Se várias pessoas possuem um crédito contra o devedor, cada um propõe sua execução individual, mas, ao perceber que o crédito conjugado é maior que o patrimônio do devedor, a consequência é que um dos credores não receberá seu crédito. Nesses casos, não é justo que se mantenha a regra da execução individual – não é justo que o credor que teve seu processo analisado mais rapidamente, por exemplo, receba o crédito antes. Também não é justo que o credor que não pôde propor a execução por conta de ausência de vencimento do crédito não o receba.
A justiça reside em tratar todos de modo isonômico, então, ao perceber que o patrimônio do devedor é insuficiente para saldar as dívidas de todos os credores, deve ser abandonada a regra da execução individual, passando-se a adotar a regra da execução coletiva ou execução concursal. Somente é possível tratar todos os credores igualmente se todos eles estiverem no mesmo processo. Se houverem credores em processos distintos, não haverá tratamento isonômico. Quando o patrimônio do devedor não é suficiente para saldar todas as suas dívidas, é necessário os colocar no mesmo processo para que eles sejam tratados de forma isonômica. Essa isonomia não é a isonomia formal, mas sim material – tratar os iguais na medida em que se igualam e os desiguais na medida em que se desigualam. Haverá um escalonamento dos credores, de modo que seja possível observar a isonomia substancial.
Quando o patrimônio do devedor não é suficiente para saldar todas as dívidas do empresário, deve-se abandonar a execução coletiva, adotando-se a execução concursal, que se trata de medida de justiça para que os credores sejam tratados com isonomia substancial.
O devedor estará insolvente quando o valor de suas dívidas superar o valor de seus ativos. Diante da insolvência, aplica-se a execução concursal ao invés da execução individual. Se o devedor for um ente civil, aplica-se a ele a insolvência civil. Se o devedor for um ente empresarial, aplica-se a ele a insolvência empresarial, que é conhecida pelo nome de falência.
A falência nada mais é do que um processo de execução concursal. A falência não é só uma forma de massacrar o devedor – esse objetivo não existe. A falência existe essencialmente para promover o tratamento isonômico dos credores. É comum que juízes de processos individuais adotem medidas constritivas contra o devedor, mesmo com sua falência decretada. Ocorre que, se esse juiz retira bens do devedor para que ocorra o pagamento de apenas um credor, ele prejudica todos os outros credores que estão no processo de falência, tratando o primeiro de forma privilegiada. 
PRESSUPOSTOS DA FALÊNCIA
A falência possui, essencialmente, três pressupostos. O primeiro pressuposto é ser o devedor empresário sujeito à falência. Não cabe falência de quem não é empresário, logo, não cabe falência de associação, fundação, partido político ou organizaçãoreligiosa, sociedade simples ou cooperativa. Somente é possível a falência de quem é empresário[footnoteRef:1] (empresário individual, sociedade empresária ou EIRELI). [1: É cabível a falência de empresário irregular. O empresário irregular não pode requerer a falência de ninguém, pois não possui legitimidade ativa. Por outro lado, o empresário irregular possui legitimidade ativa, de modo que pode ser réu na falência. O único pedido de falência que o empresário irregular pode realizar é o da sua própria falência.] 
Nem todo empresário se sujeita à falência – existem empresários que não se sujeitam à falência, quais sejam os previstos no art. 2º da Lei de Falências (Lei nº. 11.101/05). Dentre os que não se sujeitam à falência, é necessário tecer algumas considerações. Existe dois tipos de exclusão da falência: exclusão total e exclusão parcial.
Os totalmente excluídos nunca irão se sujeitar à falência em nenhuma hipótese – são aqueles que, além do tipo de atividade exercida, possuem íntima relação com o Estado: são as empresas públicas, as sociedades de economia mista. A falência de uma empresa pública, em ultima ratio é a falência do próprio Estado. Não cabe falência de sociedade de economia mista, tendo em vista que o acionista controlador é o próprio Estado, que naturalmente deve compensar as perdas em relação à sociedade. Esses entes são totalmente excluídos da falência. A Petrobrás, por exemplo, não pode possuir sua falência decretada, pois é uma sociedade de economia mista controlada pela União.
Os parcialmente excluídos da falência são aqueles que podem se sujeitar à falência, desde que passem por um procedimento preliminar anterior. Esse procedimento é chamado de intervenção e liquidação extrajudicial. Se essa intervenção e liquidação extrajudicial for frustrada, será possível se sujeitar à falência. Essa frustração ocorre quando há indícios de crime falimentar, pois a administração pública, que é quem realiza a intervenção, não irá proceder a investigação de crime falimentar. Além disso, ocorrerá a frustração da intervenção quando o ativo da empresa não for suficiente para saldar pelo menos metade do passivo quirografário. São parcialmente excluídos da falência as instituições financeiras, as entidades de previdência complementar, as administradoras de cartões de crédito, as administradoras de consórcios.
O primeiro pressuposto da falência é ser o devedor empresário sujeito à falência. O segundo pressuposto da falência é a insolvência jurídica ou presumida. Insolvência jurídica ou presumida difere da insolvência econômica ou fática. Na insolvência econômica o passivo é maior que o ativo. Na insolvência jurídica tem-se aquilo que a lei indica que é insolvência (art. 94, da Lei nº. 11.101/05). A insolvência econômica ocorre quando o passivo é maior que o ativo. A insolvência jurídica é aquela definida na lei como tal.
Para aplicar a execução coletiva, deve-se observar a existência de insolvência econômica. Ocorre que, não se pode manter como requisito ou pressuposto da falência a insolvência econômica ou patrimonial, tendo em vista que a insolvência patrimonial oscila de acordo com o mercado. O pressuposto da falência só pode ser a insolvência jurídica ou presumida, ou seja, aquela definida em lei como tal – são atos, situações ou condutas elevadas à condição de insolvência (ex.: Banco Econômico). 
As situações que podem configurar a insolvência jurídica ou presumida da empresa são as previstas no art. 94 da Lei nº. 11.101/05: impontualidade, execução frustrada e prática de atos de falência. É importante ressaltar que são três os pressupostos cumulativos da falência: devedor empresário, insolvência jurídica e sentença. As situações que podem ensejar a insolvência jurídica, todavia, são alternativas, logo, cada uma delas por si só pode configurar a insolvência (impontualidade ou execução frustrada ou prática de atos de falência). Então os pressupostos da falência são cumulativos e as situações que podem ensejar a insolvência jurídica são alternativas.
· Impontualidade: A primeira situação que pode ensejar insolvência jurídica é a impontualidade. Não é qualquer impontualidade que pode servir de fundamento para a falência. A impontualidade precisa ser injustificada no cumprimento de obrigações líquidas e certas, constantes de título executivo. Impontualidade injustificada é aquela impontualidade que não se enquadra no art. 96 da Lei de Falências. O legislador empresarial não deixou cláusulas abertas, logo, o que não é justo para a impontualidade está determinado em lei. Se a impontualidade decorre de qualquer das situações do art. 96, ela é justificada, de modo que a falência não poderá ser decretada. O art. 96 trata da prescrição, nulidade, pagamento anterior.
Se a falência é um processo de execução, a impontualidade deve de dar também com base em um título executivo. A impontualidade precisa ser injustificada ou sem relevante razão de direito no cumprimento de obrigação líquida e certa, constante de título executivo. Para a falência, não é válida a impontualidade constante de título ilíquido ou contendo obrigação incerta, até porque a falência é processo de execução. Não é qualquer título líquido e certo que servirá para a constatação de impontualidade. A falência é medida extremamente danosa ao empresário devedor, somente podendo ser aplicada diante de clara e ampla situação de insolvência. Dessa forma, a impontualidade deve ser justificada no cumprimento de obrigação líquida e certa, constante de título executivo, cujo o valor supere quarenta vezes o salário mínimo vigente (podem ser vários títulos que somados alcancem o valor exigido em lei – credores diferentes podem se unir para possuir um crédito de ao menos quarenta salários).
Não se pode surpreender o empresário, tendo em vista que a falência é medida extremamente gravosa. O pedido de falência, ainda que a falência não se concretize, gera uma insegurança no mercado. Diante disso, é necessário que a dívida seja previamente comunicada, e isso se dá através do protesto. O título precisa ter sido devidamente protestado para fins falimentares. O instrumento de protesto pode conter em seus objetivos o fim falimentar ou não e, a lei indica a necessidade de especificidade de fim falimentar no protesto. A lei anterior não indicava se havia a necessidade de indicação de fim específico falimentar e, havia divergência doutrinária e jurisprudencial. A lei nova buscou solucionar a questão, indicando claramente a exigência de protesto especifico para fim falimentar. No modelo de quase todos os cartórios brasileiros há a inserção da finalidade falimentar, mas em alguns cartórios há a existência de dois modelos: modelo geral e modelo com fim falimentar. A questão é a seguinte: se não houver a indicação do fim falimentar, teria sido o devedor avisado da possibilidade de vir a ter a falência decretada? Seria tal possibilidade presumida? Essa discussão se desenrolou e, a legislação passou a exigir a indicação falimentar. O TJSP editou súmula indicando que não havia a necessidade de fim falimentar para que o protesto pudesse dar suporte ao pedido de falência.
Existem créditos líquidos e certos constantes de títulos executivos que não se submetem à falência. Se o crédito está excluído da falência, a impontualidade injustificada não pode servir como fundamento para o pedido de falência. Os créditos decorrentes de obrigações a título gratuito são excluídos da falência. Um exemplo seria a doação pura e simples: o legislador não poderia colocar o credor a título gratuito no mesmo patamar que o credor a título oneroso, pois este possuiu diminuição patrimonial para se tornar credor, merecendo maior proteção. Os créditos decorrentes de obrigações a título gratuito ficam suspensos durante a falência e, após o encerramento da falência é possível buscar reaver o valor, porém, se tratam de créditos da falência, por isso não podem servir de base para o pedido de falência.
· Execução frustrada: A execução é frustrada quando, proposta a execução individual, o devedornão paga, não deposita e não oferece bens à penhora. Frustrada a execução, o credor pode requerer a falência do empresário devedor. O título que gerou que gerou a frustração da execução não precisa estar protestado e nem precisa ser valer ao menos quarenta salários – pode haver título de qualquer valor e sem protesto, sequer geral. O que é punível na execução frustrada não é a dívida em si, mas sim o desafio de uma ordem estatal. O Estado determina o pagamento e o sujeito não o faz, agindo com desdém em relação a um órgão estatal: por isso sua falência pode ser decretada: é a conduta de desafiar a ordem estatal que é elevada à condição de insolvência jurídica.
· Prática de atos de falência: A terceira situação que pode configurar a insolvência jurídica é a prática de atos de falência. Atos de falência são atos normalmente praticados com o intuito de fraudar credores. Há uma lista de atos considerados de falência no art. 94, inciso III da Lei nº. 11.101/05. Alguns exemplos são o negócio simulado, o reforço de garantia a credor, a alienação irregular do estabelecimento empresarial, etc. Diante da configuração de qualquer um desses atos, é possível a decretação de falência.
O terceiro requisito para que ocorra a falência é a sentença.
PROCESSO FALIMENTAR
FASES DO PROCESSO FALIMENTAR
Sempre que se fala de processo falimentar, a primeira dúvida que surge diz respeito às suas fases, que são três. A primeira fase do processo falimentar vai do pedido de falência até a sentença que decreta a falência e, ela é chamada de fase pré falencial. Essa fase é uma fase preliminar ao início do processo de falência propriamente dito.
A segunda fase é a fase falencial – trata-se da falência propriamente dita e, vai da sentença que decreta a falência até a sentença que encerra a falência. Essa é a fase em que ocorrem de fato os atos: ocorre a liquidação, realização do ativo, pagamento do passivo, administração da falência. Essa fase é o núcleo e a essência da falência.
A terceira fase é a chamada fase de reabilitação do falido: encerrada a fase de reabilitação, estará o falido autorizado a voltar a exercer atividade empresarial. A peculiaridade dessa fase é que ela possui um fim bem definido, mas um começo não tão bem definido. A fase de reabilitação se encerra quando ocorre o trânsito em julgado da decisão que reconhecer a extinção das obrigações do falido.
A extinção das obrigações do falido se refere tantos às obrigações penais quanto as obrigações civis (ex.: pagamento, prescrição, novação, etc.). A fase de reabilitação é o momento da extinção das obrigações, mas as mesmas começam a ser extintas antes da falência, por isso que definir o início dessa fase não é fácil.
A falência não se encerra quando as obrigações são extintas, mas sim quando acaba o ativo da empresa, então é possível que as obrigações sobrevivam ao fim da falência. Existirão obrigações em aberto até que ocorra a extinção das mesmas e, essa extinção pode se dar de várias formas. É possível encerrar a falência e ainda existirem obrigações pendentes. O fim da fase de reabilitação não coincide sempre com o momento do fim da falência.
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO PROCESSO FALIMENTAR
A legislação aplicável ao processo falimentar é a Lei nº. 11.101/05 – a Lei de Falências não trata apenas de direito material, pois trata-se de lei híbrida quanto a natureza de suas normas. A referida legislação possui regras tributárias, civis, consumeristas e penais, inclusive.
O processo falimentar é tratado e trabalhado pela Lei nº. 11.101/05, mas a própria lei prevê a possibilidade de aplicação supletiva do CPC e do CPP, exceto quanto à previsão recursal. Todos os recursos do processo falimentar estão necessariamente previstos na Lei nº. 11.101/05 – é possível buscar no CPP e no CPC o regime jurídico do recurso, desde que ele esteja previsto na Lei nº. 11.101/05.
Dessa forma, se existir no processo falimentar uma decisão para a qual a Lei nº. 11.101/05 não prevê recurso, ela é irrecorrível. Nesse caso, não há ofensa ao duplo grau de jurisdição porque não se tratam de decisões relevantes, tendo em vista que para tais decisões sempre há previsão recursal.
JUIZO COMPETENTE PARA PROCESSAR E JULGAR A FALÊNCIA
A Lei nº. 11.101/05 possui a mesma previsão do antigo Decreto Lei 7.661/45, de modo que não houve mudança no texto legal nesse aspecto. A redação indica que o juízo competente para processar e julgar a falência é o juízo do principal estabelecimento do empresário. Não há uma resposta definitiva que indique o que é o principal estabelecimento do empresário e, esperava-se que a Lei de Falências oferecesse tal resposta. Há quem defenda que principal estabelecimento do empresário é a sede formal do empresário (local indicado como sede na Junta Comercial). Uma segunda corrente defende que o principal estabelecimento é a sede material do empresário, ou seja, do lugar de onde verdadeiramente emanam as decisões.
A terceira corrente indica que o principal estabelecimento não é nem a sede formal e nem a material, mas sim o local onde ocorre o maior volume de negócios – isso porque a tramitação do processo falimentar no local onde há o maior número de negócios atenderá também ao interesse dos credores. Normalmente, ocorre uma coincidência das sedes, mas isso não é regra (ex.: OAS – sede formal em Salvador, sede material em São Paulo e local com maior volume de negócios no Rio de Janeiro).
Há divergência doutrinária e jurisprudencial, mas o entendimento que prevalece e que possui algumas decisões reiteradas do STJ é o que indica que o principal estabelecimento do empresário é o lugar em que ele possui o maior volume de negócios. O juízo competente para processar e julgar a falência é o juízo do principal estabelecimento do empresário e, entende-se, apesar da divergência, que o principal estabelecimento do empresário é aquele em que ele possui o maior volume de negócios.
UNIVERSALIDADE DO JUÍZO FALIMENTAR
Questiona-se se o juízo falimentar é universal. Assim como o juízo sucessório, o juízo falimentar é universal, atraindo para si todas as ações em que o falido é parte. Existem exceções, todavia. A falência é um processo de execução e, como tal, a primeira exceção diz respeito às ações que demandam obrigações ilíquidas. As ações que demandam obrigações ilíquidas não serão atraídas pelo juízo falimentar, pois o mesmo não possui estrutura para realizar a instrução necessária para a liquidação. Os elementos de processo de conhecimento não podem ser atraídos para a falência, por isso, as ações que demandam obrigação ilíquida devem permanecer tramitando no juízo de origem. Após a liquidação, poderá ocorrer a atração da demanda, a não ser que ela se enquadre em uma das exceções de execuções que não são atraídas.
A segunda exceção diz respeito às ações em que o falido é autor ou litisconsorte ativo. A falência é um processo de execução contra o devedor empresário e, se ele é autor ou litisconsorte ativo de outra demanda, é melhor que ela permaneça no juízo de origem, tendo em vista que os valores percebidos pelo mesmo irão integrar a massa falida mais rapidamente. Se ocorresse a atração das ações, o processo de falência se tornaria mais moroso.
A terceira exceção está relacionada a execuções que possuem procedimento bastante específico, de modo que a atração para o juízo falimentar somente poderá ocorrer a partir da consolidação do crédito, ou seja, até que se esteja na fase de constrição patrimonial. Essas execuções dizem respeito às ações relacionadas à Fazenda Pública, às ações que correm na Justiça Federal e às ações que tramitam na Justiça do Trabalho. Tais ações não são atraídas ao juízo falimentar até que o crédito esteja consolidado e inquestionável.
Antes da reforma trabalhista havia pedido sem valor, sentença sem valor e início de execução sem valor. Na fase de execução trabalhista, por exemplo, ocorria a liquidação de valores para depois executar o crédito. O juiz não pode adotar medidas para efetivar a decisão em tais procedimentos, pois se for levado à leilãoum bem da massa falida, há o favorecimento de um credor específico em detrimento dos demais, dentro ou fora da classe. Dessa forma, observa-se que pode haver processos tramitando fora do juízo falimentar, mas não pode ocorrer a adoção de medida constritiva, sob pena de lesão da isonomia.
LEGITIMIDADE PASSIVA
Questiona-se quem possui legitimidade ativa na falência. A legitimidade passiva diz respeito ao devedor empresário. O próprio empresário possui legitimidade ativa para requerer sua falência e, nesse caso, o procedimento é chamado de autofalência. Há um procedimento próprio estabelecido a partir do art. 105 da Lei de Falências.
O segundo legitimado para requerer a falência do empresário é o inventariante, herdeiro ou cônjuge sobrevivente. O terceiro legitimado para requerer a falência do empresário é o sócio – o sócio pode requerer a falência da sociedade: trata-se de hipótese de falência requerida por terceiro, pois o sócio não se confunde com a sociedade. A sociedade possui personalidade distinta do sócio. Em relação ao sócio administrador, é necessário observar o seguinte: se o administrador requer a falência em nome próprio, há hipótese de falência requerida por terceiro. Se ele requer a falência em nome da sociedade, há hipótese de autofalência.
O último legitimado para requerer a falência do empresário é o credor. O credor comum precisa exibir o título que demonstra sua condição de credor. O credor pode requerer a falência com base em título ainda não vencido e não protestado, bastando que isso se funde em requerimento de terceiro. Por exemplo, imagine-se que Tiana não paga uma dívida relacionada à Jana. Jana realiza o protesto com fins falimentares. Observando a situação, João utiliza seu título como fundamento do pedido de ação – isso por conta da impontualidade de Tiana em relação à Jana. Se o credor for empresário, além de exibir o título que demonstre a legitimidade, precisa apresentar certidão comprovando que é empresário regularmente registrado na Junta Comercial. Isso porque, o empresário irregular não pode pleitear a falência de outro empresário (somente é possível requerer a autofalência).
Se o credor for domiciliado no exterior, haverá a necessidade de que preste caução, ofereça garantia – somente assim ele poderá requerer a falência do empresário brasileiro. Isso porque o pedido infundado de falência gera o dever de indenizar. Se há o pedido de falência sem razão, o juiz pode determinar que o sujeito que requereu a falência indenize o empresário. Se o credor é domiciliado no exterior, o seu patrimônio está no exterior, logo, há a necessidade e prestar caução para que seja possível realizar eventual execução. 
RESPOSTA DO DEVEDOR 
Os legitimados podem fazer o pedido da falência. Feito o pedido de falência por quem possui legitimidade para tanto e, presentes os pressupostos da falência, o juiz mandará citar o devedor para que no prazo de 10 dias apresente sua resposta. O pedido de falência não é um pedido complexo, pois a falência é uma ação de execução – o prazo de 10 dias é suficiente para a resposta do devedor.
Uma das maiores polêmicas do direito falimentar diz respeito à contagem do prazo – a lei de falência possui prazos de natureza processo e material. O CPC alterou a contagem dos prazos processuais de dias corridos para dias úteis, todavia, a questão é controvertida. A partir no CPC/15 houve a alteração da natureza dos prazos processuais, que passaram a ser contados em dias úteis. Na lei de falências existem prazos continentes e contidos. Especificamente na recuperação existem prazos que, quando somados, ficam dentro de um prazo maior. Poderia se dizer, em um primeiro momento, que se aplica o critério dos dias úteis aos prazos processuais, todavia, a controvérsia se mantém até mesmo para os processualistas. Alguns indicam que os prazos processuais são aqueles dentro do processo, enquanto outros indicam se soa aqueles que são ligados ao processo. De qualquer forma, se há uma extensão dos prazos processuais, acaba havendo uma desconexão do prazo material. O SJT se manifestou recentemente, mantendo a contagem de todos os prazos em dias corridos. Isso não significa que a questão está superada, mas há uma tendência de que todos os prazos sejam contados de forma corrida, mesmo que sejam processuais.
A resposta do devedor poderá ser uma contestação do pedido, indicando, por exemplo. A ausência de pressupostos da falência ou de legitimidade – nesse caso, busca-se a denegação da falência. Uma segunda atitude que o devedor pode tomar é realizar o deposito do valor do pedido. Se esse depósito for válido, é chamado de depósito elisivo, pois terá o condão de impedir e obstar a falência. O deposito elisivo válido somente possibilita ao juiz que denegue a falência – nesse sentido, proferirá a sentença denegatória da falência, necessariamente. A terceira conduta que o devedor pode tomar é a de realizar o requerimento de recuperação judicial – se o requerimento de recuperação judicial atender a todos os requisitos, o juiz irá deferir a recuperação e denegar a falência. Mais uma conduta do devedor é a de contestar o pedido e realizar do depósito elisivo. Ocorre que, se o depósito elisivo já possui o condão de impedir a decretação da falência, questiona-se o motivo da contestação. Se houve o depósito, então se está assegurando que a dívida existente e se está concordando com o seu valor, então, questiona-se o porquê da contestação. Nesse caso, contesta-se para impugnar o meio: falência não é meio de cobrança de dívida. O sujeito reconhece a dívida, mas contesta o meio e, essa contestação tem a importante função de afastar a sucumbência.
SENTENÇA
Diante da resposta do devedor, o juiz irá proferir a sentença, que pode decretar a falência ou denegar a falência, então, tem-se que a sentença pode ser declaratória da falência ou denegatória da falência. A sentença que decreta a falência é chamada de sentença declaratória da falência, mas ela não é sentença e nem é declaratória – toda sentença declaratória possui um caráter constitutivo, mas, essa sentença é eminentemente constitutiva, tendo em vista que constitui o estado de falência – o empresário deixa de ser empresário para ser falido. Também não é sentença, pois possui natureza de decisão interlocutória, dando início ao processo falimentar – tanto o é que, o recurso cabível da sentença que decreta a falência é o recurso de agravo de instrumento. Já a sentença que denega a falência é terminativa, logo, possui natureza de sentença. O recurso cabível, no caso, é a apelação. Ao denegar a falência o juiz irá verificar se houve dolo do requerente ao solicitar a falência do requerido. O simples pedido de falência é capaz de gerar danos e, havendo dolo manifesto, na própria sentença que denega a falência o juiz pode condenar o requerente a indenizar o requerido – essa é a razão pela qual se exige que o credor domiciliado no exterior apresente caução. Se não houver dolo manifesto, o requerido pode, em ação autônoma, buscar a indenização do requerente. 
TERMO LEGAL
A sentença que decreta a falência irá, dentre outras coisas e, se houver elementos para tanto, fixar o termo legal da falência ou o chamado período suspeito. Se não houver elementos para tanto, a decisão poderá ser tomada posteriormente. O termo legal ou período suspeito é o lapso temporal que tem importância para a ineficácia dos atos praticados pelo falido. Quando o empresário entra em crise, de início tenta buscar dinheiro para saldar as suas dívidas, todavia, quando se percebe a irreversibilidade da crise, é possível que ele busque tirar o dinheiro do negócio, deslocando-o para o seu patrimônio pessoal. Em casos assim, o juiz deverá analisar se houve dolo ou não e, questiona-se como essa análise será feita. Questiona-se se há a necessidade de que o juiz verifique cada ato praticado pelo falido, com o intuito de observar se houve a finalidade de fraudar credores ou não. Os atos praticados por um empresário são diversos, logo, observar ato por ato seria uma tarefa complicada – diantedisso, estabelece-se o chamado termo legal ou período suspeito. Nesse período, todos os atos práticos serão declarados ineficazes e, isso vale desde o primeiro ato do período, alcançando, inclusive, os atos que não foram realizados com a intenção de fraudar credores.
Além da ineficácia global, existe a possibilidade de ineficácia pontual. Dessa forma, o termo legal ou período suspeito da falência é a ineficácia global do art. 129 da Lei de Falências, mas preserva-se ainda a ineficácia pontual do art. 130 da Lei de Falências. 
Retroage-se até o início do momento em que se constata o início de uma prática de atos concentrados indicativos de fraude. Ocorre que o termo legal ou período suspeito não pode retroagir para sempre, logo, entende-se que ele não poderá retroagir por mais de 90 dias anteriores ao primeiro protesto por falta de pagamento ativo. Não é que a retroação se dará até os 90 dias anteriores, todavia, esse é o limite imposto. Se não houver protesto, a retroação não poderá se dar por mais de 90 dias anteriores ao pedido de falência. 
É possível que ocorra a falência do empresário sem que haja o seu pedido nos casos em que o empresário requer a recuperação empresarial e tem a mesma frustrada – nesse caso, ocorre a convolação em falência e, não será possível retroagir o período suspeito por mais de 90 dias anteriores ao requerimento da recuperação. 
LIQUIDAÇÃO
A liquidação é o elemento central da falência, seu núcleo. A falência gira em razão e em função da liquidação, sendo ela o objetivo da falência. A falência é um processo de execução concursal ou execução coletiva, logo, colocam-se todos os credores em um mesmo processo contra um mesmo devedor insolvente. Todos os credores são postos no mesmo processo para que sejam tratados com isonomia. Todo o ativo do falido é vendido para pagar as suas dívidas. Essencialmente, a liquidação é o momento da falência para a realização do ativo para pagamento do passivo. Realizar o ativo é a vender os bens, ceder onerosamente os direitos e perseguir os créditos – busca-se obter do ativo a maior quantidade possível de recursos financeiros para saldar as dívidas, pagar o passivo. Para realizar o ativo, é preciso o conhecer e, para pagar o passivo, também é preciso o conhecer.
Antes de realizar o ativo, é importante o definir. Antes da realização do ativo, portanto, há a etapa de definição do ativo. Decretada a falência, o juiz manda arrecadar todos os bens que estão na posse do falido. O problema é que, quando o juiz manda arrecadar todos os bens que estão na posse do falido, podem ocorrer duas coisas: bens que não são do falido, mas que estão em sua posse serão indevidamente arrecadados e, bens que possuem ao falido, mas não estão em sua posse não serão arrecadados. Diante disso, a administrador judicial irá adotar medidas para que os bens do falido que não foram arrecadados sejam devolvidos à massa falida. Além disso, os terceiros que tiveram seus bens indevidamente arrecadados irão tomar as seguintes medidas: pedido de restituição (art. 85 da Lei de Falências) ou embargos de terceiros (art. 93 da Lei de Falências).
Não há a necessidade de aguardar a definição do ativo para que se busque a definição do ativo. Quando o juiz decreta a falência, ele manda arrecadar todos os bens e documentos do falido, entregando-os ao administrador judicial que, por sua vez, a partir do exame dos documentos, irá realizar uma relação de credores, identificando o credor, indicando o valor do crédito e a sua natureza. Posteriormente, o administrador publicará o primeiro edital de relação de credores. Deste edital, abre-se o prazo de 15 dias para habilitações e divergências. A habilitação é para os credores que não foram incluídos na relação de credores e, divergência é para aqueles incluídos equivocadamente na relação: ou o valor é diverso do devido ou a natureza do crédito é diversa daquela que é adequada. As habilitações e divergências não são direcionadas ao juízo, mas ao administrador judicial, que é quem as julgará. Após julgadas as habilitações e divergências, o administrador publicará uma nova relação de credores atualizada, mediante o segundo edital. Deste segundo edital, abre-se um prazo de 10 dias para as impugnações. As impugnações serão direcionadas ao juiz e serão autuadas em autos apartados de acordo com o objeto impugnado.
Na impugnação, podem ser alegados diversos créditos e, haverá uma fase de dilação probatória – posteriormente, o juiz assistirá a quem assiste a razão (se o crédito deve permanecer, se o quantum deve permanecer e se a natureza deve ser alterada). Posteriormente, é elaborada da relação final de credores e, ocorre sua publicação. Publicada a relação final, está definitivo o passivo. Após a venda de todo o ativo, inicia-se a pagar o passivo. A falência acaba não quando todas as dívidas estiverem pagas, mas sim quando o patrimônio estiver exaurido. O que faltar, constará como pendente na sentença. O falido não perde o status de falido, tendo em vista que somente estará reabilitado com a extinção de todas as obrigações. 
REGIME JURÍDICO OU EFEITOS
REGIME JURÍDICO DO DEVEDOR OU EFEITOS DA FALÊNCIA EM RELAÇÃO AOS DEVEDORES
Os efeitos da falência ocorrem durante o processo falimentar. O primeiro efeito da falência em relação ao devedor é a perda do direito de dispor ou administrar os seus próprios bens. Quando se fala em empresário, há o empresário individual, a sociedade empresária a e a EIRELI. O empresário individual é a pessoa física que exerce atividade empresarial. A sociedade empresária é formada por sócios e a EIRELI possui um único integrante, um único titular. Quando se fala em empresário, fala-se em gênero que comporta três espécies e, quem é empresário não é o sócio, mas a sociedade. Nesse sentido, os efeitos da falência recaem sobre o empresário individual, a sociedade empresária e a EIRELI, mas, também recairão sobre o sócio alcançando pelos efeitos da responsabilidade ilimitada e da desconsideração da personalidade jurídica. O sócio que possui responsabilidade limitada e que não foi alcançado pelos efeitos da desconsideração não sofrerá os efeitos da falência.
O segundo efeito indica que o devedor não poderá se ausentar do local da falência sem autorização judicial. Há ainda o efeito da perda do sigilo de correspondência quanto à atividade. Quanto às questões pessoais, o sigilo é mantido – somente perde-se o sigilo quanto às questões negociais. O quarto efeito da falência em relação ao devedor é que ele não poderá praticar atos da vida civil de caráter exclusivamente patrimonial. O empresário poderá praticar atos de caráter pessoal livremente, bem como atos de caráter pessoal que possua repercussão patrimonial. O que não se pode fazer é praticar atos de caráter exclusivamente patrimonial. A contração de dívidas, por exemplo, não depende de patrimônio, então, a prática de atos de caráter puramente patrimonial não são possíveis. Por outro lado, o falido pode casar, por exemplo e, isso é um ato pessoa que repercute na esfera patrimonial. 
REGIME JURÍDICO DO CREDOR OU EFEITOS DA FALÊNCIA EM RELAÇÃO AOS CREDORES
O primeiro efeito é a formação da massa falida subjetiva. A massa falida pode ser objetiva ou subjetiva. A massa falida objetiva é o conjunto de bens do falido e, massa falida subjetiva é o conjunto de credores do falido. O segundo efeito da falência em relação aos credores é a suspensão das ações individuais que correm contra o falido – as ações são atraídas pelo juízo falimentar universal, logo, haverá a suspensão do curso das ações. O terceiro efeito em relação aos credores é a antecipação do vencimento das obrigações. A falência é um processo de execução concursal e, todos os credores estão no mesmo processo contrato o mesmo devedor. Para que os credores possam participar do processo, seus créditos precisam estar vencidos, então a decretação da falência gera a antecipação da data do vencimento de todas as obrigações do falido. O quarto efeito da falência em relação aos credores é a suspensão dafluência de juros. Só correm juros até a decretação da falência. Essa lógica não se aplica à correção monetária, que é a preservação do valor, e pode incidir mesmo após a decretação da falência. Um outro efeito da falência diz respeito à classificação dos créditos.
CLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS
Em primeiro lugar na classificação dos créditos estão os créditos compensáveis – então, os bancos figuram como os primeiros credores. O art. 122 da Lei de Falências permite que sejam compensados os créditos com os débitos e, o credor somente se habilita em relação ao montante que sobra. O segundo lugar na classificação dos créditos é ocupado pelos créditos trabalhistas especiais (art. 151 da Lei de Falências). Os créditos trabalhistas especiais estão limitados a cinco salários mínimos por credor e são aqueles de natureza estritamente salarial e vencidos nos três meses que antecedem a decretação da falência. Em terceiro lugar na classificação dos créditos há os pedidos de restituição (art. 85 da Lei de Falências). Em quarto lugar, há os créditos extraconcursais. Extraconcursais são os créditos que servem à preservação e manutenção da falência.
No quinto lugar estão os créditos concursais – a falência existe em razão e em função dos créditos concursais. Existem uma classificação dos créditos concursais. Em primeiro lugar estão os créditos trabalhistas limitados à cento e cinquenta salários mínimos por credor e os créditos acidentários. Os créditos acidentários não possuem limitação – a limitação se aplica apenas aos créditos trabalhistas. O excedente de cento e cinquenta salários mínimos será tido como crédito quirografário, figurando no sexto lugar da ordem de classificação dos créditos. Em segundo lugar há os créditos com direito real em garantia até o limite de valor do bem gravado. O que exceder o valor do bem gravado será tido como crédito quirografário. Em terceiro lugar há os créditos tributários, excetuando-se as multas tributárias. Todas as multas, inclusive tributárias, estão em sétima colocação. Em quarto e quinto lugar há os créditos privilegiados – em quarto lugar está o crédito privilegiado especial (art. 964, CC) e, em quinto, os que possuem privilégio geral (art. 965, CC). O credor privilegiado é aquele definido em lei como tal. A maioria das previsões estão no Código Civil, mas existem outros privilegiados espalhados pelo ordenamento jurídico. Em sexto lugar estão os credores quirografários, que são aqueles que não possuem garantia e nem privilégio. O sétimo lugar é ocupado pelas multas. Em oitavo e último lugar estão os créditos subordinados. Subordinados são os atos definidos em lei ou contrato como tal. Dentre os subordinados, estão os créditos dos sócios. 
 
	1

Continue navegando