Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
SOCIEDADE, CULTURA E CIDADANIA Pablo Rodrigo Bes Sexualidade e comportamento Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer a sexualidade como parte do ciclo vital dos indivíduos em sua experiência de socialização. Identificar os riscos e consequências do comportamento sexual dos indivíduos e a importância de uma educação para a sexualidade. Construir iniciativas educacionais que visem a transformações sociais e comportamentais frente à discriminação e ao preconceito em relação à diversidade sexual. Introdução A sexualidade está presente na vida das pessoas desde o seu nascimento, uma vez que as constitui e caracteriza como seres humanos, se reconfigu- rando a cada fase do ciclo de vida. A escola, hoje, é o local onde os mais variados aspectos da diversidade se encontram. Dessa forma, é necessário discutir tópicos que envolvam a sexualidade na sala de aula. Essa é uma forma de lidar com a presença, a defesa e a proteção de alunos com identidades diferentes das heteronormativas. Além disso, os níveis de educação sexual dos estudantes ao entrar na adolescência mostram-se muito desiguais, causando grandes riscos, como a gravidez precoce, não planejada, e a aquisição de doenças venéreas sexualmente transmissíveis. Neste capítulo, você vai ver como a sexualidade está ligada ao ciclo de vida e ao desenvolvimento pessoal e social. Também vai verificar os riscos e consequências para os indivíduos quando não existe uma educação para a sexualidade. Além disso, você vai conhecer algumas iniciativas educacionais que objetivam transformações sociais e comportamentais no que tange ao preconceito e à discriminação em relação à diversidade sexual. A sexualidade no ciclo de vida Todos, homens e mulheres, nascem com seu sexo, o que é biológico. O sexo os defi ne e classifi ca a partir de características fi siológicas e fenotípicas aparentes no corpo. Porém, a sexualidade é um conceito diferente, que vai sendo desenvolvido ao longo de toda a vida, desde a infância. Portanto, não é algo natural, e sim fruto de uma produção social: “A sexualidade não é apenas uma questão pessoal, mas é social e política [...] a sexualidade é ‘aprendida’, ou melhor, é construída, ao longo de toda a vida, de muitos modos, por todos os sujeitos” (LOURO, 2000, p. 5). Entender o conceito de sexualidade é o primeiro passo para perceber que o mundo estabeleceu padrões e papéis sociais para homens e mulheres devido ao seu sexo, priorizando, nesse caso, as relações heterossexuais como norma. Isso fez com que, ao longo dos últimos séculos, falar sobre sexo ou sexualidade se tornasse um grande tabu, fato que não impediu que a sociedade se esforçasse por regular, controlar, manipular e conter todo e qualquer comportamento sexual desviante do padrão socialmente aceito. Bee e Boyd (2011, p. 279) esclarecem que “Geralmente, sexo é reservado para os aspectos biológicos de masculinidade e feminilidade. Em contraste, gênero se refere aos aspectos psicológicos e sociais de masculinidade e feminilidade”. Foucault (2011, p. 34), ao analisar a história da sexualidade humana, ar- gumenta que nos colégios do século XVIII: [...] o espaço da sala, a forma das mesas, o arranjo dos pátios do recreio, a distribuição dos dormitórios (com ou sem separação, com ou sem cortina), os regulamentos elaborados para a vigilância do recolhimento e do sono, tudo fala da maneira mais prolixa da sexualidade das crianças. O autor destaca que já no século XVIII era perceptível que a sexualidade entre as crianças era ativa e se manifestava, devendo ser controlada e vista como um problema público. Esse problema foi reforçado pelas questões religiosas e jurídicas, que classificam e tratam os temas da sexualidade sob a lógica do pecado e da perversão e do lícito e ilícito, noções ainda muito presentes na sociedade contemporânea. Mas o fato é que, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais: Orientação Sexual (BRASIL, 1997, p. 291), “[...] as manifestações da sexualidade afloram em todas as faixas etárias. Ignorar, ocultar ou reprimir são respostas habituais dadas por profissionais da escola, baseados na ideia de que a sexualidade é assunto para ser lidado apenas pela família”. Sexualidade e comportamento2 A ênfase aqui é o fato de a sexualidade se encontrar manifesta desde a infân- cia, bem como o fato de que o sistema educacional brasileiro deve contribuir com sua parcela de responsabilidade para que exista de fato uma educação sexual das crianças e adolescentes. Tal educação deve promover conhecimentos sobre os cuidados dos alunos consigo mesmos e desenvolver o respeito pela diversidade. Sexualidade, educação sexual e diversidade sexual se referem à liberdade e ao amor. A sexualidade dos indivíduos começa desde os primeiros dias de vida, por meio dos contatos com a mãe e das primeiras sensações de prazer (ao mamar, por exemplo). Dessa forma, “[...] assim como a inteligência, a sexualidade será construída a partir das possibilidades individuais e de sua interação com o meio e a cultura” (BRASIL, 1997, p. 296). Você também deve notar que a sexualidade, por se tratar de uma produção social e cultural, está associada ao universo das interações que o indivíduo vivencia durante as etapas de sua vida. Veja: Os adultos reagem, de uma forma ou de outra, aos primeiros movimentos exploratórios que a criança faz na região genital e aos jogos sexuais com outras crianças. As crianças recebem então, desde muito cedo, uma qualificação ou “julgamento” do mundo adulto em que estão imersas, permeado de valores e crenças atribuídos à sua busca de prazer, os quais estarão presentes na sua vida psíquica (BRASIL, 1997, p. 296). No início do século XX, o psicanalista Sigmund Freud desenvolveu uma teoria que afirma que todos os seres humanos possuem uma libido, uma pulsão sexual básica que se manifesta desde a infância. Segundo Bee e Boyd (2011, p. 36): [...] em um recém-nascido, a boca é a parte mais sensível do corpo, portanto a energia libidinal é focalizada lá. O estágio é chamado de estágio oral. À medida que o desenvolvimento neurológico progride, o bebê tem mais sensação no ânus (daí o estágio anal) e posteriormente nos órgãos genitais (estágio fálico e, eventualmente, o genital). As teorias de Freud costumam ser estudadas por se referirem às crianças pequenas e romperem com a ideia naturalizada de que elas estariam comple- 3Sexualidade e comportamento tamente alheias a qualquer manifestação de ordem sexual. O interessante é que o autor não se utiliza de marcadores de sexo para suas formulações do que viria a ser a libido do homem ou da mulher, especificamente. Paniagua e Palacios (2008), ao referirem-se aos aspectos da sexualidade presentes na rotina das escolas infantis, comentam que deve ser valorizada a convivência entre ambos os sexos na educação infantil. Além disso, devem ser abertas possibilidades que permitam quebrar as normas sexistas construídas para o brincar, por exemplo, pois se constituíram brincadeiras “de menina” ou “de menino” no interior da escola. Em relação às condutas sexistas, porém, os autores advertem que “[...] pode acontecer que os pais e as mães das crianças da classe tenham comportamentos estereotipados e sexistas, e por isso seria igualmente negativo fazer uma crítica direta sobre a conduta e o modo de vida de seus pais” (PANIAGUA; PALACIOS, 2011, p. 90). A intervenção nesses aspectos da sexualidade na educação infantil deve ser sutil e constante, já que são aspectos da constituição da cultura das famílias. Como você sabe, ainda existem muitos marcadores sexistas na escola. É o caso da utilização de cores associadas aos meninos e às meninas e da proposição de brincadeiras e brinquedos mais ou menos apropriados de acordo com o sexo biológico. Isso deve ser problematizado, uma vez que produz ações pre- conceituosas em relação àqueles que não se adequam a tais comportamentos. Umexemplo disso é o das meninas que gostam de jogar futebol e que, além disso, possuem habilidade nesse esporte. Essas meninas podem sofrer preconceitos e bullying de seus colegas, meninos e meninas, quando não existe a intervenção dos professores em relação à questão. Nos playgrounds da educação infantil, normalmente ocorre a divisão dos espaços: os meninos ficam associados com os brinquedos mais movimentados e dinâmicos, enquanto as meninas condicionam-se à casinha e seus acessórios (pias, fogões, geladeira e panelinhas), como se ambos, meninas e meninos, não pudessem vivenciar as mesmas experiências. É na puberdade que as maiores transformações hormonais e físicas ocorrem no corpo e colocam em xeque a sexualidade de meninos e meninas devido às grandes diferenças entre eles. Bee e Boyd (2011, p. 125) alertam que: [...] a maioria das meninas adquire um tipo físico endomórfico ou um pouco flácido, culturalmente indesejável, como resultado da puberdade. Portanto, meninas de desenvolvimento precoce devem ter mais problemas de ajusta- mento do que meninas de desenvolvimento médio ou tardio. Similarmente, a puberdade proporciona à maioria dos meninos um tipo físico mesomórfico, ou magro e muscular, culturalmente admirado. Sexualidade e comportamento4 As diferenças na constituição física adquirida na puberdade podem causar desconforto e diminuir a autoestima. Também podem ocasionar estágios de depressão entre os adolescentes, que, em alguns casos, não sabendo lidar com seus hormônios em expansão, manifestam atitudes agressivas, explosivas e mesmo violentas no interior das escolas que frequentam. A educação sexual na escola pode contribuir também para amenizar tais circunstâncias e promover melhor aceitação de si e dos outros colegas de classe nessa fase da vida. A adolescência na contemporaneidade: [...] é a fase de novas descobertas e novas experimentações, podendo ocorrer as explorações da atração e das fantasias sexuais com pessoas do mesmo sexo e do outro sexo. A experimentação dos vínculos tem relação com a rapidez e a intensidade da formação e da separação de pares amorosos entre os adolescentes (BRASIL, 1997, p. 296). A educação sexual deve procurar entender as particularidades de cada fase da vida dos alunos, respeitando sua constituição e a identidade de gênero que tenham assumido para si. Essas ideias, porém, chocam-se com os modelos historicamente construídos e aceitos como normais, que você viu anterior- mente. Dessa forma, segundo César (2009, p. 49), é necessário desestabilizar o conhecimento existente, propondo o entendimento de que “[...] sexualidade, educação sexual e diversidade sexual se referem a práticas de liberdade, na medida em que os limites de nosso pensamento deverão ser transcendidos em nome de outras possibilidades tanto de conhecer como de amar”. Como você pode perceber, para trabalhar com as temáticas da educação sexual, você precisa revisitar seus próprios conceitos sobre os temas, visando a ampliar o seu olhar sobre eles e, em alguns casos, até mesmo trabalhar com algum tipo de preconceito que possa constituí-lo. Você já ouviu falar na teoria queer? Ela originou-se de um movimento social de positivação do termo queer, que significava, em língua inglesa, um insulto utilizado para ofender a comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais ou transgêneros). O termo pode ser traduzido como “estranho” ou “bizarro”. A teoria queer se refere a pessoas que não aderem em sua vida à divisão binária (masculino/feminino) tradicional de gêneros. 5Sexualidade e comportamento Educação para a sexualidade: minimizando riscos O mundo tem vivenciado profundas transformações, muitas delas relaciona- das à luta por direitos de grupos minoritários em defesa de suas identidades culturais. Esses movimentos, iniciados na década de 1960 — com as primeiras manifestações do movimento negro norte-americano, do movimento feminista, dos hippies, do rock’n’roll, entre outros —, produziram uma contracultura que se opôs ao modelo cristalizado de indivíduo padronizado, socialmente aceito ou inserido dentro da norma social vista como adequada. Eles abriram espaço para que pessoas com identidades diversas do modelo imposto pela heteronormatividade tivessem vez e voz. A heteronormatividade, segundo o filósofo Michel Foucault (2011), refere-se justamente à hegemonia do modelo heterossexual como o único aceito e visto como moralmente correto pela sociedade. Tal modelo produziu na cultura uma série de visões distorcidas, preconceituosas, discriminatórias e homofóbicas contra aqueles que se desviam da norma estabelecida. Como exemplo, você pode considerar os homens gays, as mulheres lésbicas, os transexuais, os travestis, etc. O fato é que esse mal-estar ocasionado pela afirmação das identidades culturais diversas, conhecidas também como identidades de gênero, faz com que seja colocada em segundo plano a importância de se trabalhar com a educação para a sexualidade, tema tão importante para o Brasil. Entre outras razões, a educação para a sexualidade é importante para que as crianças e adolescentes aprendam a se cuidar e a se proteger. Para reforçar a importância da educação sexual nas escolas, a título de esclarecimento e orientação dos jovens, basta acompanhar os dados brasi- leiros produzidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) (2017). Eles apontam que “[...] um em cada cinco bebês que nascem no Brasil é filho de mãe adolescente. Entre estas, de cada cinco, três não trabalham nem estudam; sete em cada dez são afrodescendentes e aproximadamente a metade mora na região Nordeste”. Ou seja, o Brasil tem hoje a sétima maior taxa de gravidez na adolescência da América do Sul. Percebe-se pela pesquisa que a taxa se intensifica junto às comunidades mais pobres, onde normalmente se associa a menores taxas de educação escolar. Fica o questionamento: trabalhar com a educação para a sexualidade poderia ajudar a reverter esse quadro? Veja, no Quadro 1, algumas taxas de gravidez na adolescência de outros países ao redor do mundo. Essa taxa é calculada a partir da incidência de mães gestantes entre 15 e 19 anos de idade para cada mil meninas do país. Sexualidade e comportamento6 Fonte: Adaptado de ONU (2017). País Taxa Venezuela 95 Bolívia 88 Guiana Francesa 87 Colômbia 84 Guiana 74 Argentina 68 Brasil 65 Peru 65 Suriname 65 Uruguai 64 Paraguai 63 Chile 52 Quadro 1. Taxas de gravidez na adolescência em países da América do Sul A gravidez na adolescência tem impactos relevantes na educação, pois mantém um ciclo vicioso de fracasso e evasão escolar, especialmente para as meninas. Uma pesquisa sobre evasão escolar realizada em 2016 pelo Ministério da Educação em parceria com a Organização dos Estados Ibero Americanos (OEI) e a Faculdade Latino-Americana de Ciências (Flacso) identificou que 18,1% das meninas que pararam de estudar indicaram a gravidez como prin- cipal motivo. Entre os meninos, apenas 1,3% interromperam os estudos pela mesma razão (ZINET, 2016). Além de passarem pelo período de gestação, as meninas — especialmente as mais pobres — não têm com quem deixar os filhos nos primeiros anos de vida para dar seguimento aos estudos. Isso se deve à falta de creches tanto nas escolas que poderiam ser frequentadas pelas alunas-mães quanto nas proximidades das escolas. Para ampliar ainda mais a análise, observe, no Quadro 2, as taxas de gravidez na adolescência em outros países em desenvolvimento ou desenvolvidos. 7Sexualidade e comportamento Fonte: Adaptado de ONU (2017). País Taxa França 6 Alemanha 8 Índia 28 Rússia 27 Quadro 2. Taxas de gravidez na adolescência em países desenvolvidos e em desenvol- vimento Como você pode perceber a partir das diferentes taxas de gravidez na adolescência entre meninas de 15 a 19 anos de idade, faz-se necessário desenvolver uma educação que se volte para apoiar essas crianças e ado- lescentes. Elas devem aprender a lidar com as significativasmudanças hormonais e físicas que vivenciam ao entrar na puberdade e na adolescência. Bee e Boyd (2011) comentam que os adolescentes têm apresentado seu amadurecimento sexual mais precocemente, em torno dos 12 a 13 anos de idade, o que pode produzir prejuízos à autoimagem tanto de meninos quanto de meninas pelas transformações percebidas em seus corpos nessa fase de seu desenvolvimento. As autoras, referindo-se a dados de sua pesquisa nos Estados Unidos, acrescentam que: [...] para alguns adolescentes, ser ‘sexualmente ativo’ constitui um único ato de intercurso sexual em algum momento durante os anos do ensino médio. Entretanto, muitos outros têm múltiplos parceiros e frequentemente praticam sexo sem proteção (BEE; BOYD, 2011, p. 126). No Brasil, não é diferente: muitos adolescentes começam sua vida sexual de maneira muito precoce e sem fazer uso de proteção em suas relações sexuais, o que faz com que o risco de contraírem doenças sexualmente transmissíveis seja reforçado. As doenças sexualmente transmissíveis mais comuns estão listadas no Quadro 3, a seguir. Sexualidade e comportamento8 Fonte: Adaptado de Bee e Boyd (2011). Doença Sintomas Tratamento Consequências a longo prazo Clamídia Micção dolorosa e desconforto abdominal; um terço não tem sintomas Antibióticos Doença inflamatória pélvica e esterilidade HPV (verrugas genitais) Proliferações indolores nos órgãos genitais e/ou no ânus Remoção das verrugas; sem cura conhecida Risco aumentado de câncer cervical Herpes genital Bolhas dolorosas nos órgãos genitais Sem cura conhecida; pode ser controlada com vários medicamentos Risco de transmissão a terceiros e a bebê durante o parto Gonorreia Corrimento e micção dolorosa Antibióticos Doença inflamatória pélvica Sífilis Feridas na boca e nos órgãos genitais Antibióticos Paralisia, dano cerebral e morte HIV/AIDS Fadiga, febre, infecções frequentes Drogas antirretrovirais Infecções crônicas e morte Quadro 3. Doenças sexualmente transmissíveis No Brasil, segundo o Boletim Epidemiológico de HIV 2018 (BRASIL, 2018), do Ministério da Saúde, o número de casos de AIDS entre jovens de 15 a 24 anos têm crescido desde 2008. As taxa de detecção de casos de AIDS entre jovens do sexo masculino nessa faixa etária mais do que dobraram em uma década: passaram de três para sete casos por 100 mil habitantes de 15 a 19 anos, e de 15,6 para 36,2 casos por 100 mil habitantes de 20 a 24 anos. Entre mulheres, as taxas têm mostrado uma tendência de queda em quase todas as faixas etárias. Esses dados demonstram que os homens adolescentes se protegem menos nas suas relações sexuais se comparados às mulheres, o que deve ser problematizado para que a situação se reverta. 9Sexualidade e comportamento AIDS é a sigla correspondente à síndrome da imunodeficiência adquirida. É um conjunto de sintomas ligados à perda das defesas do organismo. A AIDS é causada pelo vírus chamado HIV (vírus da imunodeficiência humana), que ataca os mecanismos de defesa do corpo humano. O HIV pode ser transmitido por meio da entrada, na corrente sanguínea, de fluidos sexuais, sangue ou leite materno contaminados. Você deve lembrar-se de que “[...] a educação em sexualidade pode ser entendida como toda e qualquer experiência de socialização vivida pelo indivíduo ao longo de seu ciclo vital que lhe permita posicionar-se na esfera social da sexualidade” (UNESCO, 2014, p. 11). Todos os grupos sociais aos quais as pessoas pertencem desde a mais tenra infância vão educando-as, estabelecendo regras e condutas associadas ao seu compor- tamento sexual. A escola também é uma das instituições importantes que procuram realizar essa educação. A educação em sexualidade está presente em todos os espaços de socializa- ção — família, escola, igreja, pares, trabalho, mídia —, mas ocorre de forma pulverizada, fragmentada e desassociada de um plano de sociedade inclusiva baseada nos direitos humanos. Portanto, torna-se relevante a atuação do sistema educacional na tarefa de reunir, organizar, sistematizar e ministrar essa dimensão da formação humana (UNESCO, 2014, p. 11). Como você pode perceber, é imprescindível que o sistema educacional atue para que a educação em sexualidade ocorra no Brasil e acompanhe a tendência internacional de luta pelos direitos humanos de todos aqueles que vivem em sociedade, independentemente do gênero ou da orientação sexual com que se identifiquem. Outros dados alarmantes que evidenciam a importância e a necessidade urgente de que sejam trabalhadas as temáticas da educação sexual e do res- peito à diversidade dizem respeito às práticas homofóbicas. A homofobia se caracteriza por ações violentas que manifestam rejeição irracional ou ódio em relação aos homossexuais. Tais ações ocorrem de forma arbitrária e procuram qualificar o outro como contrário, inferior ou anormal. Sanches, Contarato e Azevedo (2018) realizaram uma pesquisa por meio do canal Disque 100, do Ministério dos Direitos Humanos, chegando às conclusões mostradas na Figura 1, a seguir. Sexualidade e comportamento10 Figura 1. Série temporal de denúncias entre os anos de 2011 e 2017 no Brasil. Fonte: Sanches, Contarato e Azevedo (2018). O gráfi co da Figura 1 demonstra que houve uma queda no número de denúncias no período de 2012 a 2014, porém com nova elevação a partir de 2015. Segundo Sanches, Contarato e Azevedo (2018, documento on-line), “[...] nota-se que entre os anos de 2012 a 2014 há uma sensível queda no número das denúncias, o que pode estar vinculado com o crescimento de campanhas contra o preconceito, a homofobia e o discurso de ódio”. Já em 2017, foram denunciadas no Disque 100 as violações dos direitos humanos listadas no Quadro 4. Tipo Número de denúncias Violência psicológica 917 Discriminação 837 Violência física 545 Violência institucional 168 Negligência 80 Abuso financeiro e econômico/violência patrimonial 31 Quadro 4. Tipos de violações denunciadas no ano de 2017 no Brasil (Continua) 11Sexualidade e comportamento Como você pode perceber nos dados analisados, o alto risco, o custo e os prejuízos da falta de educação sexual e para a diversidade são muito grandes. Tais problemas são especialmente prejudiciais para os adolescentes que iniciam sua vida sexual desinformados, inseguros e despreparados para tomar decisões assertivas em relação à sua própria sexualidade. A violência homofóbica, por sua vez, manifesta a intolerância e o despreparo cultural da sociedade brasileira para lidar com a diversidade e com a promoção dos direitos humanos, tão importantes para a construção de um país melhor. Para aprofundar seus conhecimentos sobre a história da educação sexual no Brasil e no mundo, leia o O corpo educado: pedagogias da sexualidade (LOURO, 2000). Essa obra reúne artigos de importantes autores da área, como: Jeffrey Weeks, Deborah Britzman, Bell Hooks, Richard Parker e Judith Butler. Combate ao preconceito e à discriminação da diversidade sexual na escola A escola recebe alunos diferentes nos mais variados aspectos, que se relacionam a questões étnico-raciais, religiosas, de identidade de gênero, entre outras. Tais questões devem ser abordadas na sala de aula e a escola precisa propor uma postura de paz, respeito e esclarecimento acerca da diversidade humana. A postura adequada dos profi ssionais da educação em relação a esses temas (que podem causar preconceitos, discriminações, bullying e atitudes homofóbicas) Fonte: Adaptado de Sanches, Contarato e Azevedo (2018). Tipo Número de denúncias Violência sexual 23 Outras violações/outros assuntos relacionados a direitos humanos 7 Quadro 4. Tipos de violações denunciadas no ano de 2017 no Brasil (Continuação) Sexualidade e comportamento12 é imprescindível para que se eduque a respeito deles. Você deve entender “[...] que resultados importantes são obtidos sempre que as atividades com a temática da sexualidade forem associadas a alguma disciplinacurricular ou por meio de um projeto específi co” (UNESCO, 2014, p. 16). Uma iniciativa interessante proposta pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), para ser utilizada nas escolas visando a combater o preconceito e a discriminação da diversidade sexual, se encontra nas Orientações Técnicas de Educação em Sexualidade para o Cenário Brasileiro, escritas em 2014. Tais orientações têm o objetivo de “[...] fomentar o acesso a ferramentas e conteúdos que podem promover a construção de currículos inclusivos e que tratem da realidade de crianças, adolescentes e jovens” (UNESCO, 2014, p. 7). As Orientações propõem os conceitos-chave e tópicos de aprendizagem listados no Quadro 5, a seguir. Conceitos -chave Tópicos de aprendizagem Relacionamentos Famílias Amizade, amor e relacionamentos Respeito, tolerância e solidariedade Namoro, casamento, união estável, filhos e relacionamentos eventuais Valores, atitudes e habilidades Valores, atitudes e referências de aprendizado em sexualidade Normas e influência dos pares sobre o comportamento sexual Tomada de decisões Habilidades de comunicação, recusa e negociação Encontrar ajuda, apoio e orientação Cultura, sociedade e direitos humanos Sexualidade, cultura e direitos humanos Sexualidade e mídia A construção social do gênero Violência de gênero, abuso sexual e práticas prejudiciais Desenvolvimento humano Anatomia e fisiologia sexual e reprodutiva Reprodução Puberdade Imagem corporal Privacidade e integridade corporal Quadro 5. Conceitos-chave e tópicos de aprendizagem (Continua) 13Sexualidade e comportamento Essa proposta da UNESCO procura abordar todos os possíveis assuntos que envolvem as temáticas da sexualidade e que, caso sejam trabalhados no interior da escola, podem contribuir para a construção de uma sociedade mais inclusiva e respeitosa frente às identidades culturais diversas. O documento preocupa-se em propor, ao mesmo tempo, uma análise das faixas etárias e o ajuste das atividades a serem desenvolvidas nos tópicos de aprendizagem para essas respectivas faixas, conforme esta divisão: nível I (5 a 8 anos), nível II (9 a 12 anos), nível III (12 a 15 anos) e nível IV (15 a 18 anos). Outra iniciativa que merece destaque é a campanha do Ministério da Saúde, lançada em 2004, chamada Brasil sem Homofobia, proposta como um “Programa de Combate à Violência e à Discriminação contra GLTB (Gays, Lésbicas, Transgêneros e Bissexuais) e de Promoção da Cidadania de Homossexuais” (BRASIL, 2004, p. 7). O programa foi desenvolvido em uma parceria entre o Governo Federal e a sociedade civil organizada, possuindo como princípios: A inclusão da perspectiva da não discriminação por orientação sexual e de promoção dos direitos humanos de gays, lésbicas, transgêneros e bissexuais, nas políticas públicas e estratégias do Governo Federal, a serem implantadas (parcial ou integralmente) por seus diferentes Ministérios e Secretarias. A produção de conhecimento para subsidiar a elaboração, implantação e avaliação das políticas públicas voltadas para o combate à violência e à discriminação por orientação sexual, garantindo que o Governo Brasileiro inclua o recorte de orientação sexual e o segmento GLTB em pesquisas na- cionais a serem realizadas por instâncias governamentais da administração pública direta e indireta. (Continuação) Fonte: Adaptado de Unesco (2014). Conceitos- chave Tópicos de aprendizagem Comportamento sexual Sexo, sexualidade e o ciclo de vida sexual Comportamento sexual Saúde sexual e reprodutiva Saúde reprodutiva Entender, reconhecer e reduzir o risco de DSTs, inclusive o HIV Estigma, tratamento, assistência e apoio às pessoas vivendo com HIV e AIDS Quadro 5. Conceitos-chave e tópicos de aprendizagem Sexualidade e comportamento14 A reafirmação de que a defesa, a garantia e a promoção dos direitos huma- nos incluem o combate a todas as formas de discriminação e de violência e que, portanto, o combate à homofobia e a promoção dos direitos humanos de homossexuais é um compromisso do Estado e de toda a sociedade brasileira (BRASIL, 2004, p. 12). A intenção do programa Brasil sem Homofobia foi propor políticas públi- cas de forma interministerial, procurando a promoção dos direitos humanos e o combate à homofobia. Cabe aos profissionais da educação conhecer os termos comumente utilizados para nomear os indivíduos de acordo com sua identidade ou orientação sexual, como você pode ver no Quadro 6, a seguir. Sexo A palavra “sexo” é usada em dois sentidos diferentes: um refere-se ao gênero e define como a pessoa é, ao ser considerada do sexo masculino ou feminino; e o outro se refere à parte física da relação sexual. Sexualidade A sexualidade transcende os limites do ato sexual e inclui sentimentos, fantasias, desejos, sensações e interpretações. Identidade sexual A identidade sexual é o conjunto de características sexuais que diferenciam cada pessoa das demais e que se expressam pelas preferências sexuais, sentimentos ou atitudes em relação ao sexo. A identidade sexual é o sentimento de masculinidade ou feminilidade que acompanha a pessoa ao longo da vida. Nem sempre está de acordo com o sexo biológico ou com a genitália da pessoa. Orientação sexual A orientação sexual é a atração afetiva e/ou sexual que uma pessoa sente pela outra. A orientação sexual existe num continuum que varia desde a homossexualidade exclusiva até a heterossexualidade exclusiva, passando pelas diversas formas de bissexualidade. Embora as pessoas tenham a possibilidade de escolher se vão demonstrar ou não os seus sentimentos, os psicólogos não consideram que a orientação sexual seja uma opção consciente que possa ser modificada por um ato da vontade. Quadro 6. Termos frequentemente utilizados na educação sexual (Continua) 15Sexualidade e comportamento No Quadro 7, a seguir, você pode ver como a homossexualidade é classi- ficada de acordo com padrões de conduta ou identidade sexual. Fonte: Adaptado de Brasil (2004). Gays São indivíduos que, além de se relacionarem afetiva e sexualmente com pessoas do mesmo sexo, têm um estilo de vida de acordo com essa sua preferência, vivendo abertamente sua sexualidade. Bissexuais São indivíduos que se relacionam sexual e/ou afetivamente com qualquer dos sexos. Alguns assumem as facetas de sua sexualidade abertamente, enquanto outros vivem sua conduta sexual de forma fechada. Lésbicas Terminologia utilizada para designar a homossexualidade feminina. Transgêneros Terminologia que engloba tanto as travestis quanto as transexuais. É um homem no sentido fisiológico, mas se relaciona com o mundo como mulher. Transexuais São pessoas que não aceitam o sexo que ostentam anatomi- camente. Sendo o fato psicológico predominante na transexu- alidade, o indivíduo identifica-se com o sexo oposto, embora dotado de genitália externa e interna de um único sexo. Quadro 7. Classificação de homossexualidade segundo padrão de conduta e/ou identi- dade sexual (Continuação) Fonte: Adaptado de Brasil (2004). Homossexualidade A homossexualidade é a atração afetiva e sexual por uma pessoa do mesmo sexo. Da mesma forma que a heterossexualidade (atração por uma pessoa do sexo oposto) não tem explicação, a homossexualidade também não tem. Ela depende da orientação sexual de cada pessoa. Por esse motivo, a Classificação Internacional de Doenças (CID) não inclui a homossexualidade como doença desde 1993. Quadro 6. Termos frequentemente utilizados na educação sexual Sexualidade e comportamento16 Uma organização que trabalha desde 2008 promovendo as temáticas da educação sexual no Brasil e em vários outros países, sendo inclusive premiada nessa atividade, é o Instituto Cores (Centro de Orientação em Educação e Saúde). Essa organização socioeducativa sem fins lucrativos tem como objetivos principais: [...] promover a Educação Sexualem diferentes setores sociais contribuindo para a formação de professores, educadores e agentes educacionais em uma perspectiva emancipatória, pautada em informações agregadas a valores éticos tais como o respeito à diversidade, a solidariedade, a responsabilidade e a defesa dos direitos das crianças e adolescentes (INSTITUTO CORES, 2018, documento on-line). No portal do Instituto Cores estão disponibilizados cursos para a formação de professores, educadores, psicólogos, assistentes sociais, profissionais de saúde entre outros, nas seguintes temáticas: 1 – Metodologias de Educação Sexual em sala de aula 2 – Pipo e Fifi — conversando com a criança sobre violência sexual 3 – Sexualidade Humana e Educação Sexual para profissionais de educação e saúde 4 – Educação Sexual no âmbito familiar 5 – Metodologias, currículo e programas de Educação Sexual 6 – Oficinas de Educação Sexual — jogos e planos de aula 7 – Confecção de materiais de comunicação em Educação Sexual (INSTITUTO CORES, 2018, documento on-line) O livro infantil chamado Pipo e Fifi: Prevenção de violência sexual na infância, escrito por Carolina Arcari (pedagoga e especialista em educação sexual, diretora-fundadora do Instituto Cores) e ilustrado por Isabela Santos, recebeu vários prêmios nacionais e internacionais. A obra se destaca pela sua criatividade em ensinar conceitos básicos sobre o corpo, os sentimentos, a convivência e as trocas afetivas para crianças acima de 3 anos. De forma simples, o livro ensina a diferenciar toques de amor de toques abusivos, apon- tando caminhos para o diálogo e para a proteção das crianças. 17Sexualidade e comportamento Existem algumas literaturas infantis que são indicadas pelo Instituto Cores e por outros especialistas em educação sexual e que podem facilitar muito a aprendizagem dessas temáticas em sala de aula. Veja alguns exemplos: Ceci tem pipi?, de Thierry Lenain Mamãe botou um ovo!, de Babette Cole Sexo não é bicho-papão!, de Marcos Ribeiro Mamãe, como eu nasci?, de Marcos Ribeiro Menino brinca de boneca?, de Marcos Ribeiro Como você pode perceber, existem várias iniciativas no Brasil para que a educação sexual seja sistematizada e faça parte da escola. Porém, persistem muitos entraves para que ela se efetive plenamente, devido ao grande número de pessoas que ainda aderem aos conceitos cristalizados e normalizados que se referem ao gênero e à sexualidade. Para que a so- ciedade consiga de fato respeitar a diversidade e consolidar a inclusão de todos na perspectiva dos direitos humanos, as escolas precisam se engajar nessa tarefa. Dentro da escola existem muitas ações que reforçam as questões de gênero hetero- normativas e às quais os professores devem ficar atentos. Por exemplo, ao designar brincadeiras e jogos mais apropriados para meninos ou meninas, sem deixar a possi- bilidade de escolha prévia para os alunos, o professor está expressando e educando sobre as questões relacionadas ao gênero, aos papéis do homem e da mulher, não é mesmo? Ao cobrar posturas mais sensíveis das meninas e mais duras e insensíveis dos meninos, os professores também estão estabelecendo diferenciações que foram cristalizadas com o passar dos tempos sobre as características masculinas e femininas socialmente aceitas e normalizadas. Sexualidade e comportamento18 BEE, H.; BOYD, D. A criança em desenvolvimento. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros curriculares nacionais: plu- ralidade cultural, orientação sexual. Brasília: MEC, 1997. Disponível em: <http://portal. mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro101.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Combate à Discriminação. Brasil sem homofobia: programa de combate à violência e à discriminação contra GLTB e promoção da cidadania homossexual. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. Disponível em: <http:// bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/brasil_sem_homofobia.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/ Aids e das Hepatites Virais. HIV/Aids 2018. Boletim Epidemiológico, v. 49, n. 53, 2018. Disponível em: <http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2018/boletim-epidemiologico- -hivaids-2018>. Acesso em: 15 jan. 2019. CÉSAR, M. R. A. Gênero, sexualidade e educação: notas para uma “Epistemologia”. Educar em Revista, n. 35, p. 37-51, 2009. Disponível em: <https://www.redalyc.org/ articulo.oa?id=155013366004>. Acesso em: 14 jan. 2019. FOUCAULT, M. História da sexualidade: a vontade de saber. 21. ed. São Paulo: Edições Graal, 2011. INSTITUTO CORES. Institucional. 2018. Disponível em: <http://educacaosexualblog. blogspot.com/p/institucional.html>. Acesso em: 15 jan. 2019. LOURO, G. L. O corpo educado: pedagogias da sexualidade. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2000. ONU. Relatório situação da população mundial, 2017: desigualdades brasileiras dados. 2017. Disponível em: <http://www.unfpa.org.br/Arquivos/desigualdades_brasileiras- -dados.pdf>. Acesso em: 18 jan. 2019. PANIAGUA, G.; PALÁCIOS, J. Educação infantil: resposta educativa à diversidade. São Paulo: Artmed, 2008. SANCHES, D.; CONTARATO, A.; AZEVEDO, A. L. Dados públicos sobre violência homofóbica no Brasil: 28 anos de combate ao preconceito. 2018. Disponível em: <http://dapp.fgv. br/dados-publicos-sobre-violencia-homofobica-no-brasil-28-anos-de-combate-ao- -preconceito/>. Acesso em: 14 jan. 2019. 19Sexualidade e comportamento UNESCO. Orientações técnicas de educação em sexualidade para o cenário bra- sileiro. Brasília: UNESCO, 2014. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/ images/0022/002277/227762por.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2019. ZINET, C. Gravidez é responsável por 18% da evasão escolar entre meninas. 2016. Disponível em: <http://flacso.org.br/?p=14369>. Acesso em: 18 jan. 2019. Leituras recomendadas APÓS assistir palestra sobre violência sexual, criança de 11 anos denuncia padrasto por estupro. Yahoo Notícias, nov. 2018. Disponível em: <https://br.noticias.yahoo.com/ apos-assistir-palestra-sobre-violencia-sexual-crianca-de-11-anos-denuncia-padastro- -por-estupro-113829507.html>. Acesso em: 15 jan. 2019. TVBRASIL. Brasil é o país que mais mata por homofobia e transfobia. Youtube, abr. 2017. Dis- ponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Kbmyy3iTl5g>. Acesso em: 15 jan. 2019. Sexualidade e comportamento20
Compartilhar