Buscar

sociedade cultura e a cidadania 8

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

SOCIEDADE, 
CULTURA E 
CIDADANIA 
Pablo Rodrigo Bes
Sexualidade 
e comportamento
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Reconhecer a sexualidade como parte do ciclo vital dos indivíduos 
em sua experiência de socialização.
  Identificar os riscos e consequências do comportamento sexual dos 
indivíduos e a importância de uma educação para a sexualidade.
  Construir iniciativas educacionais que visem a transformações sociais e 
comportamentais frente à discriminação e ao preconceito em relação 
à diversidade sexual.
Introdução
A sexualidade está presente na vida das pessoas desde o seu nascimento, 
uma vez que as constitui e caracteriza como seres humanos, se reconfigu-
rando a cada fase do ciclo de vida. A escola, hoje, é o local onde os mais 
variados aspectos da diversidade se encontram. Dessa forma, é necessário 
discutir tópicos que envolvam a sexualidade na sala de aula. Essa é uma 
forma de lidar com a presença, a defesa e a proteção de alunos com 
identidades diferentes das heteronormativas. Além disso, os níveis de 
educação sexual dos estudantes ao entrar na adolescência mostram-se 
muito desiguais, causando grandes riscos, como a gravidez precoce, não 
planejada, e a aquisição de doenças venéreas sexualmente transmissíveis.
Neste capítulo, você vai ver como a sexualidade está ligada ao ciclo de 
vida e ao desenvolvimento pessoal e social. Também vai verificar os riscos e 
consequências para os indivíduos quando não existe uma educação para a 
sexualidade. Além disso, você vai conhecer algumas iniciativas educacionais 
que objetivam transformações sociais e comportamentais no que tange 
ao preconceito e à discriminação em relação à diversidade sexual.
A sexualidade no ciclo de vida
Todos, homens e mulheres, nascem com seu sexo, o que é biológico. O sexo os 
defi ne e classifi ca a partir de características fi siológicas e fenotípicas aparentes no 
corpo. Porém, a sexualidade é um conceito diferente, que vai sendo desenvolvido 
ao longo de toda a vida, desde a infância. Portanto, não é algo natural, e sim fruto 
de uma produção social: “A sexualidade não é apenas uma questão pessoal, mas é 
social e política [...] a sexualidade é ‘aprendida’, ou melhor, é construída, ao longo 
de toda a vida, de muitos modos, por todos os sujeitos” (LOURO, 2000, p. 5).
Entender o conceito de sexualidade é o primeiro passo para perceber que o 
mundo estabeleceu padrões e papéis sociais para homens e mulheres devido ao 
seu sexo, priorizando, nesse caso, as relações heterossexuais como norma. Isso 
fez com que, ao longo dos últimos séculos, falar sobre sexo ou sexualidade se 
tornasse um grande tabu, fato que não impediu que a sociedade se esforçasse 
por regular, controlar, manipular e conter todo e qualquer comportamento 
sexual desviante do padrão socialmente aceito. Bee e Boyd (2011, p. 279) 
esclarecem que “Geralmente, sexo é reservado para os aspectos biológicos 
de masculinidade e feminilidade. Em contraste, gênero se refere aos aspectos 
psicológicos e sociais de masculinidade e feminilidade”.
Foucault (2011, p. 34), ao analisar a história da sexualidade humana, ar-
gumenta que nos colégios do século XVIII:
[...] o espaço da sala, a forma das mesas, o arranjo dos pátios do recreio, a 
distribuição dos dormitórios (com ou sem separação, com ou sem cortina), os 
regulamentos elaborados para a vigilância do recolhimento e do sono, tudo 
fala da maneira mais prolixa da sexualidade das crianças. 
O autor destaca que já no século XVIII era perceptível que a sexualidade 
entre as crianças era ativa e se manifestava, devendo ser controlada e vista 
como um problema público. Esse problema foi reforçado pelas questões 
religiosas e jurídicas, que classificam e tratam os temas da sexualidade sob 
a lógica do pecado e da perversão e do lícito e ilícito, noções ainda muito 
presentes na sociedade contemporânea.
Mas o fato é que, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais: Orientação 
Sexual (BRASIL, 1997, p. 291), “[...] as manifestações da sexualidade afloram 
em todas as faixas etárias. Ignorar, ocultar ou reprimir são respostas habituais 
dadas por profissionais da escola, baseados na ideia de que a sexualidade é 
assunto para ser lidado apenas pela família”. 
Sexualidade e comportamento2
A ênfase aqui é o fato de a sexualidade se encontrar manifesta desde a infân-
cia, bem como o fato de que o sistema educacional brasileiro deve contribuir com 
sua parcela de responsabilidade para que exista de fato uma educação sexual das 
crianças e adolescentes. Tal educação deve promover conhecimentos sobre os 
cuidados dos alunos consigo mesmos e desenvolver o respeito pela diversidade.
Sexualidade, educação sexual e diversidade sexual se referem à liberdade e ao amor.
A sexualidade dos indivíduos começa desde os primeiros dias de vida, por 
meio dos contatos com a mãe e das primeiras sensações de prazer (ao mamar, 
por exemplo). Dessa forma, “[...] assim como a inteligência, a sexualidade será 
construída a partir das possibilidades individuais e de sua interação com o meio 
e a cultura” (BRASIL, 1997, p. 296). Você também deve notar que a sexualidade, 
por se tratar de uma produção social e cultural, está associada ao universo das 
interações que o indivíduo vivencia durante as etapas de sua vida. Veja:
Os adultos reagem, de uma forma ou de outra, aos primeiros movimentos 
exploratórios que a criança faz na região genital e aos jogos sexuais com outras 
crianças. As crianças recebem então, desde muito cedo, uma qualificação ou 
“julgamento” do mundo adulto em que estão imersas, permeado de valores 
e crenças atribuídos à sua busca de prazer, os quais estarão presentes na sua 
vida psíquica (BRASIL, 1997, p. 296).
No início do século XX, o psicanalista Sigmund Freud desenvolveu uma teoria 
que afirma que todos os seres humanos possuem uma libido, uma pulsão sexual 
básica que se manifesta desde a infância. Segundo Bee e Boyd (2011, p. 36): 
[...] em um recém-nascido, a boca é a parte mais sensível do corpo, portanto 
a energia libidinal é focalizada lá. O estágio é chamado de estágio oral. 
À medida que o desenvolvimento neurológico progride, o bebê tem mais 
sensação no ânus (daí o estágio anal) e posteriormente nos órgãos genitais 
(estágio fálico e, eventualmente, o genital). 
As teorias de Freud costumam ser estudadas por se referirem às crianças 
pequenas e romperem com a ideia naturalizada de que elas estariam comple-
3Sexualidade e comportamento
tamente alheias a qualquer manifestação de ordem sexual. O interessante é 
que o autor não se utiliza de marcadores de sexo para suas formulações do 
que viria a ser a libido do homem ou da mulher, especificamente.
Paniagua e Palacios (2008), ao referirem-se aos aspectos da sexualidade 
presentes na rotina das escolas infantis, comentam que deve ser valorizada a 
convivência entre ambos os sexos na educação infantil. Além disso, devem ser 
abertas possibilidades que permitam quebrar as normas sexistas construídas 
para o brincar, por exemplo, pois se constituíram brincadeiras “de menina” ou 
“de menino” no interior da escola. Em relação às condutas sexistas, porém, os 
autores advertem que “[...] pode acontecer que os pais e as mães das crianças 
da classe tenham comportamentos estereotipados e sexistas, e por isso seria 
igualmente negativo fazer uma crítica direta sobre a conduta e o modo de vida 
de seus pais” (PANIAGUA; PALACIOS, 2011, p. 90).
A intervenção nesses aspectos da sexualidade na educação infantil deve ser 
sutil e constante, já que são aspectos da constituição da cultura das famílias. 
Como você sabe, ainda existem muitos marcadores sexistas na escola. É o caso 
da utilização de cores associadas aos meninos e às meninas e da proposição 
de brincadeiras e brinquedos mais ou menos apropriados de acordo com o 
sexo biológico. Isso deve ser problematizado, uma vez que produz ações pre-
conceituosas em relação àqueles que não se adequam a tais comportamentos.
Umexemplo disso é o das meninas que gostam de jogar futebol e que, além 
disso, possuem habilidade nesse esporte. Essas meninas podem sofrer preconceitos 
e bullying de seus colegas, meninos e meninas, quando não existe a intervenção 
dos professores em relação à questão. Nos playgrounds da educação infantil, 
normalmente ocorre a divisão dos espaços: os meninos ficam associados com os 
brinquedos mais movimentados e dinâmicos, enquanto as meninas condicionam-se 
à casinha e seus acessórios (pias, fogões, geladeira e panelinhas), como se ambos, 
meninas e meninos, não pudessem vivenciar as mesmas experiências.
É na puberdade que as maiores transformações hormonais e físicas ocorrem 
no corpo e colocam em xeque a sexualidade de meninos e meninas devido às 
grandes diferenças entre eles. Bee e Boyd (2011, p. 125) alertam que:
[...] a maioria das meninas adquire um tipo físico endomórfico ou um pouco 
flácido, culturalmente indesejável, como resultado da puberdade. Portanto, 
meninas de desenvolvimento precoce devem ter mais problemas de ajusta-
mento do que meninas de desenvolvimento médio ou tardio. Similarmente, 
a puberdade proporciona à maioria dos meninos um tipo físico mesomórfico, 
ou magro e muscular, culturalmente admirado.
Sexualidade e comportamento4
As diferenças na constituição física adquirida na puberdade podem causar 
desconforto e diminuir a autoestima. Também podem ocasionar estágios de 
depressão entre os adolescentes, que, em alguns casos, não sabendo lidar com 
seus hormônios em expansão, manifestam atitudes agressivas, explosivas 
e mesmo violentas no interior das escolas que frequentam. A educação 
sexual na escola pode contribuir também para amenizar tais circunstâncias 
e promover melhor aceitação de si e dos outros colegas de classe nessa fase 
da vida. A adolescência na contemporaneidade:
[...] é a fase de novas descobertas e novas experimentações, podendo ocorrer 
as explorações da atração e das fantasias sexuais com pessoas do mesmo 
sexo e do outro sexo. A experimentação dos vínculos tem relação com a 
rapidez e a intensidade da formação e da separação de pares amorosos entre 
os adolescentes (BRASIL, 1997, p. 296).
A educação sexual deve procurar entender as particularidades de cada fase 
da vida dos alunos, respeitando sua constituição e a identidade de gênero que 
tenham assumido para si. Essas ideias, porém, chocam-se com os modelos 
historicamente construídos e aceitos como normais, que você viu anterior-
mente. Dessa forma, segundo César (2009, p. 49), é necessário desestabilizar 
o conhecimento existente, propondo o entendimento de que “[...] sexualidade, 
educação sexual e diversidade sexual se referem a práticas de liberdade, na 
medida em que os limites de nosso pensamento deverão ser transcendidos em 
nome de outras possibilidades tanto de conhecer como de amar”. 
Como você pode perceber, para trabalhar com as temáticas da educação 
sexual, você precisa revisitar seus próprios conceitos sobre os temas, visando 
a ampliar o seu olhar sobre eles e, em alguns casos, até mesmo trabalhar com 
algum tipo de preconceito que possa constituí-lo.
Você já ouviu falar na teoria queer? Ela originou-se de um movimento social de positivação 
do termo queer, que significava, em língua inglesa, um insulto utilizado para ofender a 
comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais ou transgêneros). O 
termo pode ser traduzido como “estranho” ou “bizarro”. A teoria queer se refere a pessoas 
que não aderem em sua vida à divisão binária (masculino/feminino) tradicional de gêneros.
5Sexualidade e comportamento
Educação para a sexualidade: minimizando riscos
O mundo tem vivenciado profundas transformações, muitas delas relaciona-
das à luta por direitos de grupos minoritários em defesa de suas identidades 
culturais. Esses movimentos, iniciados na década de 1960 — com as primeiras 
manifestações do movimento negro norte-americano, do movimento feminista, 
dos hippies, do rock’n’roll, entre outros —, produziram uma contracultura 
que se opôs ao modelo cristalizado de indivíduo padronizado, socialmente 
aceito ou inserido dentro da norma social vista como adequada. Eles abriram 
espaço para que pessoas com identidades diversas do modelo imposto pela 
heteronormatividade tivessem vez e voz.
A heteronormatividade, segundo o filósofo Michel Foucault (2011), refere-se 
justamente à hegemonia do modelo heterossexual como o único aceito e visto 
como moralmente correto pela sociedade. Tal modelo produziu na cultura uma 
série de visões distorcidas, preconceituosas, discriminatórias e homofóbicas 
contra aqueles que se desviam da norma estabelecida. Como exemplo, você pode 
considerar os homens gays, as mulheres lésbicas, os transexuais, os travestis, etc.
O fato é que esse mal-estar ocasionado pela afirmação das identidades 
culturais diversas, conhecidas também como identidades de gênero, faz com 
que seja colocada em segundo plano a importância de se trabalhar com a 
educação para a sexualidade, tema tão importante para o Brasil. Entre outras 
razões, a educação para a sexualidade é importante para que as crianças e 
adolescentes aprendam a se cuidar e a se proteger.
Para reforçar a importância da educação sexual nas escolas, a título de 
esclarecimento e orientação dos jovens, basta acompanhar os dados brasi-
leiros produzidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) (2017). Eles 
apontam que “[...] um em cada cinco bebês que nascem no Brasil é filho de 
mãe adolescente. Entre estas, de cada cinco, três não trabalham nem estudam; 
sete em cada dez são afrodescendentes e aproximadamente a metade mora na 
região Nordeste”. Ou seja, o Brasil tem hoje a sétima maior taxa de gravidez 
na adolescência da América do Sul.
Percebe-se pela pesquisa que a taxa se intensifica junto às comunidades 
mais pobres, onde normalmente se associa a menores taxas de educação escolar. 
Fica o questionamento: trabalhar com a educação para a sexualidade poderia 
ajudar a reverter esse quadro? Veja, no Quadro 1, algumas taxas de gravidez 
na adolescência de outros países ao redor do mundo. Essa taxa é calculada a 
partir da incidência de mães gestantes entre 15 e 19 anos de idade para cada 
mil meninas do país.
Sexualidade e comportamento6
Fonte: Adaptado de ONU (2017).
País Taxa
Venezuela 95
Bolívia 88
Guiana Francesa 87
Colômbia 84
Guiana 74
Argentina 68
Brasil 65
Peru 65
Suriname 65
Uruguai 64
Paraguai 63
Chile 52
Quadro 1. Taxas de gravidez na adolescência em países da América do Sul
A gravidez na adolescência tem impactos relevantes na educação, pois 
mantém um ciclo vicioso de fracasso e evasão escolar, especialmente para as 
meninas. Uma pesquisa sobre evasão escolar realizada em 2016 pelo Ministério 
da Educação em parceria com a Organização dos Estados Ibero Americanos 
(OEI) e a Faculdade Latino-Americana de Ciências (Flacso) identificou que 
18,1% das meninas que pararam de estudar indicaram a gravidez como prin-
cipal motivo. Entre os meninos, apenas 1,3% interromperam os estudos pela 
mesma razão (ZINET, 2016). 
Além de passarem pelo período de gestação, as meninas — especialmente 
as mais pobres — não têm com quem deixar os filhos nos primeiros anos 
de vida para dar seguimento aos estudos. Isso se deve à falta de creches 
tanto nas escolas que poderiam ser frequentadas pelas alunas-mães quanto 
nas proximidades das escolas. Para ampliar ainda mais a análise, observe, 
no Quadro 2, as taxas de gravidez na adolescência em outros países em 
desenvolvimento ou desenvolvidos.
7Sexualidade e comportamento
Fonte: Adaptado de ONU (2017).
País Taxa
França 6
Alemanha 8
Índia 28
Rússia 27
Quadro 2. Taxas de gravidez na adolescência em países desenvolvidos e em desenvol-
vimento
Como você pode perceber a partir das diferentes taxas de gravidez na 
adolescência entre meninas de 15 a 19 anos de idade, faz-se necessário 
desenvolver uma educação que se volte para apoiar essas crianças e ado-
lescentes. Elas devem aprender a lidar com as significativasmudanças 
hormonais e físicas que vivenciam ao entrar na puberdade e na adolescência. 
Bee e Boyd (2011) comentam que os adolescentes têm apresentado seu 
amadurecimento sexual mais precocemente, em torno dos 12 a 13 anos de 
idade, o que pode produzir prejuízos à autoimagem tanto de meninos quanto 
de meninas pelas transformações percebidas em seus corpos nessa fase de 
seu desenvolvimento.
As autoras, referindo-se a dados de sua pesquisa nos Estados Unidos, 
acrescentam que:
[...] para alguns adolescentes, ser ‘sexualmente ativo’ constitui um único ato 
de intercurso sexual em algum momento durante os anos do ensino médio. 
Entretanto, muitos outros têm múltiplos parceiros e frequentemente praticam 
sexo sem proteção (BEE; BOYD, 2011, p. 126). 
No Brasil, não é diferente: muitos adolescentes começam sua vida sexual de 
maneira muito precoce e sem fazer uso de proteção em suas relações sexuais, 
o que faz com que o risco de contraírem doenças sexualmente transmissíveis 
seja reforçado. As doenças sexualmente transmissíveis mais comuns estão 
listadas no Quadro 3, a seguir.
Sexualidade e comportamento8
Fonte: Adaptado de Bee e Boyd (2011).
Doença Sintomas Tratamento
Consequências 
a longo prazo
Clamídia
Micção dolorosa 
e desconforto 
abdominal; um terço 
não tem sintomas
Antibióticos Doença 
inflamatória pélvica 
e esterilidade
HPV 
(verrugas 
genitais)
Proliferações 
indolores nos órgãos 
genitais e/ou no 
ânus
Remoção das 
verrugas; sem 
cura conhecida
Risco aumentado 
de câncer cervical
Herpes 
genital
Bolhas dolorosas nos 
órgãos genitais
Sem cura 
conhecida; pode 
ser controlada 
com vários 
medicamentos
Risco de 
transmissão a 
terceiros e a bebê 
durante o parto
Gonorreia
Corrimento e micção 
dolorosa
Antibióticos Doença 
inflamatória pélvica
Sífilis
Feridas na boca e 
nos órgãos genitais
Antibióticos Paralisia, dano 
cerebral e morte
HIV/AIDS
Fadiga, febre, 
infecções frequentes
Drogas 
antirretrovirais
Infecções crônicas 
e morte
Quadro 3. Doenças sexualmente transmissíveis
No Brasil, segundo o Boletim Epidemiológico de HIV 2018 (BRASIL, 2018), 
do Ministério da Saúde, o número de casos de AIDS entre jovens de 15 a 24 anos 
têm crescido desde 2008. As taxa de detecção de casos de AIDS entre jovens 
do sexo masculino nessa faixa etária mais do que dobraram em uma década: 
passaram de três para sete casos por 100 mil habitantes de 15 a 19 anos, e de 
15,6 para 36,2 casos por 100 mil habitantes de 20 a 24 anos. Entre mulheres, as 
taxas têm mostrado uma tendência de queda em quase todas as faixas etárias. 
Esses dados demonstram que os homens adolescentes se protegem menos nas 
suas relações sexuais se comparados às mulheres, o que deve ser problematizado 
para que a situação se reverta.
9Sexualidade e comportamento
AIDS é a sigla correspondente à síndrome da imunodeficiência adquirida. É um conjunto 
de sintomas ligados à perda das defesas do organismo. A AIDS é causada pelo vírus 
chamado HIV (vírus da imunodeficiência humana), que ataca os mecanismos de defesa 
do corpo humano. O HIV pode ser transmitido por meio da entrada, na corrente 
sanguínea, de fluidos sexuais, sangue ou leite materno contaminados.
Você deve lembrar-se de que “[...] a educação em sexualidade pode 
ser entendida como toda e qualquer experiência de socialização vivida 
pelo indivíduo ao longo de seu ciclo vital que lhe permita posicionar-se 
na esfera social da sexualidade” (UNESCO, 2014, p. 11). Todos os grupos 
sociais aos quais as pessoas pertencem desde a mais tenra infância vão 
educando-as, estabelecendo regras e condutas associadas ao seu compor-
tamento sexual. A escola também é uma das instituições importantes que 
procuram realizar essa educação.
A educação em sexualidade está presente em todos os espaços de socializa-
ção — família, escola, igreja, pares, trabalho, mídia —, mas ocorre de forma 
pulverizada, fragmentada e desassociada de um plano de sociedade inclusiva 
baseada nos direitos humanos. Portanto, torna-se relevante a atuação do 
sistema educacional na tarefa de reunir, organizar, sistematizar e ministrar 
essa dimensão da formação humana (UNESCO, 2014, p. 11).
Como você pode perceber, é imprescindível que o sistema educacional 
atue para que a educação em sexualidade ocorra no Brasil e acompanhe a 
tendência internacional de luta pelos direitos humanos de todos aqueles que 
vivem em sociedade, independentemente do gênero ou da orientação sexual 
com que se identifiquem.
Outros dados alarmantes que evidenciam a importância e a necessidade 
urgente de que sejam trabalhadas as temáticas da educação sexual e do res-
peito à diversidade dizem respeito às práticas homofóbicas. A homofobia se 
caracteriza por ações violentas que manifestam rejeição irracional ou ódio em 
relação aos homossexuais. Tais ações ocorrem de forma arbitrária e procuram 
qualificar o outro como contrário, inferior ou anormal. Sanches, Contarato 
e Azevedo (2018) realizaram uma pesquisa por meio do canal Disque 100, 
do Ministério dos Direitos Humanos, chegando às conclusões mostradas na 
Figura 1, a seguir.
Sexualidade e comportamento10
Figura 1. Série temporal de denúncias entre os anos de 2011 
e 2017 no Brasil.
Fonte: Sanches, Contarato e Azevedo (2018).
O gráfi co da Figura 1 demonstra que houve uma queda no número de denúncias 
no período de 2012 a 2014, porém com nova elevação a partir de 2015. Segundo 
Sanches, Contarato e Azevedo (2018, documento on-line), “[...] nota-se que entre 
os anos de 2012 a 2014 há uma sensível queda no número das denúncias, o que 
pode estar vinculado com o crescimento de campanhas contra o preconceito, 
a homofobia e o discurso de ódio”. Já em 2017, foram denunciadas no Disque 
100 as violações dos direitos humanos listadas no Quadro 4.
Tipo Número de denúncias
Violência psicológica 917
Discriminação 837
Violência física 545
Violência institucional 168
Negligência 80
Abuso financeiro e econômico/violência patrimonial 31
Quadro 4. Tipos de violações denunciadas no ano de 2017 no Brasil
(Continua)
11Sexualidade e comportamento
Como você pode perceber nos dados analisados, o alto risco, o custo e os 
prejuízos da falta de educação sexual e para a diversidade são muito grandes. 
Tais problemas são especialmente prejudiciais para os adolescentes que iniciam 
sua vida sexual desinformados, inseguros e despreparados para tomar decisões 
assertivas em relação à sua própria sexualidade. A violência homofóbica, por 
sua vez, manifesta a intolerância e o despreparo cultural da sociedade brasileira 
para lidar com a diversidade e com a promoção dos direitos humanos, tão 
importantes para a construção de um país melhor.
Para aprofundar seus conhecimentos sobre a história da educação sexual no Brasil e 
no mundo, leia o O corpo educado: pedagogias da sexualidade (LOURO, 2000). Essa obra 
reúne artigos de importantes autores da área, como: Jeffrey Weeks, Deborah Britzman, 
Bell Hooks, Richard Parker e Judith Butler.
Combate ao preconceito e à discriminação 
da diversidade sexual na escola
A escola recebe alunos diferentes nos mais variados aspectos, que se relacionam 
a questões étnico-raciais, religiosas, de identidade de gênero, entre outras. Tais 
questões devem ser abordadas na sala de aula e a escola precisa propor uma 
postura de paz, respeito e esclarecimento acerca da diversidade humana. A 
postura adequada dos profi ssionais da educação em relação a esses temas (que 
podem causar preconceitos, discriminações, bullying e atitudes homofóbicas) 
Fonte: Adaptado de Sanches, Contarato e Azevedo (2018).
Tipo Número de denúncias
Violência sexual 23
Outras violações/outros assuntos relacionados a 
direitos humanos
7
Quadro 4. Tipos de violações denunciadas no ano de 2017 no Brasil
(Continuação)
Sexualidade e comportamento12
é imprescindível para que se eduque a respeito deles. Você deve entender 
“[...] que resultados importantes são obtidos sempre que as atividades com a 
temática da sexualidade forem associadas a alguma disciplinacurricular ou 
por meio de um projeto específi co” (UNESCO, 2014, p. 16).
Uma iniciativa interessante proposta pela Organização das Nações Unidas 
para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), para ser utilizada nas 
escolas visando a combater o preconceito e a discriminação da diversidade 
sexual, se encontra nas Orientações Técnicas de Educação em Sexualidade 
para o Cenário Brasileiro, escritas em 2014. Tais orientações têm o objetivo 
de “[...] fomentar o acesso a ferramentas e conteúdos que podem promover 
a construção de currículos inclusivos e que tratem da realidade de crianças, 
adolescentes e jovens” (UNESCO, 2014, p. 7). As Orientações propõem os 
conceitos-chave e tópicos de aprendizagem listados no Quadro 5, a seguir.
Conceitos
-chave
Tópicos de aprendizagem
Relacionamentos 
  Famílias
  Amizade, amor e relacionamentos
  Respeito, tolerância e solidariedade
  Namoro, casamento, união estável, filhos e 
relacionamentos eventuais
Valores, 
atitudes e 
habilidades
  Valores, atitudes e referências de aprendizado em sexualidade
  Normas e influência dos pares sobre o comportamento 
sexual
  Tomada de decisões
  Habilidades de comunicação, recusa e negociação
  Encontrar ajuda, apoio e orientação
Cultura, 
sociedade 
e direitos 
humanos
  Sexualidade, cultura e direitos humanos
  Sexualidade e mídia
  A construção social do gênero
  Violência de gênero, abuso sexual e práticas prejudiciais
Desenvolvimento 
humano
  Anatomia e fisiologia sexual e reprodutiva
  Reprodução
  Puberdade
  Imagem corporal
  Privacidade e integridade corporal
Quadro 5. Conceitos-chave e tópicos de aprendizagem
(Continua)
13Sexualidade e comportamento
Essa proposta da UNESCO procura abordar todos os possíveis assuntos 
que envolvem as temáticas da sexualidade e que, caso sejam trabalhados no 
interior da escola, podem contribuir para a construção de uma sociedade mais 
inclusiva e respeitosa frente às identidades culturais diversas. O documento 
preocupa-se em propor, ao mesmo tempo, uma análise das faixas etárias e 
o ajuste das atividades a serem desenvolvidas nos tópicos de aprendizagem 
para essas respectivas faixas, conforme esta divisão: nível I (5 a 8 anos), 
nível II (9 a 12 anos), nível III (12 a 15 anos) e nível IV (15 a 18 anos).
Outra iniciativa que merece destaque é a campanha do Ministério da 
Saúde, lançada em 2004, chamada Brasil sem Homofobia, proposta como 
um “Programa de Combate à Violência e à Discriminação contra GLTB 
(Gays, Lésbicas, Transgêneros e Bissexuais) e de Promoção da Cidadania 
de Homossexuais” (BRASIL, 2004, p. 7). O programa foi desenvolvido 
em uma parceria entre o Governo Federal e a sociedade civil organizada, 
possuindo como princípios:
A inclusão da perspectiva da não discriminação por orientação sexual e de 
promoção dos direitos humanos de gays, lésbicas, transgêneros e bissexuais, 
nas políticas públicas e estratégias do Governo Federal, a serem implantadas 
(parcial ou integralmente) por seus diferentes Ministérios e Secretarias.
A produção de conhecimento para subsidiar a elaboração, implantação e 
avaliação das políticas públicas voltadas para o combate à violência e à 
discriminação por orientação sexual, garantindo que o Governo Brasileiro 
inclua o recorte de orientação sexual e o segmento GLTB em pesquisas na-
cionais a serem realizadas por instâncias governamentais da administração 
pública direta e indireta.
(Continuação)
Fonte: Adaptado de Unesco (2014).
Conceitos-
chave Tópicos de aprendizagem
Comportamento 
sexual
  Sexo, sexualidade e o ciclo de vida sexual
  Comportamento sexual
Saúde sexual e 
reprodutiva
  Saúde reprodutiva
  Entender, reconhecer e reduzir o risco de DSTs, inclusive o HIV
  Estigma, tratamento, assistência e apoio às pessoas 
vivendo com HIV e AIDS
Quadro 5. Conceitos-chave e tópicos de aprendizagem
Sexualidade e comportamento14
A reafirmação de que a defesa, a garantia e a promoção dos direitos huma-
nos incluem o combate a todas as formas de discriminação e de violência e 
que, portanto, o combate à homofobia e a promoção dos direitos humanos de 
homossexuais é um compromisso do Estado e de toda a sociedade brasileira 
(BRASIL, 2004, p. 12).
A intenção do programa Brasil sem Homofobia foi propor políticas públi-
cas de forma interministerial, procurando a promoção dos direitos humanos 
e o combate à homofobia. Cabe aos profissionais da educação conhecer os 
termos comumente utilizados para nomear os indivíduos de acordo com sua 
identidade ou orientação sexual, como você pode ver no Quadro 6, a seguir.
Sexo
A palavra “sexo” é usada em dois sentidos diferentes: 
um refere-se ao gênero e define como a pessoa é, 
ao ser considerada do sexo masculino ou feminino; 
e o outro se refere à parte física da relação sexual.
Sexualidade
A sexualidade transcende os limites do 
ato sexual e inclui sentimentos, fantasias, 
desejos, sensações e interpretações.
Identidade sexual
A identidade sexual é o conjunto de 
características sexuais que diferenciam cada 
pessoa das demais e que se expressam pelas 
preferências sexuais, sentimentos ou atitudes 
em relação ao sexo. A identidade sexual é o 
sentimento de masculinidade ou feminilidade 
que acompanha a pessoa ao longo da vida. 
Nem sempre está de acordo com o sexo 
biológico ou com a genitália da pessoa.
Orientação sexual
A orientação sexual é a atração afetiva e/ou 
sexual que uma pessoa sente pela outra. A 
orientação sexual existe num continuum que 
varia desde a homossexualidade exclusiva até 
a heterossexualidade exclusiva, passando pelas 
diversas formas de bissexualidade. Embora as 
pessoas tenham a possibilidade de escolher se 
vão demonstrar ou não os seus sentimentos, os 
psicólogos não consideram que a orientação 
sexual seja uma opção consciente que possa 
ser modificada por um ato da vontade.
Quadro 6. Termos frequentemente utilizados na educação sexual
(Continua)
15Sexualidade e comportamento
No Quadro 7, a seguir, você pode ver como a homossexualidade é classi-
ficada de acordo com padrões de conduta ou identidade sexual.
Fonte: Adaptado de Brasil (2004).
Gays
São indivíduos que, além de se relacionarem afetiva e 
sexualmente com pessoas do mesmo sexo, têm um 
estilo de vida de acordo com essa sua preferência, 
vivendo abertamente sua sexualidade.
Bissexuais
São indivíduos que se relacionam sexual e/ou afetivamente 
com qualquer dos sexos. Alguns assumem as facetas de 
sua sexualidade abertamente, enquanto outros vivem sua 
conduta sexual de forma fechada.
Lésbicas
Terminologia utilizada para designar a homossexualidade 
feminina.
Transgêneros
Terminologia que engloba tanto as travestis quanto as 
transexuais. É um homem no sentido fisiológico, mas se 
relaciona com o mundo como mulher.
Transexuais
São pessoas que não aceitam o sexo que ostentam anatomi-
camente. Sendo o fato psicológico predominante na transexu-
alidade, o indivíduo identifica-se com o sexo oposto, embora 
dotado de genitália externa e interna de um único sexo.
Quadro 7. Classificação de homossexualidade segundo padrão de conduta e/ou identi-
dade sexual
(Continuação)
Fonte: Adaptado de Brasil (2004).
Homossexualidade
A homossexualidade é a atração afetiva e 
sexual por uma pessoa do mesmo sexo. Da 
mesma forma que a heterossexualidade 
(atração por uma pessoa do sexo oposto) não 
tem explicação, a homossexualidade também 
não tem. Ela depende da orientação sexual de 
cada pessoa. Por esse motivo, a Classificação 
Internacional de Doenças (CID) não inclui a 
homossexualidade como doença desde 1993.
Quadro 6. Termos frequentemente utilizados na educação sexual
Sexualidade e comportamento16
Uma organização que trabalha desde 2008 promovendo as temáticas da 
educação sexual no Brasil e em vários outros países, sendo inclusive premiada 
nessa atividade, é o Instituto Cores (Centro de Orientação em Educação 
e Saúde). Essa organização socioeducativa sem fins lucrativos tem como 
objetivos principais:
[...] promover a Educação Sexualem diferentes setores sociais contribuindo 
para a formação de professores, educadores e agentes educacionais em uma 
perspectiva emancipatória, pautada em informações agregadas a valores 
éticos tais como o respeito à diversidade, a solidariedade, a responsabilidade 
e a defesa dos direitos das crianças e adolescentes (INSTITUTO CORES, 
2018, documento on-line).
No portal do Instituto Cores estão disponibilizados cursos para a formação 
de professores, educadores, psicólogos, assistentes sociais, profissionais de 
saúde entre outros, nas seguintes temáticas:
1 – Metodologias de Educação Sexual em sala de aula
2 – Pipo e Fifi — conversando com a criança sobre violência sexual
3 – Sexualidade Humana e Educação Sexual para profissionais de educação 
e saúde
4 – Educação Sexual no âmbito familiar
5 – Metodologias, currículo e programas de Educação Sexual
6 – Oficinas de Educação Sexual — jogos e planos de aula
7 – Confecção de materiais de comunicação em Educação Sexual (INSTITUTO 
CORES, 2018, documento on-line)
O livro infantil chamado Pipo e Fifi: Prevenção de violência sexual na 
infância, escrito por Carolina Arcari (pedagoga e especialista em educação 
sexual, diretora-fundadora do Instituto Cores) e ilustrado por Isabela Santos, 
recebeu vários prêmios nacionais e internacionais. A obra se destaca pela 
sua criatividade em ensinar conceitos básicos sobre o corpo, os sentimentos, 
a convivência e as trocas afetivas para crianças acima de 3 anos. De forma 
simples, o livro ensina a diferenciar toques de amor de toques abusivos, apon-
tando caminhos para o diálogo e para a proteção das crianças.
17Sexualidade e comportamento
Existem algumas literaturas infantis que são indicadas pelo Instituto Cores e por outros 
especialistas em educação sexual e que podem facilitar muito a aprendizagem dessas 
temáticas em sala de aula. Veja alguns exemplos:
  Ceci tem pipi?, de Thierry Lenain
  Mamãe botou um ovo!, de Babette Cole
  Sexo não é bicho-papão!, de Marcos Ribeiro
  Mamãe, como eu nasci?, de Marcos Ribeiro
  Menino brinca de boneca?, de Marcos Ribeiro
Como você pode perceber, existem várias iniciativas no Brasil para 
que a educação sexual seja sistematizada e faça parte da escola. Porém, 
persistem muitos entraves para que ela se efetive plenamente, devido ao 
grande número de pessoas que ainda aderem aos conceitos cristalizados 
e normalizados que se referem ao gênero e à sexualidade. Para que a so-
ciedade consiga de fato respeitar a diversidade e consolidar a inclusão de 
todos na perspectiva dos direitos humanos, as escolas precisam se engajar 
nessa tarefa.
Dentro da escola existem muitas ações que reforçam as questões de gênero hetero-
normativas e às quais os professores devem ficar atentos. Por exemplo, ao designar 
brincadeiras e jogos mais apropriados para meninos ou meninas, sem deixar a possi-
bilidade de escolha prévia para os alunos, o professor está expressando e educando 
sobre as questões relacionadas ao gênero, aos papéis do homem e da mulher, não 
é mesmo? Ao cobrar posturas mais sensíveis das meninas e mais duras e insensíveis 
dos meninos, os professores também estão estabelecendo diferenciações que foram 
cristalizadas com o passar dos tempos sobre as características masculinas e femininas 
socialmente aceitas e normalizadas.
Sexualidade e comportamento18
BEE, H.; BOYD, D. A criança em desenvolvimento. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros curriculares nacionais: plu-
ralidade cultural, orientação sexual. Brasília: MEC, 1997. Disponível em: <http://portal.
mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro101.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2019.
BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Combate à Discriminação. Brasil sem 
homofobia: programa de combate à violência e à discriminação contra GLTB e promoção 
da cidadania homossexual. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. Disponível em: <http://
bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/brasil_sem_homofobia.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2019.
BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, 
do HIV/ Aids e das Hepatites Virais. HIV/Aids 2018. Boletim Epidemiológico, v. 49, n. 53, 2018. 
Disponível em: <http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2018/boletim-epidemiologico-
-hivaids-2018>. Acesso em: 15 jan. 2019.
CÉSAR, M. R. A. Gênero, sexualidade e educação: notas para uma “Epistemologia”. 
Educar em Revista, n. 35, p. 37-51, 2009. Disponível em: <https://www.redalyc.org/
articulo.oa?id=155013366004>. Acesso em: 14 jan. 2019.
FOUCAULT, M. História da sexualidade: a vontade de saber. 21. ed. São Paulo: Edições 
Graal, 2011.
INSTITUTO CORES. Institucional. 2018. Disponível em: <http://educacaosexualblog.
blogspot.com/p/institucional.html>. Acesso em: 15 jan. 2019.
LOURO, G. L. O corpo educado: pedagogias da sexualidade. 2. ed. Belo Horizonte: 
Autêntica, 2000.
ONU. Relatório situação da população mundial, 2017: desigualdades brasileiras dados. 
2017. Disponível em: <http://www.unfpa.org.br/Arquivos/desigualdades_brasileiras-
-dados.pdf>. Acesso em: 18 jan. 2019.
PANIAGUA, G.; PALÁCIOS, J. Educação infantil: resposta educativa à diversidade. São 
Paulo: Artmed, 2008.
SANCHES, D.; CONTARATO, A.; AZEVEDO, A. L. Dados públicos sobre violência homofóbica 
no Brasil: 28 anos de combate ao preconceito. 2018. Disponível em: <http://dapp.fgv.
br/dados-publicos-sobre-violencia-homofobica-no-brasil-28-anos-de-combate-ao-
-preconceito/>. Acesso em: 14 jan. 2019.
19Sexualidade e comportamento
UNESCO. Orientações técnicas de educação em sexualidade para o cenário bra-
sileiro. Brasília: UNESCO, 2014. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/
images/0022/002277/227762por.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2019.
ZINET, C. Gravidez é responsável por 18% da evasão escolar entre meninas. 2016. Disponível 
em: <http://flacso.org.br/?p=14369>. Acesso em: 18 jan. 2019.
Leituras recomendadas
APÓS assistir palestra sobre violência sexual, criança de 11 anos denuncia padrasto 
por estupro. Yahoo Notícias, nov. 2018. Disponível em: <https://br.noticias.yahoo.com/
apos-assistir-palestra-sobre-violencia-sexual-crianca-de-11-anos-denuncia-padastro-
-por-estupro-113829507.html>. Acesso em: 15 jan. 2019.
TVBRASIL. Brasil é o país que mais mata por homofobia e transfobia. Youtube, abr. 2017. Dis-
ponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Kbmyy3iTl5g>. Acesso em: 15 jan. 2019.
Sexualidade e comportamento20

Outros materiais