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“Estruturas Metálicas e de Madeira: Caracterização de Madeiras” Prof. Dr. Eng. Jean Pierre Garcia São Paulo, março de 2020 UNIVERSIDADE SÃO JUDAS CAMPUS BUTANTÃ ENGENHARIA CIVIL ECV7AN-BUA Objetivo da Aula Principal Base teórica da aula para estudo: Livro – PFEIL, W.; PFEIL, M. Estruturas de madeira : dimensionamento segundo a norma brasileira NBR 7190/97 e critérios das normas norte- americana NDS e europeia EUROCODE 5 Cap. 1 e 2 2 Apresentar a madeira como material para estruturas da construção civil; Compreender os principais conceitos relacionados a estruturas de madeiras; Compreender os conceitos relacionados a caracterização de madeiras para aplicações estruturais; Introdução 3 A madeira, tal como a pedra, é um dos mais antigos materiais de construção e o que a distingue de outros materiais, é a renovabilidade, quer por reflorestamento, quer por manejo florestal das florestas nativas. Atualmente o domínio da tecnologia do concreto e do aço, aliados a oferta desses materiais a preços acessíveis, juntamente com a redução de oferta de madeiras nativas face a redução de áreas de florestas e das leis ambientais mais severas, levaram a substituição do uso de armações em madeira nos telhados de grandes vãos, por aço e, em pisos e escadas, por lajes de concreto. Introdução 4 Embora a madeira tenha perdido espaço para outros materiais, ainda é um material de construção muito usado e versátil, visto que as madeiras nativas vem sendo com sucesso, gradativamente substituídas por madeiras de reflorestamento e o produto artesanal por produto industrializado. Assim, hoje os sistemas estruturais que empregam madeiras, podem ser classificados em dois tipos, os convencionais e os não convencionais. Classificação de Sistemas Estruturais em Madeiras 5 Sistemas estruturais em madeira, convencionais: Não são parte integrante da estrutura: • Cimbramentos (escoramentos) de formas e seus contraventamentos ; • Formas para concreto (chapas e tábuas). São parte integrante da estrutura: • Tesouras, terças, mãos francesas e demais partes integrantes da trama da cobertura; • Vigas e tábuas de pisos; • Escadas e Colunas 6 Sistemas estruturais em madeira, não convencionais: Tipos de construção: • Balloon frame; • Platform; • Log construcion (toras de madeira). Figura 1 – Estruturas de Madeira. Ballon Frame (a), Platform (b) e Log Construction (c). (a) (b) (c) Classificação de Sistemas Estruturais em Madeiras 7 Sistemas estruturais em madeira, não convencionais: Construções industrializadas: • Treliças (trusses); • Painéis (panels). Figura 2 – Estruturas de Madeira. Treliças (a) e Painéis (b). (a) (b) Classificação de Sistemas Estruturais em Madeiras Aplicações da madeira 8 Pode-se citar como vantagens e desvantagens no emprego da madeira na construção civil: Vantagens: • Fácil trabalhabilidade; • Baixo consumo de energia para o seu processamento; • Alta resistência específica; • Isolante térmico e elétrico; • Renovabilidade. Aplicações da madeira 9 Desvantagens: • Material Combustível; • Ligações entre as peças de difícil execução; • Defeitos como nós e furos de bichos; • Tamanhos das peças condicionados pelo tamanho da árvore; • Características anatômicas, físicas e mecânicas próprias de cada espécie; • Por ser um material higroscópico, tem algumas das suas propriedades afetadas pelo teor de água presente na sua constituição; • Dada a sua natureza biológica, está sujeita aos diversos mecanismos de deterioração existentes na natureza; 10 Desvantagens: • Alto custo do frete rodoviário; • Preços inconstantes com distorções acentuadas; • Falta de regularidade na entrega por parte dos produtores; • Falta de fornecedores idôneos; • Falta de qualidade da madeira fornecida. Nos países desenvolvidos, as desvantagens são minimizadas ou até mesmo eliminadas, através do emprego de tecnologias disponíveis. Aplicações da madeira Caracterização da madeira 11 A estrutura anatômica do tronco da árvore, define as propriedades da madeira, destacando-se valores a tração e compressão paralela e perpendicular às fibras, para os diversos graus de umidade. As definições a seguir foram transcritas do item 5 da NBR 7190/2010. Resistência: Define-se resistência, como a aptidão da matéria suportar tensões. A resistência de um material é determinada pela máxima tensão que pode ser aplicada a corpos da prova isentos de defeitos, até o aparecimento de fenômenos particulares de comportamento, além dos quais há restrição de emprego do material em elementos estruturais, em geral, ruptura ou deformação excessiva. 12 Rigidez: Define-se como rigidez, ao valor médio do módulo de elasticidade, determinado na fase de comportamento elasto- linear no diagrama tensão x deformação. E0° = Módulo de elasticidade na direção considerada, medido no ensaio de compressão paralela ou normal às fibras. É o coeficiente angular da reta secante à curva tensão x deformação, entre os pontos correspondentes a 10% e 50% da resistência convencional a compressão. Figura 3 – Rigidez de Madeira. Caracterização da madeira 13 Ew0° = Ec0° = Módulo de elasticidade na direção paralela às fibras, medido no ensaio de compressão paralela às fibras; Ew90° = Ec90° = Módulo de elasticidade na direção perpendicular às fibras, medido no ensaio de compressão normal às fibras. Na falta de determinação experimental específica, permite-se adotar: Caracterização da madeira 14 Anisotropia: Devido a orientação das fibras, a madeira apresenta propriedades diferentes em relação a três direções principais, longitudinal (L), tangencial (T) e radial ( R ). a é o ângulo formado entre a direção de uma força aplicada e a direção das fibras da madeira. Para 0° a 6° , a direção da força é considerada paralela às fibras, ou seja, considera-se a = 0º. Para a = 90º, a direção é chamada perpendicular às fibras. Figura 4 – Anisotropia de Madeira. Caracterização da madeira 15 Umidade: O teor de umidade influencia muito as propriedades das madeiras. Madeiras secas são mais resistentes e menos elásticas, já as madeiras úmidas são mais elásticas e menos resistentes. Assim, as propriedades mecânicas das madeiras serão referidas a uma umidade chamada de umidade padrão. A norma NBR 7190 / 2010 define no item 5.1.5 quatro classes de umidade e adota como padrão, Ueq = 12 % . Caracterização da madeira Tabela 1 – Classes de Umidade de Madeira. 16 Correção dos valores da resistência e rigidez, para as condições padrão de umidade: Correção para a umidade padrão de 12%, dos valores das propriedades de resistência e de rigidez de ensaios realizados em lotes de madeira com umidade com teores entre 10% e 25%, admitindo-se que para teores de umidade acima de 25%, as variações das propriedades são pequenas. Caracterização da madeira 17 Duração do carregamento: A duração do carregamento também influencia na resistência e rigidez das madeiras. Peças submetidas a carregamentos de curta duração, suportam maiores tensões do que se estivem submetidas a carregamento de maior duração. Temperatura: Admite-se como desprezível a influência da temperatura, na faixa de utilização entre 10°C e 65° C, devendo a sua influência ser considerada na sua resistência e rigidez, quando as peças estruturais estiverem sujeitas durante longos períodos, a temperaturas fora dessa faixa. Caracterização da madeira 18 VALORES MÉDIOS a) Resistência à compressão paralela das fibras: (fwc,0° ou fc,0°), obtida por ensaio de duração 3 a 8 minutos; b) Resistência à tração paralela às fibras: (fwt,0° ou ft,0°), obtida por ensaio de duração 3 a 8 minutos; c) Resistência à compressão normal às fibras: (fwc,90° ou fc,90°), obtida por ensaio de duração 3 a 8 minutos; d) Resistência à tração normal às fibras (fwt,90° ou ft,90°), obtida por ensaio. obs: para efeito de projeto estrutural, considera-se nula a resistência depeças de madeira a tração normal às fibras. Caracterização da madeira 19 e) Resistência ao cisalhamento paralelo às fibras: (fwv,0° ou fv,0°), obtida por ensaio; f) Resistência de embutimento paralelo às fibras: (fwe,0° ou fe,0°), obtida por ensaio; g) Resistência de embutimento normal às fibras (fwe,90° ou fe,90°), obtida por ensaio h) Densidade básica: Caracterização da madeira 20 Na falta de determinação experimental para espécies usuais, a partir dos ensaios de compressão paralela às fibras, permite-se adotar: Caracterização da madeira 21 Valor Médio: Xm = valor médio de uma propriedade da madeira, determinado pela média aritmética dos valores correspondentes aos elementos que compõem o lote. Os valores de cálculo das propriedades das madeiras são determinados em função da aplicação (condições ambientais, carregamentos e qualidade da madeira) a partir dos coeficientes Kmod aplicados aos valores característicos. Figura 5 – Distribuição Normal. Caracterização da madeira Valores Característicos: Para a distribuição de Gauss nas aplicações estruturais de madeiras, adota-se fwk = 0,70 fwm. 22 Valores de Cálculo: O coeficiente de modificação Kmod é formado pelo produto dos coeficientes de modificação. Tabela 2 – Classes de Carregamentos para Estruturas de Madeiras. Os coeficientes de modificação Kmod1,2,3 são apresentados nas tabelas da norma NBR7190/97 (Projeto de Estruturas de Madeiras). Caracterização da madeira 23 Tabela 3 – Coeficiente Kmod1. Tabela 4 – Coeficiente Kmod2. Caracterização da madeira 24 Tabela 5 – Coeficiente Kmod3 para Coníferas. Tabela 6 – Coeficiente Kmod3 para Folhosas. Caracterização da madeira 25 Tabela 7 – Coeficiente Kmod3 para Madeiras Não Classificadas. Coeficientes de Ponderação da Resistência para Estados Limites Últimos: Valor da Resistência de cálculo (fWd ): Caracterização da madeira 26 Valor da Rigidez Efetiva ( Ec,0°,ef ou Gef) Caracterização da madeira 27 EX01: Determinar a resistência de cálculo e o módulo de elasticidade efetivo a compressão paralela às fibras, referida a condição padrão de umidade (Ueq = 12%), conhecidos: a) Madeira dicotiledônea serrada, classe S2; b) Classificação visual e por ultrassom; c) fc0°,m 15% = 5,8 kN/cm2 (limite de resistência média a compressão paralela às fibras); d) Ec0°,m 20% = 1460 kN/cm2; e) Ação de longa duração; f) a 6º. Caracterização da madeira 28 SOLUÇÃO: Resistência de cálculo à compressão paralela às fibras. Como o valor limite de resistência média à compressão paralela às fibras, obtido em ensaios, refere-se a 15% de umidade, devemos corrigi-lo para a condição padrão de umidade (U=12%): Caracterização da madeira 29 Caracterização da madeira 30 SOLUÇÃO: Módulo de elasticidade efetivo à compressão paralela às fibras. Correção para condição padrão de umidade. Caracterização da madeira Na aula de hoje foram vistos os seguintes assuntos: Apresentar a madeira como material para estruturas da construção civil; Compreender os principais conceitos relacionados a estruturas de madeiras; Compreender os conceitos relacionados a caracterização de madeiras para aplicações estruturais; Revisão / Fechamento da Aula 31 OBRIGADO!!!
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