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- Avaliação Comportamental do Autismo_modulo complementar

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UNIDADE COMPLEMENTAR 
A AVALIAÇÃO COMPORTAMENTAL 
“Educação é o que fica quando o que se aprendeu foi esquecido”. 
(B. F. Skinner). 
Nesta Unidade, vamos compreender a importância da avaliação comportamental para 
o autismo. 
A Análise do Comportamento trouxe uma nova perspectiva para a Psicologia. Isso 
representa que, diante das escolas, linhas de atuação, procedimentos adotados de 
que a Psicologia já dispunha, surgiu uma contribuição nova, como forma de pesquisar, 
de elaborar o conhecimento e de aplicação. 
O estudo da Análise do Comportamento aliado à atuação do profissional motiva a 
aplicabilidade dos princípios dessa abordagem psicológica. Assim, já delimitamos que 
a Análise do Comportamento é uma abordagem psicológica. 
Basicamente Skinner, no segundo momento, mediante seus estudos sobre a Análise 
do Comportamento, sistematicamente fez elaborações conceituais e trouxe como 
proposta uma concepção de homem que diverge fundamentalmente das concepções 
tradicionais. 
As concepções que vingam e são desenvolvidas na Psicologia são visões de um 
homem dualista, com forte ênfase no papel da mente como um fator determinante de 
ações, sofrimentos, sentimentos e assim por diante. 
Skinner traz uma proposta revolucionária, à medida que proporciona uma visão do 
homem estudado como um objeto da natureza e, como tal, desprovido dessa 
dualidade mente/corpo. 
O que vamos estudar é a interação do ser humano com o seu meio ambiente. 
Esse estudo envolve tanto as condições presentes como as condições passadas (ou 
história de contingências). 
Assim, como outras áreas, a Análise do Comportamento produz conhecimento. 
Um conhecimento gerado à medida que produz dados a partir de estudos controlados. 
Esse é um dos aspectos: a pesquisa. 
Desse modo, Análise Experimental do Comportamento é uma fonte produtora de 
conhecimentos sobre como as pessoas e os organismos se relacionam com o 
ambiente de uma maneira geral. 
CAPÍTULO 1 
Entendendo os Behaviorismos 
Como tudo iniciou... 
Quando falamos em Behaviorismo, na verdade, falamos em behaviorismos, no plural. 
No início do século 20, a filosofia da ciência do comportamento denominada 
Behaviorismo se ramificou em diversas vertentes que defendiam ideias com certas 
semelhanças, mas que também tinham divergências importantes. 
Entre os behavioristas, os mais conhecidos, sem dúvida, são John Watson, fundador 
do Behaviorismo Metodológico, e Burrhus Frederic Skinner, criador do Behaviorismo 
Radical. 
O que diferencia esses dois behaviorismos? 
O Behaviorismo Metodológico foi o ponto de partida dos estudos da visão behaviorista. 
Watson estava interessado em estudar comportamentos reflexos e considerava que 
pensamentos e emoções não deveriam ser estudados pela Psicologia, pois eram 
fenômenos que não podiam ser observados. 
Já o Behaviorismo Radical de Skinner estava direcionado ao estudo do 
comportamento operante, muito diferente do comportamento reflexo. Além disso, o 
Behaviorismo Radical não exclui o estudo das emoções, dos pensamentos e de outros 
fenômenos que não podemos enxergar. 
Percebeu as diferenças entre as duas abordagens? 
Então, vamos explorá-las um pouco mais! 
O comportamento reflexo é um tipo de ação que não conseguimos segurar, como a 
salivação, o bocejo, o espirro. Esse tipo de comportamento foi muito estudado pelo 
Behaviorismo Metodológico, principalmente por meio de um processo chamado 
condicionamento reflexo. 
Sabe o que é isso? 
Resumidamente, o condicionamento reflexo acontece da seguinte maneira: 
Primeiramente, procure um estímulo que produza uma ação reflexa em um organismo. 
Vejamos: 
... um bom estímulo pode ser um alimento que desencadeia a salivação do 
cachorro. 
Condicionamento reflexo 
Figura 1. 
 
Fonte: acervo Pessoal. 
Agora vamos utilizar um estímulo neutro, ou seja, um estímulo que não desperta 
nenhum comportamento no cachorro: como o barulho de um sino ou sineta. Se toda 
vez que oferecermos alimento ao cachorro fizermos o barulho com esse sino ou 
sineta, com o passar do tempo, ele começará a salivar ao ouvir o barulho da sineta, 
mesmo que nenhuma comida lhe seja oferecida. O som da sineta que era um estímulo 
neutro virou um estímulo condicionado, ou seja, um estímulo capaz de desencadear 
aquele comportamento de salivação que antes somente era eliciado pela comida. 
Esse tipo de condicionamento era o tipo de fenômeno estudado pelo Behaviorismo 
Metodológico. 
Alimento
(estímulo)
Desencadeia 
Salivação no cachorro
(ação reflexa que 
responde a esse 
Já o condicionamento operante, que passou a ser estudado por Skinner no 
Behaviorismo Radical, é um fenômeno muito diferente do supracitado. 
No condicionamento operante, primeiramente um organismo emite um 
comportamento. 
Por exemplo: uma pessoa conta uma piada em uma festa. Se, em consequência, 
alguém achar a piada engraçada, provavelmente o “contador de piadas” contará mais 
piadas em ocasiões semelhantes. Isso acontece porque a consequência gerada no 
comportamento de contar a piada foi uma consequência reforçadora (abordaremos 
mais adiante o reforço). 
Sempre que você emite um comportamento que gera uma consequência reforçadora, 
as chances de esse comportamento se repetir aumentam. 
Perceberam bem a diferença entre os dois tipos de condicionamento? 
Vamos a uma comparação: no Condicionamento Reflexo, temos um estímulo que 
elicia uma resposta. Então pareamos um novo estímulo, que se torna capaz de 
provocar aquela mesma resposta. 
 
Figura 2. 
 
Fonte: <http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI304303-17770,00-
COLA+PARA+CARNE+SERVE+PARA+MONTAR+FILET+MIGNON+FALSO.html>; 
<https://www.klebervariedades.com.br/sineta-campainha-de-mao-65x12-rio-master-7750/p>; 
<https://www.mundodosanimais.pt/caes/motivos-para-nao-ter-cao/>. Acesso 29/8/2018. 
___________________ 
 
No condicionamento operante, não há estímulo algum desencadeando 
comportamentos. Não há sineta nem comida. Nele, é o organismo que opera. Ou seja, 
emite um comportamento – quando esse comportamento gera consequências 
reforçadoras, tais consequências aumentam as chances de o comportamento se 
repetir. Observe que são processos muito diferentes. 
Até aqui vimos que o Behaviorismo Radical de Skinner não se recusa a estudar 
fenômenos como o pensamento e as emoções, ao contrário do Behaviorismo 
Metodológico de Watson. Mas é preciso ressaltar que Skinner considera pensamentos 
e emoções como comportamentos e os estudou dessa forma – e não como processos 
mentais. 
Além disso, não se deve acreditar que os pensamentos, as emoções, a mente e o 
cérebro geram comportamentos nas pessoas. Para Skinner, pensamentos e emoções 
precisam ser explicados, e não utilizados como explicações. Atribuir a origem do 
comportamento a esses eventos pouco conhecidos é – na visão skinneriana – um tipo 
de criacionismo. 
 
Skinner - Coleção Grandes Educadores - (Completo) 
<https://www.youtube.com/watch?v=L_iD-JPI99Q>. 
___________________ 
Sendo assim, os temas abordados nesta disciplina se baseiam no eixo da abordagem 
psicológica denominado como Análise do Comportamento, derivada das pesquisas 
desenvolvidas por Burrhus Frederic Skinner. 
Algumas vezes percebemos uma confusão acerca da Análise do Comportamento e o 
Behaviorismo, bem como o Behaviorismo Radical de Skinner (como grande força do 
behaviorismo) com outras escolas – digamos assim – do Behaviorismo. Ou até mesmo 
o desconhecimento de diferentes behaviorismos. 
É fato que o Behaviorismo Radical ou Filosofia da Ciência do Comportamento com a 
concepção do ser humano, as concepções epistemológicas, o objeto de estudo, a 
causalidade, entre outras discussões filosóficas, fundamentam a Análise do 
Comportamento e representam o cerne do pensamento de Skinner, que sempre 
acreditou que, por mais complexo que fosse o comportamento apresentado, era 
possível estudá-lo de forma científica.Dessa forma, a ciência, na visão de Skinner, é o modo mais seguro e eficiente para se 
construir o conhecimento. Assim, enquanto inúmeros pesquisadores contemporâneos 
a Skinner afirmavam que era impossível o estudo do comportamento dado ao seu grau 
de complexidade – descartando, desse modo, a ciência (estudos laboratoriais) – e, 
paralelamente, sustentando que a subjetividade não estava ao alcance de observação 
científica, Skinner realiza uma imersão, trabalhando dia após dia no laboratório com o 
intuito de provar que existia – sim! – a viabilidade de uma filosofia da ciência do 
comportamento marcada pela observação de fenômenos subjetivos. 
A dedicação de Skinner à pesquisa rendeu frutos e, hoje, podemos afirmar que os 
conhecimentos produzidos em seu trabalho são a base para a atuação de milhares de 
profissionais ao redor do mundo. Ou seja, a pesquisa que se originou no escopo da 
Psicologia extrapolou essa área do conhecimento e é utilizada nos mais diversos 
setores, tais como: clínica, organizações, escolas, hospitais, educação especial, 
esportes, planejamento cultural, laboratório e na intervenção direcionada para o 
autismo – foco de nosso curso. 
Queremos pontuar que citamos apenas algumas áreas entre as inúmeras que utilizam 
a filosofia, os conceitos e técnicas desenvolvidos por Skinner. 
Contudo, apesar da estreita relação, a Análise do Comportamento e o Behaviorismo 
são distintos. A Análise do Comportamento configura uma abordagem psicológica, 
enquanto o Behaviorismo é um tipo de filosofia da ciência do comportamento. 
Vamos a algumas palavras de Skinner sobre o Behaviorismo Radical: 
O Behaviorismo não é a ciência do comportamento humano, mas, sim, a 
filosofia dessa ciência. Algumas das questões que ele propõe são: É possível 
tal ciência? Pode ela explicar cada aspecto do comportamento humano? 
Que métodos pode empregar? São suas leis tão válidas quanto as da física e 
da biologia? Proporcionará ela uma tecnologia e, em caso positivo, que 
papel desempenhará nos assuntos humanos? São particularmente 
importantes suas relações com as formas anteriores de tratamento do 
mesmo assunto. O comportamento humano é o traço mais familiar do 
mundo em que as pessoas vivem, e deve ter sido dito mais sobre ele do que 
sobre qualquer outra coisa. E, de tudo o que foi dito, o que vale a pena ser 
considerado? (SKINNER, 1982, p. 7) 
É essencial destacar que, em sua obra intitulada Sobre o Behaviorismo – que constará 
como referência de leitura em nossa biblioteca –, o próprio Skinner deixa claro que o 
Behaviorismo não deve ser encarado como uma ciência do comportamento, mas sim a 
filosofia que fundamenta essa ciência. Desse modo, não existe a possibilidade de 
compararmos o Behaviorismo Radical com outras abordagens como a Psicanálise ou 
a Gestalt – por exemplo –, já que o Behaviorismo Radical não é uma abordagem 
psicológica. 
Ao longo de sua vida, B. F. Skinner escreveu e publicou aproximadamente 300 artigos 
científicos e cerca de 20 livros. Livros esses de grande relevância, e, exatamente por 
esse motivo, é interessante sua leitura. Obviamente, não é uma imposição ler todos, 
mas com certeza aprofundar os conhecimentos nessa literatura ampliará o estudo 
acerca do Behaviorismo Radical, da obra de Skinner, e fomentará o conhecimento 
sobre a Análise do Comportamento Aplicada. Desse modo, um estudo complementar 
auxiliará os profissionais a desenvolverem suas intervenções e, acima de tudo, 
obterem uma visão analítica sobre ABA. Uma vez que, no Brasil, a Análise do 
Comportamento Aplicada gera uma série de demandas com relação a ser ou não uma 
ciência, esse é um ponto muito importante a ser esclarecido, pois há correntes 
contrárias na categorização de ABA. 
 
CAPÍTULO 2 
Análise do comportamento aplicada 
Vamos iniciar com uma discussão que gera muita polêmica. 
Prontos? 
Então vamos adentrar o Universo ABA. 
Qual é a polêmica? 
Existe um grupo de analistas comportamentais que define ABA como ciência, pois 
cada intervenção é individualizada dependendo do grau de autismo apresentado, 
sendo necessário um plano de intervenção personalizado/individualizado, no qual se 
parte de um comportamento inadequado que será extinto, e, em seu lugar, um 
repertório de comportamento adequado deve ser estabelecido de forma bem sucedida. 
Assim, o ABA pertence ao domínio natural da Psicologia, como um braço da 
Psicologia Comportamental mediante o paradigma S-R (estímulo-resposta), com 
operantes e pesquisas que tragam resultados eficazes. Resultados esses que são 
controlados. Desse modo, esse grupo de analistas afirma categoricamente que ABA 
não é um método, pois não possui um manual, e há vários procedimentos, cabendo ao 
profissional planejar sua intervenção de acordo com a demanda apresentada por seu 
paciente com autismo. 
Em contrapartida, há outro grupo de analistas do comportamento que fomenta 
discussões sobre ABA ser exatamente um método, pois há um conjunto de práticas, 
teorias e conceitos. Portanto, nada mais justo que definir ABA como um método. 
Podemos comprovar o fato de que existe, na área da análise do comportamento, uma 
divisão entre os analistas do comportamento em relação ao fato de ABA ser método 
ou ciência. 
Essas duas visões fazem sentido? 
Sim! 
Temos que construir currículos individualizados, pois as pessoas não são iguais, e não 
podemos esperar que assim sejam no TEA. O Autismo, antes de qualquer definição, é 
uma condição biológica, genética, pautada pela neurodiversidade, entre outros fatores. 
Ole Ivar Lovaas (1927-2010) é taxativo ao afirmar que ABA não é um método, mas sim 
uma disciplina científica para modificação de comportamento desenvolvida a partir da 
pesquisa-base realizada no escopo do Behaviorismo Radical de Skinner. Assim, a 
Análise do Comportamento Aplicada ou Applied Behavior Analysis (ABA) está 
preocupada com a aplicação de técnicas baseadas nos princípios da aprendizagem 
para mudar o comportamento de significância social. Essa é a forma aplicada de 
análise do comportamento; mas há outras vertentes. Por exemplo, outras duas formas 
são o behaviorismo radical (ou a filosofia da ciência do comportamento) e a análise 
experimental do comportamento (ou pesquisa experimental básica). 
O nome Análise do Comportamento Aplicada está voltada à modificação do 
comportamento, tendo como foco esclarecer as interações relevantes no ambiente que 
suscitaram a mudança no comportamento. A ABA se propõe a mudar o 
comportamento avaliando primeiramente a relação funcional entre um comportamento 
direcionado e o ambiente. Além disso, a abordagem geralmente busca desenvolver 
alternativas socialmente aceitáveis para comportamentos aberrantes ou inadequados. 
A Análise do Comportamento aplicada foi e é utilizada em uma vasta gama de áreas e 
problemas comportamentais. Os exemplos incluem intervenções comportamentais 
intensivas precoces para crianças com transtorno do espectro autista (TEA), 
pesquisas sobre os princípios que influenciam o comportamento criminoso, bem como 
a prevenção do HIV, conservação de recursos naturais, educação, gerontologia, saúde 
e exercício físico, segurança industrial, aquisição de linguagem, procedimentos 
médicos, parentalidade, psicoterapia, uso do cinto de segurança, transtornos mentais 
graves, esportes, abuso de substâncias, fobias, distúrbios de alimentação pediátrica e 
manejo zoológico e cuidados com animais. 
O fato é que existem protocolos e procedimentos a serem seguidos. Um deles, por 
exemplo, é o DRO – Reforçamento Diferencial de Outra Resposta –, que é um 
procedimento que tem como ser realizado independentemente do comportamento que 
o profissional deseja reduzir de frequência. Então, uma criança que grita, que chora 
porque quer alguma coisa, pode estar se comportando assim porque quer assistir à 
televisão, quer o tablet ou quer chocolate. Podemos dizer que são birras diferentes. 
Certo?Mas a maneira como o terapeuta vai intervir nessas duas birras diferentes é 
idêntica ou muito parecida. Dessa forma, o DRO nos alerta a colocar um 
comportamento em extinção, o que significa – em linhas gerais – que você não vai dar 
atenção, que você não vai reforçar esse comportamento com atenção – essa birra de 
gritar, chorar, se jogar no chão –, e, ao mesmo tempo, você vai ajudar a criança a se 
engajar em outro comportamento. Por isso o nome Reforçamento Diferencial de Outra 
Resposta (ou Outro Comportamento). Não cabe ao profissional, pais ou professores 
ficar falando: “Gustavo, não pode ficar se jogando no chão”. Ao contrário disso, será 
dito “olha, Gustavo, vamos ver o que tem aqui? Dominó! Que legal! Vamos jogar?”. Se 
a criança se engajar nessa atividade, vem o reforço positivo verbal “que bom que você 
vai jogar comigo. Estou feliz! Vamos nos divertir juntos”. Esse é um procedimento. Mas 
a pessoa que o aplica precisa analisar a maneira como vai implementar a extinção de 
um comportamento e a tentativa de direcionamento para outro – essa é a definição do 
procedimento. A questão é saber como aplicá-lo nas situações diversas. 
Existem procedimentos e técnicas prontas que o analista do comportamento replica e 
adapta. 
Na disciplina Manejo de Comportamentos Disruptivos e a Aprendizagem pelas 
Consequências, o tema será aprofundado. E pensamos que é relevante a discussão 
desse tema em tópicos na sala do tutor para enriquecer a troca de conhecimentos e a 
interação no ambiente virtual. 
De modo geral, podemos utilizar os procedimentos DRO, extinção, punição, 
reforçamento – que são procedimentos já publicados, descritos em inúmeras 
referências bibliográficas –, mas, para cada pessoa que atendemos, existe a 
necessidade de estabelecer uma forma de aplicar. 
Há, inegavelmente, uma diversidade literária na obra de Skinner na qual podemos 
perceber um profissional extremamente mobilizado e preocupado com as questões 
humanas. Eis alguns títulos de suas obras: 
» Ciência e Comportamento Humano. 
» O Comportamento Verbal. 
» A Medida da Atividade Espontânea. 
» O Estudante Criativo. 
» Tecnologia do Ensino. 
» Sobre o Behaviorismo. 
 
Burrhus Frederic Skinner – Nova Antologia 
<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me4663.pdf>. 
___________________ 
ABA é a sigla em inglês para Applied Behavior Analysis – em português, Análise do 
Comportamento Aplicada. 
A Análise do Comportamento Aplicada é um eixo da Análise do Comportamento. 
A Análise do Comportamento é uma abordagem da Psicologia. É um jeito de fazer 
Psicologia. 
Dentro da Psicologia, temos inúmeras áreas, como já mencionamos, tais como: a 
Psicanálise, a Gestalt /terapia, a Abordagem Humanista etc. 
Em nossa disciplina, os ensinamentos serão baseados em Princípios da Análise do 
Comportamento. 
A Análise do Comportamento possui alguns eixos ou domínios. 
ABA = Applied Behavior Analysis, é um domínio que compõe a Ciência do 
Comportamento. 
A Análise do Comportamento é uma ciência – abordagem ou método (já falamos 
acerca da discordância em caracterizar, nomear ou classificar ABA, portanto vamos 
seguir adiante) – pragmática nos moldes das ciências naturais. Desenvolve-se em um 
continuum de quatro domínios (Moore e Cooper, 2003). 
 
Sobre a análise do comportamento aplicada – ABA 
Figura 3. 
 
Fonte: acervo pessoal. 
[...] Cada um dos quatro papéis é uma parte extremamente importante na 
Análise Comportamental (AC) e, cada um deles, merece total e completo 
respeito. (HAWKINS; ANDERSON, 2002, p. 49). 
Conceito 
A abordagem utilizada será baseada em princípios do Behaviorismo Radical. 
E podemos nos perguntar: de onde surge essa terminologia: Behaviorismo Radical? 
Por que ele é Radical? 
Porque o Behaviorismo Radical nega invariavelmente uma visão dualista de ser 
humano que, em as questões ou demandas, têm um campo imaterial e outro material, 
o que podemos descrever como a dualidade entre mente e corpo. 
Para a Análise do Comportamento, eventos privados (pensamento, sentimentos, 
questões internas, que ocorrem dentro do corpo e mente) são encarados também 
como comportamentos e, portanto, passíveis de serem estudados e controlados. 
O Behaviorismo Radical também acredita que o comportamento é determinado. 
Ou seja, o Comportamento, à luz da abordagem Behaviorista Radical, é o produto de 
uma seleção natural. 
1. CONCEITO 
Behaviorismo Radical, Visão 
Monista de Homem e Seleção 
Natural dos Comportamentos 
2. PESQUISA BÁSICA 
Princípios e Processos Gerais
3. PESQUISA APLICADA=ABA 
Princípios e Processos Básicos 
Aplicáveis em situações 
socialmente relevantes
4. RELEVÂNCIA 
Intervenção voltada a problemas 
socialmente relevantes
Lamarkismo versus Darwinismo. 
A teoria desenvolvida por Jean-Baptiste Lamarck (1744-1829) também chamada de 
Lamarckismo defendia que os seres vivos se modificavam ao longo do tempo, de 
acordo com as pressões exercidas pelo ambiente, e que essas modificações 
passavam para as gerações seguintes, seguindo a lei do uso e desuso e a lei dos 
caracteres adquiridos. 
Apesar de hoje o Lamarkismo ser reconhecidamente uma teoria errônea, há alguns 
pontos assertivos, que, posteriormente, foram utilizados pelo naturalista britânico 
Charles Darwin (1809-1882) ao desenvolver e reforçar a teoria da seleção natural e 
sexual – afirmando que os seres se modificavam ao longo do tempo. Ou seja, os 
seres evoluíam, ao contrário da ideia fixista predominante na época. 
Na visão de Darwin, o ambiente influencia os seres vivos, as mudanças que neles 
ocorrem ao longo do tempo e a existência de relações de parentesco e descendência 
entre as espécies de seres vivos. 
Charles Darwin somente começou a considerar de forma mais séria a hipótese da 
evolução nos anos de 1938, aos 29 anos, sendo influenciado pelos estudos de 
Lamarck. Entretanto, logo seguiu uma abordagem bem distinta. 
Um exemplo desse distanciamento do Lamarkismo é o registro descrito na carta 
enviada em janeiro de 1844 para Joseph Dalton Hooker: 
Estou quase convencido (contrariamente à opinião da qual parti) de que as 
espécies não são (é como confessar um assassinato) imutáveis. O céu 
protegeu-me do absurdo de Lamarck de uma tendência à progressão […]. 
Mas as conclusões a que estou chegando não são muito diferentes das suas, 
embora os processos de mudança sejam inteiramente distintos. (Revista 
Brasileira de História. São Paulo, v. 34, no 67, 2014, pp. 159-180) 
E, ao contrário do que se diz sobre a Análise do Comportamento, não há uma postura 
mecanicista – o antecedente (reflexo) produz o comportamento. A posição skinneriana 
busca uma explicação em um modelo darwiniano. O indivíduo se comporta, e esse 
comportamento produz consequências. E essas consequências selecionam os 
comportamentos – fortalecendo-os ou enfraquecendo-os. 
 
 
Exemplificando: 
Voz de mando da mãe: “Vista seu casaco”. 
Descrição do comportamento do filho: ele está brincando, não está com frio e não quer vestir 
o casaco. 
Então, vestir o casaco no plano imediato não vai produzir para esse indivíduo uma 
consequência que ele consideraria reforçadora. 
Nessa hora, a mãe do nosso exemplo utiliza-se da força – sendo mais coercitiva ou não –, mas 
o fato é que ela vai pegar o casaco e colocar em seu filho. 
É um exemplo bastante comum e que deve ser analisado, pois é uma relação de violência, de 
imposição. Claro que, na visão da mãe, o instinto de proteção em relação à saúde de seu filho 
falará mais alto – assim, essa mãe não verá sua atitude como invasiva. 
Mas a questão é: para que nossos problemas sejam trabalhados, devemos investir na 
compreensão de como se faz qualquer comportamento acontecer sem o uso da força. 
___________________ 
Todo o arcabouço da Análise do Comportamento Aplicada nos ajuda a compreender 
de uma forma menos simplista. E acreditamos que esse é um engano que, muitas 
vezes, ocorre por meio de um contatoparcial com a ABA, que suscita a impressão 
inadequada de que a Análise do Comportamento seja simplista, mecanicista e 
robotizante – sinônimos comumente empregados acerca da ABA. 
Desse modo, a partir do momento em que compreendemos de forma assertiva a 
concepção e o olhar do behaviorista para o comportamento humano, entendemos que 
não há nada – em absoluto – de simplista. A análise de contingências é um raciocínio 
abrangente que observa o comportamento humano como uma resposta a diversas 
variáveis e aspectos. 
 
 
Leiam o texto “Evolucionismo darwinista? Contribuições de Alfred Russel Wallace à Teoria da 
Evolução”. <http://www.scielo.br/pdf/rbh/v34n67/a08v34n67.pdf>. 
___________________ 
A Análise do Comportamento se identifica com a visão de Darwin. Ou seja, os 
comportamentos existem em qualquer indivíduo – inclusive nos indivíduos infra-
humanos (animais) –, pois existe uma função. Às vezes, não se consegue determinar 
essa função em uma vida, quer dizer, em uma determinada geração. Entretanto, por 
algum motivo, há milhares de anos, para nossos antepassados que viviam em 
cavernas, esse comportamento foi importante. 
Por exemplo, o comportamento de fuga, taquicardia, dilatação dos vasos sanguíneos, 
estado de alerta, dilatação da pupila, tudo isso é comportamento. Mas é um tipo de 
comportamento que não é aprendido após o nascimento. Ao contrário, já nascemos 
com ele. Mas, em algum momento, eles foram selecionados e determinados. 
Pesquisa básica 
O local onde se realiza a pesquisa dos conceitos e onde se testa a hipótese: o 
laboratório. 
Geralmente com ratos, pombos, cachorros – indivíduos infra-humanos. 
Ou seja, no laboratório: 
» testam-se conceitos; 
» descobrem-se conceitos. 
Muitos conceitos da Análise do Comportamento foram descobertos quase – ou 
totalmente – por acaso, a partir de testagens, retestagens e mais retestagens. 
 
 
[início sugestão de estudo complementar] 
Assistam ao vídeo: Skinner – Modelagem (legendado). 
<https://www.youtube.com/watch?v=cFoDe9KoK74>. 
___________________ 
Pesquisa aplicada – ABA 
ABA representa a parte aplicada de todo o conhecimento adquirido. 
Lembrem-se do nosso primeiro fluxograma com as 4 etapas: 
1. conceito; 
2. pesquisa básica; 
3. pesquisa aplicada = ABA; 
4. relevância. 
Então, para nós interessa o uso dos princípios e processos básicos em situações 
socialmente relevantes – em nosso caso, o autismo. Ou seja, é um comportamento-
problema socialmente relevante. É interessante descobrir a forma de como trabalhar 
os comportamentos inadequados da pessoa com autismo, o que representa que a 
análise do comportamento assertiva se inicia com o planejamento da intervenção 
adequada, sempre individualizada. 
Esse aspecto do ABA é interessante para o professor, para a mãe e para os 
profissionais que atendem à demanda da pessoa com TEA. 
Vemos também uma grande relevância para o Governo na condição provedor da 
saúde. 
O ABA é uma pesquisa dirigida a problema relevante, geralmente um comportamento-
problema, em que o profissional analisa e interpreta esses comportamentos para 
planejar e intervir de modo a ensinar comportamentos aceitáveis e extinguir os 
inadequados. 
Prestação de serviço 
É o que uma clínica multidisciplinar faz, por exemplo. Ou seja, há o conhecimento de 
técnicas e do procedimento que já foram testados na Pesquisa Básica (1) e na 
Pesquisa Aplicada – ABA (3) e que servem para lidar com a demanda do autismo. E o 
prestador de serviços oferece ao mercado sua Especialização – quer seja por meio de 
atendimento a pessoa com autismo, quer seja por meio do atendimento aos pais, pela 
qualificação de AT’s (acompanhantes terapêuticos), intervenção comportamental, 
intervenção a distância, inclusão escolar, entre inúmeras possibilidades. 
Ao apresentarmos o fluxograma, queremos sinalizar que é um passo a passo 
integrado, e que nenhum dos passos caminha sem o outro. 
E a Análise do Comportamento Aplicada ou ABA pode ser aplicada em qualquer 
ambiente que demande uma mudança comportamental, tais como: 
» esportes; 
» hospitais; 
» clínicas; 
» escolas; 
» cooperativas; 
» empresas. 
Ou seja, devemos ressaltar que ABA não é uma ciência exclusiva para o autismo. Ela 
é um serviço, um modelo, com seus conceitos e técnicas passíveis de serem utilizadas 
na relação de contextos supracitados. 
Enfim, ABA tem sido muito associada ao autismo por inúmeras razões que 
apresentaremos ao longo da Especialização. Entretanto queremos deixar claro que a 
Análise do Comportamento Aplicada não é destinada apenas a indivíduos com 
Transtorno do Espectro do Autismo – TEA. 
As questões serão aprendidas e utilizadas com pacientes e aprendentes neurotípicos 
e independentemente da idade. 
 
Neste momento, pode surgir a questão: por que quando ouvimos ABA pensamos em atuação 
com autismo? 
Vamos compreender melhor essa associação ABA e Autismo? 
Cronologia: 
» Década de 30: Análise Experimental do Comportamento 
» Década de 40 e meados de 50: estudos de casos clínicos. 
» Fim da década de 50 e Década de 60: aplicação de princípios da aprendizagem 
focando o tratamento clínico. 
» Década de 70: Lovaas criou um centro de pesquisas aplicadas ABA para autismo, na 
Califórnia. 
___________________ 
Desde que a Análise do Comportamento nasceu, por volta dos anos de 1930, ela foi 
se aproximando dessa área. Na década de 30, Skinner ainda trabalha – e muito – com 
a Análise Experimental do Comportamento em laboratório com indivíduos infra-
humanos. Fazia testagens e escrevia artigos e livros, mas ainda não tinha uma 
aplicação prática para suas pesquisas. 
A partir dos anos de 1940 e 1950, seguidores de Skinner, como Lindsley e Bijou, 
começaram a se inserir em lugares que não despertaram interesse de outros 
psicólogos, como prisões e hospitais psiquiátricos. Dentro desse contexto, não havia 
uma preocupação com a assistência à demanda dos que ali estavam confinados. 
Desse modo, qualquer profissional que se aproximasse seria bem vindo – ou até visto 
com indiferença. 
Assim, iniciou-se o trabalho. Com a aplicação de técnicas, errando e acertando, 
fazendo ajustes e prosseguindo. 
Nessa época, o autismo era reconhecido e categorizado como retardo mental ou RM, 
e não havia toda a atual classificação diagnóstica extremamente refinada distinguida 
de outros diagnósticos. O panorama era bem diferente. 
Então, crianças, adolescentes e adultos autistas nos anos 40 e 50 provavelmente 
estavam internados nos hospitais psiquiátricos. 
Em meados dos anos de 1950 – mais precisamente em 1957 –, um analista do 
comportamento chamado Fester, de origem americana, começou a aplicar esses 
procedimentos apenas em crianças autistas em um centro de atendimento, definindo a 
intervenção sobre o autismo de forma comportamental. Em 1968, a partir das 
pesquisas de Baer, Wolf e Risley, a ABA é considerada uma área de pesquisa com 
parâmetros definidos. 
A partir de Lovaas, já estava estabelecida a relação entre autismo e a Análise do 
Comportamento Aplicada, tanto que atualmente, nos Estados Unidos, a Análise do 
Comportamento é o único tratamento ou intervenção financiado pelo Governo 
Americano – saúde pública. Então, nos EUA, se os pais têm um filho com TEA, existe 
um serviço público com muita qualidade baseado em ABA. Isso ocorre nos Estados 
Unidos pela comprovação científica da abordagem e sua eficácia. Práticas que são 
baseadas em evidências. 
No Brasil, ainda não contamos com um serviço de saúde pública direcionado à 
utilização da ABA em Centros de Atenção Psicossocial – CAPS. As iniciativas do setor 
de saúde pública nesse sentido ainda se encontram distantes de nossa realidade. 
E aqui podemos abrir um espaço para a eficácia da Terapia Analítico-Comportamental 
como uma das principais formas de psicoterapia utilizada para o enfrentamento de 
comportamentos-problemas. Com forte referência experimentale embasada no 
Behaviorismo Radical, tem sua práxis voltada para os princípios da aprendizagem. As 
análises e técnicas utilizadas por terapeutas dessa abordagem baseiam-se no modelo 
explicativo da seleção pelas consequências e na análise de contingências na condição 
de ferramenta interpretativa. 
Para que uma pesquisa seja classificada como ABA, há parâmetros a serem seguidos: 
» comportamental: o objeto de estudo tem que ser um comportamento – quer seja um 
comportamento privado (sentimentos, pensamentos) ou público (uma ação que é 
observada – ou seja a pessoa realizando o ato no ambiente); 
» deve ser analítica. Precisamos demonstrar que o que você fez foi responsável pela 
mudança que você queria, então é preciso demonstrar por meio dos registros e dados 
de linha de base (comparação posterior à intervenção) que foi a sua intervenção que 
provocou aqueles resultados; 
» tem que ser aplicada. Então, o comportamento que você selecionou para mudar ou 
para analisar tem que ser socialmente relevante (dentro dos quatro domínios citados 
no fluxograma – “ser socialmente relevante”. Autismo, obesidade, falta de habilidades 
sociais... Enfim, os comportamentos mais diversos; 
» deve ser eficaz, então a mudança que você provocar naquele comportamento tem que 
ser útil; 
 
Exemplificando: 
Você está treinando habilidade social com algum paciente seu. Ele não falava com ninguém 
quando entrava em um comércio. Agora ela já consegue falar com uma pessoa a cada dois 
locais (comércio, praças etc.) onde vai. 
Esse foi o resultado da sua pesquisa? 
Então não foi um resultado eficaz. Pois a mudança promovida foi mínima no comportamento 
desse indivíduo. 
Às vezes, fazemos uma intervenção para contato visual e, ao final de uma semana, nosso 
paciente olha sete vezes (uma vez por dia) quando está motivado por algo do interesse dele. 
Ou seja, não é quando o terapeuta chama. 
Questionamento: esse resultado é relevante? 
Não! Porque o que nos interessa ao treinar o contato visual é: ao chamar o 
paciente/atendido/aprendente pelo nome, que ele olhe imediatamente para quem o chamou, 
independentemente do que esteja fazendo. Como vimos acima, não foi isso que ocorreu. 
___________________ 
 
Retornando às características da pesquisa em ABA: 
» ela deve ser tecnológica, ou seja, você tem que descrever muito bem o que você fez a 
ponto de outra pessoa consiga replicar. Por exemplo, em uma determinada clínica, 
para cada atendimento realizado pelas acompanhantes terapêuticas (AT’s), há uma 
pauta que deve ser preenchida, com todo o detalhamento do procedimento para que 
outro profissional possa compreender os passos que foram dados e acompanhar o 
processo; 
» deve conter um aspecto generalizável. Segue o exemplo do treino de contato visual. O 
paciente está ótimo no contato visual comigo, mas com outra terapeuta, com a mãe, 
com o pai, com a professora não apresentou qualquer mudança. Permanece sem olhar 
ao ser chamado pelo nome. Vejamos, foi produzido um resultado eficaz, uma mudança 
significativa, entretanto esse indivíduo não está generalizando essa habilidade – que se 
mantém restrita à minha pessoa, à minha presença em sala, só olha para mim. Esse 
resultado não é interessante para o terapeuta. Exatamente por isso temos AT 
(acompanhante terapêutico) na escola, na casa do paciente. Pois ABA não se realiza 
uma vez por semana em uma sessão de uma hora. Não será dessa forma que o 
comportamento vai mudar. Pelo contrário, o comportamento só muda com a 
multiplicação de horas e com várias pessoas aplicando os procedimentos nos diversos 
locais onde a pessoa com autismo frequenta. Podemos citar alguns: escola, casa, casa 
da tia, as férias na casa da avó materna, o shopping, o clube, as aulas de ginástica 
olímpica... 
 
Parâmetros da pesquisa aplicada (BAER, WOLF; RISLEY, 1968) 
Figura 4. 
 
Fonte: acervo pessoal. 
Figura 5. 
 
Fonte: acervo pessoal. 
Pesquisa 
Aplicada
(ABA)
GENERALIZÁVEL
CONCEITUAL 
TECNOLÓGICA
EFICAZAPLICADA
ANALÍTICA
COMPORTAMENTAL 
•O comportamento é o objeto de estudo. Sua análise requer uma 
mensuração precisa. COMPORTAMENTO 
•Demonstrar que os procedimentos de intervenção foram responsáveis 
pela mudança no comportamento. ANALÍTICA 
•O comportamento estudado é importante para a sociedade e para o 
indivíduo. APLICADA
•A mudança comportamental atingida com a intervenção é significativa. EFICAZ 
•Emissão do comportamento na presença de outras pessoas e em outros 
ambientes.GENERALIZÁVEL
•As técnicas utilizadas no estudo devem ser baseadas nos princípios 
básicos da Análise do Comportamento.CONCEITUAL
•Procedimentos utilizados são precisamente descritos, a ponto de 
poderem ser reproduzidos por outro pesquisador. TECNOLÓGICA
Além desses parâmetros (BAER, WOLF; RISLEY, 1968), quem faz ABA com autismo 
planeja uma intervenção: 
1. intensiva: 40 horas semanais (LOVAAS, 1987): somente é possível com treino de 
paraprofissionais e pais como aplicadores; 
2. individualizada: cada criança segue um Currículo de Ensino individualizado, com 
registros individuais monitorando cada avanço; 
Sabemos, pois, que a Análise do Comportamento aplicada é uma abordagem 
psicológica que tem por objetivo principal compreender o indivíduo por meio de sua 
interação com o ambiente (condicionamento pavloviano, contingências de reforço e 
punição, esquemas de reforçamento, o papel do contexto, entre outros tipos de 
interação). 
É fundamental ressaltar que o conceito de ambiente no escopo da Análise do 
Comportamento ultrapassa o significado comum. Para a Análise do Comportamento, o 
termo ambiente está relacionado ao mundo físico (coisas e objetos materiais), mundo 
social (relações interpessoais), a história de vida de cada indivíduo e o 
autoconhecimento (interação conosco) – essa é a concepção de ambiente para a 
Análise do Comportamento. 
Ou seja, para os analistas do comportamento, o importante é identificar a qualidade e 
forma de interação do sujeito com seus ambientes, com aquilo que se encontra ao seu 
redor, por meio dos conceitos de condicionamento operante, discriminação de 
estímulos, esquemas de reforçamento etc., para, assim, buscar prever (identificar em 
qual circunstância um determinado comportamento/ação ocorrerá com maior 
probabilidade) e, dessa forma, controlar o comportamento. 
A ideia em ABA é: as consequências que um comportamento específico produziu no 
passado selecionaram esses comportamentos, assim interferindo e influenciando sua 
ocorrência ou extinção. Nesse caso, alteramos as consequências do comportamento 
no tempo presente, alterando provavelmente o comportamento – ou seja, controle de 
comportamento. 
 
 
Para facilitar o entendimento desse procedimento, vamos analisar um exemplo de previsão 
comportamental – por meio do conhecimento do histórico de vida pregressa do indivíduo, ou 
seja, sua história de interação com seu ambiente. 
___________________ 
O exemplo se baseia em fatos do contexto escolar. Dois irmãos gêmeos, 4 anos de 
idade, chamados Gabriel e Pedro Lucas, estudam no pré-escolar, idade que 
representa uma fase de grande importância no desenvolvimento infantil. E a palavra 
desenvolvimento se refere a algo fechado que vai se abrir, ampliar, expandir. 
Basicamente, no contexto escolar, estamos falando do desenvolvimento de 
capacidade intelectiva e habilidades acadêmicas. Entretanto, a criança, no percurso 
das fases do desenvolvimento, vai galgando etapas de reconhecimento das diferenças 
entre os indivíduos. O ingresso na escola traz uma série de interações: ambiente 
físico, tomada de decisões, relações interpessoais, aceitação pelo grupo. 
Paralelamente a essas questões, temos uma carga derivada da condição biológica, 
psicológica e da família nuclear. No caso desses dois irmãos, suas personalidades 
ainda se encontram muito ligadas, muito similares. Tanto Gabriel como Pedro Lucas 
são crianças extrovertidas e comfacilidade de comunicação. 
Vamos ver os fatos vivenciados por essas duas crianças ao longo de seu percurso 
escolar? 
Acompanhem pela sequência apresentada abaixo: 
Quadro 1. 
Nome Situação (Sᴬ) Comportamento (R) Situação (S ͨ) 
Gabriel A professora pede que 
Gabriel mostre o desenho 
que fez em casa. A tarefa 
era desenhar uma árvore. 
Gabriel se levanta e 
mostra para a professora 
e os colegas de classe seu 
desenho. 
A professora diz que o desenho 
não ficou bonito. Todos os alunos 
começam a rir de Gabriel. 
Pedro 
Lucas 
A professora pede que 
Pedro Lucas mostre o 
desenho que fez em casa. 
A tarefa era desenhar uma 
árvore. 
Pedro Lucas se levanta e 
mostra para a professora 
e os colegas de classe seu 
desenho. 
A professora faz vários elogios ao 
desenho. E todos os colegas falam 
frases como: “ficou show”; 
“parabéns”, “muito bonito”. 
Primeiro Ano do Ensino Fundamental 
Gabriel A professora solicita que 
Gabriel leia o trecho de 
um poema. 
Nesse dia, Gabriel esquece 
os óculos de grau, lê e 
comete vários erros em 
sua leitura. 
A professora o repreende e os 
colegas de classe começam a 
debochar dele. 
Pedro 
Lucas 
A professora solicita que 
Pedro Lucas leia um o 
trecho de um poema. 
Pedro Lucas lê 
corretamente. 
A professora o elogia. 
Correção de um Exercício de História no 6o ano do Ensino Fundamental 
Gabriel A professora diz “leia sua 
resposta”. 
Gabriel passou mal no dia 
anterior e responde: “não 
conseguir fazer, pois...”. 
A professora interrompe sua fala e 
lhe dá nota zero. 
Pedro 
Lucas 
A professora diz “leia sua 
resposta”. 
Pedro Lucas responde 
corretamente. 
A professora faz vários elogios e 
diz que gostaria de ter mais alunos 
como ele. Os colegas vão falar com 
ele no recreio e dizem que sua 
resposta foi muito boa. 
Situações similares às apresentadas ocorreram também no Ensino Médio 1o semestre Faculdade na 
Graduação em Direito 
Gabriel A professora informa: 
“amanhã teremos a 
apresentação oral do 
trabalho sobre Ciência 
Política”. 
Pedro 
Lucas 
A professora informa: 
“amanhã teremos a 
apresentação oral do 
trabalho sobre Ciência 
Política”. 
Desenvolvida com base em Moreira & Medeiros, 2007. 
Após essa apresentação de histórico escolar, temos a entrada na Faculdade, onde 
ambos os irmãos optaram pela Graduação em Direito. Mediante todos os eventos que 
foram apresentados, podemos considerar que dois comportamentos distintos tenham 
sido emitidos. 
Concordam? 
Então, quais seriam esses comportamentos? 
O primeiro fazer a apresentação oral sobre o trabalho de Ciência Política. 
O segundo faltar à aula, não apresentar o trabalho e dar uma desculpa para sua 
ausência. 
Qual dos dois irmãos teria emitido o segundo comportamento? 
( ) Gabriel 
( ) Pedro Lucas 
Utilizamos um exemplo simples e bem objetivo. Prever um comportamento por meio 
de uma análise funcional é exatamente isso. Todas as informações passadas a vocês 
levam à conclusão de que Gabriel logicamente inventaria uma desculpa para não 
apresentar o trabalho oral. Mas seria possível que o irmão a faltar e inventar uma 
desculpa pudesse ser Pedro Lucas? Sim, é possível. Isso invalidaria a análise? Não, 
de forma alguma, mas apontaria que a análise foi incompleta. 
Vamos chegar a uma conclusão com base no conhecimento das situações em que 
ocorreu a apresentação oral de um trabalho e quais foram as consequências desse 
comportamento nas situações passadas. 
Assim chegamos a conclusões como a de que Gabriel é o irmão que inventará uma 
desculpa para não fazer a sua apresentação oral do trabalho sobre Ciência Política em 
função das consequências desse comportamento no passado. 
Por isso, podemos dizer que, em decorrência de interações passadas, os 
comportamentos atuais são controlados: por meio de estímulos antecedentes 
(situações) e por estímulos consequentes (ou consequências). 
Quando temos a percepção de um comportamento reflexo, fazemos uma relação com 
agilidade. Por exemplo: “o goleiro tem um ótimo reflexo” – ou seja, impediu o gol do 
time adversário. Essa verbalização do senso comum faz alusão ao termo reflexo, e 
podemos dizer que se reconhece a sua importância. Entretanto, o termo reflexo, na 
Psicologia, tem outro significado. 
 
O modelo de serviço ABA envolve 
Figura 6. 
 
Fonte: acervo pessoal. 
Quem faz Pesquisa Aplicada = ABA = Pesquisador analista do comportamento. 
Quem aplica os Procedimentos de Ensino = profissionais e pais que aprendem a 
tecnologia derivada da ABA. 
O treino em Análise do Comportamento Aplicada – ABA, voltado para pais, 
paraprofissionais, estagiários, mediadores, professores do ensino fundamental, tem 
sido o foco de inúmeros manuais que foram lançados, desde Lovaas (1981). 
Estudos sugerem que treinar pais é eficiente tanto para os pais aplicarem 
corretamente os procedimentos quanto para garantir a mudança dos comportamentos 
das crianças. O treino de pais é eficaz por meio de aulas expositivas, modelos dados 
pelos terapeutas, role play, vídeo modeling – obviamente com os pais/responsáveis 
recebendo feedbacks dos terapeutas. 
 
Analista do Comportamento
Profissional pós-graduado em ABA
(Pesquisador)
AT – Acompanhante Terapêutico
Aplicador (para-profissional, pais, professor)
TECNÓLOGO = aplica técnicas - faz a 
prestação de serviço
Pessoa com TEA
Transtorno do Espectro Autista
 
An Evaluation of Using Behavioral Skills Training to Increase Instructional Pacing in the 
Implementation of Discrete Trial Training 
<https://repository.stcloudstate.edu/cgi/viewcontent.cgi?referer=https://www.google.com.br
/&httpsredir=1&article=1019&context=cpcf_etds>. 
Applied Behavior Analysis Techniques: Discrete Trial Training & Natural Environment Training 
<https://opensiuc.lib.siu.edu/cgi/viewcontent.cgi?referer=https://www.google.com.br/&https
redir=1&article=1239&context=gs_rp>. 
Sobre a Observação enquanto Procedimento Metodológico na Análise do Comportamento: 
Positivismo Lógico, Operacionismo e Behaviorismo Radical 
<http://www.scielo.br/pdf/ptp/v25n2/a05v25n2>. 
O PAPEL DO PROFESSOR NA PROPOSTA DA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO 
<http://e-revista.unioeste.br/index.php/fazciencia/article/viewFile/10917/9694>. 
___________________ 
Por que a Análise do Comportamento Aplicada é tão eficaz em relação ao autismo? 
De acordo com programas de intervenção baseados na Análise Comportamento 
Aplicada (ABA), são considerados, na atualidade, como uma intervenção baseada em 
evidências para o TEA (National Research Council, 2001; Simpson, 2005; National 
Standard Project, 2009; Klintwall et al., 2011; Mohammadzaheri et al. 2014). 
A eficácia no uso de ABA depende fundamentalmente de: 
1. características da criança; 
2. intensidade do treinamento que elas recebem (30h/semana – 20h com aplicador e 10h 
com os pais), de o treinador ser bem treinado e seguir o protocolo (KLINTWALL et al. 
2011). 
A Análise do Comportamento Aplicada utiliza-se do princípio de que o 
COMPORTAMENTO é uma RELAÇÃO entre AMBIENTE e ORGANISMO. 
Figura 7. 
 
Fonte: acervo pessoal. 
Assim, é tudo aquilo que vocês podem imaginar em relação a ambiente interno e 
externo. Para a Análise do Comportamento, o ambiente não são as árvores e os 
pássaros voando. Ambiente, para ABA, é o mundo de fora inteiro e o mundo de dentro 
inteiro. Então as sensações corporais são um exemplo de mundo, de ambiente. Só 
que um é privado, e o outro é público. 
E os organismos são aqueles que se comportam; seres humanos, animais, as 
bactérias etc. 
Então, quando pensamos no ambiente, podemos pensar nas coisas como estímulos, e 
para todo estímulo existe uma resposta. O que são respostas? São coisas que 
fazemos, como andar, acenar, falar... Ou seja, as respostas são ações. Coisas que 
podemos ver acontecendo ou não – como um pensamento. Um pensamento é uma 
resposta. 
 
Pensar em passar todo o conteúdo de um determinado tema durante uma palestra é uma 
resposta que apresentacomo estímulo olhar para o relógio e ver que tenho 15 minutos para 
passar uma quantidade expressiva de informações. Entendendo que olhar não é um estímulo, 
mas uma outra resposta, porém o relógio, com a disposição dos ponteiros, é um estímulo – 
que me faz pensar se terei tempo para finalizar a palestra com todo conteúdo em 15 minutos. 
___________________ 
Com o domínio em ABA, é possível direcionar um AT (acompanhante terapêutico) na 
aplicabilidade da análise do Comportamento para trabalhar com pessoas com TEA. 
Vamos falar sobre dois alvos fundamentais em ABA: manejos disruptivos e ensino de 
AMBIENTE ORGANISMO
habilidades nas áreas mais diversas (AVD, repertório de brincar, comunicação, pré-
requisitos). O importante é se especializar, mas estar sempre se atualizando em 
Congressos, Simpósios, associar-se à Associação de Psicologia Comportamental, 
estar em contato com outros profissionais, fomentar projetos de qualificação em ABA 
em escolas, centros de atendimento a pessoas com TEA, realizar o treino de pais. 
Pessoas com maior experiência na área e um currículo mais extenso também trazem 
benefícios. Quanto mais conhecimento acerca da análise do comportamento melhor 
será o desempenho de sua atuação profissional. 
Análise funcional do comportamento 
Pode ser descrita como a busca pelos determinantes da ocorrência da 
ação/comportamento. 
Assim, existem dois pontos essenciais em uma análise funcional do comportamento: 
os paradigmas. E estes são: 
1. respondente; 
2. operante. 
Pelo prisma do behaviorismo, esses determinantes ocorrem na interação do 
organismo com o meio ambiente. 
Desse modo, Skinner define que há três níveis de causalidade do comportamento que 
– em maior ou menor proporção – estão sempre agindo em confluência no 
acontecimento ou não de uma resposta de um comportamento. 
Os 3 níveis são: 
» Filogênese – relacionada à evolução da espécie. Ou seja, a nossa interação com o meio 
provém da evolução de nossa espécie. Exemplo: o comportamento de fuga – no 
passado, quando nossos ancestrais viviam em cavernas, ao ouvir o ruído de animal, 
esse era o antecedente para que todos fugissem e assim pudessem se salvar. Assim, 
esse comportamento foi selecionado, pois apresentou uma consequência positiva para 
o sujeito. Ao fugir, ele salvou sua vida. Aqueles que não fugiam, tornavam-se presas 
dos animais, que os atacavam. Provavelmente, os filhos dos que fugiram – homens e 
mulheres (que, por sinal, têm uma audição mais apurada) – nasciam, desenvolviam-se 
e se reproduziam, e a característica do comportamento de fuga foi os acompanhando 
ao longo de milhares de anos. 
O exemplo do rugido de um animal continua sendo relevante em ambientes onde há 
animais selvagens. 
Por isso, vamos trabalhar com um exemplo pertinente ao nosso contexto – nos centros 
urbanos, grandes capitais, lugares com elevado fluxo de pessoas (hipóteses em que 
você pode substituir por outras, de acordo com o contexto). O exemplo é meramente 
ilustrativo. Vejamos: 
... quando escutarmos um barulho repentino – o som de um tiro – temos um 
comportamento de sudorese, estado de alerta, taquicardia, dilatação das 
pupilas e dos vasos sanguíneos, e o fluxo sanguíneo se concentra nos 
membros inferiores para que possamos correr o mais rápido possível. Ou 
seja, esse comportamento terá uma função reforçadora. 
E aqui podemos abrir espaço para falar da tríplice contingência: antecedente, 
resposta e consequência. Temos que olhar para o que antecede a resposta e para a 
consequência. Entretanto, no comportamento reflexo, a consequência não importa 
muito – pois já nascemos com ele, sendo um produto da espécie, e não da vida de um 
sujeito A ou B. 
Comportamento reflexo/respondente 
Figura 8. 
Situação antecedente Situação consequente 
 
Fonte: acervo pessoal. 
» Ontogênese individual – esse nível da análise funcional interpreta a modificação de 
um comportamento pela interação direta com o ambiente ao longo da história de vida. 
RESPOSTA
Situação na qual as 
respostas 
acontecem
Situação que 
passa a existir 
após o 
responder
No exemplo dos dois irmãos, Gabriel e Pedro Lucas, vemos que há relação direta com a 
aprendizagem com base em experiências individuais com o ambiente. 
Na visão de Skinner, a Psicologia deveria dedicar-se mais à ontogênese individual, 
visto que são os determinantes do comportamento mais alusivos à 
subjetividade/individualidade. 
No comportamento reflexo ou respondente (sinônimos), não importa a consequência, 
pois o comportamento é produto de uma determinação que pode ocorrer ao longo da 
evolução das espécies ou da vida de um organismo. O comportamento reflexo é 
produto do nível de determinação filogenética. 
 
Vídeo sobre os reflexos primitivos apresentados em bebês de 0 a 12 meses – Comportamento 
Respondente 
Link: <https://www.youtube.com/watch?v=ysCl8Pp4nbg>. 
Quais reflexos primitivos podem ser identificados neste vídeo? 
E qual ou quais já não apresentam uma relevância para nossa espécie? 
___________________ 
Comportamento operante 
Figura 9. 
Situação antecedente Situação consequente 
 
Fonte: acervo pessoal. 
RESPOSTA
Situação na qual as 
respostas 
acontecem
Situação que 
passa a existir 
após o 
responder
Assim, o comportamento operante será muito citado ao longo de nosso curso, pois é o 
comportamento aprendido ao longo de uma vida e no qual importa tanto a situação 
antecedente como a situação consequente. 
No comportamento reflexo, um determinado estímulo elicia uma reposta. Eliciar 
significa que é em 100% das vezes. 
Vamos observar: 
Figura 10. 
Comportamento 
Reflexo/Respondente 
 
Ou seja: 
Comportamento 
Reflexo/Respondente 
 
Comportamento 
Reflexo/Respondente 
 
Comportamento 
S
(Estímulo)
ELICIA
R
(Resposta)
Alimento ELICIA Salivação
Um cisco cai no olho ELICIA Piscar 
Reflexo/Respondente 
 
Fonte: acervo pessoal. 
São comportamentos que acontecem e chamamos de 100% verdadeiros. Pois, em um 
organismo saudável, S-R (estímulo-resposta) será sempre uma relação 100% 
verdadeira. Isso pode não ocorrer quando o organismo apresentar alguma 
adversidade, falha ou imperfeição – exemplos: alteração sensorial, questão cognitiva 
prejudicada, alterada ou afetada. 
Figura 11. 
Comportamento 
Reflexo Condicionado 
 
Fonte: acervo pessoal. 
Como observamos até o momento, o comportamento é a relação entre estímulos e 
respostas. 
 
Poeira entrar no nariz ELICIA Espirrar
Comida Elicia Salivação 
PAREADO = JUNTO 
SOM 
Figura 12. 
 
Fonte: acervo pessoal. 
Lembram-se do exemplo da palestra? Vamos retornar a ele. 
 
Pensar em passar todo o conteúdo de um determinado tema durante uma palestra é uma 
resposta que apresenta como estímulo olhar para o relógio e ver que tenho 15 minutos para 
passar uma quantidade expressiva de informações. Entendendo que olhar não é um estímulo, 
mas outra resposta, porém o relógio com a disposição dos ponteiros é um estímulo – que me 
faz pensar se terei tempo para finalizar a palestra com todo conteúdo em 15 minutos. 
___________________ 
Figura 13. 
AMBIENTE = ESTÍMULOS 
Estímulos antecedentes Estímulos consequentes 
 
Fonte: acervo pessoal. 
O relógio é o estímulo antecedente que faz a pessoa pensar se ela vai conseguir 
expor todo o conteúdo no tempo restante ou não. Diante dos ponteiros do relógio 
provém o pensamento de “talvez eu não vá conseguir”, e começa a sudorese. 
ESTÍMULOS RESPOSTAS
RESPOSTA
Situação na qual 
as respostas 
acontecem
Situação que 
passa a existir 
após o 
responder.
Se tivesse feito menos slides, poderia ter administrado melhor o conteúdo a ser 
passado. Assim, não haveria necessidade de checar os ponteiros do relógio, a 
resposta de pensar se daria tempo ou não nem teria sido evocada, e não teria vindo a 
sudorese. 
Por outro lado, o mesmo antecedente pode evocar a mesma resposta, mas ter a 
consequências diferentes. 
1. As pessoas poderiamfalar que a palestra não foi boa, pois havia excesso de slides para 
uma palestra de 50 minutos. Sendo assim, a palestra não foi boa, pois o tempo não foi 
bem administrado pela palestrante. Isso já funciona como outro antecedente para que 
a palestrante se sinta mal. 
2. Mas pode haver uma situação em que as pessoas são compreensivas – a consequência 
pode ser o acolhimento das pessoas que gostaram do conteúdo que foi apresentado e, 
inclusive, pontuaram que o tema requer mais tempo. “Na próxima vez virei para lhe 
assistir e tenho certeza de que os organizadores do evento vão liberar mais tempo, 
pois seu tema é muito importante”. Há um incentivo (hipótese). 
E, em uma situação futura, mediante essas duas histórias de consequência de reforço, 
qual será a reação da palestrante? Em uma situação eu fui punida. A hipótese aqui 
não conta. 
Mediante isso, que pensamento vai me evocar? Eu pensarei algo parecido ou 
diferente? Uma vez que fui punida, vou pensar que a punição ocorrerá novamente. 
Mas, se não ocorreu uma punição, a pessoa não vai pensar nessa possibilidade. Isso 
demonstra que tanto o momento antecedente como o consequente são variáveis que 
devem ser observadas quando uma resposta acontece. 
 
Com o intuito de trabalhar a análise de comportamentos-problemas para serem utilizados ao 
longo das disciplinas do curso, propomos que assistam ao filme: Helen Keller e o Milagre de 
Anne Sullivan - The Miracle Worker (2000, Legendado). 
Link: <https://www.youtube.com/watch?v=_SsPD8-b3XQ>. 
Faça anotações no decorrer do filme para identificar os comportamentos-problema, 
observando a relação entre estímulos e respostas, os estímulos antecedentes e consequentes, 
o comportamento operante... E trace a análise comportamental. Vamos trabalhar com esse 
material nesta disciplina e nas subsequentes para que se familiarizem com a observação, 
análise e planejamento da intervenção. Aliás, ver filmes e analisar comportamentos e sua 
relação com estímulos e respostas é um excelente exercício. 
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» Ontogênese social – o comportamento variando de acordo comas variáveis grupais. 
Ou seja, é o contexto social no qual estamos inseridos e as mensagens pertinentes à 
cultura transmitida por esse grupo. Então, temos costumes, alimentação, moda, 
valores, preconceitos, entre outros. 
Finalmente, chegamos à grande contribuição de Skinner – talvez a mais valorizada por 
ele próprio. 
Figura 14. 
Comportamento 
Operante 
Exemplo de uma contingência 
 
Fonte: acervo pessoal. 
A apresentação acima apresenta o modelo de S-R-S: 
Estímulo antecedente – Resposta – Estímulo consequente. 
Há um ambiente (uma situação antecedente que evoca), ou seja, que provoca uma 
resposta. Essa resposta produz uma consequência. Essa consequência, por sua vez, 
Evoca RESPOSTA Produz S = antecedente S = consequência 
Retroage 
afeta esse organismo, que se comporta e de alguma forma também exerce um efeito 
sobre o estímulo antecedente. 
Exemplificando: 
Uma criança pequena, em meio a suas descobertas sobre o mundo que a cerca, na 
frente da mãe (estímulo antecedente). Uma vez e ao acaso, essa criança teve uma 
birra: se jogou no chão, gritou, mordeu... A reposta que essa criança teve como 
consequência foi ganhar o que queria. 
Outro exemplo, uma menina de 6 anos vai ao segundo atendimento com sua 
psicóloga e tem uma birra (não foi uma disruptura – vamos deixar essa diferenciação 
ao longo do curso). Mas pessoas com autismo fazem birra sim. Voltando à paciente, 
ela queria bater a cabeça contra a parede e precisou ser contida para evitar lesões. 
Um abraço em uma criança nessa faixa etária é positivo. O fato é que, após ter o foco 
retirado do comportamento autolesivo, a menina retirou toda a roupa e urinou no 
consultório. Esse exemplo deve ser analisado por vocês. A mãe foi chamada e sua 
reação foi pegar a filha no colo e lhe dar um beijo. 
Pegar no colo e dar um beijo reforçou a resposta de tirar a roupa e urinar no chão. 
Se parece o pai, a mesma resposta pode não ter a mesma consequência. Esses 
exemplos acontecem cotidianamente no setting terapêutico. 
A birra inicia na presença de algumas mães, não ocorre na presença do pai, da avó... 
Vejamos: a mãe terá uma relação de afeto, uma vinculação que não nos cabe julgar. 
Entretanto, precisamos ser precisos em nossas afirmações. Como ela ajudou essa 
criança com autismo a extinguir esse comportamento? Ela simplesmente não ajudou. 
O que fez foi reforçar um comportamento inadequado e que coloca a criança em uma 
situação de vulnerabilidade mediante a possível situação de molestação/abuso sexual. 
Pois a mãe, naquele exato momento, informa que a filha tem esse comportamento em 
qualquer lugar – e na frente de qualquer pessoa. 
Nesses dois exemplos a mãe assumiu uma postura discriminativa – ou seja, ela é 
como um sinal. Quando a mãe aparece, indica que as birras e comportamentos 
inadequados vão dar aquilo que a criança quer. Esse não é um processo consciente, 
não há planejamento – todos funcionamos com base nesse modelo. Nós nos 
comportamos, assim nossos comportamentos apresentam uma função que tem efeitos 
no mundo – como benéficos. 
Quando produzimos uma consequência que não é interessante para nós – não gera 
benefícios –, extinguimos o comportamento que a produziu. 
Exemplos: 
» enfiar o dedo na tomada e levar um choque; 
» abrir uma lata com uma faca e fura a mão; 
» esses comportamentos não evocarão mais a mesma resposta, pois serão 
abandonados. 
Temos que investigar o comportamento operante, ou seja: 
1. aprender a olhar para Estímulos Antecedentes; 
2. aprender a olhar para Respostas; 
3. aprender a olhar para Estímulos Consequentes. 
Ou seja, devem ser verificados todos os estímulos que estão presentes na ocasião em 
que a resposta ocorre. 
Figura 15. 
 
Fonte: acervo pessoal. 
 
Estímulos Discriminativos (Sd):
estímulo que, no passado, antecedeu uma 
resposta que foi reforçada. Então, esse 
estímulo passa a sinalizar que a resposta 
será reforçada se ocorrer novamente.
Operações Estabelecedoras: 
Operações do ambiente que alteram o valor 
do reforço. (Ex: Privação; Saciação; 
Estimulação aversiva). São situações 
antecedentes que alteram a efetividade de 
um reforçador.
Figura 16. 
Olhar para as consequências... 
REFORÇAMENTO 
POSITIVO 
REFORÇAMENTO 
NEGATIVO 
Acréscimo de um 
estímulo positivo 
Eliminação ou 
prevenção de um 
estímulo aversivo 
 
 
 
 
 
Fonte: acervo pessoal. 
Tipos de reforçadores: 
» Reforçadores Primários ou Incondicionados: funcionam para toda a espécie, pois 
estão ligados à sobrevivência desta (Ex.: alimento, sexo). 
» Reforçadores Secundários ou Condicionados: adquirem função quando pareados com 
primários (Ex.: mamadeira, fala da mãe, brinquedos etc.). 
» Reforçadores Generalizados: emparelhado com muitos outros reforçadores 
secundários (Ex.: mãe, atenção, dinheiro). 
» Reforçadores Intrínsecos ou Naturais: consequências produzidas diretamente pela 
própria resposta (Ex.: Estudar → Aprender; Tomar banho → Ficar limpo). 
» Reforçadores Extrínsecos ou Arbitrários: consequências disponibilizadas 
artificialmente pelo ambiente social após uma resposta (Ex.: Estudar → Nota boa na 
prova; Tomar banho → Livrar-se da bronca dos pais). 
 
PUNIÇÃO 
POSITIVA 
PUNIÇÃO 
NEGATIVA 
Acréscimo de um 
estímulo aversivo 
Remoção de um 
estímulo positivo 
FREQUÊNCIA 
DA 
RESPOSTA 
SUPRESSÃO TEMPORÁRIA 
+ 
Subprodutos indesejados 
Objetivos da Análise Comportamental na Intervenção com Autismo 
» Ensinar a comunidade (pais, médicos, professores) a olhar além da disfuncionalidade 
do desenvolvimento infantil, para a história de aprendizagem que não modelou 
repertórios adaptativos. 
» Analisar a história de aprendizagem considerando algumas causas passadas nos 3 
níveis de determinação do comportamento: 
1. filogênese; 
2. ontogênese individual; 
3. ontogênese sociocultural.› Manipular variáveis presentes no ambiente atual, de modo a modificar as 
determinações no nível ontogenético e cultural. 
› Manipular variáveis antecedentes: 
1. Diferentes tipos de dicas. 
2. Estímulos que evoquem a resposta esperada. 
3. Motivação. 
4. Entre outros... 
» Visando: 
1. Facilitar o responder. 
2. Instalar respostas novas. 
3. Evocar comportamentos adequados. 
4. Prevenir comportamentos inadequados. 
5. Entre outros. 
Ainda sobre os pré-requisitos em ABA aplicado ao TEA, devemos levar em 
consideração que, para a intervenção ser bem sucedida, será necessário: 
» iniciar precocemente; 
» ser intensiva (40 horas de intervenção/por semana); 
» não se ater apenas ao consultório, mas em ambiente naturalístico do paciente; 
» ser generalizada, pois ninguém ficará por 8 horas com uma criança na intervenção em 
mesa. E a vida de nosso paciente com autismo não se resume a idas e vindas de 
consultórios. A generalização se refere a troca com os pais, professores, equipe. Aquilo 
que trabalhamos no setting terapêutico e o que será aplicado na vida da pessoa com 
autismo apresenta distinções. E ABA é eficaz. 
» Ser individualizada. 
» Ter objetivos e metas bem construídos. 
» Reavaliar esses objetivos e metas. 
» Monitorar constantemente o registro de desempenho. 
Ou seja, temos que pensar no planejamento, estruturação, registos, critérios e reforço 
positivo. Temos um verdadeiro Universo de Conhecimento a ser analisado. 
E há que se lembrar que a pessoa com autismo não chega até nós recortada. Ela é 
um indivíduo com suas complexidades. Muitas habilidades serão trabalhadas por 
todos. 
O paciente não é só nosso. 
 
Comportamento e causalidade 
Link: 
<https://www.pucsp.br/sites/default/files/download/posgraduacao/programas/psicologia-
experimental/comportamento_causalidade_2009.pdf>. 
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