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15 CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

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75
 
DIREITO PENAL
CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
	
Sumário
1	FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL	4
2	FURTO	4
2.1	ESTRUTURA DO TIPO	4
2.2	OBJETIVIDADE JURÍDICA	6
2.3	OBJETO MATERIAL	7
2.3.1	“Coisa”	7
2.3.2	“Alheia”	8
2.3.3	“Móvel”	9
2.4	NÚCLEO DO TIPO	13
2.5	SUJEITO ATIVO	14
2.6	SUJEITO PASSIVO	15
2.7	ELEMENTO SUBJETIVO	15
2.8	CONSUMAÇÃO	16
2.9	FURTO NOTURNO	20
2.10	FURTO PRIVILEGIADO – FURTO DE PEQUENO VALOR – FURTO MÍNIMO	22
2.11	FURTO QUALIFICADO	25
2.11.1	Com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;	25
2.11.2	Com abuso de confiança – SUBJETIVA – NÃO SE COMUNICA	27
2.11.3	Mediante fraude	28
2.11.4	Mediante escalada	32
2.11.5	Destreza	32
2.11.6	Com emprego de chave falsa;	33
2.12	MEDIANTE CONCURSO DE DUAS OU MAIS PESSOAS	35
3	ROUBO	36
3.1	ESTRUTURA DO TIPO	36
3.2	ROUBO SIMPLES PRÓPRIO	37
3.2.1	Introdução	37
3.2.2	Objetividade jurídica	37
3.2.3	Objeto material	38
3.2.4	Núcleo do tipo	38
3.2.5	Sujeito ativo	39
3.2.6	Sujeito passivo	40
3.2.7	Elemento subjetivo	41
3.2.8	Consumação	41
3.2.9	Tentativa	43
3.2.10	Ação penal	43
3.3	ROUBO SIMPLES IMPRÓPRIO	43
3.3.1	Consumação	45
3.3.2	Tentativa	45
3.4	CAUSAS DE AUMENTO DE PENA / ROUBO CIRCUNSTANCIADO	46
3.4.1	Se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma:	46
3.4.2	Se há o concurso de duas ou mais pessoas	51
3.4.3	Se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.	52
3.4.4	Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro estado ou para o exterior	52
3.4.5	Restrição da liberdade (art. 157, §2º, V, do CP):	53
3.5	QUALIFICADORAS:	55
3.5.1	Latrocínio	57
4	ESCUSAS ABSOLUTÓRIAS:	62
5	INFORMAÇÕES EXTRAS:	62
6	DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO	63
7	BIBLIOGRAFIA UTILIZADA	63
ATUALIZADO EM 16/01/2020[footnoteRef:1] [1: As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados. ] 
CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
	FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL
Art. 5º, caput ao garantir o direito à propriedade. O Código Penal de 1940 fala em crimes contra o patrimônio, o Código Penal Republicano de 1890 falava em crimes contra a propriedade. O Código Penal atual abandonou a terminologia “crimes contra a propriedade” e acertou na escolha, visto que tal diploma não protege apenas a propriedade, mas também a posse lícita dos bens.
Nelson Hungria - Patrimônio é o complexo de bens ou interesses de valor econômico em relação de pertinência com uma pessoa. No conceito de patrimônio também entram os bens de valor sentimental (exemplo: furtar uma foto com valor sentimental). 
Nos crimes contra o patrimônio, o Código Penal adota o critério do interesse predominante (exemplo: o agente matou para roubar, no latrocínio; privou a vítima de liberdade para conseguir o resgate, na extorsão mediante sequestro). Se o interesse é patrimonial vai ser tratado como crime contra o patrimônio.
FURTO
#JÁCAIUEMPROVA #DEFENSORIA #FCC - A banca FCC, na prova da DPE-BA, em 2016, considerou correta a seguinte alternativa: “No crime de furto, no caso de a vítima, com 19 anos, ser separada judicialmente do autor do delito, a ação penal depende de representação da ofendida”. O fundamento legal é o art. 182, inciso I, CP.
ESTRUTURA DO TIPO
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: tipo simples. 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno. Furto agravado ou circunstanciado – furto noturno.
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. Furto privilegiado ou mínimo
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. Norma penal explicativa 
Furto qualificado
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)*
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)*
*[footnoteRef:2]#ATUALIZAÇÃOLEGISLATIVA: A Lei nº 13.654 de 23 de abril de 2018 altera do Código Penal para dispor sobre os crimes de furto qualificado e de roubo quando envolvam explosivos e do crime de roubo praticado com emprego de arma de fogo ou do qual resulte lesão corporal grave. [2: Para melhor compreensão das alterações, sugerimos a leitura dos comentários do professor Márcio: http://www.dizerodireito.com.br/2018/04/comentarios-lei-136542018-furto-e-roubo.html
] 
“Art. 155. (...)
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.
(...)
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.” (NR).
#ATUALIZAÇÃOLEGISLATIVA: Lei nº 13.330, de 2 de agosto de 2016. Altera o Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), para tipificar, de forma mais gravosa, os crimes de furto e de receptação de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes. 
Art. 1o Esta Lei altera o Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), para tipificar, de forma mais gravosa, os crimes de furto e de receptação de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes.
Art. 2o O art. 155 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar acrescido do seguinte § 6o:
Art. 155. (...) §6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. (NR)
Art. 3o O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar acrescido do seguinte art. 180-A: 
Receptação de animal
Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito ou vender, com a finalidade de produção ou de comercialização, semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes, que deve saber ser produto de crime:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Art. 4o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 
 Comentários – Art. 155, §6o: não houve a criminalização da conduta de “subtrair semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração”. Essa conduta já era considerada crime, genericamente, adequando-se ao caput doart. 155. O que a nova Lei fez foi estabelecer uma pena mais dura para o furto desses animais. Não é qualquer furto de semovente (animal) que irá se adequar à nova previsão legislativa, mas apenas o furto de semovente domesticável de produção (ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração), ou seja, apenas o furto de animais especificamente destinados à produção pecuária. A conduta passou a constituir forma qualificada do delito de furto, ou seja, a Lei estabeleceu novos patamares de pena (mínimo e máximo). Assim, não se trata de mera causa de aumento de pena, mas verdadeira qualificadora.
- Se o agente praticar tal delito (art. 155, §6º) mas, ao mesmo tempo, incidir em alguma das qualificadoras do §4º do art. 155, o crime será qualificado em razão do §6º, e as circunstâncias previstas no §4º serão consideradas como circunstâncias judiciais desfavoráveis (seguindo a mesma lógica adotada pela Doutrina em relação ao crime do art. 155, §5º).
 Comentários Art. 180-A: o tipo penal traz sete condutas típicas: Adquirir; Receber; Transportar; Conduzir; Ocultar; Ter em depósito; Vender. Trata-se, portanto, de tipo misto alternativo (a prática de qualquer das condutas já configura o delito, em sua forma consumada). Entretanto, a prática de mais de uma conduta, no mesmo contexto criminoso, configura crime único.
- Quanto ao elemento subjetivo, o tipo penal previu apenas a forma dolosa, mas com duas nuances importantes:
(a) Em relação à finalidade da prática delituosa (conduta propriamente dita), o tipo penal exigiu o chamado “especial fim de agir” (também chamado de dolo específico), que consiste na intenção de produzir ou comercializar o objeto do delito. Assim, se a finalidade do agente ao praticar a conduta é outra (consumo próprio, por exemplo), não estará caracterizado este delito, podendo configurar outra modalidade de receptação (ou, até mesmo, favorecimento real, na forma do art. 349 do CP).
(b) Em relação à procedência do semovente, o tipo não exigiu que o agente saiba que se trata de produto de crime, exigindo apenas que o agente “deva saber”. O que isso significa? Significa a previsão de uma espécie de “dolo eventual”, ou seja, o agente será punido mesmo que não saiba, efetivamente, que se trata de produto de crime, mas desde que haja, no caso concreto, elementos suficientes para indicar que ele “deveria saber” que era produto de crime (ex.: preço muito abaixo do valor de mercado, ausência de nota fiscal, etc.).
- Como a pena mínima é superior a 01 ano de privação da liberdade, não será cabível a suspensão condicional do processo, nos termos do art. 89 da Lei 9.099/95.
OBJETIVIDADE JURÍDICA
É crime contra o patrimônio. Protege a propriedade e a posse legítima. A propriedade, em regra, é protegida pelo direito civil, mas quando ele não resolve há a incidência do direito penal (princípio da fragmentariedade). 
Não protege a detenção. Quem tem a detenção do bem usa esse bem em nome de terceiro. Ex. manobrista. (Delmanto discorda), visto que a detenção não integra o patrimônio das pessoas. A detenção não é transferida para outras pessoas por ato inter vivos ou causa mortis.
O patrimônio é um bem jurídico disponível. Por essa razão, o consentimento do ofendido manifestado antes ou durante a subtração do bem, exclui o crime. O consentimento do ofendido após a subtração é irrelevante, não exclui o crime, já que estamos tratando de hipótese de ação pública incondicionada. Ex. me furtaram e eu disse que não tinha problema.
O furto é crime de ação pública incondicionada. O entendimento é de que todos os crimes patrimoniais sem violência ou grave ameaça deveriam ser de ação penal pública condicionada, pois o bem jurídico é disponível e não há interesse público nesse caso.
	1A CORRENTE
NELSON HUNGRIA
	2A CORRENTE
NORONHA E GRECCO
	3A CORRENTE
MAJORITÁRIA
	Tutela somente a propriedade
	Protege a propriedade e a possa
	Protege a propriedade, posse e a detenção legítima.
OBJETO MATERIAL
É a coisa alheia móvel.
“Coisa”
O ser humano pode ser furtado? Não. Pode ser objeto do crime de extorsão mediante sequestro, cárcere privado, subtração de incapazes. Art. 249, 148. 
Mas é possível furtar partes do corpo humano. Ex. subtração de cabelo, dente. 
#OBS.: órgãos vitais – o crime será de lesão corporal grave – debilidade permanente - ou gravíssima – perda ou inutilização do membro. Pode até mesmo configurar o crime de homicídio ex. subtrair meu coração. Aplica-se o art. 14 da Lei nº 9.434/97 quando a conduta de remoção é praticada para fins de transplante (princípio da especialidade). Aplica-se somente essa lei e não o CP. 
É possível a subtração de objetos ou instrumentos ligados ao corpo humano. Ex. uma prótese dentária.
Se o cadáver for subtraído poderá tipificar o art. 211, CP (crime contra o respeito aos mortos). Se for cadáver sem dono o crime será do art. 211 (destruição, subtração ou ocultação de cadáver), se for cadáver com dono, dotado de valor econômico (exemplo: pertencente à faculdade de Medicina) vai caracterizar o furto.
#OBS.: CADÁVER PODE SER OBJETO DE FURTO? 
REGRA GERAL: NÃO. Será Destruição, subtração ou ocultação de cadáver.
EXCEÇÕES: SALVO SE O CADÁVER ESTIVER DESTACADO PARA UMA ATIVIDADE ESPECÍFICA DE INTERESSE ECONÔMICO. Ex: servindo alunos de medicina em uma faculdade. Neste caso o cadáver passa a ser “coisa”, inclusive com valores econômicos.
Destruição, subtração ou ocultação de cadáver
Art. 211 - Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Animais de estimação podem ser objeto de furto. Contudo, pode ser tipificado o crime de extorsão. B pede 30 mil para devolver o cachorro. É extorsão do 158 e não do 159 – mediante sequestro. O cachorro não pode ser ‘alguém’.
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: A dívida de corrida táxi não pode ser considerada coisa alheia móvel para fins de configuração da tipicidade dos delitos patrimoniais. Ex: João pegou um táxi. Ao final da corrida, ele saiu do carro e disse que não iria pagar a corrida. O motorista também saiu do veículo e foi tentar segurá-lo para que ele não fugisse sem quitar o débito. João puxou, então, uma faca e desferiu um golpe no taxista, que morreu no local. O agente não praticou roubo com resultado morte (art. 157, § 3º, II, do CP). Isso porque não houve, no contexto delitivo, nenhuma subtração ou tentativa de subtração de coisa alheia móvel, o que afasta a conduta de roubo qualificado pelo resultado, composto pelo verbo “subtrair” e pelo complemento “coisa alheia móvel”. O agente se negou a efetuar o pagamento da corrida de táxi e desferiu um golpe de faca no motorista, sem (tentar) subtrair objeto algum, de modo a excluir o animus furandi. Não se pode equiparar “dívida de transporte” com a “coisa alheia móvel” prevista no tipo do art. 157 do Código Penal, sob pena de violação dos princípios da tipicidade e da legalidade estrita, que regem a aplicação da lei penal. STJ. 6ª Turma. REsp 1.757.543-RS, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 24/09/2019 (Info 658).
*#OUSABER #MUDANÇADEENTENDIMENTO: Cheque em branco pode ser objeto de furto/receptação?
A jurisprudência do STJ, a partir do julgamento do REsp 150.908/SP, firmou o entendimento de que folhas de cheque e cartões bancários não podem ser objeto material dos crimes de receptação e furto, uma vez que desprovidas de valor econômico, indispensável para a caracterização dos delitos patrimoniais. Contudo, ao examinar o CC 112.108/SP, a 3ª Seção desta Corte Superior de Justiça modificou tal posição, consignando que o talonário de cheque possui valor econômico, aferível pela provável utilização das cártulas para obtenção de vantagem ilícita por parte de seus detentores. Assim, talonário de cheque pode ser objeto dos crimes de furto e receptação. (AgRg no HC 410.154/RS, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 03/10/2017, DJe 11/10/2017).
 “Alheia”
Elemento normativo do tipo = exige juízo de valor. 
É tudo aquilo que não é próprio. É possível o furto de coisa própria? Não. Há aqui crime impossível,por impropriedade absoluta do objeto.
· Res nullius – coisa de ninguém – não há furto.
· Res derelicta – coisa abandonada – não há furto.
Art. 1.263. Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lhe adquire a propriedade, não sendo essa ocupação defesa por lei.
O ouro da arcada dentária do cadáver? O entendimento dominante é de que a subtração do ouro da arcada dentária é crime de furto. A vítima são os herdeiros. Princípio da saisine – com a morte abre-se imediatamente a sucessão. Eles se tornam proprietários.
Coisas de uso comum do povo podem ser furtadas? NÃO. Todos são proprietários. Contudo, se a coisa de uso comum é explorada, destacada por alguém, caracterizará furto.
A coisa perdida (res desperdicta) caracteriza o art. 169, parágrafo único, II, CP (crime de apropriação de coisa achada). Uma coisa só é considerada perdida quando ela se encontra em lugar público ou de uso público. ex. estava andando na rua e a carteira caiu do meu bolso. Alguém pegou – apropriação de coisa achada. Se a coisa foi esquecida em local privado, por exemplo, o crime é de furto. Ela aqui não é considerada penalmente perdida. #VAICAIR.
*#OUSESABER: O Código Penal dispõe que: "quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro do prazo de 15 (quinze dias)" comete o crime de apropriação de coisa achada.  Portanto, aquele que se apropriar de coisa achada estará praticando uma conduta típica, e não um irrelevante penal.  No entanto, vale ressaltar que se a pessoa se apropriar de coisa abandonada ou de coisa que nunca teve proprietário ou possuidor, não cometerá crime (RJDTACRIM 11/45).
Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
“Móvel”
Todo e qualquer bem suscetível de apreensão e de transporte. Os bens imóveis não podem ser objeto material de furto, por expressa previsão legal.
Quando o CP fala em coisa móvel, ele dá às coisas móveis um sentido real, ou seja, não se trata de um sentido meramente jurídico. Existe no Direito Civil uma ficção jurídica para os bens imóveis por equiparação (exemplo: árvore, navios, aeronaves). Isso não existe no Direito Penal. Aqui preenchendo a definição dada será móvel.
É possível, ainda, o furto de terra ou areia pela extração clandestina em imóvel alheio, bem como de árvores, desde que o fato não constitua crime contra o meio ambiente.
#OBS.: Abigeato é o furto de animais e semoventes, quando eles têm proprietário (#JÁCAIU no MPDFT em 2016).
*#ATENÇÃO: Boa parte da doutrina utiliza os termos como sinônimos, para descrever a conduta do furto de gado, embora os termos também abranjam o furto de equinos, suínos etc. Em que pese sejam utilizados como sinônimos por boa parte da doutrina, há quem diferencie os termos, afirmando que o crime de ABIGEATO refere-se ao FURTO de gado, enquanto o crime de ABACTO, consiste no ROUBO de bovinos, é dizer, na subtração mediante violência. Sobre o tema, recentemente, foi acrescentado ao crime de furto (Art. 155, CP) o §6°, estabelecendo uma nova qualificadora para quem pratica o ABIGEATO. Esclarece, por fim, que essa qualificadora vai incidir não apenas no furto de gado, mas também no furto de outros animais domesticáveis, como suínos, caprinos etc (@direitodiretoblog).
Energia elétrica. O legislador acrescentou o §3º, considerando furto a subtração de energia elétrica ou qualquer outra energia dotada de valor econômico. Ex. eólica, térmica, radioativa, genética (sêmens de garanhão – cavalo de raça). 
Na subtração de energia elétrica o furto será crime permanente.
Captação de sinal telefônico: participa da consumação do furto consistente na subtração de energia elétrica aquele que se utiliza de telefone clandestino ligado àquela energia elétrica e à linha de outro aparelho, acarretando prejuízo a seu proprietário.
#OBS.: sinal de TV a cabo – gatonet: STF HC 97.261 – Informativo 623 – não é furto. Ele fala em razões de política criminal. Afinal, o que é política criminal? É aquilo que a sociedade espera do Direito Penal.
#NÃOCONFUNDIR - Não confundir furto de energia elétrica com estelionato para ocultar consumo.
	FURTO DE ENERGIA ELÉTRICA
“GATO”
	ESTELIONATO PARA O CONSUMO
FRAUDE NO MEDIDOR
	Agente não está autorizado a consumir a coisa. Ligação clandestina.
	O agente está autorizado a consumir a coisa, mas se vale do artifício para provocar consumo fictício.
A ligação é legítima – a adulteração é do medidor.
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: A alteração do sistema de medição, mediante fraude, para que aponte resultado menor do que o real consumo de energia elétrica configura estelionato. Ex: as fases “A” e “B” do medidor foram isoladas por um material transparente, que permitia a alteração do relógio fazendo com que fosse registrada menos energia do que a consumida. STJ. 5ª Turma. AREsp 1.418.119-DF, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 07/05/2019 (Info 648). 
Cuidado para não confundir: • agente desvia a energia elétrica por meio de ligação clandestina (“gato”):crime de FURTO (há subtração e inversão da posse do bem). • agente altera o sistema de medição para que aponte resultado menor do que o real consumo: crime de ESTELIONATO.
*#DIZERODIREITO #JURISPRUDENCIA #STJ: O pagamento do débito oriundo de furto de energia elétrica (art. 155, § 3º do CP) antes do oferecimento da denúncia é causa de extinção da punibilidade, nos termos do art. 9º da Lei nº 10.684/2003? 
*#IMPORTANTE!!! No caso de furto de energia elétrica mediante fraude, o adimplemento do débito antes do recebimento da denúncia não extingue a punibilidade. O furto de energia elétrica não pode receber o mesmo tratamento dado ao inadimplemento tributário, de modo que o pagamento do débito antes do recebimento da denúncia não configura causa extintiva de punibilidade, mas causa de redução de pena relativa ao arrependimento posterior (art. 16 do CP). Isso porque nos crimes contra a ordem tributária, o legislador (Leis nº 9.249/1995 e nº 10.684/2003), ao consagrar a possibilidade da extinção da punibilidade pelo pagamento do débito, adota política que visa a garantir a higidez do patrimônio público, somente. A sanção penal é invocada pela norma tributária como forma de fortalecer a ideia de cumprimento da obrigação fiscal. Já nos crimes patrimoniais, como o furto de energia elétrica, existe previsão legal específica de causa de diminuição da pena para os casos de pagamento da “dívida” antes do recebimento da denúncia. Em tais hipóteses, o Código Penal, em seu art. 16, prevê o instituto do arrependimento posterior, que em nada afeta a pretensão punitiva, apenas constitui causa de diminuição da pena. Outrossim, a jurisprudência se consolidou no sentido de que a natureza jurídica da remuneração pela prestação de serviço público, no caso de fornecimento de energia elétrica, prestado por concessionária, é de tarifa ou preço público, não possuindo caráter tributário. Não há como se atribuir o efeito pretendido aos diversos institutos legais, considerando que o disposto no art. 34 da Lei nº 9.249/1995 e no art. 9º da Lei nº 10.684/2003 fazem referência expressa e, por isso, taxativa, aos tributos e contribuições sociais, não dizendo respeito às tarifas ou preços públicos. STJ. 3ª Seção. RHC 101.299-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. Acd. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 13/03/2019 (Info 645)
#OBS.: furto de coisas sentimentais. Também é possível o furto de objetos de estimação, pois o patrimônio engloba tanto os bens de valor econômico quando os bens de valor sentimental –aqui não há incidência do princípio da insignificância, em razão do valor da coisa para a vítima.
É cabível o princípio da insignificância no crime de furto.
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA: CRIME DE FURTO: PEQUENO VALOR X BAGATELA - quando o bem é de pequeno valor, o § 2º do art. 155 do CP possibilita a substituiçãoda pena (reclusão por detenção), a sua diminuição ou a aplicação, tão somente, da multa.
5ª turma do STJ – não é possível a aplicação do princípio da insignificância para o crime de furto de pequeno valor. Seria necessário diferenciar pequeno valor (hipótese do art. 155, § 2º, CP) de valor insignificante (hipótese de aplicação do princípio da insignificância). [Resp 746.854] ofurto de pequeno valor possibilita a aplicação de pena mais branda, mas não permite a extinção do processo.
Em uma dada situação concreta o Supremo não reconheceu a aplicação do princípio da insignificância (concurso material – 2 furtos), mas entendeu ser hipótese do furto privilegiado do art. 155, § 2º, CP (Informativo n. 549 – STF). O informativo n. 557 – STF traz uma situação, ainda em discussão, em que, dada as circunstâncias do caso concreto, foi reconhecida a insignificância com o consequente afastamento da tipicidade da conduta, ou seja, foi afastada a caracterização do furto privilegiado.
Para os Tribunais, tem que se analisar o desvalor da conduta e o desvalor do resultado. No exemplo, somente considera-se o desvalor do resultado, mas a conduta não pode ser desconsiderada.
· MÍNIMA OFENSIVIDADE DA CONDUTA DO AGENTE.
· NENHUMA PERICULOSIDADE SOCIAL DA AÇÃO.
· REDUZIDO GRAU DE REPROVABILIDADE DO COMPORTAMENTO.
· INEXPRESSIVIDADE DA LESÃO JURÍDICA PROVOCADA.
#SELIGANAJURISPRUDÊNCIA. Nega o benefício em situações de furto qualificado. STF. Plenário. HC 123108/MG, HC 123533/SP e HC 123734/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 3/8/2015 (Info 793).
#OBS.: Furto famélico. Comida, bebida ou medicamentos compõem o objeto material. O furto é cometido para preservar a vida de alguém. Não há crime. Estamos diante de caso de estado de necessidade. Não confundir com o estado de precisão – dificuldade financeira enfrentada pela maioria da população. Requisitos: que o fato seja praticado para mitigar a fome; que seja o único e derradeiro recurso do agente (inevitabilidade do comportamento lesivo); que haja subtração de coisa capaz de diretamente contornar a emergência; que a insuficiência dos recursos adquiridos pelo agente, ou impossibilidade de trabalho.
O furto de título de crédito em geral constitui um crime-meio para a prática de outro crime, restando por este absorvido. É o que ocorre, por exemplo, quando o agente subtrai folha de cheque e se passa pelo correntista para efetuar compra em um mercado, hipótese configuradora de estelionato, porque o agente obteve vantagem ilícita no valor da compra ao enganar o vendedor.
Quando se trata, contudo, de cheques em branco, há duas correntes na jurisprudência, pois alguns entendem que, enquanto não preenchidos, não têm valor econômico, não configurando o furto, ao passo que outros reconhecem referido valor e a existência do crime.
É de se ver que, não tendo o cheque sido utilizado em alguma compra, e não restando prejuízo à vítima (além do valor em si da folha em branco ou do talonário), a tendência é o reconhecimento da atipicidade da conduta, na medida em que, atualmente, o STF e o STJ têm aceitado com certa elasticidade o princípio da insignificância no furto.
#ALTERAÇÃOLEGISLATIVA #DPE #DPU #MP #TJ:
A Lei nº 13.228/2015 alterou o Código Penal para estabelecer causa de aumento de pena para o caso de estelionato cometido contra idoso. O art. 171 do CP dispõe sobre o crime de ESTELIONATO: Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis.
A Lei nº 13.228/2015 acrescenta um parágrafo ao art. 171, com a seguinte redação:
Estelionato contra idoso
§ 4º Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido contra idoso.
Quem é idoso
Idoso é a pessoa com idade igual ou superior a 60 anos (art. 1º da Lei nº 10.741/2003).
Natureza do § 4º
Consiste em causa de aumento de pena (é aplicada na 3ª fase da dosimetria da pena).
Com esse novo § 4º fica vedado o sursis processual no caso de estelionato contra idoso
A suspensão condicional do processo é um benefício previsto para a pessoa acusada por crime cuja pena mínima seja igual ou inferior a 1 ano (art. 89 da Lei nº 9.099/95).
Em virtude disso, é cabível suspensão condicional do processo para o acusado por estelionato simples (art. 171, caput do CP), já que a pena mínima é de 1 ano.
Agora, depois da Lei nº 13.228/2015, quem comete estelionato contra idoso não terá direito à suspensão condicional do processo. Isso porque a pena mínima para o caso de estelionato contra idoso passa a ser de 2 anos em razão do § 4º do art. 171.
Causa de aumento tanto para o caput como para o § 2º
A majorante do § 4º é aplicável não apenas para a modalidade fundamental do estelionato (caput) como também para as figuras equiparadas do § 2º do art. 171.
Dolo
Para que incida essa causa de aumento, é indispensável que o agente saiba que a vítima é idosa. Se o agente desconhecer essa circunstância, ele responderá por estelionato na modalidade fundamental (art. 171, caput). 
Importante esclarecer que o agente não precisa conhecer formalmente a condição de idosa da vítima, incidindo a causa de aumento quando isso for evidente. Assim, se o aspecto físico da vítima indicar claramente que se trata de pessoa idosa, não será admissível que o autor do delito alegue que não sabia dessa condição.
Cuidado para não confundir com o crime do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003)
Se o agente induz pessoa idosa sem discernimento de seus atos a outorgar procuração para fins de administração de bens ou deles dispor livremente, neste caso ele comete o crime do art. 106 do Estatuto do Idoso (e não o estelionato). Veja: 
Art. 106. Induzir pessoa idosa sem discernimento de seus atos a outorgar procuração para fins de administração de bens ou deles dispor livremente:
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Vigência
A Lei nº 13.228/2015 não possui vacatio legis e, portanto, já se encontra em vigor.
Vale ressaltar, no entanto, que, como se trata de norma penal incriminadora, o novo § 4º do art. 171 não se aplica para situações ocorridas antes da sua vigência. Assim, esta causa de aumento só vale para quem praticar estelionato contra idoso a partir de 29/12/2015.
NÚCLEO DO TIPO
O verbo é subtrair, significando inverter a posse do bem. Há duas hipóteses de inversão da posse:
1. O bem é retirado da vítima, na sua presença ou ausência. Só será roubo se praticado com violência ou grave ameaça (art. 157, CP).
2. A vítima entrega o bem ao agente, e ele deste se apodera. No furto, o agente recebeu a posse vigiada do bem; na apropriação indébita o agente recebe a posse desvigiada do bem. Tem de saber se a posse estava na esfera de vigilância da vítima. Ex. DVD em locadora – apropriação indébita.
O bem deve ser tirado da esfera de vigilância do dono. Se a própria vítima entrega ao agente, mas não autoriza que ele deixe o local em sua posse, porém ele, sorrateiramente ou mediante fuga, tira o bem dali, também é crime de furto.
Para a posse ser considerada vigiada, basta que o agente tenha recebido o bem em determinado local e que não tenha obtido autorização para dali sair com ele, pois, nesses casos, o agente, para se locupletar, tem que tirar o bem dali, e é exatamente isso que faz o crime de furto de estabelecer. Para que a posse seja considerada vigiada, não é necessário que a vítima esteja olhando para o agente, basta que não o tenha autorizado a deixar o local na posse do bem.
Apenas nas hipóteses em que a posse é desvigiada – e o agente não restitui o bem – é que se configura o crime de apropriação indébita. Doutrinadores realçam a quebra de confiança como característica da apropriação, na medida em que a vítima, além de entregar o bem ao agente, autoriza que ele deixe o local em sua posse, acreditando em sua boa fé, porém, vê-se despojada pela falta de restituição.
A única distinção entre posse vigiada e desvigiada é a existência ou não de autorização para deixar o localna posse do bem. Assim, o motoboy que recebe um pacote no interior da empresa para entrega-lo em determinado endereço e que no trajeto se apossa do bem, comete apropriação indébita. Quem recebe um carro emprestado de um amigo para fazer uma viagem e depois não o devolve comete apropriação indébita; quem aluga um carro e depois não o restitui também comete apropriação.
O furto é crime de forma livre, admite qualquer meio de execução. Posso furtar um bem me utilizando de um objeto ou um animal. 
SUJEITO ATIVO
Pode ser praticado por qualquer pessoa, menos pelo proprietário do bem.
#OBS.: o furto admite o concurso de pessoas, tanto a coautoria como a participação. Se praticado em concurso se pessoas surge uma qualificadora. O furto é, portanto, acidentalmente ou eventualmente coletivo - a pluralidade de agentes faz surgir uma modalidade mais grave do delito, seja uma qualificadora seja uma causa de aumento da pena. Ex. furto qualificado, roubo majorado – causa de aumento da pena. 
 Na qualificadora do abuso de confiança, o furto é crime próprio, só podendo ser praticado por pessoa em quem a vítima depositava a confiança.
Fâmulo da posse é a detenção. Famulato é o furto doméstico, praticado por empregados.
Ladrão que furta ladrão comete furto, mas a vítima é o proprietário legítimo do bem.
O relógio está com terceiro como garantia, mas ele não é o dono. Quem subtrai coisa própria empenhada em favor de terceiro não comete furto e sim o art. 346, CP (defraudação de penhor). A não paga e subtrai a sua coisa empenhada com B. Não é caso de furto de coisa própria. 
Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou convenção:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Não confundir com o crime de peculato furto ou peculato impróprio. Se o funcionário público subtrai o bem prevalecendo-se das facilidades proporcionadas pelo cargo praticará o peculato furto. Se, mesmo sendo funcionário, não se vale de nenhuma facilidade, o furto é normal.
SUJEITO PASSIVO
· Proprietário
· Possuidor legítimo
· Detentor – para Delmanto
Pode ser uma pessoa física ou jurídica. 
É possível crime de furto com vítima não identificada? Sim, pode existir mesmo quando a vítima não foi identificada. Ex. câmera flagrou o furto, mas não conseguiu identificar a vítima. O furto é crime de ação publica incondicionada. Não precisa da vítima.
ELEMENTO SUBJETIVO
Dolo. Animus furandi, consistente na vontade de subtrair, de inverter a posse do bem. No crime de furto não basta o dolo, também se reclama um elemento subjetivo específico, contido na expressão “para si ou para outrem” (animus rem sbihabendi), revelando o ânimo de assenhoramento definitivo. 
Se faltar esse ânimo, estará caracterizado o furto de uso, que não é crime. O furto de uso depende de dois requisitos: subjetivo e objetivo.
· Subjetivo: intenção de restituir rapidamente a coisa
· Objetivo: restituição integral do bem.
Animus lucriand. Será que para o furto se exige a intenção de lucro (animus lucriand)? Não. Ela normalmente existe, mas não é elemento do tipo. O furto pode acontecer por vingança, por superstição, por fanatismo religioso, por questões amorosas etc. 
Credor que subtrai bem do devedor para ser ressarcido não comete furto, pratica o crime de exercício arbitrário das próprias razões. 
Exercício arbitrário das próprias razões
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência. 
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa.
CONSUMAÇÃO
Teorias Clássicas:
· Concretatio: o furto se consuma no momento em que o agente toca o bem;
· Apprehensio: o furto se consuma no momento em que o agente segura o bem
· Amotio: idealizada por Francesco Carrara, o furto se consuma com o deslocamento do bem (STJ HC 178.018 – na verdade, o STJ entende que tem que segurar e deslocar. Mistura as duas ultimas). STF - HC 113.563.
· Ablatio: idealizada por Pessina, o furto ocorre quando o agente leva o bem para o lugar desejado pelo agente. Ex. queria levar na casa dele. Só se consuma quando chega na casa dele.
· Teoria da posse mansa e pacífica: o furto só se consuma quando o agente tem a posse mansa e pacífica do bem.
· Teoria da inversão da posse: - A inversão da posse é necessária para caracterização do furto. A consumação reclama três momentos distintos: o agente se apodera do bem, retira o bem da esfera de vigilância da vítima (até aqui é a amotio) e tem a disponibilidade do bem. Se houver perseguição o furto não se consuma, pois, o agente não teve a disponibilidade do bem, ainda que por breve período. Nesse caso, estar-se diante da tentativa.
#SELIGANAJURISPRUDÊNCIA #ATENÇÃO: Os julgados citados são divergentes. O STF, em 2013, afirmou como sendo necessária a saída do bem, ainda que de forma breve, da esfera de vigilância da vítima. Contudo, invocou precedente da Corte do ano de 2007 que, concordando com o entendimento do STJ, considera o critério da saída do bem da esfera de vigilância da vítima como dispensável, bastando que o agente tenha tido a posse do bem, ainda que retomada, em seguida, por perseguição imediata.
	Na leitura do inteiro teor do HC 113.563 do STF, verifica-se que, na verdade, a Ministra Relatora Rosa Weber, invocou precedentes em harmonia com a jurisprudência do STJ (não sendo necessária, portanto, a saída do bem da esfera de vigilância da vítima). Acredito que tenha havido erro quando o acórdão foi ementado.
“Prevalece no Superior Tribunal de Justiça a orientação de que o crime de roubo se consuma no momento em que o agente se torna possuidor da res furtiva, mediante violência ou grave ameaça, ainda que haja imediata perseguição e prisão, sendo prescindível que o objeto subtraído saia da esfera de vigilância da vítima (....) Com efeito, o relator assentou haver o acórdão estadual contrariado a jurisprudência consolidada do STJ, segundo a qual o delito de roubo se consuma no momento em que o agente se torna possuidor da res furtiva, mediante violência ou grave ameaça, ainda que haja imediata perseguição e prisão, sendo prescindível que o objeto subtraído saia da esfera de vigilância da vítima, porque o Tribunal de Justiça de São Paulo reconheceu a tentativa por não terem os acusados tido a posse dos objetos subtraídos de forma mansa e pacífica (fl. 4). Desse modo, uma vez embasada a decisão do Superior Tribunal de Justiça, em premissas fáticas assentadas no acórdão estadual, não há falar, aparentemente, em contrariedade à Súmula 7 daquela Corte. (...) Ademais, a decisão fustigada está em consonância com a jurisprudência cristalizada deste Supremo Tribunal quanto a ser dispensável, para a consumação do furto ou do roubo, o critério da saída da coisa da chamada esfera de vigilância da vítima, bastando a verificação de que, cessada a clandestinidade ou a violência o agente tenha tido a posse da res furtiva, ainda que retomada, em seguida, pela perseguição imediata’ (HC nº 89.958/SP, rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 27.4.2007)”.
EMENTA HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL. ROUBO CONSUMADO. RECONHECIMENTO EM SEDE DE RECURSO ESPECIAL. INEXISTÊNCIA DE ILEGALIDADE. SÚMULA 07/STJ. OFENSA NÃO CARACTERIZADA. ORDEM DENEGADA. 1. O Superior Tribunal de Justiça ateve-se à questão de direito para, sem alterar ou reexaminar os fatos, assentar a correta interpretação do art. 14, II, do Código Penal em relação ao crime de roubo. 2. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que, para a consumação do crime de furto ou de roubo, não se faz necessário que o agente logre a posse mansa e pacífica do objeto do crime, bastando a saída, ainda que breve, do bem da chamada esfera de vigilância da vítima (v.g.: HC nº 89.958/SP, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, 1ª Turma, un., j. 03.4.2007, DJ 27.4.2007). 3. Habeas corpus denegado. (STF - HC: 113563 SP , Relator: Min. ROSA WEBER, Data de Julgamento: 05/02/2013,Primeira Turma, Data de Publicação: DJe-052 DIVULG 18-03-2013 PUBLIC 19-03-2013)
	1A CORRENTE
CONCRECTACIO
	2A CORRENTE
AMOTIO/APPREHENSIO
	3A CORRENTE
ABLATIO
	4A CORRENTE
ILATIO
	A consumação se dá pelo simples contato entre o agente a coisa alheia, dispensando o seu deslocamento.
	Ocorre a consumação quando a coisa subtraída passa para o poder do agente, mesmo que num curto espaço de tempo, independentemente de deslocamento e posse ou mansa e pacífica; STF/STJ.
	A consumação ocorre quando agente, depois de apoderar-se da coisa, consegue desloca-la de um lugar para outro.
	A coisa deve ser transportada pelo agente, mantendo-se posse mansa e pacífica.
#JÁCAIUEMPROVA #CESPE – Magistratura/RS CESPE 2011 – adota-se em relação à consumação do crime de roubo a teoria da apphehensio, também denominada amotio, segundo a qual é considerado consumado o delito no momento em que o agente obtém a posse da res furtiva, ainda que não seja de forma mansa e pacífica.
#SELIGANAJURISPRUDÊNCIA #TRF4/2016: Atualmente, prevalece no Superior Tribunal de Justiça o entendimento de que o crime de furto se consuma com a posse de fato da res furtiva, ainda que por breve espaço de tempo e seguida da perseguição ao agente, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.
No caso de destruição, ocultação ou inutilização do bem o furto estará consumado, mesmo que o agente não tenha a livre disponibilidade do bem. O furto é crime contra o patrimônio e a vítima teve uma diminuição do seu patrimônio (a vítima suportou um prejuízo patrimonial). Ex. B percebe que está sendo perseguido, e destrói o bem – é consumado. 
O furto é crime material ou causal, exigindo o resultado naturalístico, o bem deve ser efetivamente subtraído do agente, com prejuízo a vítima.
O furto é, em regra, crime instantâneo, consumando-se em momento determinado, sem continuidade no tempo. Excepcionalmente, o furto será crime permanente, no caso do furto de energia elétrica.
No furto, normalmente o bem é transportado para outro local, mas não é necessário para a sua consumação (exemplo: empregada que subtrai coisa da patroa e esconde nas suas próprias roupas – consumado). 
A tentativa é possível – o furto é crime plurissubsistente, podendo-se fracionar o inter criminis.
*#SELIGANAJURISPRUDÊNCIA #STJ Consuma-se o crime de furto com a posse de fato da res furtiva, ainda que por breve espaço de tempo e seguida de perseguição ao agente, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada. APLICA-SE A TEORIA DA AMOTIO! STJ. 3ª Seção. REsp 1.524.450-RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 14/10/2015 (recurso repetitivo) (Info 572).
#OBS.: BATEDOR DE CARTEIRA QUE NÃO ENCONTRA NADA NO BOLSO DA VÍTIMA COMETE QUAL CRIME? Se tinha dinheiro no outro bolso, tentativa; se não tinha nada, crime impossível. Prevalece que: a vigilância constante eletrônica ou não em estabelecimentos comerciais não torna, por si só, o crime impossível, devendo ser analisado o caso concreto.
#SELIGANAJURISPRUDÊNCIA #STJ - A existência de sistema de segurança ou de vigilância eletrônica não torna impossível, por si só, o crime de furto cometido no interior de estabelecimento comercial. Ex: João ingressa em um supermercado e, na seção de eletrônicos, subtrai para si um celular que estava na prateleira. Ele não percebeu, contudo, que bem em cima deste setor havia uma câmera por meio da qual o segurança do estabelecimento monitorava os consumidores, tendo este percebido a conduta de João. Quando estava na saída do supermercado com o celular no bolso, João foi parado pelo segurança do estabelecimento, que lhe deu voz de prisão e chamou a PM, que o levou até a Delegacia de Polícia. No caso em tela, não se pode falar em absoluta impropriedade do meio. Trata-se de inidoneidade RELATIVA do meio. Em outras palavras, o meio escolhido pelo agente é relativamente ineficaz, visto que existe sim uma possibilidade (ainda que pequena/remota) de o delito se consumar. Sendo assim, se a ineficácia do meio deu-se apenas de forma relativa, não é possível o reconhecimento do instituto do crime impossível previsto no art. 17 do CP. STJ. 3ª Seção. REsp 1.385.621-MG, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 27/5/2015 (recurso repetitivo) (Info 563). 
*#SÚMULA #MP #MAGISTRATURA #DEFENSORIA: Súmula 567-STJ: Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 24/02/2016. DJe 29/02/2016.
*#DIZERODIREITO #JURISPRUDÊNCIA #STF: A existência de sistema de vigilância em estabelecimento comercial não constitui óbice para a tipificação do crime de furto. STF. 1ª Turma. HC 111278/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Luiz Roberto Barroso, julgado em 10/4/2018 (Info 897).
#TROMBADA:
1. Usa a violência para “furtar” é furto ou é roubo? Se houve violência contra a pessoa não há dúvida que é caso de roubo.
2. Subtração por arrebatamento. Pessoa chega e puxa relógio, corrente: será furto, porque a violência é dirigida contra a coisa e não contra a pessoa. Há posição no sentido contrário.
#TABELA #DIFERENÇAS - Furto, receptação e favorecimento real.
	FURTO
	RECEPTAÇÃO
	FAVORECIMENTO REAL
	Se o auxílio ocorrer antes da prática do delito, o agente deverá responder por furto. Responde pelo delito em concurso de pessoas.
	Na receptação o agente visa proveito próprio ou alheio, enquanto no favorecimento real a intenção é prestar auxilio ao criminoso.
	Não pode ser receptador e nem ter participado do delito. Ocorre depois
*#OUSESABER: O crime de receptação autoriza a inversão do ônus de provar o conhecimento da origem ilícita da coisa caso o agente seja preso em flagrante em seu poder. Certo ou errado? ITEM CERTO! O crime de receptação está previsto no art. 180 do Código Penal, com a seguinte redação:
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte:
Segundo a doutrina majoritária, o delito exige, para sua caracterização, a comprovação de que o agente possuía conhecimento acerca da origem ilícita do bem receptado. Contudo, nas hipóteses em que o réu é flagrado na posse da coisa, a jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que compete à defesa comprovar que o agente não sabia da origem espúria da res, sem que isso viole o princípio da presunção de inocência.
Nesse sentido: É, também, entendimento consolidado neste Superior Tribunal de Justiça que, havendo acervo probatório conclusivo acerca da materialidade e a autoria do crime de receptação, uma vez que apreendida a res furtiva em poder do réu, caberia à defesa apresentar prova acerca da origem lícita do bem ou de sua conduta culposa, nos termos do disposto no art. 156 do Código de Processo Penal.(HC 360.590/SC, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 07/03/2017, DJe 15/03/2017) Dessa forma, na hipótese de o réu ser flagrado na posse da res furtiva, compete a ele, e não à acusação, provar que desconhecia a origem ilícita do bem, o que torna o enunciado correto. OBS: Questão originalmente formulada em meados de maio, é repostada hoje para esclarecer dúvidas quanto ao gabarito da prova da DPE-RS, realizada no último domingo. Na prova do último domingo, o examinador afirmou, de forma genérica, que a situação em questão autoriza a "inversão do ônus da prova no processo penal". Com efeito, a afirmação feita pelo examinador, da forma genérica em que foi feita, de fato torna, em tese, a assertiva equivocada. O que foi dito na nossa postagem é que a obrigação de provar um fato ESPECÍFICO, qual seja, o (des)conhecimento da origem ilícita da coisa, é transferida ao acusado, nas hipóteses em que este seja preso em flagrante na sua posse. Isso não significa que há "inversão do ônus da prova no processo penal", como dito pelo examinador.
*#OUSESABER: A receptação imprópria consiste na conduta de influir paraque terceiro de boa-fé adquira, receba ou oculte objeto produto de crime. Portanto, comete receptação impróprio o intermediário, isto é, aquele que não praticou o delito antecedente, porém tem ciência da origem ilícita do bem e procura convencer um terceiro de boa-fé a adquiri-lo. Perceba que a conduta típica é INFLUIR (art.180, caput, 2a parte), que significa contatar alguém, oferecendo o objeto, sendo assim, conforme entende a doutrina majoritária, crime FORMAL, pois se consuma no instante em que o bem é ofertado. Se a proposta tiver sido feita, o crime estará consumado.
FURTO NOTURNO
No furto noturno não é cabível a suspensão condicional do processo porque a pena mínima em abstrato é de um ano e quatro meses, em razão do aumento obrigatório de um terço da pena.
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.
Art. 155, §1º - há uma causa de aumento da pena (terceira fase da dosimetria da pena). O nome é furto circunstanciado, portanto, e não qualificado.
- Qual a aplicabilidade do §1º? Sempre se aplicou unicamente ao furto simples. 
#ATENÇÃO – não se aplicava ao furto qualificado. Por duas razões – 1. Isso resulta da técnica de elaboração legislativa – interpretação geográfica ou topográfica. 2. Nas qualificadoras as penas já foram elevadas em abstrato, dispensando esse aumento (Resp. 940.245).
*#MUDANÇADEENTENDIMENTO #SELIGANAJURISPRUDÊNCIA: O 1º do art. 155 do CP prevê que a pena do crime de furto será aumentada de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno. A causa de aumento de pena prevista no § 1° pode ser aplicada tanto para os casos de furto simples (caput) como para as hipóteses de furto qualificado (§ 4°). Não existe nenhuma incompatibilidade entre a majorante prevista no § 1° e as qualificadoras do § 4º. São circunstâncias diversas, que incidem em momentos diferentes da aplicação da pena. Assim, é possível que o agente seja condenado por furto qualificado (§ 4º) e, na terceira fase da dosimetria, o juiz aumente a pena em 1/3 se a subtração ocorreu durante o repouso noturno. STJ. 6ª Turma. HC 306.450-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 4/12/2014 (Info 554).
#DIZERODIREITO: Se o agente, durante a noite, explode o caixa eletrônico para furtar o numerário, ele também responderá pela causa de aumento do repouso noturno (art. 155, § 1º)? É possível aplicar o art. 155, § 4º-A e mais a causa de aumento do art. 155, § 1º?
SIM. É legítima a incidência da causa de aumento de pena por crime cometido durante o repouso noturno (art. 155, § 1º) no caso de furto praticado na forma qualificada (art. 155, § 4º ou § 4º-A do CP).
Não existe nenhuma incompatibilidade entre a majorante prevista no § 1º e as qualificadoras do § 4º ou do § 4º-A. São circunstâncias diversas, que incidem em momentos diferentes da aplicação da pena.
Assim, é possível que o agente seja condenado por furto qualificado e, na terceira fase da dosimetria, o juiz aumente a pena em 1/3 se a subtração ocorreu durante o repouso noturno.
A posição topográfica do § 1º (vem antes dos §§ 4º e 4º-A) não é fator que impede a sua aplicação para as situações de furto qualificado.
STF. 2ª Turma. HC 130952/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 13/12/2016 (Info 851).
STJ. 6ª Turma. HC 306.450-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 4/12/2014 (Info 554).
*#SELIGANAJURISPRUDÊNCIA *É legítima a incidência da causa de aumento de pena por crime cometido durante o repouso noturno (art. 155, § 1º) no caso de furto praticado na forma qualificada (art. 155, § 4º). Não existe nenhuma incompatibilidade entre a majorante prevista no § 1º e as qualificadoras do § 4º. São circunstâncias diversas, que incidem em momentos diferentes da aplicação da pena. Assim, é possível que o agente seja condenado por furto qualificado (§ 4º) e, na terceira fase da dosimetria, o juiz aumente a pena em 1/3 se a subtração ocorreu durante o repouso noturno. A posição topográfica do § 1º (vem antes do § 4º) não é fator que impede a sua aplicação para as situações de furto qualificado (§ 4º). STF. 2ª Turma. HC 130952/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 13/12/2016 (Info 851). STJ. 6ª Turma. HC 306.450-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 4/12/2014 (Info 554).
Qual o fundamento para esse aumento? Durante o repouso noturno existe uma menos vigilância da vítima sobre os seus bens.
Repouso noturno é o intervalo entre dois períodos – 1. Em que as pessoas se recolhem e 2. Em que elas despertam para a vida cotidiana. Esse conceito, portanto, é variável, devendo considerar os hábitos de uma determinada localidade.
O repouso noturno não se confunde com a noite. Pode ser noite e não existir o repouso noturno. Em muitas situações, existe a noite, mas ainda não existe o repouso noturno. Ex. às 21 horas no Rio de Janeiro – é noite, mas não há repouso noturno.
As pessoas precisam estar efetivamente dormindo? NÃO!
É preciso que o furto seja praticado em uma casa habitada? NÃO! STJ HC 29.153 – o furto pode ser praticado na rua, em estabelecimentos comerciais. Para incidir essa causa de aumento o furto pode ocorrer intra muros ou extra muros, dentro de uma casa habitada ou fora dela.
Essa causa de aumento da pena nunca será aplicada a crimes pra ticados durante o dia, ainda que a vítima esteja dormindo.
É amplamente dominante, por sua vez, o entendimento de que o aumento não é aplicável quando o fato ocorre na rua, como, por exemplo no caso de furto de veículos estacionados na via pública durante a madrugada.
No passado havia consistente entendimento no sentido de que o furto noturno não deveria ser aplicado se ocorresse em estabelecimento comercial fechado, com o argumento de que em tais casos, o agente estaria se valendo da ausência de pessoa no local e não do sono dos moradores, pois não se trata de local apropriada para repouso noturno. Atualmente, entretanto, os julgados do STJ apontam em sentido contrário, autorizando o aumento da pena em razão da menor vigilância decorrente do repouso da coletividade. É claro, por outro lado, que, se o furto ocorrer em estabelecimento comercial aberto, onde existem pessoas trabalhando, não se aplicará o instituto.
Em suma, não se reconhece o aumento: a) se ocorre em via pública; b) se acontece em estabelecimento comercial aberto ou em casa onde está ocorrendo uma festa.
#OUSESABER - A causa de aumento do furto noturno se aplica quando a ação ocorre em estabelecimento comercial? Antigamente, havia intensos debates sobre a aplicação do furto noturno (art.155, parágrafo primeiro) quando a conduta ocorresse em estabelecimento comercial fechado, uma vez que, para os que entendiam pela inaplicabilidade, a causa de aumento não deveria incidir, pois não se trata de local apropriado para o repouso noturno. 
Todavia, a jurisprudência do STJ é em sentido contrário, entendendo que a causa de aumento deve incidir, em face da menor vigilância decorrente do repouso da coletividade. 
Caso uma situação como essa seja cobrada na sua peça processual, você deve sustentar a não aplicabilidade da causa de aumento de pena, ressaltando que não merece prosperar a tese do STJ. 
Todavia, ainda no âmbito jurisprudencial, prevalece o entendimento de que, se for um estabelecimento comercial aberto (bar, boate, restaurante), não deve incidir a causa de aumento de pena do "furto noturno". Logo, se a questão falar que o furto ocorreu em uma boate, por exemplo, você deve citar que a própria juris do STJ entende pela inaplicabilidade. 
FURTO PRIVILEGIADO – FURTO DE PEQUENO VALOR – FURTO MÍNIMO
Requisitos
Primariedade do agente
Pequeno valor da coisa
Aplicação somente de multa
Consequências
PRIVILÉGIO
Substituição da pena de reclusão por detenção
Redução da pena de um a dois terços
Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
É uma causa especial de diminuição de pena.
Essa figura depende de dois requisitos:
· Primariedade do agente:primário é todo aquele que não é reincidente. O conceito de primariedade é obtido por exclusão, pois o CP define apenas o reincidente. Para o tecnicamente primário (criação da jurisprudência) é primário e não reincidente. Mesmo que tenha maus antecedentes.
· Pequeno valor da coisa: o CP não define o que seria coisa de pequeno valor. A jurisprudência adotou um critério objetivo – um salário mínimo. #CUIDADO – esse valor deve ser considerado na data do crime e não na data da sentença. Se a coisa ficou valiosa não importa. Esse valor deve constar de um auto de avaliação do bem. ATENÇÃO – prova prática do MP pedir a avaliação da coisa no oferecimento da denúncia.
#OBS.: coisa de pequeno valor não se confunde com pequeno prejuízo da vítima. O critério é objetivo, seja a vítima pobre ou rica. Não importa inclusive se o bem foi devolvido.
#OBS.: não confundir com coisa de valor ínfimo (princípio da insignificância) – não há um valor exato. STJ/STF têm admitido algo em torno de 20% do salário mínimo.
Ademais, têm mencionado que apenas a gravidade diferenciada do delito (um arrombamento com grande prejuízo para a vítima, furto com invasão de domicílio ou com clonagem de cartão de crédito, por exemplo), é que podem afastar o princípio da insignificância, de modo que eventual reincidência ou maus antecedentes não impedem o seu reconhecimento.
#RELEMBRE Será que o reincidente tem direito ao princípio da insignificância? STJ – SIM. STF – NÃO. O STF entende que o princípio da insignificância por ser política criminal, não deve ser aplicado a quem transgride constantemente a lei penal. Usar o posicionamento do STF para o MP e do STJ para a DP. Para o STJ pelo princípio ter excluído a tipicidade. Na segunda fase é que se analisa a reincidência. A reincidência não atinge a tipicidade. 
#OBS.: Criminoso habitual é aquele que faz da prática de crimes o seu meio de vida: NÃO! STF e STJ. 
	Pequeno valor
	Valor ínfimo
	HÁ CRIME
	FATO ATÍPICO
	Diminuição de pena
	Princípio da insignificância
Efeitos do privilégio: 
1. Substituir a pena de reclusão por detenção
2. Diminuir a pena de 1/3 a 2/3
3. Aplicar somente a pena de multa.
Essas duas primeiras consequências podem ser cumuladas entre si. Ele pode, por exemplo, substituir a pena e diminuir. 
Onde se lê que o juiz pode, deve-se entender como o juiz deve, pois o privilégio é direito subjetivo do réu (pacífico na doutrina e jurisprudência). Se os requisitos legais estiverem presente (primariedade e pequeno valor da coisa), o juiz deve reconhecer o privilégio. O que ele pode é escolher qual efeito vai aplicar.
Aplicabilidade do privilégio:
· Furto simples - SIM
· Furto noturno - SIM
· Furto qualificado?
· NÃO – interpretação geográfica do tipo penal + incompatibilidade lógica entre privilégio e qualificadoras. Até 2005 essa era a posição pacífica no Brasil.
· SIM – admite o chamado furto híbrido (foi a pergunta dissertativa do MP/RJ), qualificado e privilegiado, por razões de política criminal e princípio da proporcionalidade. O STF e STJ hoje admitem o furto híbrido, desde que a qualificadora seja de natureza objetiva. EX. se for abuso de confiança (subjetiva) não seria possível. STF HC 94.765 – Informativo 519. Q. 
Súmula 511-STJ: É possível o reconhecimento do privilégio previsto no §2º do art. 155 do CO nos casos de crime de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for se ordem objetiva.
#ATENÇÃO – O STF faz uma simples exigência: desde que disto não resulte a aplicação exclusiva da pena de multa.
	SUBJETIVO
	OBJETIVO
	PRIMARIEDADE
	PEQUENO VALOR DA COISA FURTADA
	a. É não ostentar qualquer condenação no passado.
	b. É o não reincidente. (Mesmo que tenha inúmeras condenações no passado).
	Tudo que for INFERIOR A 1 SALÁRIO MÍNIMO será considerado pequeno valor. 
ÍNFIMO VALOR (INSIGNIFICÂNCIA).
	
	O portador de maus antecedentes pode ser beneficiado.
	Patamar da Insignificância: Exclui a tipicidade. 
Patamar do pequeno valor: Diminui a pena 
Patamar do Crime comum: A insignificância e o privilégio coexistem.
	
	
	Decidiu o STJ que o privilégio não se confunde com a insignificância. Para a aplicação do princípio da insignificância é imprescindível a ínfima lesão ao bem jurídico tutelado, não se confundindo com pequeno valor lesivo ao bem jurídico.
FURTO QUALIFICADO
Furto qualificado
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)*
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)*
Em todas as qualificadoras o furto é crime de elevado potencial ofensivo – não admite os benefícios da lei 9.099/95 (suspensão condicional do processo, transação penal). O furto simples é de médio potencial ofensivo – admite a suspensão condicional do processo.
Súmula 442, STJ - É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do roubo.
As qualificadoras do §4º dizem respeito aos meios de execução do furto. Todas as qualificadoras do §4º são de natureza objetiva, logo, elas se comunicam aos demais agentes no concurso de pessoas. Exceção – qualificadora do abuso de confiança – natureza subjetiva – não se comunica.
É plenamente comum que o juiz reconheça duas ou mais qualificadoras deste parágrafo e, se isso ocorrer, a primeira servirá para qualificar o crime e as demais servirão como circunstância judicial para fixação da pena-base acima do mínimo.
Com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
Na destruição o obstáculo desaparece. Ex. explodir um cofre, uma máquina do banco 24 horas (há também crime de explosão – crime de perigo comum- se coloca em risco um número indeterminado de pessoas). Rompimento o obstáculo é danificado, mas continua existindo. Ex. arrombar cofre, quebrar cadeado.
Tanto na destruição como no rompimento existe violência contra a coisa. Contra a pessoa é roubo.
Obstáculo é barreira, empecilho qualquer que protege o bem. Esse obstáculo pode ser externo (cadeado) ou interno (), ativo (além de defender o bem ataca o agente. Ex. cerca elétrica) ou passivo (se limita a proteger a coisa. Grade, cadeado). Prevalece o entendimento que o cão de guarda é obstáculo. Se mata o cachorro para furtar a casa responde pelo furto qualificado.
A mera remoção/retirada de um obstáculo não caracteriza a qualificadora. Ex. tirar a telha, desparafusar janela.
Deve haver exame de corpo de delito. Nesse caso, o furto deixa vestígios matérias. Tem que ter perícia. Se os delitos desapareceram? Exame de corpo de delito indireto – testemunhas.
A qualificadora reclama a destruição ou rompimento de obstáculo antes ou durante a subtração do bem. O crime de furto qualificado absorve o crime de dano. CUIDADO: se descobriu que o dono da casa era um desafeto e quebra tudo. Responde por furto simples e crime de dano. As coisas foram destruídas por outro motivo.
Alcance da qualificadora:
Esse obstáculo tem que ser estranho à coisa ou pode integrá-la (POLÊMICO)?
1. Estranho à coisa – MAJORITÁRIA – STF e STF (HC98.606 – Informativo 551). #DPU
2. Pode integrá-la – STF – HC 77.675 e STJ HC 152.833 – Informativo 429. MP/Delegado. Tecnicamente essa é melhor, por observar o princípio da proporcionalidade.
Somente existe a qualificadora, se a violência é contra a coisa que está entre o agente e a coisa visada. Se a violência incide sobre a própria coisa visada não há qualificadora. A violência deve incidir sobre objetos que dificultam a violação da coisa visada. Assim, caso se quebre vidro de um veículo para subtrair o veículo não incide a qualificadora. Porém, caso se quebre um vidro de um veículo para subtrair o rádio incide a qualificadora. 
#SELIGANAJURISPRUDÊNCIA #STF #STJ - quebra do vidro do carro para furto do aparelho de som: 
STJ - Fim da divergência entre a 5ª e a 6ª Turmas do STJ: No julgamento dos Embargos de Divergência em Recurso Especial n. 1.079.847/SP, aos 22/5/2013, a Terceira Seção do Superior Tribunal De Justiça pacificou a divergência entre os posicionamentos das duas turmas, considerando que a subtração de objetos situados no interior do veículo, mediante a destruição do vidro, qualifica o delito, na mesma linha do que decidia a Quinta Turma.
STF - HC 110119 / MG, Dj3 24/02/2012: “A jurisprudência da Corte está consolidada no sentido de que “configura o furto qualificado a violência contra coisa, considerado veículo, visando adentrar no recinto para retirada de bens que nele se encontravam” (HC nº 98.606/RS, Primeira Turma, Relator o Ministro Marco Aurélio, DJe de 28/5/10).
*#OBS.: Por questão de equidade, há importante jurisprudência inclinando-se no sentido de que o rompimento de quebra-ventos de veículo para subtração de objetos existentes no seu interior NÃO caracteriza a qualificadora. É que se a violação tivesse sido feita para a subtração do próprio automóvel, simples seria o furto. Ora, por ter cometido fato menor (furto de acessório e não do veículo) não pode o agente receber pena maior (RT 661/304). A jurisprudência do STJ, entretanto, se firmou no sentido de que se trata de furto qualificado.
#DIVERGÊNCIA: A jurisprudência tem entendido que a conduta de cortar com canivete bolsa da vítima para, sorrateiramente, furtar carteira ou outros valores de seu interior, não constitui rompimento de obstáculo porque a bolsa é usada para transporte e não proteção dos valores. Possível, contudo, o reconhecimento da qualificadora da destreza, se a vítima não notar a conduta do agente.
DIVERGÊNCIA: BATEDORES DE CARTEIRA / PUNGUISTAS - O ato de cortar uma bolsa com uma lâmina e furtar a certeira da vítima sem que ela perceba constitui figura qualificada: “É qualificado o furto pela destreza quando o agente, com especial habilidade, sem que a vítima o perceba, corta a bolsa onde são carregados os valores que subtrai” (Tacrim-SP – Rel. Dante Busana).
A forma tentada é plenamente compatível com a figura qualificada, bastando que o agente já tenha dado início ao ato de arrombamento, danificando, ainda que parcialmente, o obstáculo, mesmo que seja preso antes de conseguir entrar no local que pretendia, não tendo, portanto, conseguido concretizar a subtração por circunstâncias alheias à sua vontade.
Com abuso de confiança – SUBJETIVA – NÃO SE COMUNICA
Há dois requisitos cumulativos:
· Vítima deposita no agente especial confiança
Essa confiança deve realmente existir. É uma confiança verdadeira. Se essa confiança é obtida fraudulentamente a qualificadora é a da fraude (me passo por grande amigo).
· O agente se aproveita dessa facilidade para subtrair o bem.
Não basta existir a confiança. Não incide quando, mesmo tendo a confiança, o agente subtraiu o bem de uma forma comum. 
Ex. Famulato – é o furto praticado por empregados, em geral, por empregados domésticos. Vem de fâmulo da posse – tem a detenção do bem. A relação empregatícia, por si só, não revela confiança entre as partes.
#OBS.: STJ HC 82.828 - O vínculo empregatício tem que ser antigo? NÃO, especialmente quando é indicada por outra pessoa de confiança. 
Embora de possa concluir que haja alguma confiança do patrão em todos os empregados que contratou, nem sempre o furto cometido por estes consistirá em furto qualificado, mas apenas quando se fizer prova de que se trata de empregado que gozava de confiança diferenciada por parte do patrão.
O mesmo raciocínio vale para empregados domésticos, embora em relação a estes exista maior volume no reconhecimento da qualificadora. Empregada que trabalha há anos na residência e que por tal razão estava sozinha no interior da casa no momento em que furtou algumas joias da patroa, o delito é qualificado. O furto cometido por empregado se chama famulato, como já visto.
Se a subtração for perpetrada por cônjuge, durante a constância da sociedade conjugal, companheiro, durante o convívio estável, ascendente ou descendente, o furto sequer é punível ante as causas de isenção de pena (escusas absolutórias), elencadas no art. 181 do CP.
Essa modalidade de furto qualificado tem em comum com o crime de apropriação indébita a ocorrência de quebra de confiança. No furto, o agente retira objetos da vítima valendo-se da menor vigilância dispensada em razão da confiança, enquanto na apropriação indébita, a própria vítima entrega o bem ao agente e o autoriza a deixar o local em sua posse, e ele não o restitui.
Pode o criminoso: 
1) Captar PROPOSITADAMENTE A CONFIANÇA DA VÍTIMA como;
2) VALER-SE DA CONFIANÇA JÁ EXISTENTE. 
Não precisa o agente propositadamente conquistar a confiança, pode ele apropriar-se de uma confiança que ele já tem. Confiança (relação de trabalho, familiar, amizade) 
 QUAL A DIFERENÇA DO FURTO QUALIFICADO PELO ABUSO DE CONFIANÇA E A APROPRIAÇÃO INDÉBITA?
	FURTO COM ABUSO DE CONFIANÇA
	APROPRIAÇÃO INDÉBITA
	Agente não tem a posse, mas simples contato com a coisa.
	Agente exerce a posse em nome de outrem.
	Dolo é antecedente a posse.
	Dolo é superveniente
Mediante fraude
O agente se vale do artifício ou ardil para enganar a vítima, diminuindo a vigilância desta sobre o bem e permitindo a subtração.
· Artifício é a fraude material – algum objeto para enganar a vítima. Chega com o crachá do IBGE.
· Ardil é a fraude moral ou intelectual. Conversa enganosa.
#ATENÇÃO: diferença entre furto mediante fraude e estelionato. Os dois são crimes contra o patrimônio e têm a fraude como meio de execução. A diferença diz respeito à finalidade na utilização da fraude. A pena do furto qualificado é maior. Ex. quero furtar seu notebook e estou na sua casa. Alego cheiro de gás. Você vai olhar e eu pego o seu notebook – furto mediante fraude. Ex. digo que conserto o seu notebook. Você me entrega e eu fujo com ele –estelionato.
	*Antes da Lei nº 13.964/2019
	Depois da Lei nº 13.964/2019
	Estelionato
Sem parágrafo correspondente. 
	““Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
§ 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima for:
I - a Administração Pública, direta ou indireta;
II - criança ou adolescente;
III - pessoa com deficiência mental; ou
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.” 
#ATENÇÃO #AÇÃOPENAL #ESTELIONATO
REGRA: Ação penal Pública Condicionada à representação da vítima. 
EXCEÇÃO: Ação Penal Pública Incondicionada - nos casos previstos no §5.
*#SELIGANAJURISPRUDÊNCIA #DIZERODIREITO #AJUDAMARCINHO #STF A causa especial de extinção de punibilidade prevista no § 2º do art. 9º da Lei nº 10.684/2003, relativamente ao pagamento integral do crédito tributário, não se aplica ao delito de estelionato (CP, art. 171). O art. 9º da Lei 10.684/2003 menciona os crimes aos quais são aplicadas suas regras: a) arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137/90; b) art. 168-A do CP (apropriação indébita previdenciária); c) Art. 337-A do CP (sonegação de contribuição previdenciária). Repare, portanto, que o estelionato (art. 171 do CP) não está listado nessa lei. O fato de o agente ter pago integralmente o prejuízo trará algum benefício penal? SIM. O agentepoderá ter direito de receber o benefício do arrependimento posterior, tendo sua pena reduzida de 1/3 a 2/3 (art. 18 do CP). STF. 2ª Turma. RHC 126917/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 25/8/2015 (Info 796). STJ. 6ª Turma. REsp 1.380.672-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 24/3/2015 (Info 559).
#OBS.: STJ CC 86.862.
	FURTO MEDIANTE FRAUDE
	ESTELIONATO
	O núcleo é subtrair
	Viciar a vontade da vítima
	O agente utiliza a fraude para diminuir a vigilância sobre o bem, permitindo a sua subtração.
	A vítima entrega livremente o bem ao agente
#CAIUEMPROVA - Caso prova do MP – passo no caixa vinho caro com código de barra de água – estelionato. 
#LEMBRAR: o fato de ser vigiado por câmeras não caracteriza o crime impossível (Súmula 567, STJ): “Súmula 567-STJ: Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto”.
#OBS. Test drive – tecnicamente é estelionato, já que a vítima livremente entregou o bem ao agente, mas a jurisprudência diz que e furto qualificado pela fraude. STJ Resp. 672.987. Para fins de política criminal, pois se fosse estelionato a seguradora não iria cobrir o dano. A jurisprudência optou por privilegiar a vítima.
	FURTO MEDIANTE FRAUDE
	ESTELIONATO
	EMPREGA A FRAUDE PARA FACILITAR A SUBTRAÇÃO DA COISA. 
	EMPREGA A FRAUDE PARA FAZER COM QUE A VÍTIMA LHE ENTREGUE A COISA ESPONTANEAMENTE.
	FINALIDADE: Retirar ou diminuir a vigilância da vítima sobre a coisa. 
	 A vítima enganada entrega uma posse DESVIGIADA.
	 A fraude visa burlar a vigilância da vítima que em razão disso não percebe que a coisa está sendo subtraída.
	 A fraude é usada para induzimento da vítima ao erro. De modo que ela própria entrega seu patrimônio ao agente.
	 A coisa sai da vítima e vai para o agente UNILATERALMENTE, só ele (agente) quer que a coisa vá para a sua posse. 
	 A coisa sai da vítima e vai para o agente de forma BILATERAL, ele e ela querem alterar a posse. 
	FALSO TEST-DRIVE:
PREVALECE QUE É FURTO MEDIANTE FRAUDE.
OBS: Magistratura/SP já considerou estelionato.
	
	Auxiliar Vítima em caixa eletrônico e trocar o cartão. 
É FURTO MEDIANTE FRAUDE.
	
É evidente que, quando alguém compra e recebe em definitivo um carro e, depois a vítima descobre que o pagamento foi feito com depósito fraudulento em banco, o crime é o de estelionato porque a posse foi entregue em definitivo e não para um teste-drive.
Ex.: agente que fica sabendo que certo comerciante recebeu grande carga de notebooks de marca famosa. Coloca os emblemas da polícia civil em um veículo e se dirige ao estabelecimento, mentindo para o comerciante que recebeu informação de que os computadores são falsificados e que necessita leva-los ao Distrito Policial para perícia. A vítima entrega os aparelhos ao agente e o acompanha dentro da viatura. No trajeto o falso policial simula um problema na bateria da viatura e faz com que a vítima desça do automóvel para ajudar a empurrá-lo. O agente, então, dá a partida e foge com os computadores. Trata-se aqui de furto mediante fraude. Ao contrário, quando o agente vai até a loja e compra o computador com um cheque falsificado de terceiro e recebe o aparelho com autorização para com ele deixar o recinto, o crime é o de estelionato, porque o agente recebeu posse desvigiada (com autorização para deixar o local com o bem) após ter empregado fraude. 
Faz-se necessário também distinguir os dois crimes quando os valores ilícitos são obtidos com o uso de cartão bancário ou de crédito clonados. O tipo penal do estelionato exige que o agente obtenha a vantagem ilícita mantendo alguém em erro. É necessário, portanto, que o agente engane alguma pessoa e não uma máquina; um computador. Dessa forma, se com o cartão clonado o agente consegue sacar valores da conta da vítima em um caixa eletrônico, o crime é o de furto. Se o agente, entretanto, vai até o caixa do estabelecimento bancário, apresenta o cartão clonado ao funcionário do caixa e consegue dele receber dinheiro após ter digitado a senha da vítima, o crime é o de estelionato. Da mesma forma, quando o agente faz compra com cartão de crédito clonado, enganando o vendedor da loja, o crime é o de estelionato.
Outra distinção importante é a seguinte: se o agente entra em um supermercado, pega uma caixa de papelão com garrafas plásticas cheias de água e, no lugar, coloca garrafas cheia de um caro champanhe fecha a caixa, mas ao efetuar o pagamento, a funcionário cobra apenas o valor da água, o crime é o de furo qualificado. Nesse caos, o supermercado, representado pela funcionária enganada, em nenhum momento, soube que aquelas caras garrafas estavam sendo retiradas do recinto. Por isso, é evidente que o crime é o de furto, já que houve subtração. A hipótese é equivalente àquela em que o ladrão esconde um relógio dentro da caixa de papelão com as garrafas de água e paga somente por estas. Se o agente, todavia, troca a etiqueta de preço e apresente a garrafa de campanha no caixa e a funcionário vê a garrafa, mas, ludibriada, cobra o preço menor e entrega a garrafa ao golpista, o crime é o de estelionato. Nesse caso, a funcionária, que representa a vítima (supermercado) viu e e entregou a garrafa ao agente, tendo, entretanto, cobrado o preço menor. Nesse caso, não houve subtração.
*#OUSESABER - O estelionato judiciário é crime?
Por estelionato judicial, entenda-se a conduta daquele que, mediante documentos ou alegações falsas, ingressa em juízo com a intenção de obter vantagem econômica em prejuízo alheio. Exemplo: ingressar em face de instituição financeira com ação de indenização por danos morais instruída com documentos falsos. A Sexta Turma do Superior Tribunal de justiça possui firme jurisprudência no sentido de que ESTELIONATO JUDICIAL NÃO É CRIME, não se enquadrando a conduta acima descrita no art. 171 do CP. (HC 362840). Eventual responsabilidade pela utilização de documentos falsos deve ser averiguada pela via própria (artigo 297 do CP). Destaca-se, contudo, que a Quinta Turma da mesma Corte possui julgados mais antigos no sentido de que o crime de estelionato judicial é possível, desde que a falsidade não possa ser constatada por perícia (INFO 554).
1) Posição tradicional do STJ: NÃO (nunca). Não se admite a prática do delito de estelionato por meio do ajuizamento de ações judiciais. 
2) Últimos julgados do STJ: DEPENDE.
- Quando é possível ao magistrado, durante o curso do processo, constatar a fraude por qualquer meio de prova (ex: por meio de perícia, por prova testemunhal, documental etc.): NÃO haverá crime.
 - Quando não é possível ao magistrado, durante o curso do processo, ter acesso às informações que caracterizam a fraude: SIM, será possível a configuração do estelionato. No caso concreto, o STJ entendeu que não se adequa ao tipo penal de estelionato (art. 171, § 3º, do CP) a conduta do advogado que, utilizando-se de procuração com assinatura falsa e comprovante de residência adulterado, propôs ação indenizatória em nome de terceiros com objetivo de obter para si vantagem indevida, tendo as irregularidades sido constadas por meio de perícia determinada na própria demanda indenizatória. STJ. 5ª Turma. RHC 53.471-RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 4/12/2014 (Info 554). 
Mediante escalada
É o uso de via anormal para ingressar em local fechado em que o furto será praticado. Escalada pode ser por cima ou por baixo (cavar um túnel). Pode se dar através da utilização de um objeto (corda) ou por meio de especial condição física do agente.
#OBS.: Não existe uma altura definida pela doutrina ou jurisprudência a partir da qual surge a qualificadora.
O STJ já reconheceu a qualificadora quando o agente pulou um muro de 1,80 m. É pacífico o entendimento jurisprudencial no sentido de que a qualificado só se justifica quando o agente necessita fazer um esforço considerável para ter acesso ao local pretendido ou quando faz uso de instrumentos auxiliares, como cordas ou escada. Se o agente consegue

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