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Federalismo: Comparação Brasil e EUA

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Texto Complementar 
 
Federalismo: Manifestação e Comparação entre Brasil e Estados Unidos1 
 Vinícius Pestana² 
RESUMO 
O Federalismo no Brasil e nos EUA, análise comparativa. Instituído 
primeiramente em sua forma mais moderna pela Constituição Federal norte-
americana de 1787, respaldada por O Federalista. Objetiva apresentar parte do 
histórico e as principais características de ambos os Estados. A pesquisa 
caracteriza-se como bibliográfica, ensejando revisão da literatura sobre a 
temática. Compara-se quanto à classificação dos sistemas federativos por 
relações entre estados, interferência do poder federal, divisão de competências. 
Conclui-se que apesar de ter como referência o Federalismo norte-americano, a 
federação brasileira guarda vários pontos divergentes, principalmente no que 
concerne à centralização do poder e divisão das competências. 
Palavras-chave: Federalismo; Brasil; Estados Unidos; Competências; 
Centralização; Poder. 
 
 1 INTRODUÇÃO 
O Federalismo pode ser definido resumidamente como sendo um sistema 
de governo caracterizado pela união de unidades políticas menores, que gozam 
de certa autonomia no que se refere à ter sua própria legislação e os dispositivos 
para a sua aplicação. 
Este trabalho tem como objetivo situar o Federalismo no âmbito nacional 
dos Estados Unidos da América e no Brasil, apresentando suas principais 
características e em última instância, realizar uma análise comparativa entre 
ambos, explicitando sua evolução no decorrer do tempo, desde sua instituição 
até os dias atuais, focando-se nas particularidades de cada um dos modelos e 
 
1Artigo apresentado à disciplina Ciências Políticas e Estado, como requisito para a 2ª avaliação 
²Aluno do 2º período de Direito Matutino da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) 
 
especialmente nos pontos divergentes, como forma de estabelecer a grande 
diferença existente entre as formas de Estado Federal dos países supracitados. 
A problemática explorada é a existência de diferenças nas características 
dos dois sistemas que necessitam esclarecimento, de modo a entender ambos 
na sua totalidade. A escolha do tema relaciona-se à atualidade do mesmo e à 
sua relevância no que se refere ao país pioneiro no sistema federalista (EUA) e 
o outro que o usou como inspiração não como cópia, mas como base da qual 
derivaram suas próprias características e particularidade. Encontra-se dividido 
em noções gerais de Federalismo, sua classificação segundo variados critérios, 
apresentação dos dois Federalismos e por fim, sua comparação. 
 
 
2 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS GERAIS DO FEDERALISMO 
As origens da palavra Federalismo podem ser encontradas no latim 
faedus, que significa "contrato", e suas formas primitivas remetem ao século 
XVIII, com os contratos assinados entre as então colônias norte-americanas, e 
entre as comunidades político-linguísticas francesa e inglesa no Canadá, no 
século XIX. Em ambos os casos, os contratos foram firmados com o objetivo de 
fortalecer as defesas e aumentar a resistência contra o domínio europeu na 
localidade. A essência do federalismo é a relação e articulação que se cria entre 
as esferas federal e local, a união de comunidades político-jurídicas autônomas 
que participam e influenciam as decisões do poder central dentro de determinado 
Estado, o que pode ser associado positivamente a uma ideia democrática no 
sentido da participação e garantia de interesses não somente da maioria, mas 
também de grupos minoritários existentes dentro de um contexto social. Pode-
se falar então em modos consociativos, que conciliam a vontade da maioria aos 
interesses de grupos menores. 
Hans Kelsen, em seu Teoria Geral do Direito e Estado, usa o critério da 
descentralização para definir o Estado Federal e diferenciá-lo de um Estado 
Unitário com províncias autônomas. Nessa linha, ele coloca como característica 
marcante do Estado Federal a certa autonomia constitucional que os Estados-
membros possuem, tendo em vista que as Constituições estaduais são 
 
produzidas e podem ser modificadas por estatutos e órgãos locais, sofrendo 
pouca ou praticamente nenhuma interferência por parte do poder central, 
enquanto que no governo unitário, a norma fundamental dos sistemas jurídicas 
locais é imposta pela constituição do poder central de modo tal que só haverá 
alteração na norma fundamental se houver mudança de Constituição. A 
legislação local está a cargo dos órgãos locais, mas dentro dos limites 
delimitados pela Constituição. 
Montesquieu, em O Espírito da Leis, entende a república federativa reúne 
as vantagens internas próprias de um sistema republicano com a possibilidade 
de exercício de força externa própria da monarquia, e a conceitua como a "forma 
de governo é uma convenção segundo a qual vários Corpos políticos consentem 
em se tomar cidadãos de um Estado maior que pretendem formar. É uma 
sociedade de sociedades, que formam uma nova sociedade, que pode crescer 
com novos associados que se unirem a ela." 
Uma das características mais importantes do sistema federalista é a sua 
capacidade de promover simultaneamente unidade e diversidade, no sentido de 
ser o resultado de união de várias partes diferentes e ao mesmo tempo de dar o 
espaço para a ratificação de valores e interesses de cada uma das citadas 
partes. Assim, pode-se atestar que o Federalismo é pautado numa ambiguidade, 
visto que o Estado Federal é geralmente constituído dentro de um contexto de 
diversidade cultural, linguística e social. 
Embora as características mais gerais de um sistema federalista tenham 
sido citadas, não há um consenso em relação à totalidade dos aspectos de um 
Estado federado, visto que muitos arranjos e configurações distintos de Estados 
são considerados federações. E, com a finalidade de se adquirir um mínimo de 
consistência e unidade conceitual, a análise do federalismo é desenvolvida 
dentro de uma esfera comparativa entre as organizações de Estado unitário e 
Confederação. O Estado unitário diferencia-se da federação por seu caráter 
centralizador e ter no poder central a única referência em relação à sociedade, 
rechaçando a existência de possíveis poderes parciais. Num sistema federado, 
as partes (Estados-membros) têm poder de influenciar nas decisões de âmbito 
federal. Um sistema confederado aproxima-se do federalismo em relação à 
pressuposição de um contrato entre unidades políticas que apresentam objetivos 
 
comuns ou semelhantes, e se distanciam quanto a dois pontos : na 
Confederação, todos os membros têm soberania plena e o órgão comum 
representa simplesmente a junção da vontade de suas partes, sendo destituído 
de qualquer autoridade sobre os membros. Já no sistema federalista, os 
Estados-membros cedem parte de sua soberania ao poder central, que tem 
poder hierarquicamente superior em diversas ocasiões. O outro ponto diferencial 
recai sobre a possibilidade de renúncia ao pacto: na confederação, é concedido 
esse "direito" aos membros, enquanto que na a federação possui caráter 
indissolúvel. 
Apesar de sua larga utilização, este método é considerado um pouco 
limitado, tendo em vista que enrijece os conceitos de cada sistema, não 
concedendo muito espaço às muitas variações que ocorrem na realidade, 
gerando a formação de espécies de lacunas conceituais. Como solução, 
apresenta-se outro critério de definição dos sistemas apresentados: uma espécie 
de escala que usa como critério as chamadas medidas de center-constraining, 
que seriam as medidas de limitação ao poder central, e iriam de nenhuma 
barreira ao exercício do poder pelo centro estatal (Estado Unitário) ao máximo 
de barreiras a este poder (Confederação). Não definindo limites aos conceitos, 
este método, proposto por Baldi e Stepan em 1999, permite a inclusão dasdiferentes formas de organização dos Estados. 
O Federalismo não é uniforme. Existem, como já exposto, várias formas 
de manifestação e diferentes tipos de federalismo. Usando o critério de origem 
de sua formação, classifica-se em: 
 Federalismo por Agregação: A federação é estabelecida a partir da 
vontade de estados independentes politicamente. Como exemplo, tem-se o 
Federalismo dos EUA; 
 Federalismo por Desagregação: Instituído a partir da 
descentralização de um Estado Unitário. O Federalismo Brasileiro é um exemplo 
deste tipo; 
Utilizando o critério das relações entre os membros da federação, têm-se: 
 Federalismo Dual: A separação de atribuições entre os entes 
federativos é absolutamente rígida. Não existe cooperação ou interpenetração 
entre os membros. Como exemplo, o Federalismo norte-americano; 
 
 Federalismo Cooperativo: As atribuições são exercidas de modo 
comum ou concorrente, estabelecendo-se uma aproximação entre os entes 
federativos, que atuarão conjuntamente. Esta é a forma de organização no 
Estado brasileiro; 
Utilizando de uma perspectiva mais sociológica, também pode se 
classificar o Federalismo em: 
 Federalismo Simétrico: Pode-se verificar certa homogeneidade, 
ainda que não absoluta, de cultura, língua etc, como nos EUA. 
 Federalismo Assimétrico: Provém de de diversidade em cultura, 
língua e outros aspectos. Como ocorre no Canadá, um país bilíngue, ou na 
Suíça, que possui quatro grupos étnicos distintos. 
 
3 O FEDERALISMO NORTE-AMERICANO 
Foi nos EUA em que o Federalismo ocorreu de forma concreta pela 
primeira vez. O sistema foi instituído pela primeira Constituição Federal norte-
americana, que data de 1787. E foi resultado da vontade dos Estados-membros 
da antiga Confederação, dada a necessidade de fortalecimento do governo 
central, que em diversas ocasiões nem chegava a ser considerado governo, por 
não haver condições mínimas de garantir efetivamente sua existência e 
perpetuação, como observou Hamilton no Federalista n. 15: 
"Governar subentende o poder de baixar leis. É essencial à ideia de 
uma lei que ela seja respaldada por uma sanção ou, em outras 
palavras, uma penalidade ou punição pela desobediência. Se não 
houver penalidade associada à desobediência, as resoluções ou 
ordens que pretendem ter força de lei serão, na realidade, nada mais 
que conselhos ou recomendações." 
O Federalismo norte-americano, na sua concepção, foi classificado de 
Agregação (provém de uma confederação), Simétrico (homogeneidade 
linguística, cultural da população) e Dual (independência de atuação dos estados 
em relação ao poder central) e fundado em cinco princípios. O primeiro deles é 
a união de entidades políticas autônomas em torno de um fim comum, como 
ocorre genericamente nas federações. O segundo princípio é o da divisão dos 
poderes legislativos entre União e estados através da regra que estabelece o 
governo federal como sendo de poderes enumerados, ou seja, a Constituição 
 
Federal norte-americana define expressamente no texto legal as atribuições que 
competem à União, sendo reservado aos estados os chamados poderes 
residuais, os não atribuídos à esfera federal. O terceiro princípio do sistema 
federalista nos EUA é a autonomia concedida aos estados e ao poder central de 
atuarem diretamente dentro de suas designações, inclusive sobre indivíduos e 
propriedades existentes dentro de seu território. A quarta característica essencial 
do federalismo norte americano é a presença dos mecanismos necessários à 
imposição e elaboração da lei na totalidade dos estados da federação, os 
aparelhamentos executivo, legislativo e judiciário; O último princípio estabelece 
que as decisões tomadas pelo governo federal, dentro de suas atribuições 
constitucionais, são hierarquicamente superiores à decisões locais sobre a 
mesma matéria. 
Embora a criação da Federação nos EUA tenha ocorrido principalmente 
por necessidade de fortalecimento do poder em esfera federal, sempre foi a 
intenção dos que instituíram a Constituição conservar a independência e a 
soberania dos estados-membros, intenção esta reforçada pelo Federalista, que 
exerceu função importante ao ratificar este caráter da federação americana ao 
seus futuros, eliminando possíveis inseguranças a respeito de uma centralização 
excessiva. Este modelo permaneceu durante muito tempo, sob forte influência 
pela doutrina do laissez-faire (liberalismo político e econômico). No entanto, a 
partir do século XX, mais funções passaram a ser requisitadas ao Estado pela 
nova opinião pública formada, como esclarece Robson (1932, p.52 apud 
SCHWARTZ, 1984, p.30): 
"Há um século, o estado atuava principalmente como policial, soldado e 
juiz. Hoje, o estado atua também como médico, enfermeiro, professor, 
organizador de seguros, construtor de casas, engenheiro sanitário, 
farmacêutico, controlador ferroviário, fornecedor de gás, água e 
eletricidade, planejador urbano, distribuidor de pensões, fornecedor de 
transporte, organizador de hospitais, abridor de estradas e em grande 
número de outras atividades." 
Para que o Estado pudesse exercer esta nova gama de funções, seria 
necessário que houvesse uma intervenção nas esferas social e econômico em 
escala nacional de forma mais incisiva, que foi dificultada em território norte-
americano pela doutrina do Federalismo Dual, que teria de ser abandonada para 
que se constituísse um Estado mais participativo. A doutrina do laissez-faire, 
presente durante toda a história política dos EUA tornou-se inutilizável a partir 
 
dos acontecimentos decorrentes da grande crise econômica de 1929. Percebe-
se então que só seria possível reerguer a economia do país através da 
intervenção estatal. Tendo isto em vista, o então presidente Roosevelt introduz 
o conjunto de medidas conhecido como New Deal, e dentro destas medidas, 
destacou-se a Lei Nacional de Recuperação Industrial, de 1933, que 
regulamentava toda a economia (produção, comercialização, prestação de 
serviços), que passaria a ser controlada pelo governo federal, através de 
"códigos de competição justa" ou mesmo de trato a clientes e oferecimento de 
garantias aos trabalhadores. Embora as medidas do New Deal tenham sido 
baixadas em 1933, só a partir de 1937 a Suprema Corte norte-americana passou 
a diminuir judicialmente as barreiras existentes, no caso, jurisprudências 
aplicadas à luz do Federalismo Dual, que restringiam a ação federal sobre o 
poder local. (Num sistema de common law como o americano, a jurisprudência 
tem força de lei). A diminuição se deu pela revogação de diversas decisões da 
própria Suprema Corte, tendo como marco do abandono definitivo da visão 
federalista dual o entendimento da Décima Emenda à Constituição como 
"truísmo" e que não requer mais a completa independência das esferas local e 
federal, e que a autoridade dos estados serviria para limitar a área de ação do 
poder central. 
Estes acontecimentos foram essenciais para a formação do chamado 
"Novo Federalismo" norte-americano, caracterizado por uma mudança no 
equilíbrio do poder, sendo este cada vez maior em Washington, através 
principalmente de sua função de bolsa, a qual exerce por meio de subvenções 
condicionais cedidas aos estados. Esta nova tendência do federalismo norte-
americano, um poder mais centralizado e aumento na responsabilidade do 
governo federal, foi ratificada por diversas decisões da Suprema Corte. 
 
4 O FEDERALISMO BRASILEIRO 
Durante o período colonial, o Brasil foi dividido administrativamente em 
capitanias, que foram transformadas em províncias em 1821. Após a 
proclamação independência, a Constituição de 1824 manteve as mesmas 
divisas entre as províncias e não alterou os seus poderes. De fato, a Carta de 
1824 previa que os governos das Províncias seriam presididos por pessoas 
 
nomeadas pelo Imperador e que todo cidadão tinha o direito de intervir nos 
negócios da sua localidade, nasCâmaras dos Distritos (órgão econômico) e no 
Conselho Geral da Província (órgão político). 
Em 1831, com a abdicação de D. Pedro I, a movimentação pela maior 
descentralização e a criação de um regime que desse mais independência às 
províncias ganhou força, até que em 1834, por intermédio de Ato Adicional, foi 
aprovada a Lei n.º 16, de 12/8/1834, que emendou a Constituição do Império 
para criar uma Monarquia representativa. Adaptando princípios federalistas, os 
Conselhos Gerais das Províncias foram substituídas por Assembleias 
Legislativas. Essa mudança aumentou a descentralização do Estado brasileiro, 
garantindo às Províncias funções executivas e legislativas. 
Com a Proclamação da República em 1889, os movimentos contrários à 
política do governo imperial foram definitivamente vitoriosos. O Governo 
Provisório expediu o Decreto nº 1, de 15/11/1889, instituindo a federação, 
transformando as antigas Províncias em Estados-membros e criando os 
"Estados Unidos do Brazil", em seus artigos 6º e 7º. 
Posteriormente, a Constituição de 1891 trouxe no art. 1º a República 
Federativa como forma de governo e a regra da união perpétua e indissolúvel 
dos Estados membros. Também instituiu o patrimônio de cada unidade 
federativa e adotou na divisão constitucional de competências a técnica de 
poderes enumerados. Os poderes dos Estados membros em matéria tributária 
foram fixados na Constituição, porém permitiu-se aos entes no art. 65 exercer 
"todo e qualquer poder, ou direito que lhes não for negado por clausula expressa 
ou implicitamente contida nas clausulas expressas da Constituição" . 
Nos anos 30, durante o período Vargas, promoveu-se a volta do 
centralismo, com a restrição da autonomia administrativa e política dos Estados 
membros. O Decreto n.º 19.398, de 11/11/1930, dissolveu o Congresso 
Nacional, as Assembleias Legislativas Estaduais e as Câmaras Municipais, 
cassou os mandatos de todos os Governadores e Prefeitos e nomeou 
interventores em cada Estado. O Decreto também atribuiu aos Interventores 
Estaduais a competência de nomear os Interventores Municipais. Dos atos dos 
Interventores Estaduais só cabia recurso ao Presidente da República. 
 
Outorgada pelo mesmo Vargas, a Constituição de 1937 manteve no art. 
21 a competência remanescente dos Estados membros e ampliou as hipóteses 
de intervenção da União nos entes federados. Havia, também, um dispositivo 
que previa a transformação do Estado em território da União se não fosse capaz 
de arrecadar receita suficiente para manutenção dos seus serviços. 
A Constituição de 1946 devolveu formalmente a autonomia administrativa 
e política aos Estados membros. Isso, no entanto, foi novamente afetado pelo 
Golpe Militar de 1964. A Constituição de 1967/1969 construiu um federalismo 
ilusório, pois a União sofreu umas espécie de hipertrofia, concentrando 
praticamente todas as competências. 
A Constituição de 1988 objetivou resgatar o princípio federalista e formou 
um sistema de divisão de competências que refazer o equilíbrio das relações 
entre o poder central e o poder local. No entanto, simultaneamente tentando 
resgatar o princípio federalista, a Constituição centralizou boa parte das 
atribuições, o que se observa nos artigos 21 e 22. 
Além disso, o art. 25 concedeu aos Estados o direito de se organizarem 
em torno de sua própria Constituição, desde que não conflitante com a 
Constituição Federal. 
A Constituição de 1988 tem como objetivo tornar o Brasil, juridicamente, 
uma República Federativa. A primeira providência jurídica nessa direção é a 
seguinte: a União, no Brasil, é um componente do Estado Federal (uma 
abstração dentro da teoria clássica do Federalismo). A Federação é estabelecida 
por força da Lei. A história da Federação brasileira é particularmente única no 
contexto do federalismo internacional. 
 O Federalismo Brasileiro pode ser classificado como de Desagregação, 
por ser produto de um Estado primeiramente unitário, com posterior 
descentralização e concessão de autonomia ao Estados. Também é enquadrado 
como um federalismo cooperativo, no qual as unidades políticas trabalham em 
conjunto e não em esferas essencialmente particulares. Também é considerado 
um Federalismo assimétrico, dada a grande diversidade cultural e miscigenação 
do povo brasileiro. Por fim, o sistema federal brasileiro é caracterizado por sua 
grande centralização em torno do poder federal, que controla boa parte das 
 
atribuições dentro do território nacional. 
 
5 ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE O FEDERALISMO BRASILEIRO E 
NORTE-AMERICANO 
O Federalismo brasileiro, apesar de inspirado no norte-americano, guarda 
com este substanciais diferenças, começando com a origem. A República 
Federativa norte-americana foi constituída a partir da união de unidades políticas 
plenamente soberanas,que, com o objetivo de fortificar politicamente as antigas 
colônias inglesas, decidiram unir-se. No Brasil, o Estado federado foi 
estabelecido sob o alicerce do antigo Império, ou seja, um governo unitário que 
foi posteriormente descentralizado. 
Tal distinção histórica teve consequências importantes. A federação 
norte-americana surgiu de um consenso entre entidades políticas plenamente 
construídas, de modo que seus quadros tanto políticos quanto jurídicos foram 
desenvolvidos de forma autônoma, enquanto que no Brasil o inverso ocorreu, 
permaneceu a unidade do Direito não constitucional. 
Esta consequência explica por que o federalismo norte-americano 
desenvolveu-se sem afetar a estrutura jurídica de cada Estado, isto é, 
conservaram-se as mais importantes características de organização de cada um 
deles. O exemplo emblemático é o do estado da Louisiana, que era regida por 
um código aos moldes do civil law euroupeu (no caso, o Código Napoleônico), 
enquanto os demais mantiveram a estruturação jurídica do common law, que 
tem como fonte primeira os costumes, não a Lei. Daí a diversidade observada 
na adoção de certos posicionamentos, como a institucionalização da pena de 
morte, que ocorre apenas em parte dos Estados norte-americanos. 
 No Brasil, de forma oposta, as disposições do poder local 
continuaram sendo as mesmas em todo o País, houve homogeneidade na 
legislação de cada Estado, as mesmas do período colonial, por exemplo o 
Código Filipino, que foi mantido em vigência, bem como as atribuições imperiais. 
O federalismo brasileiro neste ponto pode ser considerado como apenas político-
constitucional, ou seja, não aconteceu de fato. 
Com isso, a experiência federalista brasileira foi extremamente 
prejudicada, ficando restrita basicamente ao plano da cidadania e do regime 
 
político, de modo que a organização praticamente permaneceu como sendo de 
um Estado unitário, com uma pequena autonomia constitucional concedida aos 
Estados. Como exemplo, a promulgação do Código Comercial de 1850, 
promulgado nacionalmente. 
Outra diferença, talvez a mais relevante, entre os sistemas brasileiro e 
norte-americano reside na relação entre os Estados-membros da federação e o 
poder central. Nos EUA, a relação é bem menor, visto que cada Estado atua de 
forma autônoma e participa das decisões a nível nacional de forma distinta, dada 
a herança do Federalismo Dual e o laissez-faire, que por muito tempo 
predominaram na mentalidade norte-americana e nas decisões. No Brasil, pode-
se falar em Federalismo de Cooperação, ou seja, os Estados possuem uma 
maior tendência a atuarem em conjunto, formando espécies de colegiados 
quando se trata de decisões a nível federal. A organização política do território 
brasileiros também em regiões contribui para a existência deste fenômeno. 
Embora o Federalismo Dual tenha entrado em declínio e o poder nos EUA tenha 
sofrido maior centralização, ainda é possível perceber maior independência dos 
estados em relação à esfera federal quando comparado ao Brasil. 
 
5 CONCLUSÃO 
Embora oFederalismo possua características gerais relativas a 
praticamente todos os Estados que adotam este tipo de organização, é 
importante ressaltar que cada um destes Estados apresenta peculiaridades, seja 
pelas especificidades culturais, sociológicas, históricas ou geográficas que 
apresentam. No caso específico, a história de colonização nos EUA e no Brasil 
influenciou no nascimento de seus respectivos federalismos, os ingleses na 
América do Norte com suas colônias de povoamento e Portugueses no Brasil 
com a forma de colônias de exploração, que foram determinantes na forma com 
que se desenvolveu o Federalismo nestas localidades. Os americanos foram 
pioneiros na instituição do Estado Federal como forma de organização, e por 
isso, foram modelo adotado em praticamente todo o mundo, inclusive no Brasil. 
Contudo, a prática desenvolvida no país durante o período colonial, como 
colônia de exploração, alvo de intensa fiscalização e tributação por parte da 
metrópole. Mesmo depois da independência, não se chegou a ter autonomia 
 
política e uma experiência mais liberal e inovadora não foi possível. O Brasil foi 
progredindo pouco a pouco, até que se instituiu a República Federativa, em 
1889, inspirada no modelo norte-americano. Mas como apresentado, 
desenvolveu-se de maneira diferenciada em relação ao americano, quase que 
de forma oposta. Começando de forma centralizada, com poucas competências 
restando aos Estados-membros. Os EUA seguiram a linha diametralmente 
oposta até a crise econômica de 1929, de onde partiram para uma forma mais 
centralizada, com um poder federal mais forte com base no conjunto de medidas 
instituídas pelo New Deal. É possível afirmar que o Federalismo brasileiro já 
guardou mais diferenças com relação ao norte-americano, mas no que diz 
respeito à atribuições, o Estado brasileiro se encarrega de mais funções que o 
norte-americano, no qual é concedida maior autonomia às partes. 
Tendo em vista o que foi explorado, Miguel Reale afirma : 
Isto posto, que é que, na realidade, recebemos plenamente dos 
Estados Unidos da América? Foi a forma de governo, 
o presidencialismo, invenção com que os norte-americanos inovaram 
criadoramente na teoria do “sistema de poder”, superando o 
parlamentarismo até então dominante nos domínios do Direito 
Constitucional[...] (REALE, 2005.) 
Federalism: Appearance and Comparison Between Brazil and United States of 
America 
 
 ABSTRACT 
The Federalism in Brazil and United States of America, comparative analysis. 
First established in its modern form by the 1787's Federal Constitution, supported 
by The Federalist. Objectifies to present part of the history and main technical 
features in both countries. The research is characterized as bibliographic, 
meaning literature review about the subject. The comparison is made in terms of 
interstate relations, central powers' interference, assignments division. The 
conclusion made is although Brazilian federalism is inspired by the American 
form, there are several divergent points between both of them, especially when it 
comes to centralization e assignments division. 
Key Words: Federalism ; Brazil; United States; Assignments; 
Centralization; Power. 
 
 REFERÊNCIAS 
 
 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. 
Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. 
Acesso em:14 fev 2013. 
 
 KELSEN, Hans. Teoria Geral do Estado e do Direito. Tradução Luís Carlos 
Borges. São Paulo: Martins Fontes, 1998. 637p. 
 
MONTESQUIEU, Charles de. O Espírito das Leis. Tradução Cristina Murachco. 
São Paulo: Martins Fontes, 1993. 896 p. 
 
REALE, Miguel. O Nosso Federalismo. [S.l.:s.n.]. 2005. Disponível em: 
<http://www.miguelreale.com.br/artigos/nosfed.htm>. Acesso em 14 fev 2013 
 
ROCHA, Carlos Vasconcelos.Federalismo: Dilemas de uma Definição 
Conceitual. Civitas, Porto Alegre, v. 11, n. 2, p. 323-338, maio-ago. 2011 
 
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Cerqueira. Rio De Janeiro: Forense Universitária. 1984. 77p. 
 
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em: <http://jus.com.br/revista/texto/17486>. Acesso em: 14 fev. 2013. 
 
WEFFORT, Francisco. Os Clássicos da Política: Volume 1. São Paulo: Ática, 
2000. 287 p. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm
http://jus.com.br/revista/edicoes/2010
http://jus.com.br/revista/edicoes/2010/9/25
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http://jus.com.br/revista/texto/17486/a-origem-do-federalismo-brasileiro

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