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Apostila Neuropsicologia

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Prévia do material em texto

Disciplina: Neuropsicologia 
Autores: Esp. Adiele Marques 
Revisão de Conteúdos: M.e Maria Tereza Costa e Carolinne Prado 
Engelhardt 
Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso 
Ano: 2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Neuropsicologia 
 
 
 
 
 
 
 
2016 
 
 
 
 
 
3 
 
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO 
 
Caro(a) aluno(a), 
Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! 
 
Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio 
Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 
299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e 
Extensão Universitária. 
A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e 
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do 
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas 
também brasileiros conscientes de sua cidadania. 
Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar 
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as 
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão 
de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e 
grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e 
estudantes. 
 
 
Bons estudos e conte sempre conosco! 
Faculdade São Braz 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
Apresentação da Disciplina 
 
A Neuropsicologia tem como objetivo contribuir com alguns 
conhecimentos importantes de quando se refere-se ao funcionamento do 
cérebro, que é uma máquina repleta de ligações e intervenções possíveis de se 
fazer desde o momento da concepção até o último instante de vida. 
Portanto, dentro dessa perspectiva, será feito um detalhamento para se 
conhecer o histórico, conceitos e cada função cerebral do ser humano, mais 
especificamente com um olhar para o aprendiz onde, como profissionais da área 
clínica e educacional, precisa-se trabalhar como mediadores da aprendizagem, 
seja ela sistemática ou assistemática. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
AULA 1- CONCEITOS INICIAIS DE NEUROPSICOLOGIA E AS ESTRUTURAS 
ENVOLVIDAS 
 
Apresentação da Aula 01 
 
Na aula será exposto sobre o conceito de Neuropsicologia, passando 
por seu histórico, conceitos e descobertas. Também será descrito a divisão 
neuroanatômica do Sistema Nervos Central e Periférico, detalhando as funções 
de cada estrutura observada. 
 
1.1 Conceito 
 
A Neuropsicologia, para que se possa compreender de maneira clara, é 
uma categoria ou uma ramificação das neurociências que estuda a relação entre 
o comportamento e o cérebro, ou seja, trata da interface entre a Psicologia e a 
Neurologia. 
A neurociência compreende as ciências que estudam o sistema nervoso, 
a qual pode ser considerada a ciência que verifica a expressão do 
comportamento por meio das funções cerebrais. A mesma atua no diagnóstico, 
no acompanhamento, na pesquisa e no tratamento dos aspectos da 
personalidade, emoções, cognição e do comportamento, relacionando-os ao 
funcionamento cerebral. 
 
 
Fonte: Elaborado pelo Autor (2016) 
 
A Neuropsicologia então trabalha e trata de uma disciplina autônoma, 
originando-se da neurologia por um lado e da psicologia psicométrica por outro. 
Ela é uma área multidisciplinar, exercida por vários profissionais da área da 
 
Neuropsicologia 
Cérebro 
+ 
Comportamento 
6 
 
saúde, como médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais; e 
da educação, como os pedagogos. 
É importante pontuar que o reconhecimento formal da Neuropsicologia no 
Brasil só veio em 2004, com a resolução do Conselho Federal de Psicologia 
(CFP), que passou a regulamentar esta especialidade aos psicólogos 
(Resolução 02/2004). Dessa maneira é relevante colocar que a grande maioria 
dos especialistas da Neuropsicologia estuda como diferentes lesões cerebrais 
afetam as diversas áreas da cognição humana. 
 
Importante 
 
Para Andrade (2004, s/p) Neuropsicologia é uma: “ciência 
voltada para a expressão do comportamento, por meio das 
disfunções cerebrais e ampara-se na avaliação de 
determinadas manifestações do comportamento do 
funcionamento cerebral”. 
Luria (1981, s/p) diz que a Neuropsicologia envolve o estudo 
das relações existentes entre o cérebro e as manifestações do 
comportamento. 
 
 
Agora, se formos olhar a Neuropsicologia nos dias atuais, podemos 
perceber que inicialmente, seus estudos estavam voltados mais para as 
consequências comportamentais e cognitivas ocasionadas por lesões cerebrais 
mais específicas (PORTELANO, 2005). No entanto, hoje em seus estudos a 
neuropsicologia busca investigar as funções cerebrais superiores inferidas a 
partir do comportamento cognitivo, motor, sensorial, emocional e social dos 
indivíduos (COSTA et al., 2004). 
Para o autor entende-se que é a partir do conhecimento do 
desenvolvimento normal do cérebro que se pode compreender suas alterações, 
como: disfunções cognitivas e comportamentais resultantes de lesões, doenças 
ou desenvolvimento anormal do cérebro. 
 É a partir desse contexto geral da Neuropsicologia que pode ser possível 
compreender como se dá, de certa forma, o funcionamento e o desenvolvimento 
cerebral e alguns comportamentos do ser humano. 
7 
 
 
 
1.2 Evolução Histórica 
 
No início dos estudos há evidências que sugerem que os ancestrais pré-
históricos compreendiam a importância do encéfalo para a vida; e cerca de 7000 
anos atrás, as pessoas já faziam orifícios no crânio dos outros, ou seja, era 
aberto cirurgicamente enquanto a pessoa estava viva. Este procedimento era 
denominado de trepanação. 
 
 
Fonte: Elaborado pelo Autor (2016) 
 
Os achados desses crânios mostram sinais de cura após a operação. Por 
essa razão, acredita-se que era um meio de tratar a dor de cabeça ou os 
transtornos mentais, entendendo que o cérebro era tomado por “maus espíritos”; 
mas com a cirurgia, era possível afastá-los, através dos orifícios abertos, 
oferecendo uma porta de saída. 
Por volta de 5000 anos atrás, escritos médicos recuperados do Egito 
antigo mostram que muitos já tinham conhecimento de muitos dos sintomas do 
dano cerebral. No entanto, era o coração a sede do espírito e das memórias, e 
não o encéfalo. Essa visão permaneceu até a época de Hipócrates. 
 
Fonte: Elaborado pelo Autor (2016) 
 
Aristóteles (384-322 a.C.) acreditava que o coração era o centro do 
intelecto, e cabia ao cérebro o papel de refrigerar o sangue, ou seja, o 
 
7000 anos 
atrás 
Trepanação 
(com objetivo 
de cura) 
5000 
anos 
atrás 
Coração: sede do 
espírito e das 
memórias 
8 
 
temperamento racional dos humanos era entendido pela grande capacidade de 
resfriamento do encéfalo. 
 
Fonte: Elaborado pelo Autor (2016) 
 
Durante o Império Romano, a figura que mais se destacou foi o médico 
grego Galeno (130-200 d.C.) ao colocar que o encéfalo pode ter sofrido 
influência, em suas dissecações em animais. Ao cutucar com o dedo um 
encéfalo recentemente dissecado, observou que o cerebelo é mais firme e o 
cérebro mais macio, levando-o a crer que o cérebro deveria ser o destinatário 
das sensações e o cerebelo a comandar os músculos. Assim, percebeu que para 
formar memórias, as sensações devem ser impressas no cérebro. 
 
 
 
Fonte: Elaborado pelo Autor (2016) 
 
 
Aristóteles 
Coração: 
centro do 
intelecto 
Cérebro: 
refrigerar 
o sangue 
Galeno (139-
200 d.C. 
Cérebro: 
destinatário das 
sensações 
Cerebelo: 
comandar os 
músculos 
9 
 
Com toda essa evolução histórica que acompanhamos até aqui, pode-se 
dizer que hoje esse raciocínio talvez seja considerado improvável, porém a 
dedução de Galeno não estava longe da verdade, visão essa que prevaleceu por 
aproximadamente 1500 anos. 
 Da Renascença ao SéculoXIX, culminando com a invenção de 
dispositivos mecânicos controlados pela hidráulica, reforçaram a visão do 
encéfalo como uma máquina desempenhando várias funções. 
 O grande defensor dessa teoria foi Descartes (1596-1650), propondo que 
mecanismos cerebrais controlavam o comportamento humano somente na 
medida em que esse se assemelhasse ao dos animais. As capacidades mentais 
exclusivamente humanas existiriam fora do cérebro, naquilo que ele denominou 
de mente. Contudo, nos dias atuais essa sustentação tem uma outra 
característica, visto que a mente tem uma base física, que é o cérebro. 
 
 
Fonte: Elaborado pelo Autor (2016) 
 
Nos séculos XVII e XVIII estudiosos observaram que o tecido cerebral era 
dividido em duas partes: a substância branca e a substância cinzenta. A primeira 
tinha continuidade com os nervos do corpo e foi corretamente indicada, contendo 
as fibras que levam e trazem a informação para a substância cinzenta. 
 
 
Descartes 
(1596 – 1650) 
Mente: fora do cérebro 
(exclusivamente 
humana) 
10 
 
Fonte: http://apps.einstein.br/alcooledrogas/novosite/atualizacoes/as_113.htm 
 
Ao final do século XVIII o sistema nervoso já havia sido completamente 
dissecado e sua anatomia grosseira descrita em detalhes. 
 Durante o século XIX, Franz Gall e Paul Broca associavam regiões do 
cérebro como responsáveis por determinadas funções mentais, ou seja, 
diferentes funções podiam estar localizadas em diferentes partes do cérebro. 
 
 
Fonte: Elaborado pelo Autor (2016) 
 
 Com o advento do microscópio no início do século XIX, a célula nervosa 
individual, hoje denominada de neurônio, foi reconhecida como sendo a unidade 
funcional básica do sistema nervoso. 
 Como exemplo, pode ser pontuado que Phineas P. Gage foi um caso 
histórico das relações entre lesão cerebral e alteração das funções cognitivas. 
Ele é considerado um dos marcos da Neuropsicologia, aos 25 anos era 
funcionário de construção de ferrovias. Em um acidente com explosivos, foi 
lançada uma barra de ferro que atravessou seu crânio na região frontal. Diante 
dessa situação, todos acreditavam que ele morreria, porém teve uma lesão e 
ficou cego do olho esquerdo, mas vivo. No entanto, seu comportamento, que 
antes era regrado, dedicado, mudou, o que atribuiu uma visão diferenciada e 
com as seguintes características: displicente, briguento e arruaceiro. 
A mudança de seu comportamento é atribuída à extensa lesão no lobo 
frontal, responsável pelo controle dos impulsos, levando a um comportamento 
egoísta e antissocial. A figura abaixo mostra exatamente como a barra de ferro 
atingiu Gage. 
 
Franz Gall 
e 
Paul Broca 
Diferentes funções 
localizadas em 
diferentes partes do 
cérebro 
11 
 
 
Fonte: https://psicologiaymente.net/neurociencias/caso-phineas-gage-barra-metal-
cabeza#! 
 
1.2.1 Unidades funcionais 
 
Nas últimas décadas surgiram novos paradigmas de autores como 
Vygotsky, Luria, Leontiev, Wilson, Eccles, Pribram e outros. 
 Alexander Luria, considerado um dos pais da Neuropsicologia e 
neurofisiologista da Universidade de Moscou, identificou três unidades 
funcionais da atividade cognitiva. Para ele, o funcionamento cerebral depende 
da integração das unidades funcionais. 
 
 A primeira unidade serve para regular o sono e a vigília (funções 
básicas). É considerada como o “cérebro desperto, pronto para pensar, 
para trabalhar”. 
 A segunda unidade, para obter, processar e armazenar informações, 
englobando funções como memória, pensamento e linguagem (processos 
cognitivos). É o “cérebro informado, local onde chegam as informações 
do meio”. 
 A terceira unidade é para planejar, executar e verificar a atividade 
mental. É o “cérebro humanizado, as funções que nos diferenciam dos 
outros animais”. 
 
Fonte: Elaborado pelo Autor (2016) 
 
1ª 
Unidade: 
cérebro 
desperto 
2ª 
Unidade: 
cérebro 
informado 
3ª Unidade: 
cérebro 
humanizado 
12 
 
 
 
As três unidades operam em consenso, estando interligadas. 
 
 
 
 
Nos anos 90, ocorreu nos EUA a “década do cérebro”, de visão clínica, no 
intuito de se buscar intervenções eficazes contra a demência. 
 Para entender essa década e máquina – cérebro – inicia-se com o estudo 
do sistema nervoso que nos traz uma vasta noção desse universo. 
 
1.3 O Sistema Nervoso 
 
Para João Cordeiro (1996) o sistema nervoso é o mais complexo e distinto 
do organismo, sendo o primeiro a se diferenciar embriologicamente e o último a 
completar o seu desenvolvimento. Suas funções básicas são: 
 
1) Função sensorial: responsável pelas sensações; 
2) Função motora: contrações musculares voluntárias ou involuntárias; 
3) Função adaptativa: adaptação ao meio ambiente (sobrevivência); 
4) Função integradora: coordenação das funções dos vários órgãos. 
 
Sob o ponto de vista estrutural, o sistema nervoso pode ser dividido em 
uma porção central e uma porção periférica. 
 
1.3.1 Sistema Nervoso Central 
 
O Sistema Nervoso Central (SNC) é constituído pela medula espinhal e 
pelo encéfalo. 
 
13 
 
 
Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=28632 
 
1) Medula espinhal: encontra-se dentro do canal vertebral, protegida pelas 
vértebras. Serve de ponte de informação entre o meio interno e meio externo. 
 
 Via sensitiva → aferente (entra); 
 Via motora → eferente (sai). 
 
2) Encéfalo é constituído pelo tronco encefálico, pelo cerebelo e pelo cérebro. 
 
2.1) Com o tronco encefálico fazem conexão os últimos dez pares de nervos 
cranianos. Esses nervos, somam-se 12 no total, que são encarregados de 
levar ao SNC as informações sensitivas da região da cabeça e do pescoço, e 
de trazer os impulsos nervosos aos órgãos efetuadores desta região. 
 
O quadro 1 mostra os 12 pares de nervos cranianos e suas principais 
funções. 
 
PAR CRANIANO NOME FUNÇÃO 
I Nervo Olfatório Olfação; 
II Nervo Óptico Visão; 
III Nervo Óculomotor Movimento dos olhos; 
Acomodação visual; 
Midríase pupilar; 
IV Nervo Troclear Movimento dos olhos 
14 
 
V Nervo Trigêmeo Sensibilidade geral da 
cabeça; 
VI Nervo Abducente Movimento lateral dos 
olhos; 
VII Nervo Facial Movimentos da 
musculatura mímica; 
gustação; salivação; 
VIII Nervo Vestíbulo-Coclear Equilíbrio; Audição; 
IX Nervo Glossorafíngeo Gustação; Sensibilidade 
da faringe; Salivação; 
X Nervo Vago Sensibilidade Visceral; 
Motricidade Visceral; 
Deglutição; Fonação; 
XI Nervo Acessório Movimentos no pescoço 
e ombros; 
XII Nervo Hipoglosso Movimentos da língua. 
Quadro 1- adaptado de FUENTES (2008). 
 
2.1.1) Bulbo: 
 Batimento cardíaco; 
 Respiração. 
 
2.1.2) Ponte: cruzamento das fibras nervosas do hemisfério cerebral direito 
para esquerdo e vice-versa. 
 
2.1.3) Mesencéfalo: formação reticular → controla o estado de vigília. 
 
2.2) Cerebelo: 
 Equilíbrio: estático; 
 Equilíbrio: dinâmico; 
 Tônus muscular; 
 Coordenação: - fina; 
 Coordenação: - grossa/ampla; 
 Coordenação visomotora. 
15 
 
 
2.3) Cérebro: 
 
2.3.1) Diencéfalo: 
 Tálamo: Correio do cérebro, entregar informações. 
 Hipotálamo: Controla fome, sede, temperatura corporal, impulso 
sexual e pressão arterial. 
 Epitálamo: Auxiliares do hipotálamo. 
 Subtálamo: Auxiliares do hipotálamo. 
 
2.3.1) Telencéfalo: Lobos cerebrais. 
 Lobo frontal; 
 Lobo occipital; 
 Lobo temporal; 
 Lobo parietal; 
 Lobo da ínsula. 
 
 
 
Fonte: http://rede.novaescolaclube.org.br/planos-de-aula/sistema-nervoso-central-e-o-
estado-de-coma 
 
 
 
 
16 
 
1.3.2 Sistema Nervoso Periférico 
 
Nessa divisão encontram-se os nervos e os gânglios. De acordo com 
Andrade (2004) os nervos são cordões compostos por fibras nervosas, 
envoltórios que podem ser nervos espinhais se fazem conexão com a medula 
espinhal; ou nervos cranianos se fazem conexão com o encéfalo. 
Os gânglios nervosos são estruturas periféricas onde se localizam 
aglomeradosde células nervosas, que podem ter função sensorial ou motora. 
 
 
Fonte: Elaborado pelo Autor (2016) 
 
Sistema Nervoso Periférico (SNP) são todas as inervações dos músculos 
dos membros inferiores, superiores e tronco. Divide-se em: 
 
1. Autônomo: regula a atividade visceral; é puramente motor (involuntário); 
ajustes fisiológicos que garantam a sobrevivência. 
1.1 - Nervos aferentes; 
1.2 - Nervos eferentes: 
1.2.2 - Parassimpático: produzem respostas viscerais localizadas. 
Importantes para a homeostase. 
1.2.3 - Simpático: utilizados em estímulos de fuga e luta, as respostas são 
massivas e em cadeia. 
2. Somático: impulsos nervosos motores, atitudes motoras voluntárias; contato 
do indivíduo com o meio ambiente. 
2.1 - Nervos aferentes; 
Nervos 
espinhais conexão 
Medula 
espinhal 
Nervos 
cranianos 
conexão 
Encéfalo 
17 
 
2.2 - Nervos eferentes. 
 
 Centro Nervoso → Divisão: 
 
ANATÔMICA FILOGENÉTICA FUNCIONAL 
SNC 
SNP 
- Cortical: funções mentais 
superiores; aprendidas culturalmente; 
- Límbico: comportamentos 
emocionais/afetivos; 
- Reptiliano: funções 
neurovegetativas (sobrevivência do 
indivíduo/espécie). 
- Função sensorial; 
- Função motora; 
- Função adaptativa; 
- Função integradora. 
Fonte: Elaborado pelo Autor (2016) 
 
1.4 Tipos Celulares 
 
O tecido nervoso é constituído de células nervosas, que são denominadas 
de neurônios e células de sustentação, que são as células de neuróglia. 
 
Fonte: Elaborado pelo Autor (2016) 
 
1.4.1 Neurônio 
 
Sua definição pode ser realizada da seguinte forma: é a unidade estrutural 
ou anatômica do sistema nervoso. Composto por quatro regiões distintas: 
 
1. Corpo celular: Composto pelo núcleo, citoplasma e organelas. 
2. Dendritos: Prolongamentos múltiplos, geralmente ramificados e em 
conjunto com o corpo celular, recebe as informações oriundas de outras 
células nervosas. 
Tecido 
nervoso 
Neurônios 
+ 
Neuróglia 
 
18 
 
3. Axônio: Prolongamento único, que se encarrega de conduzir os impulsos 
nervosos e repassá-los a outras células. 
4. Terminal pré-sináptico (telodendro): Ramificação terminal do axônio, 
comunicando com outros neurônios ou outros tipos efetores (células 
musculares e glandulares). 
 
 
 
Fonte: www.infoescola.com 
 
Além da membrana plasmática, o axônio das células nervosas possui 
revestimento descontínuo (intervalos chamados de nódulos de Ranvier) formado 
por dobras de fibras isolantes, denominadas de bainha de mielina, cuja função é 
aumentar a velocidade de propagação do impulso. 
A função do neurônio é aprender. Ele recebe a informação, integra-a e a 
conduz. 
A grande maioria dos axônios do sistema nervoso é revestida de uma 
bainha de mielina, que começa a ser produzida no 4º mês de gestação e não 
para enquanto o ser humano viver. 
Sua maior produção se dá até os três anos de idade da criança, processo 
esse denominado de mielinização. Daí ter surgido o termo estimulação precoce 
no processo de ensino-aprendizagem. 
A mielinização é produzida principalmente através de 2 fatores principais: 
alimentação (leite materno rico) e estimulação ambiental. A bainha de mielina é 
formada de lipídeos e proteína. 
 
 
 
 
19 
 
1.4.2 Sinapses 
 
É a atividade elétrica de um neurônio que pode se espalhar diretamente 
a neurônios que possuam contato elétrico entre si. 
O que permite a transmissão de atividade elétrica de um neurônio para 
outro é a transmissão sináptica, ou seja, o processo de transformação de um 
sinal elétrico em um sinal químico, e deste sinal químico novamente em sinal 
elétrico. 
Essas ligações entre os neurônios denominam-se sinapses, sendo, 
portanto, o local onde a atividade de um neurônio é capaz de influenciar a 
atividade do outro neurônio. 
 
Fonte: Elaborado pelo Autor (2016) 
 
Os estímulos que passam de um neurônio para outro por meio de 
mediadores químicos, são denominados de neurotransmissores (substâncias de 
natureza química variada). 
As sinapses ocorrem através do contato das terminações nervosas, dos 
telodendros de um neurônio, para com os dendritos de outro neurônio. 
Na grande maioria das sinapses nervosas as membranas das células que 
fazem sinapses estão bastante próximas, porém não se tocam. O pequeno 
espaço entre as membranas celulares é denominado de espaço sináptico ou 
fenda sináptica. 
 
Fonte: Elaborado pelo Autor (2016) 
 
Sinapses 
Ligações 
entre os 
neurônios 
Fenda 
sináptica 
Pequeno 
espaço entre as 
membranas 
celulares 
20 
 
Os cientistas já identificaram várias substâncias que atuam como 
neurotransmissores. Os mais importantes são: 
→ Adrenalina e Acetilcolina. 
→ O Glutamato: é um aminoácido excitatório que atua na metade das sinapses 
do SNC. 
→ O Gaba: é o principal inibitório do SNC. 
 
Abaixo segue um resumo dos neurotransmissores mais importantes, bem 
como o seu modo de atuação: 
 
NEUROTRANSMISSOR FUNÇÕES OBSERVAÇÕES 
Acetilcolina Neurotransmissor 
excitatório motor em 
vertebrados e algumas 
zonas cerebrais. 
Degradada pela acetil-
colinesterase, pelo que 
inibidores desta enzima 
são venenos poderosos 
(gás dos nervos, por 
exemplo) que matam por 
espasmos musculares 
violentos. 
Dopamina (derivado de 
aminoácido) 
Neurotransmissor 
excitatório do SNC. 
Relacionada com a 
esquizofrenia; doença de 
Parkinson é causada 
pela perda de neurônios 
sensíveis à dopamina. 
Norepinefrina (derivado 
de aminoácido) 
Neurotransmissor 
excitatório em certas 
zonas do cérebro, relaxa 
músculos viscerais e 
acelera o ritmo cardíaco. 
Semelhante à epinefrina, 
atua de modo 
semelhante e em 
receptores semelhantes. 
Histamina (derivado de 
aminoácido) 
Neurotransmissor menor 
do SNC. 
Parece importante na 
manutenção do estado 
de vigília. 
21 
 
Serotonina (derivado de 
aminoácido) 
Neurotransmissor 
excitatório do SNC 
envolvido em muitos 
sistemas, 
nomeadamente: controle 
da dor, controle dos 
estados alerta/sono e 
disposição. 
Medicamentos que 
reduzem a ansiedade e 
melhoram a disposição 
geral atuam aumentando 
os níveis internos de 
serotonina ou retardando 
a sua ativação na 
sinapse. 
Adenosina (purina) Transportada através 
das membranas, mas 
não libertada 
sinapticamente. 
Efeitos inibitórios 
generalizados na 
membrana pós-sináptica. 
ATP (purina) Molécula excitatória, 
libertada 
simultaneamente com 
muitos 
neurotransmissores. 
Aparentemente 
associados à ligação de 
neurotransmissores à 
membrana pós-sináptica. 
Glutamato (aminoácido) Neurotransmissor 
excitatório mais comum 
no SNC. 
Alergias ao aditivo 
alimentar glutamato 
monossódico resultam 
dos seus efeitos a nível 
nervoso. 
Glicina (aminoácido) Neurotransmissor 
inibitório comum. 
Drogas designadas 
benzodiazepínicas, 
usadas como sedativos e 
redutores de ansiedade, 
imitam o efeito da glicina. 
Endorfinas (peptídeo) Usadas por certos 
neurônios sensoriais, 
especialmente em 
nervos associados à dor. 
Os seus receptores pós-
sinápticos são ativados 
por drogas narcóticas, 
como ópio, morfina, 
heroína ou codeína. 
Fonte: Elaborado pelo Autor (2016) 
22 
 
Entretanto, estudos recentes mostram que os neurônios utilizam várias 
moléculas comuns no corpo, mesmo quando não existem receptores específicos 
para elas nas membranas sinápticas. Exemplo é o caso dos gases de monóxido 
de carbono e óxido nítrico. 
 
1.4.3 Células da Glia 
 
O tecido nervoso apresenta outras células auxiliares que oferecem 
suporte ao funcionamento do sistema nervoso. Elas são denominadas células 
da glia ou gliais, as quais exercem importância vital aos neurônios, sendo a 
nutrição seu objetivo maior. 
Dessa forma, elas cercam os neurônios mantendo-os em seu lugar; e 
fornecem oxigênio e nutrientes aos mesmos, isolam um neurônio do outro, 
destroem patógenos e removem os neurônios mortos. Mantêm a homeostase 
(equilíbrio), formam mielina e participamna transmissão de sinais no sistema 
nervoso. 
 
1.4.4 Nervos 
 
Estrutura construída de axônios e dendritos. Fazem parte do sistema 
nervoso periférico. 
Podem se originar tanto da medula espinhal quanto do encéfalo. 
Cada nervo é envolvido por um tubo de tecido conjuntivo (epineuro) e 
esse possui diversos fascículos nervosos que estão envolvidos por outra 
camada de tecido conjuntivo (perineuro) que está revestida por uma terceira 
camada de tecido conjuntivo (endoneuro). 
 
1.5 Centro Nervoso 
 
 A cada três neurônios ligados tem-se um centro nervoso. Ele é constituído 
de: 
 
 Neurônio aferente (recebe o movimento); 
 Neurônio associativo (integração); 
23 
 
 Neurônio eferente (efetua o movimento – dá a resposta). 
 
 Ao juntarem-se os centros, forma-se o Sistema Nervoso. 
 
1.5.1 Formação e Transmissão do Impulso Nervoso 
 
As fibras nervosas possuem a propriedade de propagar rapidamente os 
impulsos, em todo o seu comprimento, e de transmiti-los à célula que lhe segue, 
fenômeno esse conhecido por sinapse. 
O impulso é captado pelos dendritos, passando ao corpo celular e desse 
para o axônio, que a envia para a célula seguinte. No momento em que o 
neurônio encontra-se no estado de repouso, encontra-se polarizado, ou seja, o 
interior está carregado mais negativamente que o exterior. Ao atingir a 
membrana celular, o estímulo altera a permeabilidade aos íons Na+ (sódio) e K+ 
(potássio) no ponto excitado, permitindo assim a entrada de íons Na+ e a saída 
de K+. 
Este deslocamento se dá através de bomba de íons, deslocando-se 
contra o seu gradiente de concentração com gasto de energia, retirando sódio 
da célula e introduzindo potássio. 
A saída contínua de íons positivos deixa para trás um excesso de íons 
negativos. Se forem os canais de sódio a abrir, ocorrerá uma entrada maciça 
desses íons e alteração da posição das cargas, que se invertem em relação ao 
estado de repouso, denominado despolarização. 
Após a despolarização é necessário que o neurônio volte ao seu estado 
de repouso, ou seja, deve ocorrer uma repolarização da membrana. Os canais 
de sódio rapidamente voltam a fechar, permitindo que a bomba sódio-potássio 
reponha as concentrações e a diferença de potencial de repouso. 
A principal função desse mecanismo de despolarização e repolarização é 
de manter o potencial elétrico da célula. 
24 
 
 
Fonte: Elaborado pelo Autor (2016) 
 
1.6 Arcos Reflexos 
 
São uma resposta do Sistema Nervoso a um estímulo, qualitativamente 
invariável, involuntária, de fundamental importância para a postura e locomoção 
e para examinar clinicamente o Sistema Nervoso. 
Os neurônios motores periféricos situados na medula espinhal reagem a 
diversos estímulos, e para que essa reação ocorra é necessária a formação de 
um arco reflexo. 
 
1.6.1 Constituição do Arco Reflexo 
 
 Receptor: potencial de reação ao estímulo; captam alguma energia 
ambiental e a transformam em potencial de ação. Exemplo: calor, frio. 
 Condutor aferente: transmite os impulsos para um centro nervoso. 
 Centro reflexo: local onde os estímulos recebidos dos receptores ou 
outros centros podem modificar o efeito do estímulo recebido. 
 Condutor eferente: conduz a resposta para o órgão efetor. 
 Órgão efetor: é responsável por produzir a reação ou reações. 
 
1.7 Meninges e Líquido Cefalorraquidiano 
 
As meninges são membranas de tecido conjuntivo que envolvem o 
sistema nervoso (medula e encéfalo). Consistem em um sistema de membranas 
com a função de revestimento e proteção. 
São representadas por: 
 
Bomba 
sódio-
potássio 
Função 
Manter o 
potencial 
elétrico da 
célula 
25 
 
Dura-máter: 
 Mais espessa, externa e resistente das três meninges existentes. 
 É ricamente vascularizada e inervada por terminações sensoriais; é a 
principal responsável por dores de cabeça. 
Aracnóide: 
 Meninge intermediária. 
 Fina membrana próxima à dura-máter. 
 Nela encontramos o espaço subaracnóideo, que é a região que abriga o 
líquor (via direta de comunicação entre a medula e o encéfalo). 
Pia-máter: 
 Meninge que está intimamente aderida ao encéfalo e aos feixes de fibras 
medulares. 
 Tem a função de dar resistência aos órgãos nervosos, que são de 
consistência mole e delicada. 
 
 
Fonte: www.brasilescola.com 
 
 
1.8 Córtex Cerebral 
 
Vem do latim para “casca”. Corresponde à camada mais externa do 
cérebro, sendo rico em neurônios, é o local do processamento neuronal mais 
sofisticado e distinto. 
É uma espécie de “capa” em volta do cérebro. Desempenha um papel 
central em funções complexas do cérebro como atenção, memória, percepção, 
consciência, linguagem e pensamento. Daí ser visto como a sede do 
entendimento, da razão, local de representações simbólicas. 
26 
 
Possui cerca de 20 bilhões de neurônios e é formado por massa cinzenta. 
O lado esquerdo e direito do córtex cerebral são ligados por um feixe grosso de 
fibras nervosas denominado de corpo caloso. Os dois hemisférios cerebrais 
(lados esquerdo e direito) formam o telencéfalo. 
O córtex cerebral divide-se em áreas chamadas de lobos cerebrais, sendo 
cada um com funções especializadas e distintas. 
 
Fonte: http://vivomaissaudavel.com.br/saude/especialidades/tenha-mais-saude-mental-
conhecendo-seu-cerebro-e-sua-mente/ 
 
 
1.8.1 Lobo Frontal 
 
Responsável pelas funções executivas, ou seja, todos os 
comportamentos voltados para a realização de uma tarefa ou objetivo. 
Essas funções vão desde a capacidade do indivíduo planejar e 
desenvolver estratégias para resolução de problemas até a realização de metas 
na vida. 
Para tal, exige-se a flexibilidade de comportamento, integração de 
detalhes num todo coerente e o manejo de múltiplas fontes de informação, todos 
coordenados com o uso de conhecimento adquirido. 
Do ponto de vista anatômico, localiza-se acima do sulco lateral e adiante 
do sulco central. Fica na parte da frente do cérebro (testa), em que se dá o 
planejamento de ações e movimento, bem como o pensamento abstrato. 
Divide-se em córtex motor e córtex pré-frontal. 
27 
 
A aprendizagem motora e os movimentos de precisão são executados 
pelo córtex pré-motor. Lesões nessa área alteram a velocidade de movimentos 
automáticos, como a fala e os gestos. 
O córtex motor coordena e controla a motricidade voluntária. O córtex 
motor do hemisfério direito controla o lado esquerdo do corpo do indivíduo e vice-
versa. Lesões nessa região podem causar paralisia ou fraqueza muscular. 
O córtex pré-frontal localiza-se na parte da frente do lobo frontal. Está 
ligado ao pensamento abstrato e criativo, a fluência da linguagem e do 
pensamento, respostas afetivas e capacidade para ligações emocionais, 
julgamento moral e social, determinação e vontade para a ação e atenção 
seletiva. Lesões nessa área podem ser dramáticas e complexas, podendo 
apresentar falta de iniciativa e de motivação, certa inércia comportamental, 
déficits na capacidade de juízo e insight, pensamento concreto e déficits na 
capacidade de planejamento estratégico, envolvendo impulsividade, desinibição 
comportamental e sexual e, perda do autocontrole. 
Estudos recentes fazem correlação entre anormalidades do lobo frontal e 
a ocorrência do transtorno de personalidade antissocial, denominada por alguns 
de “psicopatas”. É claro que esta não seria a única causa (é multifatorial), mas 
estudos forenses já consideram e estudam esta hipótese através de exames de 
neuroimagens. 
 
 
Fonte: Elaborado pelo Autor (2016) 
 
1.8.2 Lobo Occipital 
 
Localiza-se na parte inferior do cérebro, sendo responsável pelo 
processamento dos estímulos visuais. 
Dentro dele existem zonas especializadas em processar a visão da cor, 
da distância, do movimento, da profundidade, etc. 
Lobo 
frontal 
Funções 
executivas 
28 
 
Assim que os estímulos visuais passampela área visual primária, eles 
são comparados com informações anteriores, permitindo ao indivíduo identificar 
objetos, animais, pessoas, etc., essa comparação e identificação ocorrem na 
área da visão secundária. O significado do que vemos, porém, é dado por outras 
áreas do cérebro, as quais se comunicam com a área visual, considerando 
experiências passadas e expectativas. 
Lesões no lobo occipital provocam a impossibilidade em reconhecer 
objetos, palavras e até mesmo rostos de pessoas conhecidas ou familiares, 
denominada de agnosia. 
 
 
Fonte: Elaborado pelo Autor (2016) 
 
1.8.3 Lobo Temporal 
 
Localiza-se acima das orelhas e tem como principal função o 
processamento dos estímulos auditivos. 
Da mesma maneira que no lobo occipital, as informações são 
processadas por associação. Ao estimularmos a área auditiva primária, os sons 
são produzidos e enviados para a área auditiva secundária. O significado do que 
se ouve se dá através da interação com outras zonas do cérebro, atribuindo um 
significado e permitindo assim que o indivíduo reconheça o que está ouvindo. 
 
Fonte: Elaborado pelo Autor (2016) 
 
 
Lobo 
occipital 
Processamento 
dos estímulos 
visuais 
Lobo 
temporal 
Processamento 
dos estímulos 
auditivos 
29 
 
1.8.4 Lobo Parietal 
 
Localiza-se na parte superior do cérebro. Interpreta os estímulos 
sensoriais provenientes do corpo, sendo responsável pela combinação das 
impressões relacionadas à textura, forma e peso e as transformam em 
percepções gerais. Reconhece objetos pelo tato. 
Possibilita a percepção de sensações como o tato, calor e a dor. 
Também possui a função de auxiliar as pessoas a se orientar no espaço 
e a perceber a posição das partes do corpo. 
Constitui-se através de duas subdivisões: 
 
 Zona anterior: também denominada de córtex somatossensorial, tem por 
função possibilitar a recepção de sensações como o tato, a dor e a 
temperatura do corpo. Por ser a área responsável em receber os 
estímulos obtidos com o ambiente exterior, representa todas as áreas do 
corpo humano. Ocupa maior espaço, é a mais sensível, uma vez que tem 
mais dados a serem interpretados, captados pelos lábios, língua e 
garganta. 
 Zona posterior: trata-se de uma área secundária que analisa, interpreta e 
integra as informações recebidas pela zona anterior, permitindo ao 
indivíduo localizar-se no espaço, assim como o reconhecimento dos 
objetos através do tato, etc. 
 
 
Fonte: Elaborado pelo Autor (2016) 
 
1.8.5 Lobo da Ínsula 
 
É uma dobra interna do córtex, responsável pelo monitoramento em 
permanência o estado funcional do corpo, e, portanto, as emoções, gerando 
Lobo 
parietal 
Interpreta 
estímulos 
sensoriais 
30 
 
informações que são então levadas pelo lobo frontal para ajustar o 
comportamento ao nosso estado interno. 
Dentre suas principais funções estão fazer parte do sistema límbico 
(responsável pelas emoções) e as coordenar, além de ser responsável pelo 
paladar. 
Os estudos a respeito deste lobo cerebral ainda são recentes, 
funcionando como uma intérprete do cérebro ao traduzir sons, cheiros em 
emoções como desejo, nojo, orgulho, arrependimento, culpa ou empatia. 
Lesões na ínsula podem levar à apatia, perda de libido, alterações na 
memória de curto prazo e a incapacidade de alguém distinguir pelo cheiro um 
alimento fresco de outro estragado. 
 
Fonte: www.buscarosaber.blogspot.com 
 
 
 
Fonte: Elaborado pelo Autor (2016) 
 
Resumo da Aula 01 
 
Nessa aula trabalhou-se inicialmente sobre o conceito da Neuropsicologia 
e sua história. É fundamental você conhecer a história para entender como 
surgiu a construção e a evolução dos termos técnicos, sua época e como se 
formaram os conceitos e descobertas. 
Lobo da 
ínsula 
Responsável 
pelas emoções 
31 
 
A conceituação da época permite entender melhor a evolução desta 
ciência e os paradigmas que foi ultrapassando. Em seguida foi descrito, 
detalhadamente, toda a divisão neuroanatômica do Sistema Nervoso Central e 
Sistema Nervoso Periférico (SNC e SNP) e as funções de cada estrutura 
envolvida. Foi trabalhado sobre os tipos celulares (neurônios e neuróglias), 
principais funções, envolvendo sinapses, formação e transmissão do impulso 
nervoso, arcos reflexos, meninges e líquido cefalorraquidiano e por fim sobre o 
córtex cerebral e as funções de cada subdivisão (lobo frontal, parietal, occipital, 
temporal e ínsula). Estes conhecimentos serão a chave-mestra para o 
entendimento das aulas seguintes. 
 
Atividade de Aprendizagem 
Após a observação do conteúdo de aula, discorra sobre as 
divisões do cérebro (lobos) e a importância de cada um. 
 
 
 
AULA 2 - AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA 
 
Apresentação Aula 02 
 
Nessa aula, serão vistos alguns aspectos importantes que contemplam a 
avaliação neuropsicológica, os quais devem ser de seu conhecimento para que 
você, enquanto profissional, conheça como se dá esse instrumento e como deve 
ser feita a reabilitação neuropsicomotora. 
 
2.1 Conceito 
 
As avaliações neuropsicológicas são exames detalhados das funções 
cognitivas práxicas, buscando avaliar funções como atenção, planejamento, 
flexibilidade mental, aprendizagem, memória, linguagem e habilidades 
acadêmicas. 
32 
 
 Também é capaz de avaliar funções emocionais, como habilidades 
sociais e traços de personalidade que tenham base neurológica. 
 
 
Fonte: Elaborado pelo Autor (2016) 
 
2.2 Avaliação Neuropsicológica 
 
O processo de avaliação neuropsicológica utiliza-se de um conjunto de 
testes e procedimentos padronizados, possibilitando a visualização do grau de 
integridade ou comprometimento das funções avaliadas, avaliando funções 
cognitivas, habilidades sociais e traços de personalidade de base neurológica. 
A duração pode variar entre 4 a 6 encontros, numa média de duração de 
1 hora e 30 minutos cada um. 
De acordo com MATTOS (2000), a avaliação neuropsicológica consiste 
no diagnóstico preciso do déficit cognitivo-comportamental, na correlação 
funcional anátomo-clínica, na previsão da evolução do quadro clínico e em 
indicações de processos de reabilitação cognitiva. Para tal, utiliza-se de um 
conjunto de testes e procedimentos padronizados, com objetivo diagnóstico de 
pesquisa ou para auxílio no planejamento da reabilitação. 
 
 
 
Avaliação 
Neuropsicológica 
Funções 
cognitivas 
Funções 
emocionais 
33 
 
 
Importante 
 
A origem da avaliação neuropsicológica remonta ao início do 
século XIX, a partir da confluência da psicologia clínica e da 
psicofísica, orientada por uma corrente funcionalista. 
 
 
A proximidade das investigações nestes dois campos permitiu o 
desenvolvimento paralelo de métodos e técnicas destinadas ao estudo das 
manifestações comportamentais utilizadas pelas duas especialidades. 
Assim, deu-se o início dos instrumentos psicométricos, os precursores 
dos atuais testes psicológicos, originários de uma vertente psiquiátrica, pelos 
estudos de Cattel, Galton, Binet e Pearson. 
Na avaliação neuropsicológica investigam-se as funções que estão 
preservadas e as que estão comprometidas. 
Tem por objetivo coletar os dados clínicos, verificando a extensão das 
perdas e explorar os pontos preservados, estabelecendo os tipos de 
intervenções específicas, dando possibilidade de instrumentos e meios de 
reabilitação. 
 
 
Fonte: Elaborado pelo Autor (2016) 
 
 
Avaliação 
neuropsicológica 
Investigar 
funções 
preservadas 
Investigar 
funções 
comprometidas 
34 
 
 
2.3 Instrumentos Utilizados na Avaliação Neuropsicológica 
 
2.3.1. Testes psicológicos específicos 
 
Os testes consistem em testes psicométricos padronizados, de uso 
exclusivo de psicólogos. Os principais deles são: 
 
 D2 – Atenção Concentrada, entre os 9 e os 52 anos. 
 Figuras Complexas de Rey, entre os 4 e os 7 anos, de aplicação 
individual. 
 Teste Wisconsin de Classificação de Cartas,entre os 6 anos e meio e os 
18 anos, de aplicação individual. 
 WAIS III – Escala de Inteligência Wechsler para Adultos, entre os 16 e os 
89 anos, de aplicação individual. 
 WISC III – Escala de Inteligência Wechsler para Crianças, entre os 6 e 16 
anos, de aplicação individual. 
 WISC IV – Escala de Inteligência Wechsler para Crianças (versão mais 
atual e mais completa), entre os 6 e os 16 anos, de aplicação individual. 
 CMMS – Escala de Maturidade Mental Colúmbia, entre os 3 anos e 6 
meses e os 9 anos e 11 meses, de aplicação individual. 
 TIG-NV – Teste de Inteligência Geral Não-Verbal, entre os 10 e os 79 
anos, de aplicação individual ou coletiva. 
 
Lembrando que para o psicólogo utilizar esses instrumentos, os mesmos 
devem estar dentro dos critérios de aprovação e reconhecidos pelo Conselho 
Federal de Psicologia (CFP). 
 
 
Fonte: Elaborado pelo Autor (2016) 
Testes 
psicológicos 
Testes 
padronizados de 
uso exclusivo do 
psicólogo 
35 
 
 
2.3.1.1 Etapas dos Testes 
 
Algumas etapas devem ser seguidas por todos os testes a serem 
realizados, sendo as principais: 
 
Anamnese é uma entrevista realizada pelo profissional, não apenas da 
saúde, mas também pelos psicopedagogos, e busca relembrar todos os fatos 
que se relacionam com a queixa principal, relacionando com a história familiar, 
ocupacional, de relacionamentos e vida escolar. 
Esse instrumento pode ser realizado diretamente com o paciente e/ou 
com familiares (no caso de crianças e adolescentes, na suspeita de algumas 
patologias específicas, ficando a critério do profissional que a realiza ou, 
dependendo do caso, obedecendo a um protocolo específico de atendimento). 
 
 
Fonte: Elaborado pelo Autor (2016) 
 
Observação do comportamento: através de entrevistas estruturadas ou 
semiestruturadas, podendo ser individual ou coletiva, familiar, ambiente escolar 
e/ou de trabalho, etc. 
Em caso de crianças utiliza-se de recursos lúdicos, através de brinquedos, 
com objetivo terapêutico. 
 
 
 
 
 
Exames clínicos e neurológicos: realizados pelo(s) médico(s). 
 
Anamnese História de vida 
do paciente 
Observação do 
comportamento 
Entrevistas 
estruturadas ou 
semiestruturadas 
36 
 
 Exames de neuroimagem para ver o funcionamento do cérebro. 
 Tomografia computadorizada. 
 PET (Tomografia por Emissão de Pósitrons). 
 SPECT (Cintilografia Tomográfica da Microperfusão Cerebral). 
 Ressonância Magnética. 
 
 
Fonte: Elaborado pelo Autor (2016) 
 
 
2.4 Principais Funções Avaliadas no Processo de Avaliação 
Neuropsicológica 
 
Atenção: 
 
 Capacidade do indivíduo de focalizar a mente a algum aspecto do 
ambiente ou conteúdo da própria mente. Divide-se em: 
 
 Atenção focalizada (concentrada): refere-se à capacidade de direcionar o 
foco da atenção para um determinado estímulo ou grupo de estímulos. 
 Atenção sustentada: refere-se à capacidade de vigilância. 
 Atenção seletiva: ignorar estímulos irrelevantes, focando naquilo que 
realmente importa. 
 Atenção alternada: dentre vários estímulos, refere-se à habilidade de 
alternar voluntariamente o foco da atenção. 
 
Memória: 
Sistema que processa e armazena informações. 
 
Táctil-Cinestésica: 
Exame clínico 
e neurológico 
Realizado pelo 
médico 
37 
 
Reconhecimento através do tato sem a ajuda da visão. 
 
Funções Motoras: 
Construção dos movimentos voluntários. 
 
Funções Superiores: 
Capacidade em que o indivíduo age com um propósito (meta, plano), 
resolver problemas, ser criativo. 
 
Orientação: 
Consciência de si em relação ao ambiente. Pode ser dividida em: 
 
 Orientação temporal: “Que dia é hoje?” “Em que mês, ano, dia da semana 
estamos?” “Noções de dia/tarde noite”. 
 Orientação espacial: onde o indivíduo se encontra, localização no espaço. 
“Onde você mora?” “Onde você está agora (lugar)?” “Qual o caminho para 
chegar até sua casa?”. 
 Orientação sobre si mesmo e sobre as demais pessoas: “Qual o seu 
nome?” “Quem é essa pessoa que te acompanha?”. 
 
Verbais: 
 Aspectos da linguagem (programação, compreensão, expressão da fala). 
 
2.5 O Que Oferece A Avaliação Neuropsicológica 
 
 Identifica prejuízos e habilidades cognitivas preservadas. 
 Auxilia no diagnóstico diferencial de patologias neurológicas e 
psiquiátricas. 
 Elaboração de laudos para fins legais. 
 Orienta quanto à eficácia do tratamento farmacológico. 
 Elaboração de programa de reabilitação e estimulação cognitiva. 
 
 
38 
 
2.6 Objetivos da Avaliação Neuropsicológica 
 
Auxílio diagnóstico: no intuito de oferecer subsídios para a identificação e 
delimitação do quadro. A avaliação visa responder uma pergunta que tem a ver 
com a origem, a natureza ou a dinâmica da condição em estudo. O local da 
avaliação pode ser variado, incluindo consultórios, clínicas, hospitais, etc. 
“Qual é a dificuldade/problema e como é a sua apresentação?” 
Prognóstico: após o diagnóstico, deseja-se estabelecer o curso da 
evolução e o impacto que tal desordem terá a longo prazo. Esta previsão tem a 
ver com a condição de base da patologia ou transtorno; em caso de lesão, a 
localização e extensão; idade, suporte familiar, recursos pessoais, emocionais e 
físicos. Assim, também o tempo da descoberta, pois quanto mais precocemente 
forem detectados, mais cedo serão abordados e melhor poderá ser o 
prognóstico. 
Orientação para o tratamento: é um dos objetivos mais importantes. Após 
o estabelecimento da relação entre o comportamento e o substrato cerebral ou 
a patologia, a avaliação neuropsicológica não só delimita áreas de disfunção, 
mas também estabelece as hierarquias e a dinâmica das desordens em estudo. 
Esse delineamento poderá contribuir para a escolha ou para as mudanças nos 
tratamentos medicamentosos ou outros, como para os planos de metas de 
tratamento neuropsicológico. 
Auxílio para planejamento da reabilitação: a avaliação neuropsicológica é 
capaz de estabelecer quais os pontos fortes e fracos cognitivos, provendo assim 
uma espécie de mapa para orientar quais funções devem ser reforçadas ou 
substituídas por outras. Além disso, permite auxiliar em mudanças na área 
profissional, acadêmica, familiar, através da ampliação dos recursos cognitivos 
que possibilitam melhorar a qualidade de vida. 
Seleção de paciente para técnicas especiais: a análise minuciosa de 
funções permite separar subgrupos de pacientes de uma mesma patologia, 
possibilitando uma triagem específica de pacientes para um procedimento ou 
tratamento com medicamento. 
Perícia: a avaliação neuropsicológica no contexto forense não é apenas 
afirmar se um indivíduo é ou não portador de uma dada condição ou desordem, 
39 
 
mas também para auxiliar na tomada de decisão que os profissionais da área do 
direito precisam fazer em uma determinada questão legal. 
 
2.7 Indicações mais Frequentes para Avaliação Neuropsicológica 
 
Uma das dificuldades mais frequentes está a dificuldade de aprendizado, 
que pode ocorrer nas fases de mudança escolar, como no primeiro ano do ensino 
fundamental, entre 5º e 6º ano e entre o 9º ano e o período de pré-ingresso no 
ensino superior. São etapas em que não só as demandas se modificam, mas 
também as da própria vida. 
A instabilidade emocional é outro problema, alguns adultos não 
conseguem preservar relacionamentos pessoais e/ou mudam de emprego 
constantemente, gerando frustrações que podem redundar em quadros de 
depressão. 
As falhas de memória são as queixas mais frequentes em pacientes na 
faixa de 60 anos, que temem o mal de Alzheimer. 
As lesões cerebrais, traumas ou acidentes vascular cerebral podem gerar 
alterações de comportamento diretamente ligadas às lesões, e a dependência 
química (drogas e álcool) são notórios causadores de distúrbios de 
comportamentos. A avaliação neuropsicológica ajuda no diagnóstico sobre a 
relação desses distúrbios e possíveis alterações no cérebro causadospela 
dependência (Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein). 
A avaliação neuropsicológica é recomendada em qualquer caso onde 
exista suspeita de uma dificuldade cognitiva de ordem comportamental ou 
neurológica. Outras indicações: 
 
 Suspeita de demências, como a doença de Alzheimer, doença de Pick, 
Parkinson, Síndrome de Korsakoff, dentre outras. 
 Diagnóstico diferencial entre Depressão e Demência, pois muitas vezes, 
os sintomas podem ser confundidos se for feita apenas uma avaliação 
clínica. 
 Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. 
 Transtornos do desenvolvimento. 
40 
 
 Transtornos psiquiátricos ou neuropsiquiátricos. 
 Esclerose múltipla e outras doenças neurodegenerativas. 
 Pessoas com possíveis sequelas de TCE (Traumatismo Crânio-
Encefálico). 
 Inteligência. 
 
2.8 Avaliação Neuropsicológica Infantil 
 
A avaliação neuropsicológica é recomendada em qualquer caso, onde 
ocorra suspeita de alguma dificuldade cognitiva ou comportamental de base 
neurológica. 
Ela pode ser de fundamental relevância no auxílio diagnóstico e 
tratamento de inúmeras enfermidades neurológicas, alterações de conduta, 
comprometimentos psiquiátricos, dificuldades no desenvolvimento infantil, entre 
outros. 
A contribuição principal dessa avaliação na criança é extensiva ao 
processo de ensino-aprendizagem, pois permite o estabelecimento de algumas 
relações entre as funções corticais superiores, como a atenção, memória, 
linguagem e a aprendizagem simbólica (através da leitura, escrita, formação de 
conceitos, etc.). 
O modelo neuropsicológico das dificuldades da aprendizagem objetiva 
uma amostra de funções mentais superiores envolvidas na aprendizagem 
simbólica, as quais estão correlacionadas com a organização funcional do 
cérebro. 
O conjunto de instrumentos utilizados na avaliação neuropsicológica 
infantil possibilita uma avaliação global das capacidades da criança, bem como 
as dificuldades encontradas por ela em seu cotidiano. 
O objetivo não é o de rotular a criança, mas sim evitar que tais dificuldades 
possam impedir o desenvolvimento saudável da criança. 
Importante salientar que o funcionamento cerebral da criança ainda está 
em desenvolvimento, com características próprias que garantem uma 
diferenciação e especificidade de funções. 
Dentre os principais recursos utilizados destacam-se a anamnese com os 
pais, entrevista na escola, testes psicométricos e exames de neuroimagem. 
41 
 
A avaliação é interdisciplinar e multiprofissional, ou seja, é realizado por 
profissionais da área clínica, como médicos, psicólogo, fonoaudiólogo, 
fisioterapeuta, etc. 
Outro conceito fundamental de se compreender na avaliação 
neuropsicológica infantil é o de neuroplasticidade cerebral. 
A plasticidade cerebral permite que o cérebro se adapte de forma a criar 
fortes alicerces para qualquer situação de aprendizagem. Ou seja, o cérebro é 
capaz de se moldar, necessitando de muitos estímulos para que ocorra a 
neuroplasticidade, condição essa que se torna mais propícia em indivíduos 
jovens. Quanto mais jovem o indivíduo, maior sua capacidade de 
neuroplasticidade. 
Ela é então entendida como a base neurobiológica para a aprendizagem, 
memória, desenvolvimento neuro-psico-motor e recuperações pós-lesionais. 
Embora nem sempre esse processo leve à recuperação total (cura), toda 
melhora pode ser explicada através de distintos mecanismos “plásticos, 
moldáveis”, quer sejam eles morfológicos, quer sejam químicos. 
 
2.9 Avaliação Neuropsicológica No Adulto 
 
Tem por objetivo investigar o perfil de funcionamento cognitivo e 
comportamental na ocorrência de queixas cognitivas e de desempenho 
ocupacional e na vida diária. 
Ela é indicada se houver uma desordem cerebral adquirida, como 
acidente vascular cerebral (AVC), traumatismo crânio-encefálico (TCE), quadros 
convulsivos (como a epilepsia), hidrocefalia, encefalites e encefalopatias em 
geral. Assim, também em casos de transtornos neuropsiquiátricos, como 
quadros ansiosos, depressivos, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade 
(TDAH), transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), esquizofrenia, dentre outros. 
Outro critério para avaliação é a presença de abuso e/ou dependência de 
substâncias (álcool, drogas, intoxicações medicamentosas), que são capazes de 
modificar o funcionamento do SNC (Sistema Nervoso Central), podendo ser 
classificadas como: 
 
42 
 
 Substâncias depressoras do SNC: álcool, opiáceos, heroína, inalantes, 
solventes e ansiolíticos. 
 Substâncias estimulantes do SNC: anfetaminas (“rebite”), cafeína, 
nicotina e cocaína (incluindo o crack, que é um subproduto da cocaína). 
 Substâncias perturbadoras do SNC (alucinógenas): cannabis (maconha), 
chá de cogumelo, LSD. 
 
Os instrumentos utilizados constam de: 
 
 Anamnese: história escolar e laboral; aspectos psicológicos individuais e 
familiares; histórico de relacionamentos, presença de determinadas 
patologias, internamentos, tratamentos anteriores, etc. 
 Testes psicométricos: testes padronizados de uso exclusivo do psicólogo. 
 Avaliação interdisciplinar e multiprofissional, realizada por equipe clínica. 
 Exames de neuroimagem: tomografia computadorizada, PET, SPECT, 
ressonância magnética. 
 Exames neurológicos e laboratoriais. 
 
Dependendo do grau e amplitude da patologia, desordem ou lesão, a 
família também será abordada e contemplada no processo de avaliação 
neuropsicológica. 
 
2.10 Avaliação Neuropsicológica no Idoso 
 
Ocorre na suspeita ou ocorrência de alterações ou desordens 
relacionadas ao envelhecimento, envolvendo o processo do envelhecimento 
normal, declínio cognitivo leve e suspeita de quadros demenciais. 
A avaliação neuropsicológica no idoso é imprescindível na comprovação 
da eficácia do uso de medicamentos. 
Outro objetivo fundamental dessa avaliação é que ela deve contribuir para 
comprovar a eficácia da reabilitação. 
As sequelas cerebrais obedecem à seguinte classificação: 
 
43 
 
 Prejuízos: correspondes à presença de lesão nas estruturas físicas. 
 Incapacidades: inabilidades na realização das tarefas. 
 Desvantagens: inabilidades do contexto ambiental e social ao qual o 
indivíduo está inserido. 
 
Principais instrumentos de avaliação neuropsicológica no idoso: 
 
 Mini Exame Do Estado Mental (MEEM): teste de rastreio e triagem mais 
utilizado no mundo. É simples, de aplicação rápida autoexplicativa. Leva 
alguns minutos. Determina a extensão da avaliação cognitiva 
subsequente a sua aplicação em indivíduos com demência moderada e 
severa. 
 Baterias neuropsicológicas: sequência de testes padronizados, de uso 
exclusivo do psicólogo, que avaliam o comportamento e a cognição. Os 
testes neuropsicológicos permitem a identificação precoce dos distúrbios 
cognitivos, seu grau de comprometimento e o seguimento da evolução 
natural da doença ou sua resposta às medidas terapêuticas. 
 Escalas para avaliação do desempenho funcional do idoso: revisão das 
atividades básicas de vida diária, como o autocuidado e a 
automanutenção. 
 Anamnese: obtida com o paciente e seus familiares, analisando-se a 
história de vida e familiar, patologias pré-existentes, internamentos, 
tratamentos anteriores, história de relacionamentos e laboral, etc. 
 Exames clínicos: neurológicos, laboratorial e de neuroimagem. 
 
2.11 Reabilitação Neuropsicológica 
 
2.11.1 Conceito 
 
O processo de reabilitação é fundamental quando os resultados da 
avaliação neuropsicológica mostram ocorrência de perda ou prejuízo nas 
funções cognitivas. Pode ser usado como sinônimo de reabilitação cognitiva. 
44 
 
A reabilitação neuropsicológica visa à realização das intervenções 
necessárias junto ao paciente, em conjunto com a família, na busca de uma 
melhor adaptação diante das dificuldades, melhorando a qualidade de vida do 
mesmo e, consequentemente, também dos familiares. 
ConformeWILSON (2003) a reabilitação neuropsicológica pode ser 
definida como o conjunto de intervenções que objetivam melhorar os problemas 
cognitivos, emocionais e sociais decorrentes de uma lesão encefálica auxiliando 
a pessoa a alcançar maior independência e qualidade de vida. 
Um dos pioneiros a relatar seus esforços sistemáticos para reabilitação 
de pessoas com lesão encefálica após a Segunda Guerra Mundial foi Alexander 
Luria. 
Leonard Diller, a partir de pacientes com AVC que apresentavam 
problemas com escaneamento visual, propiciou o desenvolvimento de 
programas de treinamento específicos. 
Bem-Yishay desenvolveu uma visão holística para reabilitação 
neuropsicológica, aliando a realização de exercícios cognitivos, psicoterapia e 
atividades específicas. 
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), as doenças 
ligadas ao funcionamento cerebral constituem a maior causa de deficiências no 
mundo. A demanda tem crescido consideravelmente devido ao aumento dos 
recursos médicos oferecidos à população. 
No entanto, diversas dificuldades ainda são observadas no Brasil, como: 
ainda existem poucas instituições de ensino que oferecem capacitação nessa 
área, embora já se observe relativo aumento; dificuldades inerentes à área para 
delimitar protocolos específicos de atendimento; necessidade de adaptar as 
estratégias de reabilitação utilizadas em outros contextos socioculturais à 
realidade brasileira; a descoberta de indicadores adequados à realidade 
brasileira para avaliar os programas de reabilitação que têm sido implantados. 
A reabilitação é possível graças a um fenômeno denominado de 
plasticidade cerebral. 
Embora em escala modesta, o cérebro possui uma capacidade de se 
autorregenerar. Atualmente, já se identificam estruturas encefálicas, como o giro 
denteado e o hipocampo, relacionadas com a neurogênese (crescimento e 
desenvolvimento de neurônios). 
45 
 
Isso significa que após uma lesão cerebral, existe a formação de 
neurônios que migram para a área lesionada, recuperando parte dos neurônios 
que morreram. Além disso, existe a constante remodelagem da ligação dos 
axônios, oportunizando uma comunicação diferenciada entre os neurônios, 
gerando assim mais canais de comunicação. 
Alguns fatores podem facilitar a neurogênese e a reorganização sináptica, 
como: 
 
 Dieta adequada. 
 Exercícios físicos orientados. 
 Uso das funções executivas: pensamento, atenção, memória, linguagem, 
etc. 
 
Entretanto, existem alguns fatores que prejudicam o funcionamento do 
sistema nervoso, envolvendo: 
 
 Uso abusivo de álcool e outras drogas: dificultam o processo de 
regeneração neuronal. 
 
Pesquisas mostram que o hipocampo (parte do cérebro responsável pela 
memória e com importância para as funções relacionadas à aprendizagem) foi 
uma das estruturas mais afetadas no cérebro de usuários. 
A partir desse pressuposto, pode-se tirar uma conclusão primordial a 
respeito do processo de reabilitação: evitar o uso de álcool e outras drogas. 
 
 
Fonte: Elaborado pelo Autor (2016) 
Álcool e 
outras 
drogas 
Reabilitação 
46 
 
Assim como o processo de avaliação neuropsicológica, a reabilitação 
deve ser realizada por equipe multidisciplinar e multiprofissional clínica 
especializada. 
Durante a reabilitação é fundamental a realização de trabalho em conjunto 
com a família do paciente. 
 
2.11.2 A Importância da Orientação aos Familiares 
 
 Como citado, a reabilitação compreende o uso de métodos e estratégias 
em prol da qualidade de vida dos pacientes. 
 Através dos resultados da avaliação neuropsicológica, objetiva-se 
também englobar a orientação familiar, envolvendo a discussão do conceito e 
prognóstico da dificuldade e/ou desordem, bem como o planejamento e 
elaboração de técnicas de manejo a serem estendidas e aplicadas pelos 
familiares ao paciente, orientados por equipe multiprofissional. 
 Para tal, um dos primeiros passos é o acolhimento ao familiar. Isso 
significa uma postura ética que implica na escuta em suas queixas, a 
responsabilização pela resolução e ativação de redes de compartilhamento de 
saberes. O acolhimento familiar pode ser uma das maiores alianças formadas 
para o sucesso terapêutico, pois favorece a confiança e consequentemente 
adesão familiar ao tratamento proposto. 
 Além da escuta, é importante considerar e apontar as potencialidades do 
paciente e da família. Isso permite maior facilidade em trabalhar com as 
dificuldades encontradas. 
 
2.11.3 Expressões Utilizadas em Reabilitação 
 
 Atividades, exercícios, tarefas e ocupações devem ser usadas como 
recurso de intervenção. 
 
 Atividade: é a unidade básica de uma tarefa. Exemplo: separar os 
ingredientes para um bolo. 
 Tarefa: é o conjunto de atividade com um propósito definido. Exemplo: 
fazer um bolo para uma festa de aniversário. 
47 
 
 Exercício: é o conjunto de atividade com o propósito definido e com 
geração de dificuldade. Exemplo: fazer um bolo para uma festa de 
aniversário com velocidade de execução progressiva. 
 
2.11.4 Técnicas de Reabilitação Neuropsicológica 
 
 Reorganização funcional diz respeito às mudanças neuroplásticas 
cerebrais. Existem quatro formas de reorganização funcional: 
 
1. Adaptação da área homóloga: quando determinada área do cérebro sofre 
uma lesão, a mesma região do hemisfério oposto se adapta no intuito de 
assumir a função prejudicada, embora nem sempre o hemisfério oposto 
consiga assumir as funções prejudicadas. 
2. Resignação entre funções: ocorre quando o indivíduo é privado de input 
(entrada) sensorial e outras habilidades acabam sendo potencializadas. 
No sentido fisiológico, a região privada de input responsabiliza-se pelo 
processamento de informações de outras habilidades sensoriais. 
3. Expansão do mapa cortical: o tamanho do mapa cortical (área 
responsável por determinada função) pode sofrer variação de acordo com 
a estimulação a que é submetido, podendo aumentar no período de 
prática e até mesmo diminuindo quando o aprendizado se torna explícito. 
4. Compensação mascarada: ocorre quando uma nova estratégia é utilizada 
para desempenhar uma função que está prejudicada, porém para 
compensá-la. Denomina-se mascarada por poder ser confirmada apenas 
através de uma avaliação cognitiva detalhada, pois a mesma não se 
refere a uma compensação de função, mas sim de estratégia utilizada. 
 
 Compensação, adaptação e reaprendizagem: objetiva tratar ou amenizar 
as sequelas do dano cerebral, no intuito de minimizar o esforço do paciente 
diante do prejuízo cognitivo ocasionado pelos sistemas lesionados. 
 Esse método normalmente é utilizado quando a função não pode ser 
restaurada. Assim, utiliza-se a potencialização de diferentes mecanismos 
alternativos e/ou de habilidades preservadas. 
48 
 
 Nos casos em que a restauração da função não é possível, o paciente é 
ensinado a utilizar estratégias compensatórias como alternativa para alcançar 
seus objetivos. 
 Essa alternativa é bastante utilizada em déficits mnemônicos, atencionais 
e executivos, a qual inclui a utilização de aparelhos eletrônicos, como 
computadores, alarmes, relógios, gravadores, dentre outros, associando com 
agendas, blocos, calendários, placas de sinalização, etc. 
 
Resumo da Aula 02 
 
 Em reabilitação, o fundamental é que a equipe terapêutica que a realiza 
seja capaz de motivar o seu paciente a alcançar suas metas, através de reforços 
positivos e promovendo experiências de sucesso. 
 Além do conhecimento teórico e prático, a equipe terapêutica necessita 
ter a capacidade de ser atenta ao paciente e seu respectivo familiar, ter respeito 
pela sua condição e demonstrar empatia, condições fundamentais para a 
confiança. 
 Em suma, um cliente e uma família motivada representam um alto índice 
de sucesso em reabilitação. 
 A aula tratou especificamente sobre o processo de avaliação e 
reabilitação neuropsicológica.Iniciou com o conceito, funções avaliadas e 
principais indicações para avaliação neuropsicológica, descrição das técnicas e 
recursos utilizados, bem como delimitou as diferenças e semelhanças nas 
avaliações envolvendo crianças, adultos e idosos. A partir daí, com os resultados 
do processo de avaliação, é possível o plano de reabilitação. Ao final da aula, 
trabalhou-se algumas técnicas envolvendo reabilitação e abordou-se sobre a 
importância da família e sua relação com a eficácia no tratamento. 
 
Atividade de Aprendizagem 
Discorra sobre a importância da orientação aos pais para a 
reabilitação Neuropsicomotora. 
 
49 
 
AULA 3 - NEUROPSICOLOGIA E APRENDIZAGEM 
 
Apresentação Aula 03 
 
3 Neuropsicologia Relacionada a Aprendizagem 
 
A Neuropsicologia é a ciência que pretende inter-relacionar os 
conhecimentos da psicologia cognitiva com as neurociências, desvendar a 
fisiopatologia do transtorno e, a partir dessa base, encarar racionalmente a 
estratégia de tratamento. 
É através dela que se dá a compreensão dos processos mnêmicos, 
perceptivos, de aprendizado e de solução de problemas, dentre outras atividades 
cognitivas. 
A aprendizagem é um processo contínuo, envolvendo mudança de 
comportamento obtido através da experiência construída por fatores emocionais, 
relacionais, neurológicos e ambientais. 
Aprender é o resultado da interação entre estruturas mentais e o meio 
ambiente a que o indivíduo é submetido. 
 
 
Fonte: Elaborado pelo Autor (2016) 
 
Conforme a idade e o nível de desenvolvimento, a aprendizagem pode 
sofrer alterações na velocidade e na qualidade do que é aprendido. Isso é 
possível porque o órgão responsável pela aprendizagem – o sistema nervoso – 
termina seu amadurecimento somente no final da adolescência e sofre contínuas 
alterações, pelo ambiente, por toda a vida. 
No processo de desenvolvimento e aprendizagem a criança opera sobre 
todos os dados recebidos do ambiente e atribui significado a eles, tanto pessoais 
quanto da cultura a qual está inserida. 
Aprender 
Estruturas 
mentais + meio 
ambiente 
50 
 
A aprendizagem é um processo dinâmico que depende não somente da 
atenção e do esforço, mas também de estimulação ambiental e de 
características orgânicas e motivacionais de cada pessoa. 
O aprender significa muito mais que memorizar e/ou copiar os estímulos 
recebidos. Trata-se de um processo ativo que engloba outras atividades, como: 
 
 Organizar a nova informação recebida; 
 Comparar e integrar com aquilo que ela já conhece; 
 Armazenar na memória; 
 Resgatar da memória a informação sempre que necessário. 
 
3.1 Bases Anátomo-Fisiológicas da Aprendizagem 
 
A noção de maturação nervosa é uma das mais essenciais para se 
explicar o processo de aprendizagem. Ou seja, os comportamentos só podem 
ser externados caso o seu mecanismo neural tenha se desenvolvido. 
A aprendizagem não depende apenas de circuitos neuronais diferentes, 
mas também de outros mecanismos fundamentais. 
O cérebro humano é um sistema complexo que estabelece relações com 
o mundo exterior através de fatores significativos: a especificidade das vias 
neuronais, que da periferia levam ao córtex informações provenientes do mundo 
exterior; a especificidade dos neurônios, que permitem determinar áreas 
sensoriais, auditivas, motoras, ópticas, olfativas, dentre outras, estabelecendo 
inter-relações funcionais ricas e exatas, de suma importância para o 
aprendizado. 
O processo de aprendizagem ocorre da seguinte forma: 
 
Recepção de estímulos ambientais (órgãos dos sentidos) 
↓ 
Atenção/emoções (criam-se as sensações) 
↓ 
Percepções 
↓ 
Construção da memória 
↓ 
Pensamento/consciência/criatividade 
Fonte: Elaborado pelo Autor (2016) 
51 
 
 
Primeiramente, os órgãos dos sentidos (visão, audição, tato, paladar, 
gustação) recebem os estímulos ambientais. Assim que ocorre essa recepção 
de estímulos, são ativados mecanismos atencionais, juntamente com as 
emoções geradas sobre esse novo estímulo, criando-se as sensações. As 
sensações fazem com que se construa um conceito mais elaborado sobre essa 
nova informação, passando pelo sistema perceptivo. A partir daí se dá a 
construção da memória e, com ela, a criação do pensamento, da consciência e 
da criatividade. 
Com base no pressuposto acima, um dos mecanismos essenciais na 
aquisição da aprendizagem é o processo da construção da memória. 
A primeira pessoa que conseguiu evidências sobre localizações 
específicas da memória no cérebro humano foi Wilder Penfield, neurocirurgião 
do Instituto Neurológico de Montreal. Na década de 1940, utilizou-se de métodos 
de estimulação elétrica para mapear as funções motoras, sensoriais e da 
linguagem no córtex humano de pacientes submetidos à neurocirurgia, para 
tratamento da epilepsia local. Através da construção do mapa cerebral, criou o 
que se denominou de homúnculo de Penfield. 
 
 
 Fonte: Elaborado pelo Autor (2016) 
 
 Brenda Milner, Ph.D. na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, em 
1950, em seus estudos, descobriu os múltiplos sistemas de memória do cérebro, 
ao estudar pacientes que sofreram ablação (excisão) bilateral do hipocampo, no 
intuito de tratar crises epilépticas. Ela percebeu que esses pacientes não tinham 
memória para determinadas tarefas que dependiam do conhecimento consciente 
de lugares, pessoas e coisas, porém esses mesmos pacientes conservaram boa 
memória para as habilidades motoras que eram aprendidas a nível 
subconsciente. 
Penfield Construção 
do mapa 
cerebral 
52 
 
A partir dos estudos acima que, posteriormente, se distinguiu e memória 
implícita e explícita. 
Estudos recentes têm demonstrado que a memória depende de muitas 
regiões cerebrais. Assim, existem diferentes tipos de memória e, determinadas 
regiões cerebrais, são muito mais importantes para alguns tipos que para outros, 
juntamente com o conceito de que diferentes tipos de memória são armazenadas 
em sistemas neurais distintos. 
A memória pode, então, ser definida como a retenção ou armazenamento 
do aprendizado. 
 
 
Fonte: Elaborado pelo Autor (2016) 
 
A memória consiste num conjunto de procedimentos que permitem 
compreender e manipular o mundo, levando em consideração o contexto atual e 
as experiências individuais. Esses procedimentos compreendem mecanismos 
de codificação, retenção e recuperação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Memória Retenção do 
aprendizado 
53 
 
3.2 Memória - Divisão 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Elaborado pelo Autor (2016) 
 
3.2.1 Memória de curto prazo 
 
Recebe as informações e as retém por alguns segundos e minutos, para 
que elas sejam utilizadas, descartadas ou até mesmo organizadas para que 
possam ser armazenadas. É nela que ocorre a formação de traços de memória. 
O período para a formação desses traços denomina-se de período de 
consolidação. 
 
Memória de longo prazo (é a que 
dura bastante tempo) 
 
Memória de 
curto prazo (é 
a que dura 
pouco tempo) 
Memória de 
trabalho (funções 
executivas – é a 
que você pensa, 
raciocina) 
Explícita ou 
declarativa (você 
traz à consciência; 
exige planejamento, 
pensar, experiência) 
Exemplo: explicar o 
modo como dirigir 
Implícita ou não-
declarativa (é 
inconsciente; 
“automático”) 
Exemplo: dirigir 
Memória 
episódica 
(memória sobre 
eventos 
autobiográficos, 
conhecimentos 
de fatos) 
Memória 
semântica 
(memória para 
fatos e 
conhecimento; 
histórico-
cultural) 
Memória declarativa 
54 
 
Saiba Mais 
Um exemplo desse tipo de memória é a capacidade de se 
recordar de eventos recentes que aconteceram nos últimos 
minutos. 
 
 
A memória de curto prazo depende do sistema límbico, envolvido nos 
processos de retenção e consolidação de informações novas. Atualmente, 
também se supõe que a consolidaçãotemporária da informação envolve 
estruturas como a amígdala, o hipocampo, o córtex entorrinal e o giro para-
hipocampal. Depois essa memória é transferida para as áreas de associação do 
neocórtex parietal e temporal. 
 
3.2.2 Memória de trabalho 
 
Formada pelas funções executivas (mais importante e central), alça 
fonológica (responsável pela manutenção de material verbal, funciona através 
de código fonológico), sistema tampão vísuo-espacial (análoga à alça fonológica 
por também manter informações que podem ser ativamente ensaiadas, todavia 
de natureza vísuo-espacial). O executivo central é o principal componente, e tem 
como funções o raciocínio, a tomada de decisões, o planejamento de estratégias 
e o controle do comportamento, por meio da integração das informações dos 
sistemas subordinados; envolve a aprendizagem e a aplicação de regras 
contingentes, raciocínio abstrato, manutenção da atenção e concentração; 
estritamente relacionados às áreas pré-frontais. 
 
3.2.3 Memória de longo prazo 
 
Obtém as informações da memória de curto prazo e as deixam 
armazenadas. Apresenta capacidade ilimitada de armazenamento e as 
informações duram desde poucos dias até longos períodos, como décadas. 
55 
 
Exemplos desse tipo de memória envolvem lembranças adquiridas na escola, e 
é dividida em: 
 
Memória explícita ou declarativa: é a memória para fatos e eventos. Exige 
planejamento, pensar e experiência. Depende de estruturas do lobo temporal 
medial (incluindo o córtex entorrinal, córtex para-hipocampal, hipocampo) e do 
diencéfalo. 
Memória episódica: envolve eventos datados, relacionados ao tempo, memória 
sobre eventos autobiográficos, conhecimento de fatos. 
Memória semântica: é a memória para fatos e conhecimentos; histórico-cultural. 
Memória implícita ou não-declarativa: é inconsciente; memória para 
procedimentos e habilidades, como habilidade para dirigir. A aprendizagem de 
habilidades motoras depende de aferências corticais de áreas sensoriais de 
associação para o corpo estriado ou para os núcleos de base. O putâmen e os 
núcleos caudados recebem projeções corticais e as enviam para o globo pálido 
e outras estruturas do sistema extrapiramidal, constituindo uma conexão entre 
estímulo e resposta. O condicionamento das respostas emocionais depende da 
amígdala; o condicionamento das respostas da musculatura esquelética 
depende do cerebelo. O neoestriado e o cerebelo estão envolvidos na aquisição 
e no planejamento das ações. Assim, constituem elos entre o sistema implícito 
e explícito, através de conexões entre o cerebelo e o tálamo e entre o cerebelo 
e os lobos frontais. 
 
3.3 Maturação Nervosa 
 
 Um dos conceitos fundamentais para se explicar o processo de 
aprendizagem é a noção de maturação nervosa. Assim que o corpo celular (local 
onde fica o núcleo) envia uma mensagem, o axônio a conduz até um dendrito de 
outro neurônio para fazer a sinapse. 
No entanto, para que isso ocorra, o axônio deve estar maduro para fazer 
a condução. Ele se torna maduro quando fica envolto por uma camada fina e 
branca, constituída de proteína e gordura, denominada de mielina. O processo 
de mielinização ocorre com o tempo, ou seja, a criança não nasce com esse 
56 
 
processo pronto, de modo que diferentes neurônios se mielinizam em épocas 
distintas do desenvolvimento do organismo. 
Esse pressuposto fornece embasamento para a compreensão das teorias 
que descrevem as fases evolutivas da criança, como os estágios de Jean Piaget 
sobre o nascimento da inteligência; ou as fases do erotismo infantil em Sigmund 
Freud sobre o amadurecimento afetivo-sexual. Assim, também assume ligações 
com a teoria socioconstrutivista de Vygotsky, no conceito da evolução das 
funções psicológicas elementares (comportamento é determinado pelo meio, 
modelo estímulo-resposta, em crianças pequenas) para as funções psicológicas 
superiores (obedecem a uma autorregulação, voluntária e consciente, onde se 
dá o processo da intelectualização através da mediação do outro). 
Para que o indivíduo aprenda, algumas funções devem estar presentes, 
as quais se caracterizam em três níveis: 
 
 Funções psicodinâmicas: para que ocorra a aprendizagem, o indivíduo 
internaliza o que é vivenciado ou observado e começa a assimilar 
hierarquicamente pelos processos psíquicos. Para que isso aconteça, 
deve possuir controle e integridade psicoemocional. 
 Funções do sistema nervoso periférico: responsáveis pelos receptores 
sensoriais (canais principais para a aprendizagem simbólica). Para que 
ocorra o crescimento e amadurecimento dos processos psicológicos, é 
essencial uma carga de estimulação sensorial no cérebro. Ao contrário, 
pouca carga sensorial privaria o cérebro de estimulação básica, 
prejudicando o crescimento e amadurecimento dos processos 
emocionais. 
 Funções do sistema nervoso central: responsável pela armazenagem, 
elaboração e processamento da informação, resultante da resposta 
apropriada do indivíduo. 
 
Sob o ponto de vista neuropsicológico, a aprendizagem é o resultado da 
recepção e troca de informações entre o meio ambiente e diferentes centros 
nervosos. Ou seja, o ato de aprender exige um estímulo externo, a informação, 
a qual é captada através dos órgãos dos sentidos habilitados na transformação 
de estímulo fisioquímico em impulso nervoso de natureza fisiológica. 
57 
 
O impulso nervoso transportado pela inervação sensitiva chega até um 
centro nervoso do córtex cerebral: 
 
 Caso o estímulo seja visual → termina no lobo occipital; 
 Caso o estímulo seja auditivo → termina no lobo temporal; 
 Caso o estímulo seja táctil ou somestésico → termina no lobo parietal. 
 
As áreas em que são projetados os estímulos chamam-se zonas de 
projeção ou primárias; nelas que ocorrem as sensações. A partir da sensação 
(elementar, incompleta) forma-se a percepção (complexa e completa): 
 
 Sensação: não há elaboração de significado; simples chegada do 
estímulo ao cérebro; típico do recém-nascido. As áreas secundárias ainda 
não amadureceram (não mielinizaram). Exemplo: estou vendo luzinhas; 
estou ouvindo zumbidos. 
 Percepção: através da ligação das áreas primárias com as secundárias; 
formação de imagens sensoriais correspondentes ao estímulo; imagens 
com significado. Exemplo: estou vendo velas acesas; estou ouvindo 
latidos de cães. 
 
A partir das áreas secundárias ou de associação, os estímulos passam 
para as áreas terciárias ou de integração, onde se forma a percepção global a 
partir da adição e combinação de todos os aspectos do estímulo. Exemplo: velas 
acesas me lembram o jantar que tive no restaurante com minha família. 
A descrição detalhada e precisa acima é processada no cérebro no tempo 
de milésimos de segundo e, ao mesmo tempo, várias regiões nervosas são 
ativadas, mecanismo esse essencial para que a aprendizagem ocorra 
eficazmente. Assim, compreende-se que os neurônios não nascem prontos, 
precisam estar maduros para fazer a condução da informação. 
 
 
 
 
58 
 
 
3.4 Deficiências, Dificuldades de Aprendizagem e Transtornos de 
Aprendizagem 
 
3.4.1 Deficiências 
 
Nesta categoria encontram-se os indivíduos com Deficiência Intelectual. 
A classificação da inteligência se dá em quatro níveis (DSMI. IV): 
 
 Retardo Mental Profundo (QI abaixo de 20-25); 
 Retardo Mental Severo (QI entre 20-25 a 35-40); 
 Retardo Mental Moderado (QI entre 35-40 a 50-55); 
 Retardo Mental Leve (QI entre 50-55 a 70 aproximadamente). 
 
O nível de prejuízo intelectual pode indicar maior ou menor capacidade de 
aprendizagem. 
Pesquisas neuropsicológicas envolvendo funcionamento do neurônio e 
plasticidade cerebral têm mostrado alternativas para desenvolver ao máximo a 
capacidade dos indivíduos com Deficiência Intelectual. 
Um exemplo são os programas de estimulação precoce ou essencial, que 
alcançam resultados significativos na primeira infância (em especial

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