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Módulo I - processo penal

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20/04/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos.
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Módulo 1
 
1. Introdução ao Processo Penal.
 Passando por mudanças significativas que alteraram sua
aplicação prática e efetiva nos últimos tempos, o direito processual penal é o ramo
do direito (conjunto de princípios e normas) que rege as relações jurídicas dos
sujeitos que participam do instrumento que viabiliza a ação que tenha por objeto
a realização de uma pretensão quase sempre punitiva de natureza penal, 
 Não se pode olvidar que o fato oriundo do Direito Penal,
ou seja, nascida a pretensão penal do Estado pelo descumprimento de uma norma
penal, irá pressupor um conflito de interesses antagonicos e que irão se impor
como atos de vontade. Figurará de um lado, o Estado pretendendo a punição do
agente supostamentea infrator e, de outro, a pessoa apontada como infratora
exercendo seu direito de defender-se da imputação que lhe é imposta,
 Referida pretensão do Estado precisa impreterivelmente
ser apresentada ao Poder Judiciário por intermédio de ação penal que será
instrumentalizada através de vários atos previamente definidos e ordenados que
formam o processo. Princípios e normas irão compor o seu fluxo e sua efetividade
para que se possa ter o Direito Processual Penal regular e devido.
 Como referência conceitual José Frederico Marques
pontifica:
“O conjunto de princípios e normas que regulam a
aplicação jurisdicional do Direito Penal, bem como as
atividades persecutórias da Policia Judiciária, e a
estruturação dos órgãos da função jurisdicional e
respectivos auxiliares.” (José Frederico Marques, in
Elementos de direito processual penal, 2ª Edição,
Forense, v. 1, p. 20)[1]
 
 São princípios constitucionais que relacionam e compõe
o Processo Penal brasileiro (v.g. contraditório, ampla defesa, presunção de
inocência, devido processo legal, duração razoável do processo) e,
complementarmente, tem-se a legislação infraconstitucional (v.g.
instrumentalidade, duplo grau de jurisdição).
 Já as normas processuais estão previstas no Código de
Processo Penal (Dec.-lei 3.688/41) e legislação extravagante (v.g. lei da
interceptação telefônica, lei da prisão provisória, lei da identificação criminal, lei
do tráfico de drogas, colaboração premiada etc).
 Ainda, autorizadas pelo Código de Processo Penal
brasileiro, subsidiariamente, se aplicam outras leis por analogia (v.g. Código de
Processo Civil).
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 O direito processual penal não se confunde com o direito penal,
pois este é o conjunto de normas e princípios que regem as relações jurídicas
entre o Estado e o particular para a proteção da sociedade contra atos que ante a
sua gravidade extrema foram considerados como ilícitos penais. Já as normas
processuais têm aspecto de instrumentalidade puramente.
 De qualquer forma, ambos têm em comum a premissa de serem
espécies ou integrados ao chamado Direito Público, ante a presença do Estado em
papel quase sempre de protagonista em ambos, 
 
1. O Direito de Punir.
 Alguns bens jurídicos, ante a sua condição essencial para
a vida, são tutelados pelo direito penal (v. g. direito à vida, patrimônio, honra,
dignidade sexual).
 Por outro lado, foi incumbida ao Estado a função de
reprimir as condutas indesejáveis, aplicando ao infrator as penas previstas em lei,
surgindo então o direito de punir.
 Justamente para que o senso de justiça não repouse
exclusivamente sobre as mentes e intenções de cada indivíduo, este direito
somente pode ser realizado por um órgão estatal, na medida em que, a aplicação
de pena por entes privados é proibida. Destarte, somente pode aplicar a sanção
penal um órgão componente do Poder Judicial que seja dotado de poder
jurisdicional, sob pena de voltarmos aos primordios tempos de vingança privada 
 O jus puniendi, seja em abstrato (o poder que tem o
Estado em previamente definir quais bens juridicos protegidos e condutas que o
violam) ou em concreto (quando entra em cena a partir de um fato praticado
concretamente, será dissecado oportunamente noutros módulos. Contudo, há que
consignar que o conflito entre o Estado querendo punir e o Sujeito acusado
querendo se libertar do que lhe recai, pode ser objeto de várias formas de
resolução
 Por exemplo, instituto da autocomposição em que as
partes solucionam o conflito , valendo-se da:
a. Desistência de uma delas sobre o direito;
b. Submissão ou pagamento, quando não se oferece resistência à vontade da
outra;
c. Transação, quando existem concessões e ganhos recíprocos.
 A autocomposição pode ser verificada em nosso
ordenamento (ainda que não seja na sua essência, pois o Estado Judicante na
figura do Juiz de Direito é ente participante e indidpensável) A Lei 9.099/95 (para
crimes de menor potencial ofensivo), é um bom exemplo pois traz em seu bojo a
aplicaçaõ de institutos jurídicos que se propõem a encerrar o conflito sem a
necessidade de um proceso penal instaurado e desenvolvido, como é o caso da
composiçao civil, da transação penal e da suspensão condicional do processo.
No mesmo sentido, a Lei nº 13.964/2019, denominada por alguns como Pacote
Anticrime introduduziu o "acordo de não persecução penal".
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 Frise-se, uma vez mais, tais referencias se aproximam do
conceito de autocomppsição mas não podem ser assim entendidas pois, como é
regra em nosso ordenamento processual penal, qualquer que seja a forma de
resoluçao de conflito esta deverá passar pelo crivo e pela chancela do Poder
Judiciário.
 Igualmente merece breve menção a denominada
autotutela, que é a defesa de um direito pelo próprio interessado sem a
interferência do Estado ou de terceira pessoa ainda que apenas num primeiro
momento.
 A autotutela é vedada em nosso
ordenamento configurando, inclusive, crime quando exercida. Entretanto,
excepcionalemnte tem-se em institutos do Direito Penal e do Direito Processual
Penal circunstâncias que se aproximam da autotutela:
a. quando se permite à qualquer do povo dar voz de prisão, na hipótese de
prisão em flagrante, artigo 302, do CPP;
b. o classico conceito de Direito Penal do sacrificio de um bem jurídico por outro
de maior relevância, na hipótese de estado de necessidade, art. 24, do CP;
c. também do Direito penal a excludente denominada hipótese de legitima
defesa, art. 25, do CP.
 
 Também como forma de solucionar conflitos, tem-se a
heterotutela que é a intervenção de terceira pessoa para a solução do conflito de
interesses. Note-se que aqui há a substituição da vontade das partes para uma
terceira pessoa que pode ser:
a. O árbitro ou;
b. O Estado.
 Ainda que largamente utilizada noutras esferas do Direito,
destaca-se, uma vez mais, que a única forma de se realizar a heterotutela é com
a intervenção do Estado exercendo a atividade jurisdicional.
 Esta atividade jurisdicional, repita-se, imprescindível nas
relações do direito penal/processual penal consiste na aplicação da lei a um dado
caso concreto,a fim de obter a justa composição do conflito antes mencionado,
qual seja Jus Punieidi (direito de punir do Estado) X Jus Libertatis (direito do
indivíduo em defender-se de determinada acusação de crime). 
 São as principais características da jurisdição:
1 – Inércia: a atividade jurisdicional somente é exercida quando provocada, salvo
os casos previamente delimitados pela lei (v. g. habeas corpus e a tutela protetiva
emergencial nos casos de violência doméstica);
2 – Substitutividade: a atividade jurisdicional substitui a vontade das partes,
sendo proibida a atuação privada em sede de direito material penal;
3 – Investidura: somente tem poder, dever, função de exercer a atividade
jurisdicional pessoa investida conforme os preceitos constitucionais e legais para
tanto (o juiz togado e, em sede de Tribuna do Júri, os jurados);
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4 – Indeclinabilidade: o juiz deve julgar; bem ou mal deve julgar. Não pode o
magistrado se recursar a analisar o feito e decidi-lo, pois importaria em negativa
de prestação jurisdicional, o que viola o artigo 5, XXXV, da C.F.;
5 – Indelegabilidade: a atividade em comento deve ser exercida somente por
órgão investido para tanto. Assim, não poderão os juízes delegar esta função à
pessoa estranha ao Poder Judiciário. Por outro lado, a atividade jurisdicional
obedece a uma ordem legal preestabelecida de divisão de jurisdição, o que se
denomina competência (princípio abaixo exposto). Nesse sentido, o juiz
competente para a prestação da atividade não poderá delegar o exercício a outro
magistrado, sob pena de violar o artigo 5, LIII, da CF.
6 - Juiz natural: a atividade somente pode ser exercida por um juiz competente
(aquele escolhido com base nas normas preestabelecidas), sendo proibida
constitucionalmente a criação de tribunais para julgamento de casos concretos -
tribunais de exceção, art. 5º, XXXVII.
 
[1] Conceitos retirados do “Curso de Processo Penal”, Fernando Capez, São Paulo,
Ed. Saraiva, 18ª. Ed. P. 43.
Exercício 1:
Assinale a alternativa correta:
A)
O direito processual penal é o ramo do direito que define os delitos e as penas;
B)
O direito processual penal é o ramo do direito que define as relações privadas
do direito;
C)
O direito processual penal é o ramo do direito que instrumentaliza as relações
privadas;
D)
O direito processual penal é o ramo do direito que instrumentaliza as ações de
cunho privado;
E)
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O direito processual penal é o ramo do direito que rege as relações jurídicas dos
sujeitos que participam do instrumento que viabiliza a ação que tenha por objeto
a realização de uma pretensão de natureza penal.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(E)
Comentários:
E) O processo penal funciona como instrumento para a devida aplicação da lei
penal conforme estabelecido no art. 5º, LIV da Constituição Federal.
Exercício 2:
Assinale a alternativa correta:
A)
Em matéria penal, a única forma de se realizar a heterotutela é com a
intervenção do Estado exercendo a atividade jurisdicional;
B)
A atividade jurisdicional consiste no ato de julgar conforme o juiz entender;
C)
Em sede de direito processual penal, se aplica a arbitragem;
D)
A heterotutela é realizada sem a intervenção de terceira pessoa para a solução
do conflito de interesses;
E)
N.d.a.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(A)
Comentários:
A) Heterotutela significa que o a justiça, ao contrário da autotutela (justiça feita
com as próprias mãos) é feita por um terceiro, independente na lide, de maneira
a se realizar a justiça.
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Exercício 3:
Não é característica da jurisdição:
A)
Inércia;
B)
Substitutividade;
C)
Investidura;
D)
Delegabilidade;
E)
Indeclinabilidade.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(D)
Comentários:
D) A constituição federal determina que o processo penal seja indelegável, para
que somente a autoridade competente atue.
Exercício 4:
Assinale a alternativa correta:
A)
A Jurisdição é exercida pelo Congresso Nacional;
B)
A jurisdição tem como principal titular o Ministério Público;
C)
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O ministério Público é o detentor do Poder Jurisdicional, mas para realizar tal
mister tem que ser provocado pelo Delegado de Polícia;
D)
O poder Jurisdicional é exercido pelo poder Judiciário e pelo Ministério Público
em conjunto;
E)
N.d.a.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(E)
Comentários:
E) Todas as informações estão incorretas.

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