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Síndromes hipertensivas na gravidez Profª Elaine C. de Oliveira Souza 1 Introdução A hipertensão arterial (HA) é uma doença considerada problema de saúde pública pelo seu elevado custo médico social. Nas mulheres em idade reprodutiva a prevalência vai de 0,6 a 2,0%, na faixa etária de 18 a 29 anos, e de 4,6 a 22,3%, na faixa etária de 30 a 39 anos. A HA na gestação permanece a primeira causa de morte materna direta no Brasil (37%). 13 Conceitos 13 Hipertensão arterial na gravidez (HAG) PA Sistólica ≥ 140 mmHg e PA diastólica ≥ 90 mmHg. Em pelo menos 2 ocasiões, com intervalo mínimo de 6 horas, após 1 hora de repouso no leito em DLE. Hipertensão arterial induzida pela gravidez (HAIG) Aparece após 20 semanas de gestação; A HA desaparece 6 semanas após o parto; se isso não ocorrer ela passa a ser considerada hipertensiva crônica. Classificação da hipertensão 13 Hipertensão gestacional (HG). Hipertensão crônica (HC). Pré-eclâmpsia (PE) Eclâmpsia (E). Pré-eclâmpsia superposta à hipertensão crônica. Grupo de Estudo da Hipertensão Arterial na Gravidez do Programa Nacional de Hipertensão Arterial (EUA, 2000) e pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASCO, 2002); Hipertensão gestacional (HAG) 13 É o aumento da PA que surge após as 20 semanas de IG e sem proteinúria. Pode representar uma PE que não teve tempo de desenvolver proteinúria, ou uma hipertensão transitória se a PA retornar ao normal após 12 semanas do parto, ou ainda uma HC se a PA persistir elevada. É considerada grave quando elevações da pressão arterial sistólica ≥160 mmHg e/ou pressão arterial diastólica ≥ 110 mmHg são sustentadas. Hipertensão gestacional (HAG) 13 O diagnóstico é alterado para: Pré-eclâmpsia, se desenvolver proteinúria Hipertensão arterial crônica, se persistir a elevação da pressãoo arterial ≥ 12 semanas após o parto Hipertensão transitória da gravidez, se a pressão arterial retornar ao normal em 12 semanas após o parto. Hipertensão gestacional (HAG) 13 FATORES DE RISCO: História familiar de pré-eclâmpsia Pré-eclâmpsia em gestação prévia Doença vascular crônica Hipertensão arterial crônica Gestações múltiplas Diabetes Doença renal Adolescente ou gestante idosa Polidrâmnio (volume de líquido amniótico superior a 2 L ) Hidropisia fetal Ocupação fora de casa, em condições que exigem muito esforço físico ou psíquico Descendência africana. Hipertensão gestacional (HAG) 13 RISCO MATERNO A hipertensão na gravidez pode induzir alterações metabólicas e vasculares a longo prazo, associadas ao aumento do risco cardiovascular. Mulheres com PE têm 4 vezes mais chances de desenvolver HA crônica e quase duas vezes maior risco de doença arterial coronariana, AVC e tromboembolismo venoso num intervalo de tempo de até 14 anos após a gestação considerada. Portanto, mulheres que desenvolvem PE devem ter seu perfil de risco cardiovascular avaliado depois de 6 meses do parto. Hipertensão gestacional (HAG) 13 RISCO FETAL Aterosclerose precoce. Síndrome da resistência à insulina Em vista disso, neonatos com baixo peso também devem ser avaliados precocemente e orientados a manter um estilo de vida saudável desde a infância. Hipertensão crônica (HC) 13 É a hipertensão que está presente antes da gravidez ou diagnosticada antes de 20 semanas de gestação. É considerada hipertensão quando a pressão arterial sistólica (PAS) é > 140 mmHg e/ou a pressão arterial diastólica (PAD) > 90 mmHg, medidas em duas ocasiões com 4 horas de intervalo. Também é considerada HC aquela diagnosticada pela primeira vez durante a gravidez e que não normaliza no pós parto. Pré-eclâmpsia (PE) 13 A tríade clássica da doença é: hipertensão, edema e proteinúria. Hipertensão: pode ser inicialmente discreta; nos momentos de valor mais exorbitantes, é acompanhada de sinais e sintomas de acometimento do sistema nervoso central (SNC), provocando cefaleia, escotomas cintilantes, visaõ borrada, nauseaś e vômitos. Edema patológico: edema de mãos e face persistente e progressivo, que naõ desaparece com o repouso. Proteinúria: variando de 0,3 g a 5 g em 24 h, ou maior que 1 g/l; Pré-eclâmpsia (PE) Classificação: PE leve PA > 140/90 mmHg após 20 semanas de IG em paciente normotensa antes da gestação; Proteinúria: 0,3 a 5 g em 24 horas; Sintomas cerebrais (cefaleia, tonturas, visão borrada, escotomas), ou digestivos (dor epigástrica, náuseas ou vômitos), ou trombocitopenia e alteração de enzimas hepáticas. PE grave Se constatado > 1 dos seguintes critérios: PA > 160/110 mmHg Proteinúria de 24h > 5 g Oligúria, com volume urinário < 500 ml/24h; Insuficiência renal; Distúrbios visuais ou cerebrais (cefaleia, visão borrada, cegueira, alteração do estado mental) persistentes; Edema pulmonar ou cianose; Dor epigástrica Insuficiência hepática Trombocitopenia (plaquetas < 100.000/µL) Restrição de crescimento fetal. 13 Pré-eclâmpsia (PE) Tratamento ambulatorial PE leve Tratamento ambulatorial. Solicitar o exame de urina de rotina e a dosagem de proteína urinaŕ ia, Rastreamento para identificaçaõ de crescimento intrauterino restrito (CIUR) Repouso de pelo menos 2 h durante o dia, em DLE Limitação das atividades fiś icas Dieta normossódica, normocalórica e hiperproteica, com suplementação de sulfato ferroso e ací do foĺ ico Tranquilizar a paciente, esclarecendo-a sobre a doenca,̧ suas causas, seus sinais e sintomas. PE grave A internacão̧ da paciente é obrigatória. Observar sinais e sintomas de agravamento. Registrar o peso diário, prescrever repouso em DLE, controlar o volume urinário (VU), avaliar, com exames complementares. O feto e a placenta devem ser avaliados após a 28ª semana de gravidez. Hipotensores deve ser considerado quando estiver a PAD ≥ 110 mmHg. Sulfato de magnésio para prevenção e/ou tratamento das convulsões; Se houver comprometimento fetal ou quadro clínico materno instável, a gravidez deve ser interrompida, independentemente da idade gestacional. 13 Eclâmpsia 23 É o surgimento de convulsões ou coma em pacientes com PE ou HG. As complicações maternas e neonatais mais frequentes são: Maternas Deslocamento prematuro da placenta Coagulopatia/Síndrome HELLP Edema pulmonar/aspiração Insuficiência renal aguda Eclâmpsia Insuficiência hepática ou hemorragia AVC Morte Morbidade cardiovascular a longo prazo. Neonatais Prematuridade Restrição de crescimento fetal Hipóxia com lesão neurológica Morte perinatal Morbidade cardiovascular a longo prazo associada ao baixo peso ao nascer (P < 2.500 g). Interrupção da gestação 23 Pré-eclâmpsia superposta à hipertensão crônica 23 É o surgimento de proteinúria (> 0,3 g/24h) após a IG de 20 semanas em portadora de HC Ou um aumento adicional da proteinúria em quem já apresentava aumento prévio; Ou ainda um aumento súbito da PA em quem apresentava níveis controlados previamente, ou alteração clínica ou laboratorial característica de PE. Técnica para aferir a PA 23 A pressão arterial (PA) deve ser medida no braco̧ direito relaxado e apoiado, com a mão aproximadamente no nível do coração. A afericão da PA, nos casos em que houver dúvidas quanto à presença de HA, deve ser realizada apoś 1 h de repouso (com a paciente sentada na sala de espera), permanecendo, durante o repouso, sem se alimentar, fumar ou tomar medicamentos. Colocar a borda inferior do manguito a 2 dedos transversos (4 cm) acima da prega cubital, identificar o pulso radial e inflar até o marcador atingir 20 mmHg acima do valor em que desaparece o pulso radial. Desinflar lentamente e, em seguida, utilizar o método auscultatoŕ io, determinando a PAS, que corresponde ao 1o som de Korotkoff, e a PAD, que corresponde ao 5o som que precede o desaparecimento total dos sons. Intervenção fisioterapêutica 23 A intervenção do fisioterapeuta em casos de gestações de alto risco, especialmente em mulheres que desenvolvem SHG,é bastante limitada. Isso se deve principalmente à escassez de um referencial teórico que dê suporte à prática clínica dos profissionais. Intervenção fisioterapêutica 23 Atendimento no leito A intervenção fisioterapêutica deve ser realizada apenas quando for obtida estabilização do quadro clínico e instituída a conduta médica conservadora. Portanto, o mais prudente é atender gestantes que estejam com pressão arterial até 140/90 mmHg e assintomáticas. Intervenção fisioterapêutica 23 Exercícios respiratórios: melhora a oxigenação e promove relaxamento. O fisioterapeuta deverá estar atento à dispneia de início súbito e à taquipnéia, que são sugestivas de trombose venosa profunda ou embolia pulmonar. Quando presentes deverá comunicar imediatamente à equipe para melhor investigação. Intervenção fisioterapêutica A manobra de Valsalva deve ser sempre evitada, especialmente em gestantes com síndromes hipertensivas, uma vez que pode ter repercussões sobre o sistema cardiovascular. ↑ Pressão intratorácica ↓ do Retorno venoso ↑ PA e ↑ FC para manter a perfusão dos órgãos. 23 Na avaliação das mamas o fisioterapeuta deve limitar- se à verificação do uso de sutiã de tamanho adequado e em orientações quanto aos cuidados durante o pré-natal. Evitar informações sobre amamentação. Edema - Repouso com elevação dos MMII, com exercícios que estimulem a circulação periférica; alternar as posturas para DLE. Incontinência Urinária: Exercícios para os MAP 23 IBnvaessttoigasraemt oasl.e(f1ei9to9s9d)o atendimento fisioterápico em 33 puérperas portadoras de pré-eclâmpsia. Exercícios respiratórios, circulatórios, para os MAP, abdominais e estimulação do peristaltismo intestinal. Observou-se aumento de até 10 mmHg logo após a intervenção, que duraram apenas 10 minutos. Exercícios realizados no leito Os autores concluíram que a realização dos exercícios não agravou o quadro clínico, uma vez que a variação pressórica decorreu de uma resposta fisiológica do aparelho cardiovascular quando submetido à prática de exercícios. 23 Exercícios em gestantes com fatores de risco para desenvolver pré-eclâmpsia 23 Estudos apontam a pratica de exercícios aeróbicos como proteção para desenvolvimento da pré-eclampsia em mulheres com fatores de risco. Reduções intermitentes de fluxo sanguíneo na placenta durante o exercício físico regular podem gerar uma resposta adaptativa do organismo materno, com crescimento placentário e melhora da vascularização. Isso promove aumento da perfusão placentária e melhoram a capacidade de transporte de oxigênio e suprimentos para o feto, o que previne o desenvolvimento anormal da placenta. Reduz o estresse oxidativo, aumentando o sistema de defesa antioxidante e limitando danos celulares Corrige a disfunção endotelial, por meio da melhora da dilatação, atenuando a deterioração vascular progressiva. Evidencias científicas 23 Amostra: 16 gestantas com fator de risco para HG. Protocolo: Bicicleta ergométrica, 3 vezes na semana, durante 10 semanas, por 30 min, sem ultrapassar o nível 13 na escala de percepção de esforço. Resultado: redução de em média 3,5 mmHg. Yeo et al. (2000), m̂ psia. Amostra: 79 gestantes de alto risco, sedentárias e com histórico de pré- ecla Protocolo: Grupo de caminhada (FC: 55 e 69%; FC máx de 12 ou 13 na Escala de Borg.) e grupo de alongamentos (10% da FCR). Os exercícios foram realizados 5 vezes na semana, com duraca̧ ̃o de 40 min, até o final da gestaca̧ ̃o. Resultados: menor incidência de pré- eclâmpsia ocorreu no grupo de alongamento. Yeo et al. (2008), Importante! A prescrição de exercícios para a gestante com fatores de risco deve ser individualizada e em comum acordo com a equipe médica. 23 Referências 23 BARACHO, Elza. Fisioterapia aplicada à Saúde da Mulher. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. FREIRE, Cláudia Maria Vilas; TEDOLDI, Citânia Lúcia. 17. Hipertensão Cardiol., arterial na gestação. Arq. Bras. São Paulo , v. 93, n. 6, supl. 1, p. 159- 165, Dec. 2009 .
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