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Saúde da Mulher, sexualidade humana e planejamento familiar por Gabrieli do Nascimento Dias Rodrigues 2021.2 MEDICINA UNIDERP TURMA TXXV AVISO O arquivo é de uso pessoal. PROIBIDO O REPASSE. O CONTEÚDO DESTE MATERIAL DESTINA-SE EXCLUSIVAMENTE A EXIBIÇÃO PRIVADA. É PROIBIDA TODA FORMA DE REPRODUÇÃO, DISTRIBUIÇÃO OU COMERCIALIZAÇÃO DO CONTEÚDO OBTIDO. O COMPARTILHAMENTO, A TÍTULO GRATUITO OU ONEROSO, LEVA À RESPONSABILIZAÇÃO CIVIL E CRIMINAL DOS ENVOLVIDOS. A VIOLAÇÃO DE DIREITOS SOBRE ESSE PDF É CRIME (ART. 184 DO CÓDIGO PENAL BRASILEIRO, COM PENAS DE 3 MESES A 4 ANOS DE RECLUSÃO E MULTA). Problema 01 PROBLEMA 1 Quanta Perfeição???? Abertura: 13.09 Intermediária I: 16.09 Intermediária II: 20.09 Fechamento: 23.09 Juscylene, Marta e Valdirene são três amigas que cursam o primeiro ano do ensino médio e conversam sobre as mudanças que estão ocorrendo nos seus corpos. Juscylene está incomodada, pois é muito baixa e que apesar de já ter 16 anos, seus peitos ainda não cresceram e também não menstruou. Marta se sente feia, pois é gordinha, muito peluda e nunca sabe quando irá menstruar e quando menstrua sente muita dor. Valdirene, a mais experiente, está preocupada, pois teve vários namorados e nem sempre usaram preservativos. Além do corrimento que a acompanhava há alguns meses, percebeu, há 2 dias, várias feridas nos grandes lábios, dolorosas e com dor ao urinar e dor em baixo ventre. Fez uso de banhos de assento com remédios caseiros, na esperança de melhorar. Foram juntas à UBSF e tiveram dificuldades para serem atendidas, pois estavam sem um responsável. O médico que as atendeu examinou-as. Achados do exame físico: ● Em Juscylene foi constatado Escala de Tanner M1P1 e abaixo do Z Escore Menos 2 para estatura. ● Em Marta verificou IMC 29 e manchas “café com leite” na região cervical e nas axilas. ● Em Valdirene: - Inspeção: Presença de múltiplas vesículas dolorosas em grande lábio direito e nódulo doloroso de consistência fibroelástica na região da fossa ilíaca direita. - Exame especular: Parede vaginal hiperemiada com conteúdo vaginal amarelado e com odor. Colo uterino hiperemiado com ectopia. Teste de Schiller tigróide. - Toque: Útero de tamanho e consistência normais com colo fibroelástico, discreta dor à mobilização, anexos não palpáveis. - Em seguida lhe medicou. Pediu que seu parceiro também fosse consultado. Solicitou exames para cada uma delas e orientou a atualização do calendário vacinal. OBJETIVOS PP: Como orientar as 3 amigas sobre suas respectivas queixas? 1 - Elucidar as principais causas da puberdade tardia (relacionando com Tanner e Score Z). 2 - Descrever o ciclo menstrual correlacionando com o eixo HHG. 3 - Descrever (fisiopatologia) as principais causas que podem levar às alterações (hemorragia uterina, amenorreia, dismenorreia) no ciclo menstrual (SOP, hipo e hipertireoidismo, hiperprolactinemia e hiperandrogenismo … → tudo o que altera o eixo HHG). 4 - Descrever as principais ISTs (etiologia, epidemiologia, fisiopatologia, quadro clínico, diagnóstico e tratamento da mulher e de seus parceiros com mecanismo de ação dos medicamentos: analgésicos, antibióticos e antinflamatórios - antibióticos com foco no caso de Valdirene). ● Descrever os tipos de corrimento vaginal e uretral 5 - Explicar as principais causas de dor pélvica (quadro clínico) e os mecanismos analgésicos (escala de analgesia). 6 - Esclarecer a fisiopatologia da doença inflamatória pélvica. 7 - Apontar as vacinas adequadas para a faixa etária. 8 - Avaliar principais problemas afetivos do adolescente. 9 - Explicar protocolo de atendimento ao adolescente pelo SUS (princípios éticos). Elucidar os exames que devem ser solicitados perante o quadro clínico de cada uma das três pacientes Objetivo 1 - Elucidar as principais causas da puberdade tardia (relacionando com Tanner e Score Z). Puberdad� Tardi� o� Interrompid� (mais comum em meninOs) OBSERVADA EM MENINAS QUE: Não desenvolveram nenhuma característica sexual secundária aos 13 anos Não tiveram menarca aos 15 anos (o 95° percentil é 14,5 anos) Não tiveram menarca decorridos 5 anos ou mais desde o início do desenvolvimento puberal ● AVALIAÇÃO: anamnese + exame físico, com atenção especial ao crescimento ● PODE OCORRER EM QUALQUER CRIANÇA COM DOENÇA CRÔNICA GRAVE: doença celíaca, doença de Crohn, doença pulmonar ou renal crônica, anemia falciforme e fibrose cística → pois geralmente são acompanhadas de DESNUTRIÇÃO (menos de 80 a 85% do peso corporal ideal) = deficiência hipotalâmica de GnRH → desaceleração do crescimento na 2º infância e atraso da adolescência - Se forem mantidos peso corporal e nutrição adequados, a secreção de gonadotrofina é suficiente para iniciar e manter a puberdade ANORMALIDADES ANATÔMICAS DO SISTEMA GENITAL certa relação com o Hipogonadismo Hipogonadotrófico DISGENESIA MÜLLERIANA: ausência ou hipoplasia das estruturas derivadas DUCTOS DE MULLER (tubas uterinas, útero e os dois terços superiores da vagina - lembrar de investigar os rins, que se formam juntos), que devem se fundir na linha média para formar as estruturas, mas por alguma alteração isso não acontece - pacientes apresentam cariótipo 46,XX e caracteres sexuais secundários normais, uma vez que os ovários estão presentes e funcionantes ● Associadas a aborto espontâneo, morte fetal, trabalho de parto pré-termo, apresentações anômalas e complicações do trabalho de parto ● Síndrome de Mayer-Rokitansky-Kuster-Hauser (MRKH) a disgenesia mulleriana mais comum: agenesia vaginal e anormalidades uterinas que variam desde útero rudimentar até ausente ● OBS: para diferenciar um útero septado de um bicorno = histerossalpingografia CLASSES ● CLASSE I: AGENESIA: vaginal, cervical, fúndica, tubária ou combinada ● CLASSE II: Útero unicorno: com um corno rudimentar (cavidade endometrial comunicante ou não comunicante, sem cavidade) ou sem cornos rudimentares ● CLASSE III: Útero didelfo ● CLASSE IV: Útero bicorno (completo até o orifício externo, parcial ou arqueado) ● CLASSE V: Útero septado (com septo completo ou incompleto) ● CLASSE VI: Útero com alterações luminais internas OBSTRUÇÃO DISTAL DO SISTEMA GENITAL → para identificar anormalidades: ressonância magnética e ultrassonografia intravaginal ● Hímen imperfurado (mais comum): impede eliminação da menstruação, que se acumula na vagina (hematocolpo) ou no útero (hematométrio), provocando abaulamento do hímen, que fica azulado → QUADRO CLÍNICO: dor abdominal vaga com exacerbações mensais ● Septo vaginal transverso: falha na fusão e canalização do canal vaginal (fusão do ducto de miller), atrapalha a exteriorização, para distinguir de hímen perfurado, é necessário um exame com anestesia Hipogonadismo = relativo a ESTRÓGENO e PROGESTERONA HIPOGONADISMO HIPERGONADOTRÓFICO ou primário FSH > 30 mUI/ml = aumento ou excesso de FSH e LH, e qualquer que seja o cariótipo, indica algum tipo de insuficiência/comprometimento ovariano (O PROBLEMA ESTÁ NA GÔNADA, pois hipófise e hipotálamo estão produzindo hormônios) → ocorre em 43% DISGENESIAS GONADAIS grupo de pacientes portadores de gônadas não diferenciadas ou diferenciadas irregularmente, com comprometimento funcional parcial ou completo, e fenótipo variável ● Tem genitália feminina, masculina ou ambígua ● Pode ocorrer por anomalia dos cromossomos sexuais e autossômicos ou devido a mutações em genes envolvidos na diferenciação sexual ● GÔNADA DISGENÉTICA: constituída somente de tecido fibroso, sem função hormonal ou produção de gametas, e sem estruturas que permitem caracterizá-la como ovário ou testículo ● CLASSIFICAÇÃO: disgenesia gonadal pura (DGP), disgenesia gonadal parcial ou incompleta e disgenesia gonadal mista DISGENESIA GONADAL PURA (atrofia da gônada, mas cariótipo normal) ● FENÓTIPO: feminino, sem ambiguidade genital, com presença de derivado mullerianos e gônadas disgenéticas (em “fita” ou “estria”: não não produzem hormônios esteróides nem inibina) ● CARIÓTIPO: 46,XX e 46,XY (Síndrome de Swyer - retirada das gônadas paraevitar neoplasia de células germinativas) ● QUADRO CLÍNICO: altura média e níveis elevados de FSH - DGP XX: amenorreia primária e atraso no desenvolvimento de caracteres sexuais secundários em indivíduos fenotipicamente femininos com cariótipo 46,XX e presença de dutos genitais internos femininos - DGP XY ou síndrome de Swyer: fenótipo feminino em indivíduos com cariótipo 46,XY e gônadas disgenéticas ● É atribuída a mutações gênicas (a mais comum é transmissão autossômica recessiva ou ligada ao cromossomo X) ● TRATAMENTO: estrógeno exógeno DISGENESIA GONADAL MISTA (altera o cariótipo) → mosaico (mutação em uma célula do embrião que faz com que a pessoa desenvolva o seu organismo com 2 tipos de material genético) ● CARIÓTIPO: 45,X/46,XX e 45,X/46,XY → espectro fenotípico que varia de genitais externos femininos a masculinos normais ou diferentes graus de ambiguidade genital ● QUADRO: presença de testículo disgenético de um lado e gônada disgenética ou ausente contralateral, persistência de derivados müllerianos ● Podem ter desenvolvimento normal na puberdade, apenas iniciar tratamento com estrógeno exógeno com base no nível de FSH DISGENESIA GONADAL COM ESTIGMAS DE SÍNDROME DE TURNER → menina baixa, de crescimento lento e sexualmente infantil ● Presente em 1 em 2.500 recém-nascidos com fenótipo feminino ● DIAGNÓSTICO DE SÍNDROME DE TURNER (etiologia mais importante): indivíduos de fenótipo feminino com ausência (total/ parcial) do 2º cromossomo sexual → CARIÓTIPO: 45,X ● QUADRO CLÍNICO: grandes higromas císticos do pescoço ao nascimento, crescimento lento e só a partir de 2 ou 3 anos, baixa estatura, linfedema, pescoço alado, múltiplos nevos (manchas, pintas) pigmentados, unhas pequenas e hiperconvexas e distúrbios do coração, rins e grandes vasos - inteligência normal ou incapacidade de avaliar formatos e relações dos objetos entre si - podem surgir pelos pubianos ou axiliares pois a adrenarca ocorre independentemente do eixo HHG → ASSOCIADO A: diabetes, distúrbios de tireóide e autoimunes e hipertensão ● TRATAMENTO: GH exógeno para aumentar altura final (desde 2 a 8 anos para > 150 cm) até altura satisfatória ou pequena possibilidade de crescimento, estrogênio exógeno quando a paciente estiver psicologicamente pronta (12 a 13 anos) para imitar desenvolvimento puberal normal e progestágenos após 1º sangramento vaginal ou 6 meses de estrógeno sem oposição, para evitar hiperplasia de endométrio “INSUFICIÊNCIA” GONADAL PRECOCE COM APARENTE DESENVOLVIMENTO OVARIANO NORMAL ● Ovários parecem se desenvolver normalmente mas não contém ovócitos na idade esperada da puberdade HIPOGONADISMO HIPOGONADOTRÓFICO LH e FSH < 10 mUI/ml = deficiência ou abolição de gonadotrofinas (FSH e LH), causada por anormalidades na secreção hipotalâmica de GnRH e/ou diminuição da liberação de gonadotrofinas pela hipófise (PROBLEMA ESTÁ NA HIPÓFISE OU HIPOTÁLAMO, POIS FSH e LH NÃO ESTÃO SENDO PRODUZIDOS) → ocorre em 30% ATRASO CONSTITUCIONAL = atraso global no desenvolvimento (pode ser tanto um causa isolada, como parte do hipogonadismo hipergonadotrófico) → GnRH, LH e FSH em níveis normais na pré puberdade - considerados pouco para a idade, mas aumentam em uma taxa normal ● CAUSAS: fatores familiares, doenças crônicas, desnutrição, problemas psicossociais secundários ● REFLETE: na idade óssea, altura ● Não causa impactos na fertilidade ● Só pode ser diagnosticado após excluir outras causas e comprovar desenvolvimento sexual normal por acompanhamento longitudinal ● Quanto mais abaixo do terceiro percentil para a altura = menor probabilidade de causa seja constitucional DEFICIÊNCIA ISOLADA DE GONADOTROFINA ● Associada a defeitos da linha média (síndrome de Kallmann): tríade anosmia, hipogonadismo e daltonismo - fenda labial e palatina, ataxia cerebelar (falta de equilíbrio/coordenação), surdez neurológica, anormalidades da sede e da liberação de vasopressina, agenesia renal unilateral e sincinesia (contrações musculares involuntárias decorrente de movimento voluntário de um músculo diferente) bimanual - EXAME CLÍNICO: amenorreia primária (ausência de menstruação após 14 e sem o desenvolvimento de caracteres sexuais secundários ou após os 16, com o desenvolvimento destes), infantilismo sexual - TRATAMENTO: administração pulsátil de GnRH exógeno (induz ovulação) ou reposição com estrogênio exógeno e um progestágeno (se não deseja engravidar) ● Independente de distúrbios associados ● Síndrome de Prader-Labhardt-Willi: obesidade, baixa estatura, hipogonadismo, mãos e pés pequenos (acromicria), retardamento mental e hipotonia do lactente ● Síndrome de Laurence-Moon-Bardet-Biedl: retinite pigmentar, polidactilia pós-axial, obesidade e hipogonadismo NEOPLASIAS DA REGIÃO HIPOTALÂMICO-HIPOFISÁRIA ● Craniofaringiomas: tumor da bolsa de Rathke → incomuns em crianças e podem ser assintomático até 20 anos - QUADRO CLÍNICO: cefaléia, distúrbios visuais, baixa estatura ou atraso do crescimento, puberdade tardia ou diabetes insípido - EXAME FÍSICO: defeitos do campo visual (hemianopsia - perda da visão - temporal bilateral), atrofia óptica ou papiledema (aumento da pressão cerebral faz inchar parte do nervo óptico) - AVALIAÇÃO LABORATORIAL: hiperprolactinemia - TRATAMENTO: excisão cirúrgica ou radioterapia ● Adenomas hipofisários ANOREXIA NERVOSA E DISTÚRBIOS RELACIONADOS ● QUADRO CLÍNICO: emagrecimento considerável e disfunção psicológica (comportamento distorcido e excêntrico com relação aos hábitos alimentares, à comida ou ao peso) → FHS e LH baixos, hipercortisolismo (apesar dos níveis normais de ACTH, mas sua resposta a CRH é reduzida), T3 circulante baixo ● Se começar muito cedo, o desenvolvimento puberal pode ser retardado ou interrompido ● Todas as manifestações são reversíveis com o ganho de peso, exceto a amenorreia (persiste em 30 a 47%) e a osteopenia ● TRATAMENTO: multidisciplinar ● BULIMIA = peso corporal geralmente se mantém normal então o atraso do desenvolvimento ou a amenorreia são incomuns HIPOTIREOIDISMO PRIMÁRIO (doença na tireóide - autoimune) → associado a hiperprolactinemia ● MECANISMO = T3 e T4 baixos provoca TSH elevado (na hipófise) → eleva TRH (no hipotálamo) → aumenta PROLACTINA = feedback negativo em LH e FSH ● TSH elevado = diminuição do metabolismo → gera hiperglicemia = aumenta a produção de insulina no fígado e seu tempo de atividade ● NO FÍGADO: SHBG (globulina ligadora de hormônios sexuais - é produzida no fígado e afeta a função de testosterona e estrogênio) diminui, provocando o aumento de ANDROGÊNIOS (testosterona) ● NA HIPÓFISE: FSH diminui e LH aumenta HIPERPROLACTINEMIA: ● Estresse, excesso de exercício físico ou alimentação = aumenta a SEROTONINA → aumenta PROLACTINA (também efeito direto do hipotireoidismo) → diminui LH e FSH, compete com o LH pelos receptores e inibe aromatase (faz a aromatização para que o andrógeno vire estradiol e não testosterona) = diminui seleção e maturação folicular → ATRESIA FOLICULAR = ANOVULAÇÃO ● PROLACTINOMAS HIPOFISÁRIOS = tumores benignos de hipófise que se caracterizam pela produção anormalmente elevada de prolactina, geralmente > 100 (não deveria ser produzida pois desenvolvimento mamário ainda não está completo e não há possibilidade de galactorréia - produção de leite sem amamentar) → raros na adolescência, mas é possível - HISTÓRIA: menarca tardia ● OBS: elevações menores de prolactina são por alguma medicação/ droga ● HIPOTIREOIDISMO PRIMÁRIO = níveis aumentados de TRH (hormônio liberador da tireoide) estimulam a secreção de prolactina ● SÍNDROME DA SELA VAZIA = sela turca aumentada, mas substituída por líquido cerebrospinal USO DE QUIMIOTERÁPICOS (PRINCIPALMENTE ALQUILANTES) → pode ser hipo hipo e hipo hiper, pois afeta tanto as gônadas como hipófise e hipotálamo ● Radioterapia do abdome e quimioterápicos sistêmicos = efeitos tóxicos sobre - Células germinativas das gônadas → insuficiência ovariana (atividade ovariana espontânea pode retornar anos após o tratamento) - Ação na hipófise e hipotálamoATIVIDADE FÍSICA EXCESSIVA → ingestão inadequada + alto gasto energético ● Diminuição leptina (pela diminuição do percentual liídico) = diminuição da frequência dos pulsos de GnRH = pacientes são hipoestrogênicas ● Aumenta o fator liberador de corticotrofina (CRF) → aumenta ACTH: - Diminui GnRH = afeta todo o eixo - Aumenta CORTISOL = diminui absorção mineral óssea OUTRAS CAUSAS Processos infiltrativos (histiocitose do tipo células de langerhans) Lesão por irradiação do sistema nervoso central Doenças crônicas graves com desnutrição Amenorreia hipotalâmica grave (rara) fármacos antidopaminérgicos e inibidores do hormônio liberador de gonadotrofinas (principalmente agentes psicotrópicos, opiáceos) Síndrome de cushing Diagn�tic� ● ANAMNESE: hábitos nutricionais, atividade física e sua intensidade, presença de doença crônica ou o uso de medicações, cefaleia, distúrbios visuais, anosmia, convulsões e deficiência mental e dados de nascimento, progressores do crescimento, doenças atuais e pregressas, história familiar - se faz quimio o radioterapia: relacionadas à falência ovariana ou hipogonadismo hipogonadotrófico (se no SNC) ● EXAME FÍSICO: curva de crescimento (se vem crescendo pouco desde a infância, pode ser uma deficiência hipofisária de GH associada a uma deficiência gonadotrófica), estágio dos caracteres sexuais secundários, pescoço alado, cúbito valgo, excesso de nevus e implantação baixa do cabelo, típicos de síndrome de Turner ● EXAMES: radiografia de mãos e punhos para avaliar a idade óssea, ultrassonografia pélvica para avaliação dos órgãos genitais internos, RM de crânio (se os sintomas ou sinais neurológicos associados sugerirem um processo central ou se a avaliação laboratorial for consistente com doença hipotálamohipofisária), dosagens de FSH, LH, estradiol sérico, prolactina, TSH e T4 livre, além do cariótipo Tratament� d� Puberdad� Tardi� ● Identificar causas para tratamento específico ● Quando não se consegue o diagnóstico causal inicia-se o tratamento com a substituição hormonal aos 11 a 12 anos de idade cronológica 3 fases - objetivo é manter e induzir a puberdade normal 1º FASE: ESTROGÊNIO por via oral ou transdérmica, inicialmente em doses baixas (0,15 mg por dia) de 6 a 12 meses → promove estímulo mamário e estirão ● Ir aumentando a dosagem conforme a evolução dos caracteres sexuais secundários, até a dose de 0,625 mg ao dia ininterruptamente 2º FASE: após 2 anos do uso de estrogênio isoladamente, iniciar a utilização de progestagênio cíclico (ex: acetato de medroxiprogesterona) na dose de 5 a 10 mg por dia, durante 10 dias em cada ciclo → promove menstruação regular, completa crescimento mamário e estimula a deposição mineral óssea 3º FASE: manutenção com anticoncepcional Aplicand� a� Problem� Em mulheres que não desenvolveram características sexuais secundárias até a maturidade (CASO DE JUSCYLENE: M1 e P1, abaixo do score Z -2 para altura) = verificar níveis basais de FSH, prolactina (prolactina diminui LH e FSH e inibe aromatase = diminui seleção e maturação folicular e causa = ANOVULAÇÃO) e idade óssea por radiografia do punho da mão não dominante (pode não ter progredido pela falta dos esteroides sexuais) ● Se concentrações basais de FSH aumentadas: analisar o cariótipo (pois já não é uma hiperprolactinemia, o hormônio está sendo produzido) ● Se FSH normal para a idade: gônadas ativas ● Se níveis de prolactina elevados: avaliar a função da tireoide dosando TSH (abaixo do normal prejudica o crescimento e também hipotireoidismo aumenta TRH, que aumenta prolactina) → verificar se há hipotireoidismo primário - Se função da tireóide normal: possível existência de neoplasia hipotalâmica ou hipofisária (PROLACTINOMAS) → avaliação por RM ou TC Fl�ogram� d� Investigaçã� d� Puberdad� Tardi� REFERÊNCIAS: Tratado de Ginecologia - Berek e Novak - 15º edição Tratado de Ginecologia da FEBRASGO (capa verde) Resumo Malu e Fernanda Objetivo 2 - Descrever o ciclo menstrual correlacionando com o eixo HHG. Puberdad� Norma� início da secreção de GnRH que culmina no surgimento de caracteres sexuais secundários, alcançando a capacidade de produção sexual EM MENINAS = de 8 a 13 anos ORDEM DOS ACONTECIMENTOS ADRENARCA 6 a 8 anos HIPOTÁLAMO libera CRH (hormônio liberador de corticotrofina) → ADENO HIPÓFISE (hipófise anterior) libera ACTH (hormônio adrenocorticotrófico/ corticotrofina) → age na SUPRARRENAL/ adrenal = início da produção de ANDRÓGENOS (testosterona) ● Provoca acne ● Faz com que pelos pubianos e axilares se desenvolvam independente da ativação do eixo HHG TELARCA Aparecimento do broto mamário ESTIRÃO PUBERAL 11 a 12 anos Fase de crescimento acelerado PUBARCA Aparecimento de pelos pubianos AXILARCA Aparecimento de pelos axilares MENARCA 12 a 13 anos 1º menstruação ocorre 2 a 2,5 anos após a telarca DESACELERAÇÃO DA VELOCIDADE DE CRESCIMENTO OBS: GONADARCA é a maturação do eixo HHG FATORES QUE INFLUENCIAM A PUBERDADE: ● Estado nutricional ● Saúde geral ● Região geográfica ● Exposição a luz ● Estado psicológico ● Genética OMS considera adolescência o período entre 10 e 19 anos: ● Adolescência Inicial: 10 a 13 anos ● Adolescência Média: 14 a 16 anos ● Adolescência Tardia: 17 a 19 anos E�� Hipotálam� - Hipófis� - Gônada� O processo reprodutivo feminino se inicia na PUBERDADE → HIPOTÁLAMO → hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) → ADENO-HIPÓFISE (hipófise anterior) → gonadotrofinas: Hormônio folículo-estimulante (FSH) e Hormônio luteinizante (LH) → OVÁRIO → ESTRÓGENO e PROGESTERONA → ENDOMÉTRIO PUBERDADE: CÓRTEX CEREBRAL manda células neurossecretoras do HIPOTÁLAMO sintetizarem hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) em PULSOS (coordenados por neuro hormônios e fatores ambientais = alteração de amplitude e frequência dos pulsos) GnRH, que controla a liberação de GONADOTROFINAS (hormônios protéicos secretados pela hipófise) é transportado pelo sistema porta hipofisário → chega até a ADENO-HIPÓFISE (hipófise anterior) e estimula as células gonadotróficas a secretarem hormônios: ● HORMÔNIO FOLÍCULO-ESTIMULANTE (FSH): NO OVÁRIO estimula o recrutamento e maturação dos folículos ovarianos e a produção de ESTROGÊNIO por eles - REGULAÇÃO HORMONAL: ● Quanto mais estrogênio, menos FSH (feedback negativo na adenohipófise), impede o desenvolvimento adicional de folículos no mesmo ciclo e mais LH (feedback positivo), estimula a ovulação ● Quanto mais estrogênio, mais estrogênio (mesmo que os níveis de FSH e LH diminuam) ● HORMÔNIO LUTEINIZANTE (LH): NO OVÁRIO dispara a ovulação (liberação do oócito secundário) e estimula o corpo lúteo a produzir PROGESTERONA ESTRÓGENO e PROGESTERONA → são ESTERÓIDES SEXUAIS, produzidos a partir do colesterol obtido na dieta ou endógeno (produzido no fígado): colesterol circulante é captado no órgão de esteroidogênese (OVÁRIOS - células da granulosa e da teca - , adrenal, fígado, tecido adiposo e etc…) → inicialmente é convertido em PROGESTERONA (21 carbonos) → enzimas geram ANDROGÊNIO (19 carbonos) → AROMATASE faz o ESTROGÊNIO (18 carbonos) = atuam sobre o útero = CICLO MENSTRUAL Cicl� Menstrua� período no qual o oócito amadurece, é ovulado e entra na tuba uterina ● MENARCA = 1º menstruação - ocorre após 3 anos do início da secreção de GnRH pelo hipotálamo ● 1º DIA DO CICLO: dia de início do fluxo menstrual ● TEMPO MÉDIO DO CICLO: 28 dias, variando entre 21 e 35 dias ● TEMPO MÉDIO DE FLUXO MENSTRUAL: 2 a 7 dias ● MÉDIA DO VOLUME DE PERDA SANGUÍNEA: de 25 a 70 ml + 35 mL (líquido seroso e restos celulares) ● O ciclo estimula o desenvolvimento de 5-12 folículos primários, mas só 1 deles matura por ciclo (alternando entre os ovários direito e esquerdo) → HORMÔNIO ANTI-MÜLLERIANO (AMH) = atua como REGULADOR, diminui a sensibilidade do folículo ao FSH → evita que muitos se desenvolvam ao mesmo tempo Durante os primeiros 2 a 5 anos após a menarca, a maioria dos ciclos é anovulatória A transição para ciclos ovulatórios é consequência da maturação do eixo HHG (feedback positivo: nível crescentede estrogênio desencadeia pico de LH e ovulação) MENSTRUAÇÃO (início: 1º ao 5º ou 6º dia) ● Sem blastocisto, CORPO LÚTEO se degenera (CORPO ALBICANS = cicatriz branca no tecido ovariano) → diminui ESTRÓGENO e PROGESTERONA → contração das ARTÉRIAS ESPIRALADAS = ISQUEMIA ENDOMETRIAL: rompimento de lisossomos + enzimas proteolíticas = NECROSE da camada superficial do endométrio → DESCAMAÇÃO = endométrio fino e com erosão 1º FASE DO CICLO (0 a 14º dia) 2º FASE DO CICLO (14º a 28° dia) CICLO FASE FOLICULAR (dura de 10 a 20 dias) ● Hormônio predominante: FSH ● FSH atua nas células da granulosa de 5 a 12 folículos I = FOLÍCULOS PRIMÁRIOS aumentam de tamanho ● Folículos em desenvolvimento produzem ESTRÓGENO FASE LÚTEA (dura de 11 a 16 dias) ● Hormônio predominante: LH ● LH atua nas paredes do folículo de graaf, que colapsam → forma o CORPO LÚTEO, com gotículas de lipídeos e grânulos de glicogênio OVARIANO ● LH age nas células da teca → formação da TECA CAPSULAR: teca interna (glandular) e externa (capsular) → produzem fatores angiogênicos ● Surge o ANTRO → folículo cresce repentinamente = FOLÍCULO DE GRAAF: forma OVÓCITO SECUNDÁRIO e 1º CORPÚSCULO POLAR ● CORPO LÚTEO secreta PROGESTERONA (enquanto estrogênio vai diminuindo) → prepara endométrio para gestação (nidação e implantação do blastocisto) CICLO UTERINO FASE PROLIFERATIVA (fim da menstruação até o 14º dia) ● Hormônio predominante: ESTRÓGENO (produzido pelos folículos em maturação) ● ESTRÓGENO estimula: crescimento progressivo dos BROTOS GLANDULARES da decídua basal e mitose da decídua funcional ● Aumenta o nº de GLÂNDULAS ENDOMETRIAIS (evoluem de retas e estreitas para longas e tortuosas) = preparação para a implantação de um possível embrião ● ARTÉRIAS ESPIRALADAS se alongam = aumenta nutrientes e O² e ENDOMÉTRIO triplica sua espessura FASE SECRETORA ● Hormônio predominante: PROGESTERONA (várias ações) ● Bloqueia a síntese de DNA e mitose (induzidas pelo estrógeno) ● Estimula aumento das GLÂNDULAS, secreção de GLICOGÊNIO e depósito de LIPÍDEOS = para nutrir embrião antes da formação da placenta ● Aumenta ESPESSURA e VASCULARIZAÇÃO (artérias espiraladas mais tortuosas) do endométrio ● Promove ESPESSAMENTO do muco cervical (previne ascendência de patógenos) OVULAÇÃO (no meio das fases do ciclo ovariano) PICO DE LH = fragilização da membrana do folículo de graaf + pressão dentro do folículo + contração do músculo liso da teca externa → OÓCITO MADURO é expelido do folículo maduro → liberado nas TUBAS UTERINAS REFERÊNCIAS: Tratado de Ginecologia - Berek e Novak - 15º edição Tratado de Ginecologia da FEBRASGO (capa verde) Meus resumos de concepção e pediatria Objetivo 3 - Descrever (fisiopatologia) as principais causas que podem levar às alterações (hemorragia uterina, amenorreia, dismenorreia) no ciclo menstrual (SOP, hipo e hipertireoidismo, hiperprolactinemia e hiperandrogenismo … → tudo o que altera o eixo HHG). Síndrom� d� Ovári� Policístic�(SOP) síndrome é heterogênea e pouco definida, com dificuldades clínicas no diagnóstico e tratamento - presente quando caracteres secundários e anatomia são normais MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: ● Sobrepeso (nem sempre) → obesidade é comum em 80% das mulheres com SOP ● Hirsutismo, acne, pele oleosa, alopécia (pela redução da enzima 5-alfa redutase no folículo piloso - testosterona não é convertida e aumenta perifericamente) ● Alguns casos: menarca tardia e amenorréia primária ● Acantose nigricans ● Anovulação e subfertilidade (baixa frequência de ovulação) ● Algum grau de resistência insulínica ● Meninas se tornam feminilizadas e masculinizadas na puberdade (pois os níveis circulantes de estrógeno não estão diminuídos, mas há leve aumento dos ANDRÓGENOS) ● Casos mais graves: sinais de virilização, clitoromegalia FISIOPATOLOGIA: ● Hipersecreção de LH (aumento na amplitude dos pulsos nas células da teca) e baixa (ou no limite inferior) secreção de FSH (que atua na células da granulosa) = hiperatividade das células da teca, que produzem androgênios (testosterona) em quantidades aumentadas, sem sua conversão em estradiol (forma importante do estrógeno) ● Alteração na síntese de esteróides a nível adrenal ● Resistência à insulina (para ação no músculo estriado e tecido adiposo) = hiperinsulinemia compensatória = aumento da insulina circulante, que tem ação sinérgica ao LH e também estimula a produção de androgênios nas células da TECA, além de reduzir produção da SHBG (proteína carreadora de estrógenos pelo fígado) = aumento da concentração de andrógenos livres (fração ativa) ● A atividade da enzima 17-hidroxilase (transforma progesterona em testosterona) aumenta nos ovários = hiperprodução androgênica ● O IGF-1 (fator de crescimento semelhante a insulina tipo 1) inibe a AROMATASE, impedindo a conversão de testosterona em estrógeno = mais testosterona ● Ligação excessiva da insulina sérica aos receptores de IGF-1 nos tecidos periféricos determina a proliferação de queratinócitos e fibroblastos = ACANTOSE NIGRICANS “PORQUE O NOME OVÁRIOS POLICÍSTICOS?” Ação da insulina sinérgica ao LH recruta muitos folículos e a ativação folicular ocorre em múltiplos folículos de forma intensa, mas eles não sofrem atresia e nem depleção precoce, e com os baixos níveis de FSH, não há sua maturação completa, mantendo-os no estágio intermediário = MORFOLOGIA POLICÍSTICA NO OVÁRIO e ciclos anovulatórios COMPLICAÇÕES: precursora de diabetes tipo 2, aumento do risco de hiperplasia do endométrio, câncer, diabetes, doença cardiovascular (HA) e vascular cerebral, dislipidemia e condições psicoemocionais (depressão) CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS: quase sempre clínico, ultrassonografia pélvica bidimensional ● CRITÉRIOS DE ROTTERDAM: é preciso ter pelo menos 2 - Sinais clínicos e/ou bioquímicos de hiperandrogenismo - Oligomenorréia/oligoovulação ou amenorréia/anovulação = ausência de menstruação por > 90 dias e ocorrência de < 9 ciclos menstruais por ano - Ovários policísticos por US (existência de 12 ou mais folículos, de 2 a 9 mm de diâmetro em cada ovário ou aumento de volume ovariano > 10 mL) NHI = National Institutes of Health → Instituto Nacional de Saúde PCOS Society = Polycystic Ovarian Syndrome Society ● ÍNDICE DE FERRIMAN-GALLEWAY: escala para quantificação de pelos em 9 áreas andrógeno dependentes, sendo que cada localização soma de 0 (ausência completa de pelos) a 4 (crescimento acentuado de pelos) pontos → varia de acordo com etnia da paciente - hirsutismo = pontuação de 4 a 6 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: doenças possíveis, ir por eliminação → SEMPRE excluir outras causas: elevação de prolactina, disfunção tireoidiana, hiperplasia suprarrenal congênita (início na vida adulta) e neoplasias secretoras de andrógeno Outra� causa� SEM CARACTERES SEXUAIS SECUNDÁRIOS HIPOGONADISMO HIPERGONADOTRÓFICO ● DISTÚRBIOS GENÉTICOS: - Síndrome de Turner - Cromossomo X anormal - Mosaicismo (45,X ou 47, XXY) - Disgenesia gonadal pura ● DEFICIÊNCIAS ENZIMÁTICAS: - Hiperplasia da suprarrenal congênita - Deficiência de 17-alfa-hidroxilase e aromatase ● MUTAÇÕES RARAS DO RECEPTOR DE GONADOTROFINA: - Mutação do receptor LH - Mutação do receptor FSH HIPOGONADISMO HIPOGONADOTRÓFICO ● ALTERAÇÃO DA SECREÇÃO DO GnRH (hormônio liberador de gonadotrofina): atraso fisiológico de reação tardia aos pulsos GnRH → CAUSAS: doença crônica, a desnutrição, o estresse, os transtornos psiquiátricos, os transtornos alimentares e o exercício físico ● Síndrome de Kallmann (insuficiente secreção pulsátil) DISTÚRBIOS GENÉTICOS ● Deficiência de 5 alfa redutase ● Deficiência de FSH ● Mutação do receptor GnRH COM CARACTERES SEXUAIS SECUNDÁRIOS E ANORMALIDADES ANATÔMICAS ANOMALIAS DO TRATO DE SAÍDA E DUCTO DE MULLER: bloqueio ou ausência de útero funcional ● Bloqueios transversais ● Hímen imperfurado ● Anomalias mullerianas ● Ausência de atividade endometrial INSENSIBILIDADE ANDROGÊNICA HERMAFRODITISMO VERDADEIRO COM CARACTERES SEXUAIS SECUNDÁRIOS E ANATOMIA PÉLVICA NORMAL SOP HIPERPROLACTINEMIA: ● Causa comum de anovulaçãoem mulheres ● Elevação da prolactina (que normalmente ocorre apenas na gravidez e se normalizam em até 6 meses após o parto), que leva a secreção excessiva de hormônios hipofisários que inibem secreção de GnRH = distúrbios menstruais (amenorreia, anovulação e oligomenorréia) ● CAUSAS: adenomas hipofisários produtores de prolactina, lesões do SNC que perturbam o transporte normal de dopamina (inibe secreção de prolactina) ou medicamentos que interferem secreção normal de dopamina INSUFICIÊNCIA OVARIANA PRIMÁRIA (IOP) ● Amenorréia por 4 vezes ou mais em mulheres com < 40 anos acompanhada por níveis séricos de FSH correspondentes a menopausa ● CAUSAS: diminuição da população de folículos ou aceleração da atresia folicular ● SINTOMAS: fogachos, sudorese noturna e labilidade emocional ● Se o ovário não se desenvolver ou interromper sua produção de hormônio antes da puberdade, a paciente não desenvolve caracteres sexuais secundários sem terapia hormonal exógena ● Caso a insuficiência ovariana se inicie mais tarde, a mulher tem caracteres sexuais secundários normais LESÕES HIPOFISÁRIAS E HIPOTALÂMICAS ● Tumores hipotalâmicos podem impedir secreção hormonal ● Tumores de hipófise podem destruir parte da glândula (raro) e provocar hipopituitarismo ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ Padrão menstrual pode ser alterado por ação direta dos hormônios da tireoide sobre os ovários, ou por ação indireta sobre a secreção de prolactina (PRL) e hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH HIPERTIREOIDISMO: ● Elevações das concentrações séricas de LH e FSH, estradiol total (livre fica inalterado), estrona, testosterona e redução das concentrações de progesterona ● MANIFESTAÇÕES MAIS COMUNS: hipo e oligomenorréia, redução de fertilidade HIPOTIREODISMO ● FHS e LH se mantendo normais ● Redução das concentrações de estradiol total (livre permanece normal), estrona e testosterona (livre se mantém normal) ● Elevação simultânea dos níveis de TSH e prolactina = tratar hipotireoidismo, pois o TSH estimula a secreção de prolactina ● Pode causar atraso na puberdade ou resultar em pseudopuberdade precoce ● MANIFESTAÇÕES MAIS COMUNS: ciclos menstruais normais com polimenorréia e hipermenorréia, redução de fertilidade DIMINUIÇÃO DE LEPTINA OU EMAGRECIMENTO/DIETA → amenorreia ● Leptina é secretada por adipócitos e participa da homeostasia energética do corpo, por meio de receptores no hipotálamo, modula a função menstrual: aumenta os níveis de LH, estrógeno e hormônio tireoidiano = ovulação ● CAUSAS: exercício físico, distúrbios alimentares ESTRESSE: elevação da secreção de CRH inibe secreção hipotalâmica de GnRH OBESIDADE → sangramento uterino irregular com anovulação ● Mulheres obesas tem número excessivo de adipócitos, é neles que ocorre a AROMATIZAÇÃO extraglandular de ANDRÓGENO em ESTRÓGENO ● Como mulheres tem menos globulina de ligação de hormônios sexuais, os androgênios ficam livres em maior proporção, sendo convertidos em estrona ● Excesso de andrógeno livre é eliminado pelo aumento da taxa de depuração metabólica, mas esse mecanismo compensatório diminui com o tempo e pode haver HIRSUTISMO ● O excesso de estrogênio aumenta o risco de câncer endometrial ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ Alteraçõe� n� cicl� menstrua� ● Irregularidade menstrual é comum na adolescência = 50% dos ciclos menstruais são anovulatórios nos primeiros 2 anos após a menarca → pela imaturidade fisiológica do eixo HHG: ausência de feedback positivo do estrógeno sobre a seção de LH, que impede o pico necessário para a ovulação ● MERECEM AVALIAÇÃO pacientes que apresentam sangramento vaginal anormal em duração, frequência ou quantidade AMENORRÉIA (fisiológica na gestação): ausência completa de menstruação em mulher em idade fértil (na menacme) ● PRIMÁRIA (sem menarca): ausência de menstruação aos 13 anos e sem caracteres sexuais secundários visíveis ou aos 15 anos, com caracteres sexuais secundários normais ● SECUNDÁRIA (após menarca): ausência de menstruação por > 6 meses ● OBS: dosar FSH, prolactina e T4 e TSH (se houver suspeita de disfunção tireoidiana) - Prolactina elevada: HIPERPROLACTINEMIA - FSH: define se há ou não hipoestrogenismo → pode estar normal na SOP - Prolactina normal + FSH elevado = insuficiência ovariana - TSH elevado: disfunções tireoidianas DISTÚRBIOS DURAÇÃO: ● HIPERMENORREIA: menstruação por > 7 dias → insuficiência lútea: descamação irregular do endométrio ● HIPOMENORRÉIA: fluxo menstrual de pouca duração (também reduzido em quantidade) → insuficiência folicular: menor produção de estrógeno DISTÚRBIOS DE QUANTIDADE: ● MENORRAGIA: sangramento uterino excessivo > 80mL ou por > 7 dias ● OLIGOMENORRÉIA: menstruação com baixa frequência, ciclo menstrual > 35 dias ou <10 menstruações/ ano DISTÚRBIOS DE INTERVALO: ● POLIMENORRÉIA: encurtamento do ciclo > 5 dias, com intervalo < 24 dias - TIPO I: fase folicular encurtada (4 a 5 dias) e ovulação prematura - TIPO II: fase lútea encurtada - TIPO III: existe apenas fase folicular ● PROIOMENORREIA: encurtamento do ciclo em 3 a 5 dias, que resulta em aumento da frequência da menstruação ● OPSOMENORREIA: atraso em geral de 5 a 10 dias, determinando ciclos com até 45 dias → maior duração do corpo lúteo ● ESPANIOMENORREIA: atraso de menstruação em intervalos entre 45 e 60 dias - TIPO I: fase folicular longa - TIPO II: fase folicular longa sem ovulação e corpo lúteo → SOP ● METRORRAGIA: perda sanguínea prolongada, irregular e sem caráter rítmico, fora da época do ciclo menstrual REFERÊNCIAS: Tratado de Ginecologia - Berek e Novak - 15º edição Endocrinologia Feminina e Andrologia - Ruth Clapauch Amenorréia - Protocolos FEBRASGO nº 38 - 2018 Resumo Malu e Fernanda Síndrome dos Ovários Policísticos - FEBRASGO: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5110562/mod_resource/content/1/sop-febrasgo.pd f https://www.passeidireto.com/arquivo/86592201/modulo-x-saude-da-mulher-sdm https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5110562/mod_resource/content/1/sop-febrasgo.pdf https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5110562/mod_resource/content/1/sop-febrasgo.pdf https://www.passeidireto.com/arquivo/86592201/modulo-x-saude-da-mulher-sdm Objetivo 4 - Descrever as principais ISTs (etiologia, epidemiologia, fisiopatologia, quadro clínico, diagnóstico e tratamento da mulher e de seus parceiros com mecanismo de ação dos medicamentos: antibióticos com foco no caso de Valdirene). Úlcer� Anogenita�: lesões em vagina, colo uterino e vulva, com perda de derme ou derme e epiderme Linfogranuloma venéreo (LGV) Cancróide Herpes genital Donovanose Sífilis LINFOGRANULOMA VENÉREO (LGV) → linfogranuloma inguinal ou mula ou bubão ou doença de Nicolas-Favre AGENTE ETIOLÓGICO Chlamydia trachomatis → BACTÉRIA, sorotipos: L1, L2 e L3, bactéria gram negativa intracelular obrigatória ● PERÍODO DE INCUBAÇÃO: 3 a 32 dias ● TRANSMISSÃO: sexual → fatores de risco: múltiplos parceiros sexuais, a soropositividade para o HIV e sexo anal EPIDEMIOLOGIA Baixíssima prevalência = diagnóstico de exceção FISIOPATOLOGIA Sorotipo é altamente invasivo aos tecidos linfáticos QUADRO CLÍNICO ● FASE DE INOCULAÇÃO (3 a 12 dias): pápula ou pústula em genitália externa, parede vaginal posterior, colo uterino, fúrcula, que evolui para úlcera indolor e regride espontaneamente em 3 a 5 dias → raramente notada por paciente e profissionais ● FASE DE DISSEMINAÇÃO LINFÁTICA REGIONAL (1 a 6 semanas após 1º lesão): infecção de linfonodos inguinal e/ou femoral (70% unilateral) = adenite (inflamação) - na mulher, depende do local de inoculação ● FASE DE SEQUELAS: - Comprometimento ganglionar: supuração (formação de pus) e fistulização por orifícios múltiplos = linfonodos parcialmente fundidos numa grande massa - Formação de cicatrizes e retrações - Elefantíase genital (obstrução linfática crônica) = ESTIOMENE na mulher - Proctitee proctocolite hemorrágica - Fístulas retais, vaginais, vesicais e estenose retal ● SINTOMAS GERAIS: febre, mal-estar, anorexia, emagrecimento, artralgia, sudorese noturna e meningismo DIAGNÓSTICO ● Clínico, epidemiológico e por exclusão de outras etiologias ● EXAMES: sorológico (mais empregado), elisa (alta sensibilidade - identificação dos anticorpos contra o antígeno), PCR (alta sensibilidade e especificidade) TRATAMENTO 1ª opção: Doxiciclina 100mg, VO, 1 comprimido, 2x/dia, por 21 dias 2ª opção: Azitromicina 500mg, 2 comprimidos, VO, 1x/semana, por 21 dias (preferencial nas gestantes) MECANISMO DE AÇÃO - MEDICAMENTO DOXICICLINA = ANTIBACTERIANO TETRACICLINA → age interferindo no metabolismo de bactérias, ao se ligar à subunidade 50S dos ribossomos bacterianos, impedindo a sua proliferação AZITROMICINA = ANTIBACTERIANO MACROLÍDEO → se ligam à subunidade 50s do ribossomo, impedindo a síntese proteica, transpeptidação e translocação TRATAMENTO DO PARCEIRO SIM - devem ser tratados da mesma forma caso sejam sintomáticos ● Se forem assintomáticos = Azitromicina 1g, via oral, dose única ou Doxiciclina 100mg, via oral, de 12 em 12 horas, por 7 dias CANCRÓIDE → cancro mole ou cancro venéreo ou cancro de ducrey AGENTE ETIOLÓGICO Haemophilus ducreyi → BACTÉRIA, cocobacilo gram negativo, mais frequente em regiões tropicais ● PERÍODO DE INCUBAÇÃO: 3 a 7 dias ● TRANSMISSÃO: sexual EPIDEMIOLOGIA Pouco frequente: 3º causa mais comum de ÚLCERAS GENITAIS ● Mais frequente em homens QUADRO CLÍNICO ● Pequenas pápulas dolorosas e múltiplas → em 48h se rompem = formam úlceras rasas, com bordas irregulares = destruição tecidual acentuada ● Feridas com exsudato necrótico, amarelado e com odor fétido → se removido revela tecido de granulação de fácil sangramento ● Linfonodos inguinais se tornam dolorosos, aumentados e aderidos entre si = podem formar abscesso → aspiração com agulha de grosso calibre para alívio e flutuação OBS: ● MULHERES: na fúrcula e face interna dos pequenos e grandes lábios ● Após tratamento, pacientes devem ser reexaminadas em até 7 dias para monitorar resolução gradual da úlcera genital em 2 semanas DIAGNÓSTICO ● Exame bacterioscópico: limpeza da lesão com soro fisiológico, coletar (com alça de platina ou espátula) exsudato purulento do fundo da lesão ● Cultura para H. ducreyi e a biópsia da UG = úteis no diagnóstico diferencial ou em casos não responsivos à terapia empregada TRATAMENTO 1° OPÇÃO: ● Azitromicina 500mg, 2 comprimidos, VO, dose única. ALTERNATIVA: ● Ceftriaxona 250mg, IM, dose única OU ● Ciprofloxacino 500mg, 1 comprimido, VO, 2x/ dia, por 3 dias MECANISMO DE AÇÃO - MEDICAMENTO AZITROMICINA = ANTIBACTERIANO MACROLÍDEO → se ligam à subunidade 50s do ribossomo, impedindo a síntese proteica, transpeptidação e translocação CEFTRIAXONA = ANTIBACTERIANO BETALACTÂMICO (cefalosporina) → inibem as enzimas ligadoras de peptidoglicano e consequentemente a síntese da parede bacteriana = efeito bactericida CIPROFLOXACINO = ANTIBACTERIANO QUINOLONA → inibem a síntese de ácidos nucleicos bacterianos pelo bloqueio das enzimas DNA-girase e DNA-polimerase, o que impede a separação das fitas duplas de DNA TRATAMENTO DO PARCEIRO SIM HERPES GENITAL (HG) - incurável, mas tratável AGENTE ETIOLÓGICO Herpes simplex vírus (HSV) tipo 2 (predomina em lesões genitais) → VÍRUS da família Herpesviridae ● PERÍODO DE INCUBAÇÃO: 6 dias ● TRANSMISSÃO: contato sexual vaginal, oral ou anal, pela mucosa ou lesão infectante ● OBS: herpes tipo 1 causa a oral, mas se pode ter herpes oral pelo tipo 2 EPIDEMIOLOGIA Alta prevalência: 1º causa mais comum de ÚLCERAS GENITAIS ● Sintomáticos: 13 a 37% ● Assintomáticos são maioria, mas continuam transmitindo = dificulta controle da doença FISIOPATOLOGIA HSV ascende pelos nervos periféricos sensoriais e se aloja num gânglio neural, penetra dos núcleos das células e entra em estado quiescente/ de latência (infecção no gânglio não pode ser reduzida por medida terapêutica) → RECIDIVA: reativação viral por quadros infecciosos, exposição à radiação ultravioleta, traumatismos locais, menstruação, estresse físico ou emocional, antibioticoterapia prolongada e/ou imunodeficiência ● 90% dos pacientes desenvolvem novos episódios em até 12 meses QUADRO CLÍNICO PRIMOINFECÇÃO: ● Antecedem erupção cutânea: ardor, prurido, formigamento, linfonodomegalia local e hiperemia → pápulas de 1 a 3 mm ● Evolução para pequenas vesículas dolorosas, com conteúdo citrino (raramente turvo), que ficam agrupadas = pele e mucosas genitais (fem e masc), meato uretral ou região anal e perianal → por > 30 dias ● SINTOMAS GERAIS: febre, mal estar, mialgia e disúria (com ou sem retenção urinária) ● Rompimento das vesículas = exulceração dolorosa seguida de cicatrização → regredir espontaneamente em imunocompetentes, entre 7 a 10 dias, com ou sem cicatriz RECIDIVA: quadro clínico menos intenso que tende a ser na mesma região das lesões anteriores - prurido leve ou sensação de “queimação”, mialgias e “fisgadas” nas pernas, quadris e região ano genital ● Tendência natural de se tornar menos intensa e menos frequente com o passar do tempo OBS: ● Pode se disseminar se houver imunossupressão (ex: HIV) ● Em gestantes, apresenta risco de complicações e transmissão pelo canal de parto → cesárea sempre que houverem lesões herpéticas ativas CORRIMENTO Presente quando há acometimento do colo do útero DIAGNÓSTICO ● É essencialmente clínico (anamnese e exame físico) ● Cultura e a biópsia = raramente utilizadas, sua sensibilidade diminui com a duração da lesão ● Pesquisa do vírus por PCR é útil mas desnecessária na prática ● Detecção da glicoproteína específica do HSV para determinar HSV-2 com testes rápidos = é possível, mas não utilizada no Brasil TRATAMENTO 1º EPISÓDIO: controla parcialmente os sinais clínicos mas não erradicam vírus latentes ● Aciclovir 200mg, 2 comprimidos, VO, 3x/dia, por 7-10 dias OU ● Aciclovir 200 mg, 1 comprimido, VO, 5x/dia (7h, 11h, 15h, 19h, 23h, 7h...), por 7-10 dias TERAPIA SUPRESSORA DIÁRIA: redução parcial da excreção viral sintomática e assintomática e potencial de transmissão MECANISMO DE AÇÃO - MEDICAMENTO ACICLOVIR = ANTIVIRAL → é uma pró-droga (sofre ação de enzimas): o aciclovir entra na célula infectada, sofre a ação da monofosfato timidina cinase (enzima do herpes vírus), se torna monofosfato de aciclovir, que sofre ação da guanilato ciclase (enzima celular) e se torna TRIFOSFATO DE ACICLOVIR, que inibe a síntese do DNA viral TRATAMENTO DO PARCEIRO SIM DONOVANOSE → granuloma inguinal ou venéreo ou tropical AGENTE ETIOLÓGICO Klebsiella granulomatis → BACTÉRIA intracelular gram negativa ● PERÍODO DE INCUBAÇÃO: 3 dias a 6 meses ● TRANSMISSÃO: sexual EPIDEMIOLOGIA ● Pouco frequente no Brasil: mais presente na região Norte ● A maioria ocorre em climas tropicais e subtropicais FISIOPATOLOGIA ● Preferência por pele e mucosa das regiões genitais, perineais e inguinais ● Predileção por regiões de dobra e região perianal ● FATOR DE RISCO: associado a população com baixo nível socioeconômico QUADRO CLÍNICO ● Lesões nodulares INDOLORES → únicas ou múltiplas em simetria ● INÍCIO: ulceração de borda plana ou hipertrófica, bem delimitada, com fundo granuloso e aspecto vermelho vivo (fácil sangramento) ● EVOLUÇÃO (lenta): vegetante ou úlcero-vegetante ● Formação de "pseudo bubões" (granulações subcutâneas) na região inguinal, quase sempre unilateral → não é LINFADENOPATIA DIAGNÓSTICO ● Sinais e sintomas clínicos ● Identificação do microrganismo é difícil: confirmado pela visualização dos corpúsculos de Donovan (inclusões bacterianas no interior de macrófagos) em material de biópsia TRATAMENTO 1º OPÇÃO: Azitromicina 500mg, 2 comprimidos, VO, 1x/ semana, por pelo menos três semanas, ou até a cicatrização das lesões 2º OPÇÃO: Doxiciclina, Ciprofloxacino, Sulfametoxazol+ trimetoprima MECANISMO DE AÇÃO - MEDICAMENTO AZITROMICINA = ANTIBACTERIANO MACROLÍDEO → se ligam à subunidade 50s do ribossomo, impedindo a síntese proteica,transpeptidação e translocação DOXICICLINA = ANTIBACTERIANO TETRACICLINA → age interferindo no metabolismo de bactérias, ao se ligar à subunidade 50S dos ribossomos bacterianos, impedindo a sua proliferação CIPROFLOXACINO = ANTIBACTERIANO QUINOLONA → inibem a síntese de ácidos nucleicos bacterianos pelo bloqueio das enzimas DNA-girase e DNA-polimerase, o que impede a separação das fitas duplas de DNA SÍFILIS → lues ou cancro duro ou protossifiloma AGENTE ETIOLÓGICO Treponema pallidum → BACTÉRIA Gram-negativa, do grupo das espiroquetas ● PERÍODO DE INCUBAÇÃO: 10 a 90 dias ● TRANSMISSÃO: sexual, intraútero (congênita) ou vertical (contato com lesões maternas) EPIDEMIOLOGIA 2º causa mais comum de ÚLCERAS GENITAIS ● Epidemia: em 2010 passou a ter notificação compulsória ● Pode haver assintomáticos FISIOPATOLOGIA SÍFILIS SECUNDÁRIA: há resposta imune significativa com aumento da produção de anticorpos contra o treponema = maiores títulos nos testes treponêmicos = reagente QUADRO CLÍNICO (depende do tempo da doença) SÍFILIS PRIMÁRIA ou RECENTE: ● Lesão única (raramente múltiplas) em vulva, vagina, colo uterino ou ânus = CANCRO DURO (bordas endurecidas, fundo limpo, rica em treponemas) → se não tratado, involui espontaneamente em 21 a 30 dias - Podem ulcerar devido a umidade, oclusão e trauma ● Adenopatia satélite (hipertrofia dos gânglios linfáticos) inguinal bilateral, indolor e não inflamatória SÍFILIS SECUNDÁRIA ou TARDIA: de 6 semanas a 6 meses após cancro duro ● LESÕES CUTÂNEO-MUCOSAS (variedade de locais): roséola, pápulas palmo-plantares, alopecia areata (áreas calvas circulares) e condiloma plano (erupção cutânea grande, elevada, cinza esbranquiçada) nas mucosas ou pregas cutâneas → desaparecem entre 4 e 6 semanas, sem cicatrizes ● Febre, mal estar, cefaleia, adinamia ● Aumento dos linfonodos palpáveis: região cervical posterior, axilar, inguinal e femoral ● RARO: acometimento hepático, quadros meníngeos e comprometimento ocular (uveíte: íris, corpo ciliar e coróide) SÍFILIS TERCIÁRIA: após 2 a 40 anos da infecção ● Manifestações cutâneas: lesões gomosas e nodulares ● Manifestações neurológicas: tabes dorsalis, parestesia generalizada, meningite ● Manifestações ósseas: osteíte gomosa, periostite, osteíte esclerosante ● Manifestações cardiovasculares: aortite sifilítica SÍFILIS LATENTE: a que evolui sem sintomatologia clínica, mas com sorologia positiva → recente (até 1 ano de evolução), tardia (mais de 1 ano) ou indeterminada (não se sabe o tempo de evolução) DIAGNÓSTICO SOROLOGIA: ● TREPONÊMICA (alta especificidade, custo mais elevado): FTA-Abs; MHA-TP, teste rápido → costumam ser positivos por toda a vida ● NÃO TREPONÊMICA (sensíveis, baratos, detectam anticorpo anticardiolipina): VDRL (título ≥ ⅛ = positivo), RPR, Elisa TRATAMENTO 1º ESCOLHA: ● SÍFILIS RECENTE: Benzilpenicilina benzatina 2,4 milhões UI, IM, dose única (1,2 milhão UI em cada glúteo) ● SÍFILIS TARDIA: Benzilpenicilina benzatina 2,4 milhões UI, IM, 1x/semana (1,2 milhão UI em cada glúteo) por 3 semanas ● NEUROSSÍFILIS: Benzilpenicilina potássica/cristalina 18-24 milhões UI, 1x/ dia, EV, administrada em doses de 3-4 milhões UI, a cada 4 horas ou por infusão contínua, por 14 dias ALTERNATIVA: ● SÍFILIS RECENTE: Doxiciclina 100mg, 12/12h, VO, por 15 dias ● SÍFILIS TARDIA: Doxiciclina 100mg, 12/12h, VO, por 30 dias ● NEUROSSÍFILIS: Ceftriaxona 2g IV, 1x/dia, por 10-14 dias ● GESTANTE: Estolato de eritromicina 500mg VO 6/6h por 30 dias OBS: não confere imunidade, pode-se contrair a infecção toda vez que houver exposição MECANISMO DE AÇÃO - MEDICAMENTO BENZILPENICILINA BENZATINA = ANTIBACTERIANO BETALACTÂMICO (penicilina) → inibem as enzimas ligadoras de peptidoglicano e consequentemente a síntese da parede bacteriana = efeito bactericida DOXICICLINA = ANTIBACTERIANO TETRACICLINA → age interferindo no metabolismo de bactérias, ao se ligar à subunidade 50S dos ribossomos bacterianos, impedindo a sua proliferação CEFTRIAXONA = ANTIBACTERIANO BETALACTÂMICO (cefalosporina) → inibem as enzimas ligadoras de peptidoglicano e consequentemente a síntese da parede bacteriana = efeito bactericida TRATAMENTO DO PARCEIRO SIM - ⅓ dos parceiros tem ou desenvolve sífilis e todos devem ser testados e se reagentes, tratados de acordo com seu estágio clínico, seguindo as recomendações de tratamento de sífilis adquirida no adulto ● OBS: pode-se fazer tratamento presuntivo pela exposição, independente de sintomas, com dose única de benzilpenicilina benzatina 2,4 milhões UI IM (1,2 milhão UI em cada glúteo) Corriment� Vagina� Candidíase Tricomoníase Vaginose bacteriana CANDIDÍASE VULVOVAGINAL * não é IST e sim infecção endógena AGENTE ETIOLÓGICO Candida sp. → FUNGO - aprox. 200 espécies de leveduras comensais que passam a ser patogênicas: Candida albicans (mais prevalente - 95% dos casos), Candida glabrata e Candida tropicalis (5% a 10% dos casos) ● Encontrada em 20% das mulheres saudáveis assintomáticas EPIDEMIOLOGIA Estima-se que 75% das mulheres em idade reprodutiva terão pelo menos 1 episódio de vulvovaginite por candida sp durante a vida FISIOPATOLOGIA ● Sistema imune não consegue mais inibir proliferação do fungo saprófita, que passa para o estado patogênico ● Candida albicans tem DIMORFISMO e altera sua forma habitual para micélio (mais invasivo) ● É hormônio dependente (condições alteram concentração hormonal): gravidez, uso de contraceptivos de alta dosagem, uso de antibióticos (altera microbiota local) ● OBS: facilita a aquisição/transmissão de outras ISTs, comprometendo a sexualidade e outros aspectos da vida da mulher = afetando negativamente a qualidade de vida NÃO COMPLICADA: episódios esporádicos ou infrequentes, de intensidade leve ou moderada, Candida albicans como agente etiológico provável e em mulheres não imunocomprometidas COMPLICADA (10 a 20%): episódios recorrentes ou severos, por espécies não Albicans e em mulheres com diabetes, imunocomprometidas ou debilitadas QUADRO CLÍNICO ● Prurido, de intensidade variável, acompanhado por corrimento esbranquiçado ● Dependendo da intensidade da inflamação: desconforto, dor, disúria e dispareunia ● EXAME GINECOLÓGICO: hiperemia vulvar, edema e fissuras ● EXAME ESPECULAR: hiperemia da mucosa vaginal, conteúdo vaginal esbranquiçado → pH vaginal geralmente < 4,5 CORRIMENTO Esbranquiçado, grumoso Escasso, moderado ou abundante Fluido, com aspecto de “leite talhado”/espesso ou flocular, com aspecto de farinha quando entra em contato com a calcinha ou tecidos Aderido ou não as paredes vaginais DIAGNÓSTICO ● Exame a fresco: colocar uma gota de conteúdo vaginal na lâmina com 1 gota de soro fisiológico e observar ao microscópio presença de hifas e esporos ● Bacterioscopia com coloração de gram e cultura = identificação do fungo, sua espécie e o antifungigrama OBS: cuidado, manifestações são semelhantes à alergia, líquen escleroso e vaginose citolítica (nas quais a pesquisa de fungo é negativa) TRATAMENTO Individualizado (preferência da paciente e experiência do profissional): via local ou sistêmica 1º OPÇÃO: ● Miconazol creme a 2% ou outros derivados imidazólicos, via vaginal, um aplicador cheio, à noite ao deitar-se, por 7 dias OU ● Nistatina 100.000 UI, uma aplicação, via vaginal, à noite a deitar-se, por 14 dias 2º OPÇÃO: ● Fluconazol 150 mg, VO, dose única OU ● Itraconazol 100 mg, 2 comprimidos, VO, 2x/dia, por 1 dia OBS: é importante a eliminação ou controle de fatores predisponentes como: diabetes descompensada, imunossupressão, tabagismo, distúrbios alimentares, hábitos de higiene ou vestuário inadequado e estresse excessivo MECANISMO DE AÇÃO - MICONAZOL (AZÓIS: imidazóis) e FLUCONAZOL e ITRACONAZOL (AZÓIS - triazóis) = ANTIFÚNGICO → impedem a formação do ergosterol = faz inibição seletiva da enzima 14 - alfa - desmetilase e impede a conversão de LANOSTEROL em ZIMOSTEROL e posteriormente ERGOSTEROL, além de tornar a porção de LANOSTEROL que se acumula, tóxico para a célula fúngica, pois se incorpora na membrana e afetasua permeabilidade, fluidez e integridade MEDICAMENTO NISTATINA = ANTIFÚNGICO POLIÊNICO: se liga ao ERGOSTEROL na membrana do fungo, muda a temperatura de transcrição e desencadeia o estado “CRISTALINO”, formando poros na membrana, que permitem o extravasamento do conteúdo intracelular (cálcio, sódio, potássio, aminoácidos e etc) para o extracelular, desestabilizando toda a membrana fúngica = fungo acaba morrendo TRATAMENTO DO PARCEIRO Não recomendado em casos simples, parcerias sexuais não precisam ser tratadas ● EXCETO EM: sintomáticos e casos raros onde ocorre balanite (inflamação da glande do pênis com prurido e irritação) para alívio sintomático ou em casos de recidiva em mulheres, para diminuir a população de fungos no trato genital masculino e prevenir recidivas TRICOMONÍASE → ou vaginite por Trichomonas AGENTE ETIOLÓGICO Trichomonas vaginalis - PROTOZOÁRIO flagelado unicelular ● TRANSMISSÃO: sexual e raramente outras formas (sobrevive fora de seu habitat por algumas horas em meio úmido) EPIDEMIOLOGIA ● IST não viral mais comum no mundo → OMS: 170 milhões de casos anuais em pessoas entre 15 e 49 anos ● Brasil: prevalência de 2,6% a 20% no sexo feminino → ⅓ são assintomáticas ● 20% dos casos de corrimento vaginal ● INCIDÊNCIA: depende de idade, atividade sexual, número de parceiros, sexo desprotegido, outras ISTs e condições socioeconômicas FISIOPATOLOGIA ● Parasita penetra na vagina, se cobre-se com proteínas do hospedeiro e permanece firmemente ligado às células da mucosa vaginal = permite evasão dos mecanismos de defesa locais e consegue sobreviver no meio vaginal ácido e hostil por longos períodos de tempo ● Resposta imune agressiva = intensa infiltração de leucócitos (alvo do HIV - é um cofator na transmissão e aquisição do HIV) → inflamação da mucosa vaginal e exocérvice, podendo também acometer uretra, bexiga, glândulas de Skenne e Bartholin e endocérvix ● A transudação inflamatória das paredes vaginais eleva o pH de 6,7 a 7,5 (meio alcalino) → surgimento de microbiota patológica, inclusive anaeróbica = vaginose bacteriana associada libera aminas com odor fétido e provoca bolhas no corrimento vaginal purulento ● Pode permanecer indefinidamente no trato genital ● Se não tratada na gestação, causa rotura prematura de membranas OBS: parasita adquire nutrientes do meio externo fagocitando fungos, vírus e bactérias (Micoplasmas, Chlamydia trachomatis, Neisseria gonorrhoeae) → transporta-os ao trato genital superior e facilita o aparecimento de DIP (doença inflamatória pélvica) ● Corrimento intenso ● Hiperemia e edema vulvar QUADRO CLÍNICO ● Ardor genital e sensação de queimação ● OCASIONALMENTE: disúria, polaciúria e dor pélvica ● Dispareunia (dor na relação sexual) ● OBS: sintomas se acentuam no período menstrual pois o pH vaginal se eleva e parasita adquire ferro da hemoglobina, aumentando sua virulência CORRIMENTO Abundante/profuso, amarelado, amarelo-esverdeado ou acinzentado, bolhoso/ espumoso e com odor fétido (lembra peixe) → aspecto purulento DIAGNÓSTICO ● EXAME GINECOLÓGICO: hiperemia dos genitais externos e corrimento espesso de aspecto purulento, se exteriorizando pela fenda vulvar ● EXAME ESPECULAR: aumento do conteúdo vaginal acompanhado de pequenas bolhas, paredes vaginais e colo uterino hiperemiada e ocasionalmente “com aspecto de morango ou framboesa”: pequenas sufusões/ulcerações hemorrágicas ● BACTERIOSCOPIA A FRESCO: 1 gota de conteúdo vaginal + 1 gota de solução salina - observar ao microscópio parasita com movimentação pendular (coloração de gram identifica o parasita sem movimentos) ● TESTE DE SCHILLER “ONÇÓIDE” OU “TIGRÓIDE”: durante a colposcopia, aplica-se LUGOL (solução com iodo) na região interna da vagina e colo - Se células ficam marrons = NORMAL - Quando não se consegue colorir uma área específica = ALTERADO (dilatação capilar e hemorragias puntiformes) → fazer exames mais específicos ● CULTURA: maior sensibilidade e especificidade → em casos de diagnóstico difícil ● Pode aparecer no Papanicolau: confirmar presença do parasita em consulta ● MEDIDA DO pH VAGINAL: > 4,5 ou 5 ● TESTE DAS AMINAS (whiff test): positivo devido à presença de germes anaeróbios TRATAMENTO ● Metronidazol 400mg, 5 comprimidos, VO, dose única (dose total de tratamento 2g) OU ● Metronidazol 250mg, 2 comprimidos, VO, 2x/dia, por 7 dias OBS: recomenda-se abstinência sexual durante tratamento e reavaliação em 3 meses MECANISMO DE AÇÃO - MEDICAMENTO METRONIDAZOL = ANTIPROTOZOÁRIO → penetram no citoplasma do microrganismo e ganham elétrons (sistema oxi redutor), causando entrada de compostos que facilitam a formação de radicais livres, que são tóxicos e inibem a síntese do DNA TRATAMENTO DO PARCEIRO SIM - é encontrada em 40% dos parceiros, que geralmente apresentam menos sintomas e servem como vetores assintomáticos da infecção → devem ser tratados com o mesmo medicamento VAGINOSE BACTERIANA (VB) * não é IST e sim infecção endógena AGENTE ETIOLÓGICO BACTÉRIAS MAIS FREQUENTES: Gardnerella vaginalis, Atopobium vaginae, Prevotella, Megasphaera, Leptotrichia, Sneatia, Bifidobacterium, Dialister, Clostridium e Mycoplasma hominis EPIDEMIOLOGIA ● Afecção do trato genital inferior feminino mais frequente: no Brasil, até 40% dos casos de queixa vaginal ● Causa mais prevalente de corrimento com odor fétido ● PREVALÊNCIA: 3 x mais em mulheres inférteis do que férteis e associada ao risco de aborto após fertilização in vitro FISIOPATOLOGIA ● Certas causas como coito repetido (pela alcalinização do semen), duchas vaginais e menstruação, aumentam o pH vaginal, deixando-o mais alcalino = DESEQUILÍBRIO DA MICROBIOTA VAGINAL = substituição dos microrganismos saudáveis (Lactobacillus) por microbiota variável, composta por mistura de bactérias anaeróbias e facultativas ● Sem lactobacilus → pH aumenta mais → bactérias produzem aminoácidos que são quebrados por elas em aminas voláteis (putrecina e cadaverina) = ODOR FÉTIDO: piora com sexo desprotegido e durante a menstruação devido a volatização de aminas aromáticas do metabolismo das bactérias anaeróbias (alcalinidade do sêmen ou sangue menstrual) ● ASSOCIADA A EVENTOS ADVERSOS: risco de aquisição de IST (HPV e HIV - aumenta em até 6x), lesões intraepiteliais cervicais, salpingite e infertilidade de causa tubária, e aumenta o risco de DIP ● FATORES DE RISCO: negras, uso de duchas vaginais, tabagismo, menstruação, estresse crônico, múltiplos parceiros masculinos, sexo com parceiro não circuncisado, sexo desprotegido, sexo anal receptivo antes do sexo vaginal e MSM ● NA GESTAÇÃO: aumento no risco de parto prematuro, aborto espontâneo, baixo peso ao nascer, aumento na morbidade neonatal e altas taxas de endometrite pós-parto QUADRO CLÍNICO ● Corrimento → principalmente após relação sexual e menstruação ● Prurido (quando associada a candidíase) ● Dispareunia ● Disúria ● OBS: ocorrem recidivas em 30% dos casos → mudar regime terapêutico CORRIMENTO Intensidade variável, acinzentado, perolado, esbranquiçado ou amarelado, acompanhado de odor vaginal fétido (“de peixe” ou amoniacal), podendo ser bolhoso DIAGNÓSTICO EXAME GINECOLÓGICO: conteúdo vaginal homogêneo, de intensidade variável (escassa - geralmente - moderada ou abundante), coloração esbranquiçada, branco acinzentada ou amarelada CRITÉRIOS DE AMSEL: requer 3 dos 4 itens ● Corrimento vaginal branco-acinzentado homogêneo aderente às paredes vaginais ● pH vaginal > 4,5 ● TESTE DAS AMINAS (whiff test): positivo = desprendimento de odor fétido após a adição de KOH (hidróxido de potássio) 10% a uma gota de conteúdo vaginal ● Presença de “células-chave” (“clue cells”): células epiteliais recobertas por cocobacilos gram variáveis na bacterioscopia ESCORE DE NUGENT: se baseia na bacterioscopia com coloração de gram, quantifica o nº de lactobacillus e bactérias patogênicas - escore determina infecção → 0 a 3 - normal, 4 a 6 - microbiota vaginal intermediária e 7 a 10 - vaginose bacteriana TRATAMENTO Visa eliminar os sintomas e restabelecer o equilíbrioda microbiota vaginal (redução dos anaeróbios): 1° OPÇÃO: ● Metronidazol 250mg, 2 comprimidos VO, 2x/dia, por 7 dias OU ● Metronidazol gel vaginal 100mg/g, um aplicador cheio via vaginal, à noite ao deitar-se, por 5 dias 2° OPÇÃO: ● Clindamicina 300mg, VO, 2x/dia, por 7 dias OBS: recomendar abstinência de álcool durante 24 horas após o tratamento com nitroimidazólicos e abstenção de atividade sexual/uso de preservativos durante o tratamento MECANISMO DE AÇÃO - MEDICAMENTO METRONIDAZOL = ANTIPROTOZOÁRIO → penetram no citoplasma do microrganismo e ganhar elétrons (sistema oxi redutor), causando entrada de compostos que facilitam a formação de radicais livres, que são tóxicos e inibem a síntese do DNA Cervicit� Clamídia Gonorréia CLAMÍDIA AGENTE ETIOLÓGICO Chlamydia trachomatis → gram negativa intracelular obrigatória ● PERÍODO DE INCUBAÇÃO: 6 a 14 dias ● TRANSMISSÃO: sexual EPIDEMIOLOGIA IST mais frequente na população feminina (2 a 30%), sendo assintomática em 70% dos casos (= reservatório permanente da infecção) FATORES DE RISCO: < 25 anos, multiplicidade de parceiros ou parceiro novo nos últimos 90 dias, menor nível de escolaridade e socioeconômico, uso inconsistente de método de barreira e histórico prévio de IST FISIOPATOLOGIA Alto grau de morbidade e potencial de complicação: ● Cervicite ● Salpingite → infertilidade por obstrução ● Trabalho de parto prematuro ● Endometrite puerperal ● DIP aguda ● Esterilidade Discreto e pode passar despercebido: QUADRO CLÍNICO ● Colo edemaciado e hiperemiado ● Colo com mucorréia, eventualmente purulenta ● Colo friável (sangra fácil ao toque) ● Acentuação do ectrópio (mácula rubra: avermelhada, margeia o orifício externo do colo) ● Dispareunia (dor no ato sexual) ● Dor à mobilização do colo uterino ● Gravidez ectópica DIAGNÓSTICO ● CLÍNICO: pelas manifestações ● PCR: pesquisa de DNA ● Captura híbrida ● NAAT TRATAMENTO ● Azitromicina 500mg, 2 comprimidos, VO, dose única OU ● Doxiciclina 100mg, VO, 2x/dia, por 7 dias (exceto gestantes) OBS: rastreamento é indicado para gestantes, mulheres sexualmente ativas < 25 anos, com uso inadequado de preservativo, IST prévia ou atual ou com novo parceiro em 90 dias MECANISMO DE AÇÃO - MEDICAMENTO AZITROMICINA = ANTIBACTERIANO MACROLÍDEO → se ligam à subunidade 50s do ribossomo, impedindo a síntese proteica, transpeptidação e translocação DOXICICLINA = ANTIBACTERIANO TETRACICLINA → age interferindo no metabolismo de bactérias, ao se ligar à subunidade 50S dos ribossomos bacterianos, impedindo a sua proliferação GONORRÉIA AGENTE ETIOLÓGICO Neisseria gonorrhoeae → BACTÉRIA diplococos Gram-negativa, não flagelada, não formadora de esporos, encapsulada, e anaeróbia facultativa ● PERÍODO DE INCUBAÇÃO: 2 a 5 dias ● TRANSMISSÃO: sexual EPIDEMIOLOGIA Prevalência muito menor que a Chlamydia → atinge cerca de 1% a 2% da população feminina, que são mais assintomáticas FISIOPATOLOGIA ● Bactéria adere às células das mucosas → são pinocitadas e transportados para o espaço subepiteliais → sua endotoxina prejudica a motilidade ciliar e destrói as células ciliares = dano celular e invasão da submucosa ● FATORES DE RISCO: parceiro recente, múltiplos parceiros ou parceiro com uretrite e casos diagnóstico de IST prévia ou recente Muito exuberante e sintomático ● Exsudato purulento ou mucopurulento endocervical ● Sangramento endocervical fácil (induzido ao toque de espátula) ● Mucosa endocervical: edemaciada (aumenta de volume e fica com o aspecto QUADRO CLÍNICO congesto), hiperemiada ● Sangramento pós coito ● Corrimento e sangramento vaginal irregular → depende do grau de comprometimento ● Disúria e dispareunia (dor na relação sexual) ● Bartholinite OBS: pode provocar sequelas → infertilidade, gravidez ectópica, DIP, trabalho de parto prematuro ou prematuridade DIAGNÓSTICO Clínico e laboratorial: ● BACTERIOSCOPIA GRAM (sensibilidade é 30% - se negativo, não exclui a infecção): positivo se presença de diplococos gram negativos intracelulares ● Teste de biologia molecular NAA ou PCR: amostras da ectocérvice, uretra, vagina, ectocérvice, urina TRATAMENTO NÃO COMPLICADA: ● Ceftriaxona 500mg, IM, dose única MAIS Azitromicina 500mg, 2 comprimidos, VO, dose única DISSEMINADA: ● Ceftriaxona 1g IM ou IV ao dia, completando ao menos 7 dias de tratamento MAIS Azitromicina 500mg, 2 comprimidos, VO, dose única MECANISMO DE AÇÃO - MEDICAMENTO CEFTRIAXONA = ANTIBACTERIANO BETALACTÂMICO (cefalosporina) → inibem as enzimas ligadoras de peptidoglicano e consequentemente a síntese da parede bacteriana = efeito bactericida AZITROMICINA = ANTIBACTERIANO MACROLÍDEO → se ligam à subunidade 50s do ribossomo, impedindo a síntese proteica, transpeptidação e translocação Corriment� Uretra� ● URETRITES = IST caracterizadas por inflamação da uretra acompanhada de corrimento uretral ● AGENTES ETIOLÓGICOS: - Mais frequentes: Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis - Menos frequentes: Trichomonas vaginalis, Ureaplasma urealyticum, enterobactérias (nas relações anais insertivas), Mycoplasma genitalium, vírus do herpes simples, adenovírus e Candida sp → transmitidos por relação sexual vaginal, anal e oral ● CORRIMENTO: aspecto varia de mucóide a purulento, com volume variável, estando associado a dor uretral (independentemente da micção), disúria, estrangúria (micção lenta e dolorosa), prurido uretral e eritema de meato uretral ● FATORES DE RISCO: jovens, baixo nível socioeconômico, múltiplas parcerias ou nova parceria sexual, histórico de IST e uso irregular de preservativos URETRITE GONOCÓCICA (causada por Neisseria gonorrhoeae → incubação: 2 a 5 dias) ● Processo infeccioso e inflamatório da mucosa uretral ● Frequentemente assintomática em mulheres e só assintomática em 10% nos homens → TRATAR MULHER E PARCEIRO ● RISCO DE TRANSMISSÃO DE UM PARCEIRO INFECTADO A OUTRO: 50% por ato sexual ● SINTOMAS: corrimento mucopurulento ou purulento e disúria ● SINAIS: determinados pelos locais primários de infecção - Membranas mucosas da uretra (uretrite) - Endocérvice (cervicite) - Reto (proctite) - Faringe (faringite) - Conjuntiva (conjuntivite) URETRITE NÃO GONOCÓCICA (coloração de gram e cultura negativa para gonococo: Chlamydia trachomatis, Mycoplasma genitalium, Ureaplasma urealyticum, Mycoplasma hominis e Trichomonas vaginalis → transmissão sexual com risco de 20% por ato, com período de incubação de 14 a 21 dias) ● ⅔ das parceiras estáveis de homens com uretrite não gonocócica hospedam a Chlamydia trachomatis na endocérvice → podem reinfectar seu parceiro e desenvolver quadro de DIP se permanecerem sem tratamento ● SINAIS: - Presença de corrimentos mucoides e discretos → podem simular clinicamente os corrimentos da gonorréia - Disúria leve e intermitente Verrug� Genita� HPV PAPILOMA VÍRUS HUMANO (HPV) AGENTE ETIOLÓGICO Papilomavírus humano - DNA-vírus de cadeia dupla, não encapsulado e membro da família Papovaviridae ● TRANSMISSÃO: sexual e no parto ● Pode ser de BAIXO ou de ALTO risco oncogênico (16 e 18) EPIDEMIOLOGIA ● IST mais prevalente no mundo ● Mais comum em mulheres jovens de 15 a 19 anos FISIOPATOLOGIA ● Precisa de áreas de ruptura para ter acesso às células basais imaturas do epitélio escamoso e células metaplásicas (tem maquinaria de proliferação necessária) ● Se integra ao genoma, causa instabilidade = perda do repressor viral E2 e supressão de oncoproteínas E6 e E7 (atuam de forma complementar): - E6: se liga a P53 e promove sua degradação pelo proteossomo e estimula a expressão de TERT (subunidade catalítica da telomerase - que quebra o telômero), fazendo com que os telômeros fiquem íntegros = imortalidade da célula, que não tem mais o guardião de seu genoma - E7: se liga a forma hipofosforilada ou ativa da pRB e promove sua degradação pelo proteossomos, além de inibir as CDKIs p21 e p27 = aumenta a progressão do ciclo celular e atrapalha sua pausa e reparo ● OBS: a infecção por um tipo viral não impede a infecção por outros tipos de HPV, podendo ocorrer infecção múltiplaQUADRO CLÍNICO ● Lesões polimórficas: únicas ou múltiplas, achatadas ou papulosas ● Condiloma acuminado (de 1 a vários cm): fosca aveludada, com aspecto de couve flor ● LOCALIZAÇÃO: vulva, vagina e/ou cérvice ● Podem ser assintomáticas, pruriginosas, dolorosas, friáveis (fragmentação) ou sangrantes DIAGNÓSTICO ● Clínico ● CITOLOGIA ou PAPANICOLAU ● COLPOSCOPIA: acompanhada ou não de BIÓPSIA ● HISTOPATOLÓGICO TRATAMENTO Doença é autolimitada: não há cura para o vírus e as verrugas podem desaparecer por conta própria ● Realizar aconselhamento centrado na pessoa e suas práticas sexuais para minimizar risco de infecção por IST ● Oferecer vacinação para hepatite A e hepatite B e para HPV quando indicado TRATAMENTO DO PARCEIRO SIM OBS: para todas as ISTs → dependendo do caso, não é necessário esperar o resultado da cultura (que demora e pode ser contaminada, dando um falso-positivo)para se iniciar o tratamento, pode-se tratar pela clínica, aplicando nos fluxogramas e com auxílio de testes rápidos disponível Aplicand� a� Problem� VALDIRENE: múltiplos parceiros, nem sempre usou preservativo ● CORRIMENTO a alguns meses: amarelo e com odor - Tricomoníase = amarelado e com odor fétido (lembra peixe) → IST, bate com comportamento sexual da paciente - Vaginose bacteriana = acinzentado, perolado, esbranquiçado ou amarelado, com odor → é endógena ● Múltiplas vesículas dolorosas no grande lábio direito = Herpes genital (pelo quadro clínico e protocolo do ministério da saúde) ● Nódulo doloroso de consistência fibroelástica na região da fossa ilíaca direita = Donovanose (formação de pseudo bubões/ granulações subcutâneas unilateral na região inguinal, que não é LINFADENOPATIA) ● Parede vaginal e colo hiperemiados = Herpes genital, Candidíase (é endógena e tem corrimento branco), Clamídia, Gonorréia, ● Colo uterino com dor à mobilização: Clamídia ● Teste de Schiller tigróide + = TRICOMONÍASE: 1 gota de conteúdo vaginal + 1 gota de solução salina - observar ao microscópio parasita com movimentação pendular - NORMAL: células marrons - ALTERADO: não consegue colorir uma área específica = aspecto de “morango ou framboesa”: pequenas sufusões/ulcerações hemorrágicas ● Disúria: Herpes, Candidíase, Gonorréia e Tricomoníase REFERÊNCIAS: Tratado de Ginecologia - Berek e Novak - 15º edição Tratado de Ginecologia da FEBRASGO (capa verde) Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) - Ministério da Saúde 2018 SUPER MATERIAL SANAR FLIX - Infecções Sexualmente transmissíveis Palestra prof Paula Juliane https://www.tuasaude.com/teste-schiller/ https://www.tuasaude.com/teste-schiller/ Objetivo 5 - Explicar as principais causas de dor pélvica (quadro clínico) e os mecanismos analgésicos (escala de analgesia). Dor Pélvic� Agud� intensa, de início súbito, aumento abrupto e curta duração (pelo menos 3 meses) QUADRO GERAL: respostas fisiológicas, afetivas e comportamentais diferentes da DPC (dor pélvica crônica) e alterações nos exames físico e laboratorial ● Instabilidade dos sinais vitais: taquicardia, hipotensão ortostática ● Reflexos autônomos profundos: náuseas, vômito, transpiração e apreensão → ausentes na DPC ● Sinais de inflamação/infecção (ausentes na DPC): febre, calafrios, sudorese e leucocitose → fisiopatologia associada a mediadores inflamatórios em altas concentrações, frente ao quadro infeccioso, isquêmico ou de irritação química ● Ginecológicos: sangramento vaginal anormal ● Urinários: disúria, hematúria ● Gastrointestinais: hematoquezia (hemorragia por via retal), diarreia, obstrução intestinal e ruídos intestinais anormais ● Abdominais: distensão abdominal, ascite e peritonite ● Tontura e síncope ATENÇÃO: parte superior da vagina, colo uterino, útero e anexos (intestino grosso, reto, bexiga, parte inferior do ureter e do intestino delgado), COMPARTILHAM OS MESMOS DERMÁTOMOS (áreas são inervadas por ramificações de um único nervo espinhal) = DOR VISCERAL MAL LOCALIZADA CAUSAS ASSOCIADAS AO SISTEMA REPRODUTOR CAUSA DEFINIÇÃO SINAIS SINTOMAS DIAGNÓSTICO GRAVIDEZ ECTÓPICA Implantação do feto em local fora da cavidade uterina Em casos de ruptura (implantação na tuba uterina → dilatação = ruptura tubária): alterações de hipotensão ortostática, dor à palpação em um/ambos quadrantes inferiores e distensão abdominal (por hemoperitônio = presença de sangue na cavidade peritoneal) TRÍADE: Amenorréia, Sangramento irregular e Início agudo de dor Às vezes: dor referida no ombro direito (se sangue acumulado irritar o diafragma) Verificação de pulso e PA → verificar hipotensão ortostática Exame abdominal: dor à palpação Exame pélvico: dor à mobilização do colo e palpação de anexos mais intensa do lado da gravidez RUPTURA DE CISTO OVARIANO Cistos funcionais (folicular ou do corpo lúteo) são + comuns e + propensos a rupturas do que neoplasias DOR DE OVULAÇÃO (Mittelschmerz): dor associada à ruptura do folículo ovariano (cresce, atinge 2 cm) durante a ovulação → é autolimitada e de leve à moderada Hipotensão ortostática frente ao hemoperitônio (frequentemente causado por ruptura de CISTO DO CORPO LÚTEO HEMORRÁGICO) → sintomas semelhantes a gravidez ectópica Dor intensa à palpação do abdome Dor de início súbito associada à dor pélvica crescente EVOLUI para: dor abdominal generalizada e vertigem/síncope com hemoperitônio Exames de sangue US transvaginal Solicitar: teste de gravidez, hemograma completo Em casos de hipotensão ortostática: tipagem sanguínea e pesquisa de anticorpos irregulares TORÇÃO DE ANEXOS Torção → isquemia de estruturas distais do pedículo torcido (ovário com cisto, tuba uterina, cisto paratubário) → início da dor aguda Necrose tecidual Dor intensa e constante Elevação da temperatura Taquicardia Leucocitose US Palpação (víscera torcida aumenta rapidamente de tamanho) ABSCESSO TUBO-OVARIAN O Complicação da salpino-oforite aguda → abcessos unilaterais e multioculares Febre + taquicardia + hipotensão → no paciente séptico RUPTURA = emergência cirurgica com risco de vida, pois pode haver choque endotóxico por bactérias gram negativas Exame bimanual: palpação de massa fixa, firme, dolorosas US e TC (com ou sem contraste) Laparoscopia ou laparotomia: se US não for suficiente LEIOMIOMAS Tumores de músculo liso uterino que causam desconforto/pressão quando estão no ligamento largo, ou comprimem bexiga, reto e ligamentos uterinos Polaciúria Dismenorréia Dispareunia Constipação intestinal Febre baixa + taquicardia leve → se houver degeneração Exame bimanual e USG = 1 ou + massas sólidas irregulares que se originam no útero Se degeneração: dor a palpação do abdome, leucocitose ENDOMETRIOSE (lesões devem ser removidas por ablação ou ressecção, e os endometriomas com a cápsula) Glândulas e o estroma endometriais implantam-se fora da cavidade uterina (no fundo de saco, ovários ou peritônio pélvico) OBS: pode ocorrer regressão espontânea, ou a cada ciclo menstrual pode haver maior proliferação (inflamação, formação de tecido cicatricial, fibrose e aderências) ● Dismenorréia intensa (2 sem. antes do ciclo menstrual) ● Dor aguda ou compressiva na linha média ou parte inferior do abdome, dorso e reto ● Sangramento irregular ● Dispareunia profunda ● Disquezia (dor ao defecar) cíclica ● Urgência urinária, polaciúria, hematoquezia (hemorragia via retal) ou hematúria ● Distensão abdominal ● Infertilidade -------------------------------------------------------- EXAMES RETOVAGINAL e BIMANUAL = útero fixo e retrovertido (pela fibrose), com desvio lateral do colo uterino, nódulos dolorosos nos ligamentos úterossacros e/ou espessamento do fundo de saco e massa anexial (fixada ao ligamento largo ou fundo de saco) Em ruptura de endometrioma = dor à descompressão súbita REQUER DIAGNÓSTICO VISUAL: Laparoscopia e Laparotomia concluem diagnóstico por visão direta da lesão Biópsia de achados suspeitos Dor na palpação em um/dois quadrantes inferiores (50% de acuracia diagnóstico