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1 9° Período de Engenharia Mecânica Vibrações Mecânicas Prof. Marcelo Gomes Aluno: Jônatas Tavares de Abreu VIBRAÇÕES MECÂNICAS Decremento Linear e Amortecimento por Hesterese 20 de Abril de 2020 2 Vibrações Mecânicas – Decremento Linear e Amortecimento por Hesterese 1. Amortecimento Seco ou Coulombiano: Em muitos sistemas mecânicos são usados amortecedores Coulomb ou de atrito seco em razão de sua simplicidade mecânica e conveniência. Além disso, sempre que os componentes de uma estrutura vibratória deslizam um em relação ao outro, o amortecimento por atrito aparece. O amortecimento Coulomb surge quando corpos deslizam sobre superfícies secas. A Lei de Coulomb do atrito seco afirma que, quando dois corpos estão em contato, a força requerida para produzir deslizamento é proporcional à força normal que age no plano de contato. A sim, a força de atrito F dada por: F = µN = µW = µmg (1.01) Onde N é a força normal, igual ao peso da massa (W = mg) e e o coeficiente de deslizamento ou atrito cinético. O valor do coeficiente de atrito (µ ) depende dos materiais em contato e da condição das superfícies em contato. Por exemplo, µ = 0,1 para metal sobre metal (com lubrificação). 0,3 para metal sobre metal (sem lubrificação) e aproximadamente 1.0 para borracha sobre metal. A força de atrito age na direção oposta à da velocidade. O amortecimento Coulomb às vezes é denominado amortecimento constante (ou decremento linear), uma vez que a força de amortecimento é independente do deslocamento e da velocidade, ela depende somente da força normal N entre as superfícies deslizantes. 3 1.1. Equação do Movimento: Considere um sistema com um grau de liberdade com atrito seco como mostrado na figura 1(a). Uma vez que a força de atrito varia com a direção da velocidade, precisamos considerar dois casos, como indicados nas Figuras 1 (b) e (c). Figura 1 – Sistema massa-mola com amortecimento Coulomb Caso 1: Quando x é positivo e dx/dt é positiva ou quando x é negativo, e dx/dt é positivo (isto é, para o meio-ciclo durante o qual a massa se movimenta da esquerda para a direita), a equação de movimento pode ser obtida pela segunda lei de Newton (figura 1(b)). M�̈� = - kx - µN ou m�̈� + kx = - µN (1.11) Esta é uma equação diferencial não-homogênea de segunda ordem. A solução pode ser verificada substituindo a Equação (1.3) na Equação (1.2): x(t) = 𝐴1𝑐𝑜𝑠 𝜔𝑛𝑡 − µ𝑁 𝑘 (1.12) onde 𝜔𝑛 = √𝑘/𝑚 é a frequência de vibração e 𝐴1 e 𝐴2 são constantes cujos valores dependem das condições iniciais desse meio-ciclo. 4 Caso 2: Quando x é positivo e dx/dt é negativo ou quando x é negativo e dx/dt é negativo (isto é, para o meio-ciclo durante o qual a massa se movimenta da direita para a esquerda), a equação de movimento pode ser derivada pela Figura 1sem como: - kx + µN = m�̈� ou m�̈�+ kx = µN (1.13) A solução da Equação (1.13) é dada por: x(t) = A3cos ωnt + A4sem ωn + µN k (1.14) onde 𝐴3 e 𝐴4 são constantes e determinadas pelas condições iniciais desse meio- ciclo. O termo µN/k que aparece nas Equações (1.12) e (1.14) é uma constante que representa o deslocamento virtual da mola sob a força µN, se ela fosse aplicada como uma força estática. As equações (1.12) e (1.14) indicam que em cada meio-ciclo o movimento é harmônico, e aposição de equilíbrio muda de µN/k para –(µN/k ) a cada meio-ciclo, como mostrado na Figura 2. Figura 2 – Movimento da massa com amortecimento Coulomb 5 As equações (1.11) e (1.13) podem ser expressas como uma única equação (usando N = mg): m�̈� + µm g sgn (𝑥)̇ + kx = 0 (1.15) onde sgn (y) é denominada função signum cujo valor é definido como 1 para y > 0, -1 para y > 0, e 0 para y = 0. Podemos ver que a Equação (1.6) é uma equação diferencial não linear para a qual não existe uma solução analítica simples. Métodos numéricos podem ser usados para resolver a equação (1.15) convenientemente. Todavia, a Equação (1.14) pode ser dividida analiticamente se dividirmos o eixo do tempo em segmentos separados por �̇� = 0(isto é, intervalos de tempo com direções de movimento diferentes). Para determinar a solução usando esse procedimento, admite-se que as condições iniciais sejam: x ( t = 0 ) = x0 ẋ ( t = 0 ) = 0 (1.16) Isto é, o sistema começa com velocidade zero e deslocamento 𝒙𝟎 em t = 0. Visto que x = 𝒙𝟎, o movimento começa da direita para a esquerda. Vamos denotar por 𝒙𝟎, 𝒙𝟏, 𝒙𝟐,..., as amplitudes do movimento em meios-ciclos sucessivos. Pelas equações (1.14) e (1.16), podemos avaliar as constantes 𝑨𝟑 e 𝑨𝟒 : A3 = x0 − µN k , A4 = 0 Assim, a Equação (1.14) torna-se: x(t) = (x0 − µN k ) cos ωnt + µN k (1.16) Essa solução é valida apenas para metade do ciclo, isto é, para 0 ≥ t ≤ π/ωn, a massa estará em sua posição extrema esquerda e seu deslocamento em relação à posição de equilíbrio pode ser determinado pela Equação (1.16): 6 − 𝑥1 = 𝑥 (𝑡 − 𝜋 𝜔𝑛 ) = (𝑥0 − µ𝑁 𝑘 ) co s 𝜋 + µ𝑁 𝑘 = = − (𝑥0 − 2µ𝑁 𝑘 ) Uma vez que o movimento com um deslocamento de x = x0 e, em um meio-ciclo, o valor de x tornou-se – [𝑥0- (2µN/k)], a redução em magnitude de x no tempo π/𝜔𝑛 é 2µN/k. No segundo meio-ciclo, a massa movimenta-se da esquerda para a direita. As condições iniciais para esse meio-ciclo são: x ( t = 0 ) = valor de x em t = π ωn = − (x0 − 2µN k ) e, �̇� ( t = 0 ) = valor de ẋ em t = π ωn = {𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑒 − 𝜔𝑛 (𝑥0 − µ𝑁 𝑘 ) sen𝑡 𝑒𝑚 𝑡 = 𝜋 𝜔𝑛 } = Assim, as constantes na Equação (1.12) tornam-se: = − A1 = − x0 + 3µN k , A2 = 0 de modo, que a Equação (1.12) pode ser escrita como: x(t) = (x0 − 3µN k ) cos ωnt − µN k (1.17) Essa equação é valida somente para o segundo meio-ciclo, isto é, para π/𝜔𝑛≤ t ≥ 2 π/𝜔𝑛. No final, desse meio-ciclo, o valor de x( t ) é − 𝑥2 = 𝑥 (𝑡 − 𝜋 𝜔𝑛 ) na Equação (1.17) = x0 − 4µN k ẋ (t − 𝜋 𝜔𝑛 ) na Equação (1.17) = 0 7 Estas se tornam as condições iniciais para o terceiro meio-ciclo, e o procedimento pode ser continuado até o movimento parar. O movimento para quando 𝑥𝑛 ≤ µN/k, visto que, então, a força restauradora exercida pela mola (kx) será menor que a força de atrito µN. Assim, o número de meios-ciclos ( r ) que transcorrem antes de o movimento cessar é dado por: 𝑥0 − 𝑟 2µ𝑁 𝑘 ≤ µ𝑁 𝑘 Isto é, 𝑟 ≥ { 𝑥0− µ𝑁 𝑘 2µ𝑁 𝑘 } (1.18) Observe as seguintes características de um sistema com amortecimento Coulomb: 1. A equação de movimento é não linear com amortecimento Coulomb, ao passo que é linear com amortecimento viscoso; 2. A frequência natural do sistema permanece inalterada com a adição de amortecimento Coulomb, ao passo que é reduzida com a adição de amortecimento viscoso; 3. O movimento é periódico com amortecimento Coulomb, ao passo que pode ser não-periódico em um sistema viscosamente amortecido (superamortecido); 4. O sistema entra em repouso após algum tempo com amortecimento Coulomb, ao passo que, teoricamente, o movimento continua para sempre (talvez com uma amplitude infinitesimalmente pequena) com amortecimento viscoso e por histerese; 5. A amplitudeé reduzida linearmente com amortecimento Coulomb, ao passo que a redução é exponencial com amortecimento viscoso; 8 6. Em cada ciclo sucessivo a amplitude do movimento é reduzida pela quantidade 4µN/k , de modo que as amplitudes no final de quaisquer dois ciclos consecutivos estão relacionadas: 𝑥𝑚 = 𝑥𝑚−1 − 4µ𝑁 𝑘 (1.19) Como a amplitude é reduzida por uma quantidade 4µN/k em um ciclo (isto é, no tempo 2π/𝜔𝑛), a inclinação das retas do envelope (representada por linhas tracejadas) na Figura 2 é: − ( 4µ𝑁 𝑘 ) / ( 2𝜋 µ𝑛 ) = − ( 2µ𝑁𝜔𝑛 𝜋𝑘 ) A posição final da massa normalmente é afastada em relação à posição de equilíbrio (x = 0) e representa um deslocamento permanente no qual a força de atrito é travada. Leves batidinhas farão a massa chegar à sua posição de equilíbrio. 2. Vibração livre com amortecimento por histerese: Considere o conjunto mola-amortecedor viscoso mostrado na Figura 3 (a). Para esse sistema, a força F necessária para causar um deslocamento x( t ) é dada por: F = kx + cẋ (2.01) Para um movimento harmônico de frequência ω e amplitude e amplitude X, x(t) = X sem ωt (2.02) As equações (2.01) e (2.02) dão: F(t) = kX sem ωt + cX ω cos ωt 9 = kx ± cω √𝑋2 − (𝑋 𝑠𝑒𝑛 ωt)² = kx ± cω √𝑋2 − 𝑥² (2.03) Quando construímos um gráfico de F em relação a x, a Equação (2.03) representa um laço fechado, como mostrado na Figura 3. A área do laço denota a energia dissipada pelo amortecedor em um ciclo de movimento e é dada por ∆W = ∮ 𝐹𝑑𝑥 = ∫ (𝑘𝑋 𝑠𝑒𝑛 𝜔𝑡 + 𝑐𝑋𝜔 𝑐𝑜𝑠𝜔𝑡)(𝜔𝑋 𝑐𝑜𝑠𝜔𝑡)𝑑𝑡 2𝜋/𝜔 0 = πωcX² (2.04) Figura 3 – Sistema mola-amortecedor viscoso Ao amortecimento causado pelo atrito entre os planos internos que escorregam ou deslizam à medida que o material se deforma é denominado amortecimento por histerese (ou amortecimento sólido, ou estrutural). Tal amortecimento gera um laço de histerese que se formará na curva tensão- deformação ou força-deslocamento (ver figura 4 (a)). A perda de energia em um ciclo de carregamento é igual a área envolvida pelo laço de histerese. A similaridade entre as figuras (3 (b)) e (4 (a))pode ser usada para definir uma 10 constante de amortecimento por histerese. Constatou-se experimentalmente que a perda de energia por ciclo devido ao atrito interno independe da frequência, mas é aproximadamente proporcional ao quadrado da amplitude. Para conseguir obter esse comportamento, considera-se que o coeficiente de amortecimento c é inversamente proporcional à frequência como: C= ℎ 𝜔 (2.05) Onde h é denominada a constante de amortecimento por histerese. As equações (2.04) e (2.05) dão ∆W = πhX² (2.06) 2.1 Rigidez Complexa: Na figura 3(a), a mola e o amortecedor estão ligados em paralelo e, para um movimento harmônico geral, x = X𝑒𝑖𝜔𝑡 , a força é dada por: F = kX𝑒𝑖𝜔𝑡 + cω 𝑖X𝑒𝑖𝜔𝑡 = (k + 𝑖ωc)x (2.10) 11 Figura 4 – Laço de histerese De maneira semelhante, se uma mola e um amortecedor por histerese forem ligados em paralelo, a relação força-deslocamento pode ser expressa como: F = (k + 𝑖h)x (2.11) Onde, k + 𝑖h = k(1 − 𝑖 ℎ 𝑘 ) = k(1 + 𝑖β ) (2.12) é denominada a rigidez complexa do sistema e β = h/k é uma constante que indica uma medida adimensional de amortecimento. 2.2. Resposta do Sistema: Em termos de β, a perda de energia por ciclo pode ser expressa como: 12 ∆W = πkβX² (2.13) Sob o amortecimento por histerese, o movimento pode ser considerado como aproximadamente harmônico (visto que ∆W é pequeno), e a diminuição na amplitude por ciclo pode ser determinada usando equilíbrio de energia. Por exemplo, as energias nos pontos P e Q (separadas por metade de um ciclo) na Figura 5 estão relacionadas como: 𝑘𝑥𝑗 2 2 − 𝜋𝑘𝛽𝑥𝑗 2 4 − 𝜋𝑘𝛽𝑥𝑗+0,5 2 4 − 𝑘𝑥𝑗:0,5 2 2 Ou 𝑥𝑗 𝑥𝑖+0,5 = √ 2+𝜋𝛽 2−𝜋𝛽 (2.14) De maneira análoga, as energias nos pontos Q e R dão: 𝑥𝑗+0,5 𝑥𝑖+1 = √ 2+𝜋𝛽 2−𝜋𝛽 (2.15) A multiplicação das equações (2.14) e (2.15) dá: 𝑥𝑗 𝑥𝑗+1 = 2+𝜋𝛽 2−𝜋𝛽 = 2−𝜋𝛽+2𝜋𝛽 2−𝜋𝛽 ≃ 1 + πβ = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 (2.16) Figura 5 – Resposta de um sistema amortecido por histerese Evidências empíricas mostram que a energia dissipada em um ciclo do movimento devido ao amortecimento histerético é independente da frequência, 13 mas proporcional ao quadrado da amplitude. A resposta livre de um sistema com amortecimento histerético é similar a de um sistema com amortecimento viscoso. Um coeficiente de amortecimento histerético adimensional h é determinado do decremento logarítmico δ: δ = ln ( 𝑥𝑗 𝑥𝑗+1 ) ≃ ln(1 + 𝜋𝛽) ≃ 𝜋𝛽 (2.17) Já que consideramos que o movimento seja aproximadamente harmônico, a frequência correspondente é definida por: ω = √ 𝑘 𝑚 (2.18) O fator de amortecimento viscoso equivalente pode ser determinado igualando-o à relação para o decremento logarítmico δ. δ ≃ 2πξ𝑒𝑞 ≃ 𝜋β = 𝜋ℎ 𝑘 ξ𝑒𝑞 = 𝛽 2 = ℎ 2𝑘 (2.19) Assim, a constante de amortecimento equivalente 𝑐𝑒𝑞 é dada por: 𝑐𝑒𝑞 = 𝑐𝑐 . 𝜉𝑒𝑞 = 2√𝑚𝑘. 𝛽 2 = 𝛽√𝑚𝑘 = 𝛽𝑘 𝜔 = ℎ 𝜔 (2.20) Referências Bibliográficas: [1] RAO, Singiresu S. Vibrações Mecânicas. Prentice Hall, 4.° edition, 2008. [2] SILVA, Samuel. Vibrações Mecânicas. 2009. 150 f. Notas de Aulas 2.°Versão. – Centro de Engenharias e Ciências Exatas, Universidade Estadual do Oeste Paraná, 2009.
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