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Augusto De Jesus Sousa Emanuel Bruno Ferreira Felix Maurício Rosado Gabriel Alves De Jesus Leonardo De Sousa Araújo Lucas Henrique Spera Santos Newton John Caires Stabille PROCESSO DE METALURGIA DO PÓ EM FERRAMENTAS DE CORTE DE METAL DURO São Paulo 2019 Augusto De Jesus Sousa Emanuel Bruno Ferreira Felix Maurício Rosado Gabriel Alves De Jesus Leonardo De Sousa Araújo Lucas Henrique Spera Santos Newton John Caires Stabille RA: 916120114 RA: 916117077 RA: 917121452 RA: 416105000 RA: 916103239 RA: 916104268 RA: 416105046 PROCESSO DE METALURGIA DO PÓ EM FERRAMENTAS DE CORTE DE METAL DURO São Paulo 2019 Projeto Integrador apresentado à Diretoria de Exatas da Universidade Nove de Julho. Área de concentração: Engenharia Mecânica Orientador: Prof. Deiglys Borges Monteiro RESUMO A metalurgia do pó, conhecida como a arte de produzir artefatos, consiste em uma técnica de pressão em pós metálicos para produção de peças complexas, as etapas no processo de fabricação de metalurgia do pó estão divididas em obtenção do pó, compactação e sinterização. Os pós metálicos podem ser obtidos através de reações químicas, decomposição, processamento mecânico de materiais sólidos, deposição eletrolítica e atomização de metais fundidos, seguindo para o processo de compactação, onde o pó será aplicado nas cavidades de matrizes acopladas a prensas de compressão (mecânica ou hidráulica), aplicando-se pressões já estabelecidas de acordo com o tipo de pó, posteriormente, é aplicada a sinterização, que destaca-se por ser a etapa final de produção de uma peça por metalurgia do pó, onde as partículas previamente compactadas ou confinadas em moldes serão aquecidas abaixo do ponto de fusão do metal base, de maneira que a temperatura, velocidade de aquecimento e resfriamento, tempo de permanência e atmosfera protetora, serão controlados. Em alguns casos, é necessário o uso de etapas complementares, para adaptar cada qual a sua necessidade solicitada. O metal duro ou carboneto duro sinterizado é o material mais utilizado para ferramentas no campo da usinagem moderna, sendo tipicamente obtido através da metalurgia do pó, sendo que, existem classes para dividir os tipos de metal duro conforme sua aplicação. O processo de fabricação de peças de metal duro através da metalurgia do pó gera peças com propriedades físicas e mecânicas esperadas para determinadas aplicações. Por ser a técnica mais utilizada na fabricação do carboneto metálico (metal duro), conclui-se que a metalurgia do pó tem se mostrado um processo eficiente e podendo até mesmo ser mais econômico em determinadas aplicações, tais como mancais autolubrificantes, discos de freio e embreagem, próteses e ferramentas de corte. Palavras-Chave: Metalurgia do pó. Metal duro. Carboneto metálico. Ferramenta de corte. ABSTRACT Powder metallurgy, known as the art of producing artifacts, consists of a metal powder pressing technique for producing complex parts, the steps in the powder metallurgy manufacturing process are divided into powder obtaining, compaction and sintering. The metal powders can be obtained through chemical reactions, decomposition, mechanical processing of solid materials, electrolytic deposition and atomization of molten metals, following to the compaction process, where the powder will be applied in the cavities of matrices coupled to compression presses (mechanical or hydraulic), applying pressures already established according to the type of powder, sintering is subsequently applied, which stands out for being the final stage of production of a piece by powder metallurgy, where particles previously compacted or confined in molds will be heated below the melting point of the base metal, so that temperature, heating and cooling speed, dwell time and protective atmosphere will be controlled. In some cases, it is necessary to use additional steps to adapt each one to your requested need. Hard carbide or sintered carbide is the most commonly used tool material in the field of modern machining, typically being obtained through powder metallurgy, and there are classes to divide carbide types according to their application. The process of manufacturing carbide parts through powder metallurgy generates parts with the physical and mechanical properties expected for certain applications. As it is the most used technique in the manufacture of metal carbide (hard metal), it can be concluded that powder metallurgy has proven to be an efficient process and may even be more economical in certain applications, such as self-lubricating bearings, brake discs and clutch, prosthetics and cutting tools. Keywords: Powder Metallurgy. Hard metal. Metal Carbide. Cutting tools Lista de Ilustrações Figura 1 Configuração de jatos de água..................................................................... 8 Figura 2 Tipos e formas de partículas metálicas. ....................................................... 9 Figura 3 Punção em processo de compactação....................................................... 11 Figura 4 Forno para sinterização.............................................................................. 13 Lista de Tabelas Tabela 1 Pressão para compactação por material. .................................................. 12 Tabela 2 Condições de sinterização. ....................................................................... 14 Tabela 3 Classes de metal duro. .............................................................................. 17 Tabela 4 Aplicação para materiais ferrosos. ............................................................ 18 Tabela 5 Aplicação de materiais ferrosos. ................................................................ 19 Tabela 6 Classificação dos tipos de metal duro segundo a norma ISO. ................... 20 Tabela 7 Condições de sinterização para vários tipos de metal duro. ...................... 23 Sumário 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 7 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................................... 8 2.1 Metalurgia do pó e suas etapas ................................................................. 8 2.1.1 Obtenção do pó ...................................................................................... 8 2.1.2 Compactação ....................................................................................... 11 2.1.3 Sinterização .......................................................................................... 13 2.1.4 Etapas complementares ....................................................................... 14 2.2 Metal duro .................................................................................................. 16 2.2.1 Classe de metal duro ............................................................................ 16 3 DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO DE FABRICAÇÃO DO METAL DURO 21 4 CONCLUSÃO ................................................................................................... 24 5 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................. 25 7 1 INTRODUÇÃO A metalurgia do pó, que também pode ser conhecida como a arte de produzir artefatos, em escala comercial, consiste em uma técnica que faz uso da aplicação de pressão em pós metálicos, cerâmicos ou cermets (metal + cerâmica), seguido pela aplicação de calor para fazer com que o pó comprimido tenha o aumento da ligação entre suas partículas, em um processo conhecido como compactação e sinterização, respectivamente (BRITO, MEDEIROS e LOURENÇO, 2007). É um processo de manufatura de peças metálicas ferrosas e não ferrosas altamente desenvolvido no qualos pós metálicos são configurados em ferramental apropriado com posterior aquecimento sob condições controladas a temperaturas abaixo do ponto de fusão do metal base para promover ligação metalúrgica entre as partículas, ou seja, não existe a fusão do material, com o mesmo sempre mantendo o seu estado sólido (BRITO, MEDEIROS e LOURENÇO, 2007). Mostra-se uma alternativa possível para a produção de peças em grande escala com uma única prensa, um único operador e com o máximo de aproveitamento da matéria-prima. Com capacidade de até 100 peças por minuto, as prensas automáticas eliminam a necessidade de vários processos distintos para se alcançar os mesmos resultados no mesmo período de tempo da sinterização (CHEIS, 2013). Essa técnica tem se mostrado um processo eficiente e podendo até mesmo ser mais econômico em determinadas aplicações, como no caso de peças de titânio que podem ter o gasto de energia de sua produção reduzido em até 50% em relação à técnicas convencionais (INOVAÇÃO TECNOLÓGICA, 2008). Um dos usos mais disseminados da metalurgia do pó é a do carboneto metálico, mais conhecido como metal duro, que possui importância no campo das ferramentas de corte, peças de desbaste e brocas para perfuração de rochas. Nessas ferramentas, o metal duro é adaptado nas partes cortantes, na forma de pastilha, sendo que elas possuem elevada dureza e suportam temperaturas de até 1.000°C sem sofrer perda de corte (MORO, 2007). Esse trabalho apresentará o conceito completo de metalurgia do pó, bem como o detalhamento de suas etapas de produção de maneira geral e os processos específicos para o uso da técnica em metal duro. Será feita uma análise completa da tecnologia apontando a sua viabilidade no caso do carboneto metálico. 8 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Metalurgia do pó e suas etapas As etapas no processo de fabricação de metalurgia do pó estão divididas em: obtenção do pó; compactação; sinterização; processos complementares (CHIAVERINI, 2001). 2.1.1 Obtenção do pó Iniciam-se os trabalhos com a obtenção do pó (grão), os métodos são divididos em quatro classes: reações químicas e decomposição; processamento mecânico de materiais sólidos; deposição eletrolítica; atomização de metais fundidos (CHIAVERINI, 2001). O formato de grão desejado depende do tipo de bocal (orifício) pelo qual o líquido metálico será expelido (CHIAVERINI, 2001). Figura 1 Configuração de jatos de água. Fonte: (EDISCIPLINAS USP, 2018) 9 Figura 2 Tipos e formas de partículas metálicas. Fonte: (CHIAVERINI, 1992) 2.1.1.1 Reações químicas e decomposição 2.1.1.1.1 Reações químicas Este processo normalmente utiliza-se da redução de óxidos metálicos, através de um agente redutor gasoso ou sólido. Elementos como ferro, cobre, tungstênio e o molibdênio são os principais elementos obtidos (CHIAVERINI, 2001). 2.1.1.1.2 Decomposição Caracteriza-se pela decomposição térmica de um dado composto a altas temperaturas. Geralmente atribui-se este processo a compostos gasosos, resultando em partículas sólidas muito finas. Sendo denominado como carbonila tais compostos gasosos. Pós metálicos de ferro e níquel são os principais obtidos por decomposição 10 térmica. Os pós de carbonila de ferro e níquel são aplicados em casos específicos (CHIAVERINI, 2001). 2.1.1.2 Processamento mecânico de materiais sólidos Trata-se da pulverização mecânica para metais duros e quebradiços como ferro, bismuto eletrolíticos ou mesmo metais reativos como berilo e hidretos metálicos. Mas a realidade é que o processamento mecânico se aplica em operações complementares às de produção dos pós como: redução de tamanho de partícula; modificação da forma da partícula; aglomeração de pó; formação mecânica de ligas; modificação de propriedades (CHIAVERINI, 2001). 2.1.1.3 Deposição eletrolítica Neste processo, permite-se obter uma ampla variedade de pós metálicos, os mais comuns são os pós de ferro, cobre e os a base de metais preciosos. A deposição eletrolítica pode ser feita de duas maneiras, a primeira resulta-se na formação de um deposito esponjoso de baixa aderência o qual pode ser mecanicamente desintegrado em partículas finas. Na segunda tem-se a deposição de uma camada densa, macia e quebradiça, a qual pode ser moída (CHIAVERINI, 2001). Obtém-se pós de alta pureza com o processo eletrolítico e de excelentes características de compactação, apesar de seu alto custo ser um entrave para a produção de peças em grande escala (CHIAVERINI, 2001). 2.1.1.4 Atomização de metais fundidos Aplica-se este método principalmente na obtenção do pó de ferro, metal mais utilizado na metalurgia do pó. Tal método permite a fabricação de praticamente qualquer tipo de liga metálica ou metal, exemplo, metais e ligas de cobre e latão, ferro e alumínio, ou ligas mais sofisticadas como aços superliga, para ferramentas, inoxidáveis etc (CHIAVERINI, 2001). O processo é feito através da pulverização de um líquido metálico em finas partículas, em geral com tamanho menor que 150mm. Tal pulverização é feita pela passagem forçada de uma corrente de metal líquido através de um orifício de saída 11 menor, onde o metal é desintegrado por jato de ar ou gás. Solidifica-se o metal de maneira imediata com a combinação do jato e resfriamento natural provocado pela sua expansão ao sair pelo orifício. Sendo feito por um sistema de sucção ou recolhimento do pó numa câmara (CHIAVERINI, 2001). 2.1.2 Compactação Etapa onde o pó será aplicado nas cavidades de matrizes acopladas a prensas de compressão (mecânica ou hidráulica), aplicando-se pressões já estabelecidas de acordo com o tipo de pó, considerando também suas características finais (CHIAVERINI, 2001). A compactação é dividida em etapas, a começar pelo preenchimento da cavidade da matriz com pó através de um dispositivo de enchimento. Segue-se para o abaixamento do punção superior da matriz, penetrando a cavidade até que haja o contato com pó, esta etapa é feita de maneira automática por acionamento hidráulico ou mecânico conforme o tipo de prensa utilizado (CHIAVERINI, 2001). Agora vem a aplicação de pressão por parte do punção superior e parcialmente pelo punção inferior, que já se encontra no interior da cavidade da matriz, evitando a fuga do pó durante o movimento do punção superior e inferior (CHIAVERINI, 2001). Figura 3 Punção em processo de compactação Fonte: (ESSEL, 2018) As pressões de compactação devem ser adequadas às características do material que constitui o pó, levando em consideração a qualidade e quantidade de lubrificante adicionado a mistura dos pós, vide a tabela tal, tal, tal, considerando valores aconselhados para pressões de compactação (CHIAVERINI, 2001). 12 Tabela 1 Pressão para compactação por material. Peças/Material Pressão (t/cm²) Peças de latão 4,0 a 7,0 Buchas auto lubrificantes de bronze 2,0 a 3,0 Escovas coletoras Cu-grafita 3,5 a 4,5 Metal duro 1,0 a 5,0 Buchas porosas de ferro 2,0 a 4,0 Peças de ferro e aço de baixa densidade 3,0 a 5,0 Peças de ferro de média densidade 5,0 a 6,0 Peças de ferro de alta densidade 5,0 a 10,0 Fonte: (CHIAVERINI, 2001) Deve-se levar em consideração a relação de compressão, que consiste na relação entre a densidade aparente do compactado verde (pó compactado dentro da matriz) e a densidade do pó, variando entre proporções de 3 até 1 conforme a o tipo de liga utilizado (CHIAVERINI, 2001). O método de operação das prensas no processo de metalurgia do pó pode ser por princípio de enchimento da cavidade da matriz por volume (prensas mecânicas) ou de enchimento por peso (prensas hidráulicas), sendo este último o menos lucrativo para produção por ser feito quase que manualmente (CHIAVERINI, 2001). Prensas mecânicas operam de maneira automática, podendo produzir 100 peçaspor minuto, onde o avanço do punção controla a pressão. Já nas prensas hidráulicas limita-se o punção pela medida de pressão, sendo ela máxima e fixa desde o início do processo (CHIAVERINI, 2001). 2.1.2.1 Matrizes para compactação Constitui-se uma matriz a partir de: corpo; punção superior; punção inferior; macho (presente em processos de peças com furos passantes) (CHIAVERINI, 2001). Leva-se em conta na confecção de matrizes as tolerâncias dimensionais, de maneira que não dificulte o movimento relativo das peças constituintes da matriz, permitindo o escape de gases quando aplicada pressão no processo de compactação. A eventual penetração dos pós fino no curso dos punções, dificulta seus movimentos e diminui a vida útil da matriz (CHIAVERINI, 2001). 13 Matrizes são fabricadas com aço indeformável de alto carbono e cromo, sendo temperado e revenido, geralmente recebem um revestimento de cromo duro ou são confeccionadas com núcleo de metal duro (CHIAVERINI, 2001). Isso eleva o custo das matrizes substancialmente, porem eleva sua duração na mesma proporção, permitindo a fabricação de milhares de peças compactadas de maneira contínua (CHIAVERINI, 2001). 2.1.3 Sinterização Destaca-se por ser a etapa final de produção de uma peça por metalurgia do pó, onde as partículas previamente compactadas ou confinadas em moldes serão aquecidas abaixo do ponto de fusão do metal base, de maneira que a temperatura, velocidade de aquecimento e resfriamento, tempo de permanência e atmosfera protetora, serão controlados (CHIAVERINI, 2001). Utilizam-se fornos contínuos com aquecimento a gás ou resistência elétrica para que a sinterização seja feita, onde suas características serão definidas por três zonas operacionais: preaquecimento, manutenção da temperatura e resfriamento (CHIAVERINI, 2001). Figura 4 Forno para sinterização. Fonte: (ESSEL, 2018) Para fornos a resistência, aquece-se as peças com fios, fitas ou barras, podendo ser constituídas por Ni-Cr para temperaturas de até 1150 °C, carboneto de silício (Si-C) até temperaturas na casa dos 1400 °C, molibdênio ou tungstênio para temperaturas até 1550 °C. Metais refratários (W,Mo e Ta) podem atingir temperaturas na casa dos 3000 °C, ao passar uma corrente através destes metais (CHIAVERINI, 2001). 14 O processo se baseia na ligação atômica entre as superfícies de partículas vizinhas, ocorrendo também a recristalização e aumento de grão em função da temperatura e do tempo de sinterização. As ligações químicas das partículas do pó, reduzem ou mesmo eliminam a presença de poros no interior do compactado verde. Forma-se assim uma peça de corpo coerente com propriedades características próprias de um produto sinterizado (CHIAVERINI, 2001). Tabela 2 Condições de sinterização. Material Temperatura (°C) Tempo (minutos) Atmosfera Bronze 760 a 870 10 a 20 Hidrogênio, amônia dissociada, gás exotérmico Cobre 840 a 900 12 a 45 Hidrogênio, amônia dissociada, gás exotérmico Latão 840 a 900 10 a 45 Hidrogênio, amônia dissociada, gás exotérmico Ferro e Fe-grafita-Cu 1000 a 1150 8 a 45 Hidrogênio, amônia dissociada, gás exotérmico Níquel 1000 a 1150 30 a 45 Hidrogênio, amônia dissociada, gás exotérmico Aço Inoxidável 1090 a 1285 30 a 60 Hidrogênio, amônia dissociada, vácuo Ímãs Alnico 1215 a 1300 120 a 150 Hidrogênio Metal Duro 1425 a 1480 20 a 30 Hidrogênio – vácuo Fonte: (CHIAVERINI, 2001) 2.1.4 Etapas complementares Mesmo a sinterização sendo considerada a última etapa do processo da metalurgia do pó, faz-se necessário em alguns casos o uso de etapas (operações) complementares, para adequar cada qual a sua necessidade solicitada (CHIAVERINI, 2001). Tais etapas aplicam-se com intuito de: conferir melhor acabamento; maior precisão dimensional às peças; melhor densidade, dureza e resistência mecânica; etc. Divide-se as principais etapas complementares em recompressão ou calibragem, tratamentos térmicos e termoquímicos e tratamentos superficiais (CHIAVERINI, 2001). 15 2.1.4.1 Recompressão ou calibragem Faz-se uso deste processo para demais prensas e matrizes diferentes das usadas durante a compactação, busca-se a diminuição de empenamentos e distorções resultantes da sinterização, resultando no acerto definitivo da forma e dimensões de peças sinterizadas. Utiliza-se tal operação para tolerâncias dimensionais muito estreitas, difíceis de serem controladas durante a sinterização, onde as pressões de recompressão no geral são inferiores às de compactação (CHIAVERINI, 2001). 2.1.4.2 Tratamentos térmicos e termoquímicos Aplicam-se para peças de ferro ou aço com o objetivo de melhorar suas propriedades mecânicas, os principais tratamentos são: tempera; revenimento; carbonitretação. Faz-se a carbonitretação a fim de aumentar a dureza superficial da peça. Em virtude da presença de poros nos compactados sinterizados, tais tratamentos serão feitos na presença de atmosfera gasosa e não em banhos líquidos (sais fundidos) (CHIAVERINI, 2001). No caso de determinas peças constituídas por ferro, devem ser tratadas por oxidação ou tratamento a vapor, a fim de inibir a corrosão. O tratamento é feito pelo aquecimento das peças sinterizadas em temperaturas na casa dos 580-560°C dentro de uma câmara, onde uma corrente de vapor de água é inserida. Resulta-se em uma fina camada de oxido de ferro nas paredes e superfície da peça, que aderem com força às partículas de ferro (CHIAVERINI, 2001). 2.1.4.3 Tratamentos superficiais Para peças sinterizadas de ferro suficientemente densas, utiliza-se zinco, níquel, cromo e fosfatização em sua superfície, para melhorar a resistência a corrosão, sendo as peças infiltradas constituídas por cobre apresentam melhores resultados aos referidos tratamentos (CHIAVERINI, 2001). 16 2.2 Metal duro O metal duro ou carboneto duro sinterizado é o material mais utilizado para ferramentas no campo da usinagem moderna, podendo ser usado em matrizes de conformação (estiramento e trefilação), ferramentas de percussão (brocas em geral) e componentes de matrizes para metalurgia do pó (CHIAVERINI, 2001). É um material tipicamente obtido através da metalurgia do pó, sendo constituído basicamente por carbonetos extremamente duros de alta resistência ao desgaste, podendo ser de tungstênio (WC) apenas ou associado a demais carbonetos (TiC e TaC(NbC)). E elementos aglomerantes com a função de aglomerar as partículas de carboneto durante a sinterização, sendo também responsáveis pela tenacidade do material (CHIAVERINI, 2001). Fundamentalmente o metal duro apresenta propriedades de dureza à temperatura ambiente ou elevadas e resistência a ruptura transversal, sendo possível avaliar sua tenacidade através destas propriedades (CHIAVERINI, 2001) 2.2.1 Classe de metal duro Existem classes para dividir os tipos de metal duro conforme sua aplicação, sendo divididas em quatro grupos (CHIAVERINI, 2001). O primeiro grupo (a) é para usinagem de materiais com produção de cavacos curtos, caso dos ferros fundidos. Já o segundo grupo (b) é para a usinagem de materiais com produção de cavaco longo, caso do aço. O terceiro grupo (c) é aplicado em ferramenta de percussão para uso em mineração, construção civil etc. Por último, o quarto grupo (d) é utilizado em matrizes de extrusão, trefilação, estiramento e componentes que necessitam de elevada resistência ao desgaste (CHIAVERINI, 2001). Para as classes (a), (c) e (d) a composição mais comum e simples é de WC + Co, onde a usinagem de materiais com cavaco curto pode ter a composição feita de TiC. Já a classe (b) é composta de maneira mais complexa, WC + TiC ou por WC + Tic + TaC(NbC) + Co (CHIAVERINI, 2001). Existem classes de metal duro conhecidas como universais, utilizadas na usinagem de materiais de cavacos longos ou curtos (CHIAVERINI,2001). 17 Tabela 3 Classes de metal duro. Designação Composição aproximada (%) Características principais WC TiC + TaC Co Densidade (g/cm³) Dureza Vickers (kgf/mm²) Resist. à rup. transversal (kgf/mm²) ε (kgf/mm²) P 01 30 64 6 7,2 1800 75 - P 10 55 36 9 10,4 1600 140 52000 P 20 76 14 10 11,9 1500 150 54000 P 25 73 19 8 12,5 1500 170 55000 P 30 82 8 10 13,0 1450 170 56000 P 40 77 12 11 13,1 1400 180 56000 P 50 70 14 16 12,5 1300 200 52000 M 10 84 10 6 13,1 1650 140 58000 M20 82 10 8 13,4 1550 160 56000 M30 81 10 9 13,4 1450 180 58000 M40 78 7 15 13,5 1300 200 55000 K 01 93 2 5 15,0 1750 120 63000 K 05 92 2 6 14,6 1700 135 63000 K 10 92 2 6 14,8 1650 150 63000 K 20 91,5 2,5 6 14,8 1550 170 62000 K 30 89 2 9 14,5 1450 190 - K 40 88 - 12 14,3 1300 210 58000 Fonte: (CHIAVERINI, 1992) Recomenda-se pela ISO (International Organization for Standards) o agrupamento dos variados tipos de metal duro em três grupos: P; M; K. Utiliza-se o grupo P para usinagem de metais e ligas ferrosas, apresentando longos cavacos. A tabela 4 apesenta a designação e campo de aplicação para metal duro do grupo P (CHIAVERINI, 1992). O grupo M aplica-se a usinagem de ligas ferrosas, apresentando cavacos longos e curtos. Maiores detalhes serão apresentados na tabela 5 (CHIAVERINI, 1992). Por fim, designa-se o grupo K na usinagem de materiais ferrosos com cavacos curtos, além de ligas não-ferrosas e materiais não-metálicos (CHIAVERINI, 1992). 18 Tabela 4 Aplicação para materiais ferrosos. Designação Campo de aplicação P a ra m a te ri a is f e rr o s o s d e c a v a c o l o n g o c o m o a ç o s e f e rr o f u n d id o m a le á v e l P01 Operações de acabamento fino, com avanços pequenos e altas velocidades, como torneamento e furação de precisão. Exige máquinas rígidas, isentas de vibração. P10 Idem – Também para aplicações em que ocorre grande aquecimento da ferramenta. P20 Operações de desbaste leve, com velocidade de médias para alta e avanços médios. Também em operações de plainamento com seções pequenas de cavaco. P25 Operações de desbaste com velocidades e avanços médios. P30 Operações com baixa a média velocidade de corte e seções de cavaco médias a grandes: torneamento, fresagem, plainamento. P40 Operações de desbaste grosseiro e em condições severas de corte, como corte interrompido, mesmo em máquinas sujeitas a vibração; velocidades baixas a médias e grandes avanços e profundidade de corte; torneamento, plainamento. P50 Idem; é o tipo mais tenaz em aplicações que se usam máquinas obsoletas, onde substitui o aço rápido com grande vantagem. Fonte: (CHIAVERINI, 2001) 19 Tabela 5 Aplicação de materiais ferrosos. Designação Campo de aplicação C la s s e s u n iv e rs a is : a ç o s in c lu s iv e a ç o s -l ig a , fe rr o fu n d id o c o m u m , fe rr o f u n d id o n o d u la r, f e rr o f u n d id o m a le á v e l M10 Operações de torneamento com velocidades médias a altas seções de cavaco médias. M20 Operações de torneamento, fresagem, plainamento, com velocidades de corte médias e seções de cavaco médias. M30 Idem, com seções de cavaco médias a grandes. M40 Torneamento, principalmente em máquinas automáticas. P a ra m a te ri a is d e c a v a c o c u rt o : fe rr o fu n d id o , a ç o t e m p e ra d o , m e ta is n ã o - fe rr o s o s , m a d e ir a s K01 Operações de acabamento fino e de precisão, com broqueamneto e faceamento, com cortes leves e firmes, avanços pequenos e altas velocidades. K05 Operções de acabamento, como torneamento, alisamento e furação de precisão, com alta velocidade de corte. K10 Operações de usinagem geral. K20 Idem, com avanços e velocidades médias. K30 Operações de desbaste, cortes interrompidos e profundos. K40 Idem, onde se tem condições muito desfavoráveis e se deve trabalhar com ângulos de saída grande. Fonte: (CHIAVERINI, 1992) 20 Tabela 6 Classificação dos tipos de metal duro segundo a norma ISO. Designação ISO Dureza e resistência ao desgaste Tenacidade P01 P10 P20 P25 P30 P40 P50 M10 M20 M30 M40 K01 K05 K10 K20 K30 K40 Fonte: (CHIAVERINI, 1992) 21 3 DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO DE FABRICAÇÃO DO METAL DURO Após obtidos, os pós metálicos são de início carbonetados. No caso do tungstênio, como agente carbonetante, é empregado o negro de fumo. Os pós de tungstênio e negro de fumo são misturados a seco e, em seguida, tal mistura é aquecida em botes de grafita, com o auxílio de fornos de indução de alta frequência ou fornos de resistência ao molibdênio ou até mesmo de tubo de carbono. Nesse procedimento, o processo de carbonetação ou o hidrogênio são os responsáveis por produzir a atmosfera protetora (CHIAVERINI, 1992). Na carbonetação, a temperatura de aquecimento varia de 1375ºC a 1650ºC, dependendo do tamanho de grão final desejado no carboneto de tungstênio. O tamanho de grão é importante sob o ponto de vista de características mecânicas do metal duro (CHIAVERINI, 1992). O resultado esperado para o carboneto, proveniente da carbonetação, é que ele contenha de 6,10 a 6,15% de carbono, na qual apenas 0,05 a 0,10% deverá ser livre. O valor teórico é de 6,13% de carbono no carboneto, podendo-se observar nessas condições estruturas de duas fases: WC e uma solução sólida rica em cobalto. Caso ocorra um excesso de carbono, além dos 0,05 a 0,10% admissíveis, uma terceira fase aparecerá, a grafita livre, sendo ela responsável por produzir porosidade no produto (além do normal já existente), causando assim queda de dureza e resistência mecânica. Já no caso de haver menos carbono, será originado o carboneto duplo CO3W3C, esse provoca fragilidade no material (CHIAVERINI, 1992). No caso do carboneto de tântalo, ele é obtido como resultado de uma mistura de pentóxido de tântalo e carbono, aquecida de aproximadamente 1540ºC. A carbonetação pode ser conduzida a partir de ligas contendo de forma conjunta, o tântalo e o nióbio, ou com ácido tantálico-nióbico, tendo como resultado soluções sólidas em proporções variadas de tântalo com carboneto de nióbio (CHIAVERINI, 1992). Em relação ao titânio, ele é carbonetado em forma de solução sólida de carboneto de titânio e carboneto de tungstênio, sendo necessário uma temperatura muito elevada, de aproximadamente 2050ºC, para que essa solução sólida seja formada. Caso se origine da mistura de tungstênio, carbono e óxido de titânio TiO2, a carbonetação deve ser realizada a temperaturas inferiores, por volta de 1700ºC (CHIAVERINI, 1992). 22 Após serem obtidos os pós, carbonetos e cobalto metálico, eles são misturados nas percentagens especificadas, de acordo com os tipos ou classes de metal dura que vão ser fabricados. Para essa mistura, é necessário um logo período de tempo, de dezenas de horas, num meio líquido, como água, acetona, benzina, ou tetracloreto de carbono, em moinhos de bola, de certa forma que além de uma mistura intima, seja produzida uma certa moagem (CHIAVERINI, 1992). Em seguida, a parte líquida é removida por decantação, filtragem a vácuo ou centrifugação e o processo de secar é feito por destilação a vácuo ou em estufa entre 650ºC a 750ºC. A mistura estando agora seca, é peneirada e preparada para compactação, mediante a adição de parafina em solução com solventes de fácil volatilização. Nesse processo, a parafina tem o papel de lubrificante, no sentido de aprimorar as características de compressibilidade da mistura. As pressões de compactação variam na faixa de 0,5 a 4,0 tf/cm², dependendo das classes que vão ser produzidas e também das dimensões especificadas para os compactados (CHIAVERINI, 1992).Feita a etapa de compactação, segue-se na operação de sinterização, propiciando uma boa contração dos compactos, sendo essa contração é a função da pressão de compactação. Quando menor for a pressão de compactação, maior será a contração. O processo de sinterização final é a operação mais importante na fabricação de metal duro, sendo ela realizada a temperaturas acima de 1450ºC, podendo chegar algumas vezes a 1600ºC. Tais temperaturas geralmente são superiores à de fusão do cobalto, porém bastante inferiores às dos carbonetos presentes. Para que seja feita a sinterização, é necessária uma atmosfera de hidrogênio puro, em forno contínuo ou o emprego de forno a vácuo (CHIAVERINI, 1992). Durante a sinterização de compactos, contendo carboneto de tungstênio e cobalto, uma fase liquida a 1350ºC é formada, sendo ela abaixo do ponto de fusão do cobalto, que é de 1495ºC. Essa fase líquida surge devido à formação de uma solução parcial do carboneto de tungstênio no cobalto, considerando-se que tal fase começa a se formar quando 1,5% de carboneto de tungstênio está dissolvido no cobalto. Já a fusão completa do cobalto ocorre com uma concentração de 20% de WC, sendo que a quantidade máxima de WC dissolvida no cobalto seria de 38%, com sinterização muito prologada (CHIAVERINI, 1992). 23 A fase líquida forma uma espécie de “cimento” que por sua vez aglomera as partículas de carboneto, dando assim ao conjunto quase que isenção total de porosidade e resistência e dureza desejadas. Durante o resfriamento, a solidificação do cobalto acontece a 1275ºC, retendo ainda à essa temperatura, 4% de carboneto de tungstênio. Já à temperatura ambiente, a quantidade de WC dissolvida no cobalto é inferior a 1% (CHIAVERINI, 1992). Tabela 7 Condições de sinterização para vários tipos de metal duro. Composição Temperatura de sinterização, ºC Tempo de sinterização em min. para pastilhas de espessura 2mm 15mm 94 WC-6Co 89 WC-11Co 85 WC-15 Co 94WC-6Co (grão fino) 91,5 WC-1 TaC-0,5 VC-7 Co 78 WC-16 TiC-6 Co 78 WC-14 TiC-8 Co 78 WC-15 TiC-7 Co 69 WC-25 TiC-6 Co 34 WC-60 TiC-6 Co 1420 1400 1380 1420 1500 1600 1550 1500 1550 1700 20 20 17 17 66 20 20 20 66 66 100 100 60 60 220 100 100 100 220 200 Fonte: (CHIAVERINI, 1992) 24 4 CONCLUSÃO Com base na pesquisa e desenvolvimento realizados, conclui-se que a metalurgia do pó tem se mostrado um processo eficiente e podendo até mesmo ser mais econômico em determinadas aplicações, tais como mancais autolubrificantes, discos de freio e embreagem, próteses (implantes cirúrgicos) e ferramentas de corte. Sendo a técnica mais utilizada na fabricação do carboneto metálico (metal duro), com grande importância no campo das ferramentas de corte (desbaste, perfuração). O metal duro é dividido em três classes conforme sua aplicação: P; M; K. Sendo ele constituído por carbonetos de elevada dureza, resistência ao desgaste e que suportam altas temperaturas, o metal duro obtido na metalurgia do pó tem alta durabilidade e longevidade, garantindo um significativo aumento de produtividade para aplicações industriais ou domésticas. 25 5 BIBLIOGRAFIA BRITO, F. I. G. D.; MEDEIROS, K. F.; LOURENÇO, J. M. Um Estudo Teórico Sobre a Sinterização na Metalurgia do Pó. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte. Natal. 2007. (1518-1634). CHEIS, D. Processo da metalurgia do pó e as vantagens dos filtros sinterizados. Revista TAE, 2013. Disponivel em: <http://www.revistatae.com.br/6485-noticias>. Acesso em: 30 Novembro 2019. CHIAVERINI, V. Metalurgia do Pó. 3ª. ed. [S.l.]: McGraw Hill, 1992. CHIAVERINI, V. Metalurgia do Pó. 4ª. ed. [S.l.]: ABM - ASSOC. BRAS. DE METALURGIA, 2001. ISBN 8586778141. EDISCIPLINAS USP. Metalurgia do Pó. Universidade de São Paulo. São Paulo, p. 15. 2018. ESSEL. Metalurgia do Pó Aula 65. ESSEL, 2018. INOVAÇÃO TECNOLÓGICA. Novo processo gera peças de titânio a partir do metal em pó, sem fundição. Inovação Tecnológica, 2008. Disponivel em: <https://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=novo-processo- gera-pecas-de-titanio-a-partir-do-metal-em-po--sem- fundicao&id=010160080610#.XeKn4ehKiUn>. Acesso em: 30 Novembro 2019. MORO, N. Metalurgia do Pó e o Futuro da Indústria. Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina. Florianópolis, p. 7. 2007.
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