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3 Sumário Propriedades dos Materiais .....................................................................................................................5 2.2 PROPRIEDADES TECNOLÓGICAS .......................................................................................................7 2.3 PROPRIEDADES TÉRMICAS ...............................................................................................................7 2.4 PROPRIEDADES ELÉTRICAS ..............................................................................................................8 2.5 PROPRIEDADES ELETROMAGNÉTICAS ...............................................................................................8 2.6 PROPRIEDADES FÍSICAS ...................................................................................................................8 2.7 PROPRIEDADES QUÍMICAS ...............................................................................................................8 PROPRIEDADES ÓPTICAS .......................................................................................................................8 ESTRUTURA DOS MATERIAIS ..................................................................................................................8 3.1 ESTRUTURA CRISTALINA ..................................................................................................................9 3.2 SISTEMAS CRISTALINOS ...................................................................................................................9 3.3 ESTRUTURA CRISTALINA DOS PRINCIPAIS METAIS ............................................................................9 3.4 ALOTROPIA OU POLIMORFISMO .....................................................................................................11 MATERIAIS METÁLICOS ........................................................................................................................11 4.1 METAIS FERROSOS .........................................................................................................................11 4.1.1 USINAS INTEGRADAS ..................................................................................................................11 4.1.1.5 Operações siderúrgicas ..............................................................................................................13 4.1.2 USINAS MINI-MILLS .....................................................................................................................16 4.1.3 PRODUTOS SIDERÚRGICOS .........................................................................................................17 4.1.3.1 AÇOS .......................................................................................................................................19 4.1.3.2 FERROS FUNDIDOS ..................................................................................................................25 4.2 METAIS NÃO-FERROSOS .................................................................................................................26 4.2.3 NÍQUEL E SUAS LIGAS .................................................................................................................33 4.2.4 MAGNÉSIO E SUAS LIGAS ............................................................................................................35 4.2.6 TITÂNIO E SUAS LIGAS ................................................................................................................35 MATERIAIS POLIMÉRICOS ....................................................................................................................36 5.1 PLÁSTICOS ....................................................................................................................................37 5.2 ELASTÔMEROS ...............................................................................................................................40 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................42 Artigo I. Desbalanceamento ..................................................................................................................49 Artigo II. Desalinhamento .....................................................................................................................49 Métodos de Medição: ...........................................................................................................................51 TECNOLOGIA DOS ENSAIOS EM MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS ............................................................55 PROJETOS DE MELHORIAS DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES .............................................................62 Exercícios: Sobre Tecnologia das Máquinas.............................................................................................69 Exercícios: Sobre Tecnologia dos Materiais .............................................................................................70 4 INTRODUÇÃO 1.1 PERSPECTIVA HISTÓRICA Os materiais estão profundamente enraizados em nossa cultura que a maioria de nós nem percebe sua presença. Nos transportes, nas casas, nas roupas, nos meios de comunicação, na recreação, e até na produção de alimentos. Inevitavelmente todos os segmentos de nossas vidas são infl uenciados de uma maneira ou de outra pelos materiais. Historicamente, o desenvol- vimento e o avanço das sociedades tem sido intimamente ligado à habilidade dos seus membros em produzir e manipular os ma- teriais para satisfazer suas necessidades. De fato, as primeiras civilizações foram designadas pelo nível do desenvolvimento de seus materiais (isto é, Idade da Pedra, Idade do Bronze, etc.). No início da civilização, os homens tinham acesso a um número muito limitado de materiais, todos retirados dire- tamente da natureza. Descobriram técnicas para produção de materiais com propriedades superiores aos naturais, alterando- -as através de tratamentos térmicos ou pela adição de outras substâncias. Nesses novos materiais incluem-se a cerâmica e vários metais. Neste ponto, os materiais eram escolhidos atra- vés de um processo de seleção, ou seja, eram selecionados dentre um número restrito de materiais, os que possuíam as melhores propriedades para determinada aplicação. Somente em tempos recentes os cientistas vieram a entender as rela- ções entre as estruturas dos materiais e suas propriedades. Assim, dezenas de milhares de materiais diferentes evoluíram com características bastante específi cas que satis- fazem às necessidades de nossa sociedade moderna e com- plexa, tais como, metais, plásticos, vidros, etc. O desenvolvimento de tecnologias que propiciam maior conforto estão intimamente associadas ao acesso a materiais adequados. Um avanço na compreensão de um tipo de mate- rial é muitas vezes o precursor de um grande desenvolvimen- to tecnológico. Por exemplo, os automóveis não teriam sido possíveis sem a disponibilidade de aço barato ou algum outro substituto adequado. Em nossos dias, sofi sticados equipamen- tos eletrônicos utilizam componentes fabricados com certos materiais chamados semicondutores, surgidos após a IIº Guer- ra Mundial. 1.2 IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DOS MATERIAIS Todo projetista, seja ele cientista, engenheiro ou mes- mo designer, estará exposto a problemas de projeto que envol- vem materiais. Como exemplo, podemos mencionar uma en- grenagem de transmissão, a superestrutura dos arranha-céus, um componente de uma refi naria de petróleo, ou um circuito integrado de um “chip”. E os cientistas e engenheiros de ma- teriais são os profi ssionais que estão totalmente envolvidos na investigação e desenvolvimento dos materiais utilizados em todos esses projetos. Muitas vezes, o problema relacionado com materiais é selecionar corretamente apenas um dentre os milhares disponíveis. Há viários critérios em que a decisão fi nal é normalmente baseada. Em primeirolugar, deve-se analisar as condições de trabalho para determinar a ordem das proprie- dades que o material deve possuir. Muito raramente o material possui a combinação das propriedades ideais exigidas. Assim, pode ser necessário optar por uma característica ou outra. O exemplo clássico envolve a dureza e a ductilidade; normal- mente, um material de alta dureza possui baixa ductilidade. Em certos casos, é necessário que duas ou mais propriedades estejam de acordo para seu aproveitamento. Em segundo lu- gar, está a deterioração à qual o material sofrerá durante sua operação de serviço. Por exemplo, um material pode sofrer uma signifi cante redução na sua resistência mecânica se for exposto a temperaturas elevadas ou ambientes corrosivos. Fi- nalmente, a viabilidade econômica. Daí surge a típica pergun- ta: Quanto custará o produto fi nal? Um material que possuir as qualidades ideais para o uso, poderá tornar-se inviável devido ao seu elevado custo. Novamente aqui, é inevitável a neces- sidade da combinação de fatores na escolha. O preço fi nal de uma peça acabada inclui todas as despesas necessárias à sua formação por completo. Assim, com o estudo aprofundado dos materiais, pode-se escolher prudentemente os que mais se adaptam à sua realidade seguindo estes critérios. 1.3 CIÊNCIA DOS MATERIAIS A Ciência dos Materiais envolve a investigação da re- lação existente entre estrutura e propriedades dos materiais. Assim, com base nessa correlação entre estrutura e proprie- dades, desenvolve-se ou cria-se a estrutura de um material para produzir um conjunto de pré-determinadas propriedades. “Estrutura” de um material diz respeito ao arranjo de seus com- ponentes internos. A estrutura subatômica envolve os elétrons dentro dos átomos e a interação com seus núcleos. Em um nível atômico, estrutura diz respeito à organização dos átomos ou moléculas uns em relação aos outros. Alguns tipos de estruturas são formadas por um grande número de átomos ou moléculas que formam grandes aglo- merados possíveis de serem observados através de um mi- croscópio. Estas estruturas são denominadas ”microscópicas”. Finalmente, a estrutura que pode ser observada diretamente com os olhos, sem nenhum equipamento especial, é chamada de estrutura “macroscópica”. A noção de “propriedade” também merece um escla- recimento. Durante o uso, todos os materiais são expostos a estímulos externos que provocam algum tipo de resposta. Por exemplo, um espécime submetido a uma força sofrerá uma de- formação; ou a superfície de um metal quando polido refl etirá a luz. Portanto, propriedade é uma característica dos materiais em termos do tipo e magnitude da resposta para cada estímulo específi co. Geralmente, defi nições de propriedades são cria- das independentemente da forma e do tamanho do material. Inevitavelmente as propriedades mais importantes dos materiais sólidos podem ser agrupadas em seis categorias: me- cânicas, eletro-magnéticas, químicas, ópticas e tecnológicas. Para cada propriedade, há um tipo de estímulo que provoca uma resposta diferente. A propriedade mecânica re- laciona deformação do material a uma força aplicada sobre ou por ele. Neste caso, estão descritos os módulos de elasticidade e força. Para as propriedades elétricas, como a condução e constante dielétrica, o estímulo é o campo elétrico. O compor- tamento térmico dos sólidos pode ser representado em termos de capacidade calorífi ca e condutibilidade térmica. As propriedades magnéticas demonstram a resposta de um material à aplicação de um campo magnético. Para as propriedades ópticas, os estímulos podem ser uma radiação eletromagnética ou luminosa e, o índice de refração e refl exão, representam as propriedades em si. As propriedades químicas estão muitas vezes relacio- nadas à reatividade química dos materiais. Finalmente, as pro- 5 priedades tecnológicas estão relacionadas à adequabilidade do material diante dos processos de fabricação aos quais é submetido. 1.4 CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS Os materiais sólidos são geralmente classifi cados em três grupos básicos: metais, polímeros e cerâmicas. Este es- quema é baseado principalmente em sua composição química e estrutura atômica, e os materiais entram em um ou outro gru- po distinto, embora hajam alguns intermediários. Além destes, há mais outros três grupos importantes para a Engenharia de Materiais, são eles: os compósitos, bio- materiais e os semicondutores. Metais - Metais são elementos químicos sólidos à tem- peratura ambiente (exceto o mercúrio), opacos, lustrosos, bons condutores de eletricidade e calor e, quando polidos refl etem a luz. A maioria dos metais é forte, dúctil e maleável, e, em geral, de alta densidade. Possuem um grande número de elétrons livres; ou seja, estes elétrons não são ligados a nenhum áto- mo em particular. Muitas das propriedades dos metais estão diretamente ligadas a estes elétrons. Metais são os materiais estruturais primários de toda a tecnologia e incluem um grande número de ligas ferrosas (por exemplo, ferro-fundido, aço car- bono, ligas de aços, etc.). Polímeros - Dentre os polímeros incluem-se borrachas, plásticos, e muitos outros tipos de adesivos. São produzidos a partir da criação de grandes estruturas moleculares provenien- tes de moléculas orgânicas em um processo conhecido como polimerização. Os polímeros têm baixa condutividade térmica e elétrica, tem baixa resistência mecânica comparado a outros materiais utilizados em Engenharia, e não são adequados para utilização em altas temperaturas. Polímeros termoplásticos, nos quais as longas cadeias de moléculas não são rigidamen- te conectadas, tem boa ductilidade e formabilidade. Polímeros termofi xos são normalmente mais resistentes, porém, podem apresentar-se quebradiços pela sua cadeia molecular ser de forte conexão. Os materiais poliméricos são utilizados em inú- meras aplicações: embalagens, componentes de eletrodomés- ticos, brinquedos, peças técnicas e etc. Cerâmicos - Esta classe pode ser defi nida como qual- quer material sólido inorgânico, não-metálico, usado ou pro- cessado em temperaturas altas. Quando falamos em cerâmica, imediatamente nos vem a mente coisas tais como louças sani- tárias, pisos, azulejos, porcelana de mesa, etc. Frequentemen- te esquece-se das aplicações tecnológicas mais avançadas. Compósitos - Compósitos consistem na combinação de dois ou mais materiais diferentes. O Fiberglass é um exem- plo bem familiar, onde as fi bras de vidro são adicionadas a um material polimérico. Um compósito é desenvolvido para combi- nar as melhores propriedades dos materiais que o constituem. O Fiberglass, por exemplo, adquire a dureza do vidro e a fl exi- bilidade do polímero. Muitos dos recentes materiais desenvol- vidos atualmente são compósitos. Semicondutores - Semicondutores podem ser definidos como materiais que conduzem corrente elétrica melhor que os isolantes mas, não melhor que os metais. Um grande número de materiais satisfaz a estas condições. Em temperatura am- biente, a condutividade característica dos metais é da ordem de 104 a 106 ohm-1 cm-1, enquanto nos isolantes é da ordem de 10-25 a 10-9 ohm-1 cm-1. Os materiais classificados como semicondutores possuem condutividade entre 10-9 e 104 ohm- 1 cm-1. Normalmente a condutividade dos metais diminui com o aumento da temperatura. Com os semicondutores ocorre o contrário, a condutividade aumenta com o aumento da tem- peratura. Nos semicondutores o processo de condução pode ocorrer de modo não iônico onde há o transporte de carga ou de massa (de elétrons). As propriedades únicas dos semicon- dutores dependem, acima de tudo, do número de portadores de corrente elétrica. Estes portadores podem ser de dois tipos: elétrons ou ”buracos”. O número de portadores pode variar de- pendendo da temperatura, luminosidade, partículas nucleares, campos elétricos, ou imperfeições no cristal, na forma de áto- mos de impurezas ou do sistema cristalino. Biomateriais - Biomateriaissão materiais empregados em componentes destinados ao implante no corpo humano, substituindo partes doentes ou danifi cadas. Esses materiais não devem produzir substâncias tóxicas e deve ser compatível com os tecidos do corpo, isto é, não deve produzir reações biológicas adversas. Todas as classes de materiais podem ser utilizadas como biomateriais - metais, cerâmicos, polímeros, semicondutores, compósitos - desde que sejam cuidadosa- mente selecionados. Propriedades dos Materiais Todo projetista está vitalmente interessado nos mate- riais que lhe são disponíveis. Quer seu produto seja uma ponte, um computador, um veículo espacial ou um automóvel, deve ter um profundo conhecimento das propriedades características e do comportamento dos materiais que pode usar. Considere-se, por exemplo, a variedade de materiais usados na manufatura de um automóvel: ferro, aço, vidro, plásticos, borracha, apenas para citar alguns. E, somente para o aço, há cerca de 3000 tipos ou modificações. Com que critério é feita a escolha do material adequado para uma determinada peça? Ao fazer a sua escolha, o projetista deve levar em con- ta propriedades tais como resistência mecânica, condutividade elétrica e/ou térmica, densidade e outras. Além disso, deve con- siderar o comportamento do material durante o processamento e o uso, onde plasticidade, usinabilidade, estabilidade elétrica, durabilidade química, devem ser observadas. Muitos projetos avançados em engenharia dependem do desenvolvimento de materiais completamente novos. Por exemplo, o transistor nun- ca poderia ter sido construído com os materiais disponíveis há 40 anos atrás; o desenvolvimento da bateria solar requereu um novo tipo de semicondutor; e, embora os projetos de turbinas a gás estejam muito avançados, ainda se necessita de um material barato e que resista a altas temperaturas, para as pás da turbina. Visto que, obviamente, é impossível para o projetis- ta ter um conhecimento detalhado dos milhares de materiais agora disponíveis, assim como manter-se a par dos novos de- senvolvimentos, ele deve ter um conhecimento adequado dos princípios gerais que governam as propriedades de todos os materiais. Dentre estas propriedades, pode-se destacar: 6 2.1 PROPRIEDADES MECÂNICAS São aquelas que definem o comportamento do material segundo um determinado esforço a que ele pode ser subme- tido. O conjunto de propriedades mecânicas é baseado nas seguintes características do material: Resistência mecânica: É a propriedade apresenta- da pelo material em resistir a esforços externos, estáticos ou lentos. Tais esforços podem ser de natureza diversa, como sejam: tração, compressão, flexão, torção, cisalha- mento. Assim, os esquemas abaixo representam os esforços referidos: Figura 2.1: Esforços mecânicos aos quais os corpos estão sujeitos. Elasticidade: Propriedade apresentada pelos materiais em recuperar a forma primitiva tão depressa cesse o esforço que tenha provocado a deformação. A deformação elástica é reversível e desaparece quan- do a tensão aplicada é removida. Uma característica da deformação elástica é que esta é praticamente proporcional à tensão aplicada. O módulo de elasticidade (módulo de Young) é quo- ciente entre a tensão aplicada e a deformação elástica resul- tante. Ele está relacionado com a rigidez do material. O módulo de elasticidade resultante de tração ou compressão é expresso em unidade de tensão (psi ou kgf/mm2). O valor deste módulo é primordialmente determinado pela composição do material e é apenas indiretamente relacionado com as demais proprieda- des mecânicas. O módulo de Young é determinado a partir do ensaio de tração. Plasticidade: É a propriedade que apresentam certos materiais de se deixarem deformar permanentemente assumin- do diferentes tamanhos ou formas sem sofrerem rupturas, ra- chaduras ou fortes alterações de estrutura quando submetidos a pressões ou choques compatíveis com as suas propriedades mecânicas. A plasticidade é influenciada pelo calor (o aço ao rubro torna-se bastante plástico). O inverso da plasticidade é a fragilidade ou quebrabilidade; assim, um material é dito frágil ou quebradiço quando o mesmo ao romper-se apresenta uma pequena deformação. A plasticidade pode ser subdividida em: • Maleabilidade: É a maior ou menor facilidade apre- sentada pelo material em se deformar sob ação de uma pres- são ou choque, compatível com a sua resistência mecânica. Um material é maleável quando sob ação do laminador ou do martelo da forja, não sofre rupturas ou fortes alterações na estrutura (endurecimento inadmissível). A maleabilidade pode ser a quente ou a frio. Se a ma- leabilidade a frio é muito grande o material é chamado plástico. • Ductilidade: É a capacidade que os materiais pos- suem de se deformar plasticamente até a ruptura. Deformação plástica é aquela que impõe ao material uma deformação per- manente. Assim sendo, o seu valor pode ser expresso como alongamento e nas mesmas unidades de deformação. Um comprimento comum (embora não universal) para a medida do alongamento é 50 mm. Como mostrado na Figura a seguir, o comprimento considerado é importante, pois a deformação plástica normalmente é localizada. 7 Figura 2.2: Corpo de prova sujeito ao alongamento Uma segunda medida da ductilidade é a estricção que é a redução na área de seção reta do corpo, imediatamente an- tes da ruptura. Os materiais altamente dúcteis sofrem grande redução de área da seção reta antes de romperem-se. Dureza: É definida pela resistência da superfície do material à penetração, ao desgaste, e ao atrito, embora a pri- meira definição seja a mais comumente aceita. Como se pode esperar, a dureza e a resistência à tração estão intimamente relacionadas. A determinação da dureza é obtida a partir de uma série de ensaios destinados especificamente para tal in- tento. Fluência (creep): Fenômeno de alongamento con- tínuo e que pode conduzir à ruptura é denominado fluência. Esta característica é típica de materiais ferrosos quando sub- metidos a cargas de tração constantes por longo tempo a elevadas temperaturas. Deformam-se continuamente mesmo quando a solicitação é menor do que a tensão de escoamen- to do material naquela temperatura. A fluência ocorre mesmo quando o material é solicitado na temperatura ambiente, mas nessa temperatura a fluência é praticamente desprezível com- parada com a que ocorre em temperaturas elevadas. O fenômeno da fluência ocorre nos instrumentos de corda, violão, por exemplo. É importante frisar que certas pe- ças ficam inutilizadas se alongarem apenas 0,01%. Resiliência: É a maior ou menor reação do material às solicitações dinâmicas, isto é, a propriedade do material resistir a esforços externos dinâmicos (choques, pancadas, etc.) sem sofrer deformação permanente. Como exemplo, citamos as pe- ças de um britador de mandíbulas, uma matriz para forjamento, uma ferramenta de corte, molas, etc. Assim, as molas são fei- tas de materiais de elevada resiliência. Tenacidade: É dada pela energia consumida para fratu- rá-lo. Em outras palavras, tenacidade mede a capacidade que o material tem de absorver energia até fraturar-se incluindo a deformação elástica e plástica quando essa energia é absorvi- da progressivamente. A tenacidade é, pois, medida pela área total do diagrama tensão-deformação. Em geral diz-se que um material é tanto tenaz quanto maior é a sua resistência à ruptu- ra por tração ou distensão; isto nem sempre é verdadeiro, pois alguns aços doces, por exemplo, são mais tenazes que os aços duros, isto porque os aços duros apresentam, na ruptura uma pouquíssima deformação. A tenacidade tem alguma relação com a resistência ao choque, porém os valores da energia medidos para ambos os casos não concordam para todos os materiais ou condições de ensaio. 2.2 PROPRIEDADES TECNOLÓGICAS São as que conferem ao material uma maior ou menor facilidade de se deixar trabalhar pelos processos de fabricação usuais. Aspropriedades tecnológicas são: Fusibilidade: É a propriedade que o material possui de passar do estado sólido para o líquido sob ação do calor. Todo metal é fusível, mas, para ser industrialmente fusível, é preciso que tenha um ponto de fusão relativamente baixo e que não sofra, durante o processo de fusão, oxidações profundas, nem alterações na sua estrutura e homogeneidade. Em se tratando de metais convém conhecer as temperaturas correspondentes à colocação que tomam quando aquecidas: Principais temperaturas de fusão. Alumínio 650 °C Ferro Puro 1530 °C Aços 1300 ºC a 1500 °C Zinco 420 °C Gusa e fofo 1150 °C a 1300 °C Chumbo 330 °C Cobre 1080 °C Estanho 235 °C Soldabilidade: É a propriedade que certos metais pos- suem de se unirem, após aquecidos e suficientemente com- primidos. A soldabilidade depende do tempo em que o metal permanece num estado sólido-plástico, sob o efeito do calor produzido pela ação soldante. O metal ou liga que passar ins- tantaneamente do estado sólido para o líquido é dificilmente soldável (ferro fundido, por exemplo). Temperabilidade: Propriedade que possuem al- guns metais e ligas de modificarem a sua estrutura cristalina (endurecimento) após um aquecimento prolongado seguido de resfriamento brusco. Tal propriedade caracteriza o aço com certo teor de carbono, assim, como determinadas ligas de alumínio, trans- formando a estrutura cristalográfica do material que, em conse- qüência, altera todas as propriedades mecânicas. Usinabilidade (ou maquinabilidade): E a propriedade de que se relaciona com a resistência oferecida ao corte e é medida pela energia necessária para usinar o material no tor- no, sob condições padrões. A usinabilidade de um material é obtida comparando-se com a de um material padrão cuja usinabilidade é convenciona- da igual a 100.(aço B1112). O conhecimento da usinabilidade 8 de um material permite calcular os tempos necessários às ope- rações de usinagem que é, portanto, indispensável na progra- mação de uma fabricação. A usinabilidade é um fator que influi bastante na esco- lha de um material que deve ser usinado; assim, as máquinas automáticas dão grande produção quando usinam os chama- dos aços de corte fácil (free cutting steels) também chamados de usinagem fácil, que são materiais com alta percentagem de enxofre, fósforo ou chumbo. Fadiga: Fadiga não chega a ser uma propriedade do material mais sim, um problema característico de materiais sujeitos a esforços cíclicos. Quando um material é sujeito a esforços dinâmicos durante um longo tempo, é observado um “enfraquecimento” das propriedades mecânicas ocasionando a ruptura. A fadiga pode ser também superficial, ocasionando desgaste de peças sujeitas a esforços cíclicos, como comu- mente ocorre em dentes de engrenagens. 2.3 PROPRIEDADES TÉRMICAS Propriedades térmicas estão vinculadas às caracterís- ticas dos materiais quando submetidos às variações de tempe- ratura. Dentre estas propriedades destacam-se: Condutividade térmica: São propriedades que possuem certos corpos de transmitir mais ou menos calor. Neste caso, materiais bons condutores de calor, na ordem decrescente de condutibilidade, são: Ag (prata), Cu (cobre), Al (alumínio), latão, Zn (zinco), Aço e Pb (chumbo). Corpos maus condutores de calor, na ordem decrescente de condutibilidade: pedra, vidro, madeira, papel, etc. Dilatação: Propriedade pela qual um corpo aumenta quando submetido à ação do calor. A capacidade de dilatação de um material está relacionada ao chamado coeficiente de di- latação térmica, que pode ser: linear, superficial e volumétrico. Esta característica dos materiais deve ser considerada quando o mesmo é submetido a variações consideráveis de temperatura. 2.4 PROPRIEDADES ELÉTRICAS A mais conhecida propriedade elétrica de um material é a condutividade elétrica. A condutividade elétrica é a proprie- dade que possuem certos materiais de permitir maior ou me- nor capacidade de transporte de cargas elétricas. Os corpos que permitem a eletricidade passar são chamados condutores, sendo uma característica dos materiais metálicos. Já os que não permitem tal fenômeno são os chamados materiais isolan- tes. O cobre e suas ligas e o alumínio conduzem bem a eletri- cidade, sendo empregados na fabricação de linhas elétricas e aparelhagens; as ligas Cr-Ni, Fe-Ni conduzem mal, servindo para construção de resistências elétricas, como reostatos, etc. Dentre os materiais isolantes destacam-se: madeira seca, ba- quelite, ebonite, etc. 2.5 PROPRIEDADES ELETROMAGNÉTICAS A característica mais comumente associada às proprie- dades eletromagnéticas é: Suscetibilidade magnética: É a propriedade que carac- teriza a maior ou menor facilidade com que os metais reúnem ou dispersam as linhas de força de um campo magnético. Os metais que reúnem de modo acentuado as linhas de força de um campo magnético se denominam “ferromagnéticos”. Exem- plo: Fe (ferro), Ni (níquel) e Co (cobalto). Os metais que reú- nem facramente as linhas de força de um campo magnético são denominados “paramagnéticos”. A maioria dos metais é paramagnético. Os metais que dispersam as linhas de força de um campo magnético são denominados “diamagnéticos”. 2.6 PROPRIEDADES FÍSICAS Dentre o conjunto de propriedades físicas destacam-se: Densidade: É a relação entre o peso de certo volume de um corpo e o peso de igual volume de água. É um número abstrato. Exemplo: Pb = 11,4 Cu = 8,9 Al = 2,7 Mg = 1,7 Peso específico: É o peso da unidade de volume do corpo. Por exemplo: o peso específico do aço é 7,8 kg/dm3. 2.7 PROPRIEDADES QUÍMICAS Resistência à corrosão: Quase todos os materiais usa- dos pelos projetistas são suscetíveis à corrosão por ataque químico. Para alguns materiais, a solubilização é importante. Em outros casos, o efeito da oxidação direta de um metal ou de um material orgânico como a borracha é o mais importante. Além disso, a resistência do material à corrosão química, de- vido ao meio ambiente, é da maior importância. A atenção que damos aos nossos automóveis é um exemplo óbvio da nossa preocupação com a corrosão. É muito difícil medir a corrosão, porque o seu aparecimento é irregular. A unidade mais comum para a corrosão é polegadas de superfície perdida por ano. PROPRIEDADES ÓPTICAS Embora entre as propriedades ópticas importantes para a engenharia incluem-se o índice de refração, a absorção e a emissividade, apenas a primeira delas será discutida aqui, porque as outras duas já são mais especializadas. O índice de refração n é a razão entre a velocidade da luz no vácuo c e a velocidade da luz no material, Vm: η = c Vm (2.1) O índice também pode ser expresso em termos do ˆangulo de incidência i e do ângulo de refração r: η = sin i sin r (2.2) ESTRUTURA DOS MATERIAIS A matéria apresenta um aspecto descontínuo no mo- mento em que se acha constituída por partículas elementares, átomos e moléculas. Quando se consideram as características de uma substância não se leva somente em consideração o comportamento dos átomos isolados mas, também, os fatores que intervém na formação da substância. Segundo o estado físico da substância, esses agrupa- mentos atômicos se apresentam com características distintas; 9 nos estados gasoso e líquido, os átomos têm grande mobilida- de o que lhes permite adaptar-se a qualquer conformação ex- terna que o contenha. No estado sólido os átomos apresentam certa permanência em suas posições o que confere ao material certo grau de indeformabilidade, característico do estado sóli- do. Os materiais encontrados na natureza, ou mesmo fabri- cados podem ser classificados de acordo com a sua estrutura molecular (maneira como os átomos estão organizados entre si). Assim, podemos encontrar: • Materiais Cristalinos; Um material cristalino apresenta uma ordem de átomos que se repete periodicamente até grandes distâncias atômicas. Esta ordem de átomos se forma durante a solidificação do material, em três dimensões,e cada átomo é vinculado com átomos vizinhos. Dentre os materiais cristalinos podemos destacar: – todos os metais; – muitos materiais cerâmicos; – alguns polímeros. • Materiais amorfos (não-cristalinos) Dentre os materiais amorfos (materiais literalmente “sem-forma”) encontramos os gases, os líquidos e os vidros. Os dois primeiros são fluidos e são de maior importância em engenharia, já que incluem muitos dos nossos combustíveis e o ar necessário à combustão, como também a água. O vidro, o último dos três materiais amorfos, é considerado um líquido rígido; entretanto, quando considerarmos a sua estrutura, ve- mos que ele é mais do que apenas um líquido super-resfriado. 3.1 ESTRUTURA CRISTALINA Uma molécula tem uma regularidade estrutural, porque as ligações covalentes determinam um número específico de vizinhos para cada átomo e a orientação no espaço dos mes- mos. A maioria dos materiais de interesse para a engenharia tem arranjos atômicos, que também são repetições, nas três di- mensões, de uma unidade básica. Tais estruturas são denomi- nadas cristais. Um exemplo desta regularidade estrutural pode ser observada no NaCl, conforme apresentado na Figura 3.1. Figura 3.1: Estrutura cristalina do cloreto de sódio 3.2 SISTEMAS CRISTALINOS Define-se um sistema cristalino como a forma do ar- ranjo da estrutura atômica. A sua representação consiste em substituir átomos e rede espacial por conjunto de pontos. Chama-se célula unitária a menor porção constituinte de um reticulado cristalino, conforme apresentado na Figura 3.3. A ordem tridimensional dos átomos (arranjo das células unitárias) se repete simetricamente até os contornos dos cris- tais (também chamados contornos de grãos). Na natureza é observado que os átomos, de forma ge- ral, se arranjam de sete maneiras possíveis. 3.3 ESTRUTURA CRISTALINA DOS PRINCIPAIS METAIS Os principais metais apresentam estruturas conforme apresentado abaixo. • CCC Ba, Cr, Cs, Feα, Feδ, K, Li, Mo, Na, Nb, Ta, Ti b, V, W, Zrβ • CFC Ag, Al, Au, Ca, Co b, Cu, Fe g, Ni, Pb, Pt, Rh, Sr • HC Be, Cd, Co a, Hf a, Mg, Os, Re, Ru, Ti a, Y, Zn, Zrα Estas estruturas cristalinas podem ser melhores obser- vadas na Figura 3.6. 10 Figura 3.2: Representação esquemática de um reticulado cristalino Figura 3.3: Rep. esquemática de uma célula unitária Figura 3.4: contorno de grãos Figura 3.5: Sistemas cristalinos. 11 Figura 3.6: Estruturas cristalinas mais comuns. 3.4 ALOTROPIA OU POLIMORFISMO É a propriedade que possui um corpo de apresentar-se em dois ou mais estados cristalinos diferentes, seja pela sime- tria, seja pela estrutura reticular, de acordo com a mudança de temperatura. Assim, o ferro apresenta-se em três estados alotrópi- cos, conforme a temperatura em que é considerado. Essas três formas alotrópicas são definidas como: Ferro a (CCC); Ferro g (CFC); Ferro d (CCC). Em temperatura ambiente, a forma alotrópica do fer- ro caracteriza-se pela estrutura CCC, sendo conhecido como ferro-a. Quando este é aquecido a 910°C, observa-se uma mudança radical na estrutura cristalina do ferro, passando en- tão a estrutura CFC, sendo denominado então ferro-g. Caso o material seja aquecido até 1400°C, a estrutura volta a ser CCC. Neste caso o ferro passa ser chamado de ferro-d. MATERIAIS METÁLICOS São substâncias simples que apresentam 1 a 3 elé- trons no nível mais externo e que, nas combinações químicas, cedem elétrons periféricos transformando-se em cátions. Apresentam, em linhas gerais as seguintes proprieda- des: • Cor e brilho: Os metais, com exceção do ouro (amarelo) e cobre (vermelho) apresentam coloração que varia do branco ao cin- zento. • Densidade: Os metais, quanto à densidade, classificam-se em le- ves (densidade menor que 6 - alcalinos, alcalinos terrosos, Mg - magnésio, Be - berílio, Al - alumínio); e pesados (densidade superior a 6). • Estrutura cristalina: Característica observada em todos os metais. • Classifi cação: Os materiais metálicos são classificados em: Metálicos ferrosos e Metálicos não-ferrosos. 4.1 METAIS FERROSOS O ferro é um metal cuja utilização pelo homem é muito antiga. As civilizações antigas da Assíria, Babilônia, Egito, Pér- sia, China, Índia e, mais tarde, da Grécia e de Roma já fabri- cavam, por processos primitivos, armas e inúmeros utensílios de ferro e aço. A importância do ferro como metal é tal que fundamen- ta a classificação dos materiais metálicos, além de possuir um ramo da ciência dos materiais específico para seu estudo. Por- tanto, siderurgia, é a ciência que estuda a metalurgia do ferro (Fe), enquanto que metalurgia é a ciência que estuda a extra- ção dos metais, seus minerais e suas ligas. Os produtos siderúrgicos comuns são ligas ferro-carbo- no com teor de carbono compreendido entre 0 e 6,7%, sendo que industrialmente, essa faixa de teor de carbono varia so- mente entre 0 e 4,5%. Os materiais metálicos ferrosos são, portanto, produtos siderúrgicos que se classificam exclusivamente em função do teor de carbono encontrado na liga. Desta forma, os materiais metálicos ferrosos são classificados como: Aços: Liga Fe-C cujo teor de carbono varia de 0 a 2,1%C; Ferros fundidos: Liga Fe-C com o teor de carbono situando-se entre 2,1 e 6,7%C. A produção dos aços e dos ferros fundidos pode ser definida segundo dois padrões mundiais, cujas estruturas dife- rem significativamente. Tem-se, portanto, dois modelos de usinas siderúrgicas: • Usinas integradas • Usinas mini-mills 4.1.1 USINAS INTEGRADAS As usinas integradas abrangem todas as etapas ne- cessárias para, a partir das matérias-primas, produzir-se ferro e aço. O processo clássico e mais usado para a redução do minério de ferro utiliza o equipamento denominado alto forno, cujo produto consiste numa liga ferro-carbono de alto teor de carbono, denominado ferro gusa, o qual, ainda no estado líqui- 12 do, é encaminhado à aciaria, onde, em fornos adequados, é transformado em aço. Este é vazado na forma de lingotes, os quais, por sua vez, são submetidos à transformação mecânica, por intermédio de laminadores, resultando blocos, tarugos e placas. Estes, finalmente, ainda por intermédio de laminado- res, são transformados em formas estruturais com perfis em “ T ”, “ I ”, cantoneiras, trilhos, chapas, tarugos, etc. O fluxograma apresentado na Figura 4.1, representa esquematicamente, as principais etapas para a fabricação do aço a partir do modelo de processos adotado pelas usinas in- tegradas. 4.1.1.1 Matéria-Prima As matérias-primas básicas da usinas integradas são: • minério de ferro; • carvão; • calcário. Figura 4.1: Fluxograma representativo do processo utilizado pelas usinas integradas para produção do aço. 13 Figura 4.2: Esquema representativo do alto-forno. 4.1.1.1.2 Minério de ferro O minério de ferro constitui a matéria-prima essencial para a manufatura dos processos siderúrgicos. Os minerais que contêm ferro em quantidade apreciável são os óxidos, carbonatos, sulfetos e silicatos. Os primeiros são os mais im- portantes sob a ótica dos processos siderúrgicos. Os principais óxidos encontrados na natureza são: • Magnetita (óxido ferroso-férrico) de fórmula Fe3O4, con- tendo 72,4% Fe. • Hematita (óxido férrico), de fórmula Fe3O3, contendo 69,9% Fe • Limonita (óxido hidratado de ferro), de fórmula 2Fe2O- 33H2O, contendo, em média, 48,3% Fe. A magnetita é encontrada principalmente na Suécia, ao passo que a hematita é o minério mais comum, sendo en- contrado, entre outros países, na França, EUA, Rússia, Índia, Austrália, Canadá e Brasil. O minério de ferro antes de ser inserido no alto-forno sofre um processo de beneficiamento, que compreende uma série de operações a que os minérios de ferro de várias qualidades podem ser submetidos, com o objetivo de alterar seus característicos físi- cos ou químicos e torná-los mais adequados para a utilização nos alto-fornos. Essas operações são, geralmente: britamento, penei- ramento, mistura, moagem, classificação eaglomeração. Os processos de aglomeração visam melhorar a perme- abilidade da carga do alto-forno, reduzir o consumo de carvão e acelerar o processo de redução. Dentre os processos de aglo- meração os mais importantes são: sinterização e pelotização. 4.1.1.1.3 Carvão O carvão, utilizado nos alto-fornos, pode ser tanto de origem mineral quanto de origem vegetal. Tem várias funções dentro do processo que são: • atuar como combustível gerando calor para as reações; • atuar como redutor do minério, que é basicamente consti- tuído de óxidos de ferro; • atuar como fornecedor de carbono, que é o principal ele- mento de liga dos produtos siderúrgicos. Da mesma forma que o minério, o carvão também sofre um pré-processamento antes de ser introduzido no alto-forno. Esta operação consiste no processo de coqueificação, que por sua vez consiste no aquecimento a altas temperaturas, geral- mente em câmaras hermeticamente fechadas, portanto com ausência total de ar, exceto na saída dos produtos voláteis, do carvão mineral. 4.1.1.4. Calcário O calcário atua como fundente, ou seja, reage, pela sua natureza básica, com substâncias estranhas ou impurezas contidas no minério e no carvão (geralmente de natureza áci- da) diminuindo seu ponto de fusão e formando a escória, sub- produto, por assim dizer, do processo clássico do alto-forno. 4.1.1.5 Operações siderúrgicas a) Operação do alto-forno (produção do ferro gusa) O alto-forno constitui ainda o principal equipamento uti- lizado na metalurgia do ferro. A partir dos primeiros fornos, dos tipos rudimentares, em que os gases eram perdidos na atmos- 14 fera, constantes aperfeiçoamentos técnicos foram introduzidos e a capacidade diária paulatinamente elevada, aproximando- -se, nos dias atuais, de 10.000 toneladas de ferro gusa por dia. O alto-forno é uma estrutura cilíndrica, revestida inter- namente por tijolos refratários, de grande altura, constituída por três partes fundamentais: o fundo, chamado de cadinho, a parte mediana, conhecida como rampa, e a parte superior denominada cuba. O cadinho é o lugar onde o gusa líquido é depositado. A escória (conjunto de impurezas que devem ser separadas do gusa), que se forma durante o processo, flutua sobre o ferro que é mais pesado. No cadinho há dois furos: o furo de corrida, aberto de tempos em tempos para que o ferro líquido escoe, e o furo para o escoamento da escória. Como a escória flutua, o furo para seu escoamento fica acima do furo de corrida. Assim, sobra espaço para que uma quantidade razoável de ferro seja acumulada entre as corridas. Na rampa, acontecem a combustão e a fusão. Para facilitar esses processos, entre o cadinho e a rampa ficam as ventaneiras, que são furos distribuídos uniformemente por onde o ar pré-aquecido é soprado sob pressão. A cuba ocupa dois terços da altura total do alto-forno. É nela que é colocada, alternadamente e em camadas suces- sivas, a carga, compostos de minério de ferro, carvão e os fun- dentes (cal e calcário). Figura 4.3: Alto-forno e suas partes. Na operação do alto forno são inseridos, em sua parte superior, o carvão (na forma de coque ou carvão vegetal), o minério de ferro (sínter ou pelotas) e os fundentes. A redução dos óxidos de ferro acontece a medida que o minério, o agente redutor (coque ou carvão vegetal) e os fundentes descem em contra-corrente, em relação aos gases. Esses gases são o resultado da queima do coque (CO) com o oxigênio do ar quente (em torno de 1000oC) soprado pelas ven- taneiras, e que escapam da zona de combustão. Este processo ocorre na rampa do alto-forno. Conforme o coque vai se queimando, a carga vai des- cendo para ocupar os pedaços vazios. Esse movimento de descida vai se espalhando lateralmente pela carga, até atingir toda a largura da cuba. As reações de redução, carbonetação e fusão geram dois produtos líquidos: escória e o ferro gusa. Ambos são empurrados para os lados, pelos gases que estão subindo e escorrem para o cadinho, de onde saem pelos furos de corrida da escória e do gusa respectivamente. O ferro gusa, também conhecido como “ferro fundido de primeira fusão”, é uma liga ferro-carbono com elevados teo- res de carbono (3,4 a 4,5% C) que é vendido em blocos como matéria-prima para a produção de aços e ferros fundidos (fo- fos). O ferro gusa é extremamente frágil devido à significativa quantidade de impurezas presentes na liga (fósforo, silício, enxofre, etc). Por esse motivo, ele tem praticamente nenhu- ma aplicação na indústria. Basicamente, o uso do ferro gusa se resume, além de servir de matéria-prima para a produção de outros produtos siderúrgicos, ao uso em contra-pesos de guindastes e na fabricação de pouquíssimas peças fundidas de pouca responsabilidade. Este material quando refundido, num forno como o cubilô, junto com sucatas de ferro fundido e aço, dá origem ao “ferro fundido de segunda fusão” ou ferro fundido propriamen- te dito. Por outro lado, ele também pode ser encaminhado às aciarias onde se dá a produção do aço. b) Fabricação do aço Sendo o ferro gusa uma liga ferro-carbono em que o carbono e as impurezas normais – Silício (Si), Manganês (Mn), Fósforo (P) e Enxofre (S) - se encontram em teores elevados, a sua transformação em aço, que é uma liga de mais baixos te- ores de Carbono (C), corresponde a um processo de oxidação, por intermédio do qual a porcentagem daqueles elementos é reduzida a valores desejados. 15 A fabricação do aço, na usina siderúrgica, ocorre dentro de um setor específico conhecido como aciaria. Há diversos modelos de aciaria, cada uma utilizando processos distintos para a produção do aço. O equipamento utilizado nas aciarias, conhecido como conversor, é o responsável pelo método de obtenção, sendo os mais tradicionais: • conversor Bessemer/Thomas sopro pelo fundo; • conversor Tropenas sopro lateral; • conversor L-D (Linz-Donawitz) sopro superior. Figura 4.4: Tipos de conversores. Dentre os modelos apresentados, o mais utilizado no Brasil é o Linz-Donawitz. O conversor L-D, também conhecido como BOP (“basic oxygen process”) é constituído de uma carcaça cilíndrica de aço resistente ao calor, revestido internamente por ma- teriais refratários de dolomita ou magnesita, conforme indica a Figura 4.5. Figura 4.5: Conversor L-D (Linz-Donawitz) 16 Neste processo, introduz-se oxigênio, praticamente puro, através de uma lança posicionada pouco acima da super- fície do gusa líquido, que o sopra provocando um impacto na superfície líquida. Este sopro de oxigênio promove uma reação de oxidação eliminando o carbono e outras impurezas: silício (Si), fósforo(P) e enxofre(S). O carbono eliminado da liga Fé-C forma com o oxigê- nio, o CO e o CO2. O silício oxidado, forma SiO2. O fósforo é eliminado antes do carbono pela ação da cal, que introdu- zida no conversor após a introdução do oxigênio pela lança. Forma-se uma escória que garante a fixação do P2O5 resultante da oxidação. O enxofre é facilmente eliminado, devido à forte agitação do banho e pelo fato da escória apresentar-se mais quente e mais fluida. O fim do sopro é determinado através de cálculos que indicam o teor de carbono a ser atingido. A lança é então re- tirada sendo, em seguida, o forno basculado para a posição horizontal de modo a proceder-se ao vazamento do aço. c) Fabricação do Ferro Fundido O ferro fundido é obtido no forno cubilô usando como matéria-prima o ferro gusa e sucatas de aço e ferros fundidos (fofos). É um forno vertical cilíndrico revestido de tijolos refratá- rios e equipado com ventaneiras na parte inferior. A carga, que é feita por uma abertura lateral, na parte superior e consiste de ferro gusa, sucatas de ferro fundido e aço, carvão coque e calcário. Essas matérias-primas são de- positadas em camadas alternadas. O metal fundido se reúne no fundo do forno, de onde é escoado pela bica a determina- dos intervalos de tempos. A escória é previamente retirada por outro orifício situado em um nível mais alto. O fundodo forno cubilô também pode ser removido para a limpeza e reparação da sola. .4.1.2 USINAS MINI-MILLS 4.1.2.1 MATÉRIA-PRIMA Este tipo de processo utiliza basicamente sucata (de aço ou ferro fundido) e cal. Pode-se também, a partir da aquisi- ção do gusa proveniente das usinas integradas, trabalhar com este material. 4.1.2.2 Operações Siderúrgicas O conceito de fabricação do aço, observado nas usinas mini-mills, parte do princípio que não é necessário incorporar ao processo as operações realizadas no alto – forno. Pode-se, portanto segundo este conceito americano, trabalhar-se com sucata promovendo a fusão deste metal e adicionando os ele- mentos de liga necessários à fabricação de um aço novo. Desta forma, usinas tipo mini-mills iniciam seu proces- so a partir do que se identifica como as operações da aciaria observadas nas usinas integradas. O princípio é transformar a energia elétrica em energia térmica, por meio da qual, promove-se a fusão do gusa e/ou da sucata, onde as condições de temperatura e oxidação do metal líquido são severamente controladas. Os fornos elétricos são basicamente de dois tipos: a arco elétrico e de indução. a. Fornos de arco elétrico Em geral estes fornos são basculantes e têm o aspecto conforme apresentado na Figura 4.7. Figura 4.7: Forno de arco elétrico Figura 4.6: Forno cubilô 17 Os fornos a arco elétrico são constituídos de uma car- caça de aço feita de chapas grossas de aço soldadas e rebi- tadas, de modo a formar um recipiente cilíndrico com fundo abaulado. Essa carcaça é revestida na parte inferior (chamada soleira) por materiais refratários. A carga é feita por uma porta diametralmente oposta à bica por onde é vazado o metal. O calor é fornecido pelo arco elétrico que se forma entre os três eletrodos verticais e o banho. A escória pode ser removida e substituída através da porta de carga. O tamanho dos fornos elétricos variam muito, havendo instalações capazes de produzir desde 500 kg até 100 tonela- das de aço em cada corrida. A duração de cada corrida de 60 toneladas é de cerca de 8 horas. Durante o processo, ocorre a oxidação das impurezas e do carbono e reações de desoxidação, ou retirada dos óxi- dos com a ajuda de agentes desoxidantes, e a dessulfuração, quando o enxofre é retirado. É um processo que permite o con- trole preciso das quantidades de carbono presentes no aço. Os fornos elétricos contam com os óxidos de ferro (ferru- gem) presentes nas sucatas de aço e de ferro fundido para promo- ver a oxidação das impurezas contidas na matéria-prima. Essas impurezas são eliminadas, posteriormente, junto com a escória. b. Fornos de indução. O conjunto que compõe esse forno é formado de um gerador com motor de acionamento, uma bateria de condensa- dores e uma câmara de aquecimento. Essa câmara é bascu- lante e tem, na parte externa, a bobina de indução, conforme indicado na Figura 4.8. O cadinho é feito de massa refratária socada dentro dessa câmara, onde a sucata se funde por meio de calor pro- duzido dentro da própria carga. O fenômeno químico observado nos fornos de indução é semelhante àquele existente nos fornos de arco elétrico. 4.1.3 PRODUTOS SIDERÚRGICOS Os produtos da indústria siderúrgica são classificados, conforme mencionado anteriormente, em função do teor de carbono encontrado na liga Fe-C. O teor de carbono, como elemento de liga principal, exerce influência significativa sobre as propriedades dos ma- teriais. Tal influência se explica pelos diferentes níveis de so- lubilidade do ferro em função da temperatura, que altera a sua forma alotrópica e modifica a capacidade de formar solução com o carbono. Pode-se compreender melhor este fenômeno a partir de uma análise do diagrama de fases Fe-C, apresentado na Figura 4.9. As principais considerações a serem feitas a respeito do diagrama binário Fe-C, com relação às reações que ocor- rem em equilíbrio e das estruturas resultantes, são as seguin- tes: • o ponto A corresponde ao ponto de fusão do ferro puro – 1538 oC e o ponto D, impreciso, ao ponto de fusão do Fe3C; • na parte superior esquerda do diagrama, numa faixa estreita, ocorre uma reação especial chamada “peritética”, na passagem do estado líquido ao sólido, em torno de 1495oC. A qual, contudo, não apresenta importância sob o ponto de vista prático. Nesse trecho, ao solidificar-se, o ferro adquire a estrutura cúbica centrada - chamada, nesse caso, de d (delta), passando, entretanto, quase a seguir, à estrutura cúbica de face centrada gama (g), que caracteriza o ferro a alta temperatura. A 912oC há a passagem da forma cúbica de face centrada para cubo centra- do até a temperatura ambiente, na forma alotrópica alfa (a); Figura 4.8: Forno de indução. 18 Figura 4.9: Diagrama de equilíbrio Fe-C. • na faixa de temperaturas em que o ferro está na forma alotrópica gama, ele tem capacidade de dissolver o carbo- no presente; • entretanto, essa solubilidade do carbono do ferro gama não é ilimitada: ela é máxima a 1.148 °C e corresponde a um teor de carbono de 2,11%. À medida que cai a tempera- tura, a solubilidade do carbono no ferro gama decresce; as- sim, a 727oC, a máxima quantidade de carbono que pode ser mantido em solução sólida no ferro gama é 0,77%. Es- ses fatos são indicados no diagrama pelas linhas JE e Acm, esta última representando, portanto, a máxima solubilidade do carbono ou do Fe3C no ferro gama, nas condições de equilíbrio; • as linhas JE e ECF correspondem à linha “solidus” do diagrama; • o carbono afeta, por outro lado, a temperatura de trans- formação alotrópica gama-alfa: a partir de 0% de carbono, essa temperatura de transformação decresce paulatina- mente, até que para 0,77% ela se situa a 727oC. Abaixo de 727oC não poderá existir, em nenhuma hipótese, nas condições de equilíbrio, ou seja, esfriamento muito lento, ferro na forma alotrópica gama; tal fato é indicado pela li- nha PSK ou A1; • o ponto C, conforme estudado anteriormente, é o conhe- cido ponto eutético do diagrama Fe-C. Observa-se que o ponto S assemelha-se ao C sendo chamado de ponto eu- tetóide. • entre teores de carbono 0 e 0,77% ocorre não apenas o abaixamento da temperatura de transformação alotrópica gama-alfa, esta transformação é paulatina ou se dá em duas etapas: começa na linha GS ou A3 e termina na linha PS ou A1. Somente a 727oC ela é instantânea; • a solubilidade do carbono no ferro alfa não é, de fato, nula: cerca de 0,008% de carbono dissolvem-se a tempe- ratura ambiente, e a 727oC, a solubilidade aumenta para 0,02%; de 727oC para cima, decresce novamente a solubi- lidade do carbono até 912oC torna-se nula. Nesse instante, entretanto, o ferro alfa passa a gama, que pode manter em solução sólida o carbono em teores bem mais elevados, como se viu; os fatos acima estão indicados pe- las linhas QP e PG. Pode-se chamar a liga Fe-C com carbono até 0,008% no máximo de ferro comercialmente puro; • acima de 2,11% de carbono, na faixa dos ferros fundi- dos, duas linhas predominam, na fase sólida: a linha ECF “solidus”e a linha SK, indicada por A1, abaixo da qual não pode existir ferro na forma alotrópica gama; • a solução sólida do carbono no ferro gama chama-se “austenita”; portanto, na zona limitada pelas linhas JE, ES, SG e GNJ só existe austenita; essa zona é denominada “austenítica”; esta austenita (nome derivado do metalurgis- ta inglês Roberts Austen) é um constituinte estrutural de boa resistência mecânica e apreciável tenacidade e não- 19 -magnético; na zona limitada pelas linhas SE (Acm), ECF e SK (A1) existe simultaneamente austenita e carbono, este último na forma de F e3C, porque, como se viu, a solubili- dade do carbono no ferro gama não é ilimitada; • o Fe3C é um carboneto contendo 6,67% de carbono, muito duro e frágil. Este constituinte é denominado “cementi- na”. As linhas que marcam o início e o fim das transforma- ções chamam-se linhas de transformação e elas limitam zonas chamadas zonas críticas. Industrialmente,pode-se, portanto distinguir, a partir do diagrama de fases a caracterização da liga Fe-C como: • Aço-Carbono: 0,008% a 2,11% de Carbono; • Ferro fundido: 2,11 a 4,5% de Carbono. 4.1.3.1 AÇOS Os aços utilizados na construção mecânica se dividem em três grandes categorias: • Aços-carbono ou comuns; • Aços-liga; • Aços especiais. Estes últimos contêm elementos anexados proposital- mente com a finalidade de fornecer ou melhorar as caracterís- ticas dos aços: resistência mecânica, resistência à corrosão ou ao calor, qualidades magnéticas, etc. O aço é, talvez, o material mais empregado na maioria das construções mecânicas, pelas suas ótimas características mecânicas e sua adaptabilidade. Comercialmente são encontrados sob a forma de aços fundidos, laminados e trefilados. a) Aço-carbono (ou comum) Quando o único elemento de liga é o carbono, o mate- rial é designado aço-carbono ou aço comum. Grandes variações de resistência e de dureza são obti- das pela modificação das percentagens de carbono ou por tra- tamentos térmicos. Com base no diagrama de equilíbrio Fe-C, pode-se interpretar as reações que ocorrem na faixa de com- posições correspondentes aos aços, que são responsáveis por tais variações. Na zona austenítica, após a solidificação das ligas, só ocorre austenita. No caso de um aço hipoeutetóide - entre 0,008% e 0,77% de carbono, o ferro gama da austenita começa a trans- formar-se em ferro alfa que se separa, visto que ele não pode manter em solução sólida senão quantidades irrisórias de car- bono; assim a composição estrutural da liga vai se modificando a medida que cai a temperatura: de um lado, tem-se ferro puro alfa separando-se continuamente e do outro lado a austenita, cujo teor de carbono vai aumentando, em direção ao ponto S. No instante que a liga atinge a temperatura corres- pondente a 727oC, têm-se, portanto, em equilíbrio, dois cons- tituintes estruturais: ferro puro na forma alotrópica alfa e uma solução sólida de 0,77% de carbono no ferro gama (ou seja, austenita com 0,77% de C). Nesse momento, todo o ferro gama remanescente transforma-se abruptamente em ferro alfa. A transformação é, contudo, tão repentina que não há tempo suficiente para que ocorra uma separação nítida entre o carbono (na forma de Fe3C ou cementita) e o ferro, na forma alotrópica alfa. Resulta um constituinte de forma lamelar, for- mado por lâminas muito delgadas e muito próximas umas das outras, de ferro alfa e Fe3C, dispostas alternadamente. Com aumentos microscópicos relativamente pequenos, não dá para perceber tais lâminas. Com maiores aumentos, acima de 1000 vezes, por exemplo, elas são visíveis. Esquematicamente o aspecto dessa estrutura está representada na Figura 4.10 (aço eutetóide). Devido à nuance de madrepérola que esse consti- tuinte adquire, quando examinado ao microscópio, é chamado “perlita”. Suas propriedades são intermediárias entre as do fer- ro puro (pouco resistente, mole e muito dúctil) e a cementita (muito resistente, muito dura e muito frágil). Figura 4.10: Representação esquemática das estrutu- ras das ligas Fe-C, na faixa correspondente aos aços, resfria- dos lentamente, conforme o diagrama de equilíbrio Fe-C. O ferro puro, na forma alotrópica alfa, corresponde a uma estrutura chamada “ferrita” (do latim “ferrum”). A ferrita, como já se mencionou, pode manter em solução sólida até 0,008% de carbono. Os aços hipoeutetóides, com teor de carbono entre 0,008% e 0,77%, apresentam, pois, à temperatura ambiente, uma estrutura composta de ferrita e perlita, como a Figura 4.10(b) mostra esquematicamente. A quantidade de perlita au- menta e a de ferrita diminui à medida que a composição do aço cresce em direção ao ponto eutetóide. Ao resfriar-se lentamente um aço com a composição exatamente eutetóide (0,77%C), a única transformação que ocorre é no ponto S, quando a austenita passa bruscamente à perlita, cuja estrutura está representada esquematicamente na Figura 4.10(c). Para os aços hipereutetóides, entre 0,77 e 2,11% de carbono as reações que ocorrem podem ser assim explicadas: a austenita, ao atravessar a linha SE ou Acm, de máxima so- lubilidade do carbono no ferro gama, começa a expulsar o ex- cesso de carbono que não pode ser mantido em solução. Em conseqüência, numa temperatura intermediária entre Acm e A1, 20 haverá em equilíbrio duas fases: uma, representada pela auste- nita que vai se empobrecendo em carbono e outra, pelo carbono paulatinamente expulso, na forma de Fe3C ou cementita. À temperatura de 727Cº (linha A1), as fases que estão em equilíbrio serão, portanto: de um lado o Fe3C e do outro a austenita com 0.77% de carbono, a qual se transforma imediatamente em perlita ao atingir e ultrapassar a linha A1. A estrutura correspondente, que permanece até a temperatura ambiente, como nos casos anteriores, é perlita mais cementita; esta última vai localizar-se nos contornos dos grãos, como a Figura 4.10(d) esquematicamente indica. Assim, em resumo, para os aços, têm-se as seguintes estruturas à temperatura ambiente (ou abaixo da linha A1): • ferro comercialmente puro: “ferrita”, mole, dúctil, e pouco resistente; • aços hipoeutetóides: “ferrita mais perlita”, cuja resistência e dureza vão aumentando e cuja ductilidade vai diminuin- do, à medida que se caminha em direção ao teor 0,77% de carbono; • aços hipereutetóides: “perlita mais cementita”; a quanti- dade desta, disposta nos contornos dos grãos, aumenta à medida que se caminha para teores mais elevados de carbono; essa estrutura é dura, resistente e pouco dúctil, característicos que se acentuam à medida que aumenta o teor de carbono. Em função dessas propriedades das estruturas, os aços têm suas propriedades modificadas, à medida que o teor de carbono aumenta, conforme mostra o gráfi co da fi gura 4.1.1. Figura 4.11: Propriedades mecânicas dos aços em fun- ção do teor de carbono O aço-carbono é o mais barato dos aços, razão pela qual ele é preferível aos demais, exceto quando condições se- veras de serviço exigem características especiais, ou quando há necessidade de pequenas dimensões. Os aços-carbonos, de um modo geral, cobrem todas as faixas das necessidades da prática. Com teor de 0,3% ou mais, pode ser tratado termicamente, melhorando suas pro- priedades de resistência e dureza. Mas surgem dificuldades em peças de grandes seções devido ao resfriamento lento do núcleo, o que impede as mudanças metalúrgicas requeridas para endurecimento e resistência. O principal inconveniente do aço comum é a sua pe- quena penetração de endurecimento, estendido apenas a uma fina camada. O resfriamento deve ser muito rápido, resultando tensões residuais internas, distorções, perda de ductilidade e, eventualmente, trincas. Os aços comuns podem ser classificados, quanto à composição ou teor de carbono. A classificação americana, praticamente adotada no mundo inteiro, define os seguintes padrões: • Aços de baixo teor de carbono até 0,25% de carbono • Aços de médio teor de carbono de 0,25% a 0,6% de car- bono • Aços de alto teor de carbono de 0,6% a 2,0% de carbono De um modo geral, aços com baixo teor de carbono (até 0,25%) constituem cerca de 90% da produção total de aço. A tabela 4.1 apresenta algumas indicações de utiliza- ção encontradas comumente na prática. A ABNT padroniza os aços para construção mecânica segundo o teor de carbono, baseando-se nas normas SAE, ex- cetuados alguns aços que são indicados precedidos pela letra ”D”e são baseados nas normas DIN. A representação é feita por quatro algarismos (classificação SAE), o primeiro algarismo indicando: 1 = aço-carbono 2 = aço-níquel 3 = aço-níquel-cromo 4 = aço-molibidênio 5 = aço-cromo 6 = aço-cromo-vanádio 7 = aço-tungstênio 8 = aço-silício-manganês Tabela 4.1: Aplicações típicas dos aços carbono co- mum 21 Carbono(%) Emprego 0,05 a 0,10 Estampas, chapas, rebites, arames, peças trefiladas 0,10 a 0,20 Peças estruturais, de máquinas e cementadas; parafusos0,20 a 0,30 Engrenagens; árvores e eixos; alavancas, tubos soldados. 0,30 a 0,40 Peças a serem tratadas termicamente; tubos sem costura; árvores e eixos; bielas; ganchos; parafusos. 0,40 a 0,50 Forjamento; engrenagens e pinos. 0,50 a 0,70 Matrizes de marteletes; parafusos de fixação; aros de rodas; arruelas de fixação; arames para molas. 0,70 a 0,80 Vigas e discos de arado; bigornas; serra de fita; martelos; chaves; molas; árvores; partes de máquinas pesadas. 0,80 a 0,90 Implementos agrícolas; punções; brocas para pedra; talhadeiras; ferramentas manuais; molas de lâminas. 0,90 a 1,00 Molas, facas; eixos; matrizes. 1,00 a 1,10 Brocas, alargadores; fresas; facas. 1,10 a 1,20 Brocas, bedames. 1,20 a 1,30 Limas; alargadores; ferramentas de corte. 1,25 a 1,40 Raspadores, serras. O segundo algarismo indica a percentagem aproximada do elemento predominante da liga. Os dois últimos algarismos indicam o teor médio de carbono contido, em percentagem. O tabela 4.2 apresenta as padronizações indicadas pela ABNT. Tabela 4.2: Especificação de aços a ABNT (SAE) Classe Designação Composição 10XX Aços-carbono comum Mn-máximo 1,00% 11XX Aço ressulfurado, também conhecido como aços de usinagem e corte Mn-1,75% 12XX Aço ressulfurado e refosfatado Nb-0,10% 13XX Aço-manganês Mn-1,00 e 1,65% 14XX Aços com adição de nióbio Ni-3,5% 15XX Aço carbono Ni-5,0% 23XX Aço-níquel Ni-1,25% Cr-0,65% 25XX Aço-níquel Ni-3,50% Cr-1,57% 31XX Aço-níquel-cromo Mo-0,25% 33XX Aço-níquel-cromo Cr-0,50 ou 0,95%Mo-0,12 ou 0,25% 40XX Aço-molibdênio Ni-1,82%Cr-0,50 ou 0,80%Mo-0,25% 41XX Aço-cromo-molibdênio Ni-1,57 ou 1,82%Mo-0,20 ou 0,25% 43XX Aço-níquel-cromo-molibdênio Ni-1,05%Cr-0,45%Mo-0,20% 46XX Aço-níquel-Molibdênio Ni-3,50% Mo-0,25% 47XX Aço-níquel -cromo-molibdênio Cr-0,27 ou 0,50% 48XX Aço-níquel -molibdênio Cr-0,80 a 1,05% 50XX Aço-cromo Cr-0,80 ou 0,95%V-0,10 ou 0,15% 51XX Aço-cromo Ni-0,55%Cr-0,50%Mo-0,20% 61XX Aço-cromo-vanádio Mn-0,85% Si-2,00% 86XX Aço-níquel-cromo-molibdênio Ni-3,25% Cr-1,20%Mo-0,12% 92XX Aço-silício-manganês Ni-1,00%Cr-0,80%Mo-0,25% 93XX Aço-níquel-cromo-molibdênio B-0,0005% mínimo 98XX Aço-níquel-cromo-molibdênio Pb-0,15 a 0,35% XXBXX Aço-boro Mn-1,75% XXLXX Aço-chumbo Nb-0,10% 22 A tabela 4.3 apresenta algumas características mecânicas do aço-carbono especificadas pela ABNT. Tabela 4.3: Especificação de aços segundo ABNT ABNT Tração (kgf/mm2) Along (%) Dureza BrinellRuptura Escoamento 1010 33 18 28 95 37 31 20 105 1020 35 19 28 101 39 33 18 111 1025 41 22 25 116 45 38 15 126 1030 48 26 20 137 53 45 12 149 1040 53 29 18 149 60 50 12 170 1045 57 32 16 163 64 54 12 179 1050 63 35 15 179 70 59 10 197 1060 69 38 12 201 1070 71 39 12 212 1080 78 43 10 229 1090 85 47 10 248 * Os primeiros valores são para os laminados a quente e os segundos para os laminados a frio. b) Aço-liga Existem três possibilidades para melhorar a resistência mecânica de qualquer metal: aplicar processos de fabricação por conformação mecânica, como prensagem e laminação; tra- tar o metal termicamente, ou seja, submetê-lo a aquecimento e resfriamento sob condições controladas; ou acrescentar ele- mentos de liga. A caracterização de um aço como aço-liga se dá quan- do a quantidade dos elementos adicionados for muito maior do que as encontradas nos aços-carbono comuns, sendo esta adição responsável por significativa modificação e melhoria em suas propriedades mecânicas. Dependendo da quantidade dos elementos de liga adi- cionados, o aço-liga pode ser um aço de baixa liga, se tiver até 5% de elementos de adição, ou um aço de liga especial, se tiver quantidades de elementos de liga maiores do que 5%. Os elementos de liga mais comumente adicionados ao aço são: níquel, manganês, cromo, molibdênio, vanádio, tungs- tênio, cobalto, silício e cobre, sendo possível adicionar mais de um elemento de liga para se obter um aço-liga. A tabela 4.4 apresenta a influência dos elementos de liga na estrutura e nas propriedades do aço. Alguns dos aços-liga obtidos a partir de um ou mais elementos apresentados no Quadro 4.4, são padronizados pela ABNT e foram apresentados no Quadro 4.2. Tabela 4.4: Influência dos elementos de liga nas propriedades dos aços. Elementos Características Alumínio Desoxidante. Reduz o crescimento do grão. Em pequena quantidade aumenta a resistência, mas, em quantidade grande produz fragilidade. Adicionado de 2 a 5% aumenta o poder refratário e antioxidante. Chumbo Produz a formação de fibras e partículas finamente divididas. Em pequenas quantidades favorece a usinabilidade. 23 Cromo Produz: carbonetos duros que fazem aumentar a dureza; têmpera muito profunda e grande resistência ao desgaste. Pequenas adições de cromo dão tenacidade ao aço, aumentando sua resistência e sua resiliência; diminui a usinabilidade; reduz a zona de têmpera se não vem acompanhado de níquel. Conserva a dureza a maiores temperaturas; proporciona melhoria da resiliência à oxidação e à corrosão. Cobalto Aumenta a dureza ao rubro. A altas temperaturas, os carburetos mantêm ainda a dureza, mas, tendem a descarburar o aço no tratamento térmico. Faz aumentar a dureza e a tenacidade, mas em excesso faz diminuir a resiliência. Faz aumentar o magnetismo. Nióbio Utilizado para diminuir a corrosão intergranular nos aços inoxidáveis. Pode formar carburetos para aumentar a resiliência e a dureza, mas em geral, não se faz uso desta possibilidade. Quando adicionado aos aços com certo teor de cromo reduz o tempo de recozimento por sua ação suavizadora. Níquel Aumenta a dureza, resistência, ductilidade e resiliência. Afina a estrutura sem prejuízo da usinagem. Atrasa o crescimento do grão. Em grandes quantidades produz resistência à oxidação a altas temperaturas. Lítio Poderoso desoxidante e desgaseificante. Aumenta o limite de escoamento dos aços-carbono. Aumenta a fluidez dos aços inoxidáveis, produzindo fundições densas com limites elásticos elevados. Manganês Desoxidante e dessulfurante. Adicionado em pequenas quantidades aumenta a dureza, a resistência ao desgaste e a resistência à tração. Faz aumentar a solubilidade do carbono. Produz um aço austenítico quando a composição de Manganês oscila em torno de 12%. O aço com muito manganês é muito duro e é não-magnético. Aumenta o coeficiente de dilatação. Em pequenas quantidades aumenta a profundidade e a velocidade de têmpera. Molibdênio Nas altas temperaturas aumenta a resistência e a resiliência, e a dureza e a fragilidade em baixa temperaturas. Evita o crescimento do grão. Aumenta a resistência à deformação por cargas permanentes em altas e baixas temperaturas. Aumenta a facilidade de usinabilidade dos aços-carbono. Aumenta a resistência à corrosão dos aços inoxidáveis. Nitrogênio Normalmente indesejável. Aumenta ligeiramente a dureza e reduz a ductilidade. Em pequena quantidade afina o grão e aumenta a resistência dos aços de alto cromo. Fósforo Favorece a contração com o resfriamento. Em pequenas quantidades aumenta ligeiramente a resistência à tração e à corrosão. Silício Desoxidante. Favorece a formação de grafite. Separa o carbono da solução. Em pequenas quantidades aumenta a resiliência e até 1,75% aumenta o limite elástico. Aumenta a resistência dos aços pobres em carbono. Em quantidade média, aumenta a permeabilidade magnética. Em pequena quantidade produz forte dureza, resistência ao desgaste e resistência aos ácidos. Tântalo Utilizado em alguns aços especiais para ferramentas, para aumentar a dureza em elevadas temperaturas. Titânio Desoxida e separa o nitrogênio. Aumenta a resistência e a dureza. Reduz ao mínimo a corrosão intergranular nos aços de alto teor de carbono. 24 um determinado valor e em contato com o oxigênio, permite a formação de uma película finíssima de óxido de cromo sobre a superfície do aço, que é impermeável e insolúvel nos meios corrosivos usuais. Assim podemos definir como aço inoxidável o grupo de ligas ferrosas resistentes à oxidação e corrosão, que contenham no mínimo12% de cromo. O cromo favorece o endurecimento produzido pela têmpera em óleo, e refina os grãos, dificulta a ferrugem, mantendo o material brilhante na atmos- fera. Os aços inoxidáveis são resistentes ao ataque de vá- rios elementos, tais como o ácido acético e nítrico, os álcalis, sumos de frutas, etc. Com cerca de 17% Cr, ou 18% Cr + 8% Ni, não escamam nas altas temperaturas como outros aços. A alta resistência dos aços inoxidáveis, combinada com a boa ductilidade, desenvolveu o seu emprego onde resistên- cia e leveza são importantes. Os aços inoxidáveis são classificados em três grupos de acordo com a microestrutura básica formada: aço inoxidável martensítico, aço inoxidável ferrítico, aço inoxidável austeníti- co. Os aços inoxidáveis martensíticos são obtidos após resfriamento rápido quando aquecidos a altas temperaturas. Mostram uma estrutura caracterizada pela alta dureza e fragili- dade. Contém de 12 a 17% de Cromo e 0,l a 0,5% de carbono (em certos casos até 1% de carbono) e podem atingir diversos graus de dureza pela variação das condições de aquecimento e resfriamento (tratamento térmico). São dificilmente atacados pela corrosão atmosférica no estado temperado e se destacam pela dureza, sendo também ferromagnéticos. Apresentam trabalhabilidade inferior às demais classes e soldabilidade pior, especialmente com carbono mais elevado, devido à formação de martensita no resfriamento. A padronização deste tipo de aço segue a norma AISI na qual a numeração distingue os teores de carbono, cromo e outros elementos de liga adicionados. Os tipos mais comuns são os aços 403, 410, 414, 416, 420, 420F, 431, 440A, 440B, 440C e 440F. Os tipos 403, 410, 414, 416 e 420 caracterizam-se por baixo teor de carbono e um mínimo de 11,5% de cromo, que, no tipo 431, pode chegar a 17%. Embora o carbono seja baixo, esses aços possuem boa temperabilidade, devido à presença do cromo. Esses aços são chamados “tipo turbina” e é apro- priado em aplicações como: lâminas de turbina e compressor, Tungstênio Aumenta a dureza do aço ao rubro e a estabilidade dos carburetos duros, a altas temperaturas. Aumenta a profundidade de têmpera. Aumenta a resistência à tração e a resistência ao desgaste. Em pequenas quantidades produz uma estrutura de grão fino. Forma partículas duras resistentes à abrasão, nos aços de alto carbono. Aumenta a resistência aos ácidos e à corrosão. Permite alcançar um elevado magnetismo remanescente e uma grande força coerciva no aço especial para eletros-ímã. Vanádio Desoxidante. Aumenta a tenacidade e resistência dos aços. Forma carburetos duros. Afina o grão. Conserva a dureza dos aços em temperaturas elevadas. Evita o crescimento do grão. Aumenta a resistência à fadiga e a resistência ao choque. c) Aços especiais c.1) Aços Hadfield O aço Hadfield é um material que quando deformado endurece bastante na zona deformada, endurecimento este causado pela precipitação da martensita. A martensita é uma microestrutura típica observada no aço quando é submetido ao tratamento térmico de têmpera. Tais características são obtidas a partir da adição do manganês na proporção de 11 a 14% e carbono estando entre 1,1 e 1,4%. A adição do manganês neste teor dá ao aço a notável propriedade de ser, quando solubilizado, completamente austenítico, sendo então, muito resistente a choques. Este aço é aplicado em mandíbulas de britadeiras e bolas de moinho. c.2) Aços silício São empregados quando são necessários materiais com boa permeabilidade magnética. Este fenômeno ocorre porque o material tem a sua resistência bastante elevada. São empregados em motores, alternadores, transformadores, etc. A composição desses aços varia dentro dos seguintes teores: • C - 0,07 • Mn - 0,4 • Si - 2,4 c.3) Aços inoxidáveis A expressão aço inoxidável, como é usualmente co- nhecido, nos dá uma idéia de um material que não se destrói mesmo quando submetido a severas condições de trabalho. Na verdade este tipo de aço não é eterno e sim apresenta uma maior resistência à corrosão, quando submetido a um determi- nado meio ou agente agressivo. Apresenta também uma maior resistência à oxidação a altas temperaturas em relação a ou- tras classes de aços, quando, neste caso em particular, recebe a denominação de aço refratário. A resistência à oxidação e à corrosão do aço inoxidável se deve principalmente à presença do cromo, que a partir de 25 molas, eixos e hélices de bombas, hastes de válvulas, parafu- sos, porcas, etc. O tipo 420F possui carbono entre 0,30 e 0,40% e nos tipos 440A, 440B e 440C, o teor de carbono é mais elevado, mínimo de 0,60% no tipo 440A e máximo 1,20% no tipo 440C. O teor de cromo varia de 12,0 a 18,0%. São denominados “tipo cutelaria” e empregados em cutelaria, instrumentos cirúrgicos, molas, mancais antifricção, etc. Os aços inoxidáveis ferríticos após o resfriamento rá- pido de alta temperatura mostram uma estrutura macia e te- naz, altamente homogênea. Contém de 16 a 30% de Cromo. Não podem ser endurecidos por tratamento térmico e são ba- sicamente usados nas condições de recozido. Possuem uma maior usinabilidade e maior resistência à corrosão que os aços martensíticos devido ao maior teor de cromo. Possuem boas propriedades físicas e mecânicas e são efetivamente resisten- tes à corrosão atmosférica e às soluções fortemente oxidantes, sendo ferromagnéticos. As aplicações principais são aquelas que exigem boa resistência à corrosão, ótima aparência superficial e requisitos mecânicos moderados. Apresentam, tendência ao crescimento de grão após soldagem, particularmente para seções de gran- de espessura, experimentando certas formas de fragilidade. A designação AISI indica como tipos principais: 405, 406, 430, 430F, 442, 443 e 446. São aplicados em equipa- mentos para a indústria química, em equipamentos para res- taurantes e cozinhas, peças de fornos e em componentes ar- quitetônicos ou decorativos. Podem ser aplicados também em queimadores e radiadores devido à sua resistência à corrosão em altas temperaturas. Os aços inoxidáveis austeníticos são obtidos a partir da introdução do níquel como elemento de liga, que proporciona uma alteração na sua estrutura capaz de elevar a sua resis- tência mecânica e tenacidade. Este aço apresenta excelente resistência à corrosão em muitos meios agressivos. Outros elementos como molibdênio, titânio e nióbio, se adicionados podem melhorar sua resistência à corrosão. Dos três grupos, estes aços são os que apresentam maior resistência à corrosão. Eles combinam baixo limite de escoamento com alta resistência à tração e bom alongamento, oferecendo as melhores propriedades para trabalho a frio. Não podem ser endurecidos por tratamento térmico, mas suas resistências à tração e dureza podem ser aumenta- das por encruamento, não sendo ferromagnéticos. Possuem uma ampla faixa de propriedades mecânicas, oferecendo boa ductilidade e resistência a altas e/ou baixíssi- mas temperaturas, além de boa usinabilidade e soldabilidade. Os tipos AISI mais comuns são designados pelos nú- meros 301, 302, 302B, 303, 304, 308, 309, 309S, 310, 316, 317, 321 e 347. As aplicações desses aços inoxidáveis são as seguintes: peças decorativas, utensílios domésticos, peças estruturais, componentes para a indústria química, naval, ali- mentícia, de papel e inclusive componentes que devam estar sujeitos a temperaturas elevadas, como peças de estufas e fornos, devido à boa resistência à oxidação que apresentam. c.4) Aços Rápidos Os aços rápidos são aqueles que, depois de endure- cidos por tratamento térmico, mantém a dureza mesmo em temperaturas mais elevadas do que a temperatura de início de amolecimento dos aços comuns. Apresenta como elementos de liga o vanádio, tungstê- nio e cromo. Um aumento extraordinário de eficiência dos aços rápidos foi conseguido pela adição do cobalto. A adição de 5% de cobalto ao aço com 18% de tungstênio faz aumentar a eficiência em 100%. Com o aço rápido com cobalto
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