1 Enquadramento epistemológico

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Enquadramento epistemológico
Temas fundamentais:
· Domínios do desenvolvimento são inter-relacionados;
· Desenvolvimento normal inclui uma ampla gama de diferenças individuais;
· As pessoas ajudam a moldar o seu próprio desenvolvimento e influenciam as reações dos outros em relação a elas;
· Contextos histórico e cultural influenciam o desenvolvimento;
· Experiência inicial é importante, mas as pessoas podem ser extraordinariamente resilientes;
· O desenvolvimento continua por toda a vida.
Objeto e objetivo de estudo:
· Desenvolvimento humano: Estudo científico da mudança e da continuidade durante todo o ciclo vital;
· Desenvolvimento no ciclo vital: Conceito de desenvolvimento como um processo vitalício, que pode ser estudado cientificamente;
· Princípios fundamentais da abordagem de desenvolvimento ao longo do ciclo vital:
· O desenvolvimento é vitalício;
· Importância da história e do contexto;
· Muldimensionalidade e multidirecionalidade;
· Plasticidade.
· Objeto de estudo: Estudo das mudanças (quantitativas e qualitativas) no desenvolvimento e da estabilidade da personalidade e do comportamento;
· Objetivos:
· Descrição: Tentativa de retratar o comportamento com precisão;
· Explicação: Revelação das possíveis causas do comportamento;
· Predição: Prever o desenvolvimento futuro com base no desenvolvimento progressivo ou presente;
· Modificação do comportamento: Intervenção para promover o desenvolvimento ideal.
Principais aspetos e períodos do desenvolvimento humano:
· Jovem adulto (20 aos 40 anos):
· Desenvolvimento físico:
· Condição física atinge o máximo, depois diminui ligeiramente;
· Escolhas de estilo de vida influenciam a saúde.
· Desenvolvimento cognitivo:
· Capacidades cognitivas e julgamentos morais assumem maior complexidade;
· Escolhas educacionais e profissionais são feitas.
· Desenvolvimento psicossocial:
· Traços e estilos de personalidade tornam-se relativamente estáveis, mas as mudanças na personalidade podem ser influenciadas pelas etapas e pelos acontecimentos de vida;
· Tomada de decisão sobre os relacionamentos íntimos e os estilos de vida pessoais;
· Maioria das pessoas casa e tem filhos.
· Meia-idade (40 aos 65 anos):
· Desenvolvimento físico:
· Pode ocorrer alguma deterioração das capacidades sensoriais, da saúde, do vigor e da destreza;
· Para as mulheres, chegada da menopausa.
· Desenvolvimento cognitivo:
· Maioria das capacidades mentais atinge o máximo; a perícia e as capacidades de resolução de problemas práticos são acentuadas;
· Rendimento criativo pode diminuir, mas melhorar em qualidade;
· Êxito na carreira e sucesso financeiro alcançam o máximo; para outros, pode ocorrer esgotamento total ou mudança profissional.
· Desenvolvimento psicossocial:
· Identidade continua a desenvolver-se, podendo ocorrer uma transição de meia-idade stressante;
· Dupla responsabilidade de cuidar dos filhos e dos pais idosos pode causar stress;
· Saída dos filhos que deixa o ninho vazio.
· Terceira idade (65 anos em diante):
· Desenvolvimento físico:
· Maioria das pessoas é saudável e ativa, embora a saúde e as capacidades físicas diminuam um pouco;
· Tempo de reação mais lento, afetando alguns aspetos do funcionamento;
· Desenvolvimento cognitivo:
· Maioria das pessoas é mentalmente alerta;
· Embora a inteligência e a memória se deteriorem em algumas áreas, a maioria das pessoas encontra formas de compensação.
· Desenvolvimento psicossocial:
· Reforma pode oferecer novas opções para a utilização do tempo;
· As pessoas precisam de enfrentar as perdas pessoais e a morte iminente;
· Relacionamentos com a família e com os amigos íntimos podem oferecer apoio importante;
· Busca de significado na vida assume importância central.
Influências no desenvolvimento:
· Influências sobre o desenvolvimento provêm tanto da hereditariedade quanto do ambiente, sendo que muitas vezes mudanças típicas durante a infância estão relacionadas com a maturação. As diferenças individuais aumentam com a idade;
· Influência ambiental ou contextual importante é a família;
· Condição socioeconómica relacionada com os processos e resultados do desenvolvimento;
· Outras influências ambientais que provêm dos grupos étnicos e da cultura;
· Influências sobre os indivíduos podem ser normativas (etárias e históricas) ou não-normativas. As influências normativas etárias afetam pessoas da mesma idade;
· Noção de período crítico para certos tipos de desenvolvimento físico inicial; para o desenvolvimento cognitivo e psicossocial parece haver mais plasticidade.
Perspetivas teóricas sobre o desenvolvimento humano:
· Importância relativa da hereditariedade e do ambiente;
· Se o desenvolvimento é ativo ou passivo;
· Se o desenvolvimento é contínuo ou ocorre em estádios.
Teorias do desenvolvimento:
· Psicanalítica:
· Teoria psicossexual de Freud: O comportamento é controlado por poderosos impulsos inconscientes;
· Teoria psicossocial de Erikson: A personalidade é influenciada pela sociedade e desenvolve-se através de uma série de crises.
· Aprendizagem:
· Behaviorismo ou teoria da aprendizagem tradicional (Pavlov, Skinner, Watson): As pessoas são reativas; o ambiente controla o comportamento;
· Teoria da aprendizagem social (sociocognitiva de Bandura): As crianças aprendem num contexto social pela observação e imitação de modelos; a pessoa contribui ativamente para a aprendizagem.
· Humanista:
· Teoria da autorrealização de Maslow: As pessoas têm a capacidade de tomar conta das suas vidas e de promover o seu próprio desenvolvimento.
· Cognitiva:
· Teoria dos estágios cognitivos de Piaget: Mudanças qualitativas no pensamento ocorrem entre a primeira infância e a adolescência;
· Teoria do processamento de informações: A pessoa desencadeia ativamente o desenvolvimento; os seres humanos são processadores de símbolos.
· Etológica:
· Teoria do apego de Bowlby e Ainsworth: Os seres humanos possuem mecanismos para sobreviver; dá-se ênfase aos períodos críticos ou sensíveis; bases biológicas e evolucionistas para o comportamento e predisposição para a aprendizagem são importantes.
· Contextual:
· Teoria bioecológica de Bronfenbrenner: O desenvolvimento ocorre através da interação entre uma pessoa em desenvolvimento e cinco sistemas contextuais de influências circundantes, interligados, do microssistema ao cronossistema;
· Teoria sociocultural de Vygotsky: O contexto sociocultural da criança tem um importante impacto sobre o desenvolvimento.
Etapas de desenvolvimento para diferentes teorias:
· Estádios psicossexuais (Freud):
· Oral (nascimento – 12/18 meses): Principal fonte de prazer do bebé envolve atividades ligadas à boca (sucção e alimentação);
· Anal (12/18 meses – 3 anos): Criança obtém gratificação sensual retendo e expelindo as fezes. A zona de gratificação é anal e dá-se, por esta altura, o abandono das fraldas tido como uma atividade importante;
· Fálico (3 – 6 anos): Criança aproxima-se do progenitor do sexo oposto e posteriormente identifica-se com o do mesmo sexo, desenvolve-se o superego e a zona de gratificação transfere-se para a região genital;
· Latência (6 anos – puberdade): Fase relativamente calma entre fases mais turbulentas;
· Genital (puberdade – idade adulta): Ressurgimento dos impulsos sexuais da fase fálica, dirigidos à sexualidade adulta madura.
· Estádios psicossociais (Erikson):
· Confiança VS Desconfiança básica (nascimento – 12/18 meses): Bebé desenvolve a ideia de que o mundo é um lugar bom e seguro.
· Virtude: Esperança.
· Autonomia VS Vergonha e dúvida (12/18 meses – 3 anos): Criança desenvolve um equilíbrio entre independência/autossuficiência e vergonha/dúvida
· Virtude: Vontade;
· Iniciativa VS Culpa (3 – 6 anos): Criança desenvolve iniciativa quando experimenta novas atividades e não e dominada pela culpa.
· Virtude: Propósito;
· Produtividade VS Inferioridade (6 anos – puberdade): Criança deve aprender habilidades da cultura ou enfrentar sentimentos de incompetência.
· Virtude: Habilidade;
· Identidade VS Confusão de identidade (puberdade – idade adulta): Adolescente deve determinar o seusentido pessoa de identidade ou sentir confusão sobre papéis.
· Virtude: Fidelidade;
· Intimidade VS Isolamento (idade adulta jovem): Pessoa procura formar compromissos com os outros. Em caso de fracasso pode sofrer de isolamento e auto-absorção.
· Virtude: Amor;
· Geratividade VS Estagnação (idade adulta): Adulto madura preocupa-se em estabelecer e orientar a nova geração, ou então sente empobrecimento pessoal.
· Virtude: Consideração.
· Integridade VS Desespero (idade adulta tardia): O idoso alcança a aceitação da própria vida, o que lhe permite aceitar a morte, ou então desespera pela incapacidade de reviver a vida.
· Virtude: Sabedoria.
· Estádios cognitivos (Piaget):
· Sensório-motor (nascimento – 2 anos): Bebé torna-se gradualmente capaz de organizar atividades em relação ao ambiente através de atividades sensoriais e motoras;
· Pré-operatório (2 – 7 anos): Criança desenvolve um sistema representacional e utiliza símbolos para representar pessoas, lugares e eventos; linguagem e brincadeiras imaginativas são importantes manifestações deste estádio. O pensamento ainda não é lógico;
· Operações-concretas (7 – 10 anos): Criança pode resolver problemas logicamente quando eles enfocam o aqui e agora, mas não é capaz de pensar em termos abstratos;
· Operações formais (11 anos – idade adulta): Pessoa pode pensar em termos abstratos, lidar com situações hipotéticas e pensar sobre possibilidades.
Questões éticas:
· Que problemas éticos podem surgir no estudo sobre o desenvolvimento humano?
· Quais as medidas que podem ser tomadas para se protegerem as crianças e outras pessoas vulneráveis dos danos decorrentes da participação em estudos de investigação?
· Com que idade uma criança pode dar o consentimento informado para participar numa investigação?
· Se num estudo for necessário enganar os participantes, será possível obter-se o consentimento informado?
· Em caso negativo, significa isso que esses estudos não devem ser realizados?
· Que contribuições a pesquisa com animais pode dar para o estudo do desenvolvimento humano? Quais as limitações éticas destes estudos?
	Direito a consentimento informado
Direito à autoestima
Direito à privacidade
Direito ao sigilo
APA (1992)