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.110 .j' t: r: f" '''-'" Ciência da alma é um conjunto de reflexões do junguiano Edward E Edinger, cuja apresentação hábil e clara dos conceitos junguianos ajudou muitos a compreenderem o essencial da psicologia profunda, seja em seus aspec tos coletivos, seja em sua aplicação pessoal. Nas reflexões da presente obra, ele demonstra a impor tância de o ser humano cultivar a própria alma, ou, por suas próprias palavras, "manter uma ligação viva com o inconsciente coletivo". Tal ligação pode se dar mediante uma crença, uma religião ou uma mitologia viva. No en tanto, a partir da Idade Moderna, a linguagem religiosa e mítica então dominante não mais respondeu à ne cessidade de muitos. A psicologia profunda veio, então, ser instrumento de contato com o inconsciente coletivo para o mundo que fala a linguagem da ciência. Por isso, a psicologia junguiana tem papel importante a ser de senvolvido em nosso tempo: ajudar as pessoas a cura rem as feridas de sua alma. A leitura deste livro é útil tanto àqueles que têm pouco conhecimento da psicologia analítica como a especialis tas, pois o autor trata tanto de conceitos fundamentais, como Si-mesmo e sombra, bem corno da relação entre terapeuta e paciente. EDWARD F. EDINGER ficou conhecido por seus muitos escri· tos e palestras sobre a aplicação da psicologia junguiar dentre eles comentários psicológicos a respeito da Bíblia e inestimáveis guias para a compreensão das principais obras de Jung. D 'I ~ -- Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Edinger, Edward F. Ciência da alma: uma perspectiva junguiana I Edward F. Edinger; Itradução Gustavo Gerheim]. - São Paulo: Paulus, 2004. - (Amor e psique) Titulo original: Science 01 lhe soul Bibliogralia. ISBN 85-349-2 J62-8 1. Jung. Carl Gustav, 1875-1961 2. Inconsciente 3. Psicologia junguiana 4. Psicopatologia I. Titulo. 11. Série. COO·150.195404·1028 índices para catálo'go sistemático: 1. Psicologia: Perspectiva (unguiana 150.1954 li' V,"\ Y ,,' v~:. " p ~l,. '~'. / - . i 1: ~..r' h COleção AMOR E PSIQUE coordenada por Or. Léon Bonaventure, Pe. Ivo S/orniolo, Ora. Maria Elci Spaccaquerche Tílulo original Science of /he Soul: A Jungian Perspective © Innar City Books, Canadá, 2002. ISBN 1-894574-03-6 Tradução Gustavo Gerheim Editoração PAULUS Impressão e acabamento PAULUS © PAULUS - 2004 Rua Francisco Cruz, 229' 04117-091 São Paulo (Brasil) Fax (11) 5579-3627 • Tel. (11) 5084-3066 www.paulus.com.br·ediloríal@paulus.com.br ISBN 85-349-2162-8 <.1 r INTRODUÇÃO À COLEÇÃO :.;lc~.,·fH)l· \'AMOR.E;PSIQUE _....... ~! ._:_ ';" _1]1)")" ~' 'li.' ~_'i; '~_ ;." \ , (.:) , 'i ~:)j:' ,U _ \.~\.:~í'.lU"~, di "c._ ;. ' i/, _rJ .1 t"' lLJ J~~ t _~ '~:l . ~ i,{" ~ ~ --': ~.!'; __ ~;I; : ~""~) 1.... j~; ,_ )J j ;1, ,::~:j,,:1 1.;:"';.:::. 'li!.:. ~';'!';; ,:i.~ .. ~~, ~~",rt ,1J "f",,,,, 1 i_~ ,1..... !. '~r" -~:l_ '" ! ' . : ~ .:.. ~ ~ (: J ~ "') f ~ \ • _~~",H.:: ~I~!' ... :.' f."; .. !,.. ....:",1 !!..~ ,\ )'j ~.~il -~ .~) ,~~. _~ :ll' .. i, '} :.. JE~, .. ~~,./~~ ..! ,"",.f-J '~,J !_;j~rl- ::l' .~) ;)Y." L'~';:. Í;~~LL '::'3:J ".'-~L,,".; ~ _,' /! '_i ~~Hf-. -:~~ ~'._ L Ll.L\,.I _f; '~iL':: . ..~.~ ,b,\isca qe .~,-:~ .~lrp(3,,,e,~qs~:n,~~dog.e Stl(3, .'{i9;,(3,J ,Q homem descobriu novos caminhos que o leyam para a ~ • *_",~' l"" ':', !.ted I, ,,, Il., ~"<J I' .... #." li ) sua interioridade:o §>eu próprio espaço interior torna-se um lugar J?OYo de~experiência. Os viajantes destes cami~ nhos nos 'revelam-que somente o amor é capaz de gerar a alma, mas também o amor precisa de alma. Assim, em lugar de buscar causas, explicações psicopatológicas às nossas feridas e aos nossos sofrimentos, precisamos, em primeiro lugar, amar a nossa alma, assim como ela é .. Deste mod.o.é que poderemos reconhecer que estas feri das e estes sofrimentos nasceram de uma falta de amor. Por outro lado, revelam-nos que a alma se orienta para um centro pessoal e transpessoal, para a nossa unidade e a realização de nossa totalidade_ Assim a nossa própria vida carrega em si um sentido, o de restaurar a nossa unidade primeira. Finalmente, não é o espiritual que aparece primei ro, mas o psíquico, e depois o espiritual. E a partir do olhar doimo espiritual interior que a alma toma seu sen tido, o que significa que a psicologia pode .de. novo psten der a mão para a teologia. Esta perspectiva psicológica nova é fruto do esforço para libertar a alma da dominação da psicopatologia, do espírito analítico e do psicologismo, para que volte a si 5 www.paulus.com.br�edilor�al@paulus.com.br mesma, à sua própria originalidade:'Elarp.'asce:u de refle xões durante a prática psicoterápica, e está começando a renovar o modelo e a finalidade dá psicoterapia. É uma nova visão do homem na sua existência cotidiana, do seu tempo, e dentro de seu contexto cultural, abrindo dimen sões diferentes de nossa existência para podermos reen contrar a nossa alma. Ela poderá alimentar todos aque les que são sensíveis à necessidade de inserir mais alma em todas as atividades humanas. A finalidade da presente coleção é precisamente res tituir a alma a si mesmare "ver a.parecer uma geraç~o de sacerdotes capazes de 'e~eender 'novâme.nte á llnguagem da alma", como C. G.JÜhgo desejava.)' ( ; j • - ' .-: ' ..:~~t;\.w ~ í~"..: r.:~,. '~' ..... ~',~,. ,.~'~':~ j:t~' : \ ')!' ... ' lÂóh Bonaven'túhi ,\ !., ! 1 '" .. ", ~''': I.'. ' !:, '! j .; 'I ~ , ',.; I ".,,' ).>, , , ,( (' 1 _ j ~ ... ",>.. ' ~, \!f d'l ,,,":. :,,' "-'1 .~'l:j:,,~~ '('fÜ"i~-'_"~",: >._. ~t;~ ,~ .. ".. f .r .. ~~/) ':.ó.i,·" .. Cl .. ri Íl1 ; . ) .. ) rl'~' , L ' .."~, ~t \ ,; : I ; ,- ~ r :J" I';" "J:~ :;t"~,"~ '''I''';" (,,~ , , ../t .. " I i .. ,;L>l..:O·3 dq' II '" '. . :; ~)- ;' .~~ .. ~ ,'::),'.f :~ ~!t: ui,;';" : \ ~ _,",,~ FC>j~ ':;Il :~) ,) \) ~t/' ~ r.. '~ ~:"l\C } ('1,,' ~l! U~) "i3' '.) ~.' l.i,f 't 'tJ"i) ~ ,;r" :~."!( 't!1";~i " 'Je .~',P .\i:1 PREFÁCIO DO EDITOR , \' '. ~.} " ~ , ~ . '", I : t .. 1; ",) , " o m\l!ldo est~ cheiÇl de pessoas j.1}co.nsçien~es - aque las que I).ão ,~abem por ,que, fazem ,aquilo' que fazem. Edward F. Edinger fez wais do qlle qp.alquf;r <;mtra pes soa para corrigir ess~, sit.uação., Qomeu ponto. qe vista, ele foi tão fiel a J ung quanto se. pode ser. Af?S!D;l como Marie-{;ouis~ vop.Fr.ap.z, ,ele, foi \lD;l jungl,lianQ c~ássico: absolu,tªweI'lte innuenciado pela mensagem"c!~ Jp.ng, amplificou -a \.isa.ndo l?egs pI:ópri()s t,alepto~.: "d ' . Para aqueles qu~ copsigE;lram,Jp.I'lgup:l9-I~itp.ra difí cil, Edinger tem sido o iptérpre.t~ pr~emií1~nt~ pqr IIlais de trinta anos. Em palestras, livros; 'fitas e vídeos, ele apref:?énto,u com muita habilidade a essência destilada da obra de Jung, iluminando a sua relevância tanto para a psicologia coletiva quanto para a pessoal. Desse modo, por exemplo, suas Mysterium Lectures e Aion Lectures não são apenas, pesquisas acadêmicas brilhantes sobre as obras mais importantes de J ung, mas também um guia prático para o que está acontecendo no laboratório do in consciente. '\ . . Desde que a Inner City publicoú seu livro A criação da consciência em 1984, 'Ed e'eu mantivemos muito mais do que uma boa relação proyssional de editor-autor, Visi tei-o em sua casa em Los Angeles algumas vezes e en viei-lhe cópias de cada novo título da Inner City que era ~_._-------- -"- 6 7 http:copsigE;lram,Jp.I'lgup:l9-I~itp.ra 'f, "" I' .-. ~ '-r'" -, ' r'~ ; • , ;, ~ ! ~t. " , ~~~ i" • r ~ .' .. ~~ ( "Á ~~ ;~'. ~L~ 'tj ~ « , ~ rf) ••- j .: .:.11 ...... , ~ J }'i \ _J' ... ~." ; f '"'-. : .!._J ,,~: ( '''' - ./ {." . .." .:::.' ..., Ti"' ~' ,jI- ,,-/ I. : ; ~ l ";,,.1_ i',) I J ! ,'d : ~, ..~." 1 ~; ~. ~ .. - /l .L. )': \';j L :1:'~ ! ~. 't}'. I ~/ "}\', ~; i,' "I J , , ~. 1 CIÊNCIA DA ALMA , " .... _:J. . . .l' , l I .. _:. ,'} , \ ~ 1 ,;; , '\" O h,omem sempre viveu no'~ito, e' a,cre<Jitamos ser capa zes de nascer hoje em dia e viver fora' do mito, fora da história. Jsso é umadoença,totalmerde anormal, pois o homem não' nasce todo dia.:Ele nasce 'só uma 'vez, em um ambiente histórico específico, com.' qualidades históricas específicas e, dessa forma, ele só é completo quando possui uwa relaçÇio.,co.m essa~ coisas. $e você cresce sem ~igação com o passado~ é cómo se qocê nascesse sem olhos e ouvi dós ... leJ isso é uma m"utltaçad do ser humano. 1 ' o inconsCierite cioletÍvo Para que' urri', i~divíduo seja' ~audá~el do 'po~to de "I "<' vista psicológico, ele deve manter uma: lig~ção viva com o incons'ciente coletivo. Xo 'longo da história, e'ssà ligação tem 'sido forhecidapel~ religião óperant'e ou pela mitolo gia: em vigor'em dada sociedade, Uma religião'específica ": " ' " , I • ' " " .. I" • ou uma mitologia viva funcionam como um recipiente para oinconsciente coletiyo,Apessoa que crê em um mito vivo tem' acess~ a dogmas, cerimônias é imagens simbólicas ,,' \ " ... '.I !,' " I, I • ~ ," I Jung, "The:Hóuston Films~,êrriWilliam MaguireeR. F. C. Hul!, eds., C. GiJu'!-gSpeqking, p. 348,. [Q~ vídeos de]<;dinger possuem breves trechos de uma fala de Jung;aqui impressos em itálico, tirados de entrevistas que maIS tarde foram publicadas em C. G. Jung Speaking. - Nota do Editor] 11 que se encontram entre todgs nós e a realidade bruta do inconsciente coletivo. é a função dos mitos vivos e I · '- " :" '/"," i 'da re 19mo. . ~ ,_i . ,..1 c. _ Enquanto o sujeito está ligado a um mito religioso, ele não precisa dar atenção à psique. A instituição reli giosa cuida disso e, se ele é um bom membro, que vive dentro da estrutura dogmática, ele está salvo. aquele ditado, vocês sabem, de que não há salvação fora da Igreja. Isso é verdade, não há salvação fora de u"!a igreja, uma mitologia viva, a não ser pelo processo de individuação, e este é raro e difíciL \ ' Assim, de maneira ger::tl, é mais ou menos Verdade que não há salvação' fora dá Igr~ja, e não importa dequal Igreja estamos f9..li:qlçl9.. À.'m:~qidª qu,e !?~, po!?sJ,l.i l,J.m·:reci piente para o inconsciente coletivo, e o sujeito é um mem bro sincero de alguma congregação religiosa, ele esta sal vo, do ponto de vista psicológico. b sujeito fem uma reíação com a imagem de Deu!3 projétaq..a.'.Coíno disse J~~g, as grandes religiões ~ão ~a~des sist~mas psicoterápiéos. É isso que elas e elas fornecem aos seus membros uma ligação com a imagem de Deu~, 2 Si-~~S}1W·~S~~w.esWP'1~ Deus sendo virtualmente termos sinônimos), por meio,de rituais e dogmas de d~terminada .~g"fej,a.. "', r • Enquanto esse método furiéionar,nãoná1o que se fa • , ,.' ~ ~; ,'., I .: , ~... ,,", • • :l"" ... J tI' / lar contra ele. Nq enta~t?; nãp,h,~, à po·!?~~piJ,i<1:ª,Qe.de..u~fl psicologia profi.lI~da e#quéll1tR se esi'á- f0riti5:lo, ~f.l1·,unia Igreja. Enquanto oin~oil"scÍE~#te c,9Iet!y~ esti':/er pres?,:~or assim dizer, ao simbolismo de uma estrutura dogmática: , ., !' . I' 7' , • " ' j ': , ~ I !', 11 , e~pec.í?ca e concre~a,p.~o ~x.iste!(po.s~~RiydlF,~·~e .~~?r~~ nencla-Io de maneIra empínca e IndIvIdual. A pSlçologla,: " , " ~. t I \ J. . profunda não se aplica àqueles que estão 'contidos em umá crença religiosa específica porque eles não necessitam dela. A psicologia profunda nasceli, na Idade· Moderna porque muitos necessitam dela. 'Realmente precisamo$ dela. ;'" Vários poetas do século XIX - Nietzsche, Matthew Arnold e outros2 - a~úp.ciaram que a mitologia Cristã tra dicional predoIllÍnan.te nã<;>mais servia ao seu propósito, e que os indivíduos IDQQerno!?nãQ ',estavam mais contidos por ela. No mínimo,a min9tia criatJ~adasocie,dade oci dental não ca,be.majs!lo recjpient~_dOÍI1ito 8ristão e, desse modo, está qb~rta ~ dispoI).~v~1 pará a possibilidade de descobrir empiricamente a PsicQlogia profunda. -.,«' . \._. "--:. ;~. t" (. !, I.: . ,",.,) l_ '.;': A idade da tdulsfôrmação '1 I ~ ! '_:' \ ;. ~ ", ~ .. ~ ,'~'I Uma grande inudinça' aconteceu 'ná' psicologia cole tiva em torno do século XV. Como eu gosto de dizer, de maneira um tanto dramática, "Deus caiu do' céu para dentro da psique".3 Foi màis ou menos niquela época que a projeção coletiva da 'divindade: no rein~ métafísico do dogma religioso recuou. Foi um processo' lento, que co meçou apenas em algumas pessoas, más foi lá que ele realmente 'tev'é' iriíCio: kirriagem'de Deus foi se 'retirarido da proj'eção 'metafísicàeeritrando na psique.' O que vi mos, então, foi uma inflação coletiva,'um grande 'cresci-' menta da energia do ego, que' se manifestava em todos os lugares. As pessoas' 'começ'aràma 'exploraro'globo, e a fazer todô tipo'de descobertas nas' ciências e' nas'artes. Houve uma grande expansaoda consciência humana no nível do ego. Mas o preço para isso foi uma progressiva perda de ~ligàção coin 'a'dimensão' trailspe.sso,al, um pro cesso'que agorà:alcança setiápice~' ,; O ego-humano tomou o controle'das energias psíqui cas' de talformaJque a'realidade da'psique objetiva, a " , ':. Notes àn the Seminar given in 1934 1939, e Edinger, The Mysterium Lectures: A Joumey ThroughJung's Mysterium Coniunctionis, pp. 222ss. (Nota do Editor) 3 VerE;dil)ger, T.h.e. A.ion.4ect.ure~:Exploring the Selfin C. G. Jung's Aion, esp. caps .. 9, 10,23, (Nota do Editor) 12 13 http:predoIll�nan.te http:po�!?~~piJ,i<1:�,Qe.de realidade da dimensão. transpesso.al da: psique, queántes era garantida pelas co.nvicções religio.sas e' metafísicas', ago.ra encontra-se em grande parte ineficaz Como'um, fa} tor efetivo na vida coletiva. Essa situação atingiu um extremo tão grande que, da forma co.mo eU: a entendo., ela é o precursor da próxima era,~Esse estado décoisás esta:~ va previsto na Bíblia, no'Apocalipse, onde tudo está ex': posto de maneira simbólica.4,·' ~ :. A descoberta da psico.lo.gia profunda no. século. XX é, na minha opinião, pelo 'me?-.~~it~9, !~~çrtl1:ç.~equ~I1tp, igual em grandeza, à desco.berta da física nuclear. Vejam o que aconteceu. Por míH;tares de an9s, a humanidade possui o conceito. de'alma, de psique', de u~a consci~ncia elementar de qiI~ 'a > subjetivj~ad~ ~~manal~i um -f~tor muito importante, mas a humanid~de estava,tão!próxi _ _. \ c ( ••• _ 1" '" ma a essa realidade, que; ~ão ,conseguia trGltá-Ia de ma neira empírica ou cien~ífiça. '. A imagem que gosto de usar é a de um peixe nadan-. do numa lago.a. Existe uma anedot,a,agrad:%ye!, uma (ln~,.; dota oriental, que ch~gou, amim certa vez. O mestre Zen pergunta ao aprendiz: "Qu~~ descobriu a ~gua?" Oap'ren-: diz não. sabe, então o. f11e?tr~. respon<;l~: ,"Bom, eu, também. não sei, mas sei que~ não. a;descobriu; ~ 'peixe." Como. vo.cês. po.dem v'er, QS seres .hum~nos e,stão,exa tamente na mesma ppsiçãoem rel,ação..à psique.,~lel?,>;H vem dentro. dela. É o seu 'meio'ambiente,é existf!m aI-, guns pequeno.s vislumbres de luz so.breo lugar o.nde ,o.s egos individuais existemnesse ambie'nte' ger;:tl da psique: mas eles estão. tão. perto d~sse'qmbiente que não. conse guem reconhecê-lo co.mo um:objéto. empíric9 que po.dE2 ser; estudado da mesma forma como a natureza é estudada como. um o.bjeto. Mas o qll:e aco.:ç.te.c~u. CQrn a desç,o.berta 4 Ver Edinger,Archetype orthe apocalypse: A Jungian Study orthe Book or Reuelation. (Nota do Editor) , '. ...... " lá. do inconsciente, co.m Freud e Jung, foi que de repente a psique tornou-se um objeto do ego subjetivo. o.bservador. E foi isso que abriu as portas para o. estudo científico. da psique. Essa é realmente Uma eno.rme revolução coperni cana que ainda mal éomeçoti a penetrar, na consciência coletiva: ,,~ f ~ Junge Freud Nós realmente devemos a descoberta' empírica do. inco.nsciente a Freud. Ele estudo.u. caso.s de histeria e, a partir desse estudo., desco.briu o. inconsciente. Jung, ao mesmo tempo,emborafosse dezenove anos mais novo do que Freud;conduzia experimento.s que chegaram ao. in consciente pqr um outro ângul<? Ele estava fazendo. ex periênçia,s 'co.m o. teste de asso.ciação. de palavras, o qual revelou o. que ele chamo.u deco.mplexo.s inconscientes.5 Então, quando. Jung começou 'a ler Freud, percebeu que eles estayam lidanflo .co.~ o. mesmo fenÔmeno.,.e marca ram um~enco.ntro .. Foi um encóntrohistÚico. I J t r _ ' Bem, eu/Til uiiLtá.lo din Vúma eficamos convúsando por (reze horás sem parar.,·.. nem percebemos que estávamos " quase mortos ao final:daconversa ... Eu ainda era muito jovem naquela época, ele era mais. velho, ·tinha uma enor· . me e~per:iência e ~stq.va, é, ,claro, muitC?nÇL minha frente, . então;aqúiesci pç,ra poder aprender alguma coisa pri m~iro.6 ir " :.' .,' "'1\1' l (.1 ,-.' '1:J Po.r alguns ano.s eles fo.ram co.legas. Embo.ra um es tivesse .emyíen<t e 0., ?:utro,er,n ,Zurique, enco.ntraram-~e com Gerta freqüêncí<;l:etíveram muitas co.nversas. HaVIa '\ . ~ , 5 Ver Experimental Res(!arches, CW 2(CW é uma referência a The Collected Works orC. G.Jung). (Nota do Editor) 6 Jung, "The Stephen Black Interviews", em Maguire and Hull, eds" C. G. Jung Speaking, p. 253, lfi http:uiiLt�.lo http:transpesso.al muitas diferenças, mas por um longotempó Jung sub meteu suas próprias idéias às de Freud., poiss~bia que Freud tinha mais experiência do que ele. No:e.qtanto, tudo mudou a partir da publicação, em 1912, do liy:ro'Transfor t mations and Symbols.of the Libido7; de Jung. Os cami i. nhos separaram-se nesse momento, pois Jung estava co. locando suas idéias para fora, e ele sabia ql,.le existiam diferenças muito sérias na forma como cada um compre endia a psique, especialmente em relação áÚ~iàJ, '6tie~er~ gia psíquica. '" ! J 1 ~ 1.,'", Aquele livro custou-me:minha amizade com Freud, pois ele não o aceitava.. Para.ele, o inconsciente era umproduto da consciência, qy.e sim.plrç.sllJe.iJ..te co.rl~~1Jha ?U(:i.o,o que dela sobrava; era Ulr;t tipo de ,quar~o 4e d,espejo 9nde toeja,s as coisas que a consciência -descartaüã' efá,.n: amontbàdas e largadas, Pará' mim, ja 'naqueld época! o inconsciente êra uma matriz, Uma base de consciência: de uma natu-r.eza criativa, capaz,de',atos·autônomos. J' '..J. < :"nJ~1 f..'-' I 1_. ~jf. /" }1 Jung passou, então, por' uma\profú'nda'experiência do inconscien'te, de'1914 ai 1'9-18, e foi'néssa épqca"que 'ele fez a descoberta pesso~l e'ilT!-ediatad9 inçonsci~nt~ cole tivo. Freud descobrira o irÍçonsdente, mas"ap~n~~ sua dimensão pessoal, que'é;ceFtamente; muito.reabOs con teúdos do inconsciente de J,i'reud referiam-s~'apenas à vida pessoal do indivíduo, à infância'em'particular; e':q.quanto o inconsciente coletivo; descobriu Jurig; àlargavaimen ",' , samente as perspectivas da psique individual. I~so se deve .'} ,": ,,,,, '1 'J r~ "( "'r;.'{,i~;,r("",;lr'i"-I' ",~'1~~ 7 A versão literal da edição alemã or!ginal' de 1912, Wandlungeri ulld Symbole der Libido, seria Transfõrmatiõris andSyíiibôls bt.tM <Libtdó" em \Jota em inglês o livro tenha se chamado On the Psychology ofthe Ullconscious:.~m uma edição bem revisada de 1952, o livro passou a se chamàr Symbols of Transformation, CW 5. (Nota do Editor) Em português, Símbolos:da Transfor. mação, (Nota do Tradutor) , ~:l, ' .... ''''" " 8 Jung, "The Houston Films", em Maguireáhd Hull,eds., C, Q, Speaking, p. 339, , " ao fato de essa descoberta revelar que a psique individu al está flutuando, por assim dizeI!, em um oceano com partilhado por toda a nossa espécie. A natureza dos sonhos o que são os sonhos e como devemos compreendê los? Aqui, mais uma vez, existe uma profunda diferença nos pontos d~ vista de Freu~, ~...rung;~l~s~çmc?rdavam que o sonho é o caminho régio'paráü'iíí.cOIlsCiénte, mas discordavam quanto ao destino dessa estrada. Freud acha va que ela levav~à descoberta dÚ's desejos inconscientes, e que a naturezasimbólicà dos sÓnhbs"pôd'éria sei expli cada ao se po~t).lla'r aJ~m dp(rq~ 'c8D;s'hrq.Jung 'não acei tava essa i~~l?,çl~J,ei~~. ge,nplJ-n.1;, E?le Go~sideràya '9:\30nho um produto da natureza. A natureza p.ão' engana, ela ape nas fala na sua própria linguagem; 'e depende de nós aprendermos essa linguagem, chegar a uma compreen são dela .."' ., ", ': ,,,' i I"i'i Oss'Onhos' falam';\sim,: uma lingüagemsimbó1icà em relação aqual devemos adquirl'ta'Ca'pacidade:dé'coni preender. Existêm,tambéhi, diferenté's níVeis de sonhos - sonhós super.ficiais esonliós profundos;'son'hos peque~ nos e grandes sonhos. 0s grandes sonhos possuem;' em seu cont~údo,.imagens aiquetfpicas: Os 'sonhos menores parecenicletivár do:iricon'stiente pess6aJ;'é'os sonhó'smai' ores têm"> mais' do' que' ürilàreléVânCià pessoal: 'Eles 'S'ão relevantes a toda 'uma cornunid:àde, ou sociédadé, já que os fat6f.és) afquet'ípicós"qctedeterfuináin 'a éxistêriCia in dividual também estão op:erantes· na)coletividade mais ampla. E tanibéfué vérdade'<lue, em"àlguns casos, pode se percéber uma sabedoria'impressiónanterevelada nos sonhos, sabedoria não apenas do presente e do passado, mas às vez~s, sabedoria do futuro .. 17 16 http:fat6f.�s http:sim.plr�.sllJe.iJ http:Symbols.of Jung demonstrou que o inconsciente funciona para além das categorias de tempo e espaço. Isso significa que um evento relevante ao qual um sonho se refere. pode • ~JI encontrar-se no futuro, em vez de no passado, que o evento futuro está projetando sua sombra para trás, por assim dizer. Para o ego racional, é difícil aceitar essas coisas, mas existem dados muito claros de que essas coisas acon~ tecem. '", " f'\' IA criação da consciênciÁ " , " : ; ~ t s ~ ,,'I 'I , : " ) ~..t ,i A consciência é umJfatorJ, e existe, um· outro, ' tão impor tante quanto ela, o ~nc:ons~iente/ que pode interfer,ir na cons ciência na hora que quiser. E claro que éu dissf! a mim mesmo: "Mas isso é muito desconf9rtável, porque eu acho que sou o único mestre' em miríhacása". Contudo, deÚiJ admitir que existe um outro alguém nessacasa.que pode fazer umas travessuras. 9 ; "i '. ••' "_o • ,\ . '~;I, '~'~:, '. ~ • ;u;r Quando procuramos uma definição, estamos,tentan do conceituar uma experiênciª ou uma entidade. ,A pró pria palavra "conc~ito" <:arrega consjgo a ~~agem de cO+I1. preender essa experiência pu entidade, E para podermQs compreender alguma;coisa, devemos ter um alcap.ce gran~ de o suficiente para podermos incorporá,la. ~o entan,to, muitas dessas entidades básicas são t~o grand~s ql)e se tornam incompreensíveis pa:r;aQs meiQ.8 raçionais,.e tu,ç1ó o que podemos fazer é fal,ar s9qre o assunto, rod~~ando.~Q, olhando para os seus dife~entes,aspect9s ..I; J, ': j;: Então, deixem-me tentarfazer isso com a entidade à qual chamamos de consciênc.ia.':... '~' " ~ . , Thdo o que sabemos da con$ci~ncia é ,o que 0ê indi~ víduos experimentam; é um termo de!?creyend~rurria ex , > ~. ~ ':: p.340, .' I periência. E se vocês refletirem sobre a experiência, po derão começar a dizer algo sobre ela. Normalmente, é bas tante útil refletir sobre as versões iniciais de tal expe riência, então podemos considerar as versões iniciais da consciência. Por exemplo, em sua autobiografia Jung des creve sua expétiência de' tornar~se consciente mais ou menos aos onze anos. Um dia, sem mais nem menos, foi como se ele saísse de um nevOéiro' e percebesse: "Agora eu sou eu mesmo, agora eu existo".10 Antes disso, esse conhe cimento simplesmente nunca tinha ocorrido a ele. Consciência significa, acima de' túdo, estar ciente. E significa.não apenas estar ciente dós objetos, pois até os animais o estão; os' animais não ficam se chocando com os objetos, eles estão cientes dos objetos e mantêm se afastados deles, e q~ando eles vêem vocês, reconhe cem vocês e mantêm certadis'tã.ncia. Então; eles estão cientes dos objetos, mas não estão cientes deles mesmos. EssG\ ~ a, ,car~ct~rís:q9a F1J.~ial ~a,c~:hsç~ênci~: ~ conscjên cia éci~nte êIe si,me,sma, é oego fica:n~ocientede si mes mÇ). Quando Jung saiu' do 'nevoeir9 e percebeu "Eú sou", naqu~le exato mom'ento ó ego estàvàpérceb'erido~se como um objeto.', "','! ~I, " , , " ' ,", , , Esse é o grande mistério da consciência, e~a tem o . , " ," , "i i ... ": '}'.. • ' poder reflexivo de olhar para o espt'llhoe se epxergar como um~'irrUl&em ~,eparad~.Não éflP~nas u~,~cid'enteo fato de Iahweh, no Antigo Testàmento,'expor sua identidade como "E~ sou':.uAcho qu~~xi~t~\~mà'Iig~~ão entre a psi cologia da' conscIência'e a im.ágén; si~bólica de Iahweh. Vejam o q~e acontece com a desê~bérta rev61uéionária do ,\,' " " '" °1 ' , ., " ", : , • ",~,,' "Ellsou". E um nascimento, coÍno vocês podem ver, o nas- l ,. . ~ • ..' " • " . t, • 1 _ ".' ", . ~. , :,\ I', j J ... , IO·Memories, Dreams, Reflections, pp. 33s. (Ver também "The 'Face to Face' Intervle~", em 'Maguire and Húll, eds., C. G.Jung Speaking, p, 425. - Nota do Editor), 11 Ex 3,14. (Ver Edinger, The Bible and the Psyche: lndioiduation Motifs in the Old Testament, p. 48. - Nota do Editor) , 18 19 http:consci�nc.ia http:alcap.ce cimento de uma luz que n~o existia ,antes, E;! () que ela, traz consigo é uma maior consciê,Iícja dflsobgrania d9.ego. No curso de perceber a própria exist~IíÇi~, () ~go p(;')r •q cebe, simultaneamente, que ele .existe.:em urrLamb~~nte, e que há objetos e Qutr,as pes.soas qlJ~o tambépl ex:is.t~m. Ao mesmo tempo, o indivíduo perc;eQe qlJ.e "l-, cO~$ciêf,lcia interna é um reino sep,ara,do'que nã()pocle.~ex,pen,e~r~d,o; é inviolável. Essa é a fonte do siml;wlismo do r~i, ,Q. r~C9- nhecimento de que a c'Qnsciência tra~ GOI).sigQ uom Sf;I}$O de soberania. E esse é osentjdQquet"l-n,tós,f; fl?::pap.diu, na, sociedade ocidental W?S \Íltjwo$ :quinh~I).tos 'a,nos: â. per cepção do ego d,e s\.!.a s9.b~raniq em ,rela,çã9 à natur€)z,ae ao mundo. '" . A consciência no inconsciente " Estamos falando da cOrisciência 'e seus muiÚplo~as: pectos, o que traz à tonaooutra: pergUnta, que seri~: "EXiste consciência noincclIisciénte?" E a resposta é:'''Sim''. ~ung: discute essa questão hô importantíssimo' texto' '''On the' Nature of thEi Psyché",12 onde mostra'que a corisdênt{à existente no inconsciente é difusa e parcial. Elà não pos' sui a clarezà de enfoquequekúonsciência dp ego po'ssui; ela é de uma natúreza 'diferente e talvéz seja 'descrità1 melhor como consciênCia latente. 'Isso,t~mbé'm' significá' queoinconscienteéumsujeito.t '''0 :~_·L,!I., ,) Parte do fenôm~no'da: consciência'diz r~speito à âis~) criminação entre sujeito e óbjeto, Estou ciente',cl.e quesoli; um ser consciente; sou o' suj~ito nessa: consCiência. Quan:', do olho para o mundo, vejo objetos e, nO'processo'de~e separar da identificação com esses objetos, ocorre uma se paração entre sujeito e objeto. Essa é a forma'como a tons-, 12 The Structure and Dynamics of the Pf?ychg: 'CW ciência se desenvolve, separando sujeito de objeto. Eu sou o sujeito, e todas as coisas com as quais eu tenho de lidar do lado de fora são os objetos da minha percepção . Agora, o mesmo aconteçe no mundo interno. O sujei to descobre. que Oiitconsd~:ritéposs'l;li conteúdos qu'e são objetos da>lpróP.ii'a s~bJetividadé. E'eu';possó percebê-los como objetos,'ê'fa'la~ 'delescqmo's~ndó apsiq'l;le objetiva., No entanto~\jéiã que posso·també~ êlizer que'a psique objetiva que eu percebo cóniô um' óbjeto' é~ 'ela própria, um sujeito, que me percebe como um objeto? E a resposta é: "Sim", Por definição, seáconsciêncja existe, ela tem de.. ,.." ter um sujeito, ela:"tem de ter uma base onde possa se apoiar. Esse é Qsentido -'da palavta;sujeito. À medidâ'que admitimosqu€j' o inconsciente possui uma consciência, admitimos que ele é um sujeito, que pode olhar para mim e se relacionar comigo como um objeto. Esse é o fenômeno expresso simbolicamente na noção do Olho de Deus. 13 •.- . ' Vejam, 'uma das características da expgriência do Si-mesmo é ser ooservado pelo Olho dê'Deus,' Uma expe riência muito inquietadora essa de ser observado com to tal objetividade por um sujeito interno que nos trata como um objeto. Ao serm'os tratados comoóbjeto, não somos mais soberanos. Enquantõsônios'o sujeito, somos o sobe rano, o soberano que examina o seu próprio reino. Mas quando so'moso,objeto; o 'sujeito que está olhando para nÓs.é'o,·soberano examinando o rein'o dele, e esse fato nos leva eíndireção a todo o simbolismo'assóciado ao arqué tipo:dd Julgamento Final. .", ,; .-,j. "I' , ;.~ " ~ 1 <, ..) , ~ 'I' 13 yer ,Eding~r,(('{!e çreatiof!.,;r;.Consciousness: Jung's Myth for Modem Man., é5p. pp, 4255,; também Eding~r, The Mystcrium Lectures, pp, 218f. (Nota do Editor) ~ ,I ~., , ' _________ 9.L-._ 20 A estrutura da psique Persona , I._.) Todo modelo da psiquedeve começar pelo ego. O ego é a base da consciência e o centro subjetivo' do senso de identidad~ do indivíduo: Desse modo, tudo o' que 'existe na consciência deve estar rélacionado' a uJ!l ego,. a úm' sujeito. é o ponto de partida.·,- .... - ., J.. , ... " SOMBRA ANIMAIANIMUS ,\'; : l~Jj "{J' .. ; .~ \ " Então, segundo o p1odelo de,Jung,. ao se olhar do:ego' para o mundo externo, existe uma função, uma entidade,1 que ele chama de persona, palavra latina q1,lesignifica a: máscara do ator, e que é parte da palavra personaHdadeJ Essa função psicológica permite que o indivíduo funcione como um hipócrita. Uso essa palavra especificamente porque hipócrita é a palavra grega para ator, e :~(isso que somos quando funcionamos através dapersona ..Claro que ela também representa uma. funçãdde adaptação, ';lma marca da nossa ligação ao ambien'te, para que possamos, nos adaptar à expectativa dos outros. Mas o resultado é que todas as profissões tendem a desenvolver sua pró priapersona. Temos, assim, ap~rsona médica, apersona eclesiástica, e assim por diante. E claro que a análise tam bém possuipersonas, apersonaanalítica, o fato de se tor nar uma tela de projeção em branco, embora essa não seja aprovada pelos analistas junguianos. Desse modo, apersona.é ·a:entidade psíquica que opera entre'o ego e o mundo externo.Agora, quando olha mos na outra. direção, para .dentro, o que encontramos primeiro é a·sombra: Essa é aparte inferior da 'persona lidade, onde. se· encontram todos ,aqueles aspectos que o indivíduo"considera indesejáveis; escuros,' até mesmo demoníacos, emJ si mesmo. Em geral, não os ,reconhece mos por serem muito desmoralizante13. Essa é a primeira coisa com à qual'o indivíduose'defronta aO'se s'lJ,bmeter a uma análise profunda. Abaixo dela encontra-se o que cha mamos ,de.anima.e.de alJ,imus ,a,anima .representandoa imagem feminina no homem, e oanimus, a imagem mas culina na mulher. A projeção de animus ou: de anima é, muitas vezes, responsá,velpela experiência do apaixo namento ou~:de modó inverso, pot. uma imensa aversão. Por trás dessas imagens estão a Grande Mãe e o Pai Ce leste. ,E.·bemno centro.da;psique, se alguém conseguir chegar tão.· longe assim; está o Si-mesmo, a imagem in ternasle Deus. • :_ .~'. ,ti' Sombra' - , I, .. ':. Comecemos'com um.exame sobre como a sombra é criada~.- Pois ess.eé. () pano d.e fundo da sua própria integra.çãQ. Dura,nte a inf~ncia é a adolescência, à medi da que o egose desenvolve;.é'de vital.importância que ele estabeleça um senso :de .autonomia perante as outras pes~oas e:.o -mundo externo. É por esse motivo que, du 22 23 http:de.anima.e.de rante alguns períodos da infância,' as .cr:ianças. dizem tanto "não". '::~,. Vejam, temos de ser capazes de,dizer '~não" 'Para po der estabelecer nossa distância perante os outros.: O ego não consegue se formar com uma concordância perpétua. Ele não se estabelece dessa forma.'Assim, àxnedida que o ego se desenvolve, ele diz;, "Não~:eu não gostQdissÇ>,.gosto é daquilo"; ele diz: "Não,.eu não so.uassim,.s.ou.assado; eu sou bom, não sou mau'~. E aoJazer' todas, essas,discrimi nações, ele cria a sombra, .0 .recipiente ,p'ar:a o.quenãoé. É de vital importância que um .ego jovem. se .sinta mais bom do que mau. Se.ele:c.ai na certeza delsermais mau do que bom, torna;'seum caso perdido. rEntãó, ele co meça a viver a partir.dessa idéia, e., aí temos ,a crimina lidade e todos.os tipos deéomportamento anti-socü,!1.Por isso, o ego deve. seícoÍlv,enc,er. de .qUe_é/mai,s .bom do; que mau. Mas e o que .acontece aJodas:aqú'elas cái::acterísti cas assim cha,madas.negativas, quede nega possuir? Elas vão para a sombra,.para. o inconsciente., ,.~ ',,;!. Acima e além da: soinbta pessoal, ·há ,tambémo. aF quétipo da sombra. Na .culturajudaico:,cristã"ele é.nor malmente personificado pelo, :diabo. : Quando a tsombra pessoal está inconsciente·; elase.funde ,com, a. sombra arquetípica; e.aí não há m~is:uma.discrimináção·claFa entre o pessoal e o arqúétípico, e;o ,individuo encontr:a-se aberto à possibilidade de realmente su:cumbir- à:posses são pelo arquétipo do mal. Mas, em algum momento, mais ou menos n~ meta9.!'l da vida do indivíduo, se ele estiver destinado ao desenvol vimento, esse processo de relação_com a sombra;.deve ser revertido. Ele deve começar~a recupera!' todos aqueles.as pectos negativos e inferiores que ele,rejeitóú nO.processo prévio de formação do ego. Mas esse~é·ur:ú negóçio.artisca do. É arriscado porque se o indivíduo for inunda,do de ma neira muito abrupta pelas qualidadesi.da-:sombra,. pod~ chegar à conclusão: "Na verdade, não sou a pessoa boa que eu pensava ser, eu realmente tenho todas essas qualida des desprezíveis". E isso pode ser muito desmoralizante. Como o indivíduo' se protege, para não cair nessa sombra arquetípica? Eu: só conheço uma maneira segu ra, que é ficar ciente da: existência'da sombra arquetípica como algo distinto da sombra pessoal. Em outras pala vras, uma compreensão intelectual desses diferentes com ponentes da psique já' pode ser uma grande ajuda. Pois aí, se tudo correr bem, virá à meI1te a' idéia: "Ah sim, li a respeito diSso no Jung;compreendo o que é e estou ciente de que não dev6me identificar com isso\'. Anima e aiúmus . ) . ~ " '" ~ .' .' O arquetipo' é u'ma'rorça. Elé temu;na auto~of7.1-ia e pode, apoderar-se de você de repente. É como um ataque repenti·' no. Apaíxohar-se aprimeira vista 'é alguma coisa pareci da com isso. Veja, você posslúcerta imagem de mulher, da n;ufher, dentro d? voçç'flteslXw, sem o !)aber. Aí; você vê essa" moça, ,ou, pelo menos,. uma boa imitação "dela,. e . na mesm,a ~Ora.voc~ sofre um ataque ..e l{ocê está perdido. E mais tarde você pode chegar à conclusão de ql.le fora um enorme engano: Um' homem 'é'capâz, ele é inteligente o' bastante, de perceoér que d mulher que ele "escolheu", como se diz, não foi u.n;a escolha dele, eleloi'capturqdof,Ele sabe q!le ela não é.legal, que ela é Um grande problema, e ele me conta tudo isso. Ele diz; "Pelo amor de Deus, doutor, aju , ' , . r ' ! '. ' )' , ! .' l t ~'I' ' de-me a me livrar dessa mulher!" Contudo, ele não conse gue sair, ele é como argila naimãos"clelcL Esse é óarqueti po, o arquétipo da anima... Coni' as 'mulheres acontece o mesmo: ,Quando .um homem canta muito alto, a moça acha que ele deve- ter um caráter espiritual maravilhoso, pois ?le c·on,segue atingir 9 dó agudo, e ela fica extremamente desapontada quando casa com esse homem em particular. Bom, esse é o arquétipo do animus. 14 14 Jung,. ~'The Houston Films"; em Maguire and Hull, eds" C. G. Jung Spea· king, p, 294. 24 25 http:aqueles.as http:todos.os http:Se.ele:c.ai Jung diz que a assimilação da sombra é. a.tarefa ou opus menor, e que a assimilação da anima é o' opus, maior.15 Não é muito difícil obter algq.ma consciência so bre a própria sombra; está dentro do alcance da maioria das pessoas, ao lhes fornecer alguma in~trução e assis tência. Parece ser muito mais difíçil, todav~a,' tornar. a: anima ou o animus conscientes. :' Não são poucas as pessoas desavisadas, que I1ãj) re~' conhecem nem a exist~ncia empíricaq,à anima ou do animus. Elas pensam que são apenas conéeitos, idéias; dispensáveis em suas vidas. Mas eles não são apenas con ceitos, são organismos psíquicos vivos que êons~guimos; reconhecer e dos quais tornamo-nos cientes somente quan do passamos por uma experiência que nos, torna cientes'. Contudo, é necessária uma boa dose de insight para chegar a essa consciênCia. " ' " . . .. \, Falarei primeir;:)' da animâ 'no homem.' , A anima éilma enÜdaderiéa; conÍplexae ambígua, que contém muitos 'aspecto's diferentes; Ela'penetra'bem fundo no inconsciente coletivo 'e possui u.m aspecto "forte mente arquetípiéo. A anima també,n1 incorpónl todas as experiências importantes que o homem tem :de:uma. mu lher. Tudo isso é construído na imageIll daa",im4" de maneira que ela se' torna uma entidade fataL Fatalidade é uma das palavras~chave quepoclêm ser ápli'cadas à anima do homem. Quárl.do aàrl.Íma é\ ativada, pode-se saber que alguma coisa ,fatal ,está . para, aéimteêer, seja ,.. ". • .; ~ , ~' " • • ,. • " "', , J' • para o bem ou para o maL" Assim como acontece'com todos os arquétipos, aqni ma é uma união paradoxal de opostos: Ela é, i:io mêsmo tempo, uma prostituta e a Virge~ 'M,aria. Ela tem pode- I .. • ...: 15 "Se o encontro com a sombra é a 'primeira obra' no desenvolvimento individual, o encontro com a anima é a 'obra·prima' ". (The Archetypes and the Collectiue Unconscious, cw 9i, par, 61). (Nota do Editor) . ' res, poderes divinos; de sedução e encantamento, orien tação e elevação espirituais. Ela pode tanto tentar um homem até. a sua destruição total, quanto levá-lo à sua maior realização. Essa é a amplitude de suas capacida des e não preciso nem dizer que um ego racional sozinho não consegue:,dar.conta-,de:·uma entidade de tamanha grandeza. Mas elaé isso mesmo.· r.: .. " Deixem-me repetir: -isso não é um conceito, mas uma realidade empírica Niva, que ,pode ser!demonstrada se vocês se derem J ao· tràbalho de olhar: pelo telescópio da psicologia profunda:. ,(Estou'pensando no' telescópio de Galileu, pelo qual as ,pessoas! se recusavam a.olhar por não querersaber.que Júpiter tinha várias:luas.) A gran~ de manifestação inicial~dadnúna!é; quase sempre, por meio de uma projeção.'Um homem :C:onhece uma mulhep que lhe .salta aos olhos ,e se apaixona: 'Esse· fenômeno· é uma projeção de anima.tTentem lhe.dizer, isso nesse mo mento e vocês· não chegarão muito.longe~ Mas a' projeção pode ser demonstrada.,'Eu i não l falo ~isso \paradepreciap essa experiência, de forma algum á; chamá-la de projeção significâ~que sua.força vem dedentro,-'não deforà, mas issôde maneirafalguma'diminui a sua! importância. " Às vezes, a projeção pôde . acontecer de Uma vez só, como·noambrà primeiravista,mas\ela:pode cair de uma vez SÓ" também. A pessoa, precisa apenas enxergar uma pontinha da falibilidade, ou dos defeitos pessoais da mu lher real; umà única' vez,.e issó pode ser. o· suficiente pára que toda a projeção colapse, desaparecendo no vento. Em tal casoi issô:significa queorelemento fatal da projeção não foi ativado:, Quando o elemento· fatal da 'anima é ativado, quando ele encontrá 'Uma mulher em particular lia qual ha bitar,então'essamulher torna-se o destino do homem, para o bemoupará.·o mal;.e pormáis que ele se debata, ela o tem em suas mãos. Um 'exemplo clássico disso está em Carmen, a ópera, mas os exemplos, claro, estão em toda parte. 26 27 http:Qu�rl.do Um outro modo pelo qual a ahima,pQde se ma:r:ifes tar é por meio da possessão dO.,ego,.e!D VflZ de;exer,cer um encantamento sobre ele, por. meio de,uma projeção.exter na. Se o ego cair em umestapo de .identificação. com, a anima, então o homemJoma-se meio,eferrünado,chorosb e ressentido. Isson?o .é . incomum. Qua1)do. a',anima manifesta como possessão, de ~mas,qualidades inega: tivas prevalecem;;Ilão :h;tum .l:1Qlido, operante, para se relacionar com elad.) que acontece entffio: é qJ,.I.e· O~ego cai em um compo:r.tarngntõre~esstvo,.infantil,~deun),jei; to ou de outro; o~,<}spectQmJiterno dª afúmq:.é :;ltj.:v:.adq internamente e o.ego .ficá. esperando ,de :tpdo:s :lllp.a· :rela~ ção de I)1aterÍlag~P1. Emyer§ões meIlOsexJrernas;:JerrlQS o que chamamos"de)huniox8s;~de_llnima, ,q\le,,~mgeral aparecem quando há JJ.ffi. conflito 1)a r~lação. A ']ilulhex cai em um humor de animus, o qual menci.onáre.i datJ.lli a pouco, e,o homem é.pre~flde um.humor d~ ani"!;ÇL. Phti. mor de animu$ çaZ:ªêteri.za~se .por~}1IÍl opiIlar,agressiy,Q, e o humor de anima por'-\lm.a.q\lêix:aSesse,Q-tida.:) c.;<;l.' Agora, vamos faJar do·aaimu,s.i· .'i' ) '- . do qUe lel! disiSe .sobre a à,nü:natflmbém:se aplica ao animu~ dê. UnlçH l1lIlIwr. Vejam, awOa.s.as imaÍ gens têm sua raiz,·no.s~-m~smo :e, ,de.ssa. maneira, pos suem a imagem de PellS em selJ. n\íçleo, QU .urna face da' Imagem de Deus. Coloqve.mrnas jUfltas"çoloquem-nas em uma sizígia, em \ln} par inqi$s,o.lúy,el; e eptão .voc~~ terão a combinação, a.,cor-iunCtiQ"as .d:uasda Imã7 gem de Deus. ..'L. ) ~:' ,1.\' ,j 'f",J Assim cOmo a animq, o ,C!lJiPJ.l!,S ~fh~m~do a p,artir .d~ uma combinação de fatores Jlrquetípií;o.s ,8, pe$soais, E; com certa freqüência, assim como a roãe,pessoaUemum"!. contribuição a dar à anima do homerfuJambé.m'o pai dá uma contribuição enorme para a imagem realdo.a,nimus da mulher. Os mesmos fatores fatais aplicam-se, ames, ma ambigüidade, a mesma união de op.ostos.. _: O animus é, por um lado, o melhor guia espiritual existente, ou salvador, e por outro, um estuprador lento. Os dois lados estão 'i::óntidos na' mesma imagem. Não é pouca coisa uma mulher 'conseguir integrar essas duas imagens, reconhecê:''las éoin:b uma unidade. Um dos maiores empreenditnéntos psiéólógicos que Há é alcan çar tal grau de integraç'ãó, _ser 'capaz de' enxergar para além dos opostos, réconhécet que etes'são dois lados do mesmo fenômeno; 'E eles são mesmo: . r, De modo geral; o aniniustem máis a verébma men te e a anima corn:ocoração, de modo que ocohhe'êÍménto' dessas figuras:é da forma como elas' funcionam riapsiqliEi' é extremamente útil para se compreendér;o que acontece' nas relações íntimas. Vejam; em todo relacidnamento entre" os' ddis sexos há, na verdade,quàt:i:'o jogadores: ó ego do homem e ó dá.· mulher, .aaninü:i:'do homem e 'o ánimusda mulher. Issó) pode ser ilústtado da seguiiite inaneira: 16 . ,";;~ ,. :,..... r ,~ 'i ,T 'li. { , , t. ( ego da mulher do "t, . , í ,'" ~ , " ! -fl,. ~\ " " ' , ~I' ). 4 I , ; ~" ... '.,\ . . , ') . "1''' I: " rr! ,(. I ~, I ' 16 Diaira~f!adaptad,o dp 1isçp~q 9~'.Jung em "The Psychology of the dor.,,..,,,,,", The Practiée afPsychotherapy, CW 16, par. 422. (Nota do Editor) 28 i 29 http:awOa.s.as Quando um homem e uIl).a mulher se gostam e co meçam um relacionamento, primeiro haverá. entre ele~ uma relação no nível consciente. O homem, consciente mente, gosta do que a mulher: é,.e vice"vers<;, e ele~ come~ çam a se relacionar nesse nível; esse é o primeiro e mais óbvio nível. Mas aí, os outros jogadores entrqm na jog~ da; se houver algum tipo çle profupdidadena relaçao de-o les, a anima do homem s~rá projetad,a, a tada à mulher, e o animus dela será projetado no homem. Aí então temos um intercâmbio mais complexo, pois:ohomem .. passa a enxergar não apenas a mulher da qual ele tem consciên cia, mas também a sua projeçã.o de anima; e a mulher vê não apenas o homem do qual ela tem consciência; mas também sua projeção de animus. . E ainda fica mais complicado,'pois o animusda mu lher vê a anima do ,homem 'e começa a re,agi,~a e~a; e-fi anima dohomem ..vê,o an.imus da mulher e reage a,f~l~: Então, como vocês, podem ver,. esse intercâmbio pode fij car bastante complexo. Quandoduas pessoas entram em disputas ou desentendimentos, uma consciência dessa fenomenologia estr-utural é uma ajuda para se resolver os problemas. . . o Si-mesmo 7 '\ ." O Si-mesmo é algo -realmente·imenso. É com ele ,que você se encontra ao descer:ao fundo do inconsciente co letivo. Uma das características dà-experiência;do Si-mes mo é que ela nosJeva a uma consciência .de que existem dois centros na psique. Essa.foi uma desçobérta,gran diosa do século vinte, feita por Jung, a existência 'de dois centros na psique individual, em vez de um. O ego é um centro, e o Si-mesmo, o outro. E quando a experiência do Si-mesmo irrompe no indivíduo, na mesma hora terp-se a noção de que: "Não estou sozinho, em' minha ,própria casa, existe um outro que viveu aqui durante todo o tempo, e eu nunca o conheci", Essa é uma experiência grandiosa. O protótipo disso é, naturalmente, a experiência do outro externo; todos nós vivemos essa experiência bem cedo em nossas vidas e aprendemos a nos ajustar a ela. A criancinha perCebe que não é o centro do universo, que existem outros centros que exigem a' mesma considera ção que ela. Isso então leva ao fenômeno da socialização do ego, à percepção do outro externo. A experiência do Si mesmo é a versão interna dessa experiência e, em alguns casos, o impacto é tão grande 'que estilhaça o ego. Pode gerar uma psicose, esse tipo de experiência. Mas quando o ego está desenvolvidó o bastant~, de modo a ser capaz de viver essa êxpetiênciá, torna-se possível assimilá-la. Agora, o que acontece com certa freqüência é quê, se há algum sistema' 'religioso ou mitológico à disposição do . indivíduo, a experiência sêrá assimilada den.tro dessa' formulação religiosa em.particular, e sêrá descrita como' uma experiência de Deus,dentro'dos preceitos dessa re ligião. Mas o que temos em mãos agora, pela primeira vez, é a oportunidÇ\.de de .criar uma ciência empírica que, diz respeito a 'esse 'nível de realidade: psíquica. Sempre tivemos inúmeros credos de diversas formas; mas nUI).ca' tivemos uma ciêncía empíriça desse fenômeno, e foi'isso que Jung disponibilizou para nós. I{ I . , ~ ~ ,', '\ ~ í I' Individuação ;. ." j \ " f ,0 '\t I' I'i' ), . l Individuação é um termo muito usado por J ung para descrever todo, o processo psicológico no qual o ego torna se progressivamente consciente de sua'própria natureza, de seu background, e da base à qual ele está ligado. Uma outra forma de explicar a individuação é dizer que ela é o processo pelo qual o ego toma consciência do Si-mesmo e 30 1 http:oportunid�\.de se relaciona com este; ou que é o processo pelo qual o ego experimenta'uma diferenciação de suas iden tidades coletivas. . , , \_' '; O conceito de individuação abrange uma área enor me. A palavra possui'a mesma raiz de indivíduo, o que sig nifica que é muito. fácil confundir individualismo com indi viduação. Gosto muito, do Emerson, e ele é bem relevante para toda essa questão, pois ele foi o grande expoente ame ricano da dignidade e da amplitude do individual Ele é tas vezes mal compreendido porque as pesSOas aéham que ele prega um tipo de individualismo egoísta, o que não é ver dade. Em seus ensaios está claro que ele tinha a consciên cia intuitiva,do que Jung chama'de Si-mesmo. Vocês podem encontrá-la no artigo ~'The Over-Soul",F por exemplo. O século dezenove ainda não possuía a consciência conceitual dos dois diferentes centros da psique,'de modo que o comportamElntQ egocentr::ido e o, comportamento centrado no Si-mesmo-não podiam ser: diferenciados. Isso leva a uma confusão e à má c,OmpreensãQ de pensadores como Emer:son. Contudo, individuação não é i:pdividua lismo. O individualismo é o engrandecimento do Elgo, en quanto que a ipdividuaçãQ s~ refere ao processo por meio do qual o sujeito descobre a rea,lidade do Si~mesrno, o se gundocentro da psique,e Elntão reJacionao ~eu modo de; vida a essa liga:ção. " ;. " ;~l' ,:j, O paradigma clássico do mito cristão para esse tipo de experiência é a conversão dEl Paulo no caminho de Da 8 masco.1 Ele teve um encontro com o Si-mesmo,rsimboli_ zado pela imagem de Cristo, e esse encontr~'t~~n'sfo~mou sua vida. A partir daquele momento: ele não eta,rliais um homemegocentrado, m'as úmhomem centradQ.no,Si-mes_ mo. Ele chamou o Si-mesmo'de Cristo; pois essa foi 'a ima l7 Emerson $ artigo ix. 18 Atos 9, gem por meio da qual ele assimilou a expe:-iência. E, de pois disso, em suas cartas, ele descreve a SI mesmo como o "escravo de Cristo" (a tradução inglesa suaviza a ex pressão e o chama de "se1!Vo",mas ,no original encontra mos d'u'ls, que significa escravo). Esse é o efeito de um encontro decisivo com o Si-mesmo: Ele' gera um contato com uma autoridade que carrega um tipo divino'de qua lidade, de maneira que o sujeito sente-se obrigado a sere vi-la. O resultado é que o ego fica' relativizado. Essa'é a maior conseqüência da individuação" o que ,é muito:dife~ rente de individualismo, ;. -. ,'.'" . Anteriormente, falei ,dó ego como se fosse um-peixe em uma lagoa, que nãdtem consciência do meio rtoqual ele vive. Da mesma forma, o ego primitivo e imaturo existe basicamente em identificação com seus arredores., Ele possui apenas uma.consciência,frágil de sua :existência individual. A maior parte das energias e dos efeitos da psique são experimentados como algo externo. Isso está expresso naquilo que chamamos de fase animista da reli gião, quando espíritos animados são percebidos como en tidades existentes em nossos arredores: "Algumas á1!Vo: res ou animais possuem espíritos animados, e uma pessoa primitiva, ao ter de tomar uma decisão, diria: "tenho de consultar o meu espírito da árvore"; ou "tenho de consul tar a minha cobra que vive em um buraco ao lado da mi nha cabana". Esses são exemplos do que chamamos animismo, e eles ilustramo'fato de que.a psique primiti va encontra-se exteriorizada:..- o individual estáespalha do por toda a pàrte:,' ,_. \1 , Algo semelhante 'acohtéce"ao hbmem,modetno nos primeiros estágios de desenvolvimento egóico. Todos nós começamos identificados com o ambiente e com as pes soas que se encontrarn nele. É isso que torna -a opinião dos outros tão extraordiríariamente.ünportante para os jovens - a psique deles encontra-se nos outros., ; , . 32 33 Agora, o processo de indi~iduaçãq, cómo Jung o con cebe, é um processo atr,avés,do ql!-aJ o indivíduo coleta, progressivamente, esses pe,daços de simesnw e "devolve os" ao recipiente ao quaIeles pertencem. BoIll,"devolver? não é bem a palavra çerta, pois, p,ata cOmeçar, eLe$ nuncá estiveram lá. De qualquer modo; ~(transfere-os" de ,S1.la lo cação externa pÇlr~ a unida,qe conteI1tora, qa psiql,le indi vidual. E ao fazer isso, o indivíduo descobre coisas notá veis. Ele descobre que ~ dife,rente de seu grupo, de $e11S amigos, de ~elJ cônjuge. Veja, enquanto nos identifica,rIllos, torÍ:l, o.utras pe,S soas, ou com U!l1a outra pes,Soa, estfl1l10S admitindo, auto maticamente, sem nenh-q.ma reflexão, que certas qua,li; dades ,e,experiência$ básjca,s e$U~os.endo co..wPÇlrtilhad.as. Ent~o, é l!-mª_revelaç~o e tanto de_$cobrirquen,ão, Çlol.,i tra PI?Ssoa~ bem separaqa, com e~periência,s,e percep çÕ,es bemdiferente.s, Ull1 mundo totalmente dif~re.p.te, n,à verdade: ", I ,. '- ( '- I Essa,s descobertas. são' toda,~ ,partI?, dPPTocessQ.ge individuaçi~.9, nQqual o indivíduo discrirp.ina-:$e, ,ç~da ,!,ez mais, da participation mystiq~e iniGial-,esse ~ Um termo técnico empr~gad9 .Q:~ psicologia jUI!~ianaL qUe yem do sociólogo ~~'\{!:Bruh!,.19~pois descreve de maIJ.eir,a muito adequada o e~tad9 do ego pr:im~~iyo identificado cqmseu ambiente. Pess.oas,relatiya:n1ente maduxas nãoqeve,riam se gabar de est~r livres d~participCftion mystique, poi$, podem acreditar, não esta,mos livres dela,. Durante_tQda, a vida descobrimos pequenos. pedaços de pçxrtiç.,ipation mystique, em lugares onde supomos p.avE)r algm;n tip9 de identidade quando, n~verd.ade, estawos lidandocoPt pro fundas diferenças individua,is. , . 19 Claude Lévi-Bruhl (1837-1939) foi um filósofo francês.cujo estudo sobre a pSiCOlOgia dos povos primitivos deu à antropolo~a: uma nova abordagem para a Compreensão de fatores irracionais no pensamento'social,'na religião e na mitologia primitivas, (Nota do Editor) . '.: .i L •.. Ao longo do processo de diferenciação da identidade e realidade individuais dos outros e do ambiente, o indi víduo também se diferencia dos fatores internos. Vejam, essa desidentificação procede à medida que o 'processo analítico revela os .fatores internos, como objetos. Uma vez que um fator interno é percebid(l como um objeto de escrutínio, ele é percebido em ~ua diferença e o ego não pode mais identificar-se.:com ele. Assim, o indiví duo pode tomar consciência da sombra, e se. relacionar com ela, sem cair numa identific'ação com ela, ou projetá la. Projeção e identificação são duas versõ~!S do mesmo fenômeno. Da mesma forma, quando oindivídúo torna se ciente do animus ou da anima, ele não cai máis nem em uma identificação com a imagem nem em uma proje ção. A mesma coisa acontece ,com o Sio-mesmo. Então, esses são os procedimentos, procedimentos de longo prazo. Aindividu.ação é uma tarefa para avida toda, e só pode ser alcançada q:uando uma quantidade signifi cativa de energia é aplicada,a ela. Ela não é um trabalho de meio período 'porque ela é,o próprio processo da vida; ela incorpora _tudo 'o que acontece em,nossa vida. ' ' ,~~ ) I ~ : Implicações' s~c,iais; , I À medida que: o ind.ivíduo progride no processo de, autoconhe:cimento, qu,al alimportância 'de' se apmU'''': der sobre cada, um desses items, dessas funções, que aju dam a compor'aestrut1:lrada psique'da forma,como,des~ crevi? . .' 11;:, ' ; . :' I C O ego é,o ponto,dê.p.artida'pÇlnltudo._Umdos objeti vos do processo de. vida,~ do processo natural de vida, bem como do processo de análise,é,o,desenvolviinento do ego~ Não há como passar porumà. análise de verdade, por uma confrontação efetiva cóm o'Ínconsciente"a não ser que se tenha um ego viggroso, responsá~el e ético. Antes disso """ a ...~TA r\('\ pnv~ 34 35 http:dPPTocessQ.ge http:dif~re.p.te http:co..wP�lrtilhad.as http:nenh-q.ma ," li não há como colocar em prática uma'análise 'profunda, 'I apenas uma psicoterapia de apoio 'que promova' o desen_ volvimento do ego. "'" ',')', " ,,', . ',,','. É de vital importância, em termos de umal estrutura ili social estável, que os/membros da soCiedade tenham egos bons, fortes e confiáveis/Isso' significa que eles precisam :11 ter uma percepção:autêntica.de sua própria identidade; I ,11 eles precisam ter adquirido uma estrutura de 'caráter que lhes possibilite funcionar de maneira responsávehm re lação às outras pessoas./Iüâoisso é produto do desenvol vimento do ego. Assim, para começar, o desenvolvirriento do ego é bom não só para 'o indivíduo; mas também para a sociedade. , ;, '" " II ',' f 1 i -,. '! J ,I " I~ ~ Consciênciáda pers~ría •. ,:';, ::1 q' . • • , /;. - \ ~ I. , ',I J I "f ~1 Agora,. qual é o'valor,'para oiindivíduo ou para'aso ciedade, de se ter uma ,consciência da persona? Aqui nova" mente, assim 'como em.todo o autoconhecirnento,tanto o indivíduo 'quanto a' sociedadel são' beneficiados., 'Vejam; é I / muito comum, em maior ou menorigrau;'que'aiguém'se I identifique com a própria persona. É tão conveniente. Já é 1I1 bem difícil ser competente na área profissional e, .uma vez I/ que se adquire essa competência, as s'atisfações d~ssa con /1 quista são tão' importantes que existe forte téndência de o /1 indiVíduo se identificar Com esse papel profissionaL,. ',í ; 11/ Assim, o sacerdote adquire uma persona apropriadáJ ao passar pelo seminário, e começa o seu ,primeiro traba"! lho como pastor assistente; o estudante de medicina ad~ quire a persona médica, o advogado adquire a sua; e as sim por diante. E, uma vez adquirida, aS'coisas funcionam tão bem ao colocá-la em operação que existe forte tendên" cia de se identificar com ela.iMas o problema é que; 'para a sociedade como um todo, quando alguém se 'encontrai com o seu médico, seu pastor, seu ,advogadoj'Qu COm'o que' 36/. uer que seja, não está encontrando com um ser humano ~teiro. Está encontrando-se com a máscara. Posso lhes dizer que isso é um grande problema na medicina. Os médicos são muito o~upados e ser uma pes soa real demanda muito tempo. E muito mais fácil fun cionar através da persona médica. A grande vantagem disso, embora temporária, é que não é ,necessário fazer muito esforço, você não precisa dar um retorno aos pa~ cientes a partir das realidades humanas mais profundas. Assim, você pode produzir muito mais em um dia;, pode visitar mais pacientes." L.eva muito mais te.mpoescutá los e dar um retorno mais humanoe isso lhe. deixa com pletamente atrasadono,s.eu,hQrário. ,~, " Tudo isso é compreensível. :Masseo auto-conheci-' mento está emjogo ese .0sjndiY~duos qu~r~m ;=ttingir uma personalidade completa e'simétrica, é importante que eles percebam a re;=tlid;=tde da:!Jer$ona e 9 fato de que ela não é idêntica ao ~gQ, Se eles, ,pqr aca.so,identifiçam-se com ela de vez em qUq,!ldo,, dev~mrentenderque estão diminuindo a si,mesmos. Uma vez que ess,as coisas fi cam claras, a id~ntificação inicial é quebrada e,mesmo que você escolha· funóoI).ar; ,a, partir ,da persQnaem, al guns momentos"você 'sabe.o, que está fazendo . .faz uma enorme diferenç~ o fato ,de se,fazer,algumaeoisa cons ciente ou inconscientem«;n.t~, pois a ~scolha está emjogo. I ~ ~r ! (t" 'I'),' ,:) #; I.! Consciência da.sdmbfà'f. I '1 fi . ~ ~ J (~ ;. ~ ; Indo para o proxtmo iteIIl,q. sombra, qual é a vanta gem social de se estar consciente dela? Posso lhes dizer que a vantagem 'é imensa, porque enquanto o sujeito está inconsciente da sombrk, ela'é projetada, normalmente em uma pessoa oU'grupo quefotnece'algum gancho, alguma qualidade' qUe, 'talvez apenas em um pequeno grau, corresponda/àrnatureza da própria sombra do sujeito. 37 http:fun�oI).ar http:percep��o:aut�ntica.de Quando isso acontece, o projetor passa pela .qeliciosa ex periência de localizar o mal. Ele está ai,em você. Agora eu sei o que devo atacar parai transformar' o mundo em um lugar melhor. Nas projéções de sombra menores, tal vez nenhum dano muito sério seja causado. Apenas um arranhão na mecânica comum das relações'humanas or dinárias. Mas quando ela,câmeça a'funCionar em-escala coletiva, é um desastre. _ '. :,' Eu nem-preciso: dar exemplos disso,' pois eles .podem ser vistos sempre que se,tem umá facção em oposiçao a outra, atribuindo. todàsas intenções' más; sombrias, se não diabólicas, ao inimigo"Vemos isso acontecerem to..: dos os lugares. É Umá conséqüência- da 'projeçãó da Sóm~' bra, e. é1realmente uma .vergonha;· hoje :em dia, um ser humátio iupostarrrente maduro ser pego'em pUras proje, ções da sombra. Mas,vergonha oil não,; acontece' o tempo todo e traz enormes danos à nossa estrutura s'ociaI.; Desse modo, à medida que um indivíduo, por meio de um Processo analíticoóu.qualqueroutra coisa, toma) consciência de sua sombra, é menos- provável que ele a projete. Ele passa a reconhecer que àqualidade, idéia, Ou'1 estilo de vida particular-que etão irritante na outra pes-' soa é, na verdade/timaexpressão de sua própria 'sombra,: que é responsável pela irntaçãd; ,Pod'eínos- tetcoisas de que gostamos ede·que não gostamos, mas quando certo' nivel de afeto entra em ação; essa é uma indicação infalí vel de uma prOjeção dá sombra. Aqlieles $Ue es,tã ;IWonSj CIentes de Sua própria sombra são uma enormeoameaça ao bem-estar da socü~dadeco1no'lúri todo. ~ .,: _ /, . ',; ..::.' ~ • .r - •• ~ _ ,,f _ ,_: .:h ~'. ~ ,:, Consciência do animus e da anima '.~,. 'J',p f-. .'• ~ - .• ,j •.J!.. ' Aqui chegamos a umq.camada ~aíspro:(u~dq.doih:; consciente, onde os aspectos sociais,não pogem,se;.,de.!j_ Crttos em termos tão simples, Elesestão,presente,s"mas são muito mais complexos. Certamente, podemos dizer que alguém que possua até mesmo uma consciência ru dimentar da realidade da anima ou do animus irá se re lacionar com o sexo .oposto de uma forma mais autêntica, mais consciente, mais profícua e mais realista. Afinal de contas, a relação entre os sexos é funda mental para todo o processo social. A família baseia-se nela, e a criação dos filhos, seu hem-estar e desenvolvi mento psicológicojnicial, em muito depende do nível de relacionamento consciente existente entre os pais. O tipo de relação compreensiv.a, ' que consegue suportar o inevi tável conflito dos opostos, beneficia-se de uma conscien tização do animus.e daanima.\ Com,essaconsciência, evita-se a projeção mais·pura.e a pessoa pode. se relacio nar com o parceiro a partir. de sua:realidade" em vez de relacionar-se a partir. das expectativas. ilusórias, que se tem quandot.se projeta:a' anima ouo.animus. no.parceiro. -'t't :- ~~....,.,. (. , : ),~ Consciência dó Sicmesmo (, .. ~ r ~ • , : , .' ,..... , ': J '~, ; Como eu já .disseantes, o Bi-mesmo é o centro e a totalidade da 'psique. ,Um de seus sinônimos é a Imagem de Deus interna. Ele é.a autoridade transpessoalda psi~ que. O egoé. a autoridade menor, o Si~mesmo, a maior, Quando o indivíduo estabeleceum.c.ontato c.Om o Si;:mes7 mo, o ego se relativiza; ele reconhece que sua vida deve ser governada por uma autoridade superior a ele mesmo. Agora, o que talreconhecjm€mto tem a~ter'éoma so ciedade? Muita coisa, na verdade. De certa forma; pode mos dizt7f q~e -à' sociedade é '0 e$pelho exteriorizàdo da psiqu-e' individuaL Todà sociedade: possui alg'úirl tipo de líder '..:,:U:Ín: reÇpr~sidente','6u primeiro~r:ni~istró.Às ve zes, é uma oligarquia de aristocratas. Contudo, para que uma soCiedadéseja cresa é' orgânica, ela sempre precisa ter umà aütoiidade~entrar,e essa autoridade social.cen~ 38 http:primeiro~r:ni~istr�.�s http:quandot.se traI, externa, é um espelho da autoridade interha-do Si mesmo. Ê por esse motivo que, quando se, sonha com um rei ou um presidente ou com uma capital,na maioriados casos esse sonho se refere 'ad Si-mesmo. ' , O que está emjogo aqui é'a relação do'indivíduo Com a autoridade. Se ele não possui 'umaconexão com o Si mesmo e, particUlarmente, quando.oego é fraco, quando existe um baixo nível de diferenciàção~Psico1ógica _ espe~ cialmente em tempos de distúroios sóciais'e.angústias-i há forte tendência do Si-mesmo, o 'princípio da' autorida de organizadora central da psique, ser'projetado. Em tempos de corifusão,' o aspecto compensatório da psique é ativado;~ a desordem constela a 'Ordem ~, em tais circunstâncias,. a ordem é, em:geraI,impo,sta com um'grau de disciplina e,autoritarismo:: ~ ':, ... O que pode acontecer em tais casos são projeções- co'" letivas maciças do Si-mesmo em um líder, um Führerpor exemplo. Isso aconteceu na Alemanha nazista, e temos aí uma lição da magnitude, quaseinimaginável, dos perigos da projeção, da projeção coletivá, do Si-~ésm~. Também podemos observá-Ia'em~todos os tipos de; cultos religiosos carismáticos e,. em menor escala, emtodos os lugares. QUàn: do perdemos a contenção exercida por nossos mitos religio~ sos convencionais;'esse perigo' cresce. Essa éa maior amea~ ça à humanidade,t muito maior: do 'que a boinba 'nuclear.'1 I' tl'" ' '.' _1~. "J'_ • J.\ ' : ~ .' ,,"";., ;~ .' ~,fi il , ,'- ... ' li : ',: : : f. I !;:- r ~,. \)' Transformação ~~Jíp~~eWAe Deus 'I! d ", " ,'I·' ; "'I" I " , 11 1;.,)'.'. i ,.,' " , " 0,1" " Jung coloca esse ~onceitó de f9rll1a muitõ sucinta .éní " , ' , ' ) '. ') , p, ,- ,.": •.' I, )" " Resposta a Jó', quando diz: "Q1f~rp:c~~heç~;fJJe~'H' age sobre Ele". 20Vejam, ess~:ç mp~ q~çl#raç~osiP1Bólica. ~:m I l, : f I : '. r" :' ~. 20 PSYChology and Religion, CW n, par. 617 ..yer tamb~m Eclinger, Tran.s, formatLon ofthe God-/mage: An Elucidation ofJungí; Answer to' Job, pp. 60s. (Nota do Editor) " " .:~" , , '1, termos psicológicos, o Si-mesmo precisa do ego, da cons ciência e da relação do:ego'para com ele" para que possa ser transformado. Assim; colocamos essa idéia em nossa linguagem psicológica' neutra.. ,. (:' O Si-mesmo,ou Imagem de Deus~ .em sua forma in consciente, como eu jádisseantes,.ê uma.união parado xal de opostos. 'Esse é o;solo, de nosso, ser psicológico, e o Deus cristão do·amor.é;apenas.uma metade dela. Ê por isso que Satã nunca desapar:eceu;ele leva uma existên cia isolada, mas ainda está por aí. Jung nos demonstrou que Cristo e Satã são os dois filhos, os dois filhos opostos, da mesma diyindadeJparadoxal.~,.l.E- quando' essas ima gens chegam 'ao alcanceda'experiência empírica,elas. requerem algum tipo de reconciliação. Elas geram um conflito interno. intoleráv:el até"que. atinjam alguma re conciliação, e isso! é'o que acontece quandoo',indivíduol encontra a Imagem: de 'Qeus primordial: em seusr opostos: paradoxais. Ele experimenta a'ativação· do conflito ine rente à natureza da divindade. No entanto, também está contido em toda essa' dinâmica p potencial para a união: dessesopostos,que,Jem p1uitos casos;· pode ser ·alcançad& no processo de1individuaçãó por meio ,da imaginação ati~ va. A conseqüência:disso<.é:que'aJpsique,não mais, se en-'; contra dividida.' ,) ~);" 'l,\I.'Í' ' • ' >',-, A psique cr,istã~estádividida,:eisso englobá. a todos) nós. O fato de você professar ou não o.cristianis~o é irrele'é vante; ele faz,partelda psique coletiva' compartilhada por todos nós\ ,de modo 'que .estamos:,todos divididos,. pois a, Imagem deBeusestá,di\iididaiNaNerdade; a divisão ocor reu antes mesmo do cristianismQ;ela ocorreu com Platão e os Estóicos; de forma que ela !possui uma raiz filosófica também:'Mas::essa diyisã9,·!~.ssa. duplicidad~ paradoxal 21 Ver íbid., pp. 11,81, 121s., e Edinger, The Aion. Lectures, pp. 565. (Nota do Editor) 40 da divindade, é o que sofre uma reconciliação':etransfor mação quando uma consciência humana individual com promete-se com essa questão profunda. em sua própria vida. Assim, essa pequena parte da psique coletiva car regada pelo indivíduo é transformada. Se um :número suficiente de indivíduos passa.por essa experiência e, desse modo, participa dessatnansformação da' Imagem de Deus, eles agem como um tipo'de, influência para a sociedade como um todo e, de maneira bastante' gradual, surge uma nova Imagem de Deus coletiva. Bom, esta questão aparece· muito no pensamento moderno: "O Cristianismo 'está cornos dias contados? Será que ele está Iseesgotando?" Jung, fala algo ml,lito inte ressante a esse respeito. Ele diz que omito cristão possui, nele próprio, como parte de sua estruturatemática, a morte de Deus\Vamos ver se eu consigo explicarisso,:pois acho que é uma questão de muita impoItância. Segundo o mito cristão; e eutrabalho'em cima~disso no meu livro The'ChristianArchetypel:Deus desce à ter ra ao encarnar..;:l si' próprio como, homem, por meio da intervenção do EspíritoSantó,.que engravida.a Virgem Maria. Deus vive/então, ,na forma'de ,homem; uma vida humana na terra. Ele sofre uma pai4 ão, morre; ressusci ta, e aí ascende aos céus. De modo que,' éI?;l sua forma encarnadá, Ó, mito descreve ~a divindade pàssando por uma morte. O que' acontece, então, depois' de.lsua morte,.'se" gundo o mito cristão, é que' .0. Espírito Santo .desce mais uma vez durante o Pentecostes~ E dessa vez, ,de ,acordo com o dogma, nasce a Igréja~ OPEmtecostes'.é consid.era~ do o nascimento da Igr!')ja;,Assim; o ciclo.da,.encarnação se repete: o Espírito Santo, a.dí:v.indade, de$ce ,e encarna, por uma segunda vez na Igreja; que se autodenomin~o corpo de Cristo. 22 Ver esp. pp. 128s. (Nota do Edito~) Então, segundo certos teólogos ,23 a Igreja como o cor po de Cristo é obrigada a viver a mesma seqüência fatal de Cristo. IssO significa que a Igreja também deve passar por uma paixãO e uma morte. Pois a Igreja projeta esses eventos lá para o dia do juízo final, para o mais longe possível. Mas, do ponto de vista psicológico, devemos con siderar que isso está acontecendo neste momento. Com a Igreja comO o corpo de Cristo, a encarnação coletiva de Cristo, por assim dizer - Cristo foi a primeira encarnação, individual, a Igreja foi a segunda, coletiva, que também precisa passar pela paiião.e pela morte, e pela ressurrei ção _, segundo o meu ponto de vista, aressurreição inicia rá um terceiro ciclo, no qual o Espírito Santo se encarnará noS próprios indivídttos. . Esse é o argumento de Jung. Como vocês podem ver, quando eu o esmiúço dessa forma, ele se'1ll0stra uma conti nuação e reinterpretação consistente e bem apropriada do mito cristão. Jung tinha, na verdade, uma grande.preo cupação de que o mito cristão não 'se perdesse para:o ho mem moderno. O que ele forneceu foi uma reinterpretação transformativa,do mito, com a noção da encarnação contí nua, a qual preserva. todo o rico simbolismo cristão, agora compreendido em um nível intiividual, psicológico. É assim que consigo entender o que significa uma nova época, e é por isso que Jung é, para mim, um homem que marcOU época. Estamos caminhando para graves distúrbios na es trutura social coletiva da 'sociedade ocidental. Jung esta va atento para isso, e chegou at~ mesmo a fazer a notável afirmação, em uma carta, de que ele escreveu "Resposta a Jó" porque não queria deixar"que as coisas se dirigisu sem para a'catástrofe'iminente}4Q que ele .revelo na ; ."' ~ J " 23 Por exemplo, o teólogo católico Hugo Rahner. Ver ibid., pp. 17, 128. (Nota do Editor) '.. I '.' , ':' • " . 24 Letters,'vol.·2, p. 239: . ' . ' - ------" 42 43 dO:lC com a consciência humana. É isso que a transfor quela carta, de maneira lÍluitofclara;(é~qlle "Resposta a alma. Esse é o processo que vejo agora em suas fases ini Jó" é um antídoto para o apocalipse. Se pudermos com ciais e que, acredito, continuará com uma intensidade preender "Resposta a Jó", estaremos em uma posição, do cada vez maior na coletividade. ponto de vista psicológico, de'sobreviver ao vi.olento ata Experiências da natureza do holocausto nazista são que do apocalipse, da transição de uma época para outra. eventos psicológicos, expressões da psique humana cole O que isso significa;.sem querer. resumir ó:livrotodo, tiva. Elas não são desastres naturais, não caem do céu; é que há um processo em andamento" no qual a Imagem são eventos psicológicos, fenômenos que ilustram a natu de Deus está passando por uma transformação, e que o reza da psique coletiva. É isso que noS aguarda ao atra processo dessa transformação.requ.er.que haja'uma çons vessarmos a transformação catastrófica da imagem divi ciência. humana dessa natureza divina, pÇira,que ,eJa pos na de uma era para outra. sa ser transformada.rEsse,é um bom·resu~.o dessa idéia. O mundo pende em uma linha estreita, e essa linha é aVou repetir. Aessência de "Resposta ,a Jó", que pode levar psique do homem. Hoje em dia, não somos ameaçados por o indivíduo a .sobreviver psicologicamente ao apocalipse, catástrofes dos elementos. Não há, na natureza, nada pa está na percepção de que o apocalipse.é·llm-processo na recido com a Bomba H - esse é um feito absolutamente transformação de Deus,no qual·, ·por meio da entrada na humano. Nós somos o maior perigo; a psique é o maior perigo. E se alguma coisa sair errado com a psique?26consciência humana, a natureza divina pode transformar se. Tudo 'isso está dito na Bíblia, no Livro de J,ã. El,l t,am bém discuto essa questão .no meuJivro sobre a série de gravuras de·Blake para o Livro de JÓ. f5, '.. ~- Vejam,'uma.parteda natureza divina (e lembrem-se de que esto.u falando de maneira psicológica, não meta física) é que a Imagem/de D,eus é uma união .,de, opostos. Não é.apenas Cristo"mas.também Satã, Não é·apenas Iahweh do.Livro.de Jó, mas ~q.mbém.Behemoth e Leviatã. E essa Imagemde,D.eus paradoxal, cOm su,a natureza dupla, passa por um processo .de transformação ao ser experimentada pela, consciência,humana-. Ser vista, pela consciência humana é o agente de sua trallsformação, um indivíduo de cada vez. Ela-não acontece coletivamente, em um comitê; mas emumindivíd:uo de,cadayez,naque~ les que experimentam a,ambigüidade divina e, ,no pro cesso dessa experiência, penetram nesse Si-mesmo para- . ) ~j' ,.:l : ' . 'I " .. 26 Jung, "The Houston Films", em Maguire and Hull, eds., C. G. Jung . ,.1 , 25 Ver Encounter with lhe Self: A J ungian Commentary on' Willi(,lm Blake's Speaking, pp. 303s. Illustrations of the Book of Job, esp. pp. 53ss. (Not~ do Egitor.). . " \ 45 44 L-·_.... -_..,- http:do.Livro.de 2 ~: ENCONTRO 'I! COM A PERSONALIDADE MAIOR I, ' I '11. :n j ~ ',tA', J,; ') i I I .. I! II :::,_4" ~1~, I,iI ~I Alguns anos atrás, falei 'sobre o Llvro de Jó,' c~m umailll 1 ênfase especial' nas gravuras'que Blake fez para esse li~ 1I í'1 vro.27 A minha fala hóje é' lim'éncadêamEmtb lógicüdessé I I ~ iI assunto,' ou' seja,' o' te~a do'Jénco'ritro do ego com o Si~ '. . ( '. I' . • ',' I ~J mesmo, o centro regulador da' psique, Essa é á c~rátteristica básica da psicologia junguiana~ L _ o ego e como ele se reláciona com a realidade do Si-mes I mo, A psicolbgia jtinguiana é a únicavertentê da psicolo": gia que parte 'da idéia de que'há dois centros' na psique: Algumas outràs linhas, outras abordagens analíticas, es!\~I.r tão cientes dê. que há duas entidades na psique; o incons • II1 ciente é uriia'ségOOda entidade: Mas nenhuma outra linha ;; parte dopiÍrlCípio de que há dois centros. Isso é exclusivo da ~ psicologiajunguiana. Ejá que existem dois centros, se essa Ir~ 1 idéia chega a toiç1ar-se' cOl!s~iente, es~es dois centros de 11 vem colidir, 'eles devem ter um e'ncontroum com.o outro, Isso acontece quando o ego, que é o pequeno centro, tem umII 1 encontro com o Si-mesmo, o grande centro. , Toda a análise psico~ógica não émáis do que um'pre ""I ,~ lúdio pa~a ess,a e,xperiência, o encontro com o Si-pesmo. :~ [,li Vejam como Jung ,çoloco,ll essa.idéiFl-:, , . 7 " .. " ,; . \ "pl A Anunciação à VIrgem, por Mathis Nithart .. , ;·rI II I~ (Isenheimer Altar, séc. XVI. Unterlindenmuseum. Kolmar) ~ 27 pubI.icado como Encounter with the Self A Junguian' Commentary on . (. William Blake's Illustrations ofthe Book of Job. (Nota do Editor) 47 ill A análise deveria liberar em nós uma experiência que nos fascina ou que se lança sobre nós como se viesse de cima uma experiência que tem substância e corpo, como o qU~ ocorria com os antigos. Se eu 'fósse simbolizá-la, escolhe. ria a Anunciação.?' , ~; :' Bom, uma coisa que pode acontecer é que essa expe riência, embora seja preparada pela análise, pode não acon tecer durante o período da análise propriamente dita. Ela pode acontecer muitos anos mais tarde. Nesse caso, o su jeito irá se sentir muito grato por possuir algum conheci mento consciente sobre a psicologia junguiana. O sujeito tem um mapa, por.assim dizer, que o ajuda a encontrar a conduta1apropriada no momento em que essa experiência lhe cai dos céus. Ele pode dizer com Jó: "Ouvi falar de ti pelo ouvido: mas ago'ra :viriun-te meus olhos" (Jó 42,5). É isso que acontece quando se t~m tal experiência. Ela também acontece sem o auxílio de nenhuma aná lise, e pode acontecer sem que se tenha uma preocupação particular com o inconsciente. É por isso que acho extre mamente importante falar sooré'o Si-mesmo em público. Nunca saberemos quando est~mós falando com alguém que já teve ou que está para t'elumà'~xperiência dessas, e essa pessoa pode lembrar-sé"do dh~ foi falàdo e isso pode ser de grande ajuda nas hOra·s.de aperto. Eu sei, por experiência, que essas coisas acontecem. Então vamos falar do Si-mesmo. Mas o que é o Si mesmo? A natureza do Si-mesmo Como eujá disse antes, o Si-mesmo é o segundo cen tro da psique, e o ego éd pnmeir6:J Para:se dizer'u:mLpou co mais, ele é o centro opjetivo, em oposição ao centro -', : .. : i . 28 Seminar 1925, p. 111. 'I t ). ~ :, ';, .:' ~ [i subjetivo. É o cen~ro tran~pessoal, que inclui ,tanto a cons . ên quanto o lllconsclente. . . ..' .. S CI ,f P .ciaIssO não é uma teona, mas um atO. recIsamo usar palavras para descreVer os fatos, mas posso garan,ir-lhes que estamOs falando de um fato, que p~de se"comprova do pela experiência de llluitas pessoas. No entanto, êece muito difícil descrever o Si-meSmO:, Qgue, I:!CoI;lt por ele ser uma entidade maior do. que:o egp, oJl.lWsiglüfjça que ele não pode ser compree.ndido,.nãO PQO,e$er:.abl?-rça-: do. em toda a sua extensão, pelo ego. por esse motivo, não pOdemos defini-lo. Para podérinos defini,' áli;Um"'Ópisa, ela tem de ser menor dQql1;e~ • ~ • Jó~go que'.·a. define. Isso - I... , é , _.' • ~ j contraditório e paradox;3.I,p.o.qV.e C;op.cer,I:t.e }i$ c~tegorias de compreensão do ego.:E,.assim comO, a pedra filosofaI dos alquimistas, ele possui muitos sinônimos; que expres sam as diferentes facetas d~ssa reaiídade complexa. Um dos sinônimoS ql,l~ rltmg propôs para o Si-mesmO é Perso nalidade Maior, e "e1>sa é a. entidade específica da qual vamos falar esta noite. Jung introduz esse tema em seu artigo "Concerning Rebirth", onqe elefàla da individuação comC! "um proces so demorado de transformação interna e do renascimento em um outro ser", e assim vai:" ;,)~' I: ')C1; s ;~?l'L~r~; 1: 'l, " ~ ~ . Este. ".Ol!..t:r:().>s,er'~ éo ouwü~Jjl ;nós"a,.personali~ade fU~1,1ra. mai!3 ~D,1pl,!}; .. ÍlIJ:..l a~tgo,}pt~r,n9 ~l}~I?1~' p'or ~~so é. ~lgo_ confortante ,"para noS ao encontrarmos o amigo e compa-í' . " ,. ., . ,., .• ....... " nheiro reproduzido num ritual sagràdo, c9mo; por ex'em RIo, naquela(relação de amiiadeéntre Mitra eo deus SoL~ É a,representE1'çãO de' uma amizade >masculina, ,imagem externa d~ \lW.fatoJ}:lt~rnQ: .tratacse da:çepresentaçãoda. relação com o ,ap;tigp ,inter.nq da,alma,np,qpfl\ a. própria natureza gostaria de noS transmutar: naquele óutro, que tambérh sdmo ;: e que nunca chegamos'~á.lcánçar plena:s mente. a;nomemé'b'par de Dióscuros;:eheque'uin é mor tal e o outro, imortal; 'sempre estão juntos e apesar dissO nunca.s transformam inteiramente num só. Os proces esos de transformação pretendem aproximar ambos, a cons 48 49 http:inter.nq http:hOra�s.de ciência, porém, resiste a isso,. pQrqge o outro lhe parece de início como algo estranho e inquietante" e não podemos acostumar-nos â idéia de não sermos senhores absolutos na própria casa. Sempre 'preferiríamos ser' "eu" e mais nada, Mas confrontamo_nos com o amigO'bu inúnigo inte rior, e de nós depende ele ser um'ououtro. 29 • :' t ' É aí que Jung introduz o tenno Personalidadé Maior, mas nesse mesmo artigo ele descreve o encontro do ego com a Personalidade'Maior nessas importantes palavras: Num pont'o'culmi~ante da vida em qU~' o hotão:se abre em flor e do menor surge o maior, "um torna-se dois"; e a figu ra maior que 'sempre fomos, mas perm"anecia invisível comparece diànté do homem que'fomos até então, com a força da revelação. Overdadeir:amente pequeno e sem esperança sempre reduz à sua pequenez a revelação do grand~. f:l jam4is ~ompreenderá que o Juízo Final também despontou para a sua pequenez. O ser humano intima mente grande sabe, porém, qúe o amigo da almâ; pelo qual há tanto ânsiava, o imortal, chegou enfim de fato para: levar "cativo seu cativeiro" (Ef 4,8), aquele'que sempre trouxe em si aprisionado a fim de capturá-lo permitindo que a ~!Ua 'vida dese~bocasse naquela vida maior.: um momento dê perigo'mórta1!30 . '. " ; ,. '. r .'. f, 'J Essa frase final nos atinge comb um raiá. Depois:de ouvir a bela descrição do encontro do ego com a Persona lidade Maior, ficamos sabendo apenà's no fim q'ue esse encontro é perigo só, de um perigo mortal. IS,sç faz,.refe rência ao efeito dano~o ,quEl o Si-m'esmo exerce sobre o ego no primeiro encontro. Na pior das hipóteses,o encon tro do ego COm o Si,mesmo póde'desencadear uma psico se. E mesmo na melhor, o piimeiro edecisivo'encontro do ego com o Si-mesmo traz consigo uma humilhação dolo rosa e um sentimento de derrota desmor.qlizan~e. Como . . _J:,t l." • ' .. 29 The Archetypes
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