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Direito Empresarial PROFESSOR LATIF ABI-SÁBER NETO Compreender a tipicidade societária representa absorver, de maneira generalista, concepções importantes acerca de todos os tipos societários previstos pelo Direito brasileiro. Não se pode deixar de notar, ademais, que existem fatores determinantes da tipicidade societária. São os elementos do tipo societário, vale dizer, as figuras jurídicas que não podem ser alteradas, nem por regras hermenêuticas, sob pena de ocorrer o desvirtuamento do tipo societário. São quatro os fatores determinantes da tipicidade societária: a) a personalidade jurídica; b) o ato constitutivo; c) a divisão do capital social e d) a responsabilidade dos sócios. Cada fator determinante representa uma importante classificação de sociedade, a ser estudado na sequência. Classificar significa dividir. Por critério de aproximação e dissociação, separa-se a massa de fenômenos para melhor compreender o todo. É um pressuposto para se entender diversas questões, a classificação de sociedades. - Quanto à personalidade jurídica: Inicialmente é primordial entender: a) existem sociedades que não são pessoas jurídicas; e b) existem pessoas jurídicas que não são sociedades. Desse modo, compreende-se, quanto à personalidade jurídica, a existência de duas espécies de sociedade: as sociedades despersonificadas e as sociedades personificadas. São sociedades despersonificadas: a) a sociedade em comum; e b) a sociedade em conta de participação. Portanto, apesar de ser um relevante aspecto de uma sociedade, a personalidade jurídica não passa de um elemento acidental, haja vista a existência de sociedades que não têm personalidade jurídica. A sociedade em comum se encontra regulamentada entre os arts. 986 e 990, do Código Civil. Trata-se do nome jurídico atribuído pelo Código Civil às antigamente denominadas sociedade de fato (com contrato verbal ou nulo) e sociedade irregular (com contrato escrito, mas ainda não registrado). Nesta sociedade, os bens e as dívidas constituem um patrimônio especial, do qual os sócios são titulares em comum – de onde resulta o nome do tipo societário – , respondendo solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem aquele que, investido na condição de administrador, contratar em nome da sociedade. Apesar da inexistência de personalidade jurídica é possível provar a existência de uma sociedade em comum. A sociedade em conta de participação se encontra regulamenta entre os arts. 991 e 996, do Código Civil. Trata-se de uma sociedade que não tem personalidade jurídica, não a adquirindo nem mesmo se os seus atos constitutivos forem levados a registro. Nesta sociedade, há duas espécies de sócios: o sócio ostensivo e o sócio participante. O sócio participante, como o próprio nome sugere, simplesmente participa dos resultados correspondentes, a partir da contribuição realizada, constituindo um patrimônio especial, junto da contribuição do sócio ostensivo. É também conhecido como sócio oculto, porque é o sócio que não aparece nas relações jurídicas, constituindo-se, contabilmente, em um credor do sócio ostensivo. O sócio participante tem perfil capitalista, não podendo tomar parte nas relações do sócio ostensivo com terceiros sob pena de responder solidariamente com este nas obrigações que intervier. Por sua vez, o sócio ostensivo é o único responsável pelo exercício da atividade constitutiva do objeto social e que, portanto, responderá exclusivamente perante terceiros. O sócio oculto ou participante tem responsabilidade exclusiva perante o sócio ostensivo, não respondendo, portanto, perante terceiros. A regra geral, no entanto, é a sociedade ter personalidade jurídica. São sociedades personificadas: a) a sociedade simples; b) a sociedade em nome coletivo; c) a sociedade em comandita simples; d) a sociedade limitada; e) a sociedade anônima; f) a sociedade em comandita por ações; e g) a sociedade cooperativa. Para as sociedades personificadas, a personalidade jurídica decorre do registro dos atos constitutivos no órgão competente. Nos termos do art. 1.150, do Código Civil, para as sociedades empresárias o órgão de registro é a Junta Comercial (o Registro Público de Empresas Mercantis), e para as sociedades simples, o órgão de registro é o Cartório de Pessoa Jurídica (o Registro Civil de Pessoas Jurídicas). Há, porém, duas exceções: a) a sociedade de advogados – sociedade simples, registrada perante o Conselho Seccional da OAB onde ela mantiver a sua sede; e b) a sociedade cooperativa – sociedade simples, registrada perante a Junta Comercial. Quanto ao Ato Constitutivo Quanto ao Ato Constitutivo Quanto ao ato constitutivo, fala-se em: sociedades contratuais e sociedades estatutárias. São sociedades contratuais aquelas que se constituem mediante um contrato social e sociedades estatutárias, as constituídas mediante o estatuto social. A regra geral, em razão do art. 981 do Código Civil, é a sociedade ser contratual. Há, porém, três espécies de sociedades estatutárias: a sociedade anônima, a sociedade em comandita por ações e a sociedade cooperativa O capital social de uma sociedade estará dividido em quotas ou em ações. A regra geral é a sociedade ter seu capital social dividido em quotas. Somente a sociedade anônima e a sociedade em comandita por ações terão o seu capital social dividido em ações. Torna-se relevante, assim, compreender as principais semelhanças e diferenças existentes entre as quotas e as ações. São três as semelhanças existentes entre as quotas e as ações. Em primeiro lugar, representam o modo de divisão do capital social – ou capital se divide integralmente em quotas ou em ações. Ademais, asseguram ao seu titular o status, a posição, a função de sócio – para se considerado sócio, em determinada sociedade, é necessário ser titular de, pelo menos, uma quota ou ação. Por final, têm como uma de suas características a unidade – as quotas ou ações não se misturam. Também são três as diferenças existentes entre as quotas e as ações. As aludidas diferenças se baseiam: a) na possibilidade de negociação no mercado de valores mobiliários (M.V.M.); b) na forma de cessão da participação societária; e c) na característica da indivisibilidade. Esquematicamente, tem-se o seguinte:
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