Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
TIAGO ROMMEL LEITE Prof. Orientador: LEANDRO MOREIRA MACIEL CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI – UNIASSELVI PÓS-GRADUAÇÃO DIREITO PENAL SEGURANÇA PÚBLICA versus CRIME ORGANIZADO PELOTAS 2018 TIAGO ROMMEL LEITE SEGURANÇA PÚBLICA versus CRIME ORGANIZADO Trabalho de Conclusão de Curso, como exigência parcial para a conclusão da pós-graduação em Direito Penal pela Faculdade Uniasselvi, sob orientação da Prof. Leandro Moreira Maciel. PELOTAS 2018 Dedico este trabalho a minha esposa Sandra Aparecida Carvalho de Oliveira, pela paciência e apoio durante mais essa jornada de estudos, pois ao me dedicar novamente aos estudos acadêmicos, se faz necessário a abdicação de horas de lazer e conforto ao lado da minha amada! Tiago Rommel Leite Agradecimento Agradeço а Deus primeiramente, pois nele deposito minha fé e busco a perseverança para concluir minha missão, caso contrário não teria chegado ate aqui. A minha esposa Sandra, aos meus filhos Kevin e Bruno, pela paciência e compreensão, pois nos últimos meses me abdiquei de momentos de lazer ao lado das pessoas que amo, em prol do crescimento profissional. Ao orientador e amigo Léo, que me motivou a seguir em frente e seguir nos estudos, buscando o crescimento profissional e pessoal. Tiago Rommel Leite 1 1 - ÍNDICE 2. RESUMO ...............................................................................................................02 3. INTRODUÇÃO ......................................................................................................03 4. LEI Nº 12.850, DE 2 DE AGOSTO DE 2013 ........................................................05 4.1. Evolução legislativa .................................................................................07 5. ATRIBUIÇÕES DO DELEGADO DE POLÍCIA NO INQUÉRITO POLICIAL .......13 5.1. Procedimento escrito ...............................................................................18 5.2. Sigiloso ....................................................................................................18 5.3. Oficialidade ..............................................................................................19 5.4. Oficiosidade .............................................................................................20 5.5. Autoritariedade ........................................................................................20 5.6. Indisponibilidade ......................................................................................21 5.7. Inquisitivo .................................................................................................21 5.8. Uma das fases do inquérito policial é o indiciamento ..............................22 5.9. Indiciamento do servidor público frente ao artigo 17 d ............................22 7. UMA INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA (ENVOLVIMENTO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO ..................................................................................................................27 7.1. Do devido processo legal ........................................................................27 7.2. Do contraditório e ampla defesa ..............................................................28 7.3. Medidas cautelares ..................................................................................30 8. CONCLUSÃO .......................................................................................................33 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................34 2 SEGURANÇA PÚBLICA versus CRIME ORGANIZADO Tiago Rommel Leite 2. RESUMO: Primeiramente, a presente pesquisa tem como objeto de análise a lei 12.850/13, lei da organização criminosa e a sua evolução histórica no Brasil, e a importância desta lei no âmbito da Segurança Pública Brasileira. Veremos também, os seus institutos norteadores, no âmbito federal, estadual e dos municípios. Logo após, será analisado o crescimento do crime organizado em nosso país, em suas várias formas de estruturação, que vai de pequenos grupos ou quadrilhas, ate organizações e facções estruturadas em vários estados brasileiros, muitas vezes com alcance e ligações também no exterior. E por fim, será realizado o comparativo e estudo da prática delituosa denominada criminalidade organizada e/ou delinquência organizada, como também é chamada no ambiente jurídico e criminal. Tal prática delituosa vem crescendo com o passar do tempo, e desafia os organismos policiais, e com isso, dificulta e muito a persecução processual. Foi utilizado para a realização desta pesquisa a legislação vigente, doutrina e pareceres jurídicos. PALAVRAS-CHAVE: Segurança pública. Crime organizado. 3 3. INTRODUÇÃO O presente artigo tem por objetivo uma analise sistemática sobre o tipo penal denominado criminalidade organizada, que entrou em vigor, após ser sancionada a lei 12.850/2013, que visa tornar mais eficiente à persecução penal na ocorrência deste crime, tal dispositivo revogou os textos anteriores. Crime, é todo comportamento desviante que quebre ou infrinja o código de leis escritas vigentes de uma nação, pode ser praticado individualmente, na forma de associação criminosa ou na forma de organização criminosa, sendo está o objeto do presente estudo, pois tais atividades criminosas requerem grande coordenação entre aqueles que participam de suas ações, sendo denominados “Criminalidade Organizada”. Na abordagem do estudo foi utilizada a pesquisa bibliográfica, através de doutrinas com enfoque teórico sobre o tema em questão, bem como, jurisprudências e parecer técnico-jurídico. A fim de sistematizar a abordagem, buscou-se estabelecer a pesquisa em capítulos. No primeiro capítulo, tratar-se-á da lei 12.850/2013, “lei do crime organizado”, e sua evolução legislativa, questão ainda controversa, visto tratar de tema complexo e de difícil solução. O segundo capítulo é destinado ao inquérito policial, aprofundando o estudo no que tange as atribuições do delegado de policia, conceito e suas características, bem como os meios de obtenção de provas. O terceiro capítulo é destinado ao devido processo legal, princípio este que é uma garantia constitucional, com previsão no artigo 5º LIV, da Constituição Federal, este princípio tem uma grande valia no sistema processual penal Brasileiro. Ao tempo em que o crime organizado cresce e se estrutura, a Segurança Pública vem perdendo cada vez mais a sua força e com isso torna-se ineficaz o combate ao crime organizado. 4 4. LEI Nº 12.850, DE 2 DE AGOSTO DE 2013 De forma notória e desenfreada, a criminalidade organizada vem se tornando uma atividade crescente em nosso país, e com isso, se faz necessário um olhar mais apurado e cauteloso sobre essa nova modalidade criminosa. Contudo, é importante estudarmos a definição literal de crime, “Crime é todo comportamento desviante que quebre ou infrinja o código de leis escritas vigentes de uma nação”. Pode ser cometido por um indivíduo, ou um determinado grupo de indivíduos, com ou sem preparação para a prática delituosa. Podemos observar nos dias atuais, a existência de organizações e grupos dedicados as maias variadas práticas criminosas, e que demonstram tamanha habilidade e maestria, confundindo- se com organizações legítimas. Tais grupos, dedicados de forma organizada, em união de esforços e divisão de tarefas, integram a categoria de “crime organizado”. Dentre os principais delitos, temos o tráfico de drogas e armas, jogo ilegal (jogo do bicho), mercado de contrabando, corrupção e roubos nas suas diversas modalidades, essas atividades criminosas requerem preparação e cooperação sistemáticadas pessoas envolvidas, para que assim cheguem ao seu intento ilícito. Também é imprescindível a busca por novas ferramentas e instrumentos capazes de acompanhar a evolução criminosa, já que, nosso ordenamento jurídico ainda atua na repressão, ao invés de prevenir. 4.1 Evolução legislativa O primeiro texto normativa a tratar o tema no Brasil foi a lei 9.034/1995, que sofreu alterações no ano de 2001, alteração feita através da lei 10.217/2001, que dispôs sobre a utilização de meios operacionais para a prevenção e repressão de ações praticadas por organizações criminosas, sem no entanto, defini-las e tipifica- las. Já no decorrer do ano de 2004, especificamente após a promulgação interna do decreto presidencial 5.015/2004, quando foi incorporado ao ordenamento jurídico a Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional, 5 conhecida também como Convenção de Palermo, assim, trouxe pioneiramente em artigo 2º alínea “a”, um primeiro conceito de grupo criminoso organizado1, no entanto, não trouxe consigo a tipificação. Então vejamos: Art. 2º Terminologia: Para efeitos da presente Convenção, entende-se por: a) "Grupo criminoso organizado" - grupo estruturado de três ou mais pessoas, existente há algum tempo e atuando concertadamente com o propósito de cometer uma ou mais infrações graves ou enunciadas na presente Convenção, com a intenção de obter, direta ou indiretamente, um benefício econômico ou outro benefício material; A partir do momento em que entrou em vigência a Convenção de Palermo no ordenamento pátrio, surgiram discussões acaloradas, em especial, no tocante a redação original do artigo 1º, inciso VII, da Lei 9.613/1998, Lavagem de dinheiro, que A legislação brasileira trouxe ao ordenamento jurídico a referida lei, com o intuito de inovar e atualizar a lei penal, visando a criação de mecanismos de controle, investigação e combate, no tocante ao crime organizado, conforme podemos verificar no § 1º do artigo 1º da lei 12.850 de 02 de Agosto de 2013, in verbis: Art. 1º Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado. § 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional2. A conceituação trazida pela referida lei, acabou com as lacunas anteriores, e assim, dirimindo dúvidas no tocante a tipificação de crime organizado. Já o artigo 2º da lei, traz a tipificação penal bem como a pena a ser aplicada para aqueles que fazem parte de organização criminoso. 1 BRASIL. Decreto Lei nº 5.015, de 12 de Março de 2004. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5015.htm> Acessado em: 01 set. 2017. 2 BRASIL. Lei nº 12.850, de 2 de Agosto de 2013. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12850.htm> Acessado em: 01 set . 2017. 6 Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às demais infrações penais praticadas3. Como pode-se observar da leitura do referido artigo, ... 3 ______. Lei nº 12.850, de 2 de Agosto de 2013. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12850.htm> Acessado em: 01 set . 2017. 7 5. INQUERITO POLICIAL Nesse capítulo, abordar-se-á o Inquérito Policial bem como sobre as atribuições do delegado de policia na condução do procedimento investigativo. De início cabe destacar trata-se de uma peça informativa, que irá subsidiar o Ministério Público, para que este possa formar a sua opinio delicti, e promover a ação penal. Trata-se de Procedimento administrativo, realizado pelas polícias judiciárias estaduais e federais, sem excluir-se, as autoridades administrativas, a quem a lei comete a mesma função. O Inquérito Policial está disciplinado pelo Código de Processo Penal Brasileiro4, como principal procedimento investigativo da polícia judiciária, (Policia Federal no âmbito nacional e Policias Civis no âmbito estadual) utilizado para apuração de determinados crimes, e visando sempre à busca da materialidade e indícios de autoria na ocorrência de determinado crime, para que a partir de então, possa o indiciado ser qualificado nos autos do Inquérito Policial, sendo que logo após, terá cadastro em seus antecedentes policiais tal indiciamento. Neste sentido nos explica Vicente Greco Filho: O inquérito policial é uma peça escrita, preparatória da ação penal, de natureza inquisitiva. Sua finalidade é a investigação a respeito da existência do fato criminoso e da autoria. Não é uma condição ou pré-requisito para o exercício da ação penal, tanto que pode ser substituído por outras peças de informação, desde que suficientes para sustentar a acusação. Quem o preside é a autoridade policial, da chamada polícia judiciária, estadual ou federal, que se distingue da polícia preventiva porque atua em face do fato criminoso já ocorrido. A atividade que se desenvolve no inquérito é administrativa, não se aplicando a ela os princípios da atividade jurisdicional, como o contraditório, a publicidade, as nulidades etc.5 Servirá para subsidiar a posterior ação penal, podendo ser classificado como instrumento pré-processual, que geralmente é produzido por uma equipe de agentes policiais, como Investigadores de Polícia, Peritos Criminais e Delegados de Polícia. Segundo as palavras de Tourinho Filho: Inquérito policial é um conjunto de diligências realizadas pela Policia Civil ou judiciária (como a denomina o CPP), visando a elucidar as infrações penais e sua autoria. A Polícia Civil exerce a atividade, de índole eminentemente 4 BRASIL. Código de Processo Penal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto- lei/del3689.htm> Acessado em: 30 maio. 2015a. 5 GRECO FILHO, Vicente. Manual de processo penal. 9. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva. 2012. p. 38. 8 administrativa, de investigar o fato típico e apurar a respectiva autoria. É o conceito que se infere do art. 4º do CPP. Contudo, o § 1º, IV, e o § 4º do art. 144 da CF distinguem as funções de apurar as infrações penais e as de Polícia Judiciária.6 O Inquérito Policial tem sua previsão legal no artigo 4°, e parágrafo único, do Código de Processo Penal que assim dispõe: Art. 4° A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e de sua autoria. Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida mesma função.7 Ao enfrentar-se o referido artigo, percebe-se que o legislador buscou evidenciar a competência para a composição do inquérito policial, destacando a importância o trabalho desenvolvido pela a autoridade policial, tendo em vista ser o inquérito policial, em regra, a primeira peça informativa do processo criminal. A Constituição Federal por sua vez, estabelece quais os órgãos responsáveis pela condução do inquérito policial, bem como suas respectivas competências e circunscrições, se não vejamos in verbis: Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercidapara a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:8 § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a: [...] IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União. [...] § 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares. Embora seja um procedimento administrativo, não sendo atravessado por alguns princípios constitucionais como a ampla defesa e o contraditório, a competência para a sua confecção restou delineada pela Magna Carta. 6 TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de Processo Penal. 13 ed. São Paulo: Editora Saraiva. 2010. p. 108a. 7 BRASIL. Código de Processo Penal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto- lei/del3689.htm> Acessado em: 30 maio. 2015a. 8 ______. Constituição Federal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm> Acessado em: 30 maio. 2015b. 9 A conceituação doutrinária esclarece de forma precisa às funções do inquérito policial. Nas palavras de Fernando Capez: É o conjunto de diligências realizadas pela polícia judiciária para a apuração de uma infração penal e de sua autoria, a fim de que o titular da ação penal possa ingressar em juízo (CPP, art. 4º). Trata-se de procedimento persecutório de caráter administrativo instaurado pela autoridade policial. Tem como destinatários imediatos o Ministério Público, titular exclusivo da ação penal pública (CF, art. 129, I) e o ofendido, titular da ação penal privada (CPP, art. 30); como destinatário mediato tem o juiz, que se utilizará dos elementos de informação nele constantes, para o recebimento da peça inicial para a formação do seu convencimento quanto à necessidade de decretação de medidas cautelares.9 O doutrinador Edilson Mougenot Bonfim, nos ensina que “O inquérito policial é procedimento administrativo. Não é processo, porquanto não se constitui em relação trilateral, já que o investigado não é parte do procedimento. Desenvolve-se, pois, unilateralmente”,10 neste momento não há que se confundir o investigado com réu, pois aqui, o investigado é meramente apontado como suspeito da pratica de algum delito e não há ainda uma acusação formal, pois o Ministério Público ainda não atua como órgão acusatório. Para que exista a relação trilateral é necessário, a presença de três partes importantes na relação processual penal, tais sejam: Juiz, autor (Ministério Público ou Ofendido) e a figura do réu. Cabe salientar, que a função do Juiz é primordial para a relação processual, pois é dele o dever constitucional de julgar e decidir as mais diversas e complexas lides, envolvendo autor e réu. Por sua vez, o inquérito policial, trata-se de um procedimento presidido por autoridade policial, neste caso, o delegado de polícia, que busca materialidade e indícios de autoria de um crime, é uma peça informativa, que após sua conclusão, será remetido ao Ministério Público, este que é o titular da ação penal, para formação da Opinio Delicti. A carta magna brasileira prevê em seu artigo 129 inciso I, que o titular exclusivo da ação penal é o Ministério Público, assim vejamos: “Art. 129. São 9 CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 20 ed. São Paulo: Saraiva. 2013. p. 113. 10 BONFIM, Edilson Mougenot. Curso de processo penal: ver. e atual. de acordo com as Leis n. 11.900,12.016 e12.037,2009 - 5. Ed - São Paulo: Saraiva, 2010. p. 142. 10 funções institucionais do Ministério Público: inciso I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei”.11 Assim nos ensina Guilherme de Souza Nucci: O inquérito é produzido com a finalidade de formar a convicção (Opinio Delicti) do órgão acusatório (Ministério Público, nas ações públicas; ofendido, nas ações privadas) para a promoção da ação penal. Tem a função de fornecer elemento de sustentação à denúncia ou à queixa, isto é, para que alguém seja denunciado por um crime, visando a evitar acusações infundadas e levianas, deve haver provas pré-constituídas suficientes a respeito da existência da infração penal e dos indícios de autoria.12 O Ministério Público, após o recebimento da peça informativa, terá subsídios para formar a Opinio Delicti do Parquet, que tão logo tenha sua convicção formada através de elementos concretos, poderá oferecer a denúncia para a promoção da ação penal, ou requerer seu arquivamento. Nesse sentido disciplina o artigo 28 do Código de Processo Penal. Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.13 A persecução penal dispensa o inquérito policial, por previsão legal, doutrinária e decisões do STF e STJ, os quais estabelecem que o inquérito policial não é indispensável para a propositura da ação penal. O Código de Processo Penal assim dispõe em seus artigos 27 e 39 §5º: Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do Ministério Público, nos casos em que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção.14 11 BRASIL. Constituição Federal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm> Acessado em: 30 maio. 2015b. 12 NUCCI, Guilherme de Souza. Prática Forense Penal. 7 ed. Ver., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013. p. 33. 13 BRASIL. Código de Processo Penal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto- lei/del3689.htm> Acessado em: 30 maio. 2015a. 14 Idem. 11 Como citado acima, nos casos em que caiba ação pública e haja informações suficientes, poderá ser provocada a iniciativa do Ministério Público, que por sua vez dará inicio a ação penal, sem que se faça necessário, a abertura de inquérito policial. Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial.15 [...] § 5º O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias. Nos casos em que caiba a ação privada e quando houver representação do ofendido ou de seu procurador devidamente constituído, e juntamente com a representação, apresentarem elementos suficientes para habilitação e promoção da ação penal, o Ministério Público dispensará o inquérito policial. Neste mesmo sentido destaca Fernando Capez: O inquérito policial não é fase obrigatória da persecução penal, podendo ser dispensado caso o Ministério Público ou o ofendido já disponha de suficientes elementos para a propositura da ação penal (CPP, art. 12, 27, 39, § 5°, e 46, § 1°).16 Seguindo nesta senda, assim decidiu a Primeira Turma do STF no HC 82.24/RJ: “O inquérito policial não é procedimento indispensável à propositura da ação penal” (RHC n° 58.743/ES,17 Min. Min. Moreira Alves, DJ 08/05/1981 e RHC n° 62.300/ RJ,18 Min. Aldir passarinho).” Seguindoessa perspectiva, pronunciou-se a 5° Turma do STJ no Recurso de Habeas Corpus 12.308 ES 2001/ 0197235- 8: Ementa: [...] INQUÉRITO POLICIAL. DISPENSABILIDADE PARA PROPOSITURA DA AÇÃO. [...] É imprópria à alegação de inépcia da 15 BRASIL. Código de Processo Penal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto- lei/del3689.htm> Acessado em: 30 maio. 2015a. 16 CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 20 ed. São Paulo: Saraiva. 2013. p. 125. 17 STF. Habeas Corpus nº 58.743 - ES. Relator: Min. Moreira Alves, DF, 10/03/1981. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%2858743%2ENUME%2E+O U+58743%2EACMS%2E%29&base=baseAcordaos&url=http://tinyurl.com/nnz73z2> Acessado em: 02 jun. 2015e. 18 ___. Habeas Corpus nº 62.300 - RJ. Relator: Min. Aldir Passarinho,DF, 13/12/1984. Disponível em:<http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%2862300%2ENUME%2+ OU+62300%2EACMS%2E%29&base=baseAcordaos&url=http://tinyurl.com/pj5lw9f> Acessado em: 02 jun. 2015f. 12 exordial acusatória, sob o fundamento de que não estaria firmada em procedimento investigatório que indicasse a participação do paciente nos atos delituosos, se demonstrado o elo entre as condutas dos denunciados, inclusive em relação ao paciente, havendo a descrição dos atos praticados [...]. (STJ, 5ª T., RHC 12.308/ ES, rel. Min. Gilson Dipp, j. 21-2-2002, DJ,8 abr. 2002, p. 234).19 (grifo nosso). Conforme referido, o inquérito policial é realizado pelas policias judiciárias, com intuito de apurar fatos que configurem infrações penais, objetivando a identificação e respectiva autoria, buscando por elementos que constituam a materialidade. Na linguagem policial usualmente denomina-se busca da materialidade e indícios de autoria. 5.1 Procedimento escrito Não se admite inquérito policial na forma verbal, ou seja, não é possível se instruir um procedimento sem que ele seja escrito, por todos os seus atos, e devem ser resumidos a termo, conforme prevê o Código de Processo Penal em seu artigo 9o “Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade”.20 5.2 Sigiloso Para que possa ser executada uma investigação plena, onde a policia judiciária tenha autonomia e poder discricionário de investigar, é fundamental que tais procedimentos sejam praticados observando-se sempre o critério do sigilo, de forma a resguardar tanto o inquérito policial, como a pessoa do investigado, que nesta fase é mero indiciado e não pode ter maculada sua imagem, conforme prevê o Código de Processo Penal em seu artigo 20, “A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade”.21 Fernando Capez explica: 19 ___. Habeas Corpus nº 12.308 - SP. Relator: Min. Victor Nunes, DF,10/06/1964. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%2862300%2ENUME%2E+O U+62300%2EACMS%2E%29&base=baseAcordaos&url=http://tinyurl.com/pj5lw9f> Acessado em: 02 jun. 2015d. 20 BRASIL. Código de Processo Penal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto- lei/del3689compilado.htm> Acessado em: 30 maio. 2015a. 21 Idem. 13 O sigilo não se estende ao representante do Ministério Público, nem à autoridade judiciária. No caso do advogado, pode consultar os autos de inquérito, mas, caso seja decretado judicialmente o sigilo na investigação, não poderá acompanhar a realização de atos procedimentais [..].22 Verifica-se neste momento, que o sigilo decretado pelo Juiz competente em inquérito policial, não alcançara o Ministério Público nem tão pouco a autoridade judiciária. Em se tratando do acesso dos advogados aos autos de inquérito policial, a lei 8.906/94, Estatuto da OAB, em seu artigo 7º, XIII a XV, e § 1º, assim dispõe: Art. 7º São direitos do advogado: [...] XIII - examinar, em qualquer órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo, ou da Administração Pública em geral, autos de processos findos ou em andamento, mesmo sem procuração, quando não estejam sujeitos a sigilo, assegurada à obtenção de cópias, podendo tomar apontamentos; XIV - examinar em qualquer repartição policial, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de inquérito, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos; XV - ter vista dos processos judiciais ou administrativos de qualquer natureza, em cartório ou na repartição competente, ou retirá-los pelos prazos legais; XVI - retirar autos de processos findos, mesmo sem procuração, pelo prazo de dez dias; [...] § 1º Não se aplica o disposto nos incisos XV e XVI: 1) aos processos sob-regime de segredo de justiça;23 O sigilo no inquérito policial é indispensável à plena elucidação dos crimes investigados, contudo, este sigilo não alcança o órgão do Ministério Público, a autoridade judiciaria e nem o advogado das partes, salvo este, algumas restrições advindas da decretação do segredo de justiça, conforme foi exposto acima. 5.3 Oficialidade Trata-se de atividade oficial, realizada por órgãos de policia judiciária estaduais ou federais, os quais têm a respectiva competência para condução do inquérito policial, não se permitindo assim, que o particular (ofendido) tenha o domínio do inquérito, mesmo sendo ele titular da ação penal. 22 CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 20 ed. São Paulo: Saraiva. 2013. p. 119-120. 23 BRASIL. Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8906.htm> Acessado em: 30 maio. 2015c. 14 5.4 Oficiosidade Tão logo tome conhecimento da infração penal, a autoridade policial deve instaurar o inquérito policial, independente de provocação, deve agir de oficio, para tanto basta a notitia criminis, (noticia do crime). (CPP, art. 5º, I, §§ 4º e 5º). Art. 5º Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: I - de ofício; [...] § 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela ser iniciado. § 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá- la.24 [...] A autoridade policial deverá observar as formalidades legais antes de dar inicio ao inquérito policial, ou seja, deverá agir de oficio no caso em que o crime for de ação penal pública incondicionada, ou no caso de crime de ação penal condicionada, somente poderá dar inicio ao inquérito policial após a representação do ofendido ou a requerimento do Ministro da Justiça. 5.5 Autoritariedade A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 144, § 4º, trás em seu texto, expressa determinação, informando que o inquérito policial será presidido por autoridade policial, seja delegado de policia estadual ou federal. Veja-se: “Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares”.25 Pode se dizer, que essa característica não apresenta maiores dificuldades no seu entendimento, ou seja, a competência fica nas mãos da autoridade policial, seja ela estadual ou federal. 24 BRASIL. Código de Processo Penal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto- lei/del3689.htm> Acessado em: 30 maio. 2015a. 25 BRASIL. Constituição Federal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm> Acessado em: 30 Maio. 2015b. 15 5.6Indisponibilidade O inquérito policial é indisponível, uma vez instaurado pela autoridade policial, esta não possui autonomia ne competência para arquivá-lo, conforme prevê o Código de Processo Penal em seu artigo 17, “A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito”.26 5.7 Inquisitivo Dentre as características do inquérito policial, podemos destacar sua natureza inquisitiva, significa dizer, que tal atividade se concentra nas mãos de uma única autoridade, neste momento não são admitidos os princípios da ampla defesa e o contraditório. Procedimento inquisitivo, segundo Fernando Capez: Caracteriza-se como inquisitivo o procedimento em que as atividades persecutórias concentram-se nas mãos de uma única autoridade [...]. É secreto e escrito, e não se aplicam os princípios do contraditório e da ampla defesa, pois, se não há acusação, não se fala em defesa. Evidenciam a natureza inquisitiva do procedimento o art. 107 do Código de Processo Penal, proibindo argüição de suspeição das autoridades policiais, e o art. 14, que permite à autoridade policial indeferir qualquer diligência requerida pelo ofendido ou indiciado (exceto o exame de corpo de delito, à vista no disposto do art. 184).27 Conforme se demonstrou, o procedimento em comento por ser inquisitivo, não deixa possibilidades do exercício do contraditório e ampla defesa, em sede de inquérito policial. Por essa razão tal procedimento não possui características processuais, imprescindíveis na relação processual, ou seja, o contraditório e a ampla defesa, conforme preceitua a Constituição Federal. 5.8 Uma Das Fases Do Inquérito Policial É O Indiciamento 26 ______. Código de Processo Penal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto- lei/del3689.htm> Acessado em: 30 maio. 2015a. 27 CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 20 ed. São Paulo: Saraiva. 2013. p. 121-122. 16 Indiciar alguém significa em sentido amplo, apontar, indicar, podemos dizer também que se trata da escolha de alguém que se encontre na condição de suspeito da pratica de um crime, e que recaia sobre si, indícios da autoria do crime investigado em inquérito policial, Mougenot assim define, “É o ato pelo qual o delegado atribui a alguém a prática de uma infração penal, baseado em indícios suficientes e convergentes de autoria”.28 No mesmo sentido explica Guilherme de Souza Nucci: Trata-se da formal escolha do suspeito, feita pela autoridade policial, de ser ele o autor da infração penal, colhendo seus dados pessoais e determinando o registro na sua folha de antecedentes. Logo, não se cuida de ato discricionário, devendo estar fundado em provas suficientes, sob pena de se configurar constrangimento ilegal, passível de impugnação pelo ajuizamento de habeas corpus.29 A partir da instauração do inquérito policial pela autoridade policial, nos termos do art. 5° e seguintes do CPP, o indivíduo passa a ser indiciado, que não se confunde com réu, pois, a pessoa indiciada em inquérito policial, é meramente apontada como suspeita da pratica de algum delito, e sobre si recaem indícios de autoria e/ou materialidade do crime, e encontrasse na fase pré-processual. Já a condição de réu, diz respeito à pessoa cuja qual recaiu acusação formal por parte do Ministério Público ou do ofendido, estando agora vinculado na relação processual. Como já foi dito, o inquérito policial é um ato administrativo presidido por autoridade policial, encontra- se na fase pré-processual, por esta razão, não se considera o indivíduo que foi apontado em inquérito como réu. 5.9 Indiciamento do Servidor Público envolvido em organização criminosa Destacadas as funções do inquérito policial, seu momento dentro do processo penal, suas principais características e os princípios que o sustentam, cabe direcionar o olhar, precisamente, ao disposto no art. 17-D da lei 9613/98, a fim de discutir sua constitucionalidade no ordenamento jurídico brasileiro. 28 BONFIM, Edilson Mougenot. Curso de processo penal: ver. e atual. de acordo com as Leis n. 11.900,12.016 e12.037,2009 - 5. Ed - São Paulo: Saraiva, 2010. p. 161. 29 NUCCI, Guilherme de Souza. Prática Forense Penal. 7 ed. Ver., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013. p. 35. 17 O artigo 17 D, da lei 9613/98, conforme pontuado anteriormente, vem sendo alvo de inúmeras discussões, pois tal dispositivo outorgou ao delegado de policia autonomia para afastar servidor público de suas funções em caso de indiciamento em Inquérito Policial. Ao perceber essa atuação, é possível destacar que tal procedimento usurpa a função ministerial do Ministério Público, que é o titular exclusivo da ação penal, e afasta a apreciação do Juiz competente, visto a decretação de uma medida cautelar estar neste momento nas mãos do Delegado de Policia. Neste sentido, muito bem explica MENDONÇA: Sendo o Ministério Público o titular da ação penal, somente ele poderia deliberar sobre a oportunidade das cautelares, pois só a ele caberia inclusive avaliar se haveria a ação principal (Processo Penal), sabendo-se da característica da acessoriedade comum às cautelares. Ademais, sendo a Autoridade Policial não dotada de direito de postular em juízo, suas manifestações não teriam o condão de servir à legitimação da atuação do judiciário. Para isso o pedido deveria partir de um ator processual dotado de “jus postulandi”, sob pena de nulidade da decisão judicial correlata. Nessa linha de pensamento a atuação da Autoridade Policial deve se ater tão somente à investigação e coleta de elementos para a formação da convicção ministerial, nada além disso.30 Conforme se pode avaliar, tais discussões e polemicas, foram geradas a partir da nova redação dada ao referido artigo, então vejamos: “Art. 17 - D. Em caso de indiciamento de servidor público, este será afastado, sem prejuízo de remuneração e demais direitos previstos em lei, até que o juiz competente autorize, em decisão fundamentada, o seu retorno”.31 (grifo nosso). Verificando o disposto no referido artigo, pode-se perceber que o suficiente indiciamento do servidor público no Inquérito Policial, por parte do Delegado de polícia, já seria causa de seu afastamento. Importante ressaltar, que o mero indiciamento em inquérito policial, não é dizer necessariamente, que o indiciado é culpado nem tão pouco classifica-lo como réu, pois aqui se refere apenas à pessoa 30 MENDONÇA, Andrey Borges de. Prisão e outras medidas cautelares pessoais. Rio de Janeiro: Forense, 2011, p. 67 – 70. 31 BRASIL. Lei nº 12.683, de 9 de Julho de 2012. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12683.htm> Acessado em: 19 nov. 2014h. 18 investigada em inquérito policial, sobre a qual recaí os indícios de autoria e/ou materialidade. Por tratar-se de um procedimento administrativo, investigativo, conforme referido, as informações contidas em Inquérito Policial são de caráter meramente informativo, não devendo ser estas utilizadas como único meio de prova. Importante ressaltar, conforme já foi dito que a natureza jurídica do Inquérito Policial é Inquisitivo, ou seja, não se aplica o princípio constitucional do contraditório e da ampla defesa, assegurado pelo artigo 5º, inciso LV 32 da Constituição Federal. Será demonstrado ainda, que não há o que se falar em devido processo legal na fase de Inquérito Policial, instituto previsto no artigo 5º, inciso LIV33, da Constituição Federal, como já foi mencionado, trata-se de um procedimento administrativo que somente subsidia o judiciário. 32 BRASIL. Constituição Federal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>Acessado em: 30 maio. 2015b. 33 Idem. 19 7. UMA INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS FRENTE AO AFASTAMENTO DO FUNCIONÁRIO PÚBLICO NO CASO DO ARTIGO 17-D, DA LEI 9613/98. 7.1. Do devido processo legal O Direito Processual Penal brasileiro adotou o sistema acusatório, o qual é contraditório, público, imparcial e assegura a ampla defesa. Neste sistema as funções são distribuídas a órgãos distintos; acusação, julgador e defesa. Para a formação da opinio delicti, percebe-se que o inquérito policial é imprescindível à chegada nessa fase processual, nesse sentido prescreve o art. 4º do Código de Processo Penal. In Verbis: Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridade administrativa, a quem por lei seja cometida a mesma função.34 Nota-se que o Inquérito Policial é um instrumento utilizado pelas autoridades policiais e administrativas, e de suma importância para elucidação dos mais diversos crimes e delitos praticados, bem como, chegue-se aos indícios da autoria. Após a conclusão do Inquérito Policial, a peça informativa será remetida ao Ministério Público, que por sua vez poderá oferecer Denuncia ou Requerer o seu arquivamento. “Se de acordo o juiz com o Ministério Público, dá-se o arquivamento do inquérito, até que o surgimento de novas provas autorize o prosseguimento das investigações se for o caso”.35 Oferecida a denuncia, será iniciada então a ação penal e somente neste momento há de se admitir a invocação do princípio do devido processo legal. 34 BRASIL. Código de Processo Penal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto- lei/del3689.htm> Acessado em: 30 maio. 2015a. 35 FISCHER, Douglas; OLIVEIRA Eugênio Pacelli de. Comentários ao Código de Processo Penal e sua jurisprudência. - 4. ed. rev. e atual. até dezembro de 2011 - São Paulo: Atlas, 2012. 20 O referido princípio tem previsão constitucional no art. 5°, LIV, da CF, que assim dispõe: “Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”.36 Assim explica Fernando Capez: Consiste em assegurar à pessoa o direito de não ser privada de sua liberdade e de seus bens, sem a garantia de um processo desenvolvido na forma que estabelece a lei (due processo of law – CF, art. 5º, LIV). No âmbito processual garante ao acusado a plenitude de defesa, compreendendo o direito de ser ouvido, de ser informado pessoalmente de todos os atos processuais, de ter acesso à defesa técnica, de ter a oportunidade de se manifestar sempre depois da acusação e em todas as oportunidades, à publicidade e motivação das decisões, ressalvadas as exceções legais, de ser julgado perante o juízo competente, ao duplo grau de jurisdição, à revisão criminal e à imutabilidade das decisões favoráveis transitadas em julgado.37 Como se observa, o ordenamento jurídico brasileiro garante a toda pessoa alvo de processos judiciais ou administrativos, o direito a um processo justo e devidamente conduzido pela autoridade judiciária, respeitando-se os direitos do réu, assegurando os princípios constitucionais do contraditório e ampla defesa; a garantia de recorrer de decisões proferidas e em caso de decisões favoráveis, seja esta imutável. Por outro lado, restando dúvidas quanto à prática delitiva, deve vigorar o princípio do in dubio pro reo. 7.2. Do contraditório e ampla defesa Como já se viu o inquérito policial é um procedimento administrativo presidido por autoridade policial, sua natureza inquisitiva não admite o contraditório como assinala Tourinho Filho: Não obstante a Magna Carta disponha no art. 5°, LV “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com meios e recursos inerentes”, o certo é que a expressão “processo administrativo” não se refere à fase do inquérito policial [...]. O que não se concebe é a permissão 36 BRASIL. Constituição Federal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm> Acessado em: 30 maio. 2015b. 37 CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 20 ed. São Paulo: Saraiva. 2013. p. 82. 21 do contraditório naquela fase informativa que antecede à instauração do processo criminal, pois não há ali nenhuma acusação.38 No mesmo sentido destaca o acórdão proferido pela Primeira Turma do STF: Ementa: Inaplicabilidade da garantia constitucional do contraditório e da ampla defesa ao inquérito policial, que não é processo, porque não destinado a decidir litígio algum, ainda que na esfera administrativa; existência, não obstante, de direitos fundamentais do indiciado no curso do inquérito, entre os quais o de fazer-se assistir por advogado, o de não se incriminar e o de manter-se em silêncio. (STF- HC: 82354 PR, Relator: SEPÚLVEDA PERTENCE, Data de Julgamento: 10/08/2004, Primeira Turma, Data de Publicação: DJ 24-09-2004 PP- 00042 EMENT VOL- 02165-01 PP-00029 RTJ VOL- 00191-02 PP- 00547).39 O exercício do direito da ampla defesa no inquérito policial não se admite pelas razões já demonstradas. Ampla defesa se aplica em processo Judicial ou administrativo que segundo Tourinho Filho, não se confunde com Inquérito Policial. Em outras palavras assim dispõe o instituto estudado, pelo autor: Não bastasse esse princípio, a Lei Fundamental acrescenta o da “ampla defesa”. Já aqui se permite à Defesa o direito de produzir as provas que bem quiser e entender, dês que não proibidas; direito de contraditar testemunhas; direito de recorrer das decisões que contrariem os interesses do acusado (...).40 Nessa mesma linha, Tourinho Filho enfatiza a atuação da defesa, que em sede de fase processual, utiliza-se do principio do contraditório e ampla defesa para contraditar as acusações da parte contraria, bem como assegura-se de todos os meios de provas admitidos no ordenamento jurídico. Como bem registra Tourinho Filho: Com substância na velha parêmia audiatur et altera pars – a parte contrária deve ser ouvida. Traduz a idéia de que a defesa tem o direito de se pronunciar sobre tudo quanto for produzido por uma das partes caberá igual direito da outra parte de opor-se-lhe ou de dar-lhe a versão que lhe 38 TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal, volume 1 - 34. ed. rev e de acordo com a lei nº 12.403/2011. São Paulo: Saraiva. 2010c. p. 75-76. 39 STF. Habeas Corpus nº 82.354 - PR. Relator: Min. Sepúlveda Pertence, DF, 10/08/2004. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?incidente=2047334> Acessado em: 02 jun. 2015g. 40 TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de Processo Penal. 13 ed. São Paulo: Editora Saraiva. 2010a. p. 64. 22 convenha, ou, ainda, de dar uma interpretação jurídica diversa daquela apresentada pela parte ex adversa. Assim, se o acusador requer a juntada de um documento, a parte contrária tem o direito de se manifestar a respeito. E vice-versa. Se o defensor tem o direito de produzir provas, a acusação também o tem. O texto constitucional quis apenas deixar claro que a defesa não pode sofrer restrições que não sejam extensivas à acusação.41 Como podemos analisar, o principio constitucional do contraditório e ampla defesa, somente encontra lastro em processos judiciais e administrativos, administrativos este que não se confunde com Inquérito Policial, pois na fase de Inquérito Policial não se admite tal principio, conforme já estudado. 7.3. Medidas cautelares No dia 4 de maio de 2011 foipublicada a Lei 12.403 que, dentre outras providências, altera dispositivos legais do Código de Processo Penal relativos à prisão processual, fiança, liberdade provisória e demais medidas cautelares. A inovação em questão teve como objetivo principal a adequação da lei à regra jurisprudencial já pacificada no âmbito do Supremo Tribunal Federal, segundo a qual a prisão de natureza processual tem caráter excepcional e não deve ser utilizada de modo a se revestir de verdadeiro pleito antecipatório da pena que eventualmente será aplicada.42 Conceito segundo o Supremo Tribunal Federal: É um procedimento intentado para prevenir, conservar ou defender direitos. Trata-se de ato de prevenção promovido no Judiciário, quando da gravidade do fato, do comprovado risco de lesão de qualquer natureza ou da existência de motivo justo, desde que amparado por lei. Deve-se examinar se há verossimilhança nas alegações (fumus boni iuris); e se a demora da decisão no processo principal pode causar prejuízos à parte (periculum in mora). A medida cautelar será preventiva, quando pedida e autorizada antes da propositura do processo principal. Quando requerida durante o curso da ação principal, a medida cautelar será incidental.43 41 Id. Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 2005b. p. 58. 42 GUSMÃO, Marcus. Cabimento e Substitutividade à Prisão. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/29617/o-uso-das-medidas-cautelares-previstas-no-artigo-319-do-codigo-de- processo-penal> Acessado em: 03 maio 2015. 43 STF. Glossário Jurídico. Disponível em: <http://www2.stf.jus.br/portalStfInternacional/cms/verGlossario.php?sigla=portalStfGlossario_pt_br&in dice=M&verbete=176214> Acessado em: 02 jun. 2015c. 23 Observado os requisitos necessários a sua aplicação, as medidas cautelares deverão obedecer, os preceitos legais, de forma a tornar a restrição de direitos uma exceção, e não a regra, conforme disciplina o artigo 282 do Código de Processo Penal. Artigo 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a: [...] § 2o As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz, de ofício ou a requerimento das partes ou, quando no curso da investigação criminal, por representação da autoridade policial ou mediante requerimento do Ministério Público.44 As medidas cautelares estão disciplinadas no Artigo 319, do Código de Processo Penal, se não vejamos: Artigo 319. São medidas cautelares diversas da prisão: [...] VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais;45 Em se tratando de afastamento cautelar de funcionário público, para a apuração de crimes de improbidade administrativa, até mesmo a lei nº 8429 de 02 de Junho de 1992, em seu artigo 20 paragrafo único, demonstra o caráter excepcional da aplicação da medida cautelar. In Verbis: Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença condenatória. Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa competente poderá determinar o afastamento do agente público do exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à instrução processual.46 Podemos observar preliminarmente, que o afastamento cautelar do funcionário público é de caráter excepcional, conforme determina a lei. 44 BRASIL. Código de Processo Penal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto- lei/del3689.htm> Acessado em: 30 maio. 2015a. 45 Idem. 46 _______. Lei nº 8.429 de 2 de Junho de 1992. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8429.htm> Acessado em: 13 out. 2015e. 24 Neste mesmo sentido, conforme irá ser demonstrado, há a necessidade de se garantir o contraditório e ampla defesa, antes da restrição de direitos, ou seja, o afastamento de funcionário público de suas funções, quando for alvo de investigação policial. 25 9. CONCLUSÃO 26 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAS, Vladmir. A investigação criminal na nova lei de lavagem de dinheiro. Disponível em: <http://www.ibccrim.org.br/boletim_artigo/4671-A -investigao-criminal - na- nova- lei-de-lavagem-de-dinheiro>. Acessado em: 11 out. 2015a. ______, Vladmir. O art. 17-D da Lei de Lavagem de Dinheiro. Disponível em:<www.ibadpp.com.br/804/o-art-17-d-da-lei-de-lavagem-de-dinheiro>. Acessado em: 13 Out. 2015b. BRASIL. Código de Processo Penal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm> Acessado em: 30 de Maio de 2015a. ______. Constituição Federal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm> Acessado em: 30 de Maio de 2015b. ______. Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8906.htm> Acessado em: 30 de Maio de 2015c. ______. Decreto Lei nº 5.015, de 12 de Março de 2004. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5015.htm> Acessado em: 01 set. 2017. ______. Lei nº 8.112, de 11 de Dezembro de 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/leis/L8112cons.htm> Acessado em: 30 de Maio de 2015d. ______. Lei nº 8.429 de 2 de Junho de 1992. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8429.htm> Acessado em: 13 Out. 2015e. ______. Lei n° 9.613 de 3 de Março de 1998. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9613.htm>. Acessado: 20 mar. 2015f. ______. Lei n° 9.613 de 3 de Março de 1998. Ementa. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9613.htm> Acessado em: 30 de Maio de 2015g. ______. Lei nº 12.683, de 9 de Julho de 2012. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12683.htm>. Acessado em: 19 nov. 2014h. ______. Lei nº 12.850, de 2 de Agosto de 2013. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12850.htm> Acessado em: 01 set . 2017. 27 BONFIM, Edilson Mougenot. Curso de processo penal: ver. e atual. de acordo com as Leis n. 11.900,12.016 e12.037,2009 - 5. Ed - São Paulo: Saraiva, 2010. CABETTE, Eduardo Luiz Santos. Lavagem de dinheiro: inconstitucionalidade do afastamento de servidor por indiciamento em inquérito policial. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 18, n. 3526, 25 fev. 2013. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/23815>. Acessado em: 10 jun. 2015. CALLEGARI, André Luís; BARAZZETTI, Ariel Weber. Lavagem de dinheiro. São Paulo: Atlas, 2014. CAPEZ, F. Curso de Processo Penal. 20 ed. São Paulo: Saraiva. 2013. CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Comentários à Lei n.° 12.683/2012, que alterou a Lei de Lavagem de Dinheiro. Dizer o Direito. Disponível em: <http://www.ibccrim.org.br/boletim_artigo/4672-O-combate-lavagem-de-dinheiro>. Acessado em: 03 out. 2015. DE CARLLI, Carla Veríssimo Lavagem de dinheiro: ideologia da criminalização e análise do discurso. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2012. FISCHER, Douglas; OLIVEIRA Eugênio Pacelli de. Comentários ao Código de Processo Penal e sua jurisprudência. - 4. ed. rev. e atual. até dezembro de 2011 - São Paulo: Atlas, 2012. GRECO FILHO, Vicente. Manual de processo penal. 9. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva. 2012. GUSMÃO, Marcus. Cabimento e Substitutividade à Prisão. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/29617/o-uso-das-medidas-cautelares-previstas-no-artigo- 319-do-codigo-de-processo-penal>. Acessado em: 03 de Maio de 2015. MENDONÇA, Andrey Borges de. Prisão e outras medidas cautelares pessoais. Rio de Janeiro: Forense, 2011. NUCCI, Guilherme de Souza. Prática Forense Penal. 7 ed. Ver., atual. e ampl. São Paulo:Revista dos Tribunais, 2013. SAAID Ricardo Andrade. O combate à lavagem de dinheiro. Disponível em: <http://www.ibccrim.org.br/boletim_artigo/4672-O-combate-lavagem-de-dinheiro>. Acessado em: 03 Out. 2015. SILVA, Cesar Antonio da. Lavagem de dinheiro: uma nova perspectiva penal. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2001. SENADO FEDERAL. Jornal do Senado: Lei contra a lavagem de dinheiro ficará mais rigorosa. Disponível em: <http://www12.senado.gov.br/jornal/edicoes/2012/06/06/lei-contra-a-lavagem-de- dinheiro-ficara-mais-rigorosa/imprimir_materia_jornal> Acessado em: 30 de Maio de 2015. 28 STF. Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4911 - DF. Relator: Min. Ricardo Lewandowski, DF, AÇÃO NÃO JULGADA. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?incidente=436658 9> Acessado em: 02 de Junho de 2015a. ______. Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4911 - Parecer do Procurador Geral da República. Disponível em:<http://noticias.pgr.mpf.mp.br/noticias/noticiasdosite/copy_of_pdfs/ADI%204911_ 1.pdf>. Acessado em: 30 Maio. 2015b. ______. Glossário Jurídico. Disponível em: <http://www2.stf.jus.br/portalStfInternacional/cms/verGlossario.php?sigla=portalStfGl ossario_pt_br&indice=M&verbete=176214>. Acessado em: 02 jun. 2015c. ______. Habeas Corpus nº 12.308 - SP. Relator: Min. Victor Nunes, DF, 10/06/1964. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%2862300% 2ENUME%2E+OU+62300%2EACMS%2E%29&base=baseAcordaos&url=http://tinyu rl.com/pj5lw9f> Acessado em: 02 jun. 2015d. ______. Habeas Corpus nº 58.743 - ES. Relator: Min. Moreira Alves, DF, 10/03/1981. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%2858743% 2ENUME%2E+OU+58743%2EACMS%2E%29&base=baseAcordaos&url=http://tinyu rl.com/nnz73z2> Acessado em: 02 jun. 2015e. ______. Habeas Corpus nº 62.300 - RJ. Relator: Min. Aldir Passarinho,DF, 13/12/1984. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%2862300% 2ENUME%2E+OU+62300%2EACMS%2E%29&base=baseAcordaos&url=http://tinyu rl.com/pj5lw9f> Acessado em: 02 jun. 2015f. ______. Habeas Corpus nº 82.354 - PR. Relator: Min. Sepúlveda Pertence, DF, 10/08/2004. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?incidente=204733 4> Acessado em: 02 jun. 2015g. TOURINHO FILHO, F. Manual de Processo Penal. 13 ed. São Paulo: Editora Saraiva. 2010a. ______. Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 2005b. ______. Processo Penal, volume 1 - 34. ed. rev e de acordo com a lei nº 12.403/2011. São Paulo: Saraiva. 2010c.
Compartilhar