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Aulas_Financas-Publicas-teoricas-2012-2013

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Finanças Públicas 2012/2013 FDUP 
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13-09-2012 
Apresentação da disciplina: objeto e método 
É uma cadeira essencialmente teórica. 
 Manual de direito fiscal – Glória Teixeira (obra para os dois semestres). 
 2a edição – reimpressão. 
 A prof vai disponibilizar powerpoint com a matéria, tópicos e bibliografia. 
 Aulas práticas – nas próximas duas semanas não haverá aulas práticas. 
 Códigos anotados ainda não estão impressos (prof depois avisa). 
 
 Sigarra Æ Cursos Æ I & D (investigação e desenvolvimento) Æ centros de 
investigação da faculdade de direito. 
x CIJE (centro de investigação jurídico-económica) 
x IJI 
x IDP 
Pesquisar – CIJE – apoio às aulas, cursos, projetos ao exterior, etc. Nele 
encontram-se as atividades, conferências, powerpoints. Tem interesse prático e 
de investigação. Apoia também os trabalhos de investigação. Nas publicações 
a prof publica os melhores trabalhos dos alunos, etc. Os 10 anos de 
investigação do CIJE abre com um artigo de licenciados. O centro apoia 
também esses trabalhos. Devemos pensar em projetos de investigação. 
Preocupações: 
1. Nos exames só há questões teóricas. Nunca dizer “eu acho; eu penso que”. 
Utilizar sempre linguagem jurídica. Saber o que diz a lei. 
“A crise que vivemos é da não interpretação da lei.” 
2. Orçamento de Estado, receitas, despesas, impostos. 
3. Legislação – no sumário terá os anexos que conterá a legislação, os 
powerpoins e os códigos. 
 
 
 
Finanças Públicas 2012/2013 FDUP 
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19-09-2012 
A noção de Finanças Públicas e ramos conexos; Os meios de financiamento 
do Estado e a importância das políticas financeiras; A distinção - imposto, taxa e 
preço. Bibliografia obrigatória: ver documentação em anexo a este sumário. 
- Horário de atendimento: Quintas das 11h às 13:30h 
- Aulas práticas a partir do dia 1 de Outubro. 
x O Estado (central, local, regional) como entidade que define e gere as 
despesas e receitas de uma coletividade (nação); 
x A importância da definição das políticas financeiras e da satisfação das 
necessidades coletivas. 
Antes de mais, são necessários conhecimentos técnicos do Estado que 
vivemos presentemente. 
 Finanças públicas é uma matéria teórica por definição. O objetivo é dar a 
conhecer a perspetiva jurídica, políticas financeiras, etc. 
 É crucial recordar algumas noções do 1º ano. Falamos imenso do Estado. 
Usualmente diz-se que o Estado somos todos nós. No entanto, não é este Estado que 
nos preocupa nas finanças públicas. Vamos olhar para o Estado no seu sentido 
orgânico. Assim, há o Estado central, local e regional. Relativamente ao central, 
falamos do governo - temos os diferentes ministérios - noutros países pode haver 
descentralização dos ministérios - Portugal é um Estado demasiado centralizado. 
Temos o Estado local – as autarquias locais, e depois há diferentes níveis; 
conhecemos as câmaras municipais e as regiões autónomas Madeira e Açores. Tendo 
em conta que há três níveis – central, local e regional - isto vai implicar três leis – a lei 
para o Estado central, a lei das finanças/autarquias locais, lei das finanças 
regionais. Cada uma tem uma lei própria. Isto vai implicar que, à medida que 
avançamos na descentralização, tanto as autarquias como as regiões terão mais 
poderes financeiros desde gestão e também tributários. Estes últimos, os tributários, 
serão sempre limitados porque, se recordarmos do Direito Constitucional, há Estado 
unitário com respeito pelas descentralizações. Quanto mais próximo o governo estiver 
do cidadão mais transparência ao nível das contas haverá. 
 
Importância das políticas financeiras (Teixeira Ribeiro) – o Estado em que 
estamos resulta das nossas decisões e políticas financeiras tomadas que, por vezes, 
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constituem más decisões – no caso português p.e. O nosso governo fez demasiado 
investimento em infraestruturas – são essenciais, mais não em exagero. Será correta 
esta política financeira de investir excessivamente em infraestruturas enquanto o 
Estado precisava noutras áreas, como p.e apoio a empresas, segurança social, etc. 
Olha-se aqui para vários objetivos. Estas políticas são importantes, temos orçamentos 
anuais mas onde as receitas e despesas são anotadas anualmente. Há uma grande 
importância da ciência política e das políticas financeiras. Assim, deve olhar-se para 
as opções do Estado, da comunidade, da nação. 
Meios de financiamento do Estado 
x Os preços: públicos e privados – o Estado (central, local, regional) age 
nas restantes três situações investido no seu poder de autoridade e no 
exercício de funções exclusivamente públicas. No caso dos preços temos 
um Estado com uma veste diferente aparecendo como um agente 
económico que intervém no mercado ao lado de outros agentes 
económicos – Estado empresarial. Será que o Estado não se deveria 
limitar, será que deve atuar no privado em concorrência com os 
particulares? Quando o Estado intervém no mercado como agente 
económico, pratica preços vendendo bens e serviços criando, sobre eles, 
preços. Nas empresas públicas, o Estado fornece um serviço como p.e 
parques de estacionamento – mas pode fazê-lo ao lado dos particulares. 
Os preços são meios de financiamento que o Estado pode recorrer quando 
age enquanto agente privado e quando atua no mercado em concorrência 
com outros. 
x As taxas – diferenciam-se dos impostos exatamente pela característica da 
obrigatoriedade. Um habitante pode recusar se não necessitar do serviço. A 
taxa é o valor que tem de pagar para utilizar um recurso que desejamos. É 
o preço que tenho de pagar para assegurar os custos da educação, p.e. O 
imposto é obrigatório, já a taxa é facultativa pois está nas mãos do cidadão 
que tem nas suas mãos a hipótese de utilizar ou não o serviço. As taxas 
moderadoras, quando recorremos a um serviço, não são obrigatórias mas 
temos de as pagar porque temos de recorrer ao serviço de qualquer 
maneira – logo, são obrigatórias. Todavia, em sede geral, não o são. 
 
x Os impostos – são de tal modo evidentes que não é necessário saber uma 
definição concreta – mesmo camuflados, sabemos que existem. Está aceite 
pela nossa jurisprudência que as contribuições para a segurança social são 
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verdadeiros impostos e, portanto, o Estado chama-lhe contribuições. Dos 
impostos vamos aprofundar mais adiante. Primeiramente deve-se identifica-
los – IRS, IRC, IVA, IMI,IMT, Imposto de selo, impostos aduaneiros. 
Todavia, este irá ser mais aprofundado mais adiante. Ninguém gosta de 
pagar impostos, como diria um autor inglês, “são o preço que o preço traz”, 
são o preço que temos de pagar para termos uma sociedade civilizada. Os 
impostos servem para financiar a educação, a saúde, a defesa, etc. Os 
governantes têm de ter precaução nas áreas onde investem as receitas 
adquiridas pelos impostos (p.e apesar de serem necessários submarinos, 
há outras coisas mais relevantes das quais o país sente mais necessidade). 
Deve investir-se na segurança interna, no policiamento. Temos uma polícia 
de proximidade, ou seja, temos uma polícia que assegurará a nossa 
segurança. Os impostos são utilizados para áreas como a defesa, etc. Os 
impostos são obrigatórios, ninguém os paga se não for obrigado, e 
unilaterais (analisaremos mais adiante). 
x Os empréstimos (a evitar) – o Estado tem necessidade de contrair 
empréstimos mas deve evitar o endividamento excessivo, não só do Estado 
mas do próprio setor privado. O problema é que as entidades financiadoras 
esgotam - esgotando, deixa de haver financiamentos. No séc.XX, em geral, 
vivemos com uma fé excessiva nas instituições financeiras - os próprios 
slogans atraem, desincentivam a poupança até que deixamos de ter noção 
do valor da própria moeda. O Estado pode financiar-se de múltiplas formas 
– junto de instituições, bancos nacionais ou estrangeirose não só, como 
pode financiar-se junto dos particulares. Junto destes últimos há 
certificados de aforro, de tesouro, etc. O Estado endivida contraindo dívida, 
dívida essa comprada e paga pelos cidadãos. O Estado hoje emite mais 
dívida, ou seja, vai ao mercado e adquire a dívida esperando que a taxa de 
juro seja razoável. Os empréstimos são um meio de financiamento por 
causa dos juros. No caso da dívida portuguesa estamos a pagar juros na 
ordem dos 7%. Assim, deve evitar-se a todo o custo os empréstimos. BCE, 
FMI, Comissão Europeia – o défice tem de baixar. Este reporta-se ao ano 
sendo que, no final de cada ano, tem um limite. Com a intervenção destas 
três entidades, obrigou os Estados a reduzir os seus défices. Portugal tem 
instituições estáveis – tribunais, etc – que permite enfrentar os embates 
mesmo quando as políticas são más ou menos corretas. Ao nível dos 
empréstimos há junto das instituições e junto dos particulares. As duas 
realidades – dívida do Estado e dívida dos cidadãos – são realidades 
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diferentes – ver relatório de julho/agosto de 2011 do FMI – retrata muito 
bem os níveis de endividamento doestado e também dos particulares. O 
problema não está no endividamento dos particulares. O próprio Estado 
incentiva a gastar, a possuir propriedades, etc. Se as pessoas não têm 
possibilidades, recorrem aos bancos endividando-se. Esta dívida foi 
induzida pelas políticas do governo que são por nós legitimadas. O único 
problema ao nível do privado é exatamente este. Para além disso há 
imenso incentivo nos bancos que agravam ainda mais este processo. 
 
Deve distinguir-se as Finanças Públicas de outras disciplinas: 
 
x Direito Fiscal 
x Direito Financeiro 
x Direito Económico 
x Economia Política 
Relativamente ao direito fiscal fala-se de direito tributário. O tributo é mais 
amplo que o imposto; é todo o tipo de prestação pecuniária obrigatória. Direito fiscal é 
o direito dos impostos que não será nossa preocupação (trata dos impostos). 
Já direito financeiro, preocupa-se com os aspetos mais amplos, com toda a 
organização do Estado do ponto de vista financeiro. É o direito institucional das 
finanças públicas, saber como o Estado está organizado, que instituições financeiras 
existem e quais as entidades dentro do ministério das finanças que gerem a dívida 
pública, p.e. É toda a legislação relacionada com o modo de funcionamento do Estado. 
Há uma autonomização do direito financeiro. 
O direito económico tem a ver com questões da atuação do Estado no meio 
concorrencial - Estado enquanto agente económico. Assim, neste direito temos, p.e, o 
direito da concorrência. É uma subespecialização e atente a estas funções do Estado 
enquanto agente económico em concorrência com os privados. 
A economia política – que já conhecemos por fazer parte da unidade curricular 
do 1ºano - não deve tratar dos impostos, segundo Teixeira Ribeiro. São disciplinas que 
se relacionam entre si, que se conexam. 
 
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x O princípio da proporcionalidade e a sua aplicação em sede de fixação do 
valor da taxa a pagar; 
x A importância do exercício de poderes de autoridade em atividades não 
concorrenciais no contexto das taxas. 
 
Devemos distinguir preço de taxa. No preço temos o Estado no exercício da 
sua autoridade e fora do mercado exercendo atividades que não são concorrenciais. 
 O Estado no seu poder de autoridade providencia bens e serviços que os 
privados não têm como os fornecer. P.e a defesa nacional, a defesa interna do Estado, 
a saúde, etc. Os particulares não estão interessados em fornecer porque há atividades 
que, por definição, só implicam custos. P.e garantir os serviços de apoio aos mais 
desfavorecidos. Assim, os agentes económicos não estão interessados. Deste modo, 
o Estado tem de intervir e, para isso é que há impostos e taxas que são utilizadas para 
financiar o Estado - para que possa dar resposta a estas necessidades. 
 Ao nível da taxa deve falar-se do princípio da proporcionalidade. As taxas 
devem ser proporcionais e não muito elevadas. Aqui há dois critérios – o do custo do 
bem ou serviço ou o critério do benefício. Este último leva-nos a taxas mais 
elevadas porque olha-se ao benefício levando a uma comparação ao nível do 
mercado. No limite, devemos saber se o valor de uma taxa a pagar pode ser o preço 
de mercado. No limite, pode lá chegar, mas não deve porque a taxa é pública e por 
isso não deve ter atividades lucrativas. O objetivo não é a obtenção de lucro. A taxa, 
na sua fixação, deve corresponder a estes dois critérios. Ainda para a distinção entre 
preço e taxa deve realçar-se a importância do exercício de poder de autoridade. Se 
existir, estamos a falar de preço e não de taxa. 
x Bilateralidade ou antes correspetividade direta e imediata no caso das 
taxas? 
x O caráter coativo dos impostos; 
x O princípio da proporcionalidade em sede de aplicação de taxas. 
Os impostos são sempre obrigações pecuniárias – no caso de Portugal. O imposto 
é uma prestação obrigatória, pecuniária e unilateral. Nas taxas é mais ou menos 
evidente a bilateralidade – sabemos que nos está a ser prestado um bem ou serviço. 
No caso do imposto, começa a questionar-se a unilateralidade. Os impostos servem 
para pagar despesas, por isso há contrapartidas. É importante os cidadãos terem 
consciência para onde o direito vai, deve haver mais transparência para sabermos 
para onde vai o dinheiro dos impostos uma vez que este serve para financiar as ditas 
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necessidades. Então, será que não devemos falar em bilateralidade? Há, de facto, 
contraprestação. Podíamos contrapor a progressividade dos impostos e a 
proporcionalidade das taxas. Se recuarmos à Antiguidade clássica, Platão dizia ao 
nível dos impostos que a proporcionalidade é suficiente. No entanto, a progressividade 
também pode fazer sentido. Interessa é que haja redistribuição de rendimento que é 
um dos problemas da nossa sociedade. Proporcionalidade nas taxas e assumiu-se a 
progressividade ao nível europeu, em defesa de redistribuição de rendimento para 
acolher às necessidades dos menos capazes ou desfavorecidos. 
Tópicos para discussão: 
As políticas financeiras determinam o bom ou mau estado das finanças públicas 
de um Estado. Comente. 
A atual experiencias mundial demonstra que os Estados devem evitar o recurso 
sistemático a empréstimos como meio de financiamento por excelência mas 
também devem evitar onerar os cidadãos com os impostos e taxas em excesso. 
Comente criticamente. Mais complexa. 
Os critérios distintivos da unilateralidade e exercício de poderes de autoridade 
revelam-se insuficientes nas distinções entre imposto, taxa e preço (público e 
privado). Comente criticamente. 
 
Bibliografia: 
x Ribeiro, José Joaquim, Lições de Finanças Públicas, Coimbra Editora, 
1997, páginas 29 a 46; 
x Teixeira, Glória, Manual de Direito Fiscal, 2ª edição, Almedina, 2012, 
páginas 33 a 40. 
 
 
 
 
 
 
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20-09-2012 
Os principais impostos no sistema fiscal português e os fins da 
tributação. O enquadramento legal das taxas e rendas sociais. 
 Bibliografia: ver em documentação da aula anterior. Orientações de 
pesquisa para aulas futuras: Ver os seguintes sítios na internet das seguintes 
instituições: - Direção Geral do Orçamento: www.dgo.pt - Ministério das 
Finanças: www.portugal.gov.pt - Direção Geral do Tesouro e Finanças: 
www.dgtf.pt - Autoridade Tributária: www.portaldasfinancas.gov.pt - Tribunal de 
Contas: www.tcontas.pt - FMI: www.IMF.org Indicações de legislação sobre a 
disciplina: ver documento em anexo - Lei de Enquadramento Orçamental (LEO) - 
Lei das Finanças Locais - Lei das Finanças Regionais - Lei de Bases da 
Segurança Social - Lei da Contabilidade Pública - Setor empresarial do Estado 
(nacional, local e regional) 
Ao longo destaaula, vamos terminar a matéria da aula anterior. Torna-se útil e 
pertinente atentar no jornal económico de hoje – “governo vai aumentar preços dos 
divórcios…”; já no subtítulo refere “taxas”. 
 Na aula passada foi abordada a distinção taxas – preços – taxas. Este título 
não está correto porque não é assim tão concorrencial. No conservatório não são 
preços mas sim taxas. Os impostos são figuras coativas obrigatórias sem uma 
correspetividade imediata. Já a taxa pressupõe atuar num mercado não concorrencial. 
Do ponto de vista jurídico é importante porque existe no direito constitucional o 
princípio da legalidade – não pode haver preços, taxas e impostos sem que sejam 
aprovadas pela AR – art.101º e seguintes que nos fala do sistema financeiro e fiscal; 
art.103º nº2 – “os impostos são criados por lei”. Ao nível das taxas 
temos leis que indicam esse critério que é o princípio da legalidade. Em anexo, no 
sigarra, está a legislação que iremos precisar. Já os 
preços sabemos que são as regras de mercado, têm regras concorrenciais - mas isso 
será lecionado apenas em Direito Económico. P.e as propinas são taxas; o parque de 
estacionamento que é propriedade da câmara municipal. E quanto às propinas nas 
universidades privadas? O que diz a lei é que o ensino deve ser público e que o 
privado só a nível excecional. Assim, de acordo com a disposição legal, não é 
concorrencial porque o ensino deve ser público. Há ainda um termo interessante com 
o qual nos deparamos na fatura do gás etc – tarifas e imposto (IVA). Temos uma 
empresa que nos diz que o consumo foi de X e que o que temos a pagar é Y. Antes de 
mais, vamos olhar para entidade em causa, se pública se privada. Depois, recorremos 
ao segundo critério – se é uma atividade concorrencial (critérios – critério da entidade 
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e tipo de atividade exercida). Este tipo de atividade são atividades concorrenciais 
porque já se iniciou o processo de privatização – consumidores podem escolher – 
temos liberalização dos setores. O principal é saber se é ou não uma atividade 
concorrencial. Quando falamos em tendência para a liberalização, devemos ter em 
atenção, de que não é de tudo. Mais adiante falaremos das contribuições para a 
segurança social que são, efetivamente, impostos. 
 Nas aulas práticas discutir-se-ão as questões de ontem, sobre as taxas 
moderadoras, taxa sobre a segurança alimentar, etc. Até que ponto esta é uma taxa 
ou será um imposto camuflado? Há sempre um serviço indireto. No âmbito das 
contribuições as obrigatórias para a segurança social são importantíssimas porque são 
verdadeiros impostos e, para além disso, a discussão está na ordem do dia ao nível 
político. A confusão e a falta de conhecimento técnico é generalizada. O termo “taxa 
social única” está incorreto. Nestas contribuições temos duas realidades (no caso dos 
trabalhadores independentes) – a atividade patronal e o trabalhador. Cada uma destas 
entidades financia o sistema de segurança social através das ditas contribuições 
obrigatórias para a segurança social. A carga total fiscal, segurança social para os 
trabalhadores independentes, é de 104,5% em que 23,75% é parte da entidade 
patronal e a outra parte, 11%, é descontado no salário do trabalhador. No entanto, 
quem decide os salários são as entidades patronais. Estas, ao definir um salário, já 
fazem todos estes cálculos, a todos estes custos. P.e se contrato uma pessoa e vou 
pagar 100, vou impor a taxa obrigatória dos 23,75%, e deduzo os 11%. Todos os 
meses a entidade empregadora tem de obter o valor de 34,75% - senão daí advêm 
problemas. O governo diminui a carga de custos para as entidades patronais e 
aumenta a taxa do trabalhador de 11% para 18%. Se antes o trabalhador via retirado 
do salário 11%, agora vê retirado 18%! Fazendo as somas, temos um aumento de 
carga fiscal claríssimo de 1,25%. No caso dos trabalhadores dependentes, em 
Janeiro, qual será a diminuição da carga fiscal. É o trabalhador quem suporta toda 
esta taxa. Ver no sumário algumas orientações ao nível mundial. Deve atentar-se no 
que diz o FMI e as organizações internacionais – ler última declaração do FMI de 11 
de Setembro sobre a matéria – estamos em 49% de taxa com a sobretaxa (o normal 
era 46). Era altamente improvável que o FMI viesse dizer que se devia aumentar. O 
FMI apenas diz que se devem baixar as contribuições para a segurança social ou seja, 
o 11% deixa-se estar mas o 23,75% é muito alto. 
 Vamos concentrar-nos nos impostos que ainda fazem parte da matéria 
anterior. Pág.33 – o principal imposto ao nível português, ou seja, aquele que gera 
mais receita é o IVA seguido do IRS e depois o IRC. Comparativamente com outros 
Estados, nós não estaríamos bem porque o imposto que deveria contribuir mais 
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deveria ser o IRC – noutros países é o imposto que mais receita gera. Se no nosso 
caso o imposto que gera mais receita é o IVA, significa que somos um país 
extremamente consumidor. Ao IRS ainda temos de somar as contribuições 
obrigatórias para a segurança social – o trabalhador independente vê retirado do seu 
salário quase 60% do seu rendimento. Se somarmos a isto o IVA que pagamos a 23%, 
o sistema está de facto sobre pressão. Em termos de impostos temos esta realidade 
que deve ser alterada. O Estado pode também influenciar o comportamento dos 
contribuintes atribuindo benefícios fiscais. A política, os estatutos dos benefícios 
fiscais, é algo que vamos estudar em Direito Fiscal. 
 Fins da tributação – pag.34 e seguintes do manual. Os impostos são uma 
realidade necessária para pagar o preço de uma sociedade civilizada. Tornar-se útil 
consultar site das finanças no qual tem um exercício de simulação que nos diz para 
onde vai toda a tributação que pagamos. Os impostos podem ser proporcionais ou 
progressivos mas, a regressividade também pode ser benéfica a partir de determinado 
montante. Todavia, a regra é a proporcionalidade e a progressividade (redistribuição 
do rendimento). O que está a acontecer é que há cada vez mais concentração de 
riqueza – fenómeno que está a aumentar por todo o mundo. P.e a classe média dos 
Estados Unidos está a ser “encaminhada” para o patamar da pobreza. O Secretário de 
Estado diz que vai haver uma racionalização nas taxas – não podemos criar uma 
ilusão porque apesar de eliminar escalões, a carga fiscal vai continuar a existir – o que 
poderá acontecer é estabelecer determinado limite. Ver a 
lei geral tributaria – LGT – art.4º. Definição de taxa, de imposto, da constituição. 
Quanto à definição de tarifa e preço ver pag.38 do manual. A lei das finanças locais 
veio equiparar a tarifa a preço. Possivelmente vamos analisar alguns acórdãos de dois 
tribunais – DAS e Tribunal de Contas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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26-09-2012 
Perspetiva histórica 
O presente: 
x A estagnação económica da última década 
x O aumento do desemprego 
x O agravamento do desequilíbrio das contas públicas 
 
Hoje vamos falar da história das finanças públicas portuguesas. Nas aulas práticas 
iremos desenvolver um pouco mais este tema. A história tem esta vantagem: parar 
para refletir, ver como foi o passado, o presente, ver como resolver os problemas para 
o futuro. No presente, temos a seguinte situação: em finais da década de 90 (98,99), 
em 96/97 começaram a sentir-se os efeitos – até aos dias de hoje temos sentido uma 
estagnação económica (não há crescimento da economia). Esta tem desde logo um 
sério problema – não há criação de emprego. Se o crescimento for muito baixo ou não 
existir, a economia não cria emprego. Com a estagnação económica, a economia não 
cresce, não há oportunidades de emprego o que, por conseguinte, leva ao aumento da 
emigração – ao longo desta década terá sido cerca de 7% da população portuguesa 
uma vez que o país não oferece emprego.Emigrar é um fenómeno muito natural 
(apesar de visto com preconceito) em economias desenvolvidas que têm os níveis de 
desenvolvimento mais elevados. O problema é o facto de não haver emprego e o facto 
de a economia não dar oportunidades de trabalho. Houve um desequilíbrio das contas 
públicas sendo que, nos últimos anos, a política de finanças era um suicídio. 
 
O século XX 
x Início do século: a substituição da monarquia pela república 
x Entre 1910-16: 16 governos 
x Entre 1918-23: 29 governos 
x A participação do país na I guerra mundial 
x 1926: equilíbrio das contas públicas e tem início a maior ditadura 
europeia do século XX 
x Finais dos anos 50: industrialização do país e elevadas taxas de 
crescimento 
 
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No início do século dá-se a substituição da monarquia pela república. Num 
ambiente económico e social tenso, … o país tinha acabado de sair da bancarrota no 
séc.XIX e, portanto, substitui-se a monarquia pela república. 
 Entre 1910 e 1916 tivemos 16 governos, tivemos uma sucessão de governos (o 
que foi algo assustador). Politicamente são equilíbrios muito difíceis por sermos 
individualistas. Entre 1918 e 1923 tivemos 29 governos: a tensão e o conflito 
eram permanentes. Entre 1919 e 1918 temos a participação do país na I guerra 
mundial – apesar de tudo foi muito bem gerido mas tivemos problemas acarretados 
pela participação na guerra. 
O equilíbrio das contas públicas dá-se quando se instaura um governo militar. 
Ao tempo das revoluções, temos um regime militar em que é indicado para ministro 
das finanças Salazar que sanou as contas públicas desde 1926 até 1964. Portugal foi 
dado como um país exemplar nas finanças públicas. Em contrapartida, era um ditador 
– impôs a disciplina num povo e políticos desgovernados. A sua preocupação foi 
desde logo as finanças públicas (tinha uma visão rígida). Os anos de 1916 e seguintes 
foram anos de muita disciplina orçamental, resolveu-se uma série de problemas – 
criação e escolas, etc. 
Em finais dos anos 50 deparamo-nos com a industrialização do país e elevadas 
taxas de crescimento. Associado a isto não se deve esquecer o processo de 
descolonização o qual Salazar soube gerir muito bem – o excesso de população que 
existia com excesso de emprego e retirar os benefícios das colónias. Permitiu 
modernizar o país, possibilitar a industrialização, etc. Portugal é um dos países que 
tem maiores reservas de ouro. 
 
O século XX (continuação) 
x 1974: instauração da democracia em Portugal 
x 1920-90: o país cresceu a uma taxa média anual acima dos 2% 
x A adesão à CEE e a implementação de reformas (fiscal, financeiras e 
sociais) 
x Na última década (2000-10), o PIB português cresceu quase sempre 
abaixo de 1% ao ano 
x O caráter estrutural da crise 
 
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Temos o país sob controlo, desenvolvimento económico, colónias (da Africa, à 
Asia, à Índia, etc). Em 1974 temos o 25 de Abril com a instauração da democracia em 
Portugal. Aqui entramos em desequilibro. Era normal que um país que nunca esteve 
habituado à democracia, quando “apanha” a liberdade, altera-se. Somos uma 
democracia ainda muito jovem comparada com países que já têm a democracia há 
séculos. De 74 até 86 – em 86 estávamos a preparar a adesão à União Europeia (12, 
ao tempo) – foi um feito magnífico. Apesar de tudo houve esta capacidade de 
adaptação, perdemos as colónias. 
 Entre 1920 e 1990 o país cresceu a uma taxa média anual acima dos 2% (até 
1995). O país estava sempre a criar emprego. O que contribuiu para isto? Até 1974 
uma ditadura – foi um período de estabilidade. Há na altura CEE atual UE. Ao 
aderirmos à CEE tínhamos algo que contribui para a modernização social e 
económica. Como povo tivemos que nos adaptar, saímos de uma ditadura em que não 
se podia ir para o estrangeiro, os níveis de escolaridades eram muito baixos, a nível 
dos direitos fundamentais estávamos muito atrasados, tínhamos um código civil muito 
desatualizado, etc. A adesão à UE obrigou a conjugação dos nossos interesses com 
os interesses de toda a união. Todas as crises que vamos passando mais não são do 
que crises de crescimento. Portugal é um país com uma democracia ainda jovem que 
precisa crescer mais e tornar-se melhor. A reforma fiscal foi importantíssima, 
reformas financeiras (maior liberalização) e sociais (maior preocupação com questões 
sociais – segurança social, etc) – permitiram ao país modernizar-se e manter-se nos 
12. Na última década temos o descalabro – fins de 1996/princípio do seculo XXI 
entramos em políticas económicas destabilizadas. O PIB português esteve quase 
sempre abaixo de 1%, praticamente nulo. Para além disso temos os problemas 
estruturais da crise. Em 1926 dá-se início à maior ditadura europeia do seculo XX. 
Portugal foi o país que teve mais tempo um ditador no governo. 
 
As causas da crise 
x O difícil ajustamento ao euro (a adesão em 1999) 
x A perda de competitividade das exportações nacionais 
x Os erros da política económica (“a paixão pelas obras públicas”) 
x Um endividamento excessivo (o incentivo a compra de habitação própria) 
x O decréscimo da produtividade 
 
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x Difícil ajustamento ao euro (a adesão em 1999): tínhamos o escudo e 
passamos a ter o euro com a adesão. Subitamente somos atirados para o 
clube dos ricos e passamos a ter uma moeda forte – produtos tornaram-se 
mais competitivos. Com o euro temos uma centralização da política monetária 
ao nível europeu que é dominada pelos países exportadores, p.e Dinamarca e 
Alemanha. Nota: ditadores estão associados a momentos de grande 
instabilidade económica e social (mas também afetou os alemães). A política 
monetária é definida por vários países. Isto será benefício dos países menos 
industrializados? Precisaríamos adaptar-nos ou aumentar a nossa 
produtividade ou eficiência. No caso português tem sido sempre uma corrida 
contra o tempo. Em termos de sociedade civil somos “brilhantes”. Ao entrar 
para a CEE tivemos que nos sujeitar às regras. No entanto houve muitos 
benefícios, tivemos sempre a balança positiva. 
x A perda de competividade das exportações nacionais – com a moeda forte 
os nossos produtos passam a ser vendidos a preços muito elevados. Foram os 
erros da política económica que nos arrumaram, não foi o ajustamento do euro. 
Um dos principais euros foi exatamente a: 
x Os erros da política económica (“a paixão pelas obras públicas”). Para 
além disso temos caraterística sociais e culturais. P.e as mordomias que os 
ministros possuem – os cidadãos veem isto com maus olhos. O facto de 
gostarmos de grandezas, exibirmos o nosso estatuto, retrata o país que temos, 
um país centralizado que esquece a realidade. Temos a paixão pelas obras 
públicas, os ministros sabiam disso, mas continuaram nessa onda. 
x Um endividamento excessivo (o incentivo a compra de habitação própria) 
– endividamento excessivo do Estado e dos cidadãos. A Europa ao ver do FMI 
é transparente. O endividamento de facto existe no caso do Estado; e no caso 
dos cidadãos? Também, mas ao ver do FMI, este último endividamento (dos 
cidadãos) era desculpável. Os códigos fiscais, o próprio IRS incentivava porque 
os juros vão ser reduzidos à… São poucos os que são proprietários, temos 
sociedades ainda desequilibradas. Assim, há o sonho de sermos proprietários. 
Então, o governo cria ilusão de sermos proprietários – empréstimos acrescidos, 
economia sobreaquecida com preços de habituações elevadas, e caros 
impostos – de facto é uma realidade negativa mas o investimento foi supérfluo. 
Por um lado, as políticas económicas empurram os cidadãos, e por outro é 
desculpável porque não foi endividamento para consumo (houve uma pequena 
percentagem mas não foi muito significativa), tivemos um bom senso para não 
gastar só em consumo. 
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15x O decréscimo da produtividade – perceber as causas disto. No tempo de 
Salazar tínhamos uma produtividade elevada; depois, já na fase democrática, 
houve um contínuo decréscimo de produtividade (talvez devido ao nosso modo 
de estar, não se sabe muito bem). 
Reforma da tributação do património; impostos atuais – IMI, IMT, imposto de selo, 
etc – precisam ser mais reformados. 
 
Bibliografia obrigatória: 
x Santos Pereira, Álvaro, Portugal, “Na hora da verdade, como vencer a crise 
nacional”, Gradiva, 2012, Pág.29-54. 
x Teixeira, Glória, Manual de Direito Fiscal, 2ª edição revista e ampliada, 2012, 
págs.48-51. 
 
Questões, dúvidas: 
Causas da crise, insustentabilidade do Estado social: a questão da segurança 
social é uma questão muito sensível. Também contribuiu para as políticas sociais mas, 
não será o tal preço que temos de pagar para uma sociedade civilizada? Pensa-se 
que sim. Ver trabalho que está no sigarra. A Inglaterra estava a viver maus momentos 
em termos de segurança social devido a subsídios “chorudos”. A segurança social 
estava a ter efeitos perversos porque em vez de estar a acudir situações sociais 
preocupantes, estava a atirar as pessoas para a pobreza e incentivar a preguiça. No 
nosso caso, estamos a uma grande distância de corrigir erros que outros já corrigiram 
em termos de segurança social. Um dos jornais de hoje, diz que o FMI critica o 
governo por não ter conseguido perceber o funcionamento da segurança social. A 
posição do FMI é clara e transparente, pede um abaixamento da fiscalidade, das taxas 
dos contribuintes obrigatórias para a segurança social. Isto está diretamente 
relacionado com os impostos- contribuições para a segurança social são verdadeiros 
impostos. Isto tem implicações também no consumidor, que precisa de emprego para 
consumir. 
Quando dissemos que a SS pode ser um fenómeno inibidor do trabalho – se os 
cidadãos fossem socialmente responsáveis, talvez esta questão não se desse? 
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No fundo, queremos ser reconhecidos na nossa coletividade. O problema da 
SS prende-se fundamentalmente com as incapacidades, pessoas que à partida não 
têm as capacidades necessárias para o trabalho, p.e inválidos, pessoas que tiveram 
acidentes e não conseguem competir no mercado. Há quem diga que esses são os 
coitadinhos, os inabilitados. No entanto há outra caraterística: aqueles a quem não 
foram dadas oportunidades ou, algumas exceções, em que conseguiram encontrar 
uma ou outra oportunidade. Quando estas não são fornecidas, tudo se torna num 
espiral do qual os cidadãos não saem. Aí entra o Estado com a segurança social. P.e 
a suíça – os mais ricos suporta, de facto, os menos favorecidos – tem um sistema forte 
(com apoio na velhice, entre outros apoios sociais). O Estado é 
importante mas também a coletividade – importância do coletivo na comunidade. 
Amanhã vamos iniciar com o orçamento (é das matérias mais complexas). 
 
27-09-2012 
 Conceitos fundamentais: 
x A previsão de receitas e despesas 
x A necessidade de autorização 
x A regra da anualidade (1 de Janeiro a 31 dezembro) 
x A distinção orçamento/conta 
Hoje vamos tratar a matéria orçamental. Existe dois lados do orçamento 
(receita e despesa). Primeiro, o que é o orçamento e diferença para conta. O 
orçamento é uma previsão. A conta é o resultado. São conceitos importantes 
tanto para as finanças públicas como para o direito fiscal. Em ambos importa 
conhecer as normas jurídicas e a sua interpretação. Nas finanças públicas não se 
trata a contabilidade, mas sim a contabilidade pública. Não a vamos tratar porque 
é matéria mais para economistas embora na nossa legislação tenha a lei da 
contabilidade pública – será necessária para o futuro. Distinção fundamental a 
fazer: orçamento e conta. É importante termos bons técnicos que prevejam 
devidamente a evolução. É sempre uma previsão e, qualquer previsão pode estar 
sujeita a acertos. Nos dois últimos anos, quando lemos “orçamento retificativo” 
significa que a previsão não foi correta. No caso português temos tendência a ser 
demasiado otimistas nestas matérias quando devíamos ser mais realistas. Por 
vezes temos a preocupação de fazer boa figura (convém ter realismo). Previsão de 
Finanças Públicas 2012/2013 FDUP 
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receitas e despesas. No âmbito das receitas, as principais receitas são os 
impostos, as taxas e os preços – não esquecer as contribuições para a segurança 
social como verdadeiros impostos. Relativamente às despesas, é muito importante 
a visão realista. Previsão de receitas e despesas. 
 Há um princípio fundamental que é a necessidade de autorização ou seja, o 
governo só pode gerir o país através de previsões se estas forem legitimadas pela 
AR. Trata-se de um documento bastante complexo – tem de ser aprovado, 
autorizado pela AR, tal como os impostos. 
 Os orçamentos são anuais – vamos fazer previsão relativa a um determinado 
ano. Não é assim em todos os países. No final do ano o governo executa o 
orçamento. A previsão termina quando o ano termina e se vê a conta. 
Princípios e regras fundamentais 
x A regra da unidade: é uma regra muito importante; é uma regra capital. 
Devia ser uma regra que não deveria admitir exceções. O orçamento de 
Estado, como foi dito na 1ª aula, o Estado é centralizado pelo menos nas 
constituições atuais, são Estados que cada vez mais se querem práticas 
em que os cidadãos possam participar ativamente – descentralização. Nos 
Estados unitários, há esta descentralização, Estado central governo, 
ministérios, e alguma descentralização – os órgãos dependentes; e depois 
temos a descentralização com as autarquias locais e regiões autónomas. O 
orçamento de Estado, para cumprir esta regra, deveria incluir todas as 
receitas e despesas do Estado seja ele Estado central, local e estado 
regional, para evitarmos os problemas que estamos a ter. Isto é o que deve 
ser. Contudo, na verdade, temos uma pluralidade de orçamentos. O Estado 
central elabora o seu orçamento, as autarquias locais têm também o seu 
orçamento e as regiões autónomas têm também o seu orçamento. Isto 
desde logo em termos de orçamento não dá uma ideia completa, engloba o 
ministério das finanças. A regra da unidade - deve existir apenas um único 
orçamento. O orçamento de Estado - e note-se a timidez do Estado 
português nesta matéria que já foi alertado por OI’s - inclui receitas e 
despesas e dentro do orçamento, vamos ter um orçamento autónomo 
relativo à segurança social. Há um orçamento mas temos um 
suborçamento no orçamento de Estado. Na Holanda o orçamento é um, 
são as políticas sociais e os impostos para cobrir essas despesas – na 
saúde, educação, etc. Temos, portanto, principio regra, regra da unidade; 
no caso português admite exceções – temos orçamentos das regiões 
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autónomas e locais e, dentro do próprio orçamento, temos o orçamento 
para a SS. SEE – setor empresarial do estado; SEL – setor empresarial 
local. Esta realidade está em vias de transformação por exº no caso 
português. O setor empresarial do Estado é chamado aqui porquê? Porque 
o setor empresarial do Estado, embora tenha muitas despesas, não 
consolida nem nas despesas nem nas receitas, está fora do orçamento do 
estado. Com a crise, em Bruxelas dizem: o Estado atuando com empresas 
públicas… . O que nos diz o TUE: quando um Estado atua no mercado, sai 
da esfera pública – mal. O Estado não sai da esfera pública. Estamos a 
pagar o preço de toda a atuação do Estado na esfera comercial – as PPP, 
etc. – são empresas comparticipadas pelo Estado. Não é dado aos 
cidadãos o acesso a essa informação porque o Estado atua na sua veste 
privada – é uma contradição; não há transparência. É o estado, somos 
todos nós, a atuar na sua veste privada. Tudo isto fugiu do orçamento. 
Todavia, para efeitos de dívida, tudo o que é Estado conta. Assim, 
começou-se afazer um levantamento de todo o setor do Estado, e 
concluiu-se que estava deficitário. O perímetro do Estado ficou muito 
circunscrito para efeitos de fiscalização. Se está fora do perímetro, está 
“escondido”. Não sairá para o exame o setor empresarial do estado porque 
é uma matéria que está a ser analisada e revista. Assistimos a 
nacionalizações de bancos, p.e, e ao mesmo tempo assistimos ao seguinte: 
o Estado deve retirar-se de áreas em que, de facto, não tem competências 
– mais grave é que são setores altamente deficitários. Temos um processo 
de privatizações em que o Estado pensa, um pouco forçado, privatizar em 
40% a CGD. Privatização da TAP – empresa deficitária, setor empresarial 
do Estado, privatizou-se porque as despesas são excessivas. 
x Regra da especificação: as receitas e as despesas devem ser 
especificadas. Crítica: as receitas, são sempre muito bem especificadas – 
os impostos, etc; o problema está do lado das despesas. Neste lado existe 
a especificação, a despesa tem de estar lá, mas do ponto de vista 
contabilístico têm de ser agregadas. Tudo tem de ser agregado, somado, 
para dar uma visão da realidade. Não há suficiente especificação nos 
orçamentos portugueses. Deviam ser mais transparentes e deveríamos ter 
mais conhecimento do lado da despesa. A constituição diz que o orçamento 
deve especificar as receitas e as despesas dizendo que as despesas 
devem ser elencadas de acordo com duas classificações: a classificação 
funcional e uma classificação orgânica. No caso da despesa temos 
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especificação por ministério – classificação orgânica (despesas são 
apresentadas em função do organismo que necessita). A classificação 
funcional tem em vista o fim da despesa - se é uma despesa de natureza 
social, cultural, etc - isto é o que obriga a constituição. São classificações 
relativamente gerais. Não deveríamos pensar em regras mais objetivas 
para sabermos no fundo as coisas? São, efetivamente, regras muito gerais. 
x Regra da não compensação (universalidade): todas as receitas e 
despesas devem ser incluídas no orçamento sem qualquer desconto ou 
compensação. P.e, previsão e arrecadação de IRS, não se vai deduzir às 
receitas de IRS as despesas com a cobrança, as despesas com eventuais 
incumprimentos. 
x Regra da não consignação: não pode haver alocação/afetação de 
receitas a despesas específicas. P.e, no caso de consignação, no 
orçamento de Estado não pode existir uma rubrica que diga: 10% não 
pode, 1% da receita de IRS vai ser consignada a pagamento de bolsas aos 
estudantes do ensino superior – consignação de receitas; estaríamos a 
afetar 1% das receitas de IRS a que despesa? Financiamento do ensino 
superior, em caso concreto, atribuição de bolsas. Há exceções. Em que 
áreas fundamentais? Os sucessivos governos têm afetado parte da receita 
do iva 5% para a cobertura das despesas da SS – consignação e exceção 
há regra. Não deveria haver consignação. Exceções há regra da não 
consignação: consignação do IRS para instituições de beneficência – parte 
do IRS pode ser entregue a instituições. 
Assim, pode haver exceções no caso da unidade e do princípio da não 
consignação. 
 
Disposições legais relevantes 
x Os artigos 105º a 107º da CRP 
x A lei do Enquadramento Orçamental: artigos 1º a 8 
Nos sistemas civilistas, as normas são gerais e abstratas. No caso português ainda 
mantemos algo mais antiquado. O CC já devia ter sido atualizado. Nas normas gerais 
e abstratas cada palavra pesa. Nos sistemas civilistas é muito importante o que 
significa cada palavra. Quem tem mais poderes ao nível judicial? São os juízes 
civilistas ou os juízes da anglo-saxónica? Nos sistemas anglo-saxónicos, a norma é de 
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raiz jurisprudencial, eram os juízes que iam fazendo a lei (com base nos casos 
concretos que iam sendo julgados). Os juízes, nos países de tradição civilista acabam 
por ter mais poderes do que os juízes dos sistemas anglo-saxónicos; se a norma é 
mais específica o juiz está mais “preso”, não há muito azo a interpretação, à medida 
que se especifica a norma, reduz-se. À nossa simplicidade de sistematização 
contrapõe-se a complexidade de interpretação. 
O que diz a constituição: 
O orçamento de Estado contém: a discriminação das receitas e despesas dos 
Estados incluído… (ver artigo). O que está fora do Estado centralizado: autarquias 
locais, regiões autónomas e setor empresarial do Estado. O que contém o orçamento 
de Estado: as receitas e despesas; o orçamento da segurança social. nº2 
105º nº3 – orçamento é unitário e especifica as despesas segundo a respetiva 
classificação orgânica e funcional. 
 105º nº4 – execução orçamental que se vai falar mais adiante. 
 106º – Elaboração do orçamento (vamos falar na próxima aula) - respetivas 
fases. A 3ª fase ao nível orçamental é a fiscalização – fase muito importante. A 
fiscalização tem sido extremamente deficiente. Os nossos representantes devem ser 
mais incisivos, mais ativos e estarem mais atentos à execução orçamental pedindo 
mais contas ao governo. Se atentarmos no parlamento europeu, os deputados são 
muito interventivos e específicos. Temos normas mais que suficientes. A fiscalização é 
feita por três entidades: AR – fiscaliza a execução orçamental; fiscalização do tribunal 
de contras; fiscalização da inspeção geral de finanças. Deficiência desde logo ao livel 
parlamentar – no setor empresarial do Estado, não tínhamos acesso. Alargou-se o 
âmbito de fiscalização do tribunal de contas. O nº de inspetores foi muito reduzido. 
Falhas ao nível da AR que deveria estar atenta às atuações do Estado. A empresa 
pública é concorrencial, pratica os seus preços – são os nossos impostos a financiar 
tudo isso. 
Lei do enquadramento orçamental ler apenas os arts.1º a 8º - para efeitos de 
exames, apenas os mencionados nas aulas teóricas. 
 
Bibliografia 
Teixeira Ribeiro, José Joaquim, Lições de Finanças Públicas, Coimbra editora, 
1997 (reimpressão), páginas 49 a 90. 
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3-10-2012 
O orçamento: continuação. Bibliografia: ver documentação em anexo. 
x O equilíbrio do orçamento: os vários conceitos de equilíbrio 
1. Equilíbrio despesas efetivas e receitas efetivas (ver art 9 nº2 LEO e a opção do 
legislador pelo equilíbro primário que incentiva o endividamento do Estado e 
consequente agravamento da dívida pública) 
2. Equilíbrio despesas ordinárias e receitas ordinárias 
3. Equilíbrio entre despesas correntes e receitas correntes 
4. Equilíbrio (equidade) intergeracional (ver art 10 LEO) 
5. A estabilidade orçamental (ver art. 10º-A LEO) 
 Ficamos na aula passada na página 90 do livro de Teixeira Ribeiro. 
 Equilibrio orçamental tem extrema importância e, no caso português, tem sido 
bastante desporada. Fica a questao se a própria lei não terá contribuído para os 
desiquilíbrios que vivemos hoje. 
 Esta matéria na prática é bastante complexa. - livro de Teixeira Ribeiro está 
desatualizado. 
 O slide 5 tem uma novidade na legislação, ds sistemas anglosaxónicos, a 
utilização de distinções e noções fundamentais. 
 O que é o equilíbrio orçamental? Um orçamento em equilíbrio ou está em 
posiçao 0 ou tem superavit, em que as receitas excedem as despesas. O objetivo que 
deveria estar expresso na legislaçao é que os orçamentos devem ser equilibrados e o 
equilíbrio significa saldo 0 ou positivo. 
 LEO e LOE são diferentes. 
 A LEO regula o orçamento, desde a sua preparação, execução e fiscalização. 
Vamos disciplinar as regras orçamentais, como o orçamneto deve ser feito, executado 
e fiscalizado. 
Nota: podemos usar breviaturas no exame. 
 A própria lei dá-nos várias noções de equilíbrio. Isto faz sentido? Não 
deveriamos ter só uma noção de equilíbrio? A legislação portuguesa não é clara nem 
perfeita. 
1. Equilíbrio entre receitase despesas efetivas: O orçamento pode estar 
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equilibrado em relação as receitas e despesas efetivas, (pág.92 teixeira 
ribeiro) - são as despesas que diminuem e as receitas que aumentam o 
património do Estado. Na noção de património incluimos bens móveis, imóveis, 
ativos financeiros, todo o tipo de bens materiais ou imateriais com valor 
económico. Mas o que nos diz a lei? 
 www.oa.pt (site da ordem dos advogados) 
 Noção de equilíbrio do art.9º LEO – equilíbrio entre receitas e despesas 
efetivas (aumentam e diminuem o património do Estado) – a noção estaria perfeita se 
no art.9º parte dessa noção do equilibrio entre receitas e despesas efetivas mas inclui 
uma excepção: “sem prejuizo dos arts. 23º, 25º e 28”. Aqui adere à noção de equilibrio 
das receitas e despesas efetivas no nº2. Nº 3 – temos a constituição do património 
financeiro. Nº4 – a diferença entre receitas e despesas efetivas coresponde o saldo 
global mas no nº5 diz-se que é a diferença mas deduzida dos encargos com os juros 
da dívida. Não é uma noção rigorosa porque vai tirar da despesa os juros da dívida, 
que obviamente que são despesas também Teixeira Ribeiro diz que isto faz com que 
se diga que o orçamento do Estado está equilibrado quando de facto não esta, está 
endividado. É uma das críticas feitas. Este equilibrio, que é o adotado no orçamento 
de Estado, distorce e incentiva aos empréstimos, a criação de dívida. Este equilíbrio 
entre receitas e despesas efetivas – nós sabemos que dentro do orçamento de 
Estado, temos o orçamento da SS – ao nível do orçamento de Estado qual a 
posição do legisador em sede de SS? Em sede de SS o legislador é rigoroso, não 
ha excepção dos juros da dívida. Também nos orçamentos das regiões autónomas 
isto acontece. Como sabemos, os orçamentos das regiões autónomas são autónomos 
do orçamento de Estado – noção de equilíbrio para as regiões autónomas é entre 
receitas e despesas efetivas, sem a exceçao dos juros da dívida. Opção 
do legoislador pelo equilibtrio primário que incentiva o endividamento. 
2. Equilíbrio entre receitas e despesas primárias - esta distinção foi usada no 
passado; sao as despesas ou receitas que são frequentes, periódicas. A estas 
contrapoem-se as extraordinárias (despesas - ex investimentos, contratos pluri 
anuais, etc; receitas –ex património do Estado vendidos). 
 
3. Equilíbrio entre receitase despesas correntes – ha uma similitude com a 
noção anterior. Aqui podemos incluir as despesas de capital. As despesas 
correntes são as normais, p.e água, pagamento de funcionários,etc. As 
despesas de capital são as dos juros da dívida, etc. 
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4. Equilíbrio (equidade) intergeracional - Atualização em relação ao manual de 
Teixeira Ribeiro – embora a LEO não fale de equilíbrio, implicitamente está lá 
que tem que existir equilíbrio entre receitas e despesas não só para o ano em 
que se reporta o orçamento mas também um equilíbrio intergeracional (da SS). 
É necessario olhar também para o futuro das próprias gerações. É muito 
importante estar atento aos grandes investimentos, etc, que vão comprometer 
e afetar as gerações futuras. Agora a LEO enquadra esta preocupação. Tem 
de estar ciente e informar os cidadãos dos compromissos que vão ser 
assumidos por futuro (deve existir transparência). Este equilíbrio 
intergeracional é, de fato, importante e, os nossos governantes, têm que 
informar os eleitores. Esta noção está a dar os primeiros passos. 
Estabilidade orçamental – pressupõe que as previsões sejam o mais 
aporoximadas possível da realidade, tanto as despesas como as receitas. Os 
orçamentos retificativos significam que as previsões são demasiado otimistas. 
Preparação e votação do orçamento 
O ponto de partida é sempre um PEC (plano de estabilidade e crescimento). É 
um passo prévio na preparação do orçamento. O segundo é de natureza política. Do 
ponto de vista formal que entidades estão envolvidas na preparaçao do orçamento? 
Dentro do governo, a entidade competente é o ministério das finanças e, dentro deste, 
é a direçao geral do orçamento, e por fim as finanças, a autoridade tributária, que é 
cobrador de impostos, etc. Há também outras entidades que participam na elaboração 
do orçamento. Temos o prazo limite para apresentaçao da proposta de lei do 
orçamento pelo gov à AR – tem de ser apresentado até 15 de outubro. Nós estamos 
hoje a 12 dias do prazo limite. Deixamos sempre tudo para o último momento, falta de 
planeamento, etc. As coisas não estão bem, isto dá uma sensação de insegurança 
para os eleitores, é porque falta analisar ainda informaçoes. Entra a proposta de lei na 
AR e a fase seguinte é a discussão, na generalidade e especialidade, em comissões 
especializadas (art.12-F LEO). A proposta de lei terá que ser aproovada para se 
transformar em lei e há prazo para isso – votação da proposta de lei de orçamento no 
prazo de 45 dias após a data de emissão. 
 
 
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Hipóteses de resultados de discussão da proposta de lei do orçamento: 
1. Aprovação sem alteração da proposta de lei de orçamento; 
2. Aprovação com alteração da proposta de lei de orçamento – isto acontece 
com muita frequência, principlamnete quando o orçamento é discuitdo na 
especialidade; 
3. Nao aprovação – neste caso o governo terá de preparar uma nova 
proposta. Aprovada a lei, terá de ser publicada do diário da repúlica 
Pergunta que sai muitas vezes no exame: Distinga Lei do Enquadramento 
Orçamental ( é a lei que serve de base para a elaboração, execução e fiscalização do 
orçamento) de Leis Orçamentais (são as leis aprovadas pela AR). 
Estrutura do OE 
É constituido pelo articulado e pelos mapas orçamentais. O articulado é a 
parte mais jurídica, onde encontramos por arts. Os mapas é quando se entra na 
discriminação das receitas e despesas. Geralmente, os mapas e outra informação que 
é muito pesada nem sempre são publicados ao mesmo tempo no OE, lei permite um 
período de tempo para tal. Ver art.30º LEO. 
 O orçamento de Estado começa a ser executado, em rigor, logo a 1 de janeiro 
do ano respetivo, ou seja, começa toda a máquina do setor público administrativo a 
realizar as despesas necessárias para as funçoes mínimas do Estado. 
 
Execução orçamental 
Ao nível da execução orçamental deve fixar-se uma série de princípios ou 
critérios ordenadores. A execução orçamental tem por base a lei da contabilidade 
pública. Em termos de contabilização de despesas e receitas há o SNC (sistema de 
contabilização de despesas e receitas) e a contabilidade pública – esta lei não sei no 
exame. O orçamento que vai ser executado de 1 de janeiro a 31 de dezembro. Em 
principio se as previsões forem o mais aproximadas possível, não haverá orçamentos 
retificativos – deverá vigorar para todo o exercício económico, tais como não poderão 
ser lançados novos impostos, de acordo com o princípio da legalidade e da anualidade 
do orçamento. As leis são para se cumprir. O que é que nos dizem os artigos 42º, 44º, 
45º da LEO. No âmbitor do equilírio orçamental, não esquecer ler as ressalvas dos 
arts.23º,25º e 28º. 
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Critérios: 
x Princípio da segregação das funções – implica que as entidades 
responsáveis, aquelas que têm autoridade para autorizar os pagamentos não 
podem ser as mesmas que efetuem a despesa. Tem de haver uma separação 
entre a entidade que ordena e a entidade que executa. P.e realizaçao de uma 
determinada despesa de um determinado serviço - tem de ser autorizada pelo 
diretor de serviço e este autoriza. Não pode ser ele a assinar o cheque uma 
vez que o pagamento tem de ser feito por uma entidade diferente – isto ao 
nível das despesas. Já ao nível das receitas, tem de haver uma separação 
entre liquidação e o cobrança. Quem cobra são as finanças, e os elementos de 
liquidação são dados pelos contribuintes.Tem de haver separação de funções 
para evitar abusos ou falta de transparência. 
 
x A despesa tem de ser realizada por duodécimos - se a despesa está 
prevista para um ano não pode um serviço num mês gastar toda a verba que 
lhe estava reservada. A despesa tem de ser distribuida proporcionalmente 
pelos 12 meses para garantir que o Estado tenha dinheiro para pagar os 
vencimentos dos trabalhadores ou despesas de eletricidadde, etc – 
preocupação de eficiência. 
x Tem de haver autorização de despesa e do pagamento – despesas têm de ser 
autorizadas bem como o respetivo pagamento. 
 
x 4º - é muito importante. As receitas têm de estar, tanto ao nível da 
contabilidade pública como ao nivel do orçamento, devidamente classificadas e 
inscritas. A classificaçao dos impostos, p.e receitas, o IRS, IRC, IVA, etc. 
Inscritas, ou seja, tem-se de fazer uma previsão; inscrição pressupoe uma 
previsão da receita mas aqui, contrariamente à despesa, a receita não precisa 
de estar obrigatoriamente fixada. Aqui é que a previsão tem de funcionar como 
uma previsão. Previsão para 2012 é X – não chegou, a receita caíu. O mesmo 
nao se passa ao nível da despesa – esta tem de estar inscrita, classificada. 
Depois, há também um outro termo que é extremamente importante - 
cabimento orçamental das despesas. Não pode ser ultrapassado o montante 
máximo ao contrário das receitas. Despesa tem de ter cabimento. Se é 
apresentada uma que excede o montante autorizado então não pode nem deve 
ser autorizada. 1º tem de estar prevista, inscrita. 
 
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Algumas distinções fundamentais 
A execução do orçamento pressupõe a execução das receitas e execução 
das despesas. Obedecendo a regras de execução, o objetivo é que no final e ao longo 
do ano o orçamento esteja equilibrado mas pode não acontecer. As despesas estão 
certas, estão cabimentadas mas o problema é com a receita que tem vindo a cair. Se 
a receita não atinge os níveis exigíveis temos uma situação de desiquilíbrio. Pede-se 
que os diferentes serviços executem e mantenham um equilíbrio nos respetivos 
orçamentos. Ao nível do setor público administrativo admite-se três níveis – temos a 
administração central, administração autárquica e admnistração regional. Cada um 
destes setores tem o seu orçamento que obedecem evidentemente à constituição, 
temos os orçamentos das autarquias locais e orçamentos das regiões autónomas. 
Dentro do setor público administrativo temos a administração central temos dois tipo 
de serviços – integrados (dotados de autonomia admin) e serviços e fundos 
autónomos que se distinguem dos outros por terem autonomia financeira; podem 
realizar a sua despesa mas com respeito pelas normas de execução orçamental 
nomeadamente o cabimento – nao ultrapassar as despesas. Entram nesta area das 
universidades p.e que sao entidades com autonomia administrativa e financeira. Nos 
arts 23, 25 e 28 fala-nos nestes tipos de serviços, daí a importância desta distinção. 
Tópicos para discussão: 
x Distinçao entre LEO e LEO. - Ver a dgo, ver o orçamento de Estado para ter 
uma visão geral do mesmo. 
x A LEO contém vários conceitos de equilíbrio. Concorda com esta afirmaçao? 
Esta questão é extremamente relevante. A questao do equilíbrio orçamental e 
os seus varios conceitos. Aqui temos de fazer uma interpretaçao dos artigos 
que a prof nos explicou. Para efeitos de exame é recomendável atentar nestes 
artigos. A complexidade da questao faz apelo ao trabalho de cada um. Nesta 
questão era exigido o seguinte: 1º definir os vários tipos de equilíbrio 
orçamental; depois, o prof Teixeira Ribeiro dá uma perspetiva histórica destes 
conceitos, é útil; dizer que em determinadas fases se adotou esta noçao de 
equilibrio; entrando mesmo na questao, deve olhar-se para a LEO, art.9º e falar 
de um equilíbrio geral e do primário. Depois, e aqui é mesmo para refletir, no 
fundo entao qual é a posiçao do legislador nesta matéria? Que tipo de 
equilíbrio, olhando para este art.9º e interpretando os arts.23º, 25º e 28º. 
Noutros artigos o legislador dá-nos alguns assentos (p.e o equilíbrio da SS). 
Devemos criticar sempre o dito equilibrio primário uma vez que este é criticavel 
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27 
 
pelo facto de nao integrar os juros da divida nas despesas efetivas. 
 
Bibliografia obrigatória: 
x Teixeira Ribeiro, José Joaquim, Lições de finanças públicas, Coimbra Editora, 
1997, pág.90 a 103. 
Nota: Amanhã falaremos da fiscalização, entidades fiscalizadoras e terminaremos a 
parte do orçamento. 
 
4-10-2012 
A fiscalização do orçamento. A conta geral do Estado. Bibliografia: Teixeira Ribeiro, 
Finanças Públicas, Coimbra editora (qualquer reimpressão é válida) 
 Conclusão da matéria sobre o orçamento de Estado. Vamos falar da 
fiscalização orçamental. 
Fiscalização do orçamento e conta 
x Bibliografia: Teixeira Ribeiro, pág.126 à pág.130 
Com esta matéria está terminado o livro do professor Teixeira Ribeiro. No livro 
de Teixeira ribeiro há legislação que não está atualizada. Devemos atentar ao 
conteúdo mas a referência a legislação é para ignorar. 
Estivemos a falar de orçamento e há desde logo uma definição importante que 
deve ser tomada em consideração – diferença entre orçamento e conta. 
Orçamento é uma previsão, deverá ser a mais aproximada possível. Os nossos 
políticos serão tanto mais competentes quanto mais as previsões fossem mais 
próximas da realidade. A previsão, seja das receitas seja a execução das 
despesas – tem sido complicado porque formalmente as despesas têm de ser 
classificadas, têm de ser inscritas no documento organizado e têm de ter 
cabimento, ou seja, não pode ser ultrapassado o limite máximo na respetiva 
rubrica tudo isto na lei de contabilidade pública. Previsão que se pretende que seja 
a mais aproximada possível. Falamos seguidamente da execução que vai de 1 de 
janeiro a 31 de dezembro. Quando chegamos a 31 de dezembro o orçamento foi 
completamente executado e, a partir desse momento, o governo começa a 
preparar a chamada conta. Isto porque o orçamento, todo ele já se executou e, 
Finanças Públicas 2012/2013 FDUP 
28 
 
depois, temos o resultado. Este, não é mais do que a conta; vamos olhar para o 
saldo, para toda a execução das receitas e das despesas e vamos ver em que 
estado estamos. A situação é de equilíbrio ou superavit. O equilíbrio incentiva o 
endividamento, dá a sensação que temos capacidade para nos endividarmos. Os 
bancos, no caso BPN, a divida para nós, contribuintes, pode ascender a 6 milhões 
que vão ser pagos por nós através de impostos. As próprias políticas e a própria 
legislação induziram neste sentido. Foram avisados mas as teorias económicas e 
financeiras sempre acreditaram que o melhor seria o endividamento. Todavia, esse 
não será o melhor caminho. Na conta, temos um resultado e o ideal era que fosse 
positivo. Porquê? Porque défices e dívidas permanentes levam ao aumento do 
desemprego porque a economia não cresce, não crescendo não gere emprego e, 
por conseguinte, conduz a desigualdades sociais. Ou temos superavit ou um 
défice. Quem é a entidade competente para a elaboração da conta? É o governo 
que elabora a conta. Esta, é apresentada na AR para aprovação no parlamento. 
Tem de ser acompanhada do parecer do tribunal de contas – entramos aqui na 
fiscalização. Toda a atividade do governo, toda a sua gestão (conta) vai ter de 
estar plasmada nessa conta que antes de aprovada na AR é enviada ao tribunal 
de contas que vai emitir um parecer. O parecer acompanha a conta e, então, o 
governo apresenta na AR a conta juntamente com o parecer. A conta pode ser 
rejeitada pela AR – pensa-se que isso nunca aconteceu mas poderia acontecer. 
Muitas vezes, o parecer do tribunal de contas não é muito favorável da conta geral 
do estado; o tribunal de contas coloca muitas reservas e muitas dúvidas. Só 
quando se apresenta a conta é quetemos o resultado, depois vai ao tribunal de 
contas e depois à AR. Será que esse é o único nível? Não. Há uma fiscalização 
sucessiva quase contínua no caso português da execução orçamental. De que 
modo? A fiscalização faz-se desde logo pelo próprio ministério das finanças 
através de uma direção própria, e através da fiscalização da aplicação de regras 
de contabilidade pública ou seja, a entidades públicas têm de aplicar/seguir a lei da 
contabilidade pública e, portanto, há uma fiscalização pelo ministério. Há mesmo 
inspeções dentro da própria AP. Para além da lei de contabilidade pública há uma 
segunda – que é feita pelo inspetores de finanças. Estes, vêm periodicamente e 
visitam as próprias instalações para verificar faturas, contratos, documentos. Há, 
portanto, este processo de fiscalização ao longo do ano. M 3º nível de fiscalização 
é o que é feito ao nível da AR – há uma comissão especializada encarregue de 
levar a cabo a fiscalização também da execução orçamental. Temos aqui três 
níveis de fiscalização ao qual ainda juntaríamos um 4º que é o do próprio tribunal 
de contas. Este fiscaliza também previamente, sucessivamente. De que modo? 
Finanças Públicas 2012/2013 FDUP 
29 
 
Aparece aqui a figura do visto, ou seja, despesas de maior valor têm de ser 
previamente validadas pelo tribunal de contas. O governo tem de consultar o 
tribunal de contas e este tem de autorizar a respetiva despesa. Este visto tem 
vindo a ser aligeirado. P.e há 10 ou 15 anos atras qualquer contratação de um 
funcionário público estava sujeita a visto do tribunal de contas. Tinha de ir ao 
tribunal de contas para ter a respetiva autorização, Todavia, agora já não é assim. 
Só mais ao longo dos últimos que apareceram estas figuras hibridas. Não vai ser 
pedido no exame os pormenores mas, se quisermos, vamos ao site do tribunal de 
contas e encontramos legislação, jurisprudência. Não é informação exigível, 
apenas em mestrados. Noções fundamentais: orçamento e conta geral do Estado 
(contrapõem-se) – sai muito em exame. Ao nível da fiscalização: descreva os 
diferentes níveis de fiscalização do orçamento/execução orçamental. Aqui 
teríamos de falar da fiscalização da AR e depois a fiscalização sucessiva – AP, 
inspetores de entidades tributárias e tribunal de contas. 
 Ao nível da constituição relativamente a esta matéria: art.105º, 106º nº1, nº2 
(conteúdo – articulados e mapas), nº3 (diferentes documentos que devem 
acompanhar o orçamento de estado); 107º cuja epígrafe é exatamente 
fiscalização. No exame, trazer para além da legislação, trazer os artigos da 
constituição. Relativamente ao art.107º tem praticamente condensado tudo isto 
que foi explicado hoje: quem faz a fiscalização, atividades desenvolvidas, etc. Só 
não fala na fiscalização sucessiva (só fala no manual de Teixeira Ribeiro). 
 Na próxima semana vamos começar com a matéria das receitas, dos impostos 
– receitas fiscais, análises técnicas, etc. 
 
10-10-2012 
 
 Acórdão do STA – é muito elucidativo porque trata de diversos aspetos em 
sede de orçamento de Estado desde a questão de inscrição e classificação das 
receitas, desde a questão da aplicação de alguns artigos da LEO. Relativamente ao 
acórdão é o Recurso 1159/11 de 26/09/12. Este recurso/acórdão será analisado nas 
aulas práticas. Hoje vamos iniciar a matéria das receitas, dos impostos (consultar 
legislação). Lecsite – contém os códigos aos quais podemos aceder mas apenas na 
faculdade. São códigos relativos ao direito comercial e fiscal (código do IRS, IRC, IVA, 
e outros). O que é obrigatório em termos de códigos são os três principais impostos: o 
IRS, o IRC, o IVA e a lei geral tributária (do IVA). Para o exame pode levar-se códigos 
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anotados.Útil em termos de exame: o ponto de partida e de chegada nesta disciplina 
são sempre os conhecimentos teóricos, o domínio do princípio e das técnicas é 
fundamental. No 2º semestre, continuaremos, e a preocupação será olhar para o 
direito fiscal em ação, para a sua colocação prática através da análise de 
jurisprudência (aplicar a lei aos factos). Logo no início do livro, verificamos referência à 
jurisprudência do STA, principalmente os tribunais centrais administrativos. No exame 
de finanças públicas, só conterá questões teóricas, ao contrário do exame de direito 
fiscal que conterá casos práticos (semelhantes aos casos práticos realizados nas 
aulas práticas). Logo na 1ª página afirma-se que, em Portugal, mais de 35% da 
riqueza produzida anualmente é entregue ao Estado. Esta afirmação dá-nos conta 
do peso dos impostos. Em Portugal, de facto, a carga fiscal é extremamente elevada 
(estamos em 2º lugar; em 1º lugar temos a Argentina como o país que nos últimos 
tempos tem feito recair mais carga fiscal sobre os contribuintes). 
 Análise do direito fiscal: vamos analisar em termos teóricos nas FP e depois 
em termos práticos do DF, os impostos. Temos um rol, de facto, extenso de impostos. 
Todavia, culpa-se a troika pelo ônus, pela carga fiscal. No entanto, as recomendações 
da troika são no sentido de que não se agrave demasiado a carga fiscal. O anúncio de 
propostas agora para o orçamento de estado para 2013 para um aumento brutal de 
impostos. Ao nível internacional, as recomendações para Portugal são claras – carga 
fiscal tem de ser justa e reduzida. As despesas do estado são necessárias e temos de 
contribuir de acordo com o rendimento e património de cada cidadão como é óbvio. 
 Temos impostos sobre o rendimento, impostos sobre o consumo e impostos 
sobre o património. Quando se refere os 35% temos de ter uma visão geral e 
completa do sistema fiscal. Só recentemente e por imposição da troika é que tivemos 
a unificação ao nível orgânico destes diferentes departamentos. Os impostos sobre o 
rendimento e consumo geridos por um departamento, e os impostos sobre o 
património eram geridos por outro departamento. Não havia sequer um departamento 
orgânico unificado. É necessário um organismo unificado com visão central. Agora há 
a chamada autoridade tributaria que tem um diretor geral e coordena todos os 
diferentes impostos. Este é um primeiro passo essencial. Ao nível orgânico, vamos 
num bom caminho apesar de obrigados. Temos uma autoridade tributária. Ao nível 
dos impostos temos uma carga fiscal muito elevada. Com a jurisprudência os próprios 
impostos se sobrepõem uns aos outros. Tem de existir mais aperfeiçoamento. 
 Nos impostos sobre o rendimento temos o IRS (IVA é o imposto que mais 
receita gere). Nesta categoria de impostos, o IRS é o que mais receita gere. O das 
entidades coletivas tem muito maior capacidade económica (IRC). Isto significa 
apenas que temos um tecido empresarial reduzido. O IRC devia ser o imposto que 
Finanças Públicas 2012/2013 FDUP 
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mais receita geraria, mas de facto é o IRS. Imposto sobre o rendimento das pessoas 
singulares (IRS) em exame podemos utilizar a abreviatura “CIRS”. 
 Ao nível dos impostos sobre o consumo: temos à cabeça os impostos 
aduaneiros (importantes ao nível de saber qual o tratamento fiscal das importações e 
exportações). Perceber o seu modo de funcionamento, enquadramento legal, etc que 
será feito posteriormente. Temos também o IVA, que é um imposto geral sobre o 
consumo, incide sobre os bens e serviços em geral; tributa-se o consumo em geral. 
Deve haver precaução porque temos também impostos especiais sobre o consumo 
(IECs). Estes impostos, como o nome indica são especiais incidindo sobre 
determinados produtos. Estes são os principais impostos sobre o consumo (IVA, 
impostos aduaneiros e IECs).Relativamente aos impostos sobre o património temos 
o IMI e o IMT. Todavia, falta um terceiro: imposto de selo (IS). 
 Se atentarmos nesta listagem de impostos, rapidamente verificamos que há 
aqui, claramente, sobreposições. Umas são permitidas, outras têm de ser pensadas. 
No rol destes impostos, ainda nos faltaum imposto que não aparece com o nome de 
imposto – as contribuições obrigatórias para a segurança social (são verdadeiros 
impostos). Neste momento, o valor de impostos ultrapassa a fasquia dos 50%. Os 
35% referidos anteriormente aumentaram para uma carga fiscal global superior aos 
50%. Quando consumimos bens, é rendimento que já foi tributado e esse rendimento 
vai ser sujeito novamente a imposto. Ao nível do património, quando adquirimos 
imoveis, também vai ser objeto de tributação e, portante, teremos mais impostos sobre 
o rendimento. As rendas que advém do imóvel são tributadas. E depois, ainda, as 
contribuições obrigatórias para a segurança social. Há impostos fáceis de detetar, são 
instantâneos (IVA). Todavia, sobre o património não é bem assim. É todo um ambiente 
de impostos bastante pesado. Temos ainda as taxas, pagamos taxas, tarifas 
(equiparadas a preços). 
 Ao nível do direito fiscal e das receitas vamos analisar três níveis que temos 
de ter em consideração: nível internacional (falamos dos tratados com dupla 
tributação). Ao nível legislativo, temos, 
x Em primeira instância, a constituição e os princípios constitucionais, seguindo-
se os tratados sobre dupla tributação (são publicados no DR e encontra-se 
disponíveis no sitio da autoridade tributária; são sempre tratados bilaterais 
celebrados entre os Estados). 
x Num segundo nível, temos a legislação da UE (há dois instrumentos 
legislativos muito importantes que são as diretivas – têm de ser transpostas - e 
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32 
 
os regulamentos; no direito fiscal encontramos ainda um código comum aos 27 
países – código aduaneiro – regulamento). 
x Num terceiro nível, temos a legislação interna na qual se inserem os diferentes 
códigos que regulam os diferentes impostos (e são imensos). 
 
A classificação dos impostos e as matérias relativas aos instrumentos 
legislativos mais importantes será analisada no direito fiscal. 
 Ler nota de abertura da 2ª edição uma vez que dá um enquadramento geral 
destes desenvolvimentos. É muito importante para os exames, ler, para além dos 
comentários e das anotações, o código em si (anotar a que parte diz respeito). 
 
Bibliografia: Glória Teixeira, Manual de Direito Fiscal, pág.27 a 31. Os restantes 
acórdãos já estão incluídos nos códigos anotados. 
 
11-10-2012 
 Pág.34 do manual – definição de imposto e fins da tributação. 
 No manual podemos recordar definições de imposto, taxa e a questão 
dos preços (quando o Estado atua na sua veste privada). O Estado, devido à sua 
intervenção na economia (intervém nas mais diversas áreas), faz com que esta 
matéria seja relevante. 
Fins da tributação 
Alguns impostos são progressivos, p.e o IRS. O principal fim é o da 
redistribuição da riqueza, uma missão um pouco tradicional. Hoje em dia fala-se na 
igualdade de oportunidades, isto é, dar a todos a oportunidade a de aceder a essa 
riqueza. O fim essencial é a cobertura das despesas e só depois a redistribuição. 
 De facto, os impostos não estão talhados para redistribuir riqueza, pelo 
contrário. Se integrarmos as contribuições para a segurança social no conceito de 
imposto, assume-se como a figura que mais contribui para a redistribuição da riqueza. 
Recebemos rendimentos através do sistema de segurança social sendo que permite 
corrigir estas desigualdades. As próprias estatísticas mostram-nos esta realidade, isto 
é, este problema da redistribuição da riqueza tem sido uma luta permanente. 
 
Finanças Públicas 2012/2013 FDUP 
33 
 
A concentração de riqueza é um problema relevante e, em pleno séc.XXI, 
assiste-se a uma classe média que começa a ser atirada para a pobreza. Temos 
fortunas na ordem dos triliões de dólares e isto é problemático. 
 De que forma se redistribui a riqueza? Através do sistema de segurança 
social. O FMI tem estudado outras vias, nomeadamente através de impostos. Em 
Portugal, já sabemos qual o imposto – imposto de selo (imposto de património). São 
as transmissões gratuitas que são tributadas e são sujeitas a imposto de selo. 
Antigamente tínhamos o imposto sobre sucessões e doações que veio a ser 
substituído pelo imposto de selo. Os impostos sobre o património, nomeadamente o 
imposto de selo, podem funcionar como corretor do sistema de impostos (?). Quem 
tem capacidade económica de meio milhão p.e, evidentemente que tem uma 
capacidade e rendimento que não terá um cidadão comum. Estes aspetos estão ser 
tratados e, cabe aos Estados analisar estas situações. Da pág.36 à pág.40 – conceito 
de taxas. Na pág.40 entramos na integração e interpretação da lei fiscal. Mas antes 
deve voltar-se a algumas matérias – a lei geral tributária, (os códigos regulam a vida 
de cada um dos impostos), é um guia pedagógico fiscal, contém definições que estatui 
alguns regimes servindo como uma espécie de dicionário fiscal. Estas definições serão 
úteis para efeitos de exame. Começando pelo art.1º da lei geral tributaria – regula 
relações jurídicas tributárias dizendo que essas são as que são estabelecidas entre a 
organização tributária, as pessoas singulares e coletivas. O art.1º nº3 está 
desatualizado mas, no respetivo comentário, tem tudo explicado – o imposto 
pressupõe relação jurídica entre o Estado e os contribuintes. Estes, os contribuintes, 
podem ser pessoas singulares (cada um de nós) ou pessoas coletivas (é um conceito 
mais complexo). Diz-nos também que pessoas coletivas é que estão sujeitas ao 
código de IRC. Mas o que importa analisar agora é o art.1º nº3 – em que consiste esta 
administração tributária. No ano passado tínhamos uma administração fiscal com 
diversas Direções Gerais, direções gerais de várias coisas. Se virmos o art.1º n3, 
serve um pouco de história, uma vez que explica como a organização fiscal estava 
organizada. Todavia, todas estas direções foram fundidas na autoridade tributária. O 
art.2º da LGT é um artigo subsidiário. Art.3º - classificação dos tributos. Este artigo é 
importante porque as classificações dos tributos têm o seu sentido útil em sede de 
procedimento do processo tributário. No 4º ano vamos repescar estas distinções. 
 A LGT dá-nos as classificações dos tributos (engloba impostos taxas e 
contribuições – definição mais ampla). Esta classificação tem um efeito útil sendo uma 
espécie de orientação. Devemos centrar-nos nas classificações enunciadas pela 
doutrina nacional e internacional (pág.43 do manual) – impostos diretos e indiretos. O 
que nos diz a doutrina internacional? É uma distinção muito criticada. O que incide 
Finanças Públicas 2012/2013 FDUP 
34 
 
direta e indiretamente é muito difícil saber. No entanto, é uma distinção muito utilizada. 
Distinções juridicamente relevantes – impostos reais e impostos pessoais (é 
fundamentalmente teórico, na vida pratica não nos serve de muito). Os impostos 
reais são, desde logo, os que incidem sobre as coisas (direitos reais, direito das 
coisas), sendo que a sua base de incidência é o património. Já nos impostos 
pessoais, a base de incidência são os sujeitos passivos, pessoas singulares ou 
pessoas coletivas. Uma distinção que realmente tem repercussões práticas muito 
importantes é a distinção de impostos periódicos e impostos de obrigação pública 
– ver nota de rodapé o exº. Os impostos periódicos, olhando para os casos 
concretos, são os impostos sobre o rendimento uma vez que os sujeitos passivos 
(pessoas singulares ou coletivas) são tributados no seu rendimento que deve ser 
imputado a um período de tempo (que no ano português, é de 1 de Janeiro a 31 de 
Dezembro). Nestes impostos temos rendimento gerado desde 1 de Janeiro até 31 de 
Dezembro. Esta é a regra geral mas há exceções. Obtenção de rendimento que não 
são imputadas a um ano civil são várias. Os contribuintes também podem optar por 
períodos de tempo, períodos fiscais, diferentes – são exceções à regra. A regra é o 
princípio da anualidade. Já noutros

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