Buscar

Criminologia 2020 1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 75 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 75 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 75 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ESCOLAS
CRIMINOLÓGICAS
DOS CLÁSSICOS À CRIMINOLOGIA CRÍTICA
Escola
Clássica
 Não existiu propriamente uma Escola Clássica, que foi assim
denominada pelos positivistas em tom pejorativo (Ferri). As
ideias consagradas pelo Iluminismo acabaram por influenciar a
redação do célebre livreto de Cesare Beccaria, intitulado Dos
delitos e das penas (1764), com a proposta de humanização das
ciências penais.
 Além de Beccaria, despontam como grandes intelectos
dessa corrente Francesco Carrara (dogmática penal) e
Giovanni Carmignani. Os Clássicos partiram de duas teorias
distintas: o jusnaturalismo (direito natural, de Grócio), que
decorria da natureza eterna e imutável do ser humano, e o
contratualismo (contrato social ou utilitarismo, de
Rousseau), em que o Estado surge a partir de um grande
pacto entre os homens, no qual estes cedem parcela de sua
liberdade e direitos em prol da segurança coletiva.
 A burguesia em ascensão procurava afastar o arbítrio
e a opressão do poder soberano com a manifestação
desses seus representantes através da junção das
duas teorias, que, embora distintas, igualavam-se no
fundamental, isto é, a existência de um sistema de
normas anterior e superior ao Estado, em oposição à
tirania e violência reinantes.
PRINCÍPIOS
 
 o crime é um ente jurídico; não é uma ação, mas sim uma infração (Carrara);
 a punibilidade deve ser baseada no livre-arbítrio;
 a pena deve ter nítido caráter de retribuição pela culpa moral do delinquente (maldade), de
modo a prevenir o delito com certeza, rapidez e severidade e a restaurar a ordem externa social;
 método e raciocínio lógico-dedutivo.
CRÍTICAS
 supunham uma homogeneidade absoluta de
todos os homens no que toca aos processos
pessoais de motivação dos atos;
 não logrou êxito em conter o avanço da
criminalidade com o suposto efeito dissuasório
da pena.
 
Escola Positiva
 A chamada Escola Positiva deita suas raízes no
início do século XIX na Europa, influenciada no
campo das ideias pelos princípios
desenvolvidos pelos fisiocratas e iluministas no
século anterior. Pode-se afirmar que a Escola
Positiva teve três fases: antropológica
(Lombroso), sociológica (Ferri) e jurídica
(Garófalo).
 É importante lembrar que, antes da expressão
“italiana” do positivismo (Lombroso, Ferri e
Garófalo), já se delineava um cunho científico
aos estudos criminológicos, com a publicação,
em 1827, na França, dos primeiros dados
estatísticos sobre a criminalidade.
 Justamente em função disso, em 1835, Quetelet publicou a obra Física social,
que desenvolveu três preceitos importantes: a) o crime é um fenômeno social;
b) os crimes são cometidos ano a ano com intensa precisão; c) há várias
condicionantes da prática delitiva, como miséria, analfabetismo, clima etc.
 Formulou ainda a teoria das leis térmicas, por meio da qual no inverno seriam
praticados mais crimes contra o patrimônio, no verão seriam mais numerosos
os crimes contra a pessoa e na primavera haveria maior quantidade de crimes
contra os costumes (sexuais). Quetelet tornou-se, portanto, defensor das
estatísticas oficiais de medição de delitos; todavia, guardou certa cautela, na
medida em que se apercebeu que uma razoável quantidade de crimes não era
detectada ou comunicada aos órgãos estatais (cifra negra).
 Ainda que se considere que o positivismo
criminológico tenha raízes nesses estudos
estatísticos (cientificidade), sua aclamação e
consolidação só vieram a ocorrer no final do
século XIX, com a atuação destacada de
Lombroso, Ferri e Garófalo, principais
expoentes da Escola Positiva italiana.
LOMBROSO
 Cesare Lombroso (1835-1909) publicou em 1876 o livro O homem delinquente, que instaurou
um período científico de estudos criminológicos. Na verdade Lombroso não criou uma teoria
moderna, mas sistematizou uma série de conhecimentos esparsos e os reuniu de forma
articulada e inteligível.
 Considerado o pai da “Antropologia Criminal”, Lombroso retirou algumas ideias dos
fisionomistas para traçar um perfil dos criminosos. Os estudos científicos de Lombroso
assumiram feição multidisciplinar, pois emprestaram informes da psiquiatria, com a análise da
degeneração dos loucos morais, bem como lançaram mão de dados antropológicos para
retirar o conceito de atavismo e de não evolução, desenvolvendo o conceito de criminoso
nato.
 Para ele, não havia delito que não deitasse raiz em
múltiplas causas, incluindo-se aí variáveis ambientais e
sociais, por exemplo, o clima, o abuso de álcool, a
educação, o trabalho etc. Ademais, Lombroso propôs a
utilização de método empírico-indutivo ou indutivo-
experimental, que se ajustava ao causalismo explicativo
defendido pelo positivismo. Efetuou ainda estudos
intensos sobre as tatuagens, constatando uma tendência
à tatuagem nos dementes.
 Por isso, afirmou que o crime não é uma entidade jurídica,
mas sim um fenômeno biológico, razão pela qual o método
indutivo-experimental deveria ser o empregado.
 Registre-se, por oportuno, que suas pesquisas foram feitas
na maioria em manicômios e prisões, concluindo que o
criminoso é um ser atávico, um ser que regride ao
primitivismo, um verdadeiro selvagem (ser bestial), que
nasce criminoso, cuja degeneração é causada pela epilepsia,
que ataca seus centros nervosos.
 Estavam fixadas as premissas básicas de sua
teoria: atavismo, degeneração epilética e
delinquente nato, cujas características seriam:
fronte fugidia, crânio assimétrico, cara larga e
chata, grandes maçãs no rosto, lábios finos,
canhotismo (na maioria dos casos), barba rala,
olhar errante ou duro etc.
 Embora Lombroso não tenha afastado os fatores exógenos da gênese criminal, entendia que eram
apenas aspectos motivadores dos fatores endógenos. Assim, o clima, a vida social etc. apenas
desencadeariam a propulsão interna para o delito, pois o criminoso nasce criminoso (determinismo
biológico).
 Lombroso classificou os criminosos em natos, loucos, por paixão e de ocasião. Inúmeras críticas
foram feitas a Lombroso, justamente pelo fato de que milhares de pessoas sofriam de epilepsia e
jamais praticaram qualquer crime. Então, em socorro do mestre, surgiu o pensamento sociológico
de Ferri.
FERRI
 Enrico Ferri (1856-1929), genro e discípulo de Lombroso, foi o criador da chamada “sociologia
criminal”. Para ele, a criminalidade derivava de fenômenos antropológicos, físicos e culturais.
 Ferri negou com veemência o livre-arbítrio (mera ficção) como base da imputabilidade;
entendeu que a responsabilidade moral deveria ser substituída pela responsabilidade social e
que a razão de punir é a defesa social (a prevenção geral é mais eficaz que a repressão).
Classificou os criminosos em natos, loucos, habituais, de ocasião e por paixão.
GARÓFALO
 Rafael Garófalo (1851-1934), jurista de seu tempo,
afirmou que o crime estava no homem e que se
revelava como degeneração deste; criou o conceito
de temibilidade ou periculosidade, que seria o
propulsor do delinquente e a porção de maldade que
deve se temer em face deste; fixou, por derradeiro, a
necessidade de conceber outra forma de
intervenção penal – a medida de segurança.
POSTULADOS
 o direito penal é obra humana;
 a responsabilidade social decorre do determinismo social;
 o delito é um fenômeno natural e social (fatores biológicos, físicos e sociais);
 a pena é um instrumento de defesa social (prevenção geral);
 método indutivo-experimental;
 os objetos de estudo da ciência penal são o crime, o criminoso, a pena e o processo.
 Ao abstrato individualismo da
Escola Clássica, a Escola Positiva opôs a
necessidade de defender mais
enfaticamente o corpo social contra a ação
do delinquente, priorizando os interesses
sociais em relação aos indivíduos. 
CRÍTICAS
 patologização do fenômeno delituoso;
 subvalorização do entorno social, que era visto como mero fator desencadeante daquilo que já
existia na personalidade (apenas desencadearia a criminalidade e não constituiria um fator
determinante);
 volta suas pesquisas apenas para os indivíduos já encarcerados, ou seja, para os indivíduosjá
selecionados pelo complexo sistema de filtros sucessivos que é o sistema penal: erro
metodológico profundo: a grande falha é a falta de um grupo de controle (grupo de criminosos
que não foram presos);
 acaba por legitimar a violência e a seletividade racista do sistema penal – a polícia prende o
criminoso nato.
POSITIVISMO NO BRASIL E AMERICA
LATINA
 Dentro de um quadro geral de transformações ocorridas no período que vai do final do séc. XIX
e início do XX, e, principalmente, com a libertação da mão-de-obra escrava e a possibilidade de
acesso a alguns direitos, iniciou-se um debate que tinha como centro de discussão justamente a
troca de status jurídico do negro e, especialmente, a possibilidade do exercício da cidadania. 
 A Abolição da escravatura, ao mesmo tempo em que gerou um enorme movimento de apoio e
comoção social, também resultou num mal-estar das classes dominantes quanto à forma com
que as relações seriam estabelecidas dali em diante, mas também, de certa forma, quanto aos
mecanismos de distribuição dos privilégios e das posições que ficariam (pelo menos em tese)
ameaçados. 
 A Criminologia atuou no sentido de tratar
desigualmente os desiguais.” 
 Um dos grandes representantes da Escola Positiva da
Criminologia e pioneiro da Criminologia Clínica na
América Latina foi o argentino José Ingenieros, cuja
obra "Criminologia" (1907) foi o primeiro tratado do
ramo publicado no continente.
 Os ideais positivistas sociológicos na área penal
foram apropriados então pela Medicina Legal, que,
encabeçada por Raimundo Nina Rodrigues no Brasil,
defendia os ideais de pureza da raça e combatia a
miscigenação, tratando-a como motivo de
degeneração. O médico Nina Rodrigues, realizava
pesquisas sociais com traços diretos da
antropologia criminal do médico
italiano Cesare Lombroso. 
 As ideias positivistas chegaram ao Brasil,
trazidas por brasileiros que foram completar
seus estudos na França, tendo mesmo alguns
sidos alunos de Auguste Comte.
O Realismo Machadiano
 Neste ínterim, mais precisamente no ano de 1881,
Machado publica sua obra-prima Memórias
Póstumas de Brás Cubas, que dentre os marcantes
personagens se destaca Quincas Borba, que de louco
e ex-mendigo, se torna o criador da hilária teoria
do humanitismo, uma verdadeira paródia da
corrente positivista. Importante lembrar que
Auguste Comte, o principal nome do positivismo,
morreu provavelmente ensandecido.
 No ano seguinte, Machado, já consagrado um
grande escritor, publica então a coletânea de
contos “Papéis Avulsos”, encabeçado pelo
conto “O Alienista”. Sua colaboração é
solicitada nos melhores jornais, onde escreve
contos que acompanham também a
extraordinária evolução expressa nas Memórias
Póstumas. 
 Em 15 de dezembro de 1896, Machado de Assis inaugura a
Academia Brasileira de Letras, recebendo o título de
patrono e presidente. No ano seguinte, assiste à publicação
do libelo de Silvio Romero, Machado de Assis: estudo
comparativo de literatura brasileira, em que esse crítico -
adepto ferrenho da Escola do Recife – procura desqualificar
o mérito do escritor, a partir de justificativas
pseudocientíficas, embalado na retórica positivista. 
CIMINOLOGIA CRÍTICA
 A Criminologia Crítica com o materialismo histórico
entende o crime como político, cultural, dinâmico e
relativo. O crime não é qualidade do ato, é ato
qualificado como criminoso. O crime nasce da elaboração
legislativa, a partir de conflitos na estrutura social.
Portanto o controle social é quem cria o crime. Trabalha a
partir do modelo de reação social.
 OBS.: última escola a ser estudada
SOCIOLOGIA CRIMINAL
 A sociologia criminal utiliza-se de teorias macro-
sociológicas, que se compõe pela vertente do
consenso e do conflito.
Teorias do Conflito
 Denota os campos áridos em constante confronto.
Coação dentro da sociedade. Forma de controle
social que impõe normas, regras, valores e temos
valores punitivos sendo aplicados.
 Entendem que na ordem social há disputas,
confrontos, força. Como o controle social formal
institucionalizado que exerce poder.
 Exemplo: Labelling Approach e Teoria Crítica.
TEORIAS DO CONSENSO
 Existem muitas barganhas para que ocorra o
funcionamento pleno das instituições. Para que tenhamos
um funcionamento da sociedade. Para que haja ordem
numa sociedade.
 Defendem que na ordem social há acordos, negociações na
busca do funcionamento pleno das instituições, com
objetivos comuns.
 Exemplo: Escola de Chicago, teoria da associação diferencial,
teoria da Anomia e Subculturas Criminais.
TEORIAS SOCIOLÓGICAS
 Teoria Ecológica (Escola de Chicago).
 Teoria das Zonas Concêntricas (Escola de Chicago).
 Teoria da Associação Diferencial.
 Teoria Estrutural Funcionalista da Anomia.
 Teoria Estrutural Funcionalista da Inovação.
 Teoria das Subculturas Criminais.
 Teoria do Labelling Approach.
ESCOLA DE CHICAGO
 Pertence ao grupo das teorias do consenso, surgiu no início do
século XX por meio de membros do Departamento de Sociologia
da Universidade de Chicago. Também conhecida como Escola
Ecológica ou Arquitetura Criminal, ou ainda, Desorganização
Criminal.
 RESUMO: atribui à sociedade - e não ao indivíduo - as causas do fenômeno criminal.
 Autores: Willian Thomas, Robert Park, Ernest Burgess;
 Período Histórico: Metade do século XX; concebida na Universidade de
Chicago;
 
HISTÓRICO: crescimento desordenado
 A cidade de Chicago havia passado por um enorme crescimento
populacional. Em 1840, tinha uma população de 4470 habitantes, e
em 1900 esse número ultrapassou um milhão, e, em 1910, a
população chega a quase dois milhões de habitantes.
 
 Tal crescimento urbano decorreu de ter se tornado um
importantíssimo entroncamento ferroviário, uma cidade industrial e
estar geograficamente localizada em um ponto que permite a
exploração do transporte via navegação pelos Grandes Lagos.
 Parte da população era composta por imigrantes
europeus, cujos países vivenciavam os conflitos das
duas guerras mundiais, e imigrantes negros do sul
dos Estados Unidos que procuravam trabalho nas
indústrias, em busca de um lugar com menos
preconceito racial.
 Nesse período, a população negra chegou a ser 7%
na cidade.
JUSTIFICATIVA?
 Em função do crescimento desordenado da cidade de Chicago, em
virtude da vinda de milhares de pessoas de todas as partes do país
(descendentes de escravos, irlandeses, eslavos, italianos e minorias
étnicas habitavam as periferias em condições precárias de higiene,
segurança, iluminação pública e etc, houve a expansão do Centro
para a periferia (movimento circular centrífugo).
 Inúmeros e graves problemas sociais, econômicos e culturais,
criaram ambiente favorável à instalação da criminalidade, ainda
mais pela ausência de mecanismos de controle social.
PREVENÇÃO PRIMÁRIA?
 A compreensão do crime sistematiza-se a partir da
observação de que a gênese delitiva relacionava-se
diretamente com o conglomerado urbano (muitas vezes
estruturado de modo desordenado e radial, o que
favorecia a decomposição da solidariedade das estruturas
sociais. Locais carentes de saneamento básico, de postos de
saúde, de políticas sociais, de igreja. A falta desses locais,
acaba fomentando o crime.
METODOLOGIA
 A Escola de Chicago, atenta aos fenômenos criminais observáveis, passou a usar
os inquéritos sociais (social surveys), sendo que tais investigações
demandavam a realização de interrogatórios diretos, feito por uma equipe
especial junto a dado número de pessoas (amostragem). Pari passu, utilizaram-
se análises biográficas de individual cases, onde permitiu-se a verificação de um
perfil de carreira delitiva.
 Estabeleceu-se a metodologia de colocação dos resultados da criminalidade
sobre o mapa da cidade, pois é a cidade o ponto de partida daquela (estrutura
ecológica).
A TEORIA ECOLÓGICA E SUAS
PROPOSTAS:
 Há dois conceitos básicos para que se possa entender a ecologia
criminal e seu efeito criminógeno: a ideia de “desorganização social”
e a identificação de “áreas de criminalidade”(que seguem uma
gradientetendency).
 
 Pensamento ecológico: “A cidade não é apenas uma estrutura física e
artificial, ela tem sentidos, costumes, tradições, sentimentos próprios.
Cada cidade tem sua própria cultura, suas regras, sua organização
formal e informal, seus usos e costumes e sua identidade”
 CALDERONI, Vivian. Criminologia. Doutrina Completa para Concursos
Jurídicos. Ed. Foco. Jurídico, 2016.
 Há uma relação direta entre o espaço urbano, sua
conformação e a criminalidade. Não apenas em relação à
quantidade de crimes, como também a distribuição dos
tipos de crimes por região da cidade, a relação entre a
forma que determinada região ou bairro se organiza e se
estrutura e o tipo e a quantidade de crimes cometidos
naquela região (Arquitetura Criminal);
A Escola de Chicago dividiu a cidade em cinco
zonas:
 Para Shecaira (2008, p. 167), “Uma cidade desenvolve-se, de acordo com a
ideia central dos principais autores da teoria ecológica, segundo círculos
concêntricos, por meio de um conjunto de zonas ou anéis a partir de uma área
central. No mais central desses anéis estava o Loop, zona comercial com os
seus grandes bancos, armazéns, lojas de departamento, a administração da
cidade, fábricas, estações ferroviárias, etc. A segunda zona, chamada de zona
de transição, situa-se exatamente entre zonas residenciais (3ª zona) e a
anterior (1ª zona), que concentra o comércio e a indústria. Como zona
intersticial, está sujeita à invasão do crescimento da zona anterior e, por isso,
é objeto de degradação constante”.
 Assim, a 2ª zona favorece a criação de guetos#, a 3ª zona mostra-se como lugar de moradia de
trabalhadores pobres e imigrantes, a 4ª zona destina-se aos conjuntos habitacionais da classe
média e a 5ª zona compõe-se da mais alta camada social.
 Dentre os precursores da Escola de Chicago, convém destacar Robert. E. Park que apontou a
influência do entorno urbano sobre a conduta humana. Concebeu o meio urbano como um
organismo dividido em zonas de trabalho, de moradia, lazer, público e privado, dentre os vários
existentes com distinção ainda dos níveis de criminalidade. Nestes espaços não seria
importante entender o fato criminoso, mas como as pessoas reagiam a ele.
# EX .BAIRRO COMÉRCIO DE SALVADOR
 OBS.: a Escola de Chicago, atribui sobrepeso à
desorganização social (considerada FATOR
CRIMINÓGENO).
 
 ATENÇÃO: A Escola de Chicago defende a
prioridade da ação PREVENTIVA e a minimização da
atuação repressiva.
Postulados:
 As ações interventivas nas cidades devem ser
planejadas, limitando-se a bairros e setores.
 Na prevenção, é fundamental a participação da
sociedade, através de seus diversos segmentos.
 Busca conjugar esforços para o enfrentamento da
criminalidade;
CRÍTICA
 Uma reflexão crítica que se tem em relação aos
estudos apresentados por esta Escola é a
limitação da própria investigação. Fica evidente
que seu estudo se preocupou em analisar as
áreas da residência dos delinquentes e não as
áreas onde os crimes ocorriam. E isto,
inequivocamente, compromete a “pureza” dos
seus dados estatísticos.
1.2. PRINCIPAIS PROPOSTAS:
 alteração efetiva da situação socioeconômica das crianças;
 amplos programas comunitários para tratamento e prevenção;
 planejamento estratégico por áreas definidas;
 programas comunitários de recreação e lazer, como ruas de
esportes, escotismo, artesanato, excursões etc.;
 reurbanização dos bairros pobres, com melhoria da estética e do
padrão das casas.
 Obs: Salvador? Mera semelhança? Projeto rebocado!
 Registre-se que a principal contribuição da Escola de
Chicago deu-se no campo da metodologia (estudos
empíricos) e da política criminal, lembrando que a
consequência direta foi o destaque à prevenção,
reduzindo a repressão.
 Todavia, não há prevenção criminal ou repressão que
resolvam a questão criminal se não existirem ações
afirmativas que incluam o indivíduo na sociedade.
2) TEORIA DA ASSOCIAÇÃO
DIFERENCIAL:
 É considerada uma teoria de consenso, desenvolvida pelo sociólogo
americano Edwin Sutherland (1883-1950), inspirado em Gabriel
Tarde.
 Cunhou-se no final dos anos 1930 a expressão white collar crimes
(crimes de colarinho branco) para designar os autores de crimes
específicos, que se diferenciavam dos criminosos comuns.
 Baseia-se no pensamento de Edwin Sutherland, segundo o qual o
delito não consiste apenas em uma inadaptação de pessoas
pertencentes as classes menos favorecidas, pois, não é praticado
com exclusividade por seus integrantes.
FATORES do processo pelo qual o indivíduo seria conduzido a cometer um
delito conforme preconizado pela teoria da associação diferencial: (Shecaira)
 1. o comportamento criminoso é um comportamento aprendido, quer
dizer, aprende-se a praticar um crime como se aprende a praticar uma
boa ação. Reconhece-se que o delito não tem como causa fatores
hereditários, mas a influência do meio.
 2. o comportamento criminoso é aprendido mediante a comunicação
com outras pessoas. Tem-se um processo de imitação, com início no seio
familiar.
 3. o grau de aprendizado do comportamento criminoso varia conforme a
proximidade existente entre as pessoas. Quanto mais íntimas as
relações sociais entre os indivíduos, maior será a influência criminógena.
4. o aprendizado do comportamento criminoso
contém o aprendizado das técnicas de cometimento
do crime, sendo em alguns casos simples, e em outros
complexas;
5. a motivação e impulsos para o cometimento de
crimes se aprende com as definições favoráveis ou
desfavoráveis da lei;
6. a conversão do indivíduo em criminoso ocorre quando as definições favoráveis a
violação da norma superam as definições desfavoráveis. Nessa hipótese, os modelos
criminais prevalecem sobre os modelos não criminais; As pessoas associam-se por
afinidade de valores. No entanto, o conteúdo desses valores são distintos conforme
a espécie de associação. Por isso esta Teoria foi rotulada de ASSOCIAÇÃO
DIFERENCIAL.
7. as associações diferenciais podem variar em frequência, duração, prioridade e
intensidade. Valores aprendidos na infância podem acompanhar a pessoa por toda a
sua vida.
 
8. a prevalência das definições favoráveis ou desfavoráveis a
norma denotam um conflito cultural responsável pela associação
diferencial;
9. A desorganização social causada pela perda da origem e
raízes pessoais, e a inexistência de controle social informal
fomentam a prática de crimes.
TEORIA DA ANOMIA
 Essa teoria insere-se dentro da família das teorias chamadas
funcionalistas. As teorias funcionalistas não buscam as causas do
fenômeno, mas se concentram nas consequências de um dado
conjunto de fenômenos empíricos.
 O combate à disfunção do sistema não se faz pelo estudo das causas,
mas sim pelo exame de suas consequências exteriores. Daí por que
se pode afirmar serem as teoria funcionalistas conservadoras, já que
não vão às raízes do problema, que é analisado na superfície.
 OBS; Direito Penal – função da Pena! Funcionalismo sistêmico de Jakobs e Teleológico de Roxin.
 Essa teoria também inclui-se nas chamadas teorias do
consenso ( que não são as preferidas pelo examinador).
Pelas teorias do consenso “a sociedade vive de forma
harmônica, todos os indivíduos vivem de forma harmônica,
de modo que o crime é algo anormal em uma sociedade
saudável”.
 A teoria da anomia tem dois expoentes: Émile Durkheim e
Robert Merton.
 Anomia: ausência de normas, ausência de regras. Para
Durkheim, a anomia é a causa principal do crime. É
quando uma parcela da sociedade não respeita as
normas sociais. Para ele, você ter uma certa parte da
população cometendo crimes é bom, pois sua punição
reforça os valores tutelados. O crime só é considerado
anomia quando muito grave. Do contrário, o crime é
normal e tem sua função social.
 Conclui-se que o autor defendia a manutenção do status
quo punitivo, o que é altamente criticado pelas correntes
criminológicas que revelam a seletividade do direito penal.
Significa desconsiderar a causa do crime e que o sistema
penal é seletivo. SE você aceita que o crimee sua punição,
desde que moderados, são bons para sociedade, você está
aceitando que a população mais vulnerável continue a ser
punida. É praticamente defender uma punição higienista.
 Robert Merton, também sociólogo, vai acompanhar
Durkheim no sentido de que o crime em si não significa
anomia. Para ele a anomia ocorrerá sempre que os modos
não conformistas de determinada sociedade superem os
modos conformistas.
 Ele cria esses dois conceitos: modos conformistas e modos
não conformistas.
 Ele trabalha com os conceitos de meios institucionais e
metas culturais.
 O que são metas culturais?
 São interesses, valores, propósitos ou fins propostos aos
membros da sociedade. Exemplo: Vencer na vida, ter a
roupa da moda, passar no concurso, etc. A sociedade é
falsamente meritocrática. Para você alçar o tal sonho
americano você precisa ter os meios institucionais para
alcança-los. Não é qualquer um que pode falar: “eu quero
eu posso”. Você precisa ter os meios institucionais para
chegar lá.
 O que são os meios institucionais?
 São o aparato cultural, familiar, econômico e social
que possibilitam o atingimento das metas culturais. É
o conjunto organizado das relações sociais, isto é, a
estrutura de oportunidades reais que condiciona,
de fato, a possibilidade de os cidadãos se
orientarem para alcançar seus objetivos culturais,
respeitando as normas legais.
Surgimento do desvio:
 O desajuste entre os meios institucionais e as metas
culturais propicia o surgimento de condutas que vão
desde a indiferença perante as metas culturais até a
tentativa de chegar às metas mediante meios diversos
daqueles socialmente prescritos.
 Merton prevê cinco tipos denominados de adaptação
individual: conformidade, ritualismo, retraimento,
inovação e rebelião.
 Conformista: o tipo mais comum, ele garante a
estabilidade da sociedade. Ele absorve as metas
culturais e tem os meios institucionais para alcançá-
la.
 Ritualista: tem os meios institucionais, mas não absorve as
metas culturais. Há um abandono ou redução dos elevados alvos
culturais do grande sucesso pecuniário e da rápida mobilidade
social.
 Embora não valorize a obrigação cultural de ascensão social, as
normas institucionais são compulsivamente seguidas. O
estereótipo do ritualista na cultura brasileira é o tímido
funcionário público, que mantém seu ritual diário e burocrático
de vinculação às normas e que não pretende dar grandes voos
além de seus tímidos horizontes.
 Retraimento: seu personagem renuncia as metas culturais e os
meios institucionais. Pertencem a essa categoria os moradores de
rua, bêbados crônicos, viciados em drogas.
 Inovação: aqui encontra-se a delinquência propriamente
dita. A pessoa absorve as metas culturais, ou seja, quer ter
prestígio, dinheiro, mas não possui os meios institucionais
para alcança-las. Dessa forma, a pessoa inova, busca meios
não institucionais para alcançar rapidamente o que quer.
Essa inovação seria o crime.
 Rebelião: a pessoa tem parcialmente os meios
institucionais e entende que as metas culturais existem,
mas não concorda com elas.
 O indivíduo refuta os padrões vigentes da sociedade,
propondo estabelecimento de novas metas e a
institucionalização de novos meios. Ex: hippies, posturas
individuais dos “rebeldes sem causa” e nas coletivas de
movimentos de revolução social.
 A sociedade é anômica quando as
posições não conformistas superam as
conformistas. Shimizu finaliza dizendo que
a sociedade brasileira é anômica.
TEORIA DA SUBCULTURA
DELINQUENTE
 A ideia de subcultura delinquente foi consagrada na literatura
criminológica pela obra de Albert Cohen: Delinquent boys.
 Cultura: são os valores dominantes em uma certa sociedade e que
são passados de geração para geração.
 Subcultura: é a cultura dentro da cultura, mas com valores opostos
ou divergentes e que não pretende substituir a cultura dominante.
 Contracultura: é a subcultura que pretende substituir a cultura
dominante.
 Essa teoria estuda as causas dos crimes cometidos no âmbito das
subculturas, especialmente no seio de grupos formados por jovens
(gangues – subcultura delinquente juvenil).
 A ideia é que na subcultura os valores são opostos ao da cultura. O
sucesso de uma é o fracasso de outra e vice-versa. Se na cultura o
cometimento de crimes representa fracasso, na subcultura
representa o sucesso.
 Esses crimes têm como característica o não utilitarismo, isto é, não
visam a um fim útil, mas apenas chocar.
 A subcultura delinquente pode ser resumida como
um comportamento de transgressão que é
determinado por um subsistema de conhecimento,
crenças e atitudes que possibilitam, permitem ou
determinam formas particulares de comportamento
transgressor em situações específicas.
 Essa teoria tem um apego exclusivo a determinado
tipo de criminalidade, sem que se tenha uma
abordagem do todo. Segundo Baratta, a teoria em
foco “permanece, pois, limitada a um registro
meramente descritivo das condições econômicas das
subculturas, que não se liga nem a uma teoria
explicativa, nem a um interesse político alternativo,
em face destas condições.
 Estas são, desse modo, acriticamente postuladas como
quadro estrutural dentro do qual se insere e funciona uma
teoria criminológica de médio alcance: ou seja, uma teoria
que parte da análise de determinados setores da
fenomenologia social (como seriam, no nosso caso, os
fenômenos da criminalização e da pena) para permanecer,
no próprio contexto explicativo, dentro dos limites do setor
examinado”.
CONCLUSÃO
 Essa teoria defende que a conduta delitiva não seria um
reflexo negativo da desorganização social e outras mazelas
da sociedade contemporânea.
 Para esta teoria todo agrupamento humano é dotado de
subculturas, com uma filosofia de vida e regras próprias.
Assim, a existência de subculturas corresponde,
naturalmente, à existência de valores distintos daqueles
pregados pela cultura dominante.
 Desta forma, é possível que algumas destas subculturas
possuam valores que se contraponham aos valores da
cultura dominante e, em razão disso, o delito não derivaria
de uma predisposição à violação da Lei, e sim um mero
reflexo destas diferenças culturais.

Outros materiais