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Programa de Pós-Graduação a Distância Curso de Pós-Graduação lato sensu em FARMACOLOGIA Pós-graduando: EAD – Educação a Distância Parceria entre Portal Educação e Sites Associados 2 Programa de Pós-Graduação a Distância Curso de Pós-Graduação lato sensu em FARMACOLOGIA Módulo III Disciplina: Histamina e Anti-histamínicos 3 HHIISSTTAAMMIINNAA ee AANNTTII--HHIISSTTAAMMÍÍNNIICCOOSS Histamina deriva da palavra grega para tecido: histos A histamina é um composto endógeno sintetizado, armazenado e liberado por mastócitos (tecido) e basófilos (sangue), e que após sua liberação exerce profundos efeitos sobre vários tecidos e órgãos. Foi identificada como constituinte normal do organismo em 1927. É uma molécula hidrofílica envolvendo um anel imidazólico e um grupamento amino conectado por dois grupamentos metileno. 4 Histórico da Histamina e Anti-histamínicos 5 Síntese, Armazenamento e Liberação da Histamina A histamina é formada a partir do aminoácido histidina, por ação da enzima histidina descarboxilase Depois de formada é armazenada em grânulos nos mastócitos e basófilos, associada à heparina, para evitar a liberação espontânea. Outros locais de armazenamento de histamina: Células da epiderme; Células da mucosa gástrica; Neurônios no SNC; Células de tecidos em regeneração ou crescimento rápido. Os mastócitos são células teciduais (não estão circulantes) que circundam os vasos e possuem receptores IgE (um tipo de imunoglobulina, ou seja, um anticorpo, formado por proteínas específicas destinadas a reações imunológicas autoimunes) na sua membrana externa. Localizam-se nas regiões de mucosa que estão em contato com o meio externo. Quando um mastócito é estimulado por um antígeno por meio de seus receptores IgE, ocorre a desgranulação e liberação de histamina. A histamina também é encontrada em basófilos, porém, os mastócitos são mais sensíveis à modulação farmacológica e por isso mais eficientes na sua liberação. 6 FONTE: Adaptado de Rang & Dale, 2007. 7 A liberação da histamina pode ocorrer por dois mecanismos distintos: Liberação citolítica: onde a membrana plasmática da célula é danificada, não sendo um processo dependente de energia. Liberação não citolítica: requer ATP como fonte de energia e também é um processo cálcio – dependente. Ocorre exocitose dos grânulos. Para que ocorra a liberação de histamina há necessidade de um estímulo. Ex: reação alérgica, inflamatória, agentes físicos, químicos e drogas. 8 DISTRIBUIÇÃO DA HISTAMINA A histamina é encontrada na maioria dos tecidos do corpo, mas principalmente: Pele; Pulmão; Mucosa gástrica; SNC. No SNC a histamina não é proveniente dos mastócitos, e sim de neurônios histaminérgicos TIPOS E LOCALIZAÇÃO DOS RECEPTORES DA HISTAMINA: Até o momento foram descritos quatro subtipos de receptores para histamina (H1, H2, H3 e H4). Todos pertencem à superfamília dos receptores acoplados a proteína G e diferem quanto à localização, segundo mensageiros e propriedades de ligação o com a histamina. A histamina exerce seus efeitos nas doenças alérgicas interagindo principalmente com os receptores H1 presentes nos diferentes órgãos. 9 10 Os antagonistas de receptores H1 de primeira geração apresentam baixa especificidade, isto é, interagem não apenas com os receptores histaminérgicos, mas também com receptores muscarínicos colinérgicos, alfa-adrenérgicos e de serotonina, como demonstrado no esquema abaixo. A extensão dessa interação e consequentemente a natureza dos efeitos adversos, variam conforme a estrutura do fármaco. Alguns efeitos podem ser indesejáveis, e outros podem ter valor terapêutico. Além disso, a incidência e a gravidade das reações adversas de um dado fármaco variam de um indivíduo para outro. 11 LIBERAÇÃO DE HISTAMINA NO CHOQUE ANAFILÁTICO O choque anafilático é a forma mais grave de reação de hipersensibilidade, desencadeada por diversos agentes como drogas, alimentos e contrastes radiológicos. Os sinais e sintomas podem ter início após segundos à exposição ao agente ou até uma hora depois. O quadro típico é o de colapso cardiorrespiratório em poucos minutos. A avaliação e o tratamento imediatos são fundamentais para evitar a morte. A liberação maciça de histamina pode causar: Sensação de calor, dor e prurido; Pele avermelhada; Taquicardia; Cefaleia. Depois de alguns minutos: Edema; Urticária na pele; Cólicas intestinais; Náuseas; Hipersecreção gástrica; Broncoespasmo; Queda de pressão arterial; Choque cardiocirculatório. 12 Exemplos de fármacos que desencadeiam a liberação de histamina: Quelicin® (succinilcolina); Dimorf® (morfina); Vancocina® (vancomicina) – “síndrome do homem-vermelho”. 13 DDRROOGGAASS AANNTTII--HHIISSTTAAMMÍÍNNIICCAASS Os anti-histamínicos são denominados segundo o receptor para histamina com o qual interagem. Assim, aqueles que atuam preferencialmente em receptores H1, H2, H3 e H4 são chamados, respectivamente, anti-H1, anti-H2, anti-H3 e anti- H4. As drogas antagonistas de receptores da histamina são providas de seletividade pelos diferentes subtipos de receptores, antagonizando os efeitos dos receptores H1, H2 ou H3. Em função dessa especificidade, os antagonistas de receptores da histamina apresentam aplicações terapêuticas bastante distintas, onde os anti-H1 são indicados principalmente em patologias de caráter alérgico, enquanto os anti-H2 são usados no tratamento de úlceras e gastrites, por reduzirem a secreção de acido clorídrico no estômago. 14 DROGAS ANTAGONISTAS DE REPCETORES H1 Pela semelhança com a molécula de histamina, os anti-histamínicos competem e bloqueiam os receptores H1. São usados no tratamento de respostas alérgicas onde histamina é liberada em virtude da ativação celular por processos de hipersensibilidade. Recentemente verificou-se que os antagonistas de receptores H1 são na realidade, drogas agonistas inversas, pois se combinam com o receptor H1, estabilizando-o e desviando o equilíbrio para o estado e inatividade, conforme demonstrado na figura abaixo. 15 CLASSIFICAÇÃO DAS DROGAS ANTI-H1 Drogas de 1ª. Geração: São substâncias lipofílicas, com baixo peso molecular e são capazes de ultrapassar a barreira hematoencefálica, logo produzem efeitos sobre o SNC, como respostas dopaminérgicas, serotoninérgicas e colinérgicas. Drogas de 2ª. Geração: São substâncias não lipofílicas que não ultrapassam a barreira hematoencefálica (fexofenadina) ou ultrapassam em menor concentração (30% Cetirizina). Possuem índice risco/benefício mais favorável. Drogas de 1ª. Geração: Drogas de 2ª. Geração: Dexclorfeniramina (Polaramine®) Loratadina (Claritin®), Hidroxizina (Hixizine®) Desloratadina (Desalex®) Cetotifeno (Zaditen®) Cetirizina (Zyrtec®) Difenidramina (Benadril®) Levocetirizina (Zyxen®) Clorfeniramina (Trimeton®) Ebastina (Ebastel®) Prometazina (Fernergan®) Fexofenadina (Allegra®) Dimenidrinato (Dramin®) Epinastina (Talerc®) Meclizina Rupatadina (Rupafin®) Ciclizina Triprolidina Azatadina (Cedrin®) Azelastina Atualmente existem mais de 40 anti-histamínicos. 16 A doxepina é um antidepressivo tricíclico com potente ação anti-H1 e H2. Induz efeito sedativo. Trata-se de uma droga com metabolização renal. Deve ser ingerido com alimentos. Evitar a ingestão concomitante de refrigerantesou suco de grapefruit. Aumentar ingestão hídrica. Pode ser também usado na forma de creme tópico a 5% para reduzir o prurido. Anti-Histamínicos tópicos Oftálmico: Olopatadina (Patanol®), Cetotifeno (Zaditen®) Nasal: Levocarbastina (Livostin®) Cutâneo: baixa eficácia e risco de fotossensibilidade (Prometazina – Fenergan® 17 Principais Indicações Clínicas dos Anti-H1: Reações alérgicas; Rinoconjuntivite alérgica; Pruridos; Dermatite atópica; Urticárias; Angioedema; Asma; Tonturas; Cinetose; Mastocitose. CINETOSE Tânia Tomaz A cinetose é uma desordem causada por certos tipos de movimento. Está presente na literatura médica desde a antiguidade tendo sida descrita originalmente por Hipócrates. O quadro se inicia com um desconforto epigástrico geralmente acompanhado por eructação e aumento da salivação. Seguem-se a estes, palidez, náusea e vômito. O movimento com aceleração constante não é capaz de provocar a síndrome, mas quanto maior for à mudança na direção e/ou amplitude do vetor de aceleração, maior a probabilidade do surgimento de cinetose. Um dos exemplos mais típicos é a cinetose provocada por viagens de barco ou navio. Não é a toa que a palavra “náusea” se origina do grego “naus”, que quer dizer navio. Estímulos visuais que induzam a movimentos oculares de fixação lateral (reflexo optocinético) podem provocar e, principalmente, agravar a cinetose. Este é o motivo pelo qual os indivíduos acometidos fecham os olhos ou procuram fixar o olhar num ponto distante quando dentro de um veículo em movimento. No entanto, mesmo de olhos fechados e sem movimentar a cabeça, o aparelho vestibular estará detectando a mudança na aceleração. O impulso iniciado no labirinto irá alcançar o cerebelo e acredita-se que atinja também o centro do vômito, na formação reticular do bulbo, tronco encefálico, reflexamente. Continua 18 Tania Thomaz Tania Thomaz Considerando que o vômito é uma atividade reflexa e que todo reflexo se baseia num mecanismo de proteção, a cinetose poderia ser considerada um sinal de alerta ao organismo para protegê-lo de estímulos incomuns, no caso movimento, que não podem ser integrados com a orientação espacial dinâmica adequada. A cinetose predomina na infância a partir dos dois anos de idade, mas pode ocorrer em qualquer idade dependendo da intensidade do estímulo. As crianças até dois anos são extremamente resistentes e a sensibilidade ao movimento diminui de acordo com o avançar da idade num mesmo indivíduo. Ainda não está claro como a estimulação do sistema vestibular provoca os sinais e sintomas da cinetose, mas a hipótese do conflito sensorial tem sido amplamente aceita. A movimentação ao qual o sujeito está submetido é percebida pelos órgãos otolíticos, canais semicirculares, olhos e receptores somáticos. Novas informações sensoriais, oriundas destes três sistemas são continuamente mandadas a um centro de integração no cérebro que por sua vez envia estas informações a um comparador entre os padrões de estimulação destes órgãos sensoriais e o padrão adquirido em experiências anteriores e armazenado como memória. Durante viagens de navio, por exemplo, a saída do comparador é o sinal conflituoso entre as entradas sensoriais e os padrões sensoriais esperados. O sinal conflituoso, resultante da comparação entre os estímulos sensoriais e os padrões armazenados na memória, atingiria o centro do vômito, provocando os sinais e sintomas característicos da cinetose. 19 ANTI-H1 USADOS NO TRATAMENTO DA CINETOSE Difenidramina; Ciclizina; Dimenidrinato; Hidroxizina; Meclizina. PPRRIINNCCIIPPAAIISS EEFFEEIITTOOSS AADDVVEERRSSOOSS DDOOSS AANNTTII--HH11 Sedação (drogas de 1ª. Geração); Ressecamento das mucosas e redução do fluxo salivar; Aumento de sensibilidade a luz solar; Contraindicação em casos de comprometimento da função hepática (astemizol e terfenadina); Desconforto epigástrico; Fadiga; Turvação da visão; Constipação e retenção urinária. 20 Sedação e Drogas Anti-H1 É uma consequência do bloqueio de receptores H1 no SNC Drogas de 1ª. Geração: doxepina>hidroxizina>dexclorfeniramina Preferir as drogas de 2ª Geração (menor sedação e efeitos anticolinérgicos) Não causam sedação nas doses recomendadas: Fexofenadina (Allegra®), Loratadina (Claritin®) e Desloratadina (Desalex®) Podem causar sedação em doses elevadas: Loratadina (Claritin®) e Desloratadina (Desalex®) Podem causar sedação nas doses recomendadas: Cetirizina (Zyrtec®) e Azelastina tópica The diagnosis and management of rhinitis: An updated practice parameter. J Allergy Clin Immunol 122:S1-84, 2008. 21 Anti-histamínicos retirados do mercado Em função dos graves problemas cardíacos e risco de morte súbita, as drogas abaixo foram retiradas do mercado. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) suspendeu em 2000, como medida de interesse sanitário, a fabricação, a distribuição, a comercialização/venda e a dispensação dos produtos que contenham em sua fórmula, isolada ou associada, a substância TERFENADINA e seus sais. A decisão foi tomada considerando os pareceres da Gerência-Geral de Medicamentos da ANVISA e da Comissão de Assessoramento Técnico em Medicamentos-Conatem. Também foram considerados estudos científicos publicados no exterior que comprovam o risco desses remédios provocarem arritmia cardíaca (alteração dos batimentos do coração) quando administrado junto com antibióticos, e em pacientes com grave doença hepática. O Laboratório farmacêutico Janssen suspendeu a produção, distribuição e comercialização do HISMANAL® e CILERGIL®, a base de ASTEMIZOL. O astemizol é um anti-histamínico indicado para tratamento sintomático das manifestações alérgicas diversas tal como rinite, espirros, sinorreia, conjuntivite, edema de Quinckle, urticária, prurido, angioedema e dermatografismo. Segundo informe do FDA, o produto está associado a riscos de morte devido a ritmos cardíacos irregulares quando tomado com outras drogas e quando consumido acima das doses recomendadas. É contraindicado o uso simultâneo do produto com mibefradil, claritromicina, troleandomicina, eritromicina, cetoconazol, itraconazol ou quinonas. O uso do produto é também contraindicado com outras drogas, incluindo os inibidores da HIV protease (indinavir, ritonavir, saquinavir e nelfinavir), inibidores da recaptação de serotonina (fluoxetina, fluvoxamina, sertralina, nefazodone e paroxetina) e antiasmáticos (zileuton). É recomendado também que o produto não 22 seja ingerido com suco de pomelo (grape fruit). O produto também é contraindicado para pacientes com disfunções hepáticas de qualquer grau. Superdosagem/intoxicação dos medicamentos com ação anti- histamínica • Coma; • Efeitos estimulantes do SNC – convulsões, discinesias e distonia; • Efeitos neuropsiquiátricos: alucinação/overdose; • Raro: ataxia, delirium e narcolepsia. CARACTERÍSTICAS DE ALGUMAS DROGAS ANTI-1 Fexofenadina (Allegra) • O cloridrato de fexofenadina é um anti-histamínico não sedativo. A fexofenadina é o metabólito farmacologicamente ativo da terfenadina. Possui atividade seletiva antagonista dos receptores H1 periféricos. • Estudos clínicos em pápula e eritema, mediados pela histamina, após a administração de 20 mg e 40 mg de cloridrato de fexofenadina, uma ou duas vezes ao dia, demonstraram que a droga produz efeito anti-histamínico em 1 hora e alcança seu efeito máximo em 2-3 horas, prolongando-se por até 12 horas. Não foi observada tolerância desses efeitos após 28 dias. • Em estudos com animais não foram observados efeitos anticolinérgicos ou efeitosobre os receptores alfa-1 adrenérgicos. • A administração concomitante de fexofenadina com uma refeição rica em gordura reduziu as concentrações plasmáticas de fexofenadina. O tempo para a concentração máxima foi retardado em 50%. A velocidade ou quantidade da absorção da pseudoefedrina não foi afetada pelos alimentos. É recomendável evitar a administração com alimentos ricos em gordura. 23 • Não é necessária nenhuma precaução específica em pacientes com insuficiência hepática. Em caso de insuficiência renal e em idosos, a dose deve ser ajustada. • Uso durante a gravidez e lactação: não foram realizados estudos bem controlados em mulheres grávidas, portanto fexofenadina não deve ser utilizado durante a gravidez a menos que a relação risco/benefício seja avaliada pelo médico e supere os possíveis riscos para o feto. A fexofenadina e a pseudoefedrina são excretadas no leite materno. Portanto, o uso de fexofenadina não é recomendado em lactantes. • As reações adversas mais frequentes foram: insônia, cefaleia, náuseas, boca seca, vertigens, agitação, dispepsia, irritação na garganta, dor nas costas, palpitação, ansiedade, infecções do trato respiratório superior e dor abdominal. Ebastina (Ebastel) • Os efeitos adversos mais comumente relatados nos estudos clínicos com ebastina foram: cefaleia, boca seca e sonolência, comparáveis ao placebo. Outros efeitos adversos menos comumente relatados foram: faringite, dor abdominal, dispepsia, astenia, epistaxe, rinite, sinusite, náusea e insônia. • A ebastina não deve ser administrada em caso de doença alérgica aguda que necessite de atenção urgente (isto é, anafilaxia), já que o efeito terapêutico aparece 1 a 3 horas após a administração. • Não deve ser administrado em crianças menores de dois anos de idade, pois os parâmetros de segurança não foram estabelecidos para esta faixa etária. • A segurança da administração de ebastina durante a gravidez humana ainda não foi estabelecida. Não foram identificados efeitos teratogênicos em animais; porém, não existem 24 • Estudos bem controlados em mulheres grávidas e estudos reprodutivos nem sempre são demonstrativos da resposta humana. • Como acontece com outros anti-histamínicos, é necessário cautela quando do uso de Ebastel por pacientes com: insuficiência renal ou hepática, síndrome de prolongamento do intervalo QT, hipocalemia, tratamento com qualquer droga que provoque aumento do intervalo QT ou inibição dos sistemas enzimáticos CYP3A4 como antifúngicos azóis e antibióticos macrolídeos. • A ebastina pode potencializar o efeito de outros anti-histamínicos. A ebastina não apresenta interação com teofilina, warfarina, cimetidina, diazepan ou álcool. Foram observadas interações, farmacocinética e farmacodinâmica com as associações ebastina e cetoconazol ou eritromicina (ambos conhecidos por prolongar o intervalo QT). Azatadina (Cedrin) • O maleato de azatadina é um anti-histamínico de ação prolongada com propriedades antisserotoninérgicas e anticolinérgicas. Os anti-histamínicos parecem competir com a histamina pelos receptores das células efetoras. • Os efeitos colaterais mais comuns são: sedação, sonolência, tonturas, incoordenação, desconforto epigástrico e espessamento das secreções brônquicas, erupção cutânea e boca seca. • As reações adversas relacionadas com os anti-histamínicos variam de incidência e gravidade de acordo com o paciente. Estas são: reações cardiovasculares, hematológicas (pancitopenia, trombocitopenia e anemia hemolítica), neurológicas (confusão, alucinações, tremores), gastrintestinais, geniturinárias (retenção urinária) e respiratórias, assim como alterações de humor. • A azatadina não deverá ser administrada a crianças com menos de um ano de idade, mulheres lactantes, pacientes com glaucoma de ângulo agudo, 25 retenção urinária e em pacientes fazendo uso de inibidores da MAO. Também está contraindicada em pacientes com hipertensão grave. • Os pacientes deverão ser alertados quanto a exercerem atividades que necessitem de estado de alerta mental, como dirigir automóveis, operar máquinas etc. Os anti- histamínicos podem causar vertigens, sedação e hipotensão em pacientes com mais de 60 anos. • Os inibidores da monoaminoxidase (MAO) prolongam e intensificam o efeito dos anti-histamínicos. O uso simultâneo de anti-histamínicos com álcool, antidepressivos tricíclicos, barbitúricos e outros agentes depressores do sistema nervoso central podem potencializar os seus efeitos. A ação dos anticoagulantes orais pode ser inibida pelos anti-histamínicos. Loratadina • Efeitos Colaterais de loratadina: fadiga, cefaleia, tontura, sonolência, ansiedade e depressão. Boca seca, náusea e gastrite. Prurido. Hipotensão, hipertensão, palpitação e taquicardia. Faringite e dispneia. Reações adversas raras: alopécia, anafilaxia e função hepática anormal. • A segurança em crianças abaixo de dois anos ainda não foi estabelecida. Pacientes com hepatopatia grave devem iniciar o tratamento com doses baixas de loratadina, 5mg/dia ou 10mg VO, em dias alternados. • Gravidez e lactação: não está estabelecido se há riscos. 26 ANTI-HISTAMÍNICOS DE TERCEIRA GERAÇÃO Os anti-H1 são bastante eficazes no controle de várias doenças alérgicas, em especial a rinite e a urticária. Efeitos adversos associados ao uso de anti-H1 de primeira geração estimularam a busca por compostos que fossem mais eficazes e melhor tolerados, surgindo os anti-H1 de segunda geração. Apesar de manifestarem melhor índice terapêutico, outras reações adversas passaram a ser relatadas com alguns dos anti-H1 de segunda geração, notadamente a cardiotoxicidade (terfenadina e astemizol). Refinamentos posteriores levaram à síntese de outros compostos, muitos deles na forma de metabólitos ativos. Com isso, começou a figurar na literatura o termo terceira geração para designar alguns anti-H1. Aparentemente, esse termo - terceira geração. – surgiu de forma espontânea, sem uma clara definição ou descrição de seu significado, o que, indubitavelmente, gerou muita confusão, tanto entre generalistas quanto entre especialistas. Frente a esse fato, cientistas e clínicos não envolvidos com a indústria farmacêutica se reuniram e formaram um grupo que analisou vários pontos críticos, resultando em recomendações sobre os critérios mínimos que devem ser atendidos antes que os anti-H1 possam ser reclassificados e que se possa falar numa nova classe ou geração de anti-H1. 27 Ginecomastia induzida por anti-histamínicos Os esquemas de tratamento das urticárias crônicas são variados, e recomenda-se iniciar o tratamento com anti-histamínicos H1 não sedantes ou minimamente sedantes. A adição de anti-histamínico H1 sedante pode ser benéfica em pacientes ansiosos ou para os quais a sedação noturna é desejada. É prática comum o uso de altas doses de anti- histamínicos H1 sedantes e não sedantes, acima das recomendadas pelos fabricantes, em pacientes gravemente afetados, visando a benefício adicional com o bloqueio total dos receptores H1. A adição de um antagonista de receptor H2 (ranitidina, cimetidina) ao tratamento pode ser útil para maximizar os efeitos anti-histamínicos. É preferível o uso da ranitidina à cimetidina, visto que a última apresenta em usos prolongados e em altas doses efeitos colaterais antiandrogênicos. Ao estimular a produção de prolactina e inibir o citocromo P450, a cimetidina promove o aumento da concentração plasmática do estradiol em homens, levando à perda da libido, impotência sexual e ginecomastia. A ginecomastia é o aumento benigno da mama masculina pela proliferação do tecido glandular. As causas múltiplas, incluindo a ginecomastia induzida por drogas(10-20%), que involui após a retirada da droga. Podem-se citar: hormônios andrógenos e esteroides anabólicos, gonadotrofina coriônica, estrógenos; antiandrogênicos como ciproterona e flutamida; antibióticos, antifúngicos e antiparasitários como isoniazida, cetoconazol e metronidazol; antiulcerosos como cimetidina, omeprazol e ranitidina; agentes quimioterápicos como ciclofosfamida; drogas de ação cardiovascular como amiodarona, captopril, digitoxinas, enalapril, metildopa, nifedipina, reserpina, verapamil; drogas psicoativas como diazepam, haloperidol, fenotiazinas, antidepressivos tricíclicos; drogas de abuso como anfetaminas, heroína, maconha; drogas anti-histamínicas como hidroxizine, cetirizina e loratadina e outras como penicilamina, fenitoína e antirretrovirais. An Bras Dermatol. 2007;82(3):253-6 28 BLOQUEADORES DOS RECEPTORES H2 DA HISTAMINA Os bloqueadores dos receptores H2 da histamina são eficientes redutores da acidez gástrica. A úlcera péptica é uma lesão localizada no estômago ou duodeno com destruição da mucosa da parede destes órgãos, atingindo os vasos sanguíneos subjacentes. É causada pela insuficiência dos mecanismos protectores da mucosa contra a acidez gástrica, muitas vezes devido a infecção com a bactéria Helicobacter pylori. Além da dor caracteriza-se pelas hemorragias contínuas para dentro do tracto gastrointestinal. A ruptura de uma úlcera, criando uma comunicação anormal entre o tracto gastrointestinal e a cavidade peritoneal é uma emergência médica potencialmente mortal. Uma úlcera péptica pode ocorrer em vários lugares: Estômago (chamada úlcera gástrica); Duodeno (chamada úlcera duodenal); Esôfago (chamada úlcera esofágica); Em um divertículo de Meckel. As úlceras duodenais raramente poderão progredir para uma neoplasia. Cerca de 10% da população sofrerá de uma úlcera no decorrer da vida 29 A causa do aparecimento das úlceras pépticas é sempre os danos provocados pelo ácido clorídrico e enzimas proteolíticas secretadas no estômago. Normalmente há mecanismos protectores da mucosa como muco, produção local de bases e outras. Contudo se estas barreiras falham os danos surgem na parede do estômago. No duodeno, que recebe o bolo alimentar ácido do estômago, existem outros mecanismos de protecção, como a secreção de bicarbonato, uma substância alcalina, pelo pâncreas. A mucosa do duodeno não é tão resistente como a do estômago, logo se as barreiras forem insuficientes as lesões surgem com maior facilidade. Outra causa de surgimento das úlceras é o aumento exagerado da secreção gástrica de ácido. 30 As principais causas das úlceras pépticas são: Infecção crônica com a bactéria Helicobacter pylori; Dietas inadequadas; Estresse; Álcool; Tabaco; Fatores genéticos; Uso regular de alguns fármacos como os AINEs.*** A H. pylori produz enzimas que destroem o muco, além da sua multiplicação no estômago causar danos diretamente. Nestes casos não há produção excessiva de ácido, e as lesões são devido à falência das protecões devido à bactéria. Muitas vezes há inclusivamente redução da acidez já que a H. pylori produz enzimas que aumentam o pH, de forma a se proteger. Progressão e Sintomas A úlcera péptica é uma disrupção das camadas da parede do estômago ou duodeno, frequentemente com a forma de cratera, em que o tecido conjuntivo e vasos sanguíneos estão expostos em razão à destruição da mucosa. A erosão dos 31 capilares sanguíneos pelo ácido leva às hemorragias, que se manifestam nos casos raros em que forem volumosas em fezes negras (melenas) devido ao sangue digerido. Nos 2% da população que têm úlceras, é frequente os sintomas se concentrarem ou exacerbarem em determinados períodos do ano, mas nos casos avançados não tratados são contínuos. O sintoma mais notável é a dor forte que surge geralmente no epigastro (zona do estômago junto às costelas) e por vezes também do lado direito e nas costas, cerca de duas horas depois de refeição, e desaparece após algum tempo. Outros sintomas frequentes são a náusea, vômitos e saciedade após as refeições Em alguns casos de úlcera gástrica o alívio da dor poderá vir apenas após vômitos repetidos, devido à estenose do piloro provocada pela fibrose decorrente da inflamação crônica (cicatrizações repetidas geram bandas fibrosas que inibem a passagem do bolo alimentar, levando ao vômito). Ulcera Duodenal 32 Tratamento Farmacológico das Úlceras Pépticas A secreção gástrica pelas células parietais da mucosa gástrica é estimulada pela acetilcolina, histamina e gastrina. As ligações da acetilcolina, histamina e gastrina com seus receptores resulta na ativação de proteínas quinases, que por sua vez estimulam a bomba de prótons H+/K+-ATPase a secretar íons hidrogênio em troca com K+ para o lúmen do estômago. Um canal de Cl- acopla o efluxo de cloreto para a liberação de H+, conforme esquematizado abaixo. Em contraste a prostaglandina diminui a produção de ácido clorídrico. 33 Os redutores da acidez gástrica têm indicação nos casos de dispepsia funcional tipo úlcera, onde merece destaque os Bloqueadores dos receptores H2 da histamina DROGAS ANTAGONISTAS DE RECEPTORES H2 As drogas utilizadas são: Estes agentes são inibidores competitivos dos receptores de histamina tipo 2 na superfície da célula parietal gástrica, produzindo diminuição dos níveis de AMP cíclico e da secreção de ácido. Eles inibem de forma significativa a secreção ácida basal e noturna, mas são menos efetivos na secreção estimulada pelo alimento. Para úlceras pépticas não complicadas, devem ser administradas duas vezes dia ou somente à noite com eficácia equivalente. A melhora dos sintomas ocorre geralmente com duas semanas de tratamento, e a taxa de cicatrização da úlcera duodenal ocorre em 6-8 semanas de tratamento com eficácia de 85-90%, enquanto que na úlcera gástrica ocorre em 6-8 semanas, porém oito semanas de tratamento são suficientes na maioria dos casos. 34 Fármaco Nome Comercial Dose Recomendada Ranitidina Ranitil 150 mg VO, 2 vezes ao dia ou 300 mg VO, ao deitar IM ou IV: 50 mg/dose a cada 6 a 8 horas Famotidina Famoset, Famotil, Famox. 40 mg/dia, VO ao deitar 20 mg/dia, VO como terapia de manutenção Dados Comparativos dos Anti-H2 35 Efeitos Adversos dos Anti-H2 Vertigem; Cefaleia; Diarreia; Náuseas e vômitos; Dor Muscular. Alucinações e Confusão Mental (pacientes idosos ou administração IV) Ginecomastia e galactorreia e diminuição da contagem espermática (Cimetidina) Considerações Gerais sobre as Drogas Anti-H2 • Interações da Ranitidina: Antiácidos podem diminuir a absorção da ranitidina. Redução da absorção do cetoconazol, itraconazol e diazepam. Pode diminuir os níveis séricos de procainamida e sulfato ferroso. Diminuição dos efeitos de relaxantes musculares não despolarizantes, oxaprozina e cianocobalamina. • A ranitidina diminui a toxicidade da atropina. Aumenta a toxicidade da ciclosporina, gentamicina, glipizida, gliburida, midazolan, metoprolol, pentoxifilina, quinidina e fenitoína. • Precauções ao uso de Ranitidina: Usar com cautela em crianças menores de 12 anos e em pacientes com lesões hepáticas ou renais. A modificação da dose é necessária em pacientes com problemas renais. A terapia crônica pode causar deficiência de vitamina B12. 36 • A cimetidina é um inibidor potente da secreção ácida basal e noturna, diminuindo a concentração iônica de hidrogênio e o volume de suco gástrico. É excretada por via renal, cerca de 50 a 70% não metabolizada, em 24 horas. • A ranitidina tem maior atividade, peso por peso, do que a cimetidina,determinando a inibição mais prolongada da secreção ácida. • A famotidina é um bloqueador dos receptores H2 mais potente que a ranitidina e com longa duração de ação. Na posologia de 40 mg à noite a sua eficácia é semelhante. • A nizatidina é semelhante à ranitidina. • A formulação de ranitidina associada a sal de bismuto poderá eventualmente ter interesse em úlceras refratárias à ranitidina utilizada isoladamente, mas a sua indicação preferencial é na terapêutica de erradicação do Helicobacter pylori em associação com antibióticos. V. Associações recomendadas para a erradicação do Helicobacter pylori. • Após administração IV da cimetidina pode ocorrer hiperprolactinemia. Estão descritos casos de ginecomastia. É frequente a elevação da creatinina no soro. • Com a ranitidina não se têm observado estados de confusão, agitação e delírio, descritos para a cimetidina em insuficientes renais e em doentes idosos. Não se têm verificado efeitos antiandrogênicos nem antidopaminérgicos, não determinando ginecomastia, disfunção sexual, nem aumento da prolactina. • A formulação de ranitidina associada a sal de bismuto após a administração oral dissocia-se no estômago em ranitidina e bismuto. O escurecimento da língua e a formação de fezes negras são os mais frequentes. 37 • A cimetidina interage com anticoagulantes orais, com o diazepam, a fenitoína, a teofilina e o propranolol por inibição de enzimas oxidativas dos microssomos hepáticos, ligando-se ao citocromo P450. A ranitidina, a famotidina e a nizatidina não inibe o metabolismo oxidativo hepático. • A principal droga prescrita deste grupo é a Ranitidina. • Comparada com a Cimetidina, a Ranitidina tem ação mais longa e é entre 5 e 10 vezes mais potente. • A Ranitidina tem efeitos colaterais mínimos e não produz os efeitos antiandrogênicos ou estimulantes da prolactina da Cimetidina. • A Ranitidina não afeta a metabolização de outros fármacos. • A Famotidina é similar à Ranitidina na sua ação farmacológica, mas é entre 20 e 50 vezes mais potente do que a Cimetidina e 3 a 20 vezes mais potente do que a Ranitidina. 38 REFERÊNCIAS FUSEL, A. P. et al. Ginecomastia induzida por anti-histamínicos no tratamento da urticária crônica. An Bras Dermatol. 2007; 82(3):253-6. CLAYTON BD; STOCK NY. Farmacologia na prática de enfermagem. 13. ed. Elsevier. 2006. FEELY, J. New Drugs. Atualização em Farmacologia. 2. ed. São Paulo: Andrei Editora, 1994. ABAJO, F. J. de.; RODRÍGUEZ, L. A. G. 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