Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
23/03/2019 O direito sucessório https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 1/37 jusbrasil.com.br 23 de Março de 2019 O direito sucessório Principais aspectos Resumo: O presente artigo se propõe a analisar os aspectos mais relevantes do Direito Sucessório, tão importante instituto de Direito de Família. Para tanto, pretende-se analisar, sob todos os ângulos, a forma e o procedimento da sucessão patrimonial. 1. Introdução Sucessão – transferência do patrimônio que todo ser humano é titular ao nascer com vida. A definição de sucessão para a maioria dos doutrinadores está consubstanciada na seguinte frase: sucessão é a transmissão/transferência da titularidade do patrimônio pertencente a alguém, no todo ou em parte, por força de lei ou por força da determinação de última vontade do titular do patrimônio a outrem em virtude de sua morte. Sucessão é transmissão do patrimônio que pertence a alguém – já vimos em direito das obrigações/direito comercial/direito de empresa/contratos que a transferência de um patrimônio se dá por diversas maneiras. A maneira mais comum de transferência de um patrimônio é o ato inter vivos (doação; empréstimo; venda e compra). 23/03/2019 O direito sucessório https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 2/37 2. Patrimônio O que é patrimônio? Patrimônio é o conjunto de bens imóveis, bens móveis, bens materiais e imateriais, corpóreos e incorpóreos, direitos, deveres, ônus e obrigações que todo ser humano é possuidor. Ainda que a pessoa não tenha nenhum bem, é portadora de direito, e esse direito pode ser objeto de transmissão se houver a morte do titular. “No todo ou em parte”: parte do patrimônio pode ser objeto de transmissão pela via legal (sucessão legítima), enquanto que a outra parte pela via testamentária. “em virtude de lei” – sucessão em virtude da lei é a sucessão legal ou legítima. É aquela em que quem define o destino dos bens é o legislador, não o dono do patrimônio. Se alguém morrer e não deixar testamento e deixar filhos e irmãos, o patrimônio vai para os filhos em decorrência da imposição legal. Se o critério ou justo/injusto, correto/incorreto, isso é irrelevante, mas é o critério que a lei adotou. Se o morto não concorda com o que diz a lei, deve fazer um testamento. Se não deixar, a lei irá determinar a sucessão. “ou em virtude de ato de última vontade” – sucessão testamentária. É aquela que se dará quando o falecido deixou um testamento válido e eficaz. Se o testamento é válido e eficaz, o patrimônio do testador vai para aqueles indicados como beneficiários da herança (na qualidade de herdeiro testamentário ou legatário). “em decorrência da morte do próprio titular do patrimônio” – morte no seu duplo aspecto. Em direito, a palavra tem duas vertentes: a morte real/biológica e a morte ficta/presumida/legal. As duas geram direito sucessório. Ex. Maria é casada com João. João diz que vai viajar a trabalho para Porto Alegre. O marido viaja e não retorna no domingo. Ao tentar localizar o marido, a Maria não consegue. Depois de 6 meses do desparecimento do João, Maria quer regularizar a situação dela. Maria pode entrar com uma 23/03/2019 O direito sucessório https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 3/37 declaração judicial de ausência do marido, pedindo que o marido seja declarado morto, mesmo que esteja na vida real vivo. A declaração de ausência gera direitos sucessórios assim como a morte verdadeira. Morte real/biológica – como se prova que um ser humano morreu? Através da Certidão de Óbito. Cartório do Registro Civil expede tal certidão. Com a certidão de óbito, prova-se o falecimento de um ser humano. É o documento hábil para abrir um inventário judicial ou extrajudicial. Como se expede a certidão de alguém que se envolveu em um acidente e não é possível reconhecer a pessoa? Em casos de desastre (incêndio, quebra de aeronave, etc.), desde que se prove que a pessoa estava no local dos fatos, é expedido a Certidão de Óbito pelo cartório competente. 3. Sistemas sucessórios I. Concentração obrigatória – é aquela época em que o filho homem primogênito recebia todo o patrimônio deixado pelo pai ou pela mãe que havia falecido. Obviamente esse sistema não existe mais. II. Liberdade plena de dispor – vigente em grande parte dos países europeus e da América do Norte, Ásia – o dono do patrimônio pode deixar para quem ele quiser o patrimônio e na quantidade que quiser. Aqui no Brasil não vigora esse regime. III. Divisão obrigatória – legítima – herdeiros necessários (descendente; ascendente; cônjuge sobrevivente). No Brasil, se o dono do patrimônio tiver herdeiros necessários/obrigatórios/reservatários, o dono do patrimônio não pode dispor de todo ele. Companheiro sobrevivente – aquele que vive em união estável e um dos companheiros morre, deixando companheiro sobrevivente, há uma discussão enorme se o convivente sobrevivente é herdeiro necessário da mesma maneira que o viúvo ou viúva. O professor acredita que não. A justiça entende que sim e que não. Enquanto a lei não definir permanece a situação de incerteza. 23/03/2019 O direito sucessório https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 4/37 O que é o sistema da divisão obrigatória? Brasil e Portugal adotam esse sistema da divisão obrigatória. O professor defende que deveria existir uma herança obrigatória para um ascendente, descendente ou para um cônjuge sob certas condições específicas. A enorme maioria dos países adota o sistema da liberdade plena de dispor. No sistema da divisão obrigatória, a legítima representa metade do patrimônio do morto (50%) que deverá ser transferido para os herdeiros necessários. A outra metade, o titular do patrimônio pode deixar para quem quiser (inclusive para algum dos herdeiros necessários). 3.1. Espécies de sucessão. Sucessão Legítima – ocorre em duas situações: (i) a pessoa morreu e não deixou o testamento: o patrimônio vai para aqueles indicados na lei; (ii) o testamento deixado pelo falecido for inválido/ineficaz. Existem trÊs situações de invalidez/ineficácia: nulo, anulado ou caducou. Testamento é um ato jurídico como outro qualquer. Para um ato jurídico ser válido deve obedecer os pressupostos de validade: (i) agente capaz; (ii) objeto lícito; (iii) forma da lei. Testamento anulado é quando houver vício de consentimento (erro, dolo, fraude, coação, simulação). Se o ato foi impugnado porque houve vício na vontade do testador, aquilo que deixou para o herdeiro não vai para o herdeiro testamentário, mas sim, para o herdeiro legítimo do morto. Testamento caduco – testamento feito por uma pessoa capaz, com a forma prevista na lei, com a disposição do testamento válido. No entanto, o testamento não vai ser cumprido por uma ou outra situação. Caduca por inexistência do beneficiário (ou porque aquele que foi escolhido morreu antes do testador, por exemplo) Nomeação conjunta – caso algum dos beneficiários morra, vai ter o direito de acrescer. No entanto, se descrever o quinhão (metade, por exemplo), a metade do beneficiário inexistente vai para os herdeiros necessários daquele que fez o testamento. 23/03/2019 O direito sucessório https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 5/37 Basta que o testador tenha herdeiros obrigatórios que pelo menos uma parte da herança será legítima e outra testamentária. A sucessão testamentária convive em perfeita harmonia com a sucessão legítima. Em quase 100% dos casos, quem deixa testamento possui herdeiros necessários. Sucessão contratual – art. 426 do CC – não é admitida no Brasil. O que seria a sucessão contratual? Ser objeto de um contrato o patrimônio de uma pessoa que está viva e aquele ser cumprido quando a pessoa morrer. No Brasil há proibição expressa (não é possível o pacto do corvo). A sucessão legítima se dá em duas situações: não deixa testamento ou deixatestamento ineficaz (que é ineficaz por três razões: nulo, anulado ou caducou. Sendo assim, aquilo que o herdeiro receberia vai para o herdeiro necessário. Sujeitos da sucessão: I. Morto – defunto – falecido – “de cujus” – autor da herança – finado – usar sempre que possível a expressão “autor da herança”. II. Sucessor a. Universal – herdeiro legítimo: necessário e facultativo. Os herdeiros necessários são: descendentes, ascendentes (art. 1845 do CC) e cônjuge sobrevivente. Os herdeiros facultativos são: convivente sobrevivente e colaterais até 4º grau (2º grau: irmão; 3º grau: sobrinho e/ou tio; 4º grau primo-irmão, sobrinho-neto, tio-avô). O herdeiro possui mais direitos que o legatário. Herdeiro é receber o patrimônio do morto a título universal. O que é receber a título universal? É receber um percentual, uma fatia, um quinhão, uma cota parte do conjunto de bens que forma o patrimônio deixado pelo morto. http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10704602/artigo-426-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10603820/artigo-1845-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 23/03/2019 O direito sucessório https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 6/37 O herdeiro pode ser ainda testamentário. O herdeiro legítimo, que o é por determinação legal, se subdivide em duas categorias: (i) herdeiro legítimo necessário/obrigatório/reservatário: descendentes, ascendentes e cônjuge sobrevivente. Na classe dos descendentes e dos ascendentes não há limites de gerações para se reconhecer a qualidade de herdeiro. Sâo chamados de herdeiros legítmos obrigatórios pois se alguém possuir ascendente ou descendente vivos NA DATA DO ÓBITO DO DONO DO PATRIMÔNIO, NÃO PODERIA DISPOR MAIS DO QUE METADE DO SEU PATRIMÔNIO. A outra metade, necessariamente deveria ser distribuída aos ascendentes ou descendentes. O cônjuge sobrevivente não era herdeiro necessário na regra do CC/16. Inspirado numa legislação europeia, houve uma modificação do status do cônjuge no direito sucessório. O CC/2002 colocou ao lado dos descendente e ascendentes o cônjuge sobrevivente como herdeiro obrigatório. Hoje, se for casado, pouco importa o regime de bens do casamento, não tendo o casal filhos nem ascendentes, o cônjuge sobrevivente passa a ser herdeiro, NÃO IMPORTANDO O REGIME DE BENS DO CASAMENTO. (ii) Herdeiro legítimo facultativo é aquele que vai receber o patrimônio do morto caso o falecido não tenha, em vida, determinado sua vontade de maneira contrária e não tenha herdeiros necessários. Ex. A faz testamento deixando 50% dos bens para o irmão B e para o irmão C, excluindo o irmão D. É perfeitamente possível tal situação. É por isso que o herdeiro é chamado de facultativo porque o dono do patrimônio tem liberdade plena de dispor. Ou seja, não tem obrigatoriedade de dar metade do patrimônio do falecido. b. Singular – legatário (legado é o direito que a pessoa recebe). Só existe legado se houver testamento válido deixado pelo morto. Receber um bem ou dois mais bens ou parte de um bem ou parte de dois ou mais bens devidamente individualizados, indicados, pormenorizados, em um ato jurídico anterior que é o testamento. 23/03/2019 O direito sucessório https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 7/37 Se alguém deixar no testamento e escrever na disposição do testamento “fulano receberá 25% do patrimônio de tudo ” – a pessoa que recebe é herdeiro testamentário. Se alguém deixar no testamento e escrever “deixo 25% da minha casa para fulano” – fulano é legatário, pois o testador pegou um bem e singularizou aquele bem, pormenorizou, dizendo que X% fica com fulano. Qual a diferença entre herdeiro testamentário e legatário? Morto o testador, se o herdeiro for testamentário, este entra imediatamente na posse e domínio na herança. O legatário, por sua vez, não entra na posse e no domínio do legado. Sò entra na posse e no domínio do legado quando terminar o inventário, com a partilha dos bens; (ii) se o testador dispôs mais do que poderia dispor, invadindo a legítima dos herdeiros obrigatórios, haverá a necessidade de reduzir as disposições testamentárias para proteger o herdeiro necessário. Nessa redução quem é atingido primeiro é o legatário. Sendo assim, é melhor ser herdeiro do que ser legatário. Uma pessoa pode ser, na mesma herança, só herdeiro legítimo; herdeiro legítimo e testamentário; herdeiro legítimo, testamentário e legatário. Legatário precípuo é aquele que é, na mesma sucessão, herdeiro e legatário (herdeiro legítimo e testamentário; herdeiro legítimo, testamentário e legatário). herdeiro legítimo e/ou testamentário + legatário = legatário precípuo. Herança + legado = pré legado. 3.2 Abertura da Sucessão. O que significa abertura da sucessão? É o momento do óbito, da morte do titular do patrimônio. 23/03/2019 O direito sucessório https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 8/37 A morte real se dá no momento em que se dá a atividade cerebral do ser humano. Esse é o momento, segundo a maioria dos médicos, em que ocorre o falecimento do ser humano. A morte presumida é o momento em que ocorre o trânsito em julgado da sentença declaratória de ausência. É importante delimitar a data para determinar os efeitos jurídicos: I. A lei que determina a capacidade sucessória passiva; para se determinar quem pode ou quem é sucessor do morto, é preciso verificar a lei no momento do óbito do titular do patrimônio. Art. 1787 do CC – regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei em vigor no tempo da abertura da sucessão. João e Maria contraíram núpcias no dia 03/03/1980. Tiveram dois filhos: Renato e Renata. O casamento durou muitos anos, até que em dezembro de 2002 João morre, deixando a viúvas e os filhos. OS sucessores são apenas os dois filhos, porque a lei que estava em vigor (dezembro/2002) era o Código Civil revogado de 1916. SE o morto deixasse descendente vivo e cônjuge sobrevivente, o cônjuge sobvrevivente seria, dependendo do regime de bens, meeiro daquele que morreu, mas nunca herdeiro, desde que o morto deixasse descendentes. Pensando no mesmo exemplo, só que o óbito se deu em fevereiro de 2013. Quem seriam os herdeiros de João? Os dois filhos concorrendo com a viúva, pois se aplica a lei em vigor na data da sucessão (art. 1849). Ex. Um casal contraiu núpcias em 1960. Desse casamento, tiveram dois filhos, que nasceram em 1964 e 1967. Esse casal que teve dois filhos resolveu adotar um terceiro filho em 1974. Em setembro de 1988 João morreu em um acidente de automóvel, deixando a viúva e os três filhos. Quem são os herdeiros de João? Os três filhos seriam os herdeiros do pai que morreu em setembro de 1988. Só que naquela época era o CC/16 e havia uma discriminação no direito sucessória do filho adotado após a existência de filhos legítimos do morto; o adotado recebia uma cota menor. Se o mesmo óbito tivesse ocorrido em janeiro de 1989, a divisão dos três http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10608192/artigo-1787-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103251/c%C3%B3digo-civil-de-1916-lei-3071-16 23/03/2019 O direito sucessório https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 9/37 filhos seria igual, pois a lei que estaria em vigor seria a CF/88, que entrou em vigor em outubro de 1988, que expressamente previa a não discriminação de qualquer filho. A divisão antigamente dos filhos: (i) legítimos são aqueles nascidos na constância do casamento, frutos de um casal; (ii) ilegítimos, que se subdividiam em naturais e espúrios (os espúrios eram ainda divididos em adulterinos e incestuoso). Outro efeito importante:hoje, fevereiro de 2013, se alguém deixar um testamento para uma pessoa jurídica que existe no mundo real, mas não no mundo jurídico, e morrer logo depois, a lei não permitirá que essa empresa seja herdeira. Mas vamos imaginar que daqui a 15 anos a lei permita que uma empresa que existe no mundo real apenas possa ser herdeira. Vai aplicar a lei em vigor na data do morte do testador. II. A abertura da sucessão transmite a posse e a propriedade dos bens do falecido. A morte do dono patrimônio implica na transferência incontinenti da propriedade aos HERDEIROS, não SUCESSORES (art. 1784 do CC). O legatário, com a morte do testador, não entra imediatamente na posse do legado. Para que ele entre na posse do legado, é necessário que seja aberto o inventário do testador e feita a partilha do patrimônio do testador que morreu. Com o trânsito em julgado da partilha, entra na posse e propriedade do legado. O herdeiro testamentário entra imediatamente na posse do seu quinhão, pois recebe uma fatia de tudo. Por sua vez, o legatário, para entrar na posse dessa casa, a situação padrão é entrar na posse depois que terminar o inventário. Só existe uma situação em que o legatário pode entrar na posse do legado antes do trânsito em julgado da partilha: o legatário faz um pedido aos herdeiros do morto perguntando se há algo contra a entrar na posse antes do término do inventário. Caso os herdeiros concordem, o legatário entra na posse do legado; (ii) quando o legatário for o único sucessor do testador (sucessor universal). Ex. Não tenho herdeiros legítimos necessários, mas tenho irmãos e sobrinhos vivos. Posso deixar um testamento e escolher http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10608308/artigo-1784-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 23/03/2019 O direito sucessório https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 10/37 uma pessoa como sucessora universal, pegando todo o patrimônio, vendo e adquiro um único bem imóvel. Como tenho uma relação de amizade com certa pessoa, deixo um testamento e instituo a pessoa como única sucessora na qualidade de legatária. Como é legatária, a princípio, não entrar na posse do legado. Mas como é a única sucessora, entra na posse do legado, pois só existe o legatário. Por força do que determina o artigo 1784 do CC, com a abertura da sucessão, os herdeiros do morto entram na posse e propriedade da herança. Esse princípio de que o patrimônio é transferido imediatamente aos herdeiros com a morte do autor da herança tem origem na Idade Média, denominado Princípio da Saisine (“le mort sait le vif”). A sociedade era estruturada em clero, nobreza e plebe. Como a expectativa de vida na época era muito pouca, o camponês ocupava a terra do senhor feudal e o senhor feudal exigia uma taxa pelo fato de ocupar terra que não era dele. Quando o camponês morria, a família do camponês não tinha condições de pagar a taxa. Com a morte do camponês, o proprietário feudal exigia o pagamento; se não pagasse, a família era sumariamente expulsa das terras. Por causa dessa situação, surgiu esse princípio: enquanto não terminar a colheita para pagar a taxa, a família não poderia ser expulsa sumariamente da terra do senhor feudal. Outro princípios: a herança da data da morte até a data em que é feita partilha entre os sucessores, esse patrimônio, chamado de herança, é considerado um todo único e indivisível. Princípio da unidade/unicidade da herança e princípio da indivisibilidade da herança – art. 1791, § único. A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros. Até a partilha, o direito dos co-herdeiros em relação à propriedade e posse da herança, será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio. Se a herança é considerada, da data da morte até a data em que foi feita uma partilha feita em inventário, única, nenhum dos herdeiros tem que exigir dos doutros co-herdeiros qualquer tipo de anuência/permissão para defender a herança. Qualquer co-herdeiro pode defender o todo, não só o seu quinhão. http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10608308/artigo-1784-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 23/03/2019 O direito sucessório https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 11/37 Enquanto permanece a situação de condomínio, qualquer um dos co- herdeiros pode defender o todo, não apenas o seu quinhão. Princípio da indivisibilidade da herança – enquanto perdura a situação de condomínio, a herança é considerada um bem imóvel (art. 80, II CC). Nenhum herdeiro pode transferir, seja a título oneroso ou gratuito, um bem imóvel sem que seja essa transferência feita por escritura pública e sem que seja respeitado o direito de preferência dos demais co-herdeiros. Sendo assim, o co-herdeiro não pode vender 1/3 de determinado bem, mas sim, ceder 1/3 dos direitos sucessórios a determinada pessoa. Se houver co- herdeiros, antes de ceder o direito sucessória a um estranho, tem que ser dado o direito de preferência aos outros herdeiros. Se a herança, de acordo com o artigo 80, é considerada bem imóvel, toda e qualquer transferência de bem imóvel só é válida mediante escritura pública. Escrito particular não tem força legal para demonstrar a transmissão de um imóvel. Por isso que o artigo 1793 do CC repete o comando que já vem da parte geral (art. 80) ao determinar: o direito a sucessão aberta, bem como o quinhão do co-herdeiro, poderá ser objeto de cessão desde que seja por escritura pública. Art. 1792 do CC – o herdeiro só responde pelas dívidas/obrigações que o autor da herança eventualmente possuir com as forças do patrimônio que recebeu. Ex. Morto deixou patrimônio de 100 e dívida de 120; os herdeiros não recebem nada, mas os credores recebem apenas 100, não podendo exigir os 20 do patrimônio pessoal dos herdeiros. Herança é igual a patrimônio. Quando uma pessoa morre, o patrimônio é chamado de herança. O que é espólio? O espólio só surge quando existir inventário aberto. Inventário é a herança do ponto de vista processual. Não existe espólio antes que seja aberto o inventário. A partir do momento em que é aberto o inventário, a herança passa a ser o espólio do morto. http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10724671/artigo-80-da-lei-n-10406-de-01-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10724559/inciso-ii-do-artigo-80-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10607722/artigo-1793-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10607771/artigo-1792-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 23/03/2019 O direito sucessório https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 12/37 Quem representa o espólio = inventariante. O espólio desaparece com a partilha transitada em julgado. O espólio representa o patrimônio deixado pela pessoa falecida. 4. Aceitação e renúncia da herança – artigos 1804 a 1813 do CC Quando alguém morre, surge a transmissão do patrimônio. Esse patrimônio se chama herança. Aquele que tem direito por lei ou por vontade do falecido de receber esse patrimônio, tem duas opções: (i) aceitar; (ii) renunciar ao direito. Aceitação – é um ato jurídico, uma manifestação da vontade daquele que tem direito de receber patrimônio no intuito de receber esse direito. Ex. Morreu uma pessoa e o morto deixou filhos e viúva. Os filhos e viúva tem direito de receber esse patrimônio. Mas esse direito não é uma obrigação; aqueles que são detentores do direito podem exercer ou não. Sendo a aceitação um ato jurídico, como todo e qualquer atojurídico, a aceitação, para ser válida, precisa obedecer os requisitos de validade de um ato jurídico: (i) agente capaz; (ii) forma prevista na lei; (iii) objeto lícito. Quem é que pode aceitar a herança? A princípio, aquele que seja maior de 18 anos e esteja no pleno gozo da sua saúde mental. Ou seja, maior e capaz pode aceitar. Aquele que é maior e capaz pode aceitar de duas maneiras: (i) diretamente; (ii) indiretamente. A forma mais comum de o herdeiro/legatário é aceitar diretamente e pessoal. Mas é possível a aceitação indireta. É possível constituir uma outra pessoa para em nome dele aceitar a herança. Pode-se nomear até mesmo um parente para que aceite a herança no nome do indivíduo. 23/03/2019 O direito sucessório https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 13/37 A aceitação do herdeiro/legatário que é maior e capaz pode aceitar por meio dessas duas formas. E se o herdeiro/legatário (em sentido amplo: sucessor) for incapaz (menos de 18 anos; tem comprometimento na saúde mental)? Pode aceitar a herança. Para que o herdeiro incapaz aceite, a aceitação só será válida de maneira indireta. Não existe aceitação de herdeiro/legatário incapaz que não a indireta. Quem aceita é o representante legal: pais, tutor, curador. Representando o detentor do direito, vai, em nome do incapaz, aceitar a herança. Obviamente, é uma aceitação indireta. A aceitação tem que ser feita de acordo com a forma prevista na lei. Temos três formas válidas de aceitar a herança (art. 1805 e 1807 do CC): I. A aceitação pode ser expressa – todo ato que é expresso é um ato que obrigatoriamente deve ser por escrito. Não vale a manifestação verbal. Todo ato expresso precisa ser obrigatoriamente feito por escrito. Esse escrito precisa ser público ou já é suficiente o escrito particular? Quando o ato exigir a forma pública, ele é taxativo. É suficiente o escrito particular porque a lei não exige. A maneira clássica de se aceitar a herança por escrito: tem que abrir o inventário. Quem tem legitimidade para requerer a abertura do inventário é o advogado. O escrito particular por excelência é a procuração que deu para o advogado abrir o inventário (seja judicial ou extrajudicial). Pode não ser a procuração do advogado. II. Aceitação tácita – quando tácita, há de resultar tão-somente de atos próprios da qualidade de herdeiro. Não exprimem aceitação de herança os atos oficiosos, como o funeral do finado, os meramente conservatórios, ou os de administração e guarda provisória. http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10606358/artigo-1805-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10606212/artigo-1807-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 23/03/2019 O direito sucessório https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 14/37 Ex. Procurar um advogado para fazer o inventário, adiantando parte dos honorários; defender a herança. III. Aceitação presumida – hipótese mais rara. O interessado em que o herdeiro declare se aceita, ou não, a herança, poderá, vinte dias após aberta a sucessão, requerer ao juiz prazo razoável, não maior de trinta dias, para, nele, se pronunciar o herdeiro, sob pena de se haver a herança por aceita. O interessado pede a intimação do herdeiro para que este dentro de um prazo de até 30 dias diga se aceita ou não a herança. Se o herdeiro não falar nada, presume-se aceita a herança. O interessado pode ser um credor do herdeiro ou do morto. Na prática, se o interessado for um credor tanto do herdeiro quanto do morto, o herdeiro não poderia renunciar a herança porque a renúncia seria considerada ilícita. A aceitação é quase sempre feita de maneira expressa. A aceitação, para ser válida, precisa lícita. O objeto da aceitação precisa ser legal em relação à lei que está em vigor na data da abertura da sucessão. Todo bem que tenha origem ilícita, a aceitação feita não tem nenhum valor porque o objeto é ilícito. 4.1 Restrições em relação à validade da aceitação – a aceitação não pode ser parcial; não pode ser feita sob condição; não pode ser feita a termo. Não se admite a aceitação em parte – se alguém morre e deixa 3 herdeiros, cada um desses 3 herdeiros tem direito de receber 1/3 do patrimônio deixado pelo morto. O herdeiro pode dar a parte dele para outro herdeiro, mas formalmente esse herdeiro aceitou a herança e imediatamente depois transferiu a parte dele para outro herdeiro. Sendo assim, vai pagar 2 impostos (ITCMD). Se o filho mais velho tivesse renunciado à sua qualidade de herdeiro, a herança seria dividida por 2. A lei impede a 23/03/2019 O direito sucessório https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 15/37 aceitação de parte da herança; ou se aceita tudo ou se renuncia a tudo. É claro que na prática isso pode ser perfeitamente contornado, mas o efeito prático é o pagamento de dois tributos. Art. 1.808. Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição ou a termo. § 1º O herdeiro, a quem se testarem legados, pode aceitá-los, renunciando a herança; ou, aceitando-a, repudiá-los – o herdeiro que simultaneamente é legatário, pode aceitar a herança e o legado; aceitar a herança e renunciar o legado e vice-versa. O que não pode é aceitar parte da herança e parte do legado; renunciar parte da herança e renunciar parte do legado. § 2º O herdeiro, chamado, na mesma sucessão, a mais de um quinhão hereditário, sob títulos sucessórios diversos, pode livremente deliberar quanto aos quinhões que aceita e aos que renuncia – se na mesma herança é herdeiro legítimo e herdeiro testamentário, pode renunciar a qualidade de herdeiro testamentário e herdeiro legítimo; aceitar a herança na qualidade de herança legítimo e herdeiro testamentário, etc. Não se pode aceitar sob condição – subordinação a um evento futuro incerto. A condição válida se subdivide em: (i) resolutiva – extintiva de um direito. O nomeado perde a qualidade de herdeiro se a condição vier a ocorrer; (ii) suspensiva. Se nomear sob condição, a condição normalmente é suspensiva (muito dificilmente resolutiva, pois esta tem um caráter punitivo). Ou seja, ou aceita na data da abertura da data da sucessão ou não se aceita. Não pode o herdeiro dizer: “aceito mas não quero pagar o ITCMD”; “aceito desde que não tenha que me deslocar da minha cidade”. Qualquer tipo de condição imposta pelo aceitante, não é válida. Aceitação feita a termo – data futura e certa. A aceitação não pode valer a partir de uma data que não seja a data do óbito. A aceitação vale sempre a partir da data da abertura da sucessão; não pode ter uma outra data. Por 23/03/2019 O direito sucessório https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 16/37 isso não se admite a aceitação feita a termo. A aceitação tem uma única data: data da abertura da sucessão. Por isso não é possível a aceitação feita a termo. A renúncia é um ato de despojamento da herança; ato de liberalidade. A renuncia, como todo e qualquer ato jurídico, precisa obedecer os requisitos de validade de qualquer ato jurídico (agente capaz; objeto lícito; forma). A princípio, quem pode renunciar é o herdeiro/legatário maior e capaz. SE o sucessor for maior e capaz, a renúncia pode ser feita de duas maneiras: I. Renúncia direta e pessoal II. Renúncia indireta (feita por um procurador do renunciante) A renúncia do incapaz é obrigatoriamente indireta, feita pelo representante do incapaz. É admissível que o herdeiro incapaz abra mão do seu direito à herança? Sim. Os pais, com relação ao patrimônio do filho, podem administrar e tem o usufruto pela administração dos bens dos filhos. Sendo assim, os pais não podem diretamente renunciar à herança, mas pode pedir uma autorização judicial para que a renúncia seja autorizada judicialmente. O juiz vai autorizar quando, ao renunciar, o incapaz não sofranenhum tipo de prejuízo à sua formação/criação/sustento/manutenção. A renúncia é um ato jurídico que pode ser praticado pelo incapaz, desde que haja autorização judicial, pois o representante do incapaz tem o direito de administrar, mas não de dispor do patrimônio do incapaz, sendo que a herança é um patrimônio. A doutrina classifica a renúncia tem duas categorias: 23/03/2019 O direito sucessório https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 17/37 I. Renúncia própria/pura/abdicativa – é aquela em que o renunciante abre mão do seu direito e pouco importa a ele quem é que vai ficar com aquilo que seria dele. Em outras palavras: o renunciante não renuncia para favorecer determinada pessoa; simplesmente abre mão. Favorece todos que a lei determina que seriam beneficiários da renúncia. II. Renúncia imprópria/impura/translativa – é cessão de direito sucessório. Qual a consequência prática? Na renúncia pura, exige a incidência de um imposto. Na renúncia impura, aquela pessoa que tem direito de ser herdeira não quer ficar com o que recebeu, mas vai parar outra pessoa. Nesse caso, aceita a herança e, imediatamente, transfere para uma outra pessoa. Sendo assim, há a incidência de dois impostos. A renúncia, para ser válida, precisa obedecer a forma prevista na lei. A forma válida de se fazer a renúncia somente pode ser EXPRESSA. Não existe renúncia tácita, tão pouco presumida. Art. 1.806. A renúncia da herança deve constar expressamente de instrumento público ou termo judicial. – não temos só esses dois modos de fazer a renúncia. A renúncia por instrumento público é muito rara. Termo judicial – é um documento feito em juízo. Hoje em dia, a renúncia é feita por um escrito particular homologado pelo juiz que preside (judicial) ou pelo cartorário (Extrajudicial). O juiz pode convocar o herdeiro para ratificar na presença dele a renúncia (muito difícil de ocorrer). A renúncia não pode ser parcial, nem sob condição ou a termo. A renúncia sempre vale a partir da data da sucessão. Os efeitos da renúncia passam a valer da data da abertura da sucessão. A renúncia é irretratável. Renunciou, renunciado está. Se o renunciante for casado, precisa da anuência do outro? Duas correntes: 23/03/2019 O direito sucessório https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 18/37 I. Corrente majoritária – se o renunciante for casado, precisa da autorização do outro, salvo se o casamento for contraído no regime da separação de bens convencional ou obrigatória. A palavra alienação abrange tanto a transmissão onerosa quanto gratuita. II. Corrente minoritária – não importa o regime de bens. Em qualquer um dos 4 regimes bens (comunhão parcial; comunhão universal; participação final dos aquestos; separação total) o renunciante não precisa da anuência do outro. Fundamento: a herança é um bem imóvel (art. 80, II do CC). Toda transmissão de um bem imóvel, se o proprietário for casado, precisa da anuência do cônjuge, mas a lei fala em “alienação”. Alienação de um bem imóvel seria uma transferência onerosa. Logo, a renúncia é uma liberdade, transmissão feita a título gratuito. Sendo assim, não precisaria renunciar com a anuência do outro cônjuge. A renúncia traz efeitos/consequências: I. Efeitos da renúncia na sucessão legítima: a. Art. 1810 do CC – o quinhão do renunciante acresce ao quinhão dos outros herdeiros que estão na mesma classe em que o renunciante se encontra. Na verdade, a parte do renunciante, na sucessão legítima, aumenta a parte dos outros herdeiros que estão na mesma classe E no mesmo grau em que o renunciante se encontra (não apenas na mesma classe). Sucessão legítima – art. 1829. Classes: (i) descendentes – não há limite de grau; (ii) ascendentes – não há limite de grau; (iii) cônjuge sobrevivente; (iv) colaterais – até 4º grau - irmão; sobrinho e depois tio; primo-irmao, sobrinho neto e tio-avô. Se o renunciante é descendente de primeiro grau, o quinhão dele vai favorecer os descendentes de primeiro grau do renunciante. Art. 1.810. Na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce à dos outros herdeiros da mesma classe e, sendo ele o único desta, devolve-se aos da subsequente. http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10724671/artigo-80-da-lei-n-10406-de-01-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10724559/inciso-ii-do-artigo-80-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10605972/artigo-1810-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 23/03/2019 O direito sucessório https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 19/37 Além disso, sendo o renunciante o único da classe, devolve-se o quinhão aos herdeiros da classe subsequente. b. Art. 1.811. Ninguém pode suceder, representando herdeiro renunciante. Se, porém, ele for o único legítimo da sua classe, ou se todos os outros da mesma classe renunciarem a herança, poderão os filhos vir à sucessão, por direito próprio, e por cabeça. Esse artigo é dividido em duas partes. O que é herdar por representação? O artigo 1835 do CC/2002 diz que na linha reta descendente, os filhos sempre herdam por direito próprio e por cabeça. Os demais descendentes herdam de duas maneiras: (i) próprio e por cabeça; (ii) por estirpe/por representação. Ou seja, o neto do morto pode herdar direto do morto ou por representação. O que é herdar por direito próprio e por cabeça? A relação de parentesco entre um filho e um pai, por exemplo, é a mesma próxima possível, sendo direta, não existe nenhum parente que seja mais próximo. Ou seja, a herança é dividida pelo número de filhos. O neto pode herdar por direito próprio e por cabeça? Sim. Os netos herdam caso os pais já tenham falecido ao tempo da morte do autor da herança. Outra hipótese: os filhos do autor da herança renunciam à herança, sendo assim, os netos irão herdar por direito próprio e por cabeça. Outra hipótese: os filhos planejaram a morte do pai. Por serem excluídos da herança, os netos irão suceder por direito próprio e por cabeça. Há também uma maneira muito mais frequente: sucessão por estirpe/sucessão por representação. Ocorre quando a lei convoca/chama certos parentes do autor da herança para suceder em nome de um outro herdeiro que, se estivesse vivo, seria o original destinatário/beneficiário da herança (art. 1851 e seguintes do CC). Dá-se o direito de representação quando a lei chama/convoca alguns parentes do morto para suceder em nome de outro que, se estivesse vivo, seria o original beneficiário da herança. http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10604422/artigo-1835-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10603493/artigo-1851-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 23/03/2019 O direito sucessório https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 20/37 Ex. O autor da herança morreu em 2013. Um dos três filhos já tinha falecido em 2010, deixando netos. Sendo assim, a herança será dividida da seguinte forma: 1/3 para cada um dos filhos e 1/3 dividido para os netos do filho falecido. Quais são os requisitos para que se tenha o direito de representação? I. Que o representante seja descendente do representado (representante é aquele que vai receber a herança) II. Que o representado seja filho ou irmão do autor da herança III. Que não haja salto de graus entre representante e representado IV. Que o representante tenha legitimidade para herdar do representado Estando presentes os quatro requisitos, haverá o direito de representação. O direito de representação ocorre regularmente na linha reta descendente. Na linha colateral há direito de representação somente na hipótese do artigo 1853 do CC – somente se dá o direitode representação em favor de filho de irmão do falecido quando concorrer com irmão do falecido. NETO DE IRMÃO DO MORTO NUNCA CONCORRE. Voltemos ao artigo 1811 – não há direito de representação na renúncia. A parte do renunciante aumenta a parte dos herdeiros da mesma classe/mesmo grau. Porém, se o renunciante for o único ou todos da mesma classe renunciarem, poderão os filhos do renunciante (s) poderão os filhos herdar do autor da herança. Ex. A tem quatro filhos. Renunciando os quatro filhos, há direito de representação para os netos. http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10603428/artigo-1853-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 23/03/2019 O direito sucessório https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 21/37 II. Efeitos da renúncia na sucessão testamentária – na sucessão testamentária pode haver a nomeação conjunta, ou seja, dois ou mais herdeiros testamentários conjuntamente. Havendo uma nomeação conjunta, duas hipóteses podem ocorrer se houver renúncia de um dos co- herdeiros nomeado: a. Se o testador nomear dois ou mais herdeiros e não definir na nomeação o percentual de cada um, haverá o direito de acrescer em relação aos demais. O quinhão do renunciante irá acrescer ao quinhão dos demais. Ex. Deixo um testamento e escrevo o seguinte: deixo para Paulo, Pedro e João, 30% do meu patrimônio líquido. b. Se o testador nomear dois ou mais herdeiros e definir na nomeação o percentual de cada um, não haverá o direito de acrescer em relação aos demais. O quinhão do renunciante irá acrescer aos herdeiros legítimos do testador. Ex. Deixo para Paulo, Pedro e João 30% do patrimônio líquido, sendo que dos 30%, 20% para Paulo, 8% para Pedro e 2% para João. III. Se o testador nomeou um único herdeiro testamentário e ele renunciou, aquilo que renunciou volta para o monte e vai para os herdeiros legítimos do testador. 5. Exclusão da Sucessão Exclusão da herança é uma sanção/punição aplicável ao herdeiro ou ao legatário de natureza civil aplicável ao sucessor que cometeu um ato ilícito previsto em lei como punível com o afastamento do sucessor. Para que haja a exclusão do herdeiro/legatário que cometeu o ato ilícito, são necessários dois requisitos: I. Prática do ato previsto em lei como passível de exclusão 23/03/2019 O direito sucessório https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 22/37 II. É necessária a propositura de uma ação (Ação de exclusão da herança) por aquele que tenha interesse e legitimidade na exclusão do autor do ato ilícito. Essa ação, de rito ordinário, tem um prazo decadencial para ser proposta: 4 anos contados da abertura da sucessão, conforme artigo 1815 e seu parágrafo único. Quem tem interesse e legitimidade para exclusão? É aquele que será beneficiado e ficará com o quinhão do excluído. Essa ação tem que ser proposta até 4 anos contados da morte do autor da herança. SE não for proposta a ação, decai o direito de demandar o afastamento do sucessor que cometeu o ato ilícito. São duas as maneiras de se pedir a exclusão da herança: (i) indignidade; (ii) deserdação. As duas maneiras de se excluir tem o mesmo objetivo: fazer com que o excluído não receba absolutamente nada do patrimônio deixado pelo falecido se não tivesse sido afastado/excluído. A finalidade das duas é fazer com que o excluído não receba nada da herança. Há diferenças com relação a indignidade e deserdação: I. Os atos ilícitos que permitem a exclusão por deserdação são mais amplos que os atos ilícitos que permitem a exclusão por indignidade. Deserdação – art. 1814, 1962, 1963, todos do CC. Indignidade – apenas os previstos no artigo 1814 do CC. II. A exclusão por deserdação é exclusiva da sucessão testamentária. EM outras palavras: só existe deserdação se o autor da herança deixou testamento, excluindo fulano ou beltrano por testamento no qual ele manifesta sua vontade no intuito de deserdar aquele herdeiro. Ou seja: deserdação exige a elaboração de um testamento enquanto o autor da herança e a sua vontade prevalece. http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10605760/artigo-1814-da-lei-n-10406-de-01-de-setembro-de-19901990 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10605760/artigo-1814-da-lei-n-10406-de-01-de-setembro-de-19901990 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 23/03/2019 O direito sucessório https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 23/37 A indignidade é típica da sucessão legítima. Mas, nada impede que ela esteja presente na sucessão testamentária. OU seja, pode ser que alguém tenha deixado um testamento e não tenha deserdado o autor do ato ilícito. Mesmo não havendo a deserdação, o autor do ato ilícito será excluído por indignidade, mas não por deserdação. III. Os atos ilícitos que permitem a exclusão por deserdação são atos ilícitos cometidos antes da abertura da sucessão, pois é necessária a presença de um testamento. Na exclusão por indignidade, também a enorme esmagadora maioria também são atos ilícitos cometidos antes da morte do autor da herança. Mas há uma exceção em que alguém que é herdeiro pode ser excluído da herança por cometimento do ato ilícito depois da abertura da sucessão. O ato ilícito que permite a deserdação, por sua vez, deve ser ANTES da abertura da sucessão. 5.1 Atos ilícitos previstos no CC que autorizam a exclusão por deserdação e por indignidade – art. 1814. I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente – necessita da condenação. Se um autor de um crime de homicídio doloso for absolvido no crime, somente em uma hipótese a sentença penal não faz coisa julgada no cível, podendo ser condenada no cível: caso seja absolvida por insuficiência de provas em âmbito penal. Herdeiro impronunciado no júri PODE ser excluído da herança. II - que houverem acusado caluniosamente EM JUÍZO o autor da herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro; Crime de denunciação caluniosa – provocar o funcionamento da máquina pública de maneira completamente indevida. A denunciação caluniosa que autoriza a exclusão da herança deve ser praticada contra APENAS o autor 23/03/2019 O direito sucessório https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 24/37 da herança e EM JUÍZO. Duas correntes com relação À exclusão da herança nos crimes contra honra a. Se o ofendido não tomar medida no âmbito criminal – essa inação do ofendido equivale a um perdão tácito do ofendido em relação à pessoa do ofensor. Logo, não pode ser excluído da sucessão. b. Mesmo que o ofendido não tenha promovido a ação penal privada contra o ofensor, ainda assim o ofensor pode ser excluído da sucessão, tanto por indignidade quanto por deserdação, tendo em vista que os juízos são autônomos e independentes entre si. III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade – ou seja, por meio de fraude impediu que o autor da herança deixasse testamento. Ou ainda: o autor da herança, ciente da fraude, vai até o tabelionato de notas e deixa um testamento verdadeiro, excluindo o autor da fraude da sua herança. A violência que permite a exclusão do sucessor é a utilização de violação corporal. 6. Hipóteses exclusivas de deserdação Art. 1962 e 1963 são atos típicos de deserdação. Art. 1962 – ascendente que deserda o descendente. Hipóteses: I. Ofensa física – ofensa física equivale ocasionar uma lesão física ou à saúde do ser humano. Ofensa física tem que ser obviamente a ofensa física dolosa. Lesão corporal culposa não permite que o descendente seja deserdado. 23/03/2019 O direito sucessório https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio25/37 No crime de lesão corporal dolosa, existe uma graduação, que pode ser leve, grave ou gravíssima. A lesão corporal de natureza leve é considerada de menor potencial ofensivo. Aquele que comete um crime de menor potencial ofensivo pode não receber qualquer sanção no âmbito criminal. Se aquele que comete um crime de lesão corporal dolosa leve pode não receber nenhuma penalidade na órbita criminal, por que então poderia ser punido no âmbito civil? Temos duas correntes: a. Corrente majoritária – sim, é possível deserdar mesmo nessa hipótese, até por motivos religiosos e questão de respeito. b. Corrente minoritária – se no âmbito criminal a lesão leve é um crime de menor potencial lesivo e o infrator pode não receber nenhum tipo de qualquer sanção, não poderia sofrer uma sanção tão severa na órbita civil. II. Injúria grave – o que distingue uma injúria de uma injúria grave? É a utilização de ofensa corporal contra o ofendido. O artigo 1814 falava que era possível excluir por crime contra a honra. Se a injúria comum já autoriza a deserdação, a injúria grave também, por óbvio autorizaria. III. Relações ilícitas de caráter sexual com a madrasta ou com o padrasto – não é qualquer relação ilícita. Deve ser uma relação ilícita de cunho sexual. IV. Desamparo do ascendente acometido de grave enfermidade ou alienação mental – alienação mental é qualquer tipo de comprometimento na capacidade de discernimento da pessoa. Por isso, não consegue praticar os atos da vida civil. Grave enfermidade – doença que pode causar risco de morte ao enfermo; incurável ou de cura improvável. Sendo assim, diabetes é uma doença controlável, mas é grave. Não é apenas o desamparo material; é o desamparo também de ordem afetiva. 23/03/2019 O direito sucessório https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 26/37 Ex. Mulher está com mal de Alzheimer. Um dos filhos, sabendo que ela está acometida desta doença e que além de grave, provoca alienação mental, esse filho ignora a existência da mãe, embora possa contribuir economicamente nos custos do tratamento da mãe enferma. Nessa situação, o marido, pai do filho, pode deixar um testamento deserdado da própria herança, mas a mãe não pode deserdá-lo, pois não tem capacidade de deixar testamento. Sendo assim, esse filho não pode ser excluído da herança da mãe, mas da herança do pai pode. Art. 1963 – é o descendente deserdando o ascendente. As hipóteses são exatamente as mesmas. O que muda: I. Relações ilícitas com a mulher/companheira/marido/companheiro do filho (a) II. Desamparo do filho ou do neto que está acometido de deficiência mental ou grave enfermidade mental – alguém tem um filho que é portador de Síndrome de Down. O avô tem vergonha do próprio neto. Sendo assim, pode deserdar o avô por causa dessa atitude. No Código Civil existe uma omissão gravíssima – quais são os atos ilícitos que permitem que o marido deserde a mulher? Posso utilizar a analogia para uma situação em que o marido deseje deserdar a mulher? Não, não é possível. Para exclusão da herança, só se permite a exclusão se o ato ilícito estiver explicitamente em lei como punível com a exclusão. Sendo assim, pela lei em vigor hoje, somente é possível a deserdação do cônjuge sobrevivente nas hipóteses do artigo 1814 e seus respectivos incisos. 6.1 Efeitos da exclusão da herança. Primeiro efeito – Transitando em julgado, o efeito da sentença que determinou a exclusão da herança é EX TUNC (retroage). Uma vez transitada em julgado a sentença, passa a valer a partir da data da abertura da sucessão, e não a partir do trânsito em julgado da sentença. Segundo efeito – art. 1816 do CC – são pessoais os efeitos da exclusão. http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10605548/artigo-1816-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 23/03/2019 O direito sucessório https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 27/37 Quem é punido por ter praticado o ato ilícito é o autor do ato ilícito, não a família. Logo, os filhos do excluído podem herdar o que caberia a este (como se fosse pré-morto). Caso não tenha filhos ou estes já eram falecidos, passa para os descendentes (netos, bisnetos, etc.). Vamos imaginar que por alguma situação qualquer, o excluído não tem descendentes, vai para os irmãos do excluído. O excluído é como se fosse considerado uma pessoa morta. Ou seja, em bom português, ficticiamente, devemos imaginar que se o excluído é considerado como morto, é como se o autor da herança não tivesse esse filho. (lembrando – ordem da herança: descendente – filho, neto, bisneto; ascendente – pai e mãe, avós, bisavô; cônjuge sobrevivente; colaterais – irmão (2º grau), sobrinho, tio, primo-irmão, tio avô e sobrinho-neto). Caso não tenha nenhum herdeiro, a herança vai para o poder público. Terceiro efeito – o excluído perde o direito à administração e ao usufruto dos bens que ficarem com seus descendentes se os descendentes forem menores/incapazes. Embora tenha o poder familiar, o excluído perde um dos atributos decorrentes do poder familiar. Quem passa a ter a administração e o usufruto dos bens dos incapazes é o tutor, caso o (a) excluído não tenha cônjuge. Quarto efeito – o excluído da sucessão não terá direito à herança dos bens que ficarem com os descendentes. Ou seja, ele pode até herdar o patrimônio do descendente, mas o não patrimônio oriundo da herança da qual foi excluído. Quinto efeito – art. 1817 e seu parágrafo único – enquanto não transitar em julgado a ação de exclusão da herança, o herdeiro é considerado como herdeiro aparente para todos os efeitos. Ou seja, é 23/03/2019 O direito sucessório https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 28/37 perfeitamente possível que, enquanto a ação de exclusão está em tramitação, o herdeiro aparente pratique atos civis. Esses atos civis serão válidos em relação ao terceiro de boa-fé. Ex. A morreu em janeiro de 2004 e o filho caçula foi autor de um ato ilícito passível de exclusão da herança. Os irmão pedem a exclusão da herança, no prazo de 4 anos. A ação foi proposta em novembro de 2007, enquanto que a sentença só transitou em julgado em março de 2011. Durante esse período, o autor do ato ilícito não poderia ter cedido seu direito sucessório aos irmãos ou terceiro? Essa cessão é válida? São válidas as alienações onerosas do herdeiro aparente a um terciero adquirente de boa-fé. (i) alienação onerosa (se for uma doação do herdeiro aparente, não tem validade algum, pois o donatário deixa de ganhar mas não tem prejuízo); (ii) o adquirente tem que agir de boa-fama. Se o adquirente agiu de má-fe e em conluio, essa alienação não será válida. A alienação tem que ser de boa- fé. Enquanto o herdeiro não tiver sido afastado pelo trânsito em julgado da sentença de exclusão, as despesas de conservação dos bens, poderá pedir o ressarcimento das despesas aos outros co-herdeiros. Se é lícita a alienação onerosa praticada pelo herdeiro aparente para um terceiro de boa-fé, os outros herdeiros podem entrar com uma ação regressiva contra esse herdeiro aparente (art. 1817). Há ou não há a possibilidade de perdão (reabilitação)? Sim, desde que ele seja perdoado/reabilitado. O artigo 1818 do CC exige, entretanto, que a reabilitação seja feita de maneira expressa, não tendo nenhum efeito a reabilitação tácita. O ofendido tem que perdoar o ofensor de maneira induvidosa, feito de maneira expressa (escrita): perdoa por testamento ou ato autêntico (declaração por instrumento público ou particular por meio da qual o declarante, de maneira segura, informa que deseja o perdão daquele que praticou o ato ilícito). http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10605397/artigo-1818-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-0223/03/2019 O direito sucessório https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 29/37 Vale ou não a reabilitaão tácita? Pelo artigo 1818, não vale a reabilitação tácita. Deve ser feita de maneira expressa. 7. Herança jacente e herança vacante Herança jacente é aquela na qual alguém morre e não se sabe/não se conhece a existência de herdeiros legítimos do morto. Ignora-se a existência de descendentes, ascendentes, cônjuges ou companheiros sobrevivente e de colaterais até o 4º grau. Por isso é jacente: herança desconhecida ainda o seu destino. Outra hipótese de jacência da herança é não se saber se o morto deixou herdeiros testamentários ou legatários. Nessas duas situações acima comentadas, diz-se que a herança é jacente. Uma última hipótese de herança jacente é aquela em que, deixando herdeiros conhecidos, todos repudiam a herança. A herança jacente se tornar vacante é um procedimento especial de jurisdição voluntária previsto no CPC (art. 1142 a 1158 do CPC). Para estudarmos a herança jacente que se torna vacante, devemos consultar o CPC. O bem jacente vai ficar com o município. O Serviço Funerário comunica a Procuradoria do Município sobre a situação. O procurador do município vai solicitar a abertura de um procedimento de herança jacente para que se torne vacante. Primeiramente, o juiz vai providenciar um oficial de justiça para providenciar a arrecadação dos bens que forem encontrados. Feito o auto de arrecadação, esse auto é entregue na vara e é juntado ao procedimento. O juiz, ao receber o auto, vai nomear um curador que vai administrador os bens arrecadados (muitas vezes o próprio procurador do município). Nomeado o curador, a próxima providência é tentar localizar parentes do http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10609421/artigo-1142-da-lei-n-5869-de-11-de-janeiro-de-1973 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10608003/artigo-1158-da-lei-n-5869-de-11-de-janeiro-de-1973 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73 23/03/2019 O direito sucessório https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 30/37 autor da herança. Vai direcionar um ofício para o Consulado do país. Caso encontre alguém, converte-se a herança jacente em procedimento de inventário. A herança jacente pode vir a se tornar herança vacante. Sendo assim, o juiz vai mandar oficial de justiça e arrecadar os bens que encontrar. Vai lavrar um auto de arrecadação dos bens que ele encontrar. Feito o auto de arrecadação, o oficial de justiça entrega o auto em cartório. Uma vez juntado o auto de arrecadação, o juiz vai nomear um curador para conservar e administrar os bens arrecadados. Depois, o juiz vai tentar achar herdeiros do morto. A lei prevê essa busca através da publicação de editais (art. 1152 e seguintes do CPC). Esses editais serão publicados pelo menos 3 vezes. Entre a primeira e a segunda, e a segunda e a terceira, o intervalo deve ser no mínimo 30 dias e de no máximo 3 meses. SE alguém se habilitar, o processo de converte de herança jacente em inventário. Hoje em dia, em virtude do avanço da tecnologia, alguns juízes, de maneira informal, utilizam o facebook para encontrar parentes do morto. Mas não é exigível do poder público que proceda à tentativa de localização do morto pelo facebook ou qualquer rede social. Depois de 1 ano da publicação do primeiro edital, se não aparecer nenhum herdeiro, os autos serão conclusos ao juiz, que irá dar uma decisão. Essa decisão é a prolação de uma sentença que tem natureza declaratória (não constitutiva), que é a sentença de vacância, declarando os bens vacantes. Transitado em julgado a sentença que declara que os bens deixados pelo morto são vacantes, os bens que já estavam com o poder público, pois estavam sendo administrados pelo procurador, passam ao domínio público, mas ainda em caráter precário (art. 1822, parágrafo único do CC). Com o trânsito em julgado, ficam excluídos os parentes colaterais do morto. Quem ainda tem direito de ser considerado herdeiro do morto são os descendentes, ascendentes, viúvo (a), companheiro (a). Mas, não poderão reclamar por mera habilitação no procedimento de herança jacente. Vão ter que propor uma ação de petição de herança, cujo prazo é de 5 anos http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10608653/artigo-1152-da-lei-n-5869-de-11-de-janeiro-de-1973 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10605215/artigo-1822-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10605167/par%C3%A1grafo-1-artigo-1822-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 23/03/2019 O direito sucessório https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 31/37 contados da abertura da sucessão (data da morte do falecido). Passado esse prazo em aberto, esse patrimônio se incorpora ao patrimônio do poder público. A sentença de vacância retroage à data da morte, razão pela qual tem natureza declaratória. Logo, é possível usucapião desses bens quando da abertura da sucessão? Não é possível, pois é bem público. É bem público porque a sentença vale desde a data da morte (efeito ex tunc da sentença declaratória de vacância). 8. Sucessão legítima Lá no começo vimos que existem dois tipos de sucessão: legítima e testamentária. A sucessão contratual não é possível no Brasil. A sucessão legítima/legal é aquela que decorre em que a pessoa não deixa testamento ou deixa testamento mas este é ineficaz, não sendo cumprido. A sucessão legítima adota um critério. Esse critério pode não ser o mais justo do mundo, mas é um critério que se baseia principalmente no afeto e nas relações de parentesco. Há, assim, um critério de convocação/chamamento para receber o patrimônio do morto, adotando esse critério de parentesco e afeto. No artigo 1829 do CC e seus incisos, o legislador estabeleceu um critério de preferência e exclusão. Em primeiro lugar, chama os descendentes. Em segundo lugar, os ascendentes. Em terceiro lugar, o cônjuge sobrevivente. Em quarto lugar, chama os colaterais. E a companheira (o)? Muitos entendem que esta ocupa o mesmo lugar do companheiro sobrevivente. Outros entendem que não: o convivente sobrevivente tem direito à herança mas não é considerado herdeiro legítimo (corrente do professor. O direito sucessório do companheiro está no artigo 1790 do CC. Existe uma razão de ordem política colocar a http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10604801/artigo-1829-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10608066/artigo-1790-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 23/03/2019 O direito sucessório https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 32/37 companheira em local diferente do cônjuge sobrevivente. Se esse critério é justo, isso é outro aspecto. Mas o critério, pela lei, não é igual; o art. 1845 não menciona a companheira quando teve a oportunidade). A diferença entre viúva e companheira é só no direito sucessório, porque no direito de família é igual. Qual foi a grande novidade que o CC/2002 atual que está em vigor em relação ao CC/16? A grande diferença é a seguinte: a ordem de chamamento continua a mesma. A novidade é que agora uma classe pode ou necessariamente irá concorrer com outra classe (Ex. Jamais um filho do morto concorre com seu avô ou com seu tio. Mas pode concorrer com o cônjuge sobrevivente). Quem foi privilegiado com essa nova estrutura foi o cônjuge. O prejudicado foi o descendente e o ascendente do morto. A primeira classe são os descendentes. Os filhos sempre herdam por direito próprioe cabeça (diretamente do pai ou da mãe). Os netos, bisnetos, etc. Herdam por direito próprio e cabeça ou por representação/estirpe. Qual o tamanho da participação do cônjuge quando houver concorrência? Há divergência de correntes com relação a isso. Primeira hipótese de concorrência – o autor da herança era casado na comunhão parcial e deixou bens particulares, descendentes e viúva – qual o tamanho da participação da viúva? Depende da corrente. a. Concorrência do cônjuge sobrevivente com os descendentes se dá apenas sobre os bens particulares – corrente largamente majoritária – nessa corrente, sustentam que a viúva só participará com os filhos sobre os bens particulares. O patrimônio comum pertencerá apenas aos descendentes. A esposa já é meeira dos bens adquiridos na constância do casamento a título oneroso. A viúva, assim, tem direito à meação (tem direito à metade do patrimônio). Isso é direito decorrente do término do casamento. Ainda 23/03/2019 O direito sucessório https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 33/37 por cima, é herdeira do marido que morreu junto com os descendentes. Sendo assim, sobre os bens particulares vai ser herdeira, recebendo uma parte. O restante da meação é divido somente entre os filhos (sobre o patrimônio comum não participa como herdeira, pois já é meeira). A lei presume que sendo o autor da herança na comunhão universal, a meação do cônjuge sobrevivente já é suficiente para garantir uma subsistência digna para o viúvo/viúva. b. Concorrência do cônjuge sobrevivente com os descendentes se dá sobre TODA herança. Na segunda corrente, a viúva continua tendo a meação e concorre na outra metade do patrimônio comum e os bens particulares com os descendentes. A lei não diz qual a extensão da concorrência, qual o tamanho da participação da viúva. Onde a lei não diz, não cabe ao interprete adotar uma interpretação punitiva, restritiva, limitadora do direito sucessória da classe concorrente. Se a lei não limita, não pode o intérprete limitar. Esta corrente minoritária. c. Concorrência do cônjuge sobrevivente com os descendentes se dá sobre o patrimônio comum do casal – corrente absolutamente isolada – Maria Berenice Dias. Não há nenhum julgado adotando esta corrente. OU seja, não concorre sobre os bens particulares. OS bens particulares são partilhados exclusivamente entre os descendentes, enquanto que os bens comuns são divididos entre os descendentes e o cônjuge sobrevivente. Existe a concorrência do descendente também no caso de separação convencional de bens – em relação a este regime de bens, não existe divergência na doutrina com relação à extensão da concorrência. 23/03/2019 O direito sucessório https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 34/37 O patrimônio é exclusivo de cada um dos cônjuges, pois neste regime não há patrimônio comum. Logo, não há direito de meação do cônjuge sobrevivente. A herança é dividida de forma igual para cada um dos descendentes e cônjuge sobrevivente. Mas haveria uma controvérsia do legislador – para uma parte dos doutrinadores, o artigo 1829 está mal redigido. O legislador, neste caso específico, diz menos do que queria dizer. Quando disse que não há concorrência na separação obrigatória, quis dizer que não há concorrência também na separação convencional também. Seria contraditório que, durante a vida, o patrimônio fosse sempre separado e, quando falece um dos cônjuges, haverá o recebimento da herança. 9. Concorrência no regime da participação final dos aquestos. Durante o casamento vigora o princípio da separação de bens. Se o casamento terminar, seja pela morte ou divórcio, aí sim haverá a comunhão dos aquestos (dos bens adquiridos na vigência do casamento de maneira onerosa). O cônjuge tem meação dos aquestos. A outra metade dos aquestos e dos bens particulares é dividido entre os cônjuges e os filhos. OU SEJA, O RESULTADO É O MESMO DAQUELE DA CORRENTE MINORITÁRIA DA CONCORRÊNCIA NA COMUNHÃO PARCIAL DE BENS. Art. 1832 do CC – este artigo tem que ser lido em duas etapas. A primeira parte do artigo e a segunda parte do artigo. Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, inciso I) caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser inferior à quarta parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com que concorrer – ou seja, se a viúva for mãe ou avó dos filhos/netos do marido que morreu, ela não pode receber menos do que ¼. http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10604550/artigo-1832-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 23/03/2019 O direito sucessório https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 35/37 Este artigo, na verdade, só tem importância quando o número de filhos ou o número de descendentes do morto for igual ou maior do que 4. Se o morto deixou 3 ou menos descendentes, este artigo simplesmente é ignorado. Só será aplicado quando o número de descendentes for igual ou maior que 4. Nesse caso, já tira a cota mínima do cônjuge sobrevivente (1/4) e só depois divide entre os descendentes. No entanto, e quando for filiação híbrida? A corrente majoritária sustenta que para que seja aplicado o artigo 1832, o cônjuge sobrevivente tem que ser ascendente de todos. A corrente minoritária sustenta que a lei não discrimina que o todos os descendentes sejam comuns. A lei apenas diz que se o cônjuge for ascendente dos herdeiros com que concorre, já ficará com a reserva mínima de ¼. Importante: Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo da morte do outro, não estavam separados judicialmente, nem separados de fato há mais de dois anos, salvo prova, neste caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente – Não existe direito sucessório ao cônjuge sobrevivente que estiver separado judicialmente. Só perde o direito sucessório o cônjuge separado judicialmente sendo esta definitiva (não a mera separação de corpos). Não existe direito sucessório para “ex”. Atualmente hoje não há um prazo mínimo de separação de fato para que o cônjuge sobrevivente perca o direito à herança. O poder judiciário vai verificar caso a caso se a separação de fato tinha um caráter de perpetuidade. A parte final do artigo em comento não se aplica mais: “salvo prova, neste caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente”. 10. Conclusão 23/03/2019 O direito sucessório https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 36/37 Pode-se concluir que o Direito Civil é o direito dos ricos. Já disse esta frase várias vezes ao longo do extenso curso de Direito Civil. Tanto que mesmo no contrato de doação existe um interesse econômico (confiram aula 12 de Contratos). Dinheiro tem uma importância grande na nossa vida, especialmente na velhice quando estamos mais vulneráveis. Das crianças os pais cuidam, mas os velhos em geral são um problema nas famílias, por isso é importante você estudar e trabalhar para juntar dinheiro quando estiver idoso. É justamente desta arrecadação do patrimônio que cuida o Direito Civil. No Direito das Obrigações estudamos que as pessoas se relacionam com outras pessoas e celebram contratos em busca de conforto e lucro. No Direito Real estudamos que as pessoas se relacionam com as coisas, ocupando-as para adquirir propriedade. A propriedade (ou domínio) é o principal Direito Real. Pois bem, ao longo das décadas celebrando contratos e adquirindo propriedade as pessoas formam um patrimônio, esse é o sentido da vida! E para onde vai esse patrimônio quando as pessoas morrem? Para seus sucessores. É da transmissão desse patrimônio que cuida o Direito das Sucessões, assunto deste artigo. 11. Bibliografia. Constituição Federal. Colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto; Márcia Cristina Vaz dos SantosWindt e Livia Céspedes. 10. Ed. Atual. E ampl. São Paulo: Saraiva, 2010. (Saraiva de legislação). CANDIL, Thatiana de Arêa Leão. A União Estável e o Direito Sucessório. São Paulo, 2006. Dissertação (Mestrado em Direito Civil) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2006. CARVALHO NETO, Inacio de. Direito Sucessório do Cônjuge e do Companheiro. São Paulo: Método, 2007. (Coleção Prof. Rubens Limongi França, v. 1). ____. Manual das Sucessões. 3. Ed. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2008. http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 23/03/2019 O direito sucessório https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 37/37 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil, vol. VI. 16. Ed. Rev. E atual. Por Carlos Roberto Barbosa Moreira. Rio de Janeiro: Forense, 2007; RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça. Agravo de Instrumento nº 70024715104/Porto Alegre. Agravantes: Maria Isabel Franceschini Tomasini e outros. Agravada: Nelci Alves Barcelos. Relator: José Ataídes Siqueira Trindade. Porto Alegre, 7 de agosto de 2008. Disponível em:. Acesso em: 20 maio. 2015. TUSA, Gabriele. Sucessão do Companheiro e as Divergências na Interpretação dos Dispositivos Referentes ao Tema. In: HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes (Coord.). A Outra Face do Poder Judiciário: decisões inovadoras e mudanças de paradigmas. Belo Horizonte: Del Rey, 2007, p. 313-341; VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: direito das sucessões. 7. Ed. São Paulo: Atlas, 2007. (Coleção Direito Civil, v. 7). Disponível em: http://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio
Compartilhar