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Direito Sucessório - Principais aspectos (1)

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23/03/2019 O direito sucessório
https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 1/37
jusbrasil.com.br
23 de Março de 2019
O direito sucessório
Principais aspectos
Resumo:
O presente artigo se propõe a analisar os aspectos mais relevantes do
Direito Sucessório, tão importante instituto de Direito de Família. Para
tanto, pretende-se analisar, sob todos os ângulos, a forma e o procedimento
da sucessão patrimonial.
1. Introdução
Sucessão – transferência do patrimônio que todo ser humano é titular ao
nascer com vida. A definição de sucessão para a maioria dos doutrinadores
está consubstanciada na seguinte frase: sucessão é a
transmissão/transferência da titularidade do patrimônio pertencente a
alguém, no todo ou em parte, por força de lei ou por força da determinação
de última vontade do titular do patrimônio a outrem em virtude de sua
morte.
Sucessão é transmissão do patrimônio que pertence a alguém – já vimos
em direito das obrigações/direito comercial/direito de empresa/contratos
que a transferência de um patrimônio se dá por diversas maneiras. A
maneira mais comum de transferência de um patrimônio é o ato inter vivos
(doação; empréstimo; venda e compra).
23/03/2019 O direito sucessório
https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 2/37
2. Patrimônio
O que é patrimônio? Patrimônio é o conjunto de bens imóveis, bens móveis,
bens materiais e imateriais, corpóreos e incorpóreos, direitos, deveres, ônus
e obrigações que todo ser humano é possuidor. Ainda que a pessoa não
tenha nenhum bem, é portadora de direito, e esse direito pode ser objeto de
transmissão se houver a morte do titular.
“No todo ou em parte”: parte do patrimônio pode ser objeto de transmissão
pela via legal (sucessão legítima), enquanto que a outra parte pela via
testamentária.
“em virtude de lei” – sucessão em virtude da lei é a sucessão legal ou
legítima. É aquela em que quem define o destino dos bens é o legislador,
não o dono do patrimônio. Se alguém morrer e não deixar testamento e
deixar filhos e irmãos, o patrimônio vai para os filhos em decorrência da
imposição legal. Se o critério ou justo/injusto, correto/incorreto, isso é
irrelevante, mas é o critério que a lei adotou.
Se o morto não concorda com o que diz a lei, deve fazer um testamento. Se
não deixar, a lei irá determinar a sucessão.
“ou em virtude de ato de última vontade” – sucessão testamentária. É
aquela que se dará quando o falecido deixou um testamento válido e eficaz.
Se o testamento é válido e eficaz, o patrimônio do testador vai para aqueles
indicados como beneficiários da herança (na qualidade de herdeiro
testamentário ou legatário).
“em decorrência da morte do próprio titular do patrimônio” – morte no seu
duplo aspecto. Em direito, a palavra tem duas vertentes: a morte
real/biológica e a morte ficta/presumida/legal. As duas geram direito
sucessório.
Ex. Maria é casada com João. João diz que vai viajar a trabalho para Porto
Alegre. O marido viaja e não retorna no domingo. Ao tentar localizar o
marido, a Maria não consegue. Depois de 6 meses do desparecimento do
João, Maria quer regularizar a situação dela. Maria pode entrar com uma
23/03/2019 O direito sucessório
https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 3/37
declaração judicial de ausência do marido, pedindo que o marido seja
declarado morto, mesmo que esteja na vida real vivo. A declaração de
ausência gera direitos sucessórios assim como a morte verdadeira.
Morte real/biológica – como se prova que um ser humano morreu? Através
da Certidão de Óbito. Cartório do Registro Civil expede tal certidão. Com a
certidão de óbito, prova-se o falecimento de um ser humano. É o
documento hábil para abrir um inventário judicial ou extrajudicial.
Como se expede a certidão de alguém que se envolveu em um acidente e
não é possível reconhecer a pessoa? Em casos de desastre (incêndio, quebra
de aeronave, etc.), desde que se prove que a pessoa estava no local dos
fatos, é expedido a Certidão de Óbito pelo cartório competente.
3. Sistemas sucessórios
I. Concentração obrigatória – é aquela época em que o filho homem
primogênito recebia todo o patrimônio deixado pelo pai ou pela mãe que
havia falecido. Obviamente esse sistema não existe mais.
II. Liberdade plena de dispor – vigente em grande parte dos países
europeus e da América do Norte, Ásia – o dono do patrimônio pode deixar
para quem ele quiser o patrimônio e na quantidade que quiser. Aqui no
Brasil não vigora esse regime.
III. Divisão obrigatória – legítima – herdeiros necessários (descendente;
ascendente; cônjuge sobrevivente). No Brasil, se o dono do patrimônio tiver
herdeiros necessários/obrigatórios/reservatários, o dono do patrimônio
não pode dispor de todo ele.
Companheiro sobrevivente – aquele que vive em união estável e um dos
companheiros morre, deixando companheiro sobrevivente, há uma
discussão enorme se o convivente sobrevivente é herdeiro necessário da
mesma maneira que o viúvo ou viúva. O professor acredita que não.
A justiça entende que sim e que não. Enquanto a lei não definir permanece
a situação de incerteza.
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O que é o sistema da divisão obrigatória? Brasil e Portugal adotam esse
sistema da divisão obrigatória. O professor defende que deveria existir uma
herança obrigatória para um ascendente, descendente ou para um cônjuge
sob certas condições específicas. A enorme maioria dos países adota o
sistema da liberdade plena de dispor.
No sistema da divisão obrigatória, a legítima representa metade do
patrimônio do morto (50%) que deverá ser transferido para os herdeiros
necessários. A outra metade, o titular do patrimônio pode deixar para quem
quiser (inclusive para algum dos herdeiros necessários).
3.1. Espécies de sucessão.
Sucessão Legítima – ocorre em duas situações: (i) a pessoa morreu e não
deixou o testamento: o patrimônio vai para aqueles indicados na lei; (ii) o
testamento deixado pelo falecido for inválido/ineficaz. Existem trÊs
situações de invalidez/ineficácia: nulo, anulado ou caducou.
Testamento é um ato jurídico como outro qualquer. Para um ato jurídico
ser válido deve obedecer os pressupostos de validade: (i) agente capaz; (ii)
objeto lícito; (iii) forma da lei.
Testamento anulado é quando houver vício de consentimento (erro, dolo,
fraude, coação, simulação). Se o ato foi impugnado porque houve vício na
vontade do testador, aquilo que deixou para o herdeiro não vai para o
herdeiro testamentário, mas sim, para o herdeiro legítimo do morto.
Testamento caduco – testamento feito por uma pessoa capaz, com a forma
prevista na lei, com a disposição do testamento válido. No entanto, o
testamento não vai ser cumprido por uma ou outra situação. Caduca por
inexistência do beneficiário (ou porque aquele que foi escolhido morreu
antes do testador, por exemplo)
Nomeação conjunta – caso algum dos beneficiários morra, vai ter o direito
de acrescer. No entanto, se descrever o quinhão (metade, por exemplo), a
metade do beneficiário inexistente vai para os herdeiros necessários
daquele que fez o testamento.
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https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 5/37
Basta que o testador tenha herdeiros obrigatórios que pelo menos uma
parte da herança será legítima e outra testamentária. A sucessão
testamentária convive em perfeita harmonia com a sucessão legítima. Em
quase 100% dos casos, quem deixa testamento possui herdeiros
necessários.
Sucessão contratual – art. 426 do CC – não é admitida no Brasil. O que
seria a sucessão contratual? Ser objeto de um contrato o patrimônio de uma
pessoa que está viva e aquele ser cumprido quando a pessoa morrer. No
Brasil há proibição expressa (não é possível o pacto do corvo).
A sucessão legítima se dá em duas situações: não deixa testamento ou deixatestamento ineficaz (que é ineficaz por três razões: nulo, anulado ou
caducou. Sendo assim, aquilo que o herdeiro receberia vai para o herdeiro
necessário.
Sujeitos da sucessão:
I. Morto – defunto – falecido – “de cujus” – autor da herança – finado –
usar sempre que possível a expressão “autor da herança”.
II. Sucessor
a. Universal – herdeiro legítimo: necessário e facultativo. Os herdeiros
necessários são: descendentes, ascendentes (art. 1845 do CC) e cônjuge
sobrevivente.
Os herdeiros facultativos são: convivente sobrevivente e colaterais até 4º
grau (2º grau: irmão; 3º grau: sobrinho e/ou tio; 4º grau primo-irmão,
sobrinho-neto, tio-avô).
O herdeiro possui mais direitos que o legatário.
Herdeiro é receber o patrimônio do morto a título universal. O que é
receber a título universal? É receber um percentual, uma fatia, um quinhão,
uma cota parte do conjunto de bens que forma o patrimônio deixado pelo
morto.
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10704602/artigo-426-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10603820/artigo-1845-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
23/03/2019 O direito sucessório
https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 6/37
O herdeiro pode ser ainda testamentário.
O herdeiro legítimo, que o é por determinação legal, se subdivide em duas
categorias: (i) herdeiro legítimo necessário/obrigatório/reservatário:
descendentes, ascendentes e cônjuge sobrevivente. Na classe dos
descendentes e dos ascendentes não há limites de gerações para se
reconhecer a qualidade de herdeiro. Sâo chamados de herdeiros legítmos
obrigatórios pois se alguém possuir ascendente ou descendente vivos NA
DATA DO ÓBITO DO DONO DO PATRIMÔNIO, NÃO PODERIA DISPOR
MAIS DO QUE METADE DO SEU PATRIMÔNIO. A outra metade,
necessariamente deveria ser distribuída aos ascendentes ou descendentes.
O cônjuge sobrevivente não era herdeiro necessário na regra do CC/16.
Inspirado numa legislação europeia, houve uma modificação do status do
cônjuge no direito sucessório.
O CC/2002 colocou ao lado dos descendente e ascendentes o cônjuge
sobrevivente como herdeiro obrigatório. Hoje, se for casado, pouco importa
o regime de bens do casamento, não tendo o casal filhos nem ascendentes,
o cônjuge sobrevivente passa a ser herdeiro, NÃO IMPORTANDO O
REGIME DE BENS DO CASAMENTO.
(ii) Herdeiro legítimo facultativo é aquele que vai receber o patrimônio do
morto caso o falecido não tenha, em vida, determinado sua vontade de
maneira contrária e não tenha herdeiros necessários. Ex. A faz testamento
deixando 50% dos bens para o irmão B e para o irmão C, excluindo o irmão
D. É perfeitamente possível tal situação.
É por isso que o herdeiro é chamado de facultativo porque o dono do
patrimônio tem liberdade plena de dispor. Ou seja, não tem
obrigatoriedade de dar metade do patrimônio do falecido.
b. Singular – legatário (legado é o direito que a pessoa recebe). Só existe
legado se houver testamento válido deixado pelo morto. Receber um bem
ou dois mais bens ou parte de um bem ou parte de dois ou mais bens
devidamente individualizados, indicados, pormenorizados, em um ato
jurídico anterior que é o testamento.
23/03/2019 O direito sucessório
https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 7/37
Se alguém deixar no testamento e escrever na disposição do testamento
“fulano receberá 25% do patrimônio de tudo ” – a pessoa que recebe é
herdeiro testamentário.
Se alguém deixar no testamento e escrever “deixo 25% da minha casa para
fulano” – fulano é legatário, pois o testador pegou um bem e singularizou
aquele bem, pormenorizou, dizendo que X% fica com fulano.
Qual a diferença entre herdeiro testamentário e legatário? Morto o
testador, se o herdeiro for testamentário, este entra imediatamente na
posse e domínio na herança. O legatário, por sua vez, não entra na posse e
no domínio do legado. Sò entra na posse e no domínio do legado quando
terminar o inventário, com a partilha dos bens; (ii) se o testador dispôs
mais do que poderia dispor, invadindo a legítima dos herdeiros
obrigatórios, haverá a necessidade de reduzir as disposições testamentárias
para proteger o herdeiro necessário. Nessa redução quem é atingido
primeiro é o legatário.
Sendo assim, é melhor ser herdeiro do que ser legatário.
Uma pessoa pode ser, na mesma herança, só herdeiro legítimo; herdeiro
legítimo e testamentário; herdeiro legítimo, testamentário e legatário.
Legatário precípuo é aquele que é, na mesma sucessão, herdeiro e legatário
(herdeiro legítimo e testamentário; herdeiro legítimo, testamentário e
legatário).
herdeiro legítimo e/ou testamentário + legatário = legatário precípuo.
Herança + legado = pré legado.
3.2 Abertura da Sucessão.
O que significa abertura da sucessão? É o momento do óbito, da morte do
titular do patrimônio.
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https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 8/37
A morte real se dá no momento em que se dá a atividade cerebral do ser
humano. Esse é o momento, segundo a maioria dos médicos, em que ocorre
o falecimento do ser humano. A morte presumida é o momento em que
ocorre o trânsito em julgado da sentença declaratória de ausência.
É importante delimitar a data para determinar os efeitos jurídicos:
I. A lei que determina a capacidade sucessória passiva; para se determinar
quem pode ou quem é sucessor do morto, é preciso verificar a lei no
momento do óbito do titular do patrimônio.
Art. 1787 do CC – regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei em
vigor no tempo da abertura da sucessão.
João e Maria contraíram núpcias no dia 03/03/1980. Tiveram dois filhos:
Renato e Renata. O casamento durou muitos anos, até que em dezembro de
2002 João morre, deixando a viúvas e os filhos. OS sucessores são apenas
os dois filhos, porque a lei que estava em vigor (dezembro/2002) era o
Código Civil revogado de 1916. SE o morto deixasse descendente vivo e
cônjuge sobrevivente, o cônjuge sobvrevivente seria, dependendo do regime
de bens, meeiro daquele que morreu, mas nunca herdeiro, desde que o
morto deixasse descendentes.
Pensando no mesmo exemplo, só que o óbito se deu em fevereiro de 2013.
Quem seriam os herdeiros de João? Os dois filhos concorrendo com a
viúva, pois se aplica a lei em vigor na data da sucessão (art. 1849).
Ex. Um casal contraiu núpcias em 1960. Desse casamento, tiveram dois
filhos, que nasceram em 1964 e 1967. Esse casal que teve dois filhos
resolveu adotar um terceiro filho em 1974. Em setembro de 1988 João
morreu em um acidente de automóvel, deixando a viúva e os três filhos.
Quem são os herdeiros de João? Os três filhos seriam os herdeiros do pai
que morreu em setembro de 1988. Só que naquela época era o CC/16 e
havia uma discriminação no direito sucessória do filho adotado após a
existência de filhos legítimos do morto; o adotado recebia uma cota menor.
Se o mesmo óbito tivesse ocorrido em janeiro de 1989, a divisão dos três
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10608192/artigo-1787-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103251/c%C3%B3digo-civil-de-1916-lei-3071-16
23/03/2019 O direito sucessório
https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 9/37
filhos seria igual, pois a lei que estaria em vigor seria a CF/88, que entrou
em vigor em outubro de 1988, que expressamente previa a não
discriminação de qualquer filho.
A divisão antigamente dos filhos: (i) legítimos são aqueles nascidos na
constância do casamento, frutos de um casal; (ii) ilegítimos, que se
subdividiam em naturais e espúrios (os espúrios eram ainda divididos em
adulterinos e incestuoso).
Outro efeito importante:hoje, fevereiro de 2013, se alguém deixar um
testamento para uma pessoa jurídica que existe no mundo real, mas não no
mundo jurídico, e morrer logo depois, a lei não permitirá que essa empresa
seja herdeira. Mas vamos imaginar que daqui a 15 anos a lei permita que
uma empresa que existe no mundo real apenas possa ser herdeira. Vai
aplicar a lei em vigor na data do morte do testador.
II. A abertura da sucessão transmite a posse e a propriedade dos bens do
falecido. A morte do dono patrimônio implica na transferência incontinenti
da propriedade aos HERDEIROS, não SUCESSORES (art. 1784 do CC).
O legatário, com a morte do testador, não entra imediatamente na posse do
legado. Para que ele entre na posse do legado, é necessário que seja aberto
o inventário do testador e feita a partilha do patrimônio do testador que
morreu. Com o trânsito em julgado da partilha, entra na posse e
propriedade do legado.
O herdeiro testamentário entra imediatamente na posse do seu quinhão,
pois recebe uma fatia de tudo. Por sua vez, o legatário, para entrar na posse
dessa casa, a situação padrão é entrar na posse depois que terminar o
inventário.
Só existe uma situação em que o legatário pode entrar na posse do legado
antes do trânsito em julgado da partilha: o legatário faz um pedido aos
herdeiros do morto perguntando se há algo contra a entrar na posse antes
do término do inventário. Caso os herdeiros concordem, o legatário entra
na posse do legado; (ii) quando o legatário for o único sucessor do testador
(sucessor universal). Ex. Não tenho herdeiros legítimos necessários, mas
tenho irmãos e sobrinhos vivos. Posso deixar um testamento e escolher
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10608308/artigo-1784-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
23/03/2019 O direito sucessório
https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 10/37
uma pessoa como sucessora universal, pegando todo o patrimônio, vendo e
adquiro um único bem imóvel. Como tenho uma relação de amizade com
certa pessoa, deixo um testamento e instituo a pessoa como única sucessora
na qualidade de legatária. Como é legatária, a princípio, não entrar na
posse do legado. Mas como é a única sucessora, entra na posse do legado,
pois só existe o legatário.
Por força do que determina o artigo 1784 do CC, com a abertura da
sucessão, os herdeiros do morto entram na posse e propriedade da herança.
Esse princípio de que o patrimônio é transferido imediatamente aos
herdeiros com a morte do autor da herança tem origem na Idade Média,
denominado Princípio da Saisine (“le mort sait le vif”). A sociedade era
estruturada em clero, nobreza e plebe. Como a expectativa de vida na época
era muito pouca, o camponês ocupava a terra do senhor feudal e o senhor
feudal exigia uma taxa pelo fato de ocupar terra que não era dele. Quando o
camponês morria, a família do camponês não tinha condições de pagar a
taxa. Com a morte do camponês, o proprietário feudal exigia o pagamento;
se não pagasse, a família era sumariamente expulsa das terras. Por causa
dessa situação, surgiu esse princípio: enquanto não terminar a colheita
para pagar a taxa, a família não poderia ser expulsa sumariamente da terra
do senhor feudal.
Outro princípios: a herança da data da morte até a data em que é feita
partilha entre os sucessores, esse patrimônio, chamado de herança, é
considerado um todo único e indivisível. Princípio da unidade/unicidade da
herança e princípio da indivisibilidade da herança – art. 1791, § único.
A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os
herdeiros. Até a partilha, o direito dos co-herdeiros em relação à
propriedade e posse da herança, será indivisível, e regular-se-á pelas
normas relativas ao condomínio.
Se a herança é considerada, da data da morte até a data em que foi feita
uma partilha feita em inventário, única, nenhum dos herdeiros tem que
exigir dos doutros co-herdeiros qualquer tipo de anuência/permissão para
defender a herança. Qualquer co-herdeiro pode defender o todo, não só o
seu quinhão.
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10608308/artigo-1784-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
23/03/2019 O direito sucessório
https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 11/37
Enquanto permanece a situação de condomínio, qualquer um dos co-
herdeiros pode defender o todo, não apenas o seu quinhão.
Princípio da indivisibilidade da herança – enquanto perdura a situação de
condomínio, a herança é considerada um bem imóvel (art. 80, II CC).
Nenhum herdeiro pode transferir, seja a título oneroso ou gratuito, um bem
imóvel sem que seja essa transferência feita por escritura pública e sem que
seja respeitado o direito de preferência dos demais co-herdeiros.
Sendo assim, o co-herdeiro não pode vender 1/3 de determinado bem, mas
sim, ceder 1/3 dos direitos sucessórios a determinada pessoa. Se houver co-
herdeiros, antes de ceder o direito sucessória a um estranho, tem que ser
dado o direito de preferência aos outros herdeiros.
Se a herança, de acordo com o artigo 80, é considerada bem imóvel, toda e
qualquer transferência de bem imóvel só é válida mediante escritura
pública. Escrito particular não tem força legal para demonstrar a
transmissão de um imóvel.
Por isso que o artigo 1793 do CC repete o comando que já vem da parte
geral (art. 80) ao determinar: o direito a sucessão aberta, bem como o
quinhão do co-herdeiro, poderá ser objeto de cessão desde que seja por
escritura pública.
Art. 1792 do CC – o herdeiro só responde pelas dívidas/obrigações que o
autor da herança eventualmente possuir com as forças do patrimônio
que recebeu. Ex. Morto deixou patrimônio de 100 e dívida de 120; os
herdeiros não recebem nada, mas os credores recebem apenas 100, não
podendo exigir os 20 do patrimônio pessoal dos herdeiros.
Herança é igual a patrimônio. Quando uma pessoa morre, o patrimônio é
chamado de herança.
O que é espólio? O espólio só surge quando existir inventário aberto.
Inventário é a herança do ponto de vista processual. Não existe espólio
antes que seja aberto o inventário. A partir do momento em que é aberto o
inventário, a herança passa a ser o espólio do morto.
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10724671/artigo-80-da-lei-n-10406-de-01-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10724559/inciso-ii-do-artigo-80-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10607722/artigo-1793-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10607771/artigo-1792-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
23/03/2019 O direito sucessório
https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio 12/37
Quem representa o espólio = inventariante.
O espólio desaparece com a partilha transitada em julgado.
O espólio representa o patrimônio deixado pela pessoa falecida.
4. Aceitação e renúncia da herança –
artigos 1804 a 1813 do CC
Quando alguém morre, surge a transmissão do patrimônio. Esse
patrimônio se chama herança. Aquele que tem direito por lei ou por
vontade do falecido de receber esse patrimônio, tem duas opções: (i)
aceitar; (ii) renunciar ao direito.
Aceitação – é um ato jurídico, uma manifestação da vontade daquele que
tem direito de receber patrimônio no intuito de receber esse direito.
Ex. Morreu uma pessoa e o morto deixou filhos e viúva. Os filhos e viúva
tem direito de receber esse patrimônio. Mas esse direito não é uma
obrigação; aqueles que são detentores do direito podem exercer ou não.
Sendo a aceitação um ato jurídico, como todo e qualquer atojurídico, a
aceitação, para ser válida, precisa obedecer os requisitos de validade de um
ato jurídico: (i) agente capaz; (ii) forma prevista na lei; (iii) objeto lícito.
Quem é que pode aceitar a herança? A princípio, aquele que seja maior de
18 anos e esteja no pleno gozo da sua saúde mental. Ou seja, maior e capaz
pode aceitar. Aquele que é maior e capaz pode aceitar de duas maneiras: (i)
diretamente; (ii) indiretamente.
A forma mais comum de o herdeiro/legatário é aceitar diretamente e
pessoal.
Mas é possível a aceitação indireta. É possível constituir uma outra pessoa
para em nome dele aceitar a herança. Pode-se nomear até mesmo um
parente para que aceite a herança no nome do indivíduo.
23/03/2019 O direito sucessório
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A aceitação do herdeiro/legatário que é maior e capaz pode aceitar por
meio dessas duas formas.
E se o herdeiro/legatário (em sentido amplo: sucessor) for incapaz (menos
de 18 anos; tem comprometimento na saúde mental)? Pode aceitar a
herança. Para que o herdeiro incapaz aceite, a aceitação só será válida de
maneira indireta. Não existe aceitação de herdeiro/legatário incapaz que
não a indireta. Quem aceita é o representante legal: pais, tutor, curador.
Representando o detentor do direito, vai, em nome do incapaz, aceitar a
herança. Obviamente, é uma aceitação indireta.
A aceitação tem que ser feita de acordo com a forma prevista na lei. Temos
três formas válidas de aceitar a herança (art. 1805 e 1807 do CC):
I. A aceitação pode ser expressa – todo ato que é expresso é um ato que
obrigatoriamente deve ser por escrito. Não vale a manifestação verbal.
Todo ato expresso precisa ser obrigatoriamente feito por escrito.
Esse escrito precisa ser público ou já é suficiente o escrito particular?
Quando o ato exigir a forma pública, ele é taxativo. É suficiente o escrito
particular porque a lei não exige.
A maneira clássica de se aceitar a herança por escrito: tem que abrir o
inventário. Quem tem legitimidade para requerer a abertura do inventário é
o advogado. O escrito particular por excelência é a procuração que deu para
o advogado abrir o inventário (seja judicial ou extrajudicial).
Pode não ser a procuração do advogado.
II. Aceitação tácita – quando tácita, há de resultar tão-somente de atos
próprios da qualidade de herdeiro.
Não exprimem aceitação de herança os atos oficiosos, como o funeral do
finado, os meramente conservatórios, ou os de administração e guarda
provisória.
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10606358/artigo-1805-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10606212/artigo-1807-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
23/03/2019 O direito sucessório
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Ex. Procurar um advogado para fazer o inventário, adiantando parte dos
honorários; defender a herança.
III. Aceitação presumida – hipótese mais rara. O interessado em que o
herdeiro declare se aceita, ou não, a herança, poderá, vinte dias após aberta
a sucessão, requerer ao juiz prazo razoável, não maior de trinta dias, para,
nele, se pronunciar o herdeiro, sob pena de se haver a herança por aceita.
O interessado pede a intimação do herdeiro para que este dentro de um
prazo de até 30 dias diga se aceita ou não a herança. Se o herdeiro não falar
nada, presume-se aceita a herança.
O interessado pode ser um credor do herdeiro ou do morto.
Na prática, se o interessado for um credor tanto do herdeiro quanto do
morto, o herdeiro não poderia renunciar a herança porque a renúncia seria
considerada ilícita.
A aceitação é quase sempre feita de maneira expressa.
A aceitação, para ser válida, precisa lícita. O objeto da aceitação precisa ser
legal em relação à lei que está em vigor na data da abertura da sucessão.
Todo bem que tenha origem ilícita, a aceitação feita não tem nenhum valor
porque o objeto é ilícito.
4.1 Restrições em relação à validade da aceitação – a aceitação não
pode ser parcial; não pode ser feita sob condição; não pode ser feita a
termo.
Não se admite a aceitação em parte – se alguém morre e deixa 3 herdeiros,
cada um desses 3 herdeiros tem direito de receber 1/3 do patrimônio
deixado pelo morto. O herdeiro pode dar a parte dele para outro herdeiro,
mas formalmente esse herdeiro aceitou a herança e imediatamente depois
transferiu a parte dele para outro herdeiro. Sendo assim, vai pagar 2
impostos (ITCMD). Se o filho mais velho tivesse renunciado à sua
qualidade de herdeiro, a herança seria dividida por 2. A lei impede a
23/03/2019 O direito sucessório
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aceitação de parte da herança; ou se aceita tudo ou se renuncia a tudo. É
claro que na prática isso pode ser perfeitamente contornado, mas o efeito
prático é o pagamento de dois tributos.
Art. 1.808. Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob
condição ou a termo.
§ 1º O herdeiro, a quem se testarem legados, pode aceitá-los, renunciando a
herança; ou, aceitando-a, repudiá-los – o herdeiro que simultaneamente é
legatário, pode aceitar a herança e o legado; aceitar a herança e renunciar o
legado e vice-versa.
O que não pode é aceitar parte da herança e parte do legado; renunciar
parte da herança e renunciar parte do legado.
§ 2º O herdeiro, chamado, na mesma sucessão, a mais de um quinhão
hereditário, sob títulos sucessórios diversos, pode livremente deliberar
quanto aos quinhões que aceita e aos que renuncia – se na mesma herança
é herdeiro legítimo e herdeiro testamentário, pode renunciar a qualidade de
herdeiro testamentário e herdeiro legítimo; aceitar a herança na qualidade
de herança legítimo e herdeiro testamentário, etc.
Não se pode aceitar sob condição – subordinação a um evento futuro
incerto. A condição válida se subdivide em: (i) resolutiva – extintiva de um
direito. O nomeado perde a qualidade de herdeiro se a condição vier a
ocorrer; (ii) suspensiva.
Se nomear sob condição, a condição normalmente é suspensiva (muito
dificilmente resolutiva, pois esta tem um caráter punitivo).
Ou seja, ou aceita na data da abertura da data da sucessão ou não se aceita.
Não pode o herdeiro dizer: “aceito mas não quero pagar o ITCMD”; “aceito
desde que não tenha que me deslocar da minha cidade”. Qualquer tipo de
condição imposta pelo aceitante, não é válida.
Aceitação feita a termo – data futura e certa. A aceitação não pode valer a
partir de uma data que não seja a data do óbito. A aceitação vale sempre a
partir da data da abertura da sucessão; não pode ter uma outra data. Por
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isso não se admite a aceitação feita a termo.
A aceitação tem uma única data: data da abertura da sucessão. Por isso não
é possível a aceitação feita a termo.
A renúncia é um ato de despojamento da herança; ato de liberalidade.
A renuncia, como todo e qualquer ato jurídico, precisa obedecer os
requisitos de validade de qualquer ato jurídico (agente capaz; objeto lícito;
forma).
A princípio, quem pode renunciar é o herdeiro/legatário maior e capaz. SE
o sucessor for maior e capaz, a renúncia pode ser feita de duas maneiras:
I. Renúncia direta e pessoal
II. Renúncia indireta (feita por um procurador do renunciante)
A renúncia do incapaz é obrigatoriamente indireta, feita pelo representante
do incapaz.
É admissível que o herdeiro incapaz abra mão do seu direito à herança?
Sim. Os pais, com relação ao patrimônio do filho, podem administrar e tem
o usufruto pela administração dos bens dos filhos. Sendo assim, os pais não
podem diretamente renunciar à herança, mas pode pedir uma autorização
judicial para que a renúncia seja autorizada judicialmente. O juiz vai
autorizar quando, ao renunciar, o incapaz não sofranenhum tipo de
prejuízo à sua formação/criação/sustento/manutenção.
A renúncia é um ato jurídico que pode ser praticado pelo incapaz, desde
que haja autorização judicial, pois o representante do incapaz tem o direito
de administrar, mas não de dispor do patrimônio do incapaz, sendo que a
herança é um patrimônio.
A doutrina classifica a renúncia tem duas categorias:
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I. Renúncia própria/pura/abdicativa – é aquela em que o renunciante abre
mão do seu direito e pouco importa a ele quem é que vai ficar com aquilo
que seria dele. Em outras palavras: o renunciante não renuncia para
favorecer determinada pessoa; simplesmente abre mão. Favorece todos que
a lei determina que seriam beneficiários da renúncia.
II. Renúncia imprópria/impura/translativa – é cessão de direito sucessório.
Qual a consequência prática? Na renúncia pura, exige a incidência de um
imposto. Na renúncia impura, aquela pessoa que tem direito de ser
herdeira não quer ficar com o que recebeu, mas vai parar outra pessoa.
Nesse caso, aceita a herança e, imediatamente, transfere para uma outra
pessoa. Sendo assim, há a incidência de dois impostos.
A renúncia, para ser válida, precisa obedecer a forma prevista na lei. A
forma válida de se fazer a renúncia somente pode ser EXPRESSA. Não
existe renúncia tácita, tão pouco presumida.
Art. 1.806. A renúncia da herança deve constar expressamente de
instrumento público ou termo judicial. – não temos só esses dois modos
de fazer a renúncia. A renúncia por instrumento público é muito rara.
Termo judicial – é um documento feito em juízo.
Hoje em dia, a renúncia é feita por um escrito particular homologado pelo
juiz que preside (judicial) ou pelo cartorário (Extrajudicial). O juiz pode
convocar o herdeiro para ratificar na presença dele a renúncia (muito difícil
de ocorrer).
A renúncia não pode ser parcial, nem sob condição ou a termo. A renúncia
sempre vale a partir da data da sucessão. Os efeitos da renúncia passam a
valer da data da abertura da sucessão.
A renúncia é irretratável. Renunciou, renunciado está.
Se o renunciante for casado, precisa da anuência do outro? Duas correntes:
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I. Corrente majoritária – se o renunciante for casado, precisa da
autorização do outro, salvo se o casamento for contraído no regime da
separação de bens convencional ou obrigatória. A palavra alienação
abrange tanto a transmissão onerosa quanto gratuita.
II. Corrente minoritária – não importa o regime de bens. Em qualquer um
dos 4 regimes bens (comunhão parcial; comunhão universal; participação
final dos aquestos; separação total) o renunciante não precisa da anuência
do outro. Fundamento: a herança é um bem imóvel (art. 80, II do CC).
Toda transmissão de um bem imóvel, se o proprietário for casado, precisa
da anuência do cônjuge, mas a lei fala em “alienação”. Alienação de um bem
imóvel seria uma transferência onerosa. Logo, a renúncia é uma liberdade,
transmissão feita a título gratuito. Sendo assim, não precisaria renunciar
com a anuência do outro cônjuge.
A renúncia traz efeitos/consequências:
I. Efeitos da renúncia na sucessão legítima:
a. Art. 1810 do CC – o quinhão do renunciante acresce ao quinhão dos
outros herdeiros que estão na mesma classe em que o renunciante se
encontra. Na verdade, a parte do renunciante, na sucessão legítima,
aumenta a parte dos outros herdeiros que estão na mesma classe E no
mesmo grau em que o renunciante se encontra (não apenas na mesma
classe).
Sucessão legítima – art. 1829. Classes: (i) descendentes – não há limite de
grau; (ii) ascendentes – não há limite de grau; (iii) cônjuge sobrevivente;
(iv) colaterais – até 4º grau - irmão; sobrinho e depois tio; primo-irmao,
sobrinho neto e tio-avô.
Se o renunciante é descendente de primeiro grau, o quinhão dele vai
favorecer os descendentes de primeiro grau do renunciante.
Art. 1.810. Na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce à dos
outros herdeiros da mesma classe e, sendo ele o único desta, devolve-se
aos da subsequente.
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10724671/artigo-80-da-lei-n-10406-de-01-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10724559/inciso-ii-do-artigo-80-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10605972/artigo-1810-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
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Além disso, sendo o renunciante o único da classe, devolve-se o quinhão
aos herdeiros da classe subsequente.
b. Art. 1.811. Ninguém pode suceder, representando herdeiro
renunciante. Se, porém, ele for o único legítimo da sua classe, ou se
todos os outros da mesma classe renunciarem a herança, poderão os
filhos vir à sucessão, por direito próprio, e por cabeça.
Esse artigo é dividido em duas partes. O que é herdar por representação?
O artigo 1835 do CC/2002 diz que na linha reta descendente, os filhos
sempre herdam por direito próprio e por cabeça. Os demais descendentes
herdam de duas maneiras: (i) próprio e por cabeça; (ii) por estirpe/por
representação.
Ou seja, o neto do morto pode herdar direto do morto ou por
representação.
O que é herdar por direito próprio e por cabeça? A relação de parentesco
entre um filho e um pai, por exemplo, é a mesma próxima possível, sendo
direta, não existe nenhum parente que seja mais próximo. Ou seja, a
herança é dividida pelo número de filhos.
O neto pode herdar por direito próprio e por cabeça? Sim. Os netos herdam
caso os pais já tenham falecido ao tempo da morte do autor da herança.
Outra hipótese: os filhos do autor da herança renunciam à herança, sendo
assim, os netos irão herdar por direito próprio e por cabeça. Outra
hipótese: os filhos planejaram a morte do pai. Por serem excluídos da
herança, os netos irão suceder por direito próprio e por cabeça.
Há também uma maneira muito mais frequente: sucessão por
estirpe/sucessão por representação. Ocorre quando a lei convoca/chama
certos parentes do autor da herança para suceder em nome de um outro
herdeiro que, se estivesse vivo, seria o original destinatário/beneficiário da
herança (art. 1851 e seguintes do CC). Dá-se o direito de representação
quando a lei chama/convoca alguns parentes do morto para suceder em
nome de outro que, se estivesse vivo, seria o original beneficiário da
herança.
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10604422/artigo-1835-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10603493/artigo-1851-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
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Ex. O autor da herança morreu em 2013. Um dos três filhos já tinha
falecido em 2010, deixando netos. Sendo assim, a herança será dividida da
seguinte forma: 1/3 para cada um dos filhos e 1/3 dividido para os netos do
filho falecido.
Quais são os requisitos para que se tenha o direito de representação?
I. Que o representante seja descendente do representado (representante é
aquele que vai receber a herança)
II. Que o representado seja filho ou irmão do autor da herança
III. Que não haja salto de graus entre representante e representado
IV. Que o representante tenha legitimidade para herdar do representado
Estando presentes os quatro requisitos, haverá o direito de representação.
O direito de representação ocorre regularmente na linha reta descendente.
Na linha colateral há direito de representação somente na hipótese do
artigo 1853 do CC – somente se dá o direitode representação em favor de
filho de irmão do falecido quando concorrer com irmão do falecido.
NETO DE IRMÃO DO MORTO NUNCA CONCORRE.
Voltemos ao artigo 1811 – não há direito de representação na renúncia. A
parte do renunciante aumenta a parte dos herdeiros da mesma
classe/mesmo grau.
Porém, se o renunciante for o único ou todos da mesma classe
renunciarem, poderão os filhos do renunciante (s) poderão os filhos herdar
do autor da herança.
Ex. A tem quatro filhos. Renunciando os quatro filhos, há direito de
representação para os netos.
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10603428/artigo-1853-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
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II. Efeitos da renúncia na sucessão testamentária – na sucessão
testamentária pode haver a nomeação conjunta, ou seja, dois ou mais
herdeiros testamentários conjuntamente. Havendo uma nomeação
conjunta, duas hipóteses podem ocorrer se houver renúncia de um dos co-
herdeiros nomeado:
a. Se o testador nomear dois ou mais herdeiros e não definir na nomeação o
percentual de cada um, haverá o direito de acrescer em relação aos demais.
O quinhão do renunciante irá acrescer ao quinhão dos demais.
Ex. Deixo um testamento e escrevo o seguinte: deixo para Paulo, Pedro e
João, 30% do meu patrimônio líquido.
b. Se o testador nomear dois ou mais herdeiros e definir na nomeação o
percentual de cada um, não haverá o direito de acrescer em relação aos
demais. O quinhão do renunciante irá acrescer aos herdeiros legítimos do
testador.
Ex. Deixo para Paulo, Pedro e João 30% do patrimônio líquido, sendo que
dos 30%, 20% para Paulo, 8% para Pedro e 2% para João.
III. Se o testador nomeou um único herdeiro testamentário e ele renunciou,
aquilo que renunciou volta para o monte e vai para os herdeiros legítimos
do testador.
5. Exclusão da Sucessão
Exclusão da herança é uma sanção/punição aplicável ao herdeiro ou ao
legatário de natureza civil aplicável ao sucessor que cometeu um ato ilícito
previsto em lei como punível com o afastamento do sucessor.
Para que haja a exclusão do herdeiro/legatário que cometeu o ato ilícito,
são necessários dois requisitos:
I. Prática do ato previsto em lei como passível de exclusão
23/03/2019 O direito sucessório
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II. É necessária a propositura de uma ação (Ação de exclusão da herança)
por aquele que tenha interesse e legitimidade na exclusão do autor do ato
ilícito. Essa ação, de rito ordinário, tem um prazo decadencial para ser
proposta: 4 anos contados da abertura da sucessão, conforme artigo 1815 e
seu parágrafo único.
Quem tem interesse e legitimidade para exclusão? É aquele que será
beneficiado e ficará com o quinhão do excluído.
Essa ação tem que ser proposta até 4 anos contados da morte do autor da
herança. SE não for proposta a ação, decai o direito de demandar o
afastamento do sucessor que cometeu o ato ilícito.
São duas as maneiras de se pedir a exclusão da herança: (i) indignidade; (ii)
deserdação.
As duas maneiras de se excluir tem o mesmo objetivo: fazer com que o
excluído não receba absolutamente nada do patrimônio deixado pelo
falecido se não tivesse sido afastado/excluído. A finalidade das duas é fazer
com que o excluído não receba nada da herança.
Há diferenças com relação a indignidade e deserdação:
I. Os atos ilícitos que permitem a exclusão por deserdação são mais amplos
que os atos ilícitos que permitem a exclusão por indignidade.
Deserdação – art. 1814, 1962, 1963, todos do CC.
Indignidade – apenas os previstos no artigo 1814 do CC.
II. A exclusão por deserdação é exclusiva da sucessão testamentária. EM
outras palavras: só existe deserdação se o autor da herança deixou
testamento, excluindo fulano ou beltrano por testamento no qual ele
manifesta sua vontade no intuito de deserdar aquele herdeiro.
Ou seja: deserdação exige a elaboração de um testamento enquanto o autor
da herança e a sua vontade prevalece.
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10605760/artigo-1814-da-lei-n-10406-de-01-de-setembro-de-19901990
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10605760/artigo-1814-da-lei-n-10406-de-01-de-setembro-de-19901990
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
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A indignidade é típica da sucessão legítima. Mas, nada impede que ela
esteja presente na sucessão testamentária. OU seja, pode ser que alguém
tenha deixado um testamento e não tenha deserdado o autor do ato ilícito.
Mesmo não havendo a deserdação, o autor do ato ilícito será excluído por
indignidade, mas não por deserdação.
III. Os atos ilícitos que permitem a exclusão por deserdação são atos ilícitos
cometidos antes da abertura da sucessão, pois é necessária a presença de
um testamento.
Na exclusão por indignidade, também a enorme esmagadora maioria
também são atos ilícitos cometidos antes da morte do autor da herança.
Mas há uma exceção em que alguém que é herdeiro pode ser excluído da
herança por cometimento do ato ilícito depois da abertura da sucessão.
O ato ilícito que permite a deserdação, por sua vez, deve ser ANTES da
abertura da sucessão.
5.1 Atos ilícitos previstos no CC que autorizam a exclusão por
deserdação e por indignidade – art. 1814.
I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio
doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu
cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente – necessita da
condenação. Se um autor de um crime de homicídio doloso for absolvido no
crime, somente em uma hipótese a sentença penal não faz coisa julgada no
cível, podendo ser condenada no cível: caso seja absolvida por insuficiência
de provas em âmbito penal.
Herdeiro impronunciado no júri PODE ser excluído da herança.
II - que houverem acusado caluniosamente EM JUÍZO o autor da herança
ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou
companheiro;
Crime de denunciação caluniosa – provocar o funcionamento da máquina
pública de maneira completamente indevida. A denunciação caluniosa que
autoriza a exclusão da herança deve ser praticada contra APENAS o autor
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da herança e EM JUÍZO.
Duas correntes com relação À exclusão da herança nos crimes contra honra
a. Se o ofendido não tomar medida no âmbito criminal – essa inação do
ofendido equivale a um perdão tácito do ofendido em relação à pessoa do
ofensor. Logo, não pode ser excluído da sucessão.
b. Mesmo que o ofendido não tenha promovido a ação penal privada contra
o ofensor, ainda assim o ofensor pode ser excluído da sucessão, tanto por
indignidade quanto por deserdação, tendo em vista que os juízos são
autônomos e independentes entre si.
III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o
autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última
vontade – ou seja, por meio de fraude impediu que o autor da herança
deixasse testamento.
Ou ainda: o autor da herança, ciente da fraude, vai até o tabelionato de
notas e deixa um testamento verdadeiro, excluindo o autor da fraude da sua
herança.
A violência que permite a exclusão do sucessor é a utilização de violação
corporal.
6. Hipóteses exclusivas de deserdação
Art. 1962 e 1963 são atos típicos de deserdação.
Art. 1962 – ascendente que deserda o descendente. Hipóteses:
I. Ofensa física – ofensa física equivale ocasionar uma lesão física ou à
saúde do ser humano.
Ofensa física tem que ser obviamente a ofensa física dolosa. Lesão corporal
culposa não permite que o descendente seja deserdado.
23/03/2019 O direito sucessório
https://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio25/37
No crime de lesão corporal dolosa, existe uma graduação, que pode ser leve,
grave ou gravíssima. A lesão corporal de natureza leve é considerada de
menor potencial ofensivo. Aquele que comete um crime de menor potencial
ofensivo pode não receber qualquer sanção no âmbito criminal. Se aquele
que comete um crime de lesão corporal dolosa leve pode não receber
nenhuma penalidade na órbita criminal, por que então poderia ser punido
no âmbito civil? Temos duas correntes:
a. Corrente majoritária – sim, é possível deserdar mesmo nessa hipótese,
até por motivos religiosos e questão de respeito.
b. Corrente minoritária – se no âmbito criminal a lesão leve é um crime de
menor potencial lesivo e o infrator pode não receber nenhum tipo de
qualquer sanção, não poderia sofrer uma sanção tão severa na órbita civil.
II. Injúria grave – o que distingue uma injúria de uma injúria grave? É a
utilização de ofensa corporal contra o ofendido.
O artigo 1814 falava que era possível excluir por crime contra a honra. Se a
injúria comum já autoriza a deserdação, a injúria grave também, por óbvio
autorizaria.
III. Relações ilícitas de caráter sexual com a madrasta ou com o padrasto –
não é qualquer relação ilícita. Deve ser uma relação ilícita de cunho sexual.
IV. Desamparo do ascendente acometido de grave enfermidade ou
alienação mental – alienação mental é qualquer tipo de comprometimento
na capacidade de discernimento da pessoa. Por isso, não consegue praticar
os atos da vida civil.
Grave enfermidade – doença que pode causar risco de morte ao enfermo;
incurável ou de cura improvável. Sendo assim, diabetes é uma doença
controlável, mas é grave.
Não é apenas o desamparo material; é o desamparo também de ordem
afetiva.
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Ex. Mulher está com mal de Alzheimer. Um dos filhos, sabendo que ela está
acometida desta doença e que além de grave, provoca alienação mental,
esse filho ignora a existência da mãe, embora possa contribuir
economicamente nos custos do tratamento da mãe enferma. Nessa
situação, o marido, pai do filho, pode deixar um testamento deserdado da
própria herança, mas a mãe não pode deserdá-lo, pois não tem capacidade
de deixar testamento. Sendo assim, esse filho não pode ser excluído da
herança da mãe, mas da herança do pai pode.
Art. 1963 – é o descendente deserdando o ascendente. As hipóteses são
exatamente as mesmas. O que muda:
I. Relações ilícitas com a mulher/companheira/marido/companheiro do
filho (a)
II. Desamparo do filho ou do neto que está acometido de deficiência mental
ou grave enfermidade mental – alguém tem um filho que é portador de
Síndrome de Down. O avô tem vergonha do próprio neto. Sendo assim,
pode deserdar o avô por causa dessa atitude.
No Código Civil existe uma omissão gravíssima – quais são os atos ilícitos
que permitem que o marido deserde a mulher? Posso utilizar a analogia
para uma situação em que o marido deseje deserdar a mulher? Não, não é
possível. Para exclusão da herança, só se permite a exclusão se o ato ilícito
estiver explicitamente em lei como punível com a exclusão. Sendo assim,
pela lei em vigor hoje, somente é possível a deserdação do cônjuge
sobrevivente nas hipóteses do artigo 1814 e seus respectivos incisos.
6.1 Efeitos da exclusão da herança.
Primeiro efeito – Transitando em julgado, o efeito da sentença que
determinou a exclusão da herança é EX TUNC (retroage). Uma vez
transitada em julgado a sentença, passa a valer a partir da data da abertura
da sucessão, e não a partir do trânsito em julgado da sentença.
Segundo efeito – art. 1816 do CC – são pessoais os efeitos da exclusão.
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10605548/artigo-1816-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
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Quem é punido por ter praticado o ato ilícito é o autor do ato ilícito, não a
família.
Logo, os filhos do excluído podem herdar o que caberia a este (como se
fosse pré-morto).
Caso não tenha filhos ou estes já eram falecidos, passa para os
descendentes (netos, bisnetos, etc.).
Vamos imaginar que por alguma situação qualquer, o excluído não tem
descendentes, vai para os irmãos do excluído.
O excluído é como se fosse considerado uma pessoa morta. Ou seja, em
bom português, ficticiamente, devemos imaginar que se o excluído é
considerado como morto, é como se o autor da herança não tivesse esse
filho.
(lembrando – ordem da herança: descendente – filho, neto, bisneto;
ascendente – pai e mãe, avós, bisavô; cônjuge sobrevivente; colaterais –
irmão (2º grau), sobrinho, tio, primo-irmão, tio avô e sobrinho-neto). Caso
não tenha nenhum herdeiro, a herança vai para o poder público.
Terceiro efeito – o excluído perde o direito à administração e ao usufruto
dos bens que ficarem com seus descendentes se os descendentes forem
menores/incapazes. Embora tenha o poder familiar, o excluído perde um
dos atributos decorrentes do poder familiar. Quem passa a ter a
administração e o usufruto dos bens dos incapazes é o tutor, caso o (a)
excluído não tenha cônjuge.
Quarto efeito – o excluído da sucessão não terá direito à herança dos
bens que ficarem com os descendentes.
Ou seja, ele pode até herdar o patrimônio do descendente, mas o não
patrimônio oriundo da herança da qual foi excluído.
Quinto efeito – art. 1817 e seu parágrafo único – enquanto não
transitar em julgado a ação de exclusão da herança, o herdeiro é
considerado como herdeiro aparente para todos os efeitos. Ou seja, é
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perfeitamente possível que, enquanto a ação de exclusão está em
tramitação, o herdeiro aparente pratique atos civis. Esses atos civis serão
válidos em relação ao terceiro de boa-fé.
Ex. A morreu em janeiro de 2004 e o filho caçula foi autor de um ato ilícito
passível de exclusão da herança. Os irmão pedem a exclusão da herança, no
prazo de 4 anos. A ação foi proposta em novembro de 2007, enquanto que a
sentença só transitou em julgado em março de 2011. Durante esse período,
o autor do ato ilícito não poderia ter cedido seu direito sucessório aos
irmãos ou terceiro? Essa cessão é válida? São válidas as alienações onerosas
do herdeiro aparente a um terciero adquirente de boa-fé.
(i) alienação onerosa (se for uma doação do herdeiro aparente, não tem
validade algum, pois o donatário deixa de ganhar mas não tem prejuízo);
(ii) o adquirente tem que agir de boa-fama. Se o adquirente agiu de má-fe e
em conluio, essa alienação não será válida. A alienação tem que ser de boa-
fé.
Enquanto o herdeiro não tiver sido afastado pelo trânsito em julgado da
sentença de exclusão, as despesas de conservação dos bens, poderá pedir o
ressarcimento das despesas aos outros co-herdeiros.
Se é lícita a alienação onerosa praticada pelo herdeiro aparente para um
terceiro de boa-fé, os outros herdeiros podem entrar com uma ação
regressiva contra esse herdeiro aparente (art. 1817).
Há ou não há a possibilidade de perdão (reabilitação)? Sim, desde que ele
seja perdoado/reabilitado.
O artigo 1818 do CC exige, entretanto, que a reabilitação seja feita de
maneira expressa, não tendo nenhum efeito a reabilitação tácita. O
ofendido tem que perdoar o ofensor de maneira induvidosa, feito de
maneira expressa (escrita): perdoa por testamento ou ato autêntico
(declaração por instrumento público ou particular por meio da qual o
declarante, de maneira segura, informa que deseja o perdão daquele que
praticou o ato ilícito).
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10605397/artigo-1818-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-0223/03/2019 O direito sucessório
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Vale ou não a reabilitaão tácita? Pelo artigo 1818, não vale a reabilitação
tácita. Deve ser feita de maneira expressa.
7. Herança jacente e herança vacante
Herança jacente é aquela na qual alguém morre e não se sabe/não se
conhece a existência de herdeiros legítimos do morto. Ignora-se a
existência de descendentes, ascendentes, cônjuges ou companheiros
sobrevivente e de colaterais até o 4º grau.
Por isso é jacente: herança desconhecida ainda o seu destino.
Outra hipótese de jacência da herança é não se saber se o morto deixou
herdeiros testamentários ou legatários.
Nessas duas situações acima comentadas, diz-se que a herança é jacente.
Uma última hipótese de herança jacente é aquela em que, deixando
herdeiros conhecidos, todos repudiam a herança.
A herança jacente se tornar vacante é um procedimento especial de
jurisdição voluntária previsto no CPC (art. 1142 a 1158 do CPC).
Para estudarmos a herança jacente que se torna vacante, devemos consultar
o CPC.
O bem jacente vai ficar com o município. O Serviço Funerário comunica a
Procuradoria do Município sobre a situação. O procurador do município vai
solicitar a abertura de um procedimento de herança jacente para que se
torne vacante.
Primeiramente, o juiz vai providenciar um oficial de justiça para
providenciar a arrecadação dos bens que forem encontrados. Feito o auto
de arrecadação, esse auto é entregue na vara e é juntado ao procedimento.
O juiz, ao receber o auto, vai nomear um curador que vai administrador os
bens arrecadados (muitas vezes o próprio procurador do município).
Nomeado o curador, a próxima providência é tentar localizar parentes do
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10609421/artigo-1142-da-lei-n-5869-de-11-de-janeiro-de-1973
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10608003/artigo-1158-da-lei-n-5869-de-11-de-janeiro-de-1973
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73
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autor da herança. Vai direcionar um ofício para o Consulado do país. Caso
encontre alguém, converte-se a herança jacente em procedimento de
inventário.
A herança jacente pode vir a se tornar herança vacante.
Sendo assim, o juiz vai mandar oficial de justiça e arrecadar os bens que
encontrar. Vai lavrar um auto de arrecadação dos bens que ele encontrar.
Feito o auto de arrecadação, o oficial de justiça entrega o auto em cartório.
Uma vez juntado o auto de arrecadação, o juiz vai nomear um curador para
conservar e administrar os bens arrecadados. Depois, o juiz vai tentar achar
herdeiros do morto. A lei prevê essa busca através da publicação de editais
(art. 1152 e seguintes do CPC). Esses editais serão publicados pelo menos 3
vezes. Entre a primeira e a segunda, e a segunda e a terceira, o intervalo
deve ser no mínimo 30 dias e de no máximo 3 meses. SE alguém se
habilitar, o processo de converte de herança jacente em inventário.
Hoje em dia, em virtude do avanço da tecnologia, alguns juízes, de maneira
informal, utilizam o facebook para encontrar parentes do morto. Mas não é
exigível do poder público que proceda à tentativa de localização do morto
pelo facebook ou qualquer rede social.
Depois de 1 ano da publicação do primeiro edital, se não aparecer nenhum
herdeiro, os autos serão conclusos ao juiz, que irá dar uma decisão. Essa
decisão é a prolação de uma sentença que tem natureza declaratória (não
constitutiva), que é a sentença de vacância, declarando os bens vacantes.
Transitado em julgado a sentença que declara que os bens deixados pelo
morto são vacantes, os bens que já estavam com o poder público, pois
estavam sendo administrados pelo procurador, passam ao domínio público,
mas ainda em caráter precário (art. 1822, parágrafo único do CC).
Com o trânsito em julgado, ficam excluídos os parentes colaterais do morto.
Quem ainda tem direito de ser considerado herdeiro do morto são os
descendentes, ascendentes, viúvo (a), companheiro (a). Mas, não poderão
reclamar por mera habilitação no procedimento de herança jacente. Vão ter
que propor uma ação de petição de herança, cujo prazo é de 5 anos
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10608653/artigo-1152-da-lei-n-5869-de-11-de-janeiro-de-1973
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10605215/artigo-1822-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10605167/par%C3%A1grafo-1-artigo-1822-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
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contados da abertura da sucessão (data da morte do falecido). Passado esse
prazo em aberto, esse patrimônio se incorpora ao patrimônio do poder
público.
A sentença de vacância retroage à data da morte, razão pela qual tem
natureza declaratória. Logo, é possível usucapião desses bens quando da
abertura da sucessão? Não é possível, pois é bem público. É bem público
porque a sentença vale desde a data da morte (efeito ex tunc da sentença
declaratória de vacância).
8. Sucessão legítima
Lá no começo vimos que existem dois tipos de sucessão: legítima e
testamentária. A sucessão contratual não é possível no Brasil.
A sucessão legítima/legal é aquela que decorre em que a pessoa não deixa
testamento ou deixa testamento mas este é ineficaz, não sendo cumprido.
A sucessão legítima adota um critério. Esse critério pode não ser o mais
justo do mundo, mas é um critério que se baseia principalmente no afeto e
nas relações de parentesco. Há, assim, um critério de
convocação/chamamento para receber o patrimônio do morto, adotando
esse critério de parentesco e afeto.
No artigo 1829 do CC e seus incisos, o legislador estabeleceu um critério de
preferência e exclusão.
Em primeiro lugar, chama os descendentes. Em segundo lugar, os
ascendentes. Em terceiro lugar, o cônjuge sobrevivente. Em quarto lugar,
chama os colaterais.
E a companheira (o)? Muitos entendem que esta ocupa o mesmo lugar do
companheiro sobrevivente. Outros entendem que não: o convivente
sobrevivente tem direito à herança mas não é considerado herdeiro
legítimo (corrente do professor. O direito sucessório do companheiro está
no artigo 1790 do CC. Existe uma razão de ordem política colocar a
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10604801/artigo-1829-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10608066/artigo-1790-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
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companheira em local diferente do cônjuge sobrevivente. Se esse critério é
justo, isso é outro aspecto. Mas o critério, pela lei, não é igual; o art. 1845
não menciona a companheira quando teve a oportunidade).
A diferença entre viúva e companheira é só no direito sucessório, porque no
direito de família é igual.
Qual foi a grande novidade que o CC/2002 atual que está em vigor em
relação ao CC/16? A grande diferença é a seguinte: a ordem de
chamamento continua a mesma. A novidade é que agora uma classe pode
ou necessariamente irá concorrer com outra classe (Ex. Jamais um filho do
morto concorre com seu avô ou com seu tio. Mas pode concorrer com o
cônjuge sobrevivente).
Quem foi privilegiado com essa nova estrutura foi o cônjuge. O prejudicado
foi o descendente e o ascendente do morto.
A primeira classe são os descendentes. Os filhos sempre herdam por direito
próprioe cabeça (diretamente do pai ou da mãe).
Os netos, bisnetos, etc. Herdam por direito próprio e cabeça ou por
representação/estirpe.
Qual o tamanho da participação do cônjuge quando houver concorrência?
Há divergência de correntes com relação a isso.
Primeira hipótese de concorrência – o autor da herança era casado na
comunhão parcial e deixou bens particulares, descendentes e viúva – qual o
tamanho da participação da viúva? Depende da corrente.
a. Concorrência do cônjuge sobrevivente com os descendentes se dá apenas
sobre os bens particulares – corrente largamente majoritária – nessa
corrente, sustentam que a viúva só participará com os filhos sobre os bens
particulares. O patrimônio comum pertencerá apenas aos descendentes.
A esposa já é meeira dos bens adquiridos na constância do casamento a
título oneroso. A viúva, assim, tem direito à meação (tem direito à metade
do patrimônio). Isso é direito decorrente do término do casamento. Ainda
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por cima, é herdeira do marido que morreu junto com os descendentes.
Sendo assim, sobre os bens particulares vai ser herdeira, recebendo uma
parte.
O restante da meação é divido somente entre os filhos (sobre o patrimônio
comum não participa como herdeira, pois já é meeira).
A lei presume que sendo o autor da herança na comunhão universal, a
meação do cônjuge sobrevivente já é suficiente para garantir uma
subsistência digna para o viúvo/viúva.
b. Concorrência do cônjuge sobrevivente com os descendentes se dá sobre
TODA herança.
Na segunda corrente, a viúva continua tendo a meação e concorre na outra
metade do patrimônio comum e os bens particulares com os descendentes.
A lei não diz qual a extensão da concorrência, qual o tamanho da
participação da viúva. Onde a lei não diz, não cabe ao interprete adotar uma
interpretação punitiva, restritiva, limitadora do direito sucessória da classe
concorrente. Se a lei não limita, não pode o intérprete limitar.
Esta corrente minoritária.
c. Concorrência do cônjuge sobrevivente com os descendentes se dá sobre o
patrimônio comum do casal – corrente absolutamente isolada – Maria
Berenice Dias.
Não há nenhum julgado adotando esta corrente.
OU seja, não concorre sobre os bens particulares. OS bens particulares são
partilhados exclusivamente entre os descendentes, enquanto que os bens
comuns são divididos entre os descendentes e o cônjuge sobrevivente.
Existe a concorrência do descendente também no caso de separação
convencional de bens – em relação a este regime de bens, não existe
divergência na doutrina com relação à extensão da concorrência.
23/03/2019 O direito sucessório
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O patrimônio é exclusivo de cada um dos cônjuges, pois neste regime não
há patrimônio comum. Logo, não há direito de meação do cônjuge
sobrevivente. A herança é dividida de forma igual para cada um dos
descendentes e cônjuge sobrevivente.
Mas haveria uma controvérsia do legislador – para uma parte dos
doutrinadores, o artigo 1829 está mal redigido. O legislador, neste caso
específico, diz menos do que queria dizer. Quando disse que não há
concorrência na separação obrigatória, quis dizer que não há concorrência
também na separação convencional também. Seria contraditório que,
durante a vida, o patrimônio fosse sempre separado e, quando falece um
dos cônjuges, haverá o recebimento da herança.
9. Concorrência no regime da participação final dos aquestos.
Durante o casamento vigora o princípio da separação de bens. Se o
casamento terminar, seja pela morte ou divórcio, aí sim haverá a comunhão
dos aquestos (dos bens adquiridos na vigência do casamento de maneira
onerosa).
O cônjuge tem meação dos aquestos. A outra metade dos aquestos e dos
bens particulares é dividido entre os cônjuges e os filhos.
OU SEJA, O RESULTADO É O MESMO DAQUELE DA CORRENTE
MINORITÁRIA DA CONCORRÊNCIA NA COMUNHÃO PARCIAL DE
BENS.
Art. 1832 do CC – este artigo tem que ser lido em duas etapas. A primeira
parte do artigo e a segunda parte do artigo.
Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, inciso I) caberá ao
cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua
quota ser inferior à quarta parte da herança, se for ascendente dos
herdeiros com que concorrer – ou seja, se a viúva for mãe ou avó dos
filhos/netos do marido que morreu, ela não pode receber menos do que ¼.
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10604550/artigo-1832-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
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Este artigo, na verdade, só tem importância quando o número de filhos ou o
número de descendentes do morto for igual ou maior do que 4. Se o morto
deixou 3 ou menos descendentes, este artigo simplesmente é ignorado. Só
será aplicado quando o número de descendentes for igual ou maior que 4.
Nesse caso, já tira a cota mínima do cônjuge sobrevivente (1/4) e só depois
divide entre os descendentes.
No entanto, e quando for filiação híbrida? A corrente majoritária sustenta
que para que seja aplicado o artigo 1832, o cônjuge sobrevivente tem que
ser ascendente de todos.
A corrente minoritária sustenta que a lei não discrimina que o todos os
descendentes sejam comuns. A lei apenas diz que se o cônjuge for
ascendente dos herdeiros com que concorre, já ficará com a reserva mínima
de ¼.
Importante: Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao
cônjuge sobrevivente se, ao tempo da morte do outro, não estavam
separados judicialmente, nem separados de fato há mais de dois anos, salvo
prova, neste caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa
do sobrevivente – Não existe direito sucessório ao cônjuge sobrevivente que
estiver separado judicialmente. Só perde o direito sucessório o cônjuge
separado judicialmente sendo esta definitiva (não a mera separação de
corpos). Não existe direito sucessório para “ex”.
Atualmente hoje não há um prazo mínimo de separação de fato para que o
cônjuge sobrevivente perca o direito à herança. O poder judiciário vai
verificar caso a caso se a separação de fato tinha um caráter de
perpetuidade.
A parte final do artigo em comento não se aplica mais: “salvo prova, neste
caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa do
sobrevivente”.
10. Conclusão
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Pode-se concluir que o Direito Civil é o direito dos ricos. Já disse esta frase
várias vezes ao longo do extenso curso de Direito Civil. Tanto que mesmo
no contrato de doação existe um interesse econômico (confiram aula 12 de
Contratos). Dinheiro tem uma importância grande na nossa vida,
especialmente na velhice quando estamos mais vulneráveis. Das crianças os
pais cuidam, mas os velhos em geral são um problema nas famílias, por isso
é importante você estudar e trabalhar para juntar dinheiro quando estiver
idoso. É justamente desta arrecadação do patrimônio que cuida o Direito
Civil. No Direito das Obrigações estudamos que as pessoas se relacionam
com outras pessoas e celebram contratos em busca de conforto e lucro. No
Direito Real estudamos que as pessoas se relacionam com as coisas,
ocupando-as para adquirir propriedade. A propriedade (ou domínio) é o
principal Direito Real. Pois bem, ao longo das décadas celebrando contratos
e adquirindo propriedade as pessoas formam um patrimônio, esse é o
sentido da vida! E para onde vai esse patrimônio quando as pessoas
morrem? Para seus sucessores. É da transmissão desse patrimônio que
cuida o Direito das Sucessões, assunto deste artigo.
11. Bibliografia.
Constituição Federal. Colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto; Márcia
Cristina Vaz dos SantosWindt e Livia Céspedes. 10. Ed. Atual. E ampl. São
Paulo: Saraiva, 2010. (Saraiva de legislação).
CANDIL, Thatiana de Arêa Leão. A União Estável e o Direito
Sucessório. São Paulo, 2006. Dissertação (Mestrado em Direito
Civil) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo,
2006.
CARVALHO NETO, Inacio de. Direito Sucessório do Cônjuge e
do Companheiro. São Paulo: Método, 2007. (Coleção Prof. Rubens
Limongi França, v. 1).
____. Manual das Sucessões. 3. Ed. São Paulo: Ed. Revista dos
Tribunais, 2008.
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
23/03/2019 O direito sucessório
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PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil, vol.
VI. 16. Ed. Rev. E atual. Por Carlos Roberto Barbosa Moreira. Rio de
Janeiro: Forense, 2007;
RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça. Agravo de Instrumento
nº 70024715104/Porto Alegre. Agravantes: Maria Isabel Franceschini
Tomasini e outros. Agravada: Nelci Alves Barcelos. Relator: José
Ataídes Siqueira Trindade. Porto Alegre, 7 de agosto de 2008.
Disponível em:. Acesso em: 20 maio. 2015.
TUSA, Gabriele. Sucessão do Companheiro e as Divergências na
Interpretação dos Dispositivos Referentes ao Tema. In: HIRONAKA,
Giselda Maria Fernandes Novaes (Coord.). A Outra Face do Poder
Judiciário: decisões inovadoras e mudanças de paradigmas. Belo
Horizonte: Del Rey, 2007, p. 313-341;
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: direito das sucessões. 7. Ed.
São Paulo: Atlas, 2007. (Coleção Direito Civil, v. 7).
Disponível em: http://gipissutto.jusbrasil.com.br/artigos/190508987/o-direito-sucessorio

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