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Ebook_Etica_Profissional_Unid1

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Carmen Miranda e Claudia Duarte
São Paulo
Rede Internacional de Universidades Laureate
2015
Ética Profissional
Carmen Miranda e Claudia Duarte
São Paulo
Rede Internacional de Universidades Laureate
2015
Sumário
Capítulo 1: Afinal, o que é ética? ---------------------------------------------------------------5
Introdução ------------------------------------------------------------------------------------------5
1 Ética, moral e deontologia---------------------------------------------------------------------6
1.1 -------------------------------------------------------------------A importância da ética ----6
1.2 Ética, moral e deontologia ---------------------------------------------------------------- 10
2 Ética e valores morais ------------------------------------------------------------------------ 12
2.1 Os valores morais como matéria-prima da ética --------------------------------------- 12
2.2 Juízos de fato e juízos de valor ----------------------------------------------------------- 16
Síntese -------------------------------------------------------------------------------------------- 18
Referências Bibliográficas ---------------------------------------------------------------------- 19
5
Introdução
A reflexão sobre ética, que agora convidamos você a iniciar, tem como matéria-prima o contexto 
da vida individual e coletiva. Ética, no nosso cotidiano, é uma palavra bastante utilizada, no 
entanto o entendimento de seu significado é impreciso. Quando somos questionados a defini-
la, não sabemos bem do que se trata. Por que isso acontece? A dificuldade para encontrar uma 
definição está relacionada ao fato de que a palavra “ética” abriga vários significados, que ao 
longo desta Unidade iremos visitar.
A reflexão ética se efetiva a partir do questionamento aos princípios, valores, regras, entre 
outros, implícitos em nossas ações, bem como o reflexo dessas ações sobre o mundo e nossos 
semelhantes. Nesse sentido, o exercício ético deve se constituir de uma exigência pessoal e 
profissional.
A formação de comportamentos éticos é uma exigência atemporal, e é a base da convivência 
humana, além de essa formação ser cada vez mais um desafio diante da vulnerabilidade dos 
valores inerentes aos direitos humanos.
A exigência de uma postura ética na profissão se articula com a efetivação de ações moralmente 
aceitas e com a construção de uma postura de responsabilidade social diante da sociedade em 
que vivemos.
Quando a construção de uma postura ética deve ser iniciada na profissão? Durante todo o 
processo formativo ou com a conclusão do curso? Afinal, o que é ética? Quais as condições e 
os pressupostos essenciais para que um ato humano seja moral? Qual o critério supremo para 
diferenciar o bem do mal, o moral do imoral?
O ponto de partida para buscar as respostas a essas questões é a apreensão do conceito de ética 
e sua relação com a moral, com a deontologia e com os valores morais. Conceitos fundamentais 
para que você compreenda todas as reflexões que se desenvolverão neste livro e para somar 
na formação de um profissional crítico, propositivo e comprometido com a justiça e a realidade 
social.
Assim, ao final desta Unidade, esperamos que você esteja apto a:
• compreender a importância da ética, da moral e da deontologia para as relações humanas;
• identificar a importância dos valores na construção de atitudes éticas;
• aplicar cada um dos conceitos na vida pessoal e profissional. 
É importante que você saiba que as questões aqui apresentadas têm como referência o cotidiano 
e as relações que nele se desenvolvem. Sua participação é fundamental para garantir uma 
formação voltada ao respeito à diferença, portanto, uma formação inclusiva e cidadã.
Capítulo 1Afinal, o que é ética?
6 Laureate- International Universities
Afinal, o que é ética?
1 Ética, moral e deontologia 
1.1 A importância da ética
A discussão sobre a importância da ética, que hoje ganha espaço na nossa sociedade diante 
da crise de valores em que vivemos, é antiga na história da humanidade. Na Grécia do século 
VI a.C., já estava presente no discurso dos grandes filósofos. Os preceitos éticos, no entanto, já 
eram praticados entre outros povos desde os primórdios da humanidade, mesclados ao contexto 
mítico e religioso, como regras de comportamento para possibilitar o convívio entre indivíduos 
agrupados no conjunto da sociedade. A história da ética é a história dos homens convivendo e 
buscando responder à questão: como agir na relação com o outro?
Quando falamos de ética em um curso de graduação em Serviço Social, de imediato somos 
levados a pensar nos códigos de ética da profissão. No entanto, em Serviço Social a ética vai 
além dos códigos de ética: perpassa toda a estrutura formativa do curso que você escolheu. Vai 
além, e deve ser um componente indispensável no seu cotidiano. 
Na Universidade esta disciplina deve se constituir de um espaço para a reflexão voltado à 
construção de uma postura capaz de conduzir à profissão com competência, comprometimento 
e responsabilidade. O processo formativo implica uma construção epistemológica de 
conhecimentos fundamentais voltados a orientar a conduta profissional na medida em que 
possibilita o embasamento necessário à questão do que e como fazer quanto aos limites e 
barreiras colocados no cotidiano profissional. Um exercício que deve ser iniciado dentro da sala 
de aula em situações que demonstram que lidar com o outro implica aprender com o outro.
Entender a importância da ética implica saber o que queremos dizer quando falamos em ética: 
“[...] estudiosos e historiadores apontam o período de 800 a 500 a. C. como aquele em que se 
deu o florescimento e a consolidação dessa prática reflexiva” (CHALITA, 2002, p. 10). A partir 
de estudos de Platão e Aristóteles, pode-se dizer que no Ocidente a ética inicia-se com Sócrates. 
As discussões Socráticas a respeito do bem e do mal deram início ao que chamamos hoje de 
ética ou filosofia moral, porque falam claramente a respeito do campo em que se situam os 
valores e as obrigações morais, dando como ponto de partida a consciência do agente moral, 
isto é, do homem. (ÉTICA..., 2014).
Figura 1 – Somos seres de relação
Fonte: https://tutepuxa.wordpress.com/
7
Sócrates (470 a.C-399 a.C), filósofo grego, 
nascido em Atenas. É referência central na filosofia 
do Ocidente. O princípio de sua filosofia estava 
na frase “Conhece-te a ti mesmo”. Não deixou 
obra escrita, mas outros filósofos como Platão, 
Xenofonte, Aristófanes e Aristóteles se encarregaram 
de propagar sua filosofia. Nos escritos de Platão e 
Aristóteles encontramos o registro de que Sócrates 
percorria as ruas de Atenas perguntando a jovens 
e velhos sobre o que eram os valores nos quais 
acreditavam. Através de um jogo de perguntas 
e respostas, Sócrates acabava por mostrar aos 
atenienses que eles respondiam sem pensar no que 
diziam, repetindo sempre o que haviam aprendido 
desde crianças. Assim, as questões socráticas 
inauguram a ética. (CHAUÍ, 2012)
VOCÊ O CONHECE?
Fonte: www.clickgratis.com.br
De forma geral, podemos dizer que a ética é a parte da Filosofia que lida com as ações humanas 
refletindo quais são melhores, quais são piores, quais as certas, quais as erradas. Falar em ética 
é, nesse sentido, falar em certo e errado, bom e mau, justo e injusto. Implica uma reflexão sobre 
as ações que desenvolvemos na nossa relação com o outro e que servem de fundamento ao 
nosso comportamento. 
Quando buscamos saber o que é ética, deparamos com a grande variedade de definições e 
descrições desse campo de estudo filosófico. Para efeito de nosso estudo, vamos assumir a 
perspectiva de Manfredo Oliveira (apud REEGEN, 2014, p. 127), para quem “[...] a ética emerge 
como a ação destinada a superar o mal e a conquistar a humanidade do homem enquanto ser 
livre: a Ética é a mediação da humanização da vida humana, isto é, condição da possibilidade 
da efetivação da liberdade no mundo”.
Saiba que a ética passa a existir quando o outro existe.De outra forma, ninguém é ético diante 
do espelho. Nossa ação interfere no mundo e é interferida pelo mundo. Assim, nossa ação no 
mundo é pautada por uma série de noções que se afirmam como sendo o bem, o correto, o que 
a lei diz, numa relação com o outro. Vivemos e nos construímos em sociedade com os grupos 
dos quais fazemos parte. Enfrentamos diariamente dilemas que nos colocam diante de escolhas. 
Essas escolhas implicam em tomada de decisão. Como escolhemos? O que escolhemos? 
Agimos de acordo com aquilo que acreditamos ou com o que esperam de nós? Ou, 
ainda, com o que é proposto para nós? Estamos falando em dilemas éticos presentes 
cotidianamente na realidade pessoal e profissional.
DILEMA ÉTICO – Um dilema ético se configura quando você é colocado diante de 
duas posições contraditórias, ambas com qualidades e/ou defeitos; uma escolha difícil. 
Qualquer lado escolhido implica que você vai abrir mão de coisas importantes. Perde-se 
o limite do que é certo.
NÓS QUEREMOS SABER!
8 Laureate- International Universities
Afinal, o que é ética?
A resolução de um dilema ético, via de regra, não é definitiva, uma vez que nossas escolhas são 
apenas escolhas, e não a única possibilidade de verdade. Você já esteve diante de algum 
dilema ético? Veja alguns exemplos que marcam o nosso tempo.
Até onde ir na relação com o planeta? 
• Conforto ou responsabilidade? 
Até onde ir em relação a si mesmo e ao corpo humano? 
• Eutanásia? Plásticas? Alimentação? Clonagem? Prazer?
Até onde ir na relação com o Outro? 
• Eficiência econômica ou solidariedade? 
As respostas a essas questões só podem ser pensadas em sociedade por meio de diálogo que 
considere e respeite a convivência entre os seus membros, através de uma postura ética diante do 
mundo. Na análise de Leonardo Boff (2014), quando falamos em ética, quatro princípios devem 
ser considerados fundamentais como guia de nossas decisões e escolhas: cuidado essencial, o 
respeito, a responsabilidade ilimitada e a solidariedade universal.
Leonardo Boff nasceu em Concórdia, Santa 
Catarina, em 14 de dezembro de 1938. Neto 
de imigrantes italianos, veio para o Rio Grande 
do Sul no final do século XX. Cursou Filosofia 
em Curitiba-PR e Teologia em Petrópolis-
RJ. Doutorou-se em Teologia e Filosofia na 
Universidade de Munique-Alemanha, em 1970. 
Ingressou na Ordem dos Frades Menores, 
franciscanos, em 1959 e foi ordenado 
sacerdote em 1964. Em 1992, renunciou às 
suas atividades de padre e se autopromoveu 
ao estado leigo. A renúncia foi motivada pela 
sua visão exposta nas teses ligadas à Teologia 
da Libertação. É professor de Ética, Filosofia da 
Religião e Ecologia na Universidade do Estado 
do Rio de Janeiro (UERJ). Sua produção literária 
e teológica é superior a 60 livros, entre eles o 
best-seller A Águia e a Galinha.
VOCÊ O CONHECE?
https://www.flickr.com/photos/culturaar-
gentina/16175154243/in/photostream/
O que nos diz cada um desses princípios? 
1º princípio - O cuidado essencial
O cuidado é aqui entendido como uma relação de envolvimento com a realidade. Assim, a ética 
pode ser entendida como uma atitude positiva de acolhida. Cuidar/acolher o outro, a natureza, 
cuidar da convivência com o planeta.
2º princípio - O respeito
Falar em respeito implica refletir sobre a atitude que devemos ter diante do outro. Cada pessoa é 
única, diferente, tem suas crenças, seus valores. Deve ser respeitada na sua singularidade. Falar 
em respeito é falar na Regra do Ouro: “Faze aos outros como gostaria que fizesse a ti. Trata 
os outros como gostaria de ser tratado e se estivesse em lugar dele.” (MORRIS, 2000, p. 105). 
Portanto, respeitar é garantir a existência do outro. Toda violação dos direitos humanos é um 
desrespeito à pessoa humana.
9
As regras fazem parte da cultura humana. A Regra de Ouro está presente nas grandes 
culturas do mundo em diferentes formulações. Essa regra propõe que imaginemos como 
nossas ações afetariam o outro se estivéssemos no seu lugar e, a partir dessa vivência, 
passássemos a orientar nossas ações. Veja algumas formulações da Regra do Ouro na 
história humana.
“O que não queres que lhe seja feito, não faças ao outro.” (Confúcio, 551-479 a.C.)
“O que é odioso para ti, não o faças ao outro.” (Rabino Hilel, cerca de 65 a.C.-9 d.C.)
“O que queres que os homens lhe façam, faça a eles; pois esta é a lei e os profetas.” 
(Jesus)
“Fazer a todos os homens como gostaria que fizessem a ti, e rejeitar para os outros o que 
rejeitaria para ti.” (Maomé, cerca de 570-632)
A Regra de Ouro em todas as formulações descritas nos convida a um exercício de 
imaginação no sentido de nos colocarmos sempre no lugar do outro, que é afetado por 
nossas ações (MORRIS, 2000, p. 106).
NÓS QUEREMOS SABER!
3º princípio - A responsabilidade ilimitada
Qual deve ser a minha atitude diante do outro além do cuidado, além do respeito? Uma 
atitude de responsabilidade. Nossas ações interferem na vida do outro. É importante saber que 
responsabilidade tem a ver com a consciência do ser humano na medida em que este se dá conta 
das consequências dos seus atos. A responsabilidade, que é uma exigência que na nossa realidade 
se exige de cada ser humano, também atinge as empresas que precisam assumir no nosso tempo 
mais e mais a responsabilidade socioambiental como possibilidade de garantir a vida do planeta. 
Garantir a sustentabilidade da vida é hoje uma realidade que exige a responsabilidade de todos.
4º princípio - Solidariedade universal
A solidariedade é essencial ao ser humano e é uma marca indelével da civilização. Já nos 
primórdios, quando nossos ancestrais iam à caça ou iam buscar frutos para sua alimentação, 
não faziam como os animais, comendo cada um para si. Reuniam o que conseguiam e traziam 
para o grupo e solidariamente distribuíam. Segundo Boff (2014), “[...] foi a solidariedade que 
possibilitou o salto da animalidade rumo a humanidade”.
Esses quatro princípios são fundamentais para pensarmos uma ética adequada ao nosso tempo, 
uma ética que aponte para um horizonte de possibilidades, capaz de considerar as diferenças e 
garantir o direito à vida. Esses princípios são a base para pensar uma convivência ética.
 
Se você parar para refletir sobre a sociedade em que vivemos, irá perceber que as relações 
humanas caminham numa perspectiva oposta aos princípios anteriormente descritos. Podemos 
dizer que na nossa sociedade, marcada pelo consumo e pelo individualismo, as relações se 
tornam (des) humanas, portanto antiéticas. 
 
Nosso tempo, marcado pela globalização e pela revolução da informação, nos coloca diante de 
uma realidade em que o planeta está em ligação imediata. O que queremos dizer com isso? 
O que acontece em qualquer parte do mundo afeta a todos. Essa compreensão reforça cada vez 
mais a necessidade de posturas éticas e passa a exigir de todos uma ética planetária.
10 Laureate- International Universities
Afinal, o que é ética?
A reflexão sobre as relações do homem com os outros homens e com o mundo que 
habita é uma preocupação do nosso tempo presente em todos as esferas da nossa 
sociedade. Um exemplo dessa preocupação, em nível mundial, pode ser apreendido na 
CARTA DA TERRA, considerada um código ético que traz princípios éticos do século XXI 
para orientar os povos do mundo na sua relação com o planeta. A CARTA foi elaborada 
por uma comissão internacional de estudiosos com apoio da ONU. O primeiro esboço 
da CARTA DA TERRA data de 1997, sob coordenação de Maurice Strong (ONU) e 
Mickhail Gorbachev (Cruz Vermelha). Em março de 2000, ela foi ratificada. Para ler na 
íntegra a CARTA, ver: http://mma.gov.br/agenda21.
NÃO DEIXE DE LER...
1.2 Ética, moral e deontologia
“Nenhum homem é uma ilha!” (DONNE apud MARTINI, 2015, p. 121). Essa citação que muitas 
vezes ouvimos no nosso dia a dia está na Meditação 17 do poeta John Donne. Ela traduz a 
reflexão até aqui desenvolvida sobre a importância da ética. O homem, enquanto ser social, na 
convivência com os outros homens, realiza sua essência. Essa convivênciaem sociedade exige 
que nos perguntemos constantemente: como devo agir diante do outro? Essa é a questão 
central da ética e da moral, conceitos interdependentes, utilizados muitas vezes como sinônimos, 
mas que têm sentidos diferentes. 
 
Falar em ética é, portanto, falar na convivência entre os homens. E são exatamente os problemas 
que surgem com a convivência humana que fazem surgir o problema ético. A exigência da ética 
vincula-se ao fato de que os seres humanos não vivem isolados.
Por que ética e moral são, muitas vezes, usadas como sinônimos?
Apesar de conceitos diferentes, essa confusão se justifica pelo fato de que, em sentido etimológico, 
os dois termos se equivalem. O que os difere é que um é de origem grega e o outro de origem 
latina. Ética deriva do grego ethos, que significa “costume” ou “hábito”. Moral deriva do latim 
mos, moris, que significa “maneira de se comportar regulada pelo uso, daí ‘costume’ ou hábito” 
(ARANHA; MARTINS, 2000, p. 274).
Para entender a diferença entre ética e moral, é fundamental que você saiba distinguir entre os 
dois conceitos. Assim vejamos:
- Moral: corresponde ao conjunto de normas que regulam o comportamento do homem em 
sociedade. As normas são adquiridas pela educação, pela tradição e pelo cotidiano dos 
indivíduos.
- Ética: é a disciplina filosófica que se volta para a reflexão dos princípios que fundamentam a 
vida moral.
De maneira sintética, podemos dizer que a ética reflete sobre a prática humana construída por 
comportamentos humanos e por costumes. Ou seja, a ética pode ser definida como o estudo da 
conduta humana em relação aos valores¹. E, nesse caso, os valores são a matéria-prima para 
aplicação da ética. Os valores constituem o conteúdo da moral. Assim, a ética está voltada aos 
fundamentos dos valores morais, enquanto a moral compreende o conjunto de costumes, regras, 
tabus e convenções estabelecidos por cada sociedade. Em síntese, a ética investiga a moral, 
como ela se fundamenta e se aplica.
¹ O estudo dos valores, apesar da relação de indissociabilidade com a ética e com a moral, será objeto de nossa próxi-
ma unidade.
11
É importante que você saiba que a moral surge antes da ética, por meio do estabelecimento de 
normas que promovem o bem para determinada comunidade humana. Ou seja, cada cultura e 
cada sociedade instituem uma moral, um conjunto de normas e valores que estabelecem o que 
é o bem e o mal, o permitido e o proibido, para os seus membros. No entanto, a existência de 
uma moral não implica a existência da ética, no sentido de que a ética só está presente quando 
se estabelece uma reflexão que problematiza e interpreta os valores morais. Para facilitar sua 
compreensão, acompanhe o raciocínio abaixo.
Imagine o dilema de uma jovem de 16 anos, grávida, solteira, estudante e pobre sobre a prática 
ou não do aborto. Quando sua escolha, ou seja, a ação em praticar ou não o aborto é um 
comportamento tomado a partir das normas e valores que adquiriu na sua existência, no seu 
convívio em sociedade, estamos no campo da moral. Por outro lado, quando ela passa 
a refletir sobre a legalidade, a legitimidade do aborto, se pode fazer, se deve fazer, está no 
campo da ética. 
 
Podemos dizer que a ética estuda as ações humanas e tenta classificá-las como boas ou más. 
Para estabelecer essa classificação, fundamenta-se na seguinte questão: “Essa ação prejudica 
outros seres humanos?”. Ao estudar as ações humanas, a ética as classifica como morais ou 
imorais.
Ação moral: aquela que está em acordo com normas, costumes e valores estabelecidos.
Ação imoral: aquela que está em desacordo com as normas, os costumes e os valores 
estabelecidos.
NÓS QUEREMOS SABER!
Vimos até aqui que os conceitos de ética e moral se misturam e estão intimamente articulados. 
Na análise de Netto (2001 apud PEREIRA, 2015):
[...] a moral é distinta da ética porquanto a primeira é um sistema mutável historicamente 
determinado, constituído por costumes e imperativos que vincula os indivíduos entre si, já a 
segunda, a ética, constitui a análise dos fundamentos da moral, o que pressupõe a reflexão. 
Por conseguinte, a Ética e a Moral são indissociáveis, pois se a Moral é o conjunto de regras 
que expressam o que se deve ou não fazer e como o fazer, a Ética, por seu lado, tem como 
objetivo guiar a ação, expressa as regras (regras morais), que efetivamente são importantes 
num determinado contexto e por isso devem de ser aplicadas. (NETTO, 2001 apud PEREIRA, 
2015, p. 4). 
Até aqui falamos sobre a ação do homem em sociedade na relação com o outro e com o mundo 
que habita. Vejamos agora como essa discussão se efetiva no contexto profissional. Falar em 
ética no contexto profissional nos remete de imediato à deontologia. 
Na medida em que as profissões se relacionam direta ou indiretamente com seres humanos, 
surge a necessidade da ética. Não resta dúvida de que algumas profissões apresentam de forma 
mais evidente as implicações éticas. Esse é o caso do Serviço Social. Como trabalhamos com as 
sequelas da questão social, atuamos junto aos segmentos excluídos e vulneráveis da população. 
Assim, quando a reflexão ética se circunscreve ao âmbito de uma profissão, estamos no campo 
da deontologia. A palavra “deontologia” em sua etimologia deriva do grego déon, déontos, com 
o sentido de obrigatório, dever, justo, adequado e logos, que significa discurso. Nesse sentido, 
pode ser entendida como: “[...] o conjunto de regras adotadas por uma profissão” (MERCIER, 
2003, p. 6). O termo deontologia foi introduzido em 1834 por Jeremy Bentham para referir-se ao 
ramo da ética cujo objeto de estudo são os fundamentos do dever e as normas morais. 
Quando essas regras são formalizadas, temos os códigos deontológicos ou códigos de ética de 
12 Laureate- International Universities
Afinal, o que é ética?
uma profissão. Tais códigos, elaborados pelos conselhos das profissões, traduzem o dever ser 
do profissional no seu exercício profissional e representam a ação reguladorada ética agindo na 
efetivação do exercício profissional, garantindo o respeito ao outro no exercício da profissão. 
Assim, um código de ética é resultado de uma construção coletiva da profissão e objetiva explicitar 
os princípios e diretrizes que definem a identidade política e social do grupo.
Estamos falando da ética profissional. É importante lembrar que a escolha por uma profissão 
pressupõe que acatemos o conjunto de deveres que norteiam o agir profissional. 
Importante destacar que falar sobre ética profissional em Serviço Social implica, necessariamente, 
falar a respeito da dimensão filosófica a ela subjacente, portanto consiste na reflexão ética sobre:
[...] os valores, princípios e modos de ser ético-morais construídos historicamente na totalidade 
social – do ethos profissional – que corresponde à consciência moral dos agentes profissionais 
vinculada à imagem social da profissão e as consequências ético-políticas das respostas 
profissionais e de sua dimensão normativa – o Código de ética dos Assistentes Sociais – que 
traduz aquela compreensão filosófica sobre o ser social e os valores, indica deveres e direitos e 
prevê sanções. (BARROCO apud BRITTES; FORTI, 2013, p. 55).
Do que vimos até aqui, a ética, a moral e a deontologia são conceitos fundamentados em 
valores. Sobre os valores trataremos no item a seguir.
CHALITA, Gabriel. Os dez mandamentos da ética. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 
2009.
Em Os dez mandamentos da ética, Gabriel Chalita retoma os princípios da ética 
de Aristóteles e nos mostra como ela pode ser utilizada para a conquista do bem-
estar individual e coletivo. A ética sempre esteve presente na reflexão de filósofos e 
pensadores. É uma questão fundamental do nosso cotidiano, das pequenas decisões às 
escolhas mais determinantes de nossas vidas. 
NÃO DEIXE DE LER...
2 Ética e valores morais
2.1 Os valores morais como matéria-prima da 
ética
Diante de um cenário de violência, desrespeito, exclusão, discriminação, entre outras atitudesvivenciadas na nossa sociedade, é muito comum ouvir análises que afirmam vivermos uma 
crise de valores. Quem já não ouviu em conversas as seguintes afirmações: “No meu tempo 
existia respeito aos mais velhos, criança não se metia na conversa de adultos, hoje não há mais 
respeito, nem limites”. Essas são afirmativas que se fundamentam em um modelo do que é certo, 
errado, bom ou mau. Esse modelo é construído a partir dos valores que acatamos como nossos 
no processo de vida.
Afinal, o que são valores? Qual sua importância no contexto da moral e da ética? 
Qual o significado dos valores na formação de uma atitude ética?
13
Para começo de conversa, saiba que os valores são o conteúdo da moral e da deontologia e 
guiam a nossa conduta do ponto de vista da ética. Segundo Banks (2006, p. 5 apud PEREIRA, 
2015), “[...] os valores podem ser considerados como tipos específicos de crenças que as pessoas 
têm sobre o que é considerado digno e valioso”.
No nosso cotidiano, estamos sempre atribuindo valor às coisas ou pessoas que nos cercam e aos 
acontecimentos ao nosso redor. Quando falamos em objetos (quer sejam naturais ou artificiais), 
o valor que a eles podemos atribuir é um valor de utilidade ou de beleza. Vamos tentar facilitar a 
compreensão. Sobre um relógio podemos dizer que é belo e caro; não tem significado dizermos, 
por exemplo, que o relógio é bom do ponto de vista moral. Costumamos até dizer que se trata de 
um bom relógio, mas aqui esse uso não assume um sentido moral. O “bom” aqui tem um sentido 
axiológico positivo, significando que o relógio cumpre a utilidade para a qual foi produzido.
Por objetos naturais entendemos aqueles que existem originalmente à margem ou 
independente do trabalho e da vontade humana. Exemplos: a água, o ar, a natureza. 
Por outro lado, os objetos artificiais são aqueles produzidos ou criados pelo homem, 
como as coisas úteis ou as obras de arte, por exemplo, o telefone, o carro, entre outros.
NÓS QUEREMOS SABER!
Saiba que, no século XIX, economia política era uma expressão usada para designar 
uma área do conhecimento, um campo da ciência voltado “para o estudo dos problemas 
da sociedade humana relacionados com a produção, a acumulação, a circulação e a 
distribuição de riquezas, bem como para as proposições de natureza prática a eles 
associadas” (TEIXEIRA, 2015, p. ).
NÓS QUEREMOS SABER!
Importante saber que o conceito de valor começou a ser usado no contexto da economia política 
– final do século XVIII e início do século XIX – referindo-se à distinção entre valor de uso e valor 
de troca – passando a ser incorporado pela filosofia através da axiologia ou filosofia dos valores.
A palavra “axiologia” deriva do substantivo grego axia, que significa preço, valor de alguma 
coisa e do adjetivo axios, significando o que tem valor. Nesse sentido, a axiologia estuda o 
significado do conceito de valor (ARANHA; MARTINS, 2005). 
Só o que tem significado humano pode ser avaliado do ponto de vista da moral e da ética. 
Assim, falar em valores do ponto de vista da moral e da ética é falar em relação aos produtos 
e atos humanos que podem ser reconhecidos pelos homens como seus, na medida em que são 
realizados de forma livre e consciente.
 
Nesse sentido, os valores são utilizados como critérios segundo os quais valorizamos ou 
desvalorizamos as coisas, ou como razões que justificam ou motivam nossas ações, elegendo-as 
preferíveis a outras. Orientam as pessoas no momento de suas escolhas e permitem distinguir os 
comportamentos desejados e bons dos indesejados. Os valores são necessários para podermos 
viver em comunidade. Tal como refere Hessen (2001, p. 23), “[...] valor é sempre valor para 
14 Laureate- International Universities
Afinal, o que é ética?
alguém. Valor… é a qualidade de uma coisa, que só pode pertencer-lhe em função de um sujeito 
dotado de uma certa consciência capaz de a registar”.
Figura 2 – Os valores do nosso tempo
Fonte: LAVADO, Joaquim Salvador (QUINO). Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 1991, p.120.
Agora observe o seu dia a dia para entender a afirmação de que o valor moral é um atributo 
humano. Vivemos hoje um contexto marcado pela revolução da informação. Temos acesso aos 
acontecimentos do mundo em tempo real. Todos esses acontecimentos causam sentimentos 
diversos, afetando de diferentes maneiras aqueles que tomam conhecimento. Alguns se revoltam, 
outros ficam perplexos, outros discutem e há ainda aqueles que não mostram nenhuma reação 
ao acontecimento.
Você já parou para pensar por que nossa reação diante de acontecimentos do nosso cotidiano 
não é universal? A resposta é simples: pelo fato de que somos nós que atribuímos importância 
(valor) ao acontecimento a partir daquilo que introjetamos na nossa formação. O valor desses 
acontecimentos só pode ser pensado na perspectiva daqueles que estão diretamente envolvidos no 
acontecimento, seus protagonistas. Por outro lado, o valor que cada um atribui ao acontecimento 
é resultado dos valores que cada um de nós adota ao longo da nossa existência. É a partir de 
um conjunto de valores que decidimos quais atitudes devem ser tomadas, quais são corretas, 
incorretas, justas, injustas, entre outras.
E qual o espaço de construção dos nossos valores?
Os valores que norteiam nosso estar no mundo são adquiridos desde o nascimento, quando 
nossos pais nos ensinam o que é certo e errado, e também por meio de outros ensinamentos 
adquiridos fora do âmbito familiar, no decorrer da nossa existência, através das instituições das 
quais fazemos parte. Em outras palavras, os valores são inicialmente herdados pela cultura.
A fundação de um novo valor dentro da sociedade é quase sempre um processo longo que tem 
muito a ver com as condutas que ao longo do tempo se mostraram positivas para o bem-estar 
do grupo que o adota. O surgimento de novos valores é resultado de um movimento pessoal 
e intersubjetivo de questionamento aos valores estabelecidos quando estes não atendem aos 
anseios humanos.
Como exemplos de valores morais de nossa sociedade podemos citar: a fidelidade, a liberdade, 
a igualdade entre os seres humanos, a honestidade, a prioridade no cuidado com crianças, 
doentes e idosos, a valorização do trabalho, a democracia, a justiça social, entre outros.
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Você já ouviu falar na Regra das Três Peneiras? Essa regra apresenta uma perspectiva 
dos valores que devem nortear a existência humana. Registra a história que Sócrates é 
autor dessa regra. As três peneiras são uma referência a três valores fundamentais da 
existência humana a partir dos quais Sócrates pautava sua vida: verdade, bondade e 
necessidade. São critérios que, se seguidos, contribuem com a felicidade de todos os 
envolvidos.
Diz a regra que, sempre que lhe acontecer algo que você sinta a necessidade de 
compartilhar com outras pessoas, deve passar antes pelo crivo das três peneiras:
1. A peneira da verdade - você tem certeza absoluta da veracidade desse fato? Se 
existir alguma dúvida, então o fato não pode ser considerado verdadeiro.
2. A peneira da bondade - o que você vai contar, mesmo que seja verdadeiro, você 
gostaria que dissessem a seu respeito? Se o fato causa dor, sofrimento, então não é algo 
bondoso.
3. A peneira da necessidade - é realmente necessário contar esse fato ou passá-lo 
adiante? Os envolvidos te deram permissão? Isso lhe fará algum bem?
Se o fato a ser contado passou pelo crivo das três peneiras, então pode ser passado 
adiante (http://pensandosobreaetica.blogspot.com.br/2012/03/as-tres-peneiras.html).
NÓS QUEREMOS SABER!
Como vimos, os valores são adquiridos ao longo do processo da vida. Estão presentes em todas 
as religiões e filosofias, em nossos pensamentos, nas coisas que dizemos, no que escrevemos, 
no que fazemos. Nesse sentido, estão presentes como orientação de posturas profissionais. Um 
exemplo da presença dos valores como elementos norteadores da prática profissional pode ser 
observado a seguir, no gráfico que traz os “Valores universais da profissãode Serviço Social”.
Gráfico 1 – Valores universais da profissão de Serviço Social. Fonte: 
<https://panoramasocial2012.wordpress.com/o-assistente-social-2/>.
Os valores não têm validade universal e são inerentes à condição humana. Para entender a 
relatividade deles, pense conosco:
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Afinal, o que é ética?
Tudo o que é positivo para
 o povo brasileiro é positivo 
para o povo árabe?
No campo da moral, de uma maneira geral, acatamos valores irrefletidamente. A mudança 
de valores é um processo que exige reflexão, tomada de posição e, por vezes, dar início a um 
processo de mudança de paradigmas. Não é um processo que acontece de maneira automática, 
na medida em que somos resistentes à mudança, ao novo. 
2.2 Juízos de fato e juízos de valor
Cotidianamente estamos fazendo escolhas. E essas escolhas implicam tomadas de decisão que se 
fundamentam no julgamento que fazemos a partir do valor que atribuímos às coisas ou situações.
O que estamos dizendo é que nossas ações se fundamentam naquilo que cada um de nós acata 
como bom, justo, correto. Ou seja, nos valores que incorporamos na nossa existência. Assim, 
nossas ações envolvem um julgamento moral.
A esse respeito, é importante a compreensão trazida por Aristóteles (apud COTRIM; FERNANDES, 
2010, p. 291), para quem “[...] a característica específica do homem em comparação com os 
outros animais é que somente ele tem o sentimento do bem e do mal, do justo e do injusto e de 
outras qualidades morais”.
Diante da realidade que nos cerca, emitimos constantemente juízos. Mas o que é emitir um 
juízo? Emitir um juízo é formar ou dar uma opinião sobre algo ou alguém.
Esse juízos podem ser:
1. Juízos de fato - juízos atribuídos à realidade tal como a percebemos. São descritivos, uma 
vez que dizem de que modo são as coisas. Têm valor de verdade, são verdadeiros ou falsos. 
Exemplo: afirmar que um filme que está em lançamento dura 120 minutos; quando afirmamos 
que uma caneta é azul; quando afirmamos que o dia está chuvoso. 
2. Juízos de valor - são juízos avaliativos, nos dizem como as coisas devem ser; são parcialmente 
normativos, têm valor de verdade, mas essa verdade é subjetiva, significando que variam de 
acordo com o sujeito que avalia. Exemplo: quando afirmamos que a redução da maioridade 
penal é injusta, estamos emitindo um juízo desfavorável à maioridade penal, estamos atribuindo 
um valor negativo a essa prática.
Como você pode perceber, os juízos de fato e os juízos de valor trazem uma série de 
características que os tornam diferentes. Qual a base dessa diferença? Essa diferença incide 
fundamentalmente na distinção entre NATUREZA e CULTURA.
A natureza “é constituída por estruturas e processos necessários que existem em si e por si 
mesmos, independentemente de nós: a chuva é um fenômeno meteorológico cujas causas e 
cujos efeitos necessários podemos constatar e explicar” (CHAUÍ, 2012, p. 336).
A cultura “nasce da maneira como os seres humanos interpretam-se a si mesmos e as suas 
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relações com a natureza, acrescentando-lhe sentidos novos, intervindo nela, alterando-a através 
do trabalho e da técnica, dando-lhes valor” (CHAUÍ, 2012, p. 336).
A partir dessa diferenciação entre natureza e cultura, estamos vinculando os juízos de fato à 
natureza e os juízos de valor à cultura. Essa vinculação nos remete a concluir a origem cultural 
dos valores éticos. Nesse sentido, estamos diante de uma característica fundamental da ética: o 
fato de ser uma criação histórico-cultural.
NÃO DEIXE DE VER...
Para refletir sobre a importância dos valores na nossa vida, sugerimos que assista ao 
filme Sonhos, de Akira Kurosawa (Estados Unidos e Japão, 1990). O longa se reporta 
a oito sonhos, nos quais diversos valores são tangenciados: o respeito à vida e aos 
seres humanos, reflexões sobre desobediência, a imaginação e a crítica à guerra e à 
devastação do meio ambiente. 
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Afinal, o que é ética?
Esta Unidade introduziu a discussão sobre ética, moral, deontologia e valores morais. A discussão 
apresentada permitiu a compreensão de que:
 a reflexão ética tem como matéria-prima o contexto da vida – individual e coletiva;
 a formação de comportamentos éticos é uma exigência atemporal, e esta é a base da 
convivência humana;
 de forma geral, podemos dizer que a ética é a parte da Filosofia que lida com as ações 
humanas refletindo quais são melhores, quais são piores, quais as certas, quais as erradas;
 um dilema ético se configura quando você é colocado diante de duas posições contraditórias, 
ambas com qualidades e/ou defeitos – uma escolha difícil;
 os princípios que devem nortear as ações humanas numa perspectiva ética são:
 - o cuidado essencial;
 - o respeito;
 - a responsabilidade ilimitada;
 - a solidariedade universal.
 a moral deriva do latim mores, significando costumes. Nesse sentido, moral pode ser entendida 
como o conjunto de normas que regulam o comportamento do homem em sociedade. As normas 
são adquiridas pela educação, pela tradição e pelo cotidiano dos indivíduos;
 a ética é a disciplina filosófica que se volta para reflexão dos princípios que fundamentam a 
vida moral;
 na medida em que as profissões se relacionam direta ou indiretamente com seres humanos, 
surge a necessidade da ética. A reflexão ética no contexto das profissões e o estabelecimento de 
normas balizadoras do exercício profissional são de competência da deontologia. Quando essas 
normas são formalizadas, temos os códigos deontológicos ou códigos de ética de uma profissão 
que são elaborados pelos conselhos das profissões;
 os valores são o conteúdo da moral e da deontologia e guiam a nossa conduta do ponto de 
vista da ética. Norteiam nosso estar no mundo e são adquiridos desde o nascimento, quando 
nossos pais nos ensinam o que é certo e errado, e também através de outros ensinamentos 
adquiridos fora do âmbito familiar, no decorrer da nossa existência, por meio das instituições das 
quais fazemos parte e estão presentes como orientação de posturas profissionais;
 nossas ações se fundamentam nos valores que incorporamos na nossa existência. A partir 
deles elaboramos juízos sobre o mundo. São juízos de fato – quando são atribuídos à realidade 
tal qual a percebemos e dizem de que modo são as coisas; e juízos de valor – quando nos dizem 
como as coisas devem ser;
 a base da diferença entre juízos de fato e juízos de valor incide fundamentalmente na distinção 
entre natureza e cultura.
SínteseSíntese
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	Introdução
	1 Ética, moral e deontologia	
	1.1	A importância da ética
	1.2 Ética, moral e deontologia
	2 Ética e valores morais
	2.1 Os valores morais como matéria-prima da ética
	2.2 Juízos de fato e juízos de valor
	Síntese
	Bibliográficas

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