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ANTONIO CARLOS DA SILVA E SILVA-PSICANALISE

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FACULDADE DE MACAPÁ 
BACHARELADO EM PSICOLOGIA
ANTONIO CARLOS DA SILVA E SILVA
RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO ESPECIALIZADO EM PSICOLOGIA E PROCESSOS CLÍNICOS – PSICANÁLISE 
MACAPÁ
2018
FACULDADE DE MACAPÁ - FAMA
BACHARELADO EM PSICOLOGIA
ANTONIO CARLOS DA SILVA E SILVA 
RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO ESPECIALIZADO EM PSICOLOGIA E PROCESSOS CLÍNICOS – PSICANÁLISE 
Relatório apresentado ao Programa de Graduação em Psicologia – da Faculdade de Macapá - FAMA, como requisito parcial para a obtenção do título de Graduado em Psicologia.
Orientadora
Prof.ª Ms. Teresa Cristina Martins Kobayashi
MACAPÁ
2018
RESUMO
A psicologia permite uma escuta diferencial ao ser humano em constante desenvolvimento, contribuindo e auxiliando a qualquer indivíduo em qualquer circunstância, sem diferenciação de cor, gênero sexual ou crença religiosa. Em resposta escuta psicológica o indivíduo se permite entrar em contato com as ansiedades, desejos, angústias e defesas manifestadas nas entrevistas, por meio da comunicação verbal e não-verbal, de modo individual ou coletiva.
Este relatório busca trazer uma compreensão da percepção do acadêmico a respeito de sua pratica clínica em psicologia sobre estágio na ênfase clínica psicológica, onde será posto em análise a demanda proveniente do período de estágio do acadêmico, que dentre seis sessões realizou uma escuta psicológica, na qual o acadêmico pôs em pratica conhecimento e técnicas que lhe foi ensinado ao longo dos semestres com o objetivo de promover a saúde e o bem-estar do indivíduo a qual esteve em contato durante esse período, onde possibilitou ao acadêmico a experiencia que lhe é de extrema importância como futuro profissional e que acrescentou na qualificação do acadêmico e promoveu a saúde ao paciente. 
Palavras-chave: Psicologia. Saúde mental. Ênfase clínica. 
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO	06
2. A INSTITUIÇÃO MANTENEDORA	07
3. A CLÍNICA ESCOLA DE PSICOLOGIA - FAMA	07
4. ATIVIDADES REALIZADAS DURANTE O ESTÁGIO	08
4.1 Supervisão clínica psicanalítica	08
4.2 Atendimento psicoterápico na clínica de psicologia	09
4.3 Atendimento psicoterápico em instituição externa	09
4.4 Triagem psicoterápica em ações comunitárias	10
4.5 Atendimento psicoterápico em instituição externa na modalidade Plantão Psicológico	10
4.6 Aberturas de pasta	10
4.7 Desligamento de atendimento clínico	11
4.8 Encerramento de atendimento clínico	11
5. DESENVOLVIMENTO (REFERENCIAL TEÓRICO) 	12
5.1 A abordagem psicanalítica 	12
5.2 Conceitos fundamentais	13
5.3 Transferência	16
6. ANÁLISE DO CASO CLÍNICO	18
6.1 Descrição do paciente	18
6.2 Relatório de atendimento semanal – Análise parcial	18
6.2.1 Primeiro atendimento clínico	18
6.2.2 Segundo atendimento clínico 	20
6.2.3 Terceiro atendimento clínico	22
6.2.4 Quarto atendimento clínico	24
62.5 Quinto atendimento clínico	25
6.2.6 Sexto atendimento clínico	26
6.3 Análise compreensiva considerando a evolução do paciente	28
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS	36
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	37
ANEXO	40
A. Carta de informação ao sujeito de pesquisa/Termo de consentimento livre esclarecido
B. Modelo de anamnese utilizada pelo paciente
C. Cartão de vacinação do terapeuta-estagiário
1. INTRODUÇÃO 
A realização do estágio alia conhecimento acadêmico com a experiência vivencial do ambiente de trabalho, porque elucida e complementa na prática os temas abordados nas aulas pelo professor. O estágio se configura como laboratório rico em aprendizagem, desafios e consequentemente situações difíceis a qual o acadêmico necessita pôr em pratica os conceitos e técnicas que lhe foram ensinados para uma solução eficaz. Esse espaço em que o estagiário se encontra proporciona uma experiência única, é o espaço onde é colocado em pratica o conhecimento que o acadêmico adquiriu e, ao mesmo tempo, adquirir novos conhecimentos agregando teoria e prática.
A psicologia os estuda fenômenos comportamentais e processos mentais do ser humano e as suas interações com o ambiente físico e social. O objetivo da psicologia é diagnosticar, prevenir e tratar distúrbios emocionais e doenças mentais. Para isso, o psicólogo utiliza de métodos capazes de analisar os fenômenos comportamentais e psíquicos dos pacientes.
A psicanálise é uma das abordagens da psicologia, uma linha de pensamento que se nasceu no fim do século XIX com Sigmund Freud, tem como foco a análise do inconsciente humano como meio para conseguir compreender os processos mentais da pessoa. Desta forma, esse estudo, que ficou conhecido como "teoria da alma", se concentra na relação entre o inconsciente e indivíduo, na interpretação dos processos da psique no nível do inconsciente humano.
O presente relatório apresenta minha experiência no Estágio Supervisionado em Psicologia Clínica, durante meses pode aperfeiçoar meus conhecimentos dentro da área profissional que escolhi seguir, também através do estágio pode pôr em pratica conhecimento e técnicas aprendidos ao longo do semestre. 
O relatório abordará a experiencia do acadêmico tomando como base os conceitos psicanalíticos, onde será posteriormente discutido o que emergiu no caso clínico e a partir deste o acadêmico realizou sua análise e descreveu a partir da descrição do paciente. 
As considerações finais elencam minhas impressões acerca da experiência vivenciada no estágio, a qual expressa reflexão enquanto estagiário de Psicologia nesse percurso de graduação, elucidando a relevância teórica para compreensão na prática.
2. A INSTITUIÇÃO MANTENEDORA
A FAMA – União de Faculdades do Amapá, iniciou suas atividades no ano de 2001 na área onde é hoje a Escola Santa Bartolomea oferecendo cursos de Pós Graduação. Localizada na Rodovia Duca Serra, KM 05, Cabralzinho, s/n; tendo assim mais de 12 anos no mercado educacional amapaense. Como resposta ao seu comprometimento com o ensino de qualidade, grande investimento em estrutura, tecnologia e principalmente em recursos humanos, rapidamente alcançou uma posição privilegiada no mercado, sendo referência em ensino superior no Estado do Amapá, pois faz parte do maior Grupo educacional do país, A Kroton Educacional.
A FAMA disponibiliza 28 cursos nas diversas áreas, sendo todos autorizados pelo Ministério da Educação – MEC. A Faculdade oferece regularmente para a comunidade acadêmica e mercado, vários cursos de Pós-graduação, projetos de pesquisa e extensão com foco na realidade local. Cabe destacar a responsabilidade social da instituição, especialmente no que se refere à sua contribuição em relação à inclusão social, ao desenvolvimento econômico e social, à defesa do meio ambiente, da memória cultural, da produção artística e do patrimônio cultural.
A instituição tem como missão melhorar a vida das pessoas por meio da educação responsável e de qualidade, formando cidadãos e preparando profissionais para o mercado, contribuindo para o desenvolvimento de seus projetos de vida. Vislumbra ser referência em educação, atuando de forma inovadora e sustentável, e a melhor escolha para estudar, trabalhar e investir, líder nos mercados onde atua e centra seus valores na paixão por educar, no respeito às diversidades e aos compromissos assumidos, na honestidade e na responsabilidade de assumir os impactos de nossas ações, na celeridade das transformações, na promoção de trabalhos que causem impactos positivos e sustentáveis para a sociedade e sobretudo valoriza a união de esforços para o mesmo propósito.
3. A CLÍNICA ESCOLA DE PSICOLOGIA – FAMA
Atendendo ao disposto no Projeto Pedagógico do Curso de Bacharelado em Psicologia a Clínica-escola de Psicologia da Faculdade – FAMA é um órgão integrante dos Núcleos de Saúde, de Organização e de Desenvolvimento e Aprendizagem Humana ao qual se subordina técnica e administrativamente. A Clínica-Escola de Psicologia tem por finalidade apoio acadêmico, integrando as funções de ensino, estágio, supervisão, extensão e pesquisa, com atendimento na área clínica, escolar, organizacional e saúde, proporcionando orientaçãoe supervisão do acadêmico do curso de Psicologia.
Implementada em 26 de março de 2014, a Clínica-Escola de Psicologia, reuniu na ocasião um quadro profissional de 1 (uma) docente responsável técnica, 3 (quatro) docentes-supervisores, das respectivas abordagens teóricas (Centrada, Psicanálise, e Cognitivo-comportamental) e terapeutas-estagiários do 9° e 10º semestre. Disponibiliza à comunidade em geral, a prestação de serviço gratuito de Psicologia, em âmbito escolar, organizacional e saúde. Atende clientes com faixa etária maior que 6 anos, em diferentes modalidades, entre as quais: triagem, atendimento psicoterapêutico individual, avaliação psicológica, encaminhamento a especialistas de áreas afins. 
Desde sua implementação correspondente ao 1° semestre de 2014 ao período de maio de 2017, conforme no calendário acadêmico, foram registrados um total de 1969 atendimentos, entre procedimentos de triagem e acompanhamento psicoterápico infanto-juvenil e adultos. Além das ações de ensino e extensão universitária são também realizadas atividades de produção científica, como construção de estudos de casos e resumos para apresentação em eventos científicos.
Entre as competências da Clínica-escola de Psicologia destacam-se, dar suporte aos docentes cujas disciplinas estejam ligadas aos Núcleos de Pesquisa da Clínica-Escola de Psicologia da Faculdade de Macapá-FAMA; oferecer estágio supervisionado aos discentes do Curso de Psicologia, obedecendo às respectivas normas e diretrizes; oferecer aos docentes da disciplina de Estágio Curricular na área clínica que envolve parte prática o campo para suas realizações; prestar à comunidade serviço gratuito de natureza psicológica em âmbito escolar, organizacional e da saúde; estabelecer normas de funcionamento interno integrando estas às normas já estabelecidas dos núcleos supracitados; oferecer aos acadêmicos a oportunidades de participação em projetos de extensão sob a supervisão docente do curso de Psicologia; incentivar e oportunizar práticas de pesquisa aos acadêmicos sob a orientação docente do curso de Psicologia; administrar o patrimônio sob guarda e responsabilidade.
4. ATIVIDADES REALIZADAS NA CLÍNICA ESCOLA DE PSICOLOGIA
4.1 Supervisão clínica psicanalítica
A supervisão clínica psicanalítica costuma ocorrer com um terapeuta menos experiente (o supervisionando), apresentando um determinado material colhido de sua prática clínica a um outro terapeuta mais experiente (o supervisor). O supervisionando relata da forma mais aproximada possível o que transcorreu na sessão psicanalítica ou psicoterápica. A supervisão é um processo de habilitação do candidato. Nesse sentido, a atitude do supervisor deve estimular, no supervisionando, o desenvolvimento de suas próprias habilidades.
Uma das principais funções da supervisão é a de desenvolver no supervisionando a capacidade de perceber suas próprias dificuldades. Essa seria a forma de conquistar a independência, seguindo ele sozinho, através de sua autocrítica, o processo de aprendizagem. Laplanche e Pontalis7 (p.497) referem-se à supervisão como sendo uma “psicanálise conduzida por um analista em formação e da qual presta contas, periodicamente, a um analista experimentado, que o guia na compreensão e direção do tratamento e o ajuda a tomar consciência de sua contratransferência”.
O modelo utilizado de supervisão clínica psicanalítica é o modelo Compreensivo, Relacional ou Experimental, nesta modalidade o supervisor participa na experiência de aprendizagem do supervisionando em um nível empático, usa a si mesmo como instrumento para desenvolver, no candidato, as funções essenciais do analista, leva em conta o que se passa na dupla supervisor-supervisionando como forma de entender o material do paciente e abordar a transferência e a contratransferência diretamente. Quando necessário, aponta o que o supervisionando deverá levar para seu tratamento pessoal. Este modelo é centrado na interação da dupla.
4.2 Atendimento psicoterápico na clínica de psicologia
A clínica-escola de psicologia tem por objetivo responder às exigências da formação prática dos alunos do Curso de Psicologia na área de Psicologia Clínica, proporcionando condições para um treinamento que os habilite ao exercício da profissão e, oferecer assistência psicológica à comunidade.
A clínica-escola conta com quatro salas de atendimento psicológico individual para adultos e uma sala de atendimento individual infantil, uma sala de multiuso e possui equipamentos adequados para a realização de atividades psicoterápicas. 
4.3 Atendimento psicoterápico em instituição externa
Visa atender a parceria entre instituições conveniadas ao estágio supervisionado clínico.
Nesta modalidade o terapeuta-estagiário realiza atendimento psicológico em instituição externa à faculdade, sob supervisão do professor da abordagem psicológica. Esta modalidade de atendimento é realizada semanalmente com duração de até 45 minutos na instituição
4.4 Triagem psicoterápica em ações comunitárias
A triagem tradicional é uma prática bastante difundida entre profissionais da psicologia. Por existir há mais tempo, é, também, mais conhecida por psicólogos e usuários dos serviços de saúde. Constitui-se numa estratégia que cumpre três objetivos principais: coletar dados pessoais do cliente, identificar sua queixa e realizar um breve diagnóstico. O conjunto dessas informações deve criar um quadro tal capaz de apontar para um encaminhamento adequado da pessoa em questão. Nas palavras de Chammas (2009, p. 17), são estimados, desta maneira, dois momentos centrais, o encontro com o cliente, no qual são coletados dados e a partir dos quais se realiza a primeira avaliação e o momento do encaminhamento, seja interno ou externo à instituição. Desta conceituação depreende-se que, uma triagem é bem sucedida quando, considerando a função para a qual se destina, exerce boa compreensão do cliente e resulta em um encaminhamento adequado. 
Fica clara a função primordial do profissional de receber e distribuir a clientela a partir de um primeiro diagnóstico, realizado com base em sua compreensão dos dados coletados. 
Para efetivar essa proposta, pode-se utiliza instrumentos como testes psicológicos e entrevistas, quase sempre, semiabertas, podendo lançar mão, também, de recursos mais estruturados como questionários e anamneses, dentre outros. 
4.5 Atendimento psicoterápico em instituições externar na modalidade de plantão psicológico
O plantão psicológico é concebido como um espaço no qual qualquer pessoa que chegue até um profissional será atendida. A ideia central desta modalidade de atendimento é oferecer a quem procura a possibilidade de acolhimento e de ser ouvida. Á partir desta escuta, questões emergentes poderão ser trabalhadas. Não há temas ou questões que não serão abordadas. Qualquer questão que venha incomodar o cliente é uma questão importante. O plantão não tem como proposta o processo psicoterapêutico, se isto for considerado adequado, faz-se necessário encaminhar o paciente para um profissional terapeuta. O plantão psicológico pode ser realizado em instituições, escolas, hospitais, clínicas e é destinado a pessoas que buscam um atendimento de apoio emergencial, em situações de crise como: tomadas de decisão, luto, ou qualquer outra situação que tire o equilíbrio momentâneo.
4.6 Abertura de pasta
Após o primeiro atendimento psicoterápico ocorre o terapeuta-estagiário apresenta ao supervisor o relatório e análise do referido atendimento que será discutido juntamente com o grupo de estagiários. Feito a supervisão do atendimento clínico semanal, o terapeuta-estagiário devidamente autorizado pelo supervisor dirige-se à clínica-escola de psicologia da Fama para realizar abertura da pasta daquele paciente. Todos os atendimentos psicoterápicos são supervisionados e cada novo paciente tem sua pasta constando os registros do atendimento realizado. Sobre o cuidado ético é importante destacar que as pastas constantes de material sigiloso são armazenadas em local seguro fiscalizado pela clínica-escola.4.7 Desligamento de atendimento clínico 
No primeiro encontro realizado com o paciente é da obrigação do terapeuta-estagiário informar ao paciente as condições regulamentares da clínica-escola de psicologia e o fato de que o descumprimento das normas acarretarão no desligamento do atendimento. O motivo mais recorrente de desligamento do atendimento clínico é o paciente faltar mais de duas vezes consecutivas ou não. 
4.8 Encerramento de atendimento clínico 
O encerramento é feito quando o paciente recebe alta dos atendimentos psicoterápicos ou quando o período de estágio do terapeuta-estagiário chegar ao fim, podendo o paciente optar em continuar na lista de cadastro para um possível atendimento no semestre seguinte.
5. DESENVOLVIMENTO (REFERENCIAL TEÓRICO)
5.1 Abordagem psicanalítica
A psicanálise foi criada por Sigmund Freud no início do século XX, a história da psicanálise está diretamente ligada a vida de Freud, na época inaugurou uma nova área do saber e suas ideias na construção da psicanalise chocaram a comunidade medica, a força de seus trabalhos clínicos e suas ideias foram de extrema importância para a psicanálise ganhasse o respeito e a aceitação dentro da comunidade medica, comunidade que Freud até então fazia parte o que alavancou a corrente de pensamento a qual Freud inseria na sociedade. 
Ao final do século XIX Freud escrevia um artigo sobre a história do movimento psicanalítico sua intenção era demonstrar as bases deste movimento bem demonstrar ao publico que alguns de seus discípulos tinha linhas de pensamentos diferente da qual a psicanalise seguia e que por isso deveriam dar nomenclaturas a tais linhas de pensamento. O movimento psicanalista já existia sobre a ótica de Freud antes mesmo do início do século XX, mas de fato, sua primeira obra como psicanalista foi publicado no início do século XX com um trabalho a qual ele chamou de A interpretação dos sonhos. 
A teoria formulada por Sigmund Freud no início do século XX é ampla e complexa. O autor começa seus estudos ainda no fim do século XIX, mas publica sua primeira obra considerada psicanalítica A interpretação dos sonhos, em 1900. Assim, o desenvolvimento de tal teoria se relaciona ao próprio contexto de início de século XX, em que ocorreram diversas transformações em todo o mundo. (CARLONI, 2000).
Freud Iniciou seus estudos pela utilização da hipnose como método de tratamento para pacientes com histeria. Ao observar a melhoria de pacientes de Charcot, elaborou a hipótese de que a causa da doença era psicológica, não orgânica. Essa hipótese serviu de base para seus outros conceitos, como o do inconsciente. Foi pela introdução do método de associação livre que Freud pôde cunhar o conceito de inconsciente, esse método veio em função também de um trabalho teórico sobre a etiologia da neurose, que segundo ele deveria ser buscada em um trauma ocorrido na infância.
Ao tentar entender o sofrimento psíquico de pacientes diagnosticadas com histeria, Freud acaba por perceber e construir diversos conceitos ligados à constituição do psiquismo humano, conceitos complexos que foram desenvolvidos dentro da concepção psicanalítica por Freud e que com o passar dos anos diversos autores teorizam a partir da psicanalise Freudiana. 
5.2 Conceitos fundamentais
	Freud Iniciou seus estudos pela utilização da hipnose como método de tratamento para pacientes com histeria. Ao observar a melhoria de pacientes de Charcot, elaborou a hipótese de que a causa da doença era psicológica, não orgânica. Essa hipótese serviu de base para seus outros conceitos, como o do inconsciente. Foi pela introdução do método de associação livre que Freud pôde cunhar o conceito de inconsciente.
Zimerman (1999) Freud empregou o nome aparelho para caracterizar uma organização psíquica dividida em sistemas ou instancias psíquicas e suas funções de cada uma delas, ocupando certo lugar na mente. Há dois modelos topográficos onde o primeiro seria o consciente, pré‐consciente e inconsciente (percepção consciente). E o modelo topográfico 2 seria o ego, id e superego.
Teoria: Modelos Topológicos
Consciente: Instância do aparelho psíquico que recebe, ao mesmo tempo, as informações do mundo exterior e as do mundo interior. Na consciência destaca-se o fenômeno da percepção e, principalmente, a percepção do mundo exterior. 
Pré-Consciente: Instância que pode tornar-se consciente com uma relativa facilidade. Recipiente de lembranças de que a consciência precisa para desempenhar suas funções. 
Inconsciente: Representa o “conjunto dos conteúdos não presentes no campo atual da consciência”. É constituído por conteúdos reprimidos, que não têm acesso aos outros dois sistemas, pela ação de censuras internas.
NASIO (1993) considera que o inconsciente só pode existir no campo da psicanálise, no seio do tratamento analítico. O inconsciente se revela num ato que surpreende e ultrapassa a intenção daquele que fala, de modo que o sujeito diz mais do que pretende dizer e, ao dizer, revela a sua verdade. O "dizer mais" produz e faz com que o inconsciente exista e, para que o ato de existência do inconsciente se efetive é necessária a existência de um outro sujeito que o escute e o reconheça. Este sujeito é, portanto, o psicanalista (pág.50).
No modelo topográfico 2, o aparelho psíquico com esse modelo estrutural (dinâmico), estrutura significa conjunto de elementos que separadamente tem funções especificas porem são indissociados entre si, interagem e se influenciam. A tópica 1° é passiva e a tópica 2° é ativa e dinâmica. A divisão da tripartide da mente em três instancias sendo a tópica 2: id, ego, superego.
Hall & Lindzey (1973) O id‐ componente biológico, o ego‐ componente psicológico, e o superego‐ componente social. Freud (1923) O id é o repositório dos impulsos instintuais, é desorganizado, busca satisfação imediata dos impulsos (pulsão). 
Ponto de vista econômico: O id é um reservatório, fonte de energia psíquica. Ponto de vista topográfico: O id coincide com o inconsciente, é o pólo psicobiologico da personalidade, e constituído pelas pulsões. Ponto de vista funcional: Regido pelo princípio de prazer. Ponto de vista dinâmica psíquica: Abriga e interagi com as funções do ego e com os objetos, tanto da realidade exterior, como introjetados que habitam o superego com os quais sempre entra em conflito, porem o id estabelece aliança com o superego. (ZIMERMAM, 1999, p.83).
Freud (1923) O ego é modificado pela influência do mundo externo, curso de relação com o meio ambiente, adiamento da satisfação. O ego é aquela parte do id que foi modificada pela influência do mundo externo, e procura aplicar influenciando o mundo externo ao id, forçando a substituir o princípio de prazer que reina irrestritamente no id pelo princípio de realidade.
Freud (1923) O superego irá trabalhar na inibição do instinto do homem, e usando como caminho as normas sociais.
O superego é Herdeiro do complexo de Édipo, constituído de introjeção e identificação que a criança faz. Ex: Proibições, exigências, ameaças, padrão de conduta, relacionamento. O superego da pessoa se identifica com o superego dos seus pais. Ex: valores morais, éticos, ideais, preconceito, crença da cultura. O superego é de origem totalmente inconsciente, ditado e composto por objetos internos. O seu efeito: gerador de culpas resultando angustia, medos. (ZIMERMAN, 1999, p. 84).
Pulsão:
	Pulsão recai sobre a psicanálise como um impulso energético interno que direciona o comportamento do indivíduo, gerado por forças internas, inconscientes, alheias ao processo descensional.
A ideia é apresentada por Freud (1915) como um “conceito de fronteira”, algo que está no limite entre o somático e o orgânico, sendo equiparada a uma tensão que tem como alvo a descarga. 
Um conceito limite entre o psíquico e o somático, como o representante psíquico dos estímulos que provêm do interior do corpo e alcançam a psique, como uma medida da exigência de trabalho imposta ao psíquico em consequência de sua relação com o corpo. (Freud, 1915 p.148).
A pulsão segundoFreud (1915), é composta pelos seguintes elementos: 
• Pressão – um impulso em direção ao alvo (objeto). 
• Meta – é sempre a busca por satisfação. 
• Objeto – elemento variável e incontingente, por meio de que a pulsão pode alcançar sua meta. 
• Fonte – é orgânica, isto é, provêm sempre do corpo.
Há o pressuposto de que existe uma pressão constante que leva o organismo vivo a buscar o prazer e repelir o desprazer, sendo este o princípio que rege a definição de Pulsão Sexual, ou seja, o Princípio do Prazer. A pulsão busca o prazer e quem oferece essa possibilidade de satisfação é o outro enquanto objeto e esse outro é limitado, nunca vai dar conta de proporcionar uma satisfação total. Podemos então afirmar que a satisfação é sempre parcial, que ela perdura por um tempo e depois há um retorno da pressão. 
A primeira teoria pulsional compreende então uma pulsão sexual e outra que Freud considera dessexualizada, que é a pulsão de auto conservação, uma tendência do sujeito em tentar sobreviver ligado ao Princípio da Realidade, que entra em choque com a busca do prazer.A pulsão sexual nos remete a possibilidade de representação que o sujeito faz da realidade.
	Ao que Freud esclarece A pulsão busca o prazer e quem oferece essa possibilidade de satisfação é o outro enquanto objeto e esse outro é limitado, nunca vai dar conta de proporcionar uma satisfação total.
Etapas do Desenvolvimento Psicossexual:
A teoria psicanalítica defende que o desenvolvimento psicossocial do indivíduo inicia desde os primeiros anos de vida, em fases ou estágios psicossexuais definidas por regiões do corpo, nos quais surgem necessidades que exigem ser satisfeita: 
Fase oral (0 a 2 anos) 1ª Etapa: até aproximadamente 06 meses: incorporação, experimentação passiva. Boca é a primeira fonte de estimulação e excitação sensorial. Amor, satisfação, ódio, frustração. Na 2ª Etapa: aparecimento dos dentes: cabalística: experiência da dor (dentição) junto à satisfação de triturar os alimentos e incorporá-los. Relação mais ativa, podendo exteriorizar o ódio pela não satisfação. 
Fase Anal (2/3 a 4 anos): Nessa fase a satisfação das pulsões se dirige ao ânus, ao controle da tensão intestinal. A criança tem de aprender a controlar sua defecação e dessa forma, deve aprender a lidar com a frustração do desejo de satisfazer suas necessidades imediatamente. 
Fase fálica (4 a 6 anos): Atenção da criança volta-se para a região genital. Inicialmente a criança imagina que tanto os meninos quanto as meninas possuem um pênis e defrontadas com as diferenças anatômicas entre os sexos, as crianças criam as chamadas teorias sexuais infantis, imaginando que as meninas não tenham pênis porque este órgão lhe foi arrancado (complexo de castração). É neste momento que a menina tem medo de perder o seu pênis. Surge aí o complexo de Édipo, em que o menino apresenta atração pela mãe e se rivaliza com o pai e na menina ocorre o inverso. 
Fase de latência (6 a 11 anos). Este período caracteriza-se pelo deslocamento da libido da sexualidade para atividades socialmente aceitas, ou seja, a criança passa a gastar sua energia em atividades sociais e escolares. 
Fase genital (a partir de 11 anos). Início da adolescência há uma retomada dos impulsos sexuais, o adolescente passa a buscar, em pessoas fora de seu grupo familiar, um objeto de amor. Adolescência é um período de mudanças no qual o jovem tem que elaborar a perda da identidade infantil e dos pais da infância para que pouco a pouco possa assumir uma identidade adulta.
5.3 Transferência
Em Psicanálise, a transferência é um fenômeno que ocorre na relação entre o paciente e o terapeuta, quando o desejo do paciente irá se apresentar atualizado, com uma repetição dos modelos infantis, as figuras parentais e seus substitutos serão transpostas para o terapeuta, de modo que sentimentos, desejos, impressões dos primeiros vínculos afetivos serão vivenciados e sentidos na atualidade dentro da relação paciente terapeuta. 
O termo “transferência” deve ficar reservado unicamente para a relação presente no processo psicanalítico, o qual, juntamente com a “resistência” e a “interpretação”, constitui o tripé fundamental da prática da psicanálise. (ZIMERMANN, 2004).
Transferência Positiva 
Classicamente essa denominação referia-se a todas as pulsões e derivados relativos a libido, especialmente os sentimentos carinhosos e amistosos, mas também incluídos os desejos eróticos, desde que eles tenham sido sublimados sob a forma de amor não-sexual e não persistam como um vínculo erótico. 
Também pode acontecer que uma aparência de “positividade” pode estar significando unicamente um, inconsciente, conluio transferencial-contratransferencial sob a forma de uma, estéril, recíproca fascinação narcisista. Igualmente, é necessário levar em conta a possibilidade nada incomum de que uma aparente transferência positiva, pela qual o paciente cumpre fielmente todas as combinações de assiduidade, pontualidade, verbalização, uso do divã, manifesta concordância com as interpretações, etc., possa estar encobrindo uma falsa colaboração.
	
6. ANÁLISE DOCASO CLÍNICO
6.1 Descrição do paciente
Paciente L, 11 anos, nasceu em Santana-AP. Até os sete anos de idade morou em um abrigo chamado casa da hospitalidade, filha biológica de uma usuária de drogas, sofreu um AVC durante a infância o que lhe deixou sequelas, tem parte da mobilidade do corpo comprometida, usa um medicamento (Lamenor CD) que mantém o controle de suas convulsões. 
Aos sete anos de idade L e seu irmão foram adotados por um casal, L apresenta uma distorção da autoimagem, sofrimento psíquico por conta das dificuldades no ambiente familiar.
6.2 Relatório de atendimento semanal – Análise parcial 
L apresenta problemas com a autoimagem, atribui aos colegas de classe o motivo de seu sofrimento, tem uma avaliação negativa de sua imagem a qual rotula como feia, apresenta uma necessidade de escuta pois a mesma se encontrava em sofrimento por não ter um acolhimento. 
Apresenta dificuldades no ambiente familiar por conta do sofrimento psíquico da mãe adotiva em relação a morte dos filhos biológicos
6.2.1 Primeiro atendimento clínico
O terapeuta estagiário deu início a sessão se apresentando e perguntando o nome da pessoa que estava a sua frente, a mesma lhe respondeu dizendo que seu nome é L. Logo após, o terapeuta estagiário fez uma breve explicação do trabalho que pretendia realizar com L, ressaltou a importância do comprimento do horário, do sigilo profissional, e esclareceu de maneira sucinta o trabalho do psicólogo. 
O terapeuta estagiário questiona L perguntando: quantos anos você tem? L responde: 11. O terapeuta questiona sua naturalidade, perguntando a L: você nasceu onde? L responde: eu nasci em Santana, mas vim morar aqui em Macapá. Faz 4 anos que eu vim morar pra cá, eu e o meu irmão, a gente morava na casa da hospitalidade, lá pra Santana. 
O terapeuta estagiário lhe pergunta: seus pais são de onde? L responde: eles são de Macapá.
A casa da hospitalidade é conhecida no amapá por ser um local que abriga pessoas carentes, que vão desde crianças a idosos. Sabendo disto o terapeuta estagiário buscou mais informações a respeito desse processo partindo do ponto em que L ressalta que a 4 anos atrás morou na casa da hospitalidade.
O terapeuta estagiário pergunta a L: você pode explicar o que falou ainda pouco sobre a casa da hospitalidade? L responde: eu morava lá com meu irmão até quando eu tinha 4 anos, aí me disseram que iam me levar de lá, na outra semana adotaram a gente, aí eu vim morar aqui com os meus pais. 
O terapeuta estagiário questiona L: como foi pra você esse processo de adoção? L responde: a vida mudou... foi bom, eles conversaram comigo, disseram que a gente ia morar com eles agora (pais), que a gente ia ficar bem, eu chorei, mas depois foi bom, eles gostam muito da gente. 
O terapeuta estagiário questionou L: você sabe quem é sua mãe biológica? L deu uma pausa, abaixou a cabeça e em seguida respondeu: sim, ela não podia ficar com a gente, é uma mulher...ela usa drogas, ela não pode ficar com a gente. 
Em seguida o terapeuta estagiário questiona L: como é a sua relação com seus pais adotivos? L responde dizendo: é boa, eles gostam muito da gente, ela diz que ama a gente quando a gente vai dormir. Em seguida sorriu. Semana passada ela estava aqui porque um menino ficava me apelidando, fala que eu sou muita feia, é que é assim, quando eu nasci eu sofri um AVC aí eu tenho um problema de coluna e da parte direita do braço, eu acho que é por isso eles falam que sou feia.
O terapeuta estagiário questiona: você toma algum medicamento? L responde dizendo: sim, o Lamenor cd. Eu comecei a usar depois que eu desmaiei no banheiro de casa, meu irmão disse que me viu e chamou a mamãe, eles me levaram pro hospital, eu só lembro de quando estava lá, a mamãe ficava chorando toda hora. 
Em seguida L conta que seus pais ficaram tristes com o que ocorreu, na semana seguinte conversaram com ela e seu irmão, nessa conversa sua mãe disse que perdeu dois filhos antes de adota-los, um adolescente e outro ainda gravida, segundo L foi em torno de um ano e meio antes de sua adoção. L conta que sua mãe as vezes fica triste e diz que está com saudade do filho adolescente que morreu. 
L traz uma demanda ampla, onde existem pontos importantes a serem trabalhados, diferente da ordem dos fatos dentro da sessão vamos começar pela instituição a qual acolheu L até seus 7 anos de idade. Ciente de que sua mãe era usuária de drogas e não exercia o papel de mãe, nesta situação não é difícil de constatar que uma criança como L que sofreu uma ruptura em seus vínculos de origem e encontra-se em uma instituição de acolhimento tenha o sentimento de pertencimento abalado. Entretanto, para Arnaud (2003) observa que quando acontecimentos traumáticos provocam rupturas ou a fragilização dos vínculos de filiação, o vínculo fraterno demonstra sua força, e os laços entre irmãos sustentam o que resta da ligação primária. Assim, no caso de fratrias institucionalizadas e daquelas adotadas por uma mesma família, a força e a resistência do vínculo fraterno têm o potencial de manter a continuidade do grupo familiar, promovendo o reconhecimento da semelhança familiar e facilitando a transmissão da representação do grupo primário interno (Jaitin, 2003). Com o acolhimento institucional os laços entre os irmãos, assim como as relações de amizade construídas dentro da instituição podem vir a ser reforçadores, diminuindo, em parte, a sensação de desamparo. Depois de sua adoção a paciente L passa por uma espécie de luto pelos pais biológicos e a instituição/família a qual pertencia para dar lugar as novas figuras de pais, a um novo elo a qual vai chamar de família. A criança, diz Dolto (1989) no ato de sua adoção, é obrigada a recomeçar todo o seu trabalho psíquico, de estruturação simbólica, que faz a criança ter de começar da "estaca zero", produzir uma espécie de "luto" dos pais de nascimento, ou da instituição a qual pertencia. Por sua vez, a criança precisa ter um tempo para compreender essa outra língua, a dos pais adotantes, adaptar-se a ela, e ela própria adotar seus novos pais, de se autorizar a ser filho (a) de seus pais adotantes. Os pais, em especial a mãe Winnicott (1956/1978) postula que, uma mãe adotiva, ou qualquer mulher que possa ficar doente no sentido de apresentar uma preocupação materna primária pode ser capaz de se adaptar suficientemente bem, por ter alguma capacidade de se identificar com o bebê. Nesse sentido, um ambiente favorável nos primórdios de vida do bebê permite que este comece a existir enquanto sujeito singular, a ter experiências, a construir um ego pessoal, a dominar as pulsões e a enfrentar todas as dificuldades inerentes à vida.
6.2.2 Segundo atendimento clínico
A sessão se iniciou as 15:00 horas, o terapeuta estagiário iniciou a sessão com a pergunta: como você está hoje? L respondeu: segunda eu estava conversando no refeitório e um menino da sala me filmou, ele me chamava de feia, aí contei para diretora e ela suspendeu ele. 
O terapeuta estagiário pergunta a L: como é a sua relação com os colegas de classe? Em seguida L respondeu: com as meninas é boa, mas, com os meninos não, eles ficam me chamando de feia, e quando tem trabalho eles não querem fazer comigo, aí gente faz em dupla, mas eu faço sozinha o trabalho. A professora fez um trabalho em dupla na sala de informática, nesse trabalho a gente tinha que escrever sobre o outro as coisas boas e as coisas que poderiam melhorar, antes de a professora escolher a dupla ela tinha me dito que se falarem alguma coisa pra mim era pra contar a ela, eu olhei no papel dele e ele só escrevia que eu era feia, que eu era chata, eu contei pra ela e ela brigou com ele. 
O terapeuta estagiário questiona a L: como você se sente em relação a essas situações que você acabou de falar? L baixou a cabeça, fez uma pequena pausa e respondeu: triste, eu também sinto raiva, as meninas não fazem isso, é mais os meninos.
O terapeuta estagiário questiona a L a respeito do que ela disse ao final da última sessão, onde ela colocou na sessão que sua mãe estava triste e pela morte de seu filho, a relevância do assunto trazido na última sessão fez com que o terapeuta estagiário buscasse ter uma compreensão maior sobre a situação, perguntou a L: você disse que sua mãe estava triste e que sentia falta de seu irmão, como vocês filhos vê essa situação? L faz uma breve pausa, novamente abaixa a cabeça, em seguida responde: as vezes a gente escuta a mamãe chorar a noite, uma vez eu estava na sala e ela no quarto dela, ela tava chorando lá e dava pra ouvir lá da sala. As vezes quando ela esta triste ela fala que queria que ele estivesse aqui porque ele ajudava muito ela, as vezes ela não consegue dormir ai ela toma remédio. 
O terapeuta estagiário pergunta a L: você vê alguma ligação na adoção de vocês com a morte dos filhos de seus pais? L responde: sim, porque a gente também vai ajudar ela, a gente fica triste quando vê ela assim.
Tomando como base o progresso das sessões partindo das falas da paciente L seus pais ainda estão vivendo, mesmo que tardiamente, o processo de luto, o luto pela morte de seus filhos, em especial o mais velho, de acordo com L a morte foi a anos, mas ainda gera angustia nos pais, o que leva sua mãe a chorar no seu quarto a noite. A perda dos filhos biológicos do pais de L teve grande influência na adoção de L e seu irmão, não sabendo lidar com o processo do luto, a adoção veio como preenchimento da perda dos filhos. 
Ao explicar o conceito em Luto e Melancolia, Freud (1915) o entende como uma reação à perda, não necessariamente de um ente querido, mas também, algo que tome as mesmas proporções, portanto um fenômeno mental natural e constante durante o desenvolvimento humano. Para o autor, no luto, nada existe de inconsciente a respeito da perda, ou seja, o enlutado sabe exatamente o que perdeu. Além disso, o luto é um processo natural instalado para a elaboração da perda, que pode ser superado após algum tempo e, por mais que tenha um caráter patológico, não é considerada doença, sendo assim, interferências tornam-se prejudiciais.
O luto é um processo lento e doloroso, que tem como características uma tristeza profunda, afastamento de toda e qualquer atividade que não esteja ligada a pensamentos sobre o objeto perdido, a perda de interesse no mundo externo e a incapacidade de substituição com a adoção de um novo objeto de amor (FREUD, 1915).
6.2.3 Terceiro atendimento clínico
A sessão teve início às 15:00 horas. L entrou na sala com uma expressão alegre, disse boa tarde, o terapeuta estagiário respondeu L dizendo: boa tarde. Em primeiro momento o terapeuta estagiário ressaltou a L que estavam chegando a 3ª sessão; em seguida o terapeuta estagiário perguntou a L: como você está hoje? L respondeu: Bem. Em seguida L sorriu e disse ao terapeuta: eu queria falar sobre aquilo que eu falei na última vez. O terapeuta estagiário questiona a L: você quer falar sobre o que? L responde ao terapeuta dizendo: sobre aqueles meninos que ficavam meapelidando, que me chamavam de feia, essas coisas... L em seguida fixou seus olhos no terapeuta estagiário, em seguida tornou a falar: eles pararam de falar isso, depois que a professora chamou atenção deles eles pararam, na aula de educação física tem um professor, que eu conto as coisas pra ele, na segunda vez que eu vim pra cá quando eu sai ele me deu um abraço e me disse: eu sei que tu vai no psicólogo, mas tu também pode me contar as coisas também, tá? Eu disse: tá! Quando tu quiser conversar com alguém pode conversar comigo, quando tu te sentir sozinha pode me chamar pra conversar. 
O terapeuta estagiário questiona a L: você se sentia ou sente sozinha? L reponde: antes eu me sentia, eu não tinha pra quem falar as coisas, agora eu tenho, tem o senhor e o meu professor. O terapeuta estagiário logo após a fala de L disse: quando acontecia o essas situações, segundo o que você me disse até a última sessão você se direcionava a professora ou a direção da escola, a escola intervia na situação, havia uma punição ao colega que fazia isso, ou seja, você tinha a quem falar, você tinha uma solução momentânea, porém, faltava alguém com quem você pudesse falar sobre como essa situação refletia em você. Em seguida L diz: quando acontecia eu não tinha com quem falar, eu ficava chorando aí a professora perguntava o porquê e eu falava pra ela, ter alguém pra conversar e bom, as vezes quando to no intervalo eu fico conversando com o professor no refeitório. 
O terapeuta estagiário questiona a L: sobre seus relacionamentos aqui na escola, você tem muitos amigos aqui? L responde: eu tenho muitos colegas, amigos eu só tenho duas. O terapeuta questiona L novamente: pra você qual seria a diferença entre amigo e colega? L reponde: amigo a gente conta as coisas, ele fica com a gente toda hora, colega é quem a gente só fala mesmo. O terapeuta estagiário pergunta a L: você falava sobre isso com essas duas amigas? L respondeu: não! O terapeuta questiona L: por que? Em seguida L responde: não sei, mas eu não converso essas coisas com elas.
L trouxe a sessão o que segundo ela era um sentimento de solidão, tristeza e raiva, o terapeuta estagiário por meio de questionamentos notou que embora L tenha amigos, familiares e funcionários da escola ao seu redor L não dialogava com eles sobre o que sentia, quando se direcionava a um destes para contar o que lhe deixava em sofrimento a solução encontrada pela escola e os profissionais que lá trabalham era a de repreender quem cometeu o erro, somente isso, até aqui, na terceira sessão, pude perceber a importância a qual L atribuía ao falar, ao acolhimento, embora ela mostre dificuldade em entrar em detalhes sobre determinados assuntos. 
De fato, a análise dos fenômenos psicológicos normais e patológicos se mostra eficiente por meio da associação livre, L, a medida que que fala ao terapeuta estagiário transparece uma melhora em relação a os sentimentos comentados por ela, L deseja falar, e fala, associação livre é o falar, é trazer o conteúdo por meio da fala, exigindo do analista, em contrapartida, uma capacidade de escuta que não reduza os espaços simbólicos que a associação livre viabiliza. Ao paciente cabe comunicar tudo o que lhe ocorre, sem deixar de revelar algo que lhe pareça insignificante, vergonhoso ou doloroso, enquanto que ao analista cabe escutar o paciente sem o privilégio, a priori, de qualquer elemento de seu discurso.
No seio da associação livre vai se produzindo um deslocamento da imagem, do fato como fixo, e este vai se incluindo em múltiplas imagens caleidoscópicas cujas combinações possíveis se multiplicam e onde o ritmo, a cadência, a intensidade maior de alguns fonemas, a excitação explícita no gaguejar de uma palavra, o sentido duvidoso de uma frase mal construída, tudo isso vai dando tonalidades diferentes a estas figuras que não passam desapercebidas à escuta sutil da atenção flutuante. Ao mesmo tempo, ao ser escutado pelo analista, o próprio sujeito que fala se escuta (Alonso, 1988, p. 2).
6.2.4 Quarto atendimento clínico
A sessão teve início às 15:00 horas, L teve um atraso de 4 minutos. O terapeuta estagiário ressaltou a L a importância do cumprimento do horário estabelecido para se alcançar o progresso nas sessões, em seguida o terapeuta estagiário explica a L que estavam chegando a 4ª sessão, em seguida o terapeuta perguntou: como você está se sentindo hoje? L respondeu: Bem. Eu me atrasei porque eu estava terminando um assunto de geografia na sala, aí vim correndo. O terapeuta estagiário responde: entendo, em seguida mostra a L três imagens e pede a L que diga qual sentimento transparece cada imagem, a primeira L chamou de triste, a segunda de feliz, a terceira demorou um pouco mais, em seguida nomeou-a como chateada. Logo após o terapeuta estagiário questiona a L como ela poderia representar com uma dessas três imagens a situação na qual ela havia dito nas últimas sessões, onde ela disse ao terapeuta que alguns alunos a chamavam de feia e algumas vezes não queriam fazer trabalhos com ela dentro da instituição de ensino. L respondeu com a imagem que segundo ela representaria feliz, o terapeuta estagiário questiona L dizendo: você usou a carinha que expressa felicidade, diferente de você na primeira sessão por exemplo onde você se colocava nesta situação com tristeza e raiva. Por que a mudança? L reponde ao terapeuta dizendo: porque eu não fico triste mais, eu coloquei essa carinha porque eu não fico triste mais com isso, eu fico feliz, não aconteceu mais, hoje eu falei com o menino que me filmou e ele nem lembra mais disso, e eu também não fico mais triste com essas coisas. 
O terapeuta estagiário responde: entendo. Em seguida pergunta a L sobre o momento em que ouve sua mãe chorar, pedindo a ela que utilize a imagem e explique o porquê. L levou a mão a imagem triste em seguida explicou: eu fico triste quando vejo ela chorar, ontem ela estava montando a arvore de natal e chorou, quando ela fica assim eu falo pro meu irmão pra gente dar um abraço nela, quando ela vai para o quarto ela liga o rádio escuta música e sempre chora, a gente fica escutando da sala, acho que ela lembra do Alan, L baixa a cabeça faz uma pequena pausa e continua amanhã é o aniversário dele, ela falou lá em casa que dia 23 ele fazia aniversário. 
O terapeuta estagiário questiona a L: essa situação afeta seu o dia-dia? L responde: as vezes sim, a gente fica pensando nela, quando ela fica sozinha em casa, a gente fica triste quando vê ela chorando, o papai vai lá com ela e diz pra ela não ficar assim e a gente abraça ela pra ela não ficar triste, a gente estava assistindo televisão e estavam falando de uma doença, ai ela disse que tinha depressão, disse que quando o Alan morreu ficou assim também.
Na quarta sessão foi realizada uma atividade lúdica com a intenção de fazer com que L revelasse seus sentimentos sobre determinadas questões, o que de fato aconteceu, L não só colaborou com a atividade como trouxe detalhes que até a quarta sessão ainda não havia mencionado, se mostrou muito mais participativa dentro do setting terapêutico após a familiarização com a atividade.
 Segundo Winnicott (1975), o brincar integra aspectos dissociados, ajudando a discriminar mundo interno de externo, repara objetos danificados e modula a angústia das experiências da vida real e os detalhes da vida cotidiana, que aparecem entrelaçadas com fantasias.
L se mostrou muito mais participativa nesta sessão, colaborou com o progresso da sessão ajudando o terapeuta a ter uma maior compreensão de seu sofrimento mesmo sabendo que determinados assuntos para L eram dolorosos serem ditos em terapia. 
A aliança terapêutica, conceito desenvolvido pelos pós-freudianos (Sterba, 1929; Strachey, 1934; Zetzel, 1956; Greenson, 1965), é um aspecto especial da transferência positiva e relaciona-se com o desejo de colaborar, de trabalhar com determinação e afinco na situação analítica, de seguir adiante apesar das resistências ou da transferência negativa. É o que possibilita ao paciente manter um rapport relativamenteracional e não neurótico com seu analista (Greenson, 1965). Sem a confiança na relação, o paciente dificilmente se engaja no tratamento.
6.2.5 Quinto atendimento clínico
A sessão teve início às 15:00 horas. O terapeuta estagiário iniciou a sessão perguntando: como você está se sentindo? L responde ao terapeuta dizendo: estou bem. O terapeuta estagiário dando continuidade ao fim da última sessão onde L trouxe novamente o fato de sua mãe chorar constantemente, relembrou L o que ela havia dito ao fim da última sessão, em seguida pediu para que L continuasse a falar sobre assunto partindo do ponto em que disse que sua mãe havia falado que tinha depressão, L respondeu dizendo: a gente estava na sala e ela disse isso, estava eu ela e meu irmão, ai ela disse “eu tive isso também eu tive depressão quando eu perdi o Alan, foi Deus que me ajudou” o terapeuta estagiário questionou a L: como você se sentiu quando ouviu isso? L respondeu: a mamãe não deixa guardado as coisas como outras pessoas, ela fica triste todo dia por isso, a gente fica triste, a gente fica perto dela quando ela chora. 
 O terapeuta estagiário tomando um discurso em que L dizia que sua mãe fazia uso de um medicamento antes de dormir questionou: você já disse em uma das sessões que sua mãe usa um medicamento antes de dormir, você vê alguma ligação com o fato de sua mãe chorar, e de ela ter dito a vocês que teve depressão? L respondeu: acho que sim, uma vez ela mandou eu pegar, eu li e tava escrito Aprazolam, acho que esse remédio deve ser porque ela fica triste. Hoje de manhã ela estava vendo uns vídeos com fotos minha, do meu irmão e do Alan no quarto dela, ela também chorou, pode ser porque é aniversario do Alan, ou porque ela tem saudade do passado. Ela queria vir aqui com o senhor por causa disso, ela queria que o senhor ligasse pra ela.
O terapeuta estagiário questiona a L: esse comportamento a qual você falou durante as sessões em que sua mãe vai ao quarto e chora você lembra quando o viu pela primeira vez? L respondeu: não lembro quando foi a primeira vez, mas faz tempo que ela ta assim, quando eles adotaram a gente todo domingo a gente ia na igreja e as vezes ela chorava lá, a mamãe sempre disse que foi Deus que ajudou muito ela, em seguida L fez uma pausa e transparecia que estava tentando lembrar de algo, continuou dizendo: eu não lembro mais, não lembro quando começou...
Diferente da elaboração do luto a qual as pessoas comumente passam mediante a perda, na melancolia, o eu se revolta contra a perda, em vez de engatar um trabalho de luto através do qual possa a ela se conformar, identifica-se maciçamente ao objeto perdido, a ponto de se deixar perder junto com ele. Tal rebelião é o cerne da melancolia e pode se instalar como uma "ferida aberta" (p. 71) que suga a libido e dolorosamente empobrece o eu. Se essa atitude se opõe ao trabalho de luto, ela não deixa, porém, de consistir também em um "trabalho" que "consome" o eu, nos termos de Freud (p. 53).
6.2.6 Sexto atendimento clínico
A sessão iniciou as 15:00 horas, L sentou-se na cadeira e estava sorrindo, o terapeuta estagiário esclarece a L que estavam chegando a última sessão de um trabalho de seis sessões, L olha para o terapeuta e diz: eu tenho uma coisa pra contar, em seguida diz: sexta-feira a gente foi no cinema assistir de repente uma família, toda a família, a gente ficou até tarde na rua, a gente comprou presentes, quando a gente chegou em casa todo mundo se reuniu na sala, a gente conversou sobre muita coisa, ai a mamãe disse que eu consegui uma vaga no Sarah Kubitschek, todo mundo ficou feliz lá em casa, eu também fiquei muito feliz, foi por isso que eu estava rindo quando o senhor perguntou, L sorri e continua: a gente também falou sobre o senhor, mamãe também disse que não deu pra ela vir e ela vai deixar para o ano que vem. Eu conversei com ela sobre as coisas que estavam acontecendo aqui na escola, que alguns meninos me apelidavam, que as vezes eles não queriam fazer trabalho comigo, por isso que eu tava indo no psicólogo, eu disse pra ela que o senhor me ajudou nessas coisas, também falei que já ia acabar porque eu estava entrando de férias... 
O terapeuta estagiário responde a L dizendo: sobre a situação a qual você disse ainda pouco em que conta que acontecia situações dentro do ambiente escolar; alguns colegas como você havia dito a chamavam de feia, em alguns momentos de trabalho em dupla não queria fazer trabalho com você e que tal situação lhe desperta raiva, tristeza e um sentimento de solidão, sobre esses sentimentos que vinham como resultado dos episódios que falei ainda pouco os sentimentos de solidão, tristeza e raiva vinham pelo fato de você não ter no um alguém que lhe acolhesse, que tivesse uma visão além do pratico, do simples, como você disse durante as sessões você sempre recorria a direção da escola ou a um professor, em resposta a sua procura era tomada uma decisão mais pratica possível em respeito a situações como estas, isso se comprova quando durante as seis sessões você não menciona a participação da escola junto a sua família sobre esse assunto, a decisão mais simples era punir quem praticava o ato. Então, de fato você tinha a quem recorrer, você não tinha quem lhe acolhesse, você viu no terapeuta essa figura de acolhimento e em proporção diferente da minha você também viu essa figura no professor a qual você se referiu em uma das sessões, por meio destes você conseguiu falar sobre os sentimentos que até então lhe faziam acreditar que estava sozinha e que lhe deixavam sentimentos como raiva e tristeza não só pela forma como as situações aconteciam mas pela praticidade a qual os problemas eram resolvidos.
A importância da escuta já era abordada por Freud no início da psicanalise, segundo Sigmund Freud, é preciso que suspendamos nossa atenção e não nos detenhamos em nenhum ponto específico da fala do paciente para que possamos ficar atentos a tudo que nos é dito, esta regra hoje, diferencia a psicanalise das demais abordagens e é um marco importante dentro dessa linha de pensamento. A regra freudiana de associação livre pressupõe que o paciente fale livremente o que lhe vier à cabeça e também não selecione conteúdos intencionais para falar ao analista. Para serem coerentes com esta regra, os analistas precisam se desprender das influências conscientes e deixar a atenção uniformemente suspensa, sem se fixar a um ponto qualquer. Freud diz: “Ver-se-á que a regra de prestar igual reparo a tudo constitui a contrapartida necessária da exigência feita ao paciente, de que comunique tudo o que lhe ocorra, sem crítica ou seleção” (FREUD, 1912, p. 150).
6.3 Análise compreensiva considerando a evolução do paciente
A paciente L tem onze anos de idade, sexo feminino, nasceu em Santana-AP. Até os sete anos foi criada em um abrigo chamado casa da hospitalidade. No decorrer das sessões pude observar que L apresentava demandas significativas que foram trabalhadas, tanto quanto possível, dentro de seis encontros, ocorridos um a cada semana. Alguns dos pontos cruciais de suas demandas estão relacionados: com a convivência com os pais adotados e as distorções em relação autoimagem corporal. 
A paciente tinha ciência dos motivos pelos quais sua mãe biológica entregou seus dois filhos para a adoção. Em suas palavras contou – sim, ela não podia ficar com a gente, é uma mulher... ela usa drogas, ela não pode ficar com a gente. Sua mãe biológica é usuária de drogas, devido a esse fato a guarda de L e seu irmão foram passadas para um abrigo. Ambos foram adotados pelo mesmo casal que não apresentou restrições ao perceberem que L avia sofrido um AVC ainda durante a infância. Este fato lhe rendeu algumas sequelas, a paciente tem a mobilidade do lado direito do corpo comprometida, e faz uso de medicamento (Lamitor CD), para controlar convulsões. Em 2014, quando ambos foram adotados, L tinha 7 anos de idade e seu irmão tinha 8 anos de idade, desde então passaram a morar em Macapá-AP, os irmãos estudam na mesma escola e L cursa a 5ª série do ensino fundamental e seuirmão a 6ª série. Durante as sessões L sempre expressou grande afeto ao irmão.
As primeiras sessões foram voltadas a um acolhimento a L, onde por meio da associação livre a paciente pode falar ao terapeuta estagiário sobre situações a que lhe deixavam tristes, com raiva e com um sentimento de solidão. Nas primeiras sessões L aparentava tristeza mas era receptiva e entusiasmada ao processo analítico, era cooperativa e demonstrava certa necessidade de uma escuta terapêutica. 
Sobre a associação livre Freud deixou um legado fundamental à teoria psicanalítica e a todos os psicanalistas das próximas gerações. Dentre as diversas recomendações básicas que regem qualquer processo psicanalítico, encontra-se, como afirma Roudinesco e Plon (1998), a regra fundamental, conhecida também como associação livre ou livre associação de ideias (ZIMERMAN, 1999). 
Essas recomendações permanecem até a atualidade em sua essência, porém sofrendo algumas transformações “[...] à medida que a própria ideologia da psicanálise também está passando por sucessivas e profundas modificações nesse seu primeiro século de existência [...]” (ZIMERMAN, 1999, p. 291). A verbalização da associação de ideias que surgem de forma espontânea à mente é considerada regra fundamental para qualquer processo psicanalítico, considerando sua evolução histórica na psicanálise, a partir da renúncia da hipnose e do método catártico (JORGE, 2007).
L trouxe ao terapeuta estagiário momentos que marcaram sua vida na infância, de modo que fizesse o terapeuta estagiário ter uma maior compreensão da demanda a qual iria trabalhar. 
Em primeiro momento L fala ao terapeuta estagiário que até os sete anos de idade ela e seu irmão moravam na casa da hospitalidade e que foram adotados por um casal, fato que será de grande valia dentro do processo analítico, nas palavras de L: eu nasci em Santana, mas vim morar aqui em Macapá. Faz 4 anos que eu vim morar pra cá, eu e o meu irmão, a gente morava na casa da hospitalidade, lá pra Santana; eu morava lá com meu irmão até quando eu tinha 7 anos, aí me disseram que iam me levar de lá, na outra semana adotaram a gente, aí eu vim morar aqui com os meus pais. 
O fato de sua mãe biológica ser adicta grave e consequentemente não ter conseguido exercer sua função materna parece ter corroborado para o acometimento de uma ruptura em seu vínculo de origem, e o fato de ter sido encaminhada a uma instituição de acolhimento poderia abrir a possibilidade para que L tenha o sentimento de pertencimento abalado. Contudo, Arnaud (2003) observa-se que quando acontecimentos traumáticos provocam rupturas ou a fragilização dos vínculos de filiação, o vínculo fraterno demonstra sua força, e os laços entre irmãos sustentam o que resta da ligação primária. Assim, no caso de fratrias institucionalizadas e daquelas adotadas por uma mesma família, a força e a resistência do vínculo fraterno têm o potencial de manter a continuidade do grupo familiar, promovendo o reconhecimento da semelhança familiar e facilitando a transmissão da representação do grupo primário interno (Jaitin, 2003).
L sobre o ato da adoção disse ao terapeuta que ficou triste quando soube de sua saída da instituição a qual morava para a casa dos seus novos pais, em contrapartida ficou feliz por ter uma família, nas palavras dela: a vida mudou... foi bom, eles conversaram comigo, disseram que a gente ia morar com eles agora (pais), que a gente ia ficar bem, eu chorei... mas depois foi bom, eles gostam muito da gente.
O sentimento de tristeza em relação a ir embora da instituição é algo comum neste contexto, sendo também considerado de suma importância. Pela tristeza a criança passa pelo luto em relação ao papel que a fraternidade representava a ela, para L o abrigo simbolizava a sua família, era necessário o luto para abrir passagem a nova família que L viria a constituir. 
A criança, diz Dolto (1989) no ato de sua adoção, é obrigada a recomeçar todo o seu trabalho psíquico, de estruturação simbólica, que faz a criança ter de começar da "estaca zero", produzir uma espécie de "luto" dos pais de nascimento, ou da instituição a qual pertencia. Por sua vez, a criança precisa ter um tempo para compreender essa outra língua, a dos pais adotantes, adaptar-se a ela, e ela própria adotar seus novos pais, de se autorizar a ser filho(a) de seus pais adotantes.
L fala sobre sua relação com seus pais adotivos onde ela descreve como boa e permeada por o sentimento de amor, nas palavras de L na primeira sessão: é boa, eles gostam muito da gente, ela diz que ama a gente quando a gente vai dormir. 
Em questão a adoção de L, nos que diz respeito aos novos pais, ou pais adotivos, em especial a mãe, Winnicott (1956/1978) postula que: uma mãe adotiva, ou qualquer mulher que possa ficar doente no sentido de apresentar uma preocupação materna primária pode ser capaz de se adaptar suficientemente bem, por ter alguma capacidade de se identificar com a criança.
Já dentro do novo ambiente familiar L traz uma questão que a deixava triste e impotente. Trata de um acontecimento ocorrido na vida de seus pais adotivos antes destes decidirem pela adoção de filhos. Segundo L, seus pais adotivos perderam um casal de filhos biológicos cerca de 1 ano antes de sua adoção. A primeira perda foi do filho adolescente de aproximadamente 16 anos de idade, em um acidente de carro. A segunda perda foi ainda durante a gestação de sua mãe adotiva, devido a complicações da gestação. Ambas as perdas ainda deixam sua mãe adotiva triste. L conta que repetidas vezes encontra sua mãe chorando a perda dos filhos e que este fato deixa a paciente triste. Sobre este conteúdo L falava superficialmente, demonstrando certo incômodo ao assunto. A paciente olhava para o chão, fazia longas pausas e minimizava o assunto – as vezes a gente escuta a mamãe chorar a noite, uma vez eu estava na sala e ela no quarto dela, ela tava chorando lá e dava pra ouvir lá da sala.
Sobre as grandes pausas, o olhar fixo no chão, e a minimização do conteúdo quando perguntada, na psicanalise pode ser compreendido como uma forma de defesa do ego, um mecanismo de defesa a qual o ego julga necessário na eminencia de um assunto a qual lhe traz desconforto, L em resposta às perguntas do terapeuta isola o conteúdo, evitando ao máximo traze-lo a sessão. 
Segundo Anna Freud (1982) a palavra defesa é empregada por Freud “[..] para descrever a luta do ego contra ideias ou afetos dolorosos ou insuportáveis” (p. 36). Estes mecanismos entram em ação para permitir que alguns componentes dos conteúdos mentais indesejáveis cheguem a consciência de forma disfarçada. “Quer se trate de medo do mundo exterior ou medo do superego, a ansiedade é que desencadeia sempre o processo defensivo” (FREUD, A. 1982, p. 49).
	De acordo com Freud (1987,1915), o isolamento tem a função de servir como um afastamento de um pensamento, para que este não seja associada a uma outra ideia que foi reprimida, então o neurótico isola a ideia indesejada para proteger o ego de algo que lhe é incômodo.
L persistiu neste comportamento até a terceira sessão, mesmo o assunto lhe trazendo tristeza, L, no momento, não se atinha a detalhes com o terapeuta estagiário, a fala a seguir é um reflexo do que L sentia quando ela e seu irmão quando ouviam sua mãe chorar: a gente fica triste quando vê ela assim. 
Vou me ater a conceituar o luto, tendo em vista que não tive o contato com a mãe, o que tenho de conhecimento sobre a mãe de L é o que ela me trouxe durante as sessões, ressalto aqui que não possuo uma real noção no que se refere ao estado da mãe de L. 
O processo de luto é uma das características fundamentais do homem e que vem com ele desde o nascimento, não entendido somente como ideia de morte, mas sim de perda. O luto é instalado para a elaboração de uma perda, consistindo no desligamento da libido a cada uma das lembranças e expectativas relacionadas ao objeto perdido, por isso, é considerado um processo lento e doloroso, porém, necessário. 
Freud (1915) entende o luto como uma reação à perda, não necessariamentede um ente querido, mas também, algo que tome as mesmas proporções, portanto um fenômeno mental natural e constante durante o desenvolvimento humano. Para o autor, no luto, nada existe de inconsciente a respeito da perda, ou seja, o enlutado sabe exatamente o que perdeu. Além disso, o luto é um processo natural instalado para a elaboração da perda, que pode ser superado após algum tempo e, por mais que tenha um caráter patológico, não é considerada doença, sendo assim, interferências tornam-se prejudiciais.
A partir da quarta sessão houve uma mudança de suma importância dentro do setting, L demonstrava mais confiança na figura do terapeuta estagiário, foi criada uma aliança terapêutica, L diferente das sessões anteriores se mostrou disposta a falar sobre o que lhe angustiava de uma maneira mais detalhada, sem receios, trouxe detalhes que antes não havia mencionado. Faço uso do termo a qual a psicanalise chama de transferência, na psicanálise a transferência é um fenômeno que ocorre na relação entre o paciente e o terapeuta. O desejo L se apresenta atualizado na figura do terapeuta estagiário, com uma repetição dos modelos infantis, as figuras parentais e seus substitutos foram transpostas para o terapeuta estagiário, e assim, sentimentos, desejos, impressões dos primeiros vínculos afetivos foram vivenciados e sentidos dentro do setting. O manuseio da transferência por parte do terapeuta estagiário é a parte mais importante em análise visando o pregresso nas sessões. 
Freud (1912) descreve que não se pode compreender o termo transferência como uma resistência ao tratamento. Tem-se que pensar na transferência enquanto positiva, negativa e erótica.
Freud conceituou da seguinte forma: “transferência positiva é ainda divisível em transferência de sentimentos amistosos ou afetuosos, que são admissíveis à consciência, e transferência de prolongamentos desses sentimentos do inconsciente” (FREUD, 1912, p. 140).
A paciente L estava mais suscetível à minha influência, pois, diferente das primeiras sessões L estava nutrindo por mim um sentimento de respeito, admiração, atribuindo credibilidade às suas comunicações, baixou a resistência e se esforçou para associar livremente. 
Como já havia mencionado L dizia nas sessões que seus colegas a chamavam de feia, que aconteciam situações com ela em que na maioria das vezes ela reportava à direção da instituição, que intervinha de maneira objetiva na situação. Tais circunstancias despertava em L sentimento de solidão, por acreditar não ter com quem conversar. Cito algumas frases que nas sessões iniciais foram ditas e agora reelaboradas pela paciente: eles ficam me chamando de feia, e quando tem trabalho eles não querem fazer comigo; um menino ficava me apelidando, falam que eu sou muita feia, é que é assim, quando eu nasci eu sofri um AVC aí eu tenho um problema de coluna e da parte direita do braço, eu acho que é por isso que eles falam que sou feia, porque tenho esse problema; 
A formação da imagem de sí trata-se de um fenômeno psíquico que possibilita ao sujeito representar e registrar os eventos vividos e/ou percebidos. A imagem forma-se sob a maneira como o sujeito percebe, reage e interage com o meio social.
A imagem é captada pelo sujeito enquanto absorção psíquica, sendo passível de ambiguidades, em função de sua evanescência e da possibilidade de sofrer distorções, podendo acarretar uma discrepância entre a reprodução da realidade e as condições evanescentes da imagem. A imagem implica a condição fundamental de reproduzir-se a partir de outras imagens impressas na subjetividade (Andrade, 2003).
Lacan tem um trabalho a qual fala da formação da imagem, segundo ele a imagem que temos de nós mesmo e uma construção social, ou seja, parte de nossas vivencias em relação ao meio social, desde o nascimento a velhice. 
A primeira fase da formação do eu e que melhor explica a situação a qual L relata foi chamada por Lacan (1998) de "estádio do espelho", cujo tema principal é a concepção da formação do eu através da imagem de seu próprio corpo. O espelho é usado por Lacan (1998) como uma metáfora que elucida um fenômeno que ocorre dos 6 aos 18 meses de idade, no qual o outro faz a função do espelho, por nomear a imagem nele expressa. O estádio do espelho organiza-se em torno das identificações e das imagens; para tanto, é necessário entendê-lo como uma identificação.
Podemos dizer que a imagem de si é construída por L e um reflexo de um jogo "sujeito-relações afetivas significativas", nos diferentes períodos do ciclo vital e nos diferentes espaços em que L se introduziu. L compõe sua imagem de si, ao responder, de forma consciente ou inconsciente, quem ele acha que é, como ele se vê ou, como Branden (2000) explica, como ele se avalia. Devido ao AVC sofrido por L ela se julga negativamente, se acha feia, o que lhe faz acreditar que as pessoas que a rodeiam pensam da mesma maneira, L atribuia situações a qual passava na escola sempre ao fator autoimagem, sempre negativamente. 
Na quarta sessão foi feito uma atividade lúdica, com a intenção de trabalhar a forma que que L via as situações quais mencionei, de fato houve um pregresso significativo, L se mostrou bastante entusiasmada, pontuou as questões, e relatou ao terapeuta estagiário o que cada questão refletia em nela. 
Mostrei a L três imagens e pedi a ela que falasse qual sentimento transparece cada imagem, a primeira L chamou de triste, a segunda de feliz, a terceira demorou um pouco mais, em seguida nomeou-a como chateada.
Segundo Winnicott (1975), o brincar integra aspectos dissociados, ajudando a discriminar mundo interno de externo, repara objetos danificados e modula a angústia das experiências da vida real e os detalhes da vida cotidiana, que aparecem entrelaçadas com fantasias. 
A brincadeira ocorre na área intermediária entre a realidade externa e a interna, ou pessoal, o que equivale a dizer que os objetos e fenômenos oriundos da realidade externa são usados a serviço de alguma mostra derivada da realidade interna (WINNICOTT, 1975).
Usei a atividade e questionei L sobre o que havia dito nas primeiras sessões sobre o fato de que de segundo ela seus colegas a viam como feia, pedi que ela expressasse com a imagem a situação, L respondeu com a imagem que segundo ela representaria feliz, o terapeuta estagiário questiona L dizendo: você usou a carinha que expressa felicidade, diferente de você na primeira sessão por exemplo onde você se colocava nesta situação com tristeza e raiva. Por que a mudança? L reponde ao terapeuta dizendo: porque eu não fico triste mais, eu coloquei essa carinha porque eu não fico triste mais com isso, eu fico feliz, não fico mais triste com essas coisas... 
	Na quinta sessão L mostrava sua evolução, mais participativa, a vontade durante a sessão, falava abertamente sobre qualquer assunto, na fala de L percebi que como terapeuta estagiário exerci um papel importante na vida de L, tendo em vista que a mesma possuía uma necessidade grande de uma escuta, de um acolhimento, de alguém que não fosse tão objetivo em relação as situações a qual mencionei durante esta análise, certas falas de L me fizeram concluir sobre a importância da terapia, são elas: antes eu me sentia sozinha, eu não tinha pra quem falar as coisas, agora eu tenho, tem o senhor e o meu professor; Eu conversei com ela (mãe) sobre as coisas que estavam acontecendo aqui na escola, por isso que eu tava indo no psicólogo, eu disse pra ela que o senhor me ajudou nessas coisas, também falei que já ia acabar porque eu estava entrando de férias... 
	Ao falar, o sujeito comunica muito mais do que aquilo a que inicialmente se propôs. O inconsciente busca ser escutado e ter seus desejos satisfeitos, comunicando-se por meio de complexas formações.
 Segundo Falcão; Macedo (2005):
Assim a associação livre ganha destaque. Ao paciente cabe comunicar tudo o que ocorre, sem deixar de revelar algo que lhe pareça insignificante, vergonhoso ou doloroso, enquanto que ao analista cabe escutar o paciente sem o privilégio, de qualquer elemento de seudiscurso. Na efetivação dessa regra fundamental instaura-se a situação analítica, abrindo possibilidades do desvelamento da palavra. 
	Ao final de um trabalho de seis sessões com L o terapeuta estagiário disse: sobre a situação a qual você contava, que acontecia situações dentro do ambiente escolar, alguns colegas como você havia dito a tinham como feia, em alguns momentos de trabalho em dupla não queria fazer trabalho com você e que você atribuía isto a sua imagem, tal situação lhe desperta raiva, tristeza e um sentimento de solidão, sobre esses sentimentos que vinham como resultado dos episódios que falei ainda pouco os sentimentos de solidão, tristeza e raiva vinham pelo fato de você não ter no um alguém que lhe acolhesse, que tivesse uma visão além do pratico, do simples, como você disse durante as sessões você sempre recorria a direção da escola ou a um professor, em resposta a sua procura era tomada uma decisão mais pratica possível em respeito a situações como estas, isso se comprova quando durante as seis sessões você não menciona a participação da escola junto a sua família sobre esse assunto, a decisão mais simples era punir quem praticava o ato. Então, de fato você tinha a quem recorrer, você não tinha quem lhe acolhesse, você viu no terapeuta essa figura de acolhimento e em proporção diferente da minha você também viu essa figura no professor a qual você se referiu em uma das sessões, por meio destes você conseguiu falar sobre os sentimentos que até então lhe faziam acreditar que estava sozinha e que lhe deixavam sentimentos como raiva e tristeza não só pela forma como as situações aconteciam mas pela praticidade a qual os problemas eram resolvidos.
	Ao final do trabalho me dirigi a coordenação da escola e sugeri modelos de intervenções dentro da instituição, pedi para que a instituição aborde assuntos como: Bullying, Depressão, TDAH, ao ponto que levassem a informação a instituição, e retirem os rótulos negativos sobre assuntos tão sérios como estes.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estágio veio agregar competências e habilidades e permitiu aos acadêmicos avançarem na área. Atuação dos psicólogos é fundamenta em qualquer lugar onde exista pessoas, onde exista um alguém, esta experiência foi uma oportunidade que trouxe grande satisfação pessoal e profissional, permitindo crescimento e o desenvolvimento de habilidades necessárias para a atuação na área, este trabalho proporcionou importantes contribuições para a experiência e nossa formação acadêmica.
A primeira conclusão a que poderíamos chegar é sobre a necessidade de intervenção junto ao ambiente escolar, penso que, ao mesmo tempo em que temos que considerar as condições materiais que as instituições de educação infantil oferecem, temos que considerar também as pessoas a quais a instituição abriga, levar o acolhimento do aluno ao professor.
Fiquei muito feliz pela oportunidade de ter uma experiencia escolar que futuramente será empregada, a psicologia me mostrou um mundo diferente, um olhar mais humano, me mostrou que o mundo é eu e o outro.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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_________Os quatro vínculos: amor, ódio, conhecimento, reconhecimento na psicanálise e em nossas vidas / David E. Zimerman. – Porto Alegre: Artmed, 2010. 
Anexos
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