Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CURSO DE DIREITO MITO: UM INIMIGO DA VERDADE? PROF°. SAADA ZOUHAIR DAOU ALUNA. ROBERTA PEREIRA M. MELO BLOCO D,601 INTRODUÇÃO .Considerados há muito tempo como antagônicos, mito e filosofia protagonizam atualmente uma (re)conciliação. Desde os primórdios, a Filosofia, busca do saber, é entendida como um discurso racional que surgiu para se contrapor ao modelo mítico desenvolvido na Grécia Antiga e que serviu como base de sua Paideia (educação). A palavra mito é grega e significa contar, narrar algo para alguém que reconhece o proferidor do discurso como autoridade sobre aquilo que foi dito Assim, Homero (Íliada e Odisseia) e Hesíodo (Teogonia e Dos trabalhos e dos Dias) são considerados os educadores da Hélade (como se chamava a Grécia) por excelência, bem como os rapsodos (uma espécie de ator, cantor, recitador) eram tidos como portadores de uma verdade fundamental sobre a origem do universo, das leis etc., por reproduzirem as narrativas contidas nas obras daqueles autores. Foi somente a partir de determinadas condições (navegações, uso e invenção do calendário e da moeda, a criação da democracia que preconizava o uso da palavra, bem como a publicidade das leis etc.) que o modelo mítico foi sendo questionado e substituído por uma forma de pensar que exigia outros critérios para a confecção de argumentos. Surge a Filosofia como busca de um conhecimento racional, sistemático e com validade universal. De Aristóteles a Descartes, a Filosofia ganhou uma conotação de ciência, de conhecimento seguro, infalível e essa noção perdurou até o século XIX, quando as bases do que chamamos Razão sofreu duras críticas com o desenvolvimento da técnica e do sistema capitalista de produção. A crença no domínio da natureza, da exploração do trabalho, bem como a descoberta do inconsciente como o grande motivador das ações humanas, evidenciaram o declínio de uma sociedade armamentista, excludente e sugadora desenfreada dos recursos naturais. A tendência racionalista fica, então, abalada e uma nova abordagem do mundo faz-se necessária. O que era tido antes como pré- cientifico, primitivo, assistemático, ganha especial papel na formação das culturas. As noções de civilização, progresso e desenvolvimento vão sendo substituídas lentamente pela diversidade cultural, já que aquelas não mais se justificam. A releitura de um dos pensadores tidos como fundadores do idealismo racionalista preconiza que já na Grécia o mito não foi meramente substituído nem de forma radical, nem gradual pelo pensamento filosófico. Os textos de Platão, analisados não somente pela ótica conceitual, mas também dramática, nos proporciona compreender que um certo uso do mito é necessário onde o lógos (discurso, razão, palavra) não consegue atingir ainda seu objeto, ou seja, aquilo que era apenas fantasioso, imaginário, ganha destaque por seu valor prático na formação do homem. Dito de outro modo, embora o homem deseje conhecer a fundo o mundo em que vive, ele sempre dependerá do aperfeiçoamento de métodos e técnicas de interpretação. A ciência é realmente um saber, mas que também é histórico e sua validade prática depende de como foi construído argumentativamente. Interessa perceber que Filosofia é amor ao saber, busca do conhecimento e nunca posse, como define Platão. Então, nunca devemos confundi-la com ciência, que é a posse de um saber construído historicamente, isto é, determinado pelas condições do seu tempo. Portanto, Mito, Filosofia e Ciência possuem entre si não uma relação de exclusão ou gradação, mas sim de intercomplementaridade, haja vista que um sempre sucede ao outro de forma cíclica no decorrer do tempo. DESENVOLVIMENTO Mulheres que mudaram a história: a filósofa Hipácia de Alexandria A turba enfurecida considerava que Hipácia era uma bruxa. Ela foi retirada de sua carruagem e levada para a Igreja Cesarión, dedicada ao imperador romano. Ali, o grupo de cristãos arrancou suas roupas e a espancou – ou, de acordo com outro relato, sua pele foi raspada com ostras. Seus membros acabaram arrancados e os restos mortais queimados. O ano era 415, e Alexandria foi declarada livre daquela pensadora pagã. Naquele momento, a cidade era uma sombra de seu passado. Criada em 332 a.C. por Alexandre, o Grande, manteve uma biblioteca onde estudaram vários dos mais importantes sábios gregos, egípcios, hebreus e sírios. A partir do ano 115 da nossa era, uma série de guerras e incidentes abalou a capital da cultura. A cidade onde Hipácia nasceu havia sido arrasada por um tsunami no ano 365. A biblioteca, lentamente destruída, já não abrigava nem uma fração de seus livros. Ainda assim, Alexandria se mantinha um centro de referência. E ela era a filósofa e cientista mais respeitada da região. Nascida entre 350 e 370, ela era a única filha do matemático Téon de Alexandria. Passou os primeiros anos de sua formação em Atenas. Ao retornar para casa, tornou-se líder da escola neoplatônica. Discutiu conceitos de aritmética, geometria e astronomia. Desenvolveu seu próprio hidrômetro e um astrolábio. Entre seus alunos havia seguidores da antiga religião greco- romana, judeus e cristãos. Mas a cidade se via dividida. Roma, que dominava a cidade desde o século 1, estava virtualmente arrasada: a data oficial para a queda do império é 476, poucas décadas adiante. Os muçulmanos ainda não haviam dominado o Egito, o que aconteceria no ano 641. No mundo em que Hipácia vivia, sua cidade caminhava para se tornar controlada pelo cristianismo. E ela era considerada uma ameaça por ser pagã e por ensinar filosofia grega. Quando a autoridade cristã se voltou contra o líder civil, a pensadora acabou vitimada. comclusão Segundo sitações O bispo Cirilo de Alexandria começou a bater de frente com o prefeito Orestes, que tinha em Hipácia uma de suas mais importantes consultoras. Foi Cirilo quem armou para que um grupo de fiéis matasse a cientista e filósofa. Ele espalhou boatos de que ela fazia sacrifícios humanos. Hipácia entrou para a história como um modelo de inteligência e de virtude – manteve-se celibatária a vida toda porque tinha o objetivo de dedicar todos os seus dias aos estudos. Recusou as investidas de vários de seus alunos que se apaixonaram por ela. No relato do historiador Sócrates, o escolástico, do século 5, não havia mulher mais bela nem mais inteligente. Já o bispo egípcio do século 7 João de Nikiû a descreveu como uma defensora do satanismo. Quanto a Cirilo de Alexandria, acabou sendo canonizado. Sua festa é celebrada no dia 27 de junho. SEUS MAIORES ACERTOS • Revisou obras clássicas As anotações da pensadora sobre o Cânone Astronômico e as obras dos gregos Diofanto e Apolônio continuam sendo estudadas • Formou lideranças Ricos e cultos, seus alunos costumavam assumir altos postos de governo, tanto em Alexandria como em outras cidades egípcias, gregas e romanas • Foi gestora Como consultora do prefeito, Hipácia participou de decisões administrativas da cidade, algo raro para uma mulher na época SEUS MAIORES FRACASSOS • Subestimou o bispo Confiante no grau de poder de seus aliados e seus alunos, a filósofa se descuidou e acabou nas mãos de um grupo violento • Só educou homens Hipácia era uma exceção, uma mulher que teve acesso a bons estudos. Como professora, repetiu o padrão e deu aulas exclusivamente a homens • Não foi diplomáticaA filósofa não fez nenhum esforço para que o prefeito conversasse com o bispo. Poderia ter trabalhado pela conciliação dos dois Bibliografias CABRAL, João Francisco Pereira. "O Mito e a Filosofia"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/mito-filosofia.htm. Acesso em 19 de março de 2020. https://super.abril.com.br/mundo-estranho/mulheres-que-mudaram-a-historia-a-filosofa- hipacia-de-alexandria/ filme: Ágora / Rachel Weisz interpreta Hipácia na produção espanhola Ágora, dirigida por Alejandro Amenábar 12 de abril de 2010 https://super.abril.com.br/mundo-estranho/mulheres-que-mudaram-a-historia-a-filosofa-hipacia-de-alexandria/ https://super.abril.com.br/mundo-estranho/mulheres-que-mudaram-a-historia-a-filosofa-hipacia-de-alexandria/ Mulheres que mudaram a história: a filósofa Hipácia de Alexandria SEUS MAIORES ACERTOS SEUS MAIORES FRACASSOS
Compartilhar