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0 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO 1 ANA ROSA PEREIRA DE SOUSA História da Educação Fonte: http://md.intaead.com.br/geral/historiaeducacao/#/capa ÁGUA BRANCA-PI 2017 2 Diretor Geral Eloan Coimbra Lima Diretora Acadêmica Eloane Coimbra Lima Secretária Acadêmica Ginoã das Graças Coimbra Lima Coordenação do Curso Cleidinalva Maria Barbosa Oliveira Coordenação do Nead Tiago Soares da Silva SOUSA, Ana Rosa Pereira de. História da Educação. 1ª ed. Água Branca; ISEPRO – Cursos de Graduação. 76p. Bibliografia 1. Pedagogia 2. Educação 3. Título. Ficha Catalográfica Todos os direitos em relação ao design deste material são reservados à ISEPRO. Todos os direitos quanto ao conteúdo deste material são reservados ao autor. Todos os direitos de Copyright deste material didático são à ISEPRO. 3 09 10 12 13 13 16 18 19 19 26 28 29 35 37 38 39 42 44 46 48 50 52 54 61 09 09 10 11 11 12 14 17 19 19 21 21 23 25 26 27 28 29 30 30 31 34 35 36 36 4 38 39 41 43 44 45 45 48 49 51 53 54 54 56 58 59 59 61 63 64 66 68 69 70 72 74 74 75 5 A concretização de um curso superior em Pedagogia na modalidade à distância tem como meta o atendimento às necessidades de toda comunidade quanto ao acesso e atendimento ao um ensino superior de qualidade. Desse modo, propõe-se a importância para o curso de Pedagogia numa perspectiva histórico- cultural, tendo como eixo articulador a interdisciplinaridade e a busca da construção de um currículo integrador. As disciplinas pedagógicas que formulam o currículo foram moldadas para uma sociedade cujo princípio da qualidade torna-se prioridade a partir da relação teoria-prática de um trabalho docente de qualidade que procure satisfazer as necessidades de aprendizagem, enriquecendo as experiências do educando no processo educativo. É dentro desta ideia que o curso de Pedagogia do ISEPRO na modalidade à distância constitui-se de uma base comum formada pelos conhecimentos de ciências humanas aliadas a tecnologia, de uma parte diversificada com uma ampliação dos fundamentos na leitura do fazer pedagógico dentro da escola e da sociedade e uma parte complementar com o objetivo de trabalhar os problemas educativos da realidade educacional em vista a qualificação do professor com novas formas de intervenções como aplicações de ferramentas metodológicas. O ISEPRO tem como recurso didático-educacional o uso de materiais como apostilas/livros, plataformas virtuais, internet, vídeos e principalmente um excelente sistema de acompanhamento à distância através de tutores e monitores. É válido salutar que este curso otimiza sempre seus resultados pelas experiências existentes e atendem a ampla procura de profissionais da área educacional. Os profissionais da área da educação serão orientados a sempre desenvolver a capacidade de intervenção científica e técnica assegurando a reflexão critica permanente sobre sua prática e realidade educacional historicamente contextualizada. O que espera deste docente é sua capacidade de (re) construir seu projeto pessoal e profissional a partir da compreensão da realidade histórica e profissional diante das políticas que direcionam as práticas educativas na sociedade. 6 Por que estudar história da Educação em pedagogia A partir de 1930 a História da Educação começa a fazer parte dos currículos dos cursos de magistério com as reformas estabelecidas neste ano, apesar de não conseguir destaque nas décadas seguintes. Essa disciplina teve muitas dificuldades no seu percurso assim como a própria história, apesar de sua grande importância para as pessoas que aspiram entrar na área da educação. Maria Lúcia Aranha faz um comentário sobre a História e a Educação que deixa bem claro a importância desse dueto. Segundo ela “A história é a interpretação da ação transformadora do homem no tempo. A pedagogia é a teoria crítica da Educação, isto é, da ação do homem quando transmite ou modifica a herança cultura”. (ARANHA 1996 p. 24) É a História que permite o homem refletir sobre seus erros, o que ficou a desejar em momentos passados, fazendo dessa forma compreender o por que dos acontecimentos presentes e promover uma reflexão mais consciente de onde se pode mudar ou que lição se pode obter do que já passou. Se a pedagogia é a teoria crítica da Educação, isto é, da ação do homem quando transmite ou modifica a herança cultural, de acordo com Lúcia Aranha, então o casamento entre História e a História da Educação é perfeito. [...] o fenômeno educacional se desenrola no tempo e faz igualmente parte da História. Portanto, não se trata apenas de uma disciplina escolar chamada história da educação, MS igualmente da abordagem cientifica de um importante recorte da realidade. (ARANHA 2013 p. 24). 7 Objetivos Geral Analisar os vários processos que a educação passou desde a Grécia e Roma, até chegar aos nossos dias, observando as rupturas e permanências ao longo dos séculos. Específicos Analisar as contribuições das civilizações clássicas para a formação do sistema educacional Ocidental. Refletir sobre as várias etapas que passou a educação na Idade Média. Discutir o papel da Igreja no processo de ensino aprendizagem e sua importância para a preservação da cultura erudita na Idade Média. Comparar as filosofias que nortearam a educação ao longo dos tempos. Compreender a importância das ideias de Rousseau e Gramsci para a educação. Discorrer sobre os desafios que a educação pós-moderna enfrenta. 8 UNIDADE 01 A Educação dos Povos Ágrafos aos Fenícios Fonte: http://www.ufologiaobjetiva.com.br/possiveis-vestigios-de-neandertais-com-apenas-33- mil-anos/ 9 História da Educação 1. Os povos Ágrafos O homem como ser social está sempre aprendendo algo, seja com seu semelhante, seja com o meio em que é inserido. Existem duas formas de se aprender natural (com outros seres humanos) e formal (de forma esquematizada como na escola). É considerada aprendizagem natural, aquela que se aprende imitando os outros, se adequando ao grupo aprendendo suas regras e se inserido na rotina da comunidade. A aprendizagem formal se adquire ao ser inserido na escola onde se aprende as regras do grupo maior, cumprem-se tarefas exigidas e passa-se a ser guiado por regras. Nesse momento ocorre a passagem da educação natural para a educação formal. Liliane Ferreira (2002 p. 14) citando Mario Osório Marques estabelece três estágios de articulação da linguagem: Oralidade: onde a sabedoria é a tradução cultural e os mais velhos detêm os saberes. Escrita: onde ocorreu um distanciamento dos interlocutores no temo e no espaço e a escola faz a mediação entre os lugares e o tempo. Processo e intercâmbio de informações: a máquina tornou-se o suporte, a linguagem é mutável e os meios tecnológicos produzem mais programas do que conhecimento. E neste contexto a escola passa a ter o papel de tornar significativas as aprendizagens cotidianas e o professor torna-se o mediador de aprendizagens e aprendizagem. 1.1 O processo de aprendizagem Pré-história - nesse período ocorreu apenas a transmissão de conhecimentos necessário à sobrevivência no interior das próprias famílias. Os mais velhos ensinavam os mais jovens. Os velhos eram as “bibliotecas” ambulantes. Para Luzuriaga citada por Ferreira (2002 p. 17) na pré-história a educação do homem se deu em duas etapas no período onde ele era caçador e coletor, nômade e indisciplinadoe do homem agricultor disciplinado, preocupado em ensinar o cultivo da terra, os jovens precisavam aprender sobre a meteorologia. Nesse período também ocorreu a tendência para a guerra. 10 História da Educação Inicio da civilização - Nesse período começa a preocupação e se organizarem politicamente, as classes sociais começam a se delinearem para além dos laços familiares ou laços de sangue. A escrita surgiu da necessidade do registro da história não havia necessidade de um recomeço a cada geração; da facilidade de comunicação, mas também se tornou aquisição de poucos. Surgiu o Estado, a distinção das classes e a divisão do trabalho. O surgimento da escrita não foi apenas um divisor de águas na história da humanidade, pois, entre outras funções ela passou a diferenciar as pessoas, os povos, os saberes e matem essa diferenciação até hoje. Ainda criou-se e aprimorou- se o novo perfil de aprendizagem e de conhecimento. 1.2 As mais antigas sociedades do Oriente e a Educação Os hindus eram divididos rigidamente em castas. A educação para eles não servia de ascensão social e sim para o autoconhecimento, desenvolvimento da personalidade. Seu maior objetivo era libertar a alma individual e purificá-la. O conhecimento era apenas repassado. Procuravam a transcendência. Os chineses formavam uma civilização conservadora e tradicional. Preocupavam-se com a realidade natural e social. Sua educação fundamenta-se na imitação dos mais velhos. Aspiravam aprender o alfabeto que possuía milhares de caracteres. Usavam disciplina rigorosa e até mesmo castigos corporais. Através de aprovação de exames podiam alcançar o nível superior e tronar-se mandarim. Os hebreus a educação dos hebreus era de caráter religioso, Deus era tudo na prática educativa. Possuíam aprendizagem mecânica. Os escribas, fariseus e sacerdotes detinham o conhecimento escrito. Os egípcios, sociedade teocrática cultuavam vários deuses e a imortalidade. Os sacerdotes representavam o poder intelectual. O templo era local de aprendizagem. Sua educação não era para todos e servia para perpetuar os interesses da elite. Os fenícios hábeis comerciantes elaboraram o alfabeto fonético para facilitar a comunicação. A educação para eles se dava em vários lugares na família, no santuário ou nas oficinas de artesanatos. 11 História da Educação 1.3 A educação grega Fonte: http://ladsescuelasfilosoficas.blogspot.com.br/2016/10/escuelas-filosoficas-periodo.html 1.3.1 Compreendendo a formação dos gregos A Hélade (Grécia) foi formada pela fusão de vários povos, os aqueus, os dórios os eólios e os jônios foram os principais. A invasão dos dórios teria provocada a primeira diáspora grega, nesse contexto a Grécia mergulhou em um atraso cultural e intelectual muito grande. Sua história foi dividida em cinco grandes períodos o micênico (pré-homérico), Homérico, Arcaico, Clássico e Helênico. Cada período desenvolveu uma educação peculiar de acordo com as necessidades ou momento histórico por eles vivido. Na antiguidade a Grécia estava dividida em cidades-Estado e não possuía uma unidade política. A religiosidade grega era bastante exacerbada o destino do homem era traçado pelos deuses até o período homérico. O homem não era senhor do seu destino ele estava a merecer da vontade dos deuses que tinham sentimentos iguais aos dos homens inclusive com seus sentimentos negativos como raiva, vingança, entre outros. 12 História da Educação 1.3.2 Civilização Micênica Nesse período os gregos formavam comunidade primitiva aristocráticas, a principal figura era a do guerreiro. A civilização micênica surgiu da fusão dos cretenses, que formavam uma civilização já bem desenvolvida para seu tempo, com os aqueus. No início do século XII a. C eles deram início a chamada Guerra de Tróia onde se destacam os heróis Aquiles e Ulisses. Na área da educação destaca-se a bravura do herói enfrentando os perigos sem temor. O herói é o exemplo a ser seguido suas histórias de bravuras, sua façanhas são contadas para a posteridade. A família nesse contexto é a peça chave na educação das crianças. Período Homérico (dos séculos XII ao VIII a. C) Pouca informação se tem sobre este período, tudo que se sabe provêm dos poemas atribuídos a Homero Ilíada (narra a Guerra de Tróia) e a Odisséia (que narra a volta do herói Ulisses ou Odisseu após a guerra de Tróia) Ulisses é o exemplo de heroi vitorioso que desafia os deuses por que quer ser senhor de seu destino. Nesse contexto começa a se formar uma aristocracia agrária e um sistema escravista. Período Arcaico (do século VIII ao VI a. C) Surgiram as cidades-estados e uma sociedade dividida em classes baseada na escravidão. Principais inovações: nascimento e expansão do comércio, provocando a segunda diáspora grega; escrita autônoma e laica; invenção da moeda. O período foi também marcado por crises sociais e políticas envolvendo a aristocracia agrária e os comerciantes. Para tentar resolver os impasses provocadores das crises surgiram os legisladores. Destacam-se os legisladores Sólon, suas leis favorecem aos comerciantes dando lhes oportunidades políticas, e Clístenes cujas reformas promovem o nascimento da democracia. É desse período também o surgimento dos primeiros filósofos. 13 História da Educação Período clássico (século V e IV a. C) Período áureo da civilização onde se delineia a herança cultural do Ocidente. Artes, literatura e filosofia alcançam sua magnitude, sob o governo de Péricles Atenas consegue seu apogeu. A democracia também alcança seu auge com Péricles embora estrangeiros, escravos (a maioria) e mulheres estivessem totalmente excluídos dessa democracia. Todo o trabalho fica a cargo dos escravos o cidadão buscava o “ócio”, dedicavam-se a filosofia, a política e ao lazer. O trabalho manual era visto com desprezo pelo aristocrata que buscava cada vez mais tempo livre para discutir na ágora (praça) sobre política e o destino da polis. Período helenístico (século III e II a. C) Culminou com a decadência política iniciada ainda no período Clássico devido a Guerra do Peloponeso (guerra civil entre as cidades- estado, Atenas liderando a Liga de Delos e Esparta liderando a Liga do Peloponeso) e as invasões estrangeiras. Neste contexto houve a invasão dos macedônios com Filipe II e depois Alexandre, o Grande, aproveitando a fragilidade das cidades-estados devido o longo período de guerra civil. Alexandre que teve como preceptor o grande filósofo Aristóteles pôde realizar seu sonho, o de construir uma grande cultura que sobrepujasse as culturas existentes até então. Da fusão da cultura Grega, Macedônia e outras conquistadas por ele surgiu a cultura helenística. Algumas cidades fundadas pelo grande conquistador tornaram- se pondo irradiador dessa cultura. O maior exemplo foi Alexandria fundada com sua imponente biblioteca e organizadores de documentos e copiadores. Muitas escolas filosóficas foram fundadas nesse período. 14 História da Educação 1.3.3 A pedagogia grega Fonte: http://www.erroreshistoricos.com/curiosidades-historicas/ejercito-y-batallas/609-la-banda- sagrada-de-tebas.html A educação oriental era muito ligada a religião com uma sociedade teocrática Mesopotâmicos, persas, fenícios entre outros davam tanta ênfase a região que o conhecimento dos valores passados nessa sociedade eram detidos por sacerdotes e magos. Quanto aos gregos, no período clássico seu pensamento reflexivo trocou a explicação mítica pela razão independente. O homem agora era capaz de fazer sua própria história, traçar suas próprias leis e não mais depender das leis divinas. Neste contexto, o homem, deixa de ser simples depositário do conhecimento ancestral e passa ele mesmo a ser o elaborador da cultura da cidade. Antes os deusescomandavam o destino dos homens, com as mudanças ocorridas no período clássico, ele consegue enfocar seu pensamento no futuro e a prisão ao passado que antes existia, por que o futuro dependia dos deuses, foi suplantada pela visão fixa no futuro. A Paidéia Na antiguidade a educação era muito ligada à religião, a civilização grega como a maioria das civilizações da época, era teocrática, por tanto, era uma educação tradicional rígida e estática transmissora do saber do passado. Já no período clássico esse quadro se reveste o uso da razão autônoma, a inteligência crítica passa a substitui a explicação mítica, o homem agora é capaz de criar leis 15 História da Educação humanas, surge o cidadão no lugar do herói que aceita seu destino. O homem agora passa a elaborar a cultura da cidade. A ênfase no passado é deslocada para o futuro: o homem não está preso a um destino traçado, mas é capaz de projeto, de utopia. (ARANHA 1996). A Paidéia criada no século V de nossa era, a principio significava criação dos meninos depois, seu conceito tornou-se muito amplo onde só se pode compreender sua dimensão usando juntas as palavras civilização, cultura, tradição, literatura ou educação, pois, nenhuma dessas palavras separadas consegue formular o conceito do que significava para os gregos essa palavra, mas todas expressavam de certa forma esse conceito. É por estas e outras que se pode considerar a Grécia Clássica como sendo o berço da pedagogia. A palavra pedagogia vem do vocábulo grego paidagogos que significa aquele que conduz a criança. [...] no caso o escravo que conduz a criança à escola. (ARANHA1996). Fonte: http://liboriocosta.blogspot.com.br/2011/11/roma-antiga-educacao-para-rapazes-e.html 16 História da Educação Maria arruda diz ainda que: [...] são os gregos, ao discutir os fins da Paidéia, que esboçam as primeiras linhas conscientes da ação pedagógica e assim influenciam por século a cultura ocidental. (ARANHA 1996 41). Até o século VI a. C os gregos eram muito influenciados pelos deuses e pela mitologia em geral. Aedos e rapsodos, poetas ambulantes, falavam das proezas dos deuses em seus versos que eles cantavam em praça pública. Os principais aedos e rapsodos foram Homero e Hesíodo que já falava em suas obras da busca da própria individualidade. Os poemas Ilíada e Odisséia, atribuídos a Homero, ainda trazem o homem como um ser que está a mercê do destino traçado pelos deuses; o herói é aquele que é escolhido por um ou mais deuses a serem guiados por eles, a noção de livre- arbítrio não era concebido ainda, mas, não o diminuía diante dos homens comuns. Essas epopéias eram recitadas pelos jovens e crianças. O surgimento da polis, da moeda, da escrita e da lei como já foi mencionado, tornou possível uma nova forma de pensar, nasceu a filosofia com sua razão questionadora, a filosofia desafiará os mitos e concebe o homem agora como um ser dotado de razão capaz de reconhecer o livre-arbítrio, traçar seu destino e refletir sobre o cosmos, a moral a ética, assuntos ligados a política entre outros. A filosofia Ocidental nasceu na Grécia e se expandiu para o mundo todo. Seu principal representante foi Sócrates. Sócrates não deixou nada escrito tudo que se sabe de seu pensamento se deve a seu discípulo Platão, filho de pessoas humildes, sua mãe, era parteira, ao acompanhá-la observava a dor das mulheres ao dar a luz e mais tarde criou seu método filosófico a maiêutica (parir). Fonte: http://ricardorose.blogspot.com.br/2010/06/ 17 História da Educação Sócrates adorava interpelar os transeuntes e questioná-los até que os mesmos chegassem a conclusão de que não sabiam tudo, ou até mesmo não saberem de nada gostava de questionar especialmente os sofistas que julgavam-se detentores de grandes conhecimentos. Suas máximas mais famosas foram Só sei que nada sei e Conhece-te a ti mesmo. Embora, não tenha sido o primeiro filosofo a surgir dado a sua importância, os períodos da filosofia grega foram divididos em três usando como referência o surgimento de sua filosofia. 1.3.4 Períodos da filosofia grega Pré-socrático ou Cosmológico (século VII e VI a C.) O filósofo estava voltado para a natureza e procura explicar racionalmente a origem, ordem e transformações da natureza. Procura explicar a natureza humana. Para eles os seres foram gerados e não surgido do nada, e estão em constante transformação. Dizem que todos os seres têm um ponto primal. Os filósofos desse período procuravam ainda qual era o elemento que constituía todos os seres. Tales de Mileto importante filosofo deste período afirmava que o ponto primal de todos os seres, ou seja, o elemento formal era a água, já Anaximenes via no ar esse ponto primal. Demócrito dizia que era o átomo; para Empédocles não havia só um elemento mais quatro – a terra, a água, o ar, e o fogo. Todos esses debates filosóficos faziam com que o pensamento racional cada vez mais se estruturasse Período socrático ou antropológico (século V e IV a. C.) Atenas já não era mais o centro da vida social, política e cultural de toda a Grécia. Foi um período de embate entre Sócrates e os Sofistas que segundo ele não eram filósofos, pois, vendiam seus conhecimentos a preços altos. Sócrates, Platão os sofistas entre outros fizeram parte deste período. 18 História da Educação Período sistemático (pós-socrático) Principal representante Aristóteles discípulo de Platão. Surgiu também outras corrente filosóficas. Período Helênico (do século III e II a. C.) A polis deixou de ser referência dos filósofos por causa de sua decadência. Eles se sentiram agora cidadãos do cosmos (mundo), por isso essa filosofia é também conhecida por filosofia cosmopolita. Surgiram correntes como o epicurismo e o estoicismo. O filosofo se preocupa muito com a ética. 19 História da Educação 1. Quais são os períodos que compõem a história dos gregos? Quais os fatos que se destacam em cada um? 2. Explique o que era a Paidéia e qual a sua importância para a educação grega. 3. Que fatores tornaram possível o surgimento da filosofia? 4. Qual a importância da filosofia para o conhecimento científico? 5. Estabeleça a principal diferença entre o pensamento filosófico do período pré- socrático e o socrático. Discuta como aconteceu o desenvolvimento da aprendizagem ao longo da história humana. 20 História da Educação UNIDADE 02 Uma Análise Filosófica Fonte: https://ejafilosofando.blogspot.com.br/2016/04/para-que-filosofia.html 21 História da Educação 2. A filosofia dos sofistas Os sofistas eram sábios que davam aulas por dinheiro e que se concentraram em Atenas no período Clássico. Sua ação de cobrarem e caro por suas aulas rederam a eles críticas de Sócrates e Patão. Suas reflexões se concentraram nas questões morais e políticas. Como o cidadão da polis mudou a estrutura de antes, do guerreiro da coragem, para os discursos na ágora o que interessava agora era a eloquência no falar e os sofistas ensinavam a arte da boa retórica, da persuasão. São eles os criadores da educação intelectual foram responsáveis também pela ampliação da Paidéia, [...] de simples educação da criança passa a ter significado mais abrangente estendendo-se à contínua educação do adulto, capaz então de repensar por si mesmo a cultura de seu tempo. (ARANHA 1996 p.43). Deve-se também aos sofistas a criação de um currículo que ficou conhecido por as sete artes liberais composto pela gramática, retórica e dialética, aritmética, geometria, astronomia e música. As sete artes liberais, esse currículo recebeuesse nome por ser destinado aos homens livres, foi mais bem organizado no período helênico. Com o tempo os discursos dos sofistas tornaram-se vazios pelo exagero da eloquência. No século seguinte ocorreram as discussões entre a filosofia e a retórica. 2.1 A filosofia de Sócrates Homem humilde foi considerado pelo oráculo de Delfos como “o homem mais sábio”. Discutia filosoficamente com os jovens, sábios, anciãos e todos quantos quisessem ou estivessem aberto para a reflexão filosófica, para ele a sabedoria começa no reconhecer a própria ignorância isso o levava a interpelar as pessoas que passavam a cerca de várias coisas até, que eles reconhecessem sua ignorância. 22 História da Educação O homem, segundo Sócrates, deve se desprender de conceitos preconcebidos. Seu método se dividiu em duas partes a ironia e a maiêutica. Na ironia que era desenvolvido com perguntas fingindo ignorar, se chegava a desconstrução dos conceitos, aquele que achava que sabia algo deveria refletir se realmente possuía o verdadeiro conhecimento daí a necessidade do desprendimento desses conceitos preconcebidos. Na maiêutica passava-se a construção dos conceitos, parir, dar a luz a novas ideias. Seus diálogos giravam em torno de questões morais como virtude, coragem, piedade, amizade e o amor. Para ele o que importa é conhecer a essência das virtudes e não sua descrição. Como diz Maria Arruda Aranha [...] O que Sócrates pretende, usando a máxima “conhece-te a ti mesmo”, é o reto conhecimento das virtudes humanas, a fim de se poder levar uma vida igualmente reta. (ARANHA 1996p. 44). Para Sócrates ninguém é mau por querer. Sócrates tinha uma doutrina que o sábio é a identificação com o homem virtuoso, (intelectualismo ético). Consequências para a educação do intelectualismo ético [...] o conhecimento tem por fim tornar possível a vida moral; o processo para adquirir o saber é o diálogo; nenhum conhecimento pode ser dado dogmaticamente, mas, como condição para desenvolver a capacidade de pensar; toda educação é essencialmente ativa e, por ser auto-educação leva ao conhecimento de si mesmo [...] (ARANHA 1996 p. 44) Fonte: http://www.tudo10.org/filosofo-platao-celebre-grego/ 23 História da Educação Os pensamentos de Sócrates levaram-no a condenação e morte foi envenenado por uma planta conhecida por cicuta. Acusado de corromper a juventude negou-se a fugir quando estava prezo esperando sua execução. 2.2 A filosofia de Platão Fonte: http://desmotivaciones.es/u/emerrap/carteles-observados/3 Platão era um filósofo apaixonado por política era filho de uma família aristocrática ateniense. Ensinou por quarenta anos na Academia de Atenas, ginásio de ensino superior, foi vendido como escravo na Sicília, mesmo sendo de família aristocrática, reconhecido por um velho amigo foi libertado por ele. Para entender suas ideias é necessário entender o Mito da Caverna criado pelo mesmo onde ele fala do homem comum e do filosofo a forma como os dois veem o mundo e como a filosofia é capaz de libertar. O trecho a seguir é uma parte do Mito: [...] homens se encontram acorrentados em uma caverna desde a infância, de tal forma que, não podendo se voltar para a entrada, apenas enxergam o fundo da caverna. Aí são projetadas as sombras das coisas que passam às suas costas, onde há uma fogueira. Se um desses homens conseguisse se Fonte: https://eticaysuhistoria.weebly.com/historia-de-la- etica.html 24 História da Educação soltar das correntes para contemplar, à luz do dia, os verdadeiros objetos, quando regressasse para contar o que vira, não mereceria o crédito de seus antigos companheiros, que o tomariam por louco. (PLATÃO no livro VII de a República in ARANHA 1996 p.45) Os acorrentados são os homens comuns guiados pelos sentimentos, e paixões não conseguem ver nitidamente, o que se liberta é o filósofo que alcança o verdadeiro conhecimento a episteme, ciência, por que sua razão abstrai-se do mundo sensível atingindo o mundo das ideias, onde as coisas são imutáveis. Sua filosofia é caracterizada pela existência de dois mundos o mundo das ideias, o real e, o mundo sensível que é a cópia do mundo das ideias que é o que nós vivemos. Por exemplo, se você consegue reconhecer uma borboleta é por que ela existe no mundo das ideias onde você já viveu antes de nascer, então, todas as borboletas mesmo de vários tamanhos, cor ou formato lhe é cognoscível, portanto para Platão aprender é lembrar, pois, ao nascer você esqueceu-se do que você contemplou no mundo das ideias o papel da aprendizagem é fazer você lembrar o que você contemplou neste mundo que ele dizia ser o mundo real. . Platão é idealista, ou seja, para ele a idéia das coisas são mais reais do que as próprias coisas. Em sua pedagogia ele faz uma divisão dos estágios da educação Maria Lúcia de Arruda Aranha menciona esses estágios que são até os 20 anos ela deve ser para todos e o aprendiz chega ao estágio de alma de bronze, ao terminar essa fase ele está qualificado para agricultura, o artesanato e o comércio. Com mais 20 anos ele alcança a alma de prata tornando-se soldados guardiões das cidades. Os que continuam estudando chegam a alma de ouro esses são os intelectuais. Somente aos 50 anos depois de passar por todas as etapas é que estaria apto a magistratura. Isócrates (436-338 a. C.) também foi discípulo de Sócrates como Platão embora, discordasse ou se opusesse a seu colega, tiveram o mesmo mestre. Voltado para o ensino superior, foi o responsável pela fundação de uma escola neste nível em Atenas. Era eloquente na retórica, escolheu vários discursos para as aulas de dedicatória. A retórica principalmente em Atenas possuía grande importância no período da democracia, era conhecida com sendo a “arte do bem dizer” era apreciada e muito valorizada. Ao contrario de Platão que relegava a retórica a segundo plano, Isócrates valorizava a “arte do bem dizer” desde que não fosse com exagero de 25 História da Educação palavras vazias. Criticava Platão que para ele era muito intelectualista e totalmente voltado para a elite. Isócrates teve sua importância diferenciada dos demais filósofos de sua época no que diz respeito a sua atenção especial à linguagem, descobriu habilidades para facilitar o aprender o discurso. Suas técnicas de acordo com Maria Arruda consistiam em valorizar a repetição, desenvolver técnicas de desdobrar o discurso, fazer pesquisas, distinguir as partes que compõe a oratória, fazer formulações de “regras para orientar as maneiras de apresentação de teses, as sentenças, a ironia”. Isócrates defendia uma eloqüência associada a “formação moral, cívica e patriótica”. (Arruda 2013 p. 74). Cícero grande filosofo e orador romano admirou e elogiou Isócrates dizendo que ele “ensinou a Grécia a falar”. 2.3 A filosofia de Aristóteles (pedagogia) Aristóteles foi discípulo de Platão, mas discordou em tudo da filosofia do mestre principalmente do mundo das ideias. Reflexão sobre sua filosofia Criticou o idealismo de seu mestre Platão; desenvolveu uma teoria realista em contraposição ao idealismo platônico; As coisas não são imutáveis a imutabilidade dos conceitos e o movimento das coisas são explicadas a partir das coisas mesmas. Para ele a matéria e a forma explicam o ser. A matéria é passiva e contêm as virtudes da forma em potência. Para explicar a matéria e a forma pode se usar o exemplo de uma estátua, a matéria é o material (pedra sabão, argila, madeira) e a forma é o que se faz com o material. Fonte: https://br.pinterest.com/explore/filosofia-de-aristoteles/ 26 História da Educação A forma faz do ser o que ele é, pois é o princípiointeligível, a essência comum aos indivíduos. O devir faz o ser atualizar a forma que tem em si como potência, o ser tenta alcançar a perfeição que lhe é própria e o fim a que se destina. Sua pedagogia Para Aristóteles a educação deve levar em conta o constante devir do homem; o objetivo da educação deve ser ajudá-lo a alcançar a plenitude e a realização do seu ser, deve atualizar as forças que tem em potência. Nesses termos ela passa para o campo da ética que leva o homem ao alcance da felicidade e promove sua realização quando este desenvolve suas faculdades físicas, morais e intelectuais. Segundo Aristóteles o homem se diferencia dos animais pela capacidade de pensar por isso ele alcança a perfeição exercitando essa capacidade. A razão é que disciplina os sentimentos e os instintos do homem. A repetição da vontade torna-se um hábito então o homem só é virtuoso quando ele tem o hábito da virtude. Portanto, a imitação para ele é um instrumento por excelência na aprendizagem, a criança é educada repetindo os atos dos adultos e adquire uma “segunda natureza” escolhendo entre o justo meio entre dois vícios. Por conseguinte, o estudo deve se ocupar com a formação da cidadania. O método criado por Aristóteles de organização do pensamento deu origem a lógica formal. A compreensão precisa dos processos de análise e síntese, indução e dedução e analogia que ajuda a desenvolver o método lógico de ensinar. 2.4 A filosofia pós-socrática Durante a invasão macedônia a Grécia viveu a continuação de uma crise, um constante momento de guerra que acaba por tirar a autonomia das cidades-estados. DEVIR: movimento que gera mudança. 27 História da Educação Nesse contexto de insegurança a filosofia muda sua roupagem, após a guerra do Peloponeso as cidades-estados gregas viveram momentos de extrema fragilidade até caírem nas mãos dos macedônios na segunda metade do século V a. C. a realidade agora era outra por algum tempo a guerra era uma contínua. O contato com o Oriente devido o expansionismo do Império de Alexandre com a crise vivida pelos gregos fez os pensamentos filosóficos mudarem o foco para outras formas de reflexão e temas, o tema que antes era metafísico ou político passou a ser enfocado na ética. Neste novo contexto da história dos gregos, as escolas filosóficas que mais se destacaram foram o estoicismo e o epicurismo. As duas escolas apresentavam divergências entre si. O estoicismo principalmente por sofrer influência de outros pensamentos de vários lugares. 2.5 Características do epicurismo e do estoicismo Epicurismo (filosofia fundada por Epicuro -341-270 a. C) ao contrario do estoicismo para os epicuristas o prazer é o principal aliado da felicidade, ambas as escolas concordam no que diz respeito à ataraxia só que para eles o ser humano deve evitar o temor, a dor e o sofrimento e se aproximar de tudo que lhe dá satisfação estando no âmbito físico ou espiritual. Uma das satisfações que eles acentuam é a amizade. A busca dos prazeres para seu fundador Epicuro deve ser feita de forma racional, pois, se realizada de forma irracional, as consequências podem não ser tão agradáveis podendo causar sofrimento no futuro. “atender às verdadeiras necessidades humanas significa buscar o prazer duradouro, sereno, espiritual” (Maria Arruda 2013 p. 76) Estoicismo (fundada por Zenão). Para os historicistas o homem deve fugir do prazer ao buscar a felicidade, pois, ele é responsável por muitas dores. Destaca como ideal para o sábio a “ataraxia (imperturbabilidade), a apatia (ausência de paixões) e a aponia (ausência de dor)”. (Maria Arruda 2013 p 76), portanto, o estoicismo acreditava que a felicidade estava associada a essas três posições dos indivíduos diante dos acontecimentos de sua vida. O prazer é, portanto o principal vilão da felicidade. 28 História da Educação 1. Explique os pontos principais da filosofia de Sócrates e de Platão. 2. Quais foram os métodos filosóficos desenvolvidos por Sócrates e como funciona cada um? 3. Embora Aristóteles tenha sido discípulo de Platão ele desenvolveu uma filosofia totalmente diferenciada da do mestre. Apresente informações sobre as duas de forma que explique essa afirmação. 4. Para Aristóteles a educação tem um grande papel no desenvolvimento do ser. Qual era esse papel? 5. Quais foram os fatores que mudaram a forma de reflexão da filosofia grega? 6. Apresente a diferença entre a filosofia epicurista e a historicista. Neste contexto a educação física tão valorizada pelos gregos no período clássico dá lugar à razão que torna-se primordial no “controle dos sentidos e das paixões.” (Maria Arruda 2013 p. 76). As duas escolas influenciaram o pensamento de intelectuais romanos como Cícero grande orador, Sêneca filósofo irreverente, Epicteto e Marco Aurélio. Discuta sobre os princípios que Aristóteles trouxe e ainda traz para a educação. 29 História da Educação UNIDADE 03 A Educação Grega Fonte: https://www.flickr.com/photos/48292515@N05/7401283160 30 História da Educação 3.1 A educação grega Fonte: https://jarvioi8.wordpress.com/tag/historia/ A formação dos gregos era integral, ou seja, envolvia o físico (atletismo, hipismo, atividades físicas diversas) e o espírito (desenvolvimento intelectual). Até o período clássico a parte física era colocada como prioritária na educação da criança e do jovem. Atualmente podemos perceber que a educação moderna está também desenvolvendo uma educação integral. A educação grega já se encontrava estabelecida no período Clássico principalmente em Atenas. 3.1 As principais cidades-estados gregas e a Educação Esparta - cidade-estado grega fundada pelos dórios na região do Peloponeso, ao contrário de Atenas possuía solo fértil e seus cidadãos eram voltados para a guerra. Considerada por muitos pesquisadores a cidade-estado menos desenvolvida sua sociedade não era tão bem definida quanto a de Atenas. Ao contrario de Atenas não usavam o escravo-mercadoria e nem abraçou a democracia preferindo continuar aristocrática. Enquanto Atenas conseguiu seu apogeu no período Clássico, Esparta ainda era considerada “atrasada” nesse período, no entanto, a rivalidade entre essas duas cidades levou-as a conflitos não só ideológico mais bélico também. Embora a divisão social não fosse tão bem definida como defende alguns pesquisadores, mas 31 História da Educação se podem elencar três grupos sociais “[...] os homoioi (as partes, iguais), os periecos e os hilotas”. Maria Florenzano 1990 p. 50. Como em toda a sociedade antiga existia um grupo social que comandava a política, a economia e a sociedade, em Esparta esse grupo era os homoiois considerados cidadãos por excelência, se diziam descendentes dos fundadores da cidade por isso tinham todos os direitos sobre os demais grupos, detinham as atividades políticas e militares. A educação dos homoiois era muito rígida desde pequenos. Exemplo de nacionalismo exacerbado seus filhos eram treinados para defender sua pátria com a própria vida era um orgulho para os espartanos morrer em combate por isso, só os cidadãos perfeitos fortes e corajosos poderiam viver para defender sua terra. Os principais órgãos políticos almejados pelos cidadãos eram uma assembléia, cujos membros só podiam alcançá-la com mais de 30 anos, a Ápela, seus membros eram os eleitores dos que iam compor a Gerúsia órgão com atribuições legislativas e judiciárias composta por 28 espartanos que só estavam aptos a exercerem o cargo ao saírem do exército aos 60 anos. E o órgão de função executiva composto por cinco pessoas, o éforos. 3.1.1 Educação espartana, principais pontosFonte: https://www.oversodoinverso.com.br/como-era-a-infancia-em-esparta/ As atividades guerreiras eram valorizadas e a educação era bastante severa voltada para a formação desse guerreiro. No século IX a. C. Licurgo organizou o Estado e a educação em Esparta. 32 História da Educação As atividades esportivas e a música era destaque no inicio da formação educacional, a partir do século IV ela se torna rigorosa como nas casernas (espécie de quartel). Eles davam muita ênfase a perfeição física para alguns pesquisadores chegavam a praticar a eugenia (defendiam que os deficientes tinham de ser exterminados porque não podiam defender a pátria. Embora não se possa provar essa prática mas, há indícios de que ela existia) e suas mulheres eram obrigadas a praticarem halterofilismo para terem filhos perfeitos para servir o Estado. Aos sete anos as crianças eram separadas da mãe e o Estado se encarregava de sua educação que era pública e obrigatória, eram separados em grupos por idade sob a supervisão de um monitor; no inicio estudavam música, dança coletiva e canto, aos doze anos as atividades eram lúdicas, nas próximas etapas os treinos se tornam rigorosos como treinos militares. A educação também era moral nessa parte eles aprendiam a serem obedientes, aceitar castigos e obedecer aos mais velhos. E privilegiar a vida comunitária. Diferentes dos atenienses desprezavam o refino intelectual, a arte para eles era a guerra. Atenas - cidade-estado grega localizada na região da Ática ficou conhecida pelo seu destaque intelectual, seus filósofos e imperialismo, historiadores e intelectuais de forma geral eram atraídos por essa cidade. Geograficamente era bem diferente de Esparta, pois não possuía um solo muito fértil precisando dessa forma manter um comércio com outras localidades e uma conquista expansionista para assegurar a sobrevivência. Dentre as cidades-estados sem dúvidas foi a que mais se destacou a sociedade nesta polis estava dividida em três grupos bem distintos os cidadãos, os estrangeiros, também conhecidos por “metecos” e os escravos. Para ser cidadão em Atenas era necessário ser filho de pai e mãe ateniense e possuir riquezas advindas da terra. Os gregos não só os atenienses valorizavam muito a posse de terras. Dica de filme: Trezentos de Esparta 33 História da Educação No período de Clístenes ele fundou e ampliou os fundamentos da democracia quando derrubou o último tirano através de uma rebelião, no século V, desta forma promoveu a ampliação do direito de cidadania, também criou um mecanismo de proteção à democracia, o ostracismo (esse mecanismo funcionava desta forma, todos que fossem considerados ameaças para a democracia eram exilados por um período de dez anos, entretanto, suas propriedades não eram confiscadas, ao término dos dez anos na sua volta ele podia revê-la). A cidadania agora não era privilegio apenas dos que possuíam terras, mas também de outros homens livres e atenienses genuínos. Mesmo com a cidadania ampliada, os que tinham posses fundiárias logicamente continuavam a dominar a cena política e intelectual. Segundo Maria Florenzano: A literatura documenta bem a existência de uma elite intelectual e política cuja riqueza material provinha fundamentalmente da posse de bens fundiários e que na verdade conservou durante todo o século V os mais elevados cargos públicos. Essas famílias, ricas [...] viviam na cidade dedicando-se à política, à filosofia, à ginástica. (Florenzano 1990p. 39) Os atenienses aristocráticos desprezavam todo e qualquer trabalho manual e por isso buscavam cada vez mais o ócio que para o cidadão era fundamental para que tivesse muito tempo para filosofar ou discutir política na Ágora (praça central). Desta feita todo o trabalho manual como na lavoura, artesanato, comércio entre outros era feito pelos grupos sociais menos favorecidos, os metecos, e pelos escravos; um cidadão que se prestava a fazer trabalhos manuais era malvisto pela sociedade. Os principais órgãos políticos de Atenas eram o conselho dos quatrocentos que era composto por representantes de todas as regiões de Atenas, a Bulé; a assembleia que aprovava as leis criadas pela Bulé, a Eclésia; e o tribunal de justiça que todos os cidadãos podiam participar o Helieu. 34 História da Educação 3.1.2 A educação ateniense, principais pontos Fonte: http://www.debatesculturais.com.br/a-educacao-de-alguns-povos/ Em Atenas a educação era física e intelectual, a prioridade era formar cidadãos e não guerreiros como os espartanos. Uma nova educação foi exigida com o surgimento de novas classes sociais. No século VI a. C às escolas já começam a surgir elas não eram públicas, pois, o Estado não se interessava por esse tipo de atividade. Como os espartanos a educação se iniciava aos sete anos, as mulheres ficavam no gineceu que era a parte da casa onde se aprendia os afazeres domésticos e o menino era acompanhado a palestra por um escravo (pedagogo), para praticar exercícios físicos como corrida, salto, lançamento de discos, de dardos e lutas (pentatlo). Na educação física o garoto promovia o conhecimento de si próprio porque as aulas também eram acompanhadas de moral e estética depois, o pedagogo o acompanha as aulas de cítara. Eles aprendiam ainda poemas, cantos coral e dança, o ler e escrever era relegado o segundo plano. O mestre não tinha destaque social quase sempre era humilde mal pago e menos prestigiado do que os instrutores físicos. Depois a educação elementar é dividida em dois níveis o secundário e o superior. Não há necessidade de escolas as aulas são ministradas em qualquer lugar e o método é o da silabação, repetição, memorização e declamação. 35 História da Educação Alexandre, o grande e o helenismo As cidades-estados foram aos poucos criando germes internos que corroeram-nas de forma a promoverem o declínio das mesmas, problemas econômicos internos luta pelo poder principalmente entre Atenas e Esparta fragilizam a estrutura política. Com Péricles Atenas chega ao apogeu de desenvolvimento econômico e político as ligas formadas para enfrentarem um inimigo comum como a Pérsia nas famosas guerras médicas que preparam o cenário para a Guerra do Peloponeso que foi vencida por Esparta em 403. Com o fim da Guerra e a derrota de para Esparta o imperialismo ateniense é desfeito. Pequenos camponeses perderam suas terras ou migram para as cidades onde se sentem mais seguros, muitos escravos aproveitam-se da situação para fugir levando a agricultura a uma grande crise, não só a agricultura mais toda a Grécia. Dezessete anos de guerra entre a liga de Delos e a Liga do Peloponeso, levam a fragilidade política, econômica e bélica. Foi nesse contexto que a Macedônia se levantou e dominou a Hélade, instruído por Aristóteles, Alexandre acalentava o sonho de construir uma grande cultura que ele conseguiu fazendo a fusão da cultura helênica com outras culturas promovendo assim o nascimento de uma cultura diferenciada o helenismo e que Alexandre tratou de difundir. 3.2 Educação no período helenístico A antiga Paidéia tornou-se enciclopédia, ou seja, educação geral, que consiste na ampla gama de conhecimentos exigidos para a formação do homem culto. (ARANHA 1996 p. 53) A teoria aumenta e os exercícios físicos diminuem; Os temas éticos ganham ampla importância em substituição às questões metafísicas e políticas; No nível secundário aumenta a importância da retórica. As sete artes liberais cada vez mais alcançam destaque e passam a caracterizar o ensino; 36 História da Educação 1. Faça a comparação entre a educação ateniense e a educação espartana. Logo em seguida conclua se ainda podemos encontrar na educação de hoje algumapermanência de uma ou de outra. 2. Elenque os fatores que fazia de Atenas a cidade-estado considerada mais desenvolvida da Grécia. 3. Quais são as principais mudanças que se pode perceber no período da educação helenística? Com a expansão das escolas filosóficas e da junção de algumas delas surge a Universidade de Atenas que manterá sua influencia até mesmo com a dominação romana. Discorra sobre os pontos positivos e negativos que o comportamento Ateniense e Espartano nos trouxe em aspectos educacionais para a atualidade. 37 História da Educação UNIDADE 04 Antiguidade Romana Fonte: https://bykovvg-1952.livejournal.com/856981.html 38 História da Educação Introdução Roma se formou a partir da junção de povos como italiotas, latinos sabinos e etruscos. Os latinos viviam na região do Lácio e fundaram comunidades simples onde não havia propriedade privada da terra. O paterfamilias era a autoridade máxima, eles cultuavam os antepassados. Com o tempo os outros povos foram sendo agregados a eles fundando assim a cidade de Roma de onde surgiria o império. Em sua origem lendária que a cada dia a arqueologia procura vestígios para comprovar, Roma foi fundada por um dos gêmeos filhos de Réia Silvia com o deus Marte, Rômulo que Havia matado seu irmão Remo após uma discussão fútil, em meados do século VIII e tornou-se o primeiro rei. Rômulo também teria criado o Senado que se tornou o órgão máximo no período da República. Assim como na Grécia, em Roma o proprietário de terras era o que comandava também a política. Em todos os períodos históricos, a política foi dominada pela aristocracia e o poder era centralizado, não houve a divisão em cidades-estados como na Grécia. Em comum Grécia e Roma entre outras coisas tinham o desprezo pelo trabalho manual. A escravidão que aumentou assustadoramente durante o período expansionista tornou-se condição indispensável para a existência do império romano A religiosidade de Roma era tão forte quanto a da Grécia. Politeístas desde a origem assimilaram o panteão de deuses gregos que eles rebatizavam com outros nomes como, por exemplo, Posseidom na Grécia transformou-se em Netuno em Roma, Dionísio na Grécia tornou-se Baco em Roma, e assim por diante A história de Roma foi dividida em três grandes períodos a Realeza (de 753- 509 a. C), que teve seu inicio com a fundação da cidade de Roma e a queda do último rei dos etruscos; República (509-27 a. C.), nesse período o que prevaleceu foi a luta entre os grupos sociais patrícios e plebeus e o processo de expansão militar onde os generais partem para conquistar vários povos; e, finalmente o Império (27 a. C a 476 d. C) que vai da inauguração do império por Otávio Augusto até a queda do mesmo. 39 História da Educação 4. Etapa da história de Roma Fonte: http://brasilescola.uol.com.br/historiag/roma-periodo-monarquico.htm 1. Realeza - desenvolve-se o cultivo de cereais e o comércio que fez com que Roma se transformasse em cidade (urbs). É nesse período que a propriedade privada e a divisão de classes ficaram bem definida pode-se classificá-la em: Os patrícios formavam a gens, pois se diziam descendentes dos fundadores e formavam comunidades. Reuniam-se em torno de um ancestral comum eram os possuidores das melhores terras, constituíam a aristocracia e detentores de todo poder político, em uma sociedade patriarcal cada gens tinha um pater famílias que detinha o poder soberano em sua gens; toda gens possuíam números determinados de clientes, o pai detinha todo poder sobre seus filhos e “todos que vivessem sobre seu teto”, inclusive poder de vida e de morte. Nessas comunidades os mais velhos subjugavam os mais novos. Os plebeus, homens e mulheres livres, comerciantes, artesãos, agricultores, ficavam à margem da cidadania não pertenciam as gens e nem tinham direitos políticos nesse período, no entanto, com a dinamização do comercio muitos se tornaram ricos, esses plebeus ricos lideraram essa classe na luta por direitos. Os clientes, plebeus sem propriedades que se ligava a um patrício e mantinham laços de dependência. O patrício garantia ao cliente proteção e em troca esse cliente se mostrava obediente, auxiliava-o militarmente, politicamente, judicialmente e em alguns casos ajuda financeira. 40 História da Educação Os escravos tornavam-se escravos por dívidas ou no período expansionista eram capturados nas guerras. Com o tempo o número de escravos cresceu tanto que Roma não sobreviveria sem suas mãos para gerar sua riqueza ou sustento. A escassez de escravos foi uma das causas da queda do império Romano do Ocidente. Fonte: http://slideplayer.com.br/slide/5642040/ 2. República - a república romana defendia os interesses dos patrícios. Dois cônsules representavam o executivo e o senado era o principal órgão. Nesse período muitos plebeus conseguiram enriquecer e passaram a reclamar direitos políticos, houve grandes conflitos entre patrícios e plebeus. Ao tomarem consciência de sua importância como classe social indispensável para a manutenção de Roma os plebeus resolveram deixar a cidade e passaram a habitar o monte Sagrado exigindo participação política. Conquistas dos plebeus, com o enriquecimento de uma boa parcela dos plebeus a consciência de sua importância para a manutenção da sociedade e da economia romana foi crescendo, não tardaram para virem as revoltas e rebeliões que lhes garantiram algumas conquistas e espaço dentro da sociedade aristocrática e fechada dos patrícios. Alguns direitos alcançados por esse grupo social que podem ser elencados nesse contexto foram criação do cargo de tribuno da plebe, permissão de casamento com os patrícios (Lei Canuleia), publicação da Lei das Doze Tábuas (primeiro código de leis escrita dos romanos), e as Leis Licínias que 41 História da Educação estabelecia que um dos cônsules sempre seria plebeu. A aristocracia adquiriu uma nova roupagem agora era formada pela riqueza e não mais por nascimento. Esse período é marcado também pela expansão territorial eles conseguem toda a península itálica, depois das três Guerras Púnicas contra os cartagineses nos séculos III e II a. C. e no século I todo o Mediterrâneo já estava sob sua influência. O comércio se expande mais ainda enriquecendo a muitos e a escravidão se intensifica tornando mão-de-obra fundamental, nesse contexto ocorre muitas revoltas dos escravos por causa de situações brutais a que eles são submetidos tratos. A escravidão por dívidas continua. A Grécia também é anexada e está sob o período helênico. 3. O Império - Otávio Augusto fundou o império, no seu governo, Roma passou por um grande desenvolvimento cultural e urbano, houve o incentivo as artes sobre influência helênica, o comércio se desenvolveu mais ainda e a escravidão continuou sendo a base do processo econômico. Para administrar o império surgiu uma vasta burocracia e a instituição do Direito Romano. Um fator fundamental para a história do império foi o nascimento de Cristo no período de Tibério, no início os cristãos foram perseguidos e mortos, mas depois o cristianismo se tornou religião oficial do império através do Édito de Tessalônica instituído pelo imperador Teodósio (378-395), a expansão do cristianismo foi uma das causas de sua queda juntamente com a escassez de mão de obra escrava e as invasões bárbaras. Em 395 o império foi dividido em dois, Impérios Romano do Ocidente e Império Romano do oriente com sede em Constantinopla. 4.1 A pedagogia Romana Característica - o trabalho intelectual era legado a aristocracia a razão era o foco do ensino dos educadores. A eloquência no discurso também era buscada como osgregos, ambos tinham a pedagogia semelhante com algumas diferenças apenas; a grega estava dividida em duas vertentes uma filosófica e outra voltada para a retórica já em Roma a reflexão filosófica não tinha tanto destaque como na Grécia quando usada em Roma por Quintiliano a filosofia fica mais no âmbito da ética e da moral. 42 História da Educação Os romanos eram mais pragmáticos do que os gregos, eram mais voltados para a política e o cotidiano por isso, a retórica era mais importante do que a filosofia. Maria Lúcia fazendo uma análise do período do declínio do império conclui que, De fato, com o tempo, há um descuido da formação científica e artística, prevalecendo uma cultura de letrados, cuja atenção maior está nas minúcias das regras gramaticais, nas questões filosóficas e nos artifícios que permitem o brilho nas conversações. (ARANHA 1996 p.62). A humanista Fonte: https://www.fatosdesconhecidos.com.br/6-motivos-que-te-farao-agradecer-por-nao-ter- nascido-na-roma-antiga/ A forma com que Roma tratava o povo que eles venciam era bastante peculiar, costumava-se até mesmo dar a cidadania para eles em troca de pagamentos de impostos, as culturas também eram assimiladas pelos mesmos. Dos gregos os romanos assimilaram muitas coisas até mesmo seu idioma; da assimilação dessas culturas surgiu a humanitas, cultura universalizada dos romanos, ou em educação cultura do espírito, semelhante à Paidéia grega. Com o tempo a humanitas torna-se apenas o estudo das letras, afastando-se da ciência. A educação romana era mais voltada para a prática, seus principais representantes foram Catão que não aceitava a influência helênica, ele era defensor da tradição; Cícero, famoso pela eloquência da oratória, maior representante da humanitas, principal modelo dos pedagogos renascentistas; Sêneca (espanhol) 43 História da Educação preceptor de Nero, defendia a filosofia que para ele era capaz de levar o homem a uma boa vida pra ele a tranquilidade da alma era a verdadeira felicidade, a educação devia ser prática e vivificada pelo exemplo ela deve ajudar o homem a fugir doa apetites pessoais nesse particular ele valorizava mais a moral do que a retórica; Plutarco (grego) valorizava a música a beleza e a formação do caráter; Quintiliano (espanhol) um dos pedagogos romanos mais respeitados, ele acreditava que o cuidado com a criança começava desde a escolha de sua alma, para iniciar o ensino das letras, defendia que devia ser feito o ensino da leitura e da escrita simultaneamente, a aprendizagem deveria ser duas etapas com trabalhos e com o lúdico pra ser mais proveitosa e menos árdua; o trabalho em grupo também era sugerido por ele; defendia ainda que o homem alcançasse através da aprendizagem uma segunda natureza através da instrução geral e dos exercícios. Varrão que passou a aceitar a cultura grega. Foi o primeiro a receber pagamento do governo seu destaque era mais para a oratória. 4.1.1 A educação romana, principais característica Como já vimos a história de Roma passou por alguns períodos bem distintos, para entendermos sua educação necessário se faz a analise desta educação no contexto de cada período. No período da realeza – período dos heróis, a educação era voltada para perpetuar os valores da nobreza de sangue e cultuar os ancestrais. Lembrando que a família romana era bastante extensa envolvendo filhos casados, escravos e todos os agregados que estavam sob o domínio do paterfamilias. Somente após os sete anos é que a educação começava, as meninas aprendiam com a mãe, ou outra mulher responsável por sua educação, os afazeres domésticos e os meninos aprendiam com o pai acompanhando-o para todos os lugares as festas e aos acontecimentos mais importantes, ele aprende a história dos heróis e a Lei das Doze Tábuas para adquirir uma consciência histórica e patriotismo. Outras habilidades também são desenvolvidas no seu aprendizado com diz Maria Lucia Aranha: 44 História da Educação Por viver em uma sociedade agrícola, o menino aprende a cuidar da terra, trabalho que de início coloca lado a lado o senhor e o escravo. Aprende também a ler, escrever e contar tornando-se hábil no manejo das armas, na natação, na luta e na equitação. Os exercícios físicos visão à preparação do guerreio mias do que propriamente ao esporte desinteressado. (Aranha 1996 p. 64-65) Dessa forma se percebe a formação de fato do herói do aristocrata. Aos 15 anos sempre na companhia do pai, de um aparente ou até mesmo de um escravo ele aprendia o civismo na praça central onde ocorre o comércio e onde se discute política e a vida privada. Aos 16 anos ele ingressa nos estudos militares para uma formação moral e onde ele aprende sobre o cotidiano e a imitação do pai ou de algum antepassado que se destacou. 4.1.2 A educação na República, a vida nas cidades Nesse período a clientela aumenta e a educação se modifica, a vida nas cidades é incrementada pelo desenvolvimento do comércio e outras atividades, nesse período são criadas as escolas elementares particulares onde as crianças aprendia a ler escrever e contar dos 7 aos 12 anos, o método desenvolvido era o da decoração e as crianças podiam passar por castigos físicos. Com a assimilação da educação grega do período helênico as crianças aprendiam dos 12 aos 15 anos na escola dos gramáticos aprendiam também sobre os clássicos gregos ampliando assim sua literatura. Além de literatura outras disciplinas compunham seus currículos escolares a geografia, aritmética, geometria e astronomia. Com o aprimoramento da retórica surgiu a escola do retor (professor de retórica) e que fez surgir também as escolas superiores onde se estudava direito política e filosofia. As artes marciais também eram utilizadas nesse período. 45 História da Educação 4.2 Educação no império Romano . Fonte: https://www.iclik.com.br/historia-da-infancia-na-idade-media/ Roma se torna um império burocrático e o Estado precisa de funcionários habilitados para as funções por isso o Estado passa a interferir na educação e passou a assumir o controle total nessa área passou inclusive a subvencionar a criação de escolas nos municípios. O Direito passou a ser estudado em quatro ou cinco anos e foram fundadas inúmeras bibliotecas e houve apropriação de manuscrito de várias regiões conquistadas. Os cursos de taquigrafia (os tabeliões de hoje) aumentaram de importância de simples secretários esses taquígrafos foram aumentando de importância. Outros grupos e a níveis superiores que foram surgindo foi o de filosofia, e retórica e mais tarde as cátedras de medicina, matemática e mecânica. 4.2.1 O império Romano do Oriente e a Educação O imperador Teodósio dividiu o Império Romano em dois no século IV Império Romano do Ocidente e Império Romano do Oriente também conhecido por Império Bizantino. Na Idade Média os dois Impérios passaram por uma história bastante diferente, enquanto o Ocidental mergulhou no sistema feudal o Oriental alcançou um desenvolvimento cultural considerável até o século XV quando finalmente os Turcos Otomanos conquistaram Constantinopla, sua capital. 46 História da Educação Constantinopla foi erigida sobre a antiga colônia grega de Bizâncio por isso, com o tempo a cultura grega sobressaiu-se à cultura romana, o latim foi substituído pelo grego. Com o Cisma do Oriente ocorrido no século XI, a partir de então surgiram duas igrejas cristã, a ortodoxa Grega cuja autoridade situava-se na pessoa do imperador e a católica apostólica romana que tinha por autoridade máxima o papa. Com a autoridade centrada no imperador tem inicio o cesaropapismo. O mais famoso imperador foi Justiniano que no afã de manter alguns costumes romanos sistematiza o Direito Romano. Em suas escolas eram estudadosos clássicos sem restrições, objetivavam também a formação de funcionários para trabalharem na administração do Estado. Famosa pelos seus sábios foram os mesmos que ajudaram a reconstruir a cultua ocidental. A Idade Média A Idade Média europeia foi marcada pelo feudalismo, com a desagregação do Império Romano do ocidente, a Europa mergulhou em um período de incertezas política e econômica onde o poder foi distribuído entre a nobreza. Esse período também imprimiu características bastante peculiar intensa ruralização, ausência de moedas, comércio in natura, poder político fragmentado, e forte religiosidade, a igreja passou a dominar o imaginário social dessa época. Esse período foi dividido em dois grandes períodos a Alta Idade Média (do século V – X) onde o feudalismo alcançou seu apogeu e a Baixa Idade Média (do século XI-XV) onde uma série de acontecimentos fez renascer as cidades, o comércio e centralização política nas mãos dos reis. A sociedade feudal era fortemente aristocrática e rigidamente dividida entre senhores e servos, não havia possibilidade de ascensão social, pois, era a terra que ditava a condição social e ela estava nas mãos dos nobres. A Igreja no contexto do feudalismo ditava as normas sociais e se tornou a maior senhora feudal da época. Além de normatizar a sociedade era a única instituição organizada e forte, detentora do conhecimento intelectual, seus mosteiros guardavam verdadeiras relíquias literárias deste os filósofos clássicos até outras obras igualmente importantes para a construção da história da humanidade. Os monges copistas passavam horas traduzindo essas obras e ilustrando-as. 47 História da Educação A Igreja na Idade Média Do grego Eclésia, quer dizer, “comunidade de cidadãos” já no que se refere ao cristianismo quer dizer “comunidade dos fieis” e engloba toda a comunidade eclesiástica e os fieis. O grupo clerical dominou a cultura escrita até o século XII e essa cultura era transmitida nas escolas catedráticas, monástica e nas universidades. Quanto a cultura vulgar ela não desapareceu nos primeiros momentos da idade média, era transmitida oralmente e de certa forma influenciou até mesmo algumas liturgias eclesiástica, embora a própria igreja taxasse essa cultura de superstições. Havia desta forma dois pólos culturais na Idade Média, a laica ou vulgar e, a eclesiástica em um primeiro momento da Alta Idade Média, vez por outra elas se influenciavam em certos aspectos. Nesse contexto, a igreja também passou a dominar o idioma o latim que acabou se tornando de uso exclusivo da Igreja depois da desagregação do Império Romano do Ocidente. A cultura vulgar prevaleceu com seus muitos ritos e acabou influenciando a Igreja. Hilário Franco Júnior escrevendo sobre essa temática diz que: A cultura vulgar, por sua vez pressionou ao longo da Idade Média para que certos ritos fossem criados ou modificados. Um exemplo do primeiro caso é o reconhecimento clerical do culto aos mortos, com a inclusão no calendário litúrgico festa de Todos os Santos no século IX e, em principio do século X, da festa de Finados, 2 de novembro. (Franco Jr. 2001 p. 104) Durante toda a primeira fase da Idade Média parece que a cultura vulgar tem uma ação mais forte sobre a cultura clerical que incorporou muito do paganismo nas liturgias dos cultos. Na segunda metade da Alta Idade Média as mudanças política, que culminaram com o Renascimento carolíngio a situação passou a se reverter. A cultura vulgar foi abafada e a cultura clerical tornou-se oficial. “Segundo o próprio Carlos Magno, seu objetivo era fazer com que „a sabedoria necessária à compreensão das Sagradas Escrituras não seja muito inferior à que deveria ser‟.” (Franco Jr. 2001 p. 107). A partir desse momento a Igreja tornar-se-ia a guardiã de Dica de filme: O nome da Rosa 48 História da Educação muitas obras clássicas que ela entesourou em seus mosteiros. “Quase toda igreja de importância média tinha de 200 ou 300 livros. [...]”. ( Franco Jr. 2001 p. 108). Os monges copistas se proliferaram para fornecer cópias dessas obras para essas igrejas. 4.2.2 A Influência da Igreja medieval no Ensino Todos os acontecimentos que iam se sucedendo desde a desagregação do império Romano do Ocidente confluíram para que a igreja se apossasse da cultura letrada consequentemente o ensino tornou-se monopólio da mesma. Ainda no século XI começou a surgir às escolas nas cidades, essas escolas aos poucos evoluíram e tornaram-se universidades no século XIII. O sistema feudal acabou gerando fatores que o desagregaram ainda no período medieval. O sistema capitalista foi gerado nesse bojo de mudanças que acabaram levando-o a substituir o chamado modo de produção feudal. O desenvolvimento da vida em cidades, da economia e o aumento demográfico tornou o conhecimento intelectual indispensável neste contexto. Quando os leigos tentaram abrir suas escolas tinham no clero seus maiores opositores e críticos, até mesmo quando ela foi levada a reconhecer que a necessidade de se fundarem escolas particulares leigas ela tratou de “formalizar” o inevitável e assim continuar com seu monopólio: [...] Reconhecia-se que as escolas clericais não eram suficientes e aceitava- se a existência de escolas privadas. Por outro lado, é claro, a igreja reafirmava assim que o monopólio do ensino era seu: se concedia a licentia docendi era porque ela lhe permitia. (Franco Jr. 2001 p. 117) Nem mesmo as universidades nasceram desprovidas da influencia da Igreja que quando não lhes administrava fornecia parte de seus clérigos para exercerem a função de professores, até mesmo os métodos utilizados eram criados pela igreja e seus doutores. Na Baixa Idade Média tanto a cultura clerical quanto a vulgar se mostraram fragilizadas diante das crises enfrentadas na sociedade, na política e na economia. As mudanças foram sentidas, nas formas de reflexão, na arquitetura, na literatura e nos mais altos centros formadores da cultura letrada, as universidades. 49 História da Educação As universidades no meio dessa ebulição de crises e mudanças mudaram seus objetivos primários que eram centros de criação intelectual para tornarem-se centros conservadores de reprodução cultural, elitizaram-se e tornaram-se pilares para a ascensão social e os desprovidos de posses não puderam mais usufruir de seus conhecimentos. 4.3 A pedagogia na Idade Média Fonte: https://es.slideshare.net/quinicarrera/literatura-edad-media-7148221 Como era a Igreja a detentora de todo conhecimento intelectual nesse período havia um embate entre a ideologia pregada pela igreja e o que os livros em grande maioria traziam que, era o pensar dos filósofos gregos e suas obras que viam Deus diferente de como a Igreja passava para os fieis e outros assuntos considerados não adequados para os cristãos. Como diz Maria Lúcia Aranha Por ser os únicos letrados, os clérigos se apropriavam do tesouro cultural Greco-latino. A produção intelectual da Antiguidade, no entanto, apresenta diferenças profundas no pensar cristão. De maneira geral, ao intelectualismo e ao naturalismo grego se contrapõe o espiritualismo cristão. (Aranha 1996 p. 71) Dessa forma os doutores da igreja tinham a função de adequar esses pensamentos entre a fé e a razão pregada pelo intelectualismo formal, refutando certos pensamentos que prejudicavam a fé e modificando outros que podia ser adequado à mesma. 50 História da Educação É desse período também a criação da filosofia cristã uma série de pensamentos religiosos mesclados com os conhecimentos produzidos principalmente pelos gregos. A Igreja viveu dois grandes momentos da dominação do pensamento dessa filosofia cristã a Patrística que prevaleceu do final do período clássico até o século V, quando houve o processo dequeda do Império Romano e o início da Idade Média, a Escolástica que prevaleceu na Baixa Idade Média dos séculos IX até o XIV. A patrística (filosofia dos pares da igreja): precedeu a Idade Média, nasceu no início da queda do Império Romano no século II, mas foi fundamental para o período, pode ser considerada como a primeira tentativa de conciliar o pensamento grego ao pensamento cristão com a finalidade de converter o pagão. Teve como principal representante Santo Agostinho (340-430). Bispo de Hipona, foi adepto do maniqueísmo (os maniqueístas acreditam em dois princípios divinos o do bem e do mal) depois aceitou o cristianismo, era muito pessimista por viver em um mundo envolvido pelas guerras, incertezas e insegurança, inspirou-se na filosofia de Platão sobre o mundo das ideias, (que ele chama de mundo de Deus e que para alcançar esse mundo se deve aderir à fé); e o mundo sensível. A alma do homem para santo Agostinho é responsável por levá-lo para a prática do bem porque é a parte superior, a salvação é alcançada pela fé e não pelas boas obras. Ele pregava a predestinação pelo qual todos já nascem predestinados ao céu ou ao inferno. O homem é o oposto de Deus, portanto, depende a benevolência de Deus para ser salvo. Desenvolveu a teoria da Iluminação através da qual o homem adquiria o conhecimento das verdades eternas conhecimento este dado pelo próprio Deus. A Escolástica (homens de escola) baseia-se na filosofia de Aristóteles, a preocupação nesse período como no período da Patrística ainda era com a salvação da alma, pensava o homem como criatura divina, instruía que quando se tivesse dúvidas a cerca da fé e da razão deveria se consultar as pessoas determinadas pela igreja para tirar essas dúvidas para evitar divergências de pensamentos e se manter a unificação de pensamentos da igreja. Com certa autonomia de pensamento gerada a partir da Baixa idade Média, manter a unidade de pensamento religioso se torna cada vez mais difícil, surgiram muitas heresias. Com o florescimento das universidades, o intelectual se volta ainda mais para a razão. 51 História da Educação Metodologia usada pela escolástica Estruturação do pensamento de defesa da fé para combater as heresias, a filosofia passa a ser requisito básico e obrigatório no estudo da teologia contanto que seja bem usada sem ferir os princípios de crenças da igreja. Passa se usar o silogismo aristotélico, (forma acabada do pensamento dedutivo), para construir o embasamento do argumentativo contra as heresias. O método escolástico estava dividido em várias etapas leitura, comentários, questões e discussão, os textos usados em sua maioria eram bíblicos ou dos padres da igreja essas discussões eram fortemente controladas pela igreja. O principal representante da escolástica foi Tomás de Áquino, de linhagem nobre seu pai era um conde ingressou na ordem dos dominicanos, teve por mestre Alberto Magno também dominicano, viajou por vários locais acompanhando seu mestre. Baseava-se na filosofia aristotélica. Para ele as pessoas já nascem com potencial deste modo, a educação é uma atualização das potencialidades das crianças baseava-se na teoria de Aristóteles (matéria e a forma) para fazer tal afirmação. A educação seria o meio de se alcançar o ideal da verdade e do bem, uma forma de superação do pecado. Defendia o princípio de que Deus é o ordenador do mundo. Pregava ainda o livre arbítrio, pois, o homem como ser racional é capaz de discernir entre o bem e o mal e, deve reconhecer o Bem Supremo, o pecado induz ao erro, que ele chama de bem menor, representado, por exemplo, pelo prazer sensual. Deus é a felicidade perfeita e a razão é o que conduz o homem a Deus. Aquino tem publicações na área de física e metafísica, da ética e da política. Suas pregações sobre esperança e caridade eram recorrentes. 4.4 Educação na Idade Média Durante quase toda a Idade Média a igreja tornou-se a única detentora do conhecimento intelectual. A cultura laica foi fortemente marcada ou substituída pela cultura eclesiástica, muitas ordens religiosas foram criadas e se proliferaram. Com a desagregação do Império romano do ocidente as escolas não desapareceram imediatamente elas continuaram a existir embora, funcionando de forma precária. 52 História da Educação Aos poucos os funcionários do Estado passaram a ser substituído pelos clérigos. Os mosteiros se disseminaram muito mais desenvolvendo o chamado monarquismo, que influenciou a cultura medieval. Os monges viviam isolados em seus mosteiros comendo pouco e fugindo das paixões carnais e dedicando-se a orações e a trabalhos manuais. Os mosteiros seriam em teoria o refugio daqueles que queriam viver uma vida distante dos prazeres sensuais, da vida de luxuria. Seria a busca de uma vida de devoção a Deus, geralmente os monges eram pessoas que haviam se desencantado com alguma coisa do mundo. A pedagogia é utilizada para instruir os novos monges. Nesse ambiente, também foram estruturadas atividades pedagógicas à medida que surgiu a necessidade de se instruir os novos irmãos que ingressariam nas ordens. As chamadas escolas monacais possuíam um currículo não muito extenso. Segundo Arruda aprendiam o latim e as humanidades, os que se destacavam podiam ainda estudar filosofia e teologia. Os monges copistas traduziam horas a fios as obras clássicas do grego para o latim, faziam ilustrações, as iluminuras muito famosas nessas obras traduzidas e muitas vezes eles também davam nova interpretação à luz do pensamento cristão. O Império foi invadido por uma série de bárbaros que acabaram por fragmentá-lo em vários reinos. O reino mais duradouro foi o reino dos francos que teve por principal governante Carlos Magno. Analfabeto de pai e mãe conscientizou- se que deveria se cercar de intelectuais e instruir o povo. Acabou promovendo um florescimento cultural que ficou conhecido por Renascimento Carolíngio. A partir do século VIII ocorre o Renascimento Carolíngio. Com a desagregação do Império Romano e a intensa ruralização da população européia ler e escrever a muito tempo deixou de ser prioridade das pessoas. Neste contexto Carlos Magno, fundador do império Carolíngio, deu início a um renascimento cultural trazendo intelectuais e fundando escolas até mesmo ao lado do palácio (escolas Palatinas), das catedrais (escolas monacais) e as escolas paroquiais de nível elementar. As sete artes liberais (gramática, retórica, dialética, aritmética, geometria, astronomia e música), fazem parte do currículo escolar divididas no trivium (gramática, retórica e dialética conjunto para o ensino médio) e, o Quadrivium (geometria, aritmética, astronomia e música, conjunto para o ensino superior, formando as artes reais). 53 História da Educação 4.4.1 A influência dos árabes na educação medieval Os árabes foram grandes influenciadores da cultura europeia na Idade Média. Unificados pela religião islâmica fundada por Maomé no século VII, após sua morte deram inicio a uma expansão extremamente agressiva. Juntamente com sua religião sua cultura também alcançou distancias grandiosas a partir do século VIII. Seus domínios levaram-nos a formarem um grande império. A cultura árabe tornou-se uma mescla de culturas que foram sendo assimiladas a partir de suas conquistas expansionistas. Segundo Maria Arruda, ainda no século X essa civilização já se voltava para a criação de escolas primárias onde eles ensinavam a leitura, a escrita e ensinavam também o livro sagrado de sua religião, o Alcorão. Amantes da cultura erudita organizaram bibliotecas, traduziam obras clássicas e se voltaram para o ensino superior, davam grande importância à filosofia, as ciências naturais e a matemática. Embora possuíssem uma religiosidade exacerbada, não impunham limitações cientificas como a igreja católica fazia. Eles
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