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Resumo Teoria Política do Estado

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PRESIDENCIALISMO 
No presidencialismo, o chefe de estado é o presidente da república. Este sendo eleito da forma democrática a qual se expõe à população, seja democracia direta ou indireta. Neste sistema, os poderes Executivo e Legislativo possuem uma relação de muita proximidade. Isso se deve ao fato de muitas decisões finais exigirem o alinhamento destes dois poderes. No presidencialismo, o presidente não só é o chefe de estado, como também o chefe de governo. Dessa forma, ele possui, além de responsabilidades políticas, atribuições e deveres.
O PRESIDENCIALISMO COMO SISTEMA
Dentro do presidencialismo, o chefe de estado, no caso o presidente, terá um mandato sob tempo estipulado e previsto na Constituição. Sendo uma pessoa jurídica, com aval externo para relação direta com nações amigas/estrangeiras. Além de ser uma pessoa jurídica de direito público externo, é também de direito público interno. Sendo o chefe da administração pública nacional, possui direito, mas sobretudo deveres para com a nação. Trabalha em conjunto com o Poder Legislativo, apesar de não depender da confiança deste para exercer seu cargo. No entanto, como no Brasil, um Presidente sem força no Legislativo dificilmente consegue governar. No entanto, basicamente, seu poder é exercido com auxílio de ministros de estado indicados pelo presidente em mandato. A cada novo mandato, os ministros são igualmente trocados na maior parte dos casos.
CARACTERÍSTICAS DO PRESIDENCIALISMO
O presidencialismo é um sistema adotado nos Estados Unidos, Brasil e México, por exemplo. Ele possui algumas características pontuais que, inclusive, o diferenciam do sistema parlamentarista, por exemplo.
· Os ministros de estado serão escolhidos sob tutela do presidente;
· Os ministros escolhidos cumprirão papel de auxiliar o presidente em casos de necessidade;
· O chefe de estado terá o poder de nomear e exonerar ministros de acordo com sua vontade;
· Os ministros, assim, basicamente, seriam como chefes de setores administrativos a fim de conduzirem suas responsabilidades em prol do desenvolvimento da nação;
· Há um plano de governo previamente apresentado durante a campanha eleitoral;
· É por meio deste plano que as decisões a serem tomadas durante o mandato deverão se guiar;
· A execução do plano de governo é de total decisão do presidente, não sendo necessária aprovação do Legislativo para aplicação;
· O Poder Legislativo não forma um parlamento, uma vez que seus integrantes são igualmente eleitos;
· No Brasil, por exemplo, ele se constitui a partir do Congresso Nacional, com os deputados federais;
O SISTEMA PRSIDENCIALISTA 
No presidencialismo os três poderes trabalham separados. Tanto o Legislativo, como o Executivo e o Judiciário apresentam suas atribuições e competências. Mesmo independentes, eles deverão trabalhar em conjunto, tendo um relacionamento em harmonia. Um Executivo sem chancela do Legislativo, e este que não é fiscalizado pelo Judiciário tende a se tornar uma grande confusão. Por meio disso, caracteriza-se a chamada Crise Política em uma nação quando esses três poderes estão distantes. Quando se tornam independentes e não trabalham em comum acordo, projetos, sanções e investigações passam (ou deixam de passar) despercebidas.
PARLAMENTARISMO
O Parlamentarismo é um sistema político em que o poder reúne um gabinete contendo ministros que concentram um Parlamento. O regime pode ser utilizado tanto em Repúblicas Federativas quanto em Monarquias – como na Inglaterra, por exemplo. Inclusive, o sistema é de origem inglesa, existindo, atualmente, apenas em estados democráticos. Diferentemente do presidencialismo, por exemplo, o poder Executivo estará concentrado na mão do primeiro-ministro e seu gabinete. A fim de serem estabelecidas entre os poderes legislativo e executivo, formas de governo foram destacadas como opção. São eles o presidencialismo, o parlamentarismo e, ainda, a Assembleia Convencional. De forma breve, o sistema de Assembleia Convencional rege um país em que uma Comissão assume o poder da nação. Casos como a Suíça e a antiga URSS são os exemplos mais claros. Porém, tanto o presidencialismo como o parlamentarismo, atualmente, são os mais presentes. Sendo um destaque especial para este último, que é presente nas nações mais poderosas da Europa.
O PARLAMENTARISMO COMO SISTEMA
Comum tanto em monarquias como em repúblicas, o parlamentarismo funciona de uma forma a aliar um gabinete de decisão. Por meio disso, o poder pode ser ocupado por um presidente ou rei. No entanto, é o Primeiro Ministro o chefe de governo, enquanto o monarca e o presidente são apenas os chefes de estado. O primeiro ministro é eleito por uma democracia indireta, a ser indicado pelo Parlamento. Diferentemente do presidencialismo, a Câmara dos Deputados aprovará e chancelará o plano de governo a ser apresentado. Seu trabalho será o de investigar se o plano estipulado está sendo seguido pelo Primeiro Ministro. Assim, o Legislativo é fiscalizador direto do trabalho do chefe de governo. O Poder Executivo, exercido pelo Gabinete, deverá constantemente prestar esclarecimento à Câmara.
CARACTERÍSTICAS DOS PARLAMENTARISMO
O Parlamentarismo é nitidamente diferente do presidencialismo, apesar de uma raiz similar. A principal diferença é o trabalho junto ao Legislativo, ao qual é muito mais direto e dependente no sistema parlamentar. Além disso, algumas características pontuais do sistema parlamentarista podem ser destacados, tais como:
· No sistema parlamentarista o chefe de estado não apresenta atribuições políticas;
· Numa República que igualmente usufrua do parlamentarismo, o presidente não tem atribuições oriundas do Poder Executivo;
· Numa Monarquia que igualmente usufrua do parlamentarismo, o poder do monarca sempre terá limitações impostas pela constituição;
· O Primeiro Ministro poderá ser destituído do cargo caso exista desconfiança de suas atitudes;
O SISTEMA PARLAMENTARISTA COMO OPÇÃO
Diferentemente do presidencialismo, portanto, o parlamentarismo não apresenta o processo de impeachment. Para a derrubada de um presidente, um crime de responsabilidade deverá ser cometido. Enquanto isso, no parlamentarismo, um chefe de estado – no caso o Primeiro Ministro – poderá ser retirado do cargo a qualquer momento. Não haverá processo e nem necessidade de apresentação de crimes. Comprovação de ineficiência é o que basta para que o Gabinete seja, inclusive, trocado por inteiro. Dessa forma, diferentemente do presidencialismo, o parlamentarismo exige que o plano apresentado seja seguido à risca. Além do mais, o parlamentarismo pode ser implementado em qualquer sistema democrático. Por outro lado, o presidencialismo apenas poderá ser implantado em Repúblicas Democráticas.
DEMOCRACIA 
O conceito de democracia nos remete à Grécia Antiga. Em grego, “demo” significa povo e “cracia” governo. Logo, democracia é o governo do povo. A ideia de democracia surgiu entre os filósofos gregos para designar a organização política em Atenas. A política em Atenas era caracterizada pela democracia direta, ou seja, todos os cidadãos se reuniam em assembleia na praça pública (que os gregos chamavam de ágora) para decidirem diretamente as coisas comuns. Porém, aprendemos nas aulas de história que eram considerados cidadãos apenas uma pequena parcela dos moradores de Atenas (excluíam-se mulheres, escravos e estrangeiros).
A DEMOCRACIA CONTEMPORÂNEA 
Hoje, não entendemos democracia da mesma maneira que os antigos atenienses. Em sociedades complexas, como são as cidades e o país em que vivemos, é praticamente impossível um modelo de democracia direta tal como era praticado na Grécia Antiga. A nossa democracia contemporânea é considerada indireta, porque as decisões não são tomadas por cada um de nós, mas sim por representantes que elegemos. Se o sistema democrático representativo funcionar bem, a soberania se mantém nas mãos do povo, pois a participação do povo continua sendo central para organização política. E para que a democracia funcione bem é necessário ter representantes responsáveis e um processoeleitoral confiável. A democracia contemporânea prevê, ao mesmo tempo, a liberdade individual e a igualdade de condições. Por igualdade de condições, não estamos pensando apenas na igualdade econômica entre todos os cidadãos, mas também igualdade cultural e política. Isso quer dizer também que é requisito da democracia que todos os cidadãos participem do governo e tenha direito igual de participar dele. Logo, a ideia contemporânea de democracia é irmã gêmea da cidadania: um cidadão pleno é aquele que goza de todos seus diretos democráticos.
TIPOS DE DEMOCRACIA
Existem duas grandes formas de pensar a democracia hoje: através da representação e da participação.
· Democracia representativa
A ideia de democracia representativa defende que a principal forma de ação política é através do voto, ou seja, através da representação. Para tanto, votamos em nossos representantes executivos em diversos níveis (presidente, governador, prefeito) e também legislativos (deputados e vereadores).
· Democracia participativa
A ideia de democracia participativa (também chamada de deliberativa ou ativista) defende a participação política como principal valor democrático. Importantes formas de participação política se dão através de associações, sindicatos, movimentos sociais e ONGs.
Existem também diversos mecanismos de intervenção direta dos cidadãos nos procedimentos de tomada de decisão e de controle do exercício do poder, como por exemplo: consultas populares, referendum e plebiscitos, leis de iniciativa popular, assembleias, fóruns e audiências públicas, conselhos e órgãos de controle social, etc. Os defensores da democracia participativa buscam dar maior legitimidade para o sistema democrático através da descentralização da tomada de decisões e participação popular.
IMPEACHMENT
Hoje em dia, na maioria dos países onde a democracia representativa e o sistema presidencialista estão em vigência, há a possibilidade de o presidente da República ser afastado do poder em casos de crimes contra o bem público, previstos em suas Cartas Constitucionais, por meio de um processo de impeachment. Esse tipo de processo remonta à tradição política inglesa e também às mais antigas civilizações. Um caso clássico é o ostracismo, que ocorria no seio da civilização ateniense, na Grécia Antiga.
IMPEACHMENT NA HISTÓRIA
O termo impeachment significa “impedimento”e apareceu pela primeira vez na segunda metade do século XIV, já nos fins da Idade Média. Em 1376, o Lord Latimer foi alvo de um processo da Câmara dos Comuns (Parlamento Inglês), o que se configurou como o primeiro processo de impeachment do mundo. Nesse processo foram definidos os primeiros trâmites que seriam aperfeiçoados no decorrer dos séculos. O modelo inglês logo foi incorporado pela maioria das nações em que passou a vigorar a democracia representativa. Os Estados Unidos foram uns dos primeiros a incluir a noção de impeachment em seu ordenamento jurídico. O uso dessa prerrogativa foi posto em execução na década de 1970, quando o então presidente Richard Nixon foi afastado do cargo em razão escândalo de Watergate.
Entre nós, brasileiros, os únicos presidentes a sofrer impeachment, até então, foram Fernando Collor de Melo, em 1992, e Dilma Rousseff, em 2016. A previsão de impedimento do cargo para presidentes da República estava inclusa na legislação brasileira desde a primeira constituição republicana, outorgada em 1891. Com o processo de redemocratização do Brasil, iniciado em 1985, após a vigência dos Governos Militares, foi elaborada e aprovada uma nova Constituição em 1988. Essa Constituição (vigente até hoje), além de assegurar as liberdade individuais e as eleições diretas, também conservou em sua estrutura a possibilidade de impeachment para o Presidente da República. Quaisquer atitudes que o Presidente faça que atentem contra os itens elencados abaixo podem desencadear um processo de impeachment. 1) a existência da União; 2) o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação; 3) o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais; 4) a segurança interna do País; 5) a probidade na administração; 6) a lei orçamentária; 7) o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
 
COMO ACONTECE UM IMPEACHMENT? 
Se houve alegações contra o presidente da República, o processo de impeachment desenrolar-se-á em seis fases: 1) Pedido, 2) Acolhimento, 3) Primeira votação (na Câmara), 4) Envio para o Senado, 5) Segunda votação (no Senado) e 6) Penalização. Entenda melhor como essas fases ocorrem:
O pedido do impeachment pode ser apresentado à Câmara dos Deputados (uma das casas do Parlamento Brasileiro) por qualquer cidadão que goze plenamente de seus direitos políticos. No pedido, é necessário que haja a devida caracterização do crime cometido pelo presidente. A partir daí, o presidente da Câmara tem o poder de decidir se há procedência no pedido e se ele será arquivado ou encaminhado aos parlamentares. Se o acolhimento for favorável ao andamento do pedido, o presidente da Câmara o encaminhará aos deputados federais.
Os deputados recebem o pedido e formam uma comissão para apreciá-lo em dez sessões. Nesse tempo, o presidente da República tem a possibilidade de apresentar a sua defesa. Há uma primeira votação na Câmara. Se 2/3 dos deputados optarem pela continuidade do processo, este seguirá para o Senado Federal, onde será montada outra comissão para apreciação. Nessa fase, o presidente da República é obrigado a se afastar de seu cargo por um período de 180 dias, até que ocorra a votação no Senado. A sessão com os senadores é presidida pelo presidente do Superior Tribunal Federal. É necessário também que 2/3 dos senadores votem a favor para que o impeachment se cumpra. Se a votação for favorável, o presidente da República é condenado, afastado do cargo e fica inelegível por oito anos. Seu posto é sumariamente ocupado pelo seu vice.
SISTEMAS ELEITORAIS
Nas estruturas políticas dos países que vivem sob o regime democrático representativo, os partidos políticos são parte essencial de sua organização. Podemos definir “partidos políticos” como uma organização voltada para a disputa do controle legítimo do governo de uma nação por meio de um processo eleitoral, ou seja, pelo voto. As formas como se organizam esses grupos partidários dependem de como são estipuladas as regras de embate político de uma nação. Dito isso, os sistemas podem ser tanto unipartidários, em que apenas um partido único forma o cenário político de uma nação, bipartidários, em que apenas dois partidos políticos disputam o poder, ou pluripartidário, em que vários partidos diferentes envolvem-se na disputa política. 
 
SISTEMAS ELEITORAIS E PARTIDOS
A organização partidária é a chave para a manutenção de um governo representativo, isto é, um sistema político em que os membros da sociedade submetida a um governo escolhem indivíduos para representar seus anseios dentro do jogo político. Essa forma de governo representativo justifica-se diante das dificuldades inerentes a um sistema de decisões diretas, em que a população vota diretamente nas questões de seu governo, já que a realização de frequentes votações absolutas é custosa, demorada e muito pouco prática.
Dessa maneira, as organizações partidárias variam de acordo com o sistema eleitoral ao qual estão submetidas. Noberto Bobbio define um sistema eleitoral como os “procedimentos institucionalizados para atribuição de encargos por parte dos membros de uma organização ou de alguns deles.” De forma mais simples, um sistema eleitoral é a forma como são estipuladas as regras que determinam como os votos de uma eleição atuarão na definição do corpo político que exercerá o poder de um governo legítimo.
 
SISTEMAS MAJORITÁRIOS E PROPORCIONAIS
Podemos identificar duas grandes famílias de sistemas eleitorais: os sistemas majoritários e os proporcionais. Há ainda um terceiro sistema, que se configura pela junção de certas características dessas duas e que é identificado como um sistemaeleitoral misto. Entretanto, neste texto abordaremos apenas os sistemas majoritários e proporcionais.
A diferença básica dos dois principais sistemas eleitorais é que enquanto o sistema majoritário busca garantir a eleição de candidatos que conseguem arrecadar mais votos, o sistema proporcional busca garantir que os cargos sejam distribuídos de forma proporcional em relação à quantidade de votos recebidos pelos concorrentes.
As discussões recentes que foram reacendidas nas propostas da reforma política que se desenrola em nosso sistema político debatem também os méritos e desméritos desses sistemas eleitorais. Aqueles que defendem a adoção de um sistema majoritário pautam-se na tendência ao bipartidarismo ou ao unipartidarismo. A vantagem estaria no maior controle que os eleitores teriam sobre seus representantes, que seriam diretamente escolhidos mediante a contagem absoluta de votos. Aqueles que advogam pelo sistema proporcional entendem que, no Parlamento de uma nação, a diversidade da comunidade que o elegeu deve estar representada. Teoricamente, as eleições proporcionais garantiriam que minorias conquistassem representação mesmo com uma quantidade pequena de votos.
DIVISÕES DOS SISTEMA MAJORITÁRIO
O sistema eleitoral majoritário é utilizado em nosso país na definição de cargos do Poder Executivo (presidente, governador e prefeito) e para os cargos do Senado Federal. Existem as classificações de sistema majoritário por maioria simples, dois turnos (que é o caso das eleições para o Executivo no Brasil) ou voto alternativo.
Pela maioria simples, mais conhecido em nosso meio como “voto distrital” ou “distritão”, a contagem de votos é feita e o candidato que alcança a maioria absoluta de votos é eleito. Esse é o sistema utilizado no Reino Unido, para a eleição de deputados, e em inúmeros outros países, como os Estados Unidos, o Canadá e a Índia.
A organização das eleições nesse sistema é feita a partir da divisão de distritos eleitorais com um número semelhante de eleitores. Na Inglaterra, por exemplo, o território é dividido em 659 distritos eleitorais, cada um com aproximadamente 69 mil eleitores. Cada um desses distritos deve eleger um representante, e cada partido apresenta apenas um candidato por distrito. O candidato mais votado de cada distrito é eleito. O sistema majoritário em dois turnos considera um percentual mínimo a ser alcançado, geralmente acima de 50% do total de votos, pelo candidato mais votado. Se esse candidato não conseguir alcançar o número de votos no primeiro turno, disputará um segundo turno com o segundo candidato mais votado. Uma das vantagens desse tipo de sistema eleitoral é que ele garante que os candidatos sejam eleitos com número de votos expressivos, o que garante maior legitimidade ao seu mandato. Outra vantagem é que os partidos extremistas tendem a ter maiores dificuldades em conseguir representação, já que dificilmente conseguem forjar alianças com partidos mais moderados. Um partido de extrema-direita, por exemplo, teria maior dificuldade em angariar apoio dos demais partidos de posição política mais branda. No sistema majoritário com voto alternativo, o eleitor vota em mais de um candidato, construindo uma ordem de importância, de forma que caso seu candidato preferido não consiga ter votos expressivos, para que aquele voto não seja desperdiçado, ele é transferido para o segundo candidato ordenado na lista do eleitor. Esse é o sistema usado para a eleição de deputados na Austrália desde 1918.
DIVISÕES DO SISTEMA PROPORCIONAL
Os sistemas proporcionais baseiam-se na preocupação em relação à representatividade da sociedade dentro de um Parlamento. Seus defensores argumentam que as diferentes opiniões que tenham força expressiva no meio social devem também ser representadas no cenário político. Assim sendo, o Poder Legislativo deve ser um espelho da sociedade que encabeça.
A obra do jurista Thomas Hare, em seu livro publicado em 1859 de nome “Tratando sobre eleição de representantes parlamentar e municipal”, foi uma das principais inspirações para a construção dos sistemas proporcionais de representação. A ideia também foi fortemente defendida por Stuart Mills em sua obra “O governo representativo”, que defendia que a representação deveria alcançar também os anseios individuais dos eleitores, e não apenas os comuns ou os que são levantados por partidos.
O objetivo da fórmula proporcional é garantir que as cadeiras de um Parlamento sejam distribuídas proporcionalmente à porcentagem de votos que cada partido conseguiu angariar. Dessa forma, se um partido consegue arrecadar 30% dos votos totais, teoricamente, ele deve receber 30% dos cargos que disputa.
Para ficar mais claro, vamos imaginar que teremos uma eleição pelo sistema proporcional em que utilizaremos uma fórmula eleitoral bastante simplificada. Cada partido receberá uma quantidade de cadeiras de acordo com a porcentagem direta de votos que conquistou. Nessa eleição imaginária, temos três partidos, “A”, “B” e “C”, que disputaram 10 cadeiras de um Parlamento. Digamos ainda que o partido “A” conseguiu conquistar 50% dos votos válidos, o que proporcionalmente lhe garante cinco das dez cadeiras em disputa. Já o partido B conseguiu angariar votos suficientes para conquistar 30% dos votos e obteve três cadeiras. O partido C, por sua vez, conseguiu apenas 20% dos votos, recebendo as duas últimas cadeiras. A partir dessa distribuição, os cargos passam a ser distribuídos de acordo com a quantidade de votos de cada candidato dentro do partido. Tendo chegado a esse resultado, vamos supor que o candidato João do partido “A” recebeu 10.000 votos; Maria, a segunda mais votada, recebeu 5000 votos; Pedro recebeu 4000 votos; Joana, 3000 votos e Marcelo, 1000 votos. Como esses foram os cinco candidatos mais votados dentro do partido, eles receberiam as cinco cadeiras destinadas ao partido “A”. A distribuição seria feita da mesma forma nos demais partidos até que todas as cadeiras fossem ocupadas.
VOTO ÚNICO TRANSFERÍVEL E O SISTEMA DE LISTAS
Existem dois tipos distintos de representação proporcional: o voto único transferível e o sistema de listas. O voto único transferível assemelha-se ao voto alternativo do sistema majoritário. O eleitor vota em vários candidatos e constrói uma lista com uma ordem de importância. Nesse sistema, os distritos eleitorais são definidos a partir de uma média de eleitores, que podem eleger três, quatro ou cinco representantes. A apuração de votos é feita a partir de uma quota definida pelo cálculo de votos/cadeira+1 (quantidade de votos dividida pela quantidade de cadeiras mais um) em cada distrito. O candidato que ultrapassa a quota é considerado eleito e os votos que excedem são redistribuídos pela ordem de importância determinada pelo eleitor.
O sistema eleitoral proporcional por lista baseia-se na construção de uma lista de candidatos feita por cada partido, ou coligação, que concorre a uma eleição. Os eleitores votam na lista do partido que desejam. A partir da votação, as cadeiras são distribuídas proporcionalmente à quantidade de votos que cada lista conseguiu angariar, à quantidade total de votos e à quantidade de cargos disponíveis, sendo eleitos em ordem os nomes que foram listados a partir da quantidade de cadeiras que a lista conseguiu conquistar. Existem ainda diferenciações nas regras de construção das listas dos candidatos: a lista fechada, a lista aberta e a lista flexível.
LISTA FECHADA, ABERTA E FLEXÍVEL 
No sistema da lista fechada, os partidos definem o ordenamento dos candidatos antes das eleições. O eleitor vota na lista de candidatos que mais lhe agrada sem expressar preferência por um candidato específico da lista. O regime de lista fechada pode ser tanto proporcional – os votos recebidos são distribuídos entre os candidatos de cada partido em uma ordem determinada pelos próprios partidos – quanto distrital – o partido que tem mais votos elege seus candidatos para todos os cargos em disputa. No caso do sistema de lista aberta, que é o que utilizamos em nosso país na definiçãodo Parlamento, os eleitores detêm maior capacidade de definição dos candidatos. Cada partido apresenta uma lista de candidatos, sem nenhuma ordem específica, e os eleitores votam diretamente nos nomes da lista que lhes interessam. Os votos são contabilizados e usados para definir a quantidade de cargos que cada partido deverá receber, e os cargos são distribuídos de forma proporcional à quantidade de votos que cada partido recebeu.
Após a distribuição das cadeiras para os partidos, elas serão ocupadas pelos candidatos de acordo com a quantidade de votos que receberam diretamente, ou seja, a distribuição de cadeiras é feita a partir da comparação da quantidade de votos entre os candidatos do mesmo partido ou coligação. Dessa forma, os mais votados tomam posse dos cargos atribuídos aos seus partidos de maneira sucessiva até que não sobre nenhuma cadeira. Por último, no sistema de lista flexível, o eleitor tem a possibilidade de interferir no ordenamento dos candidatos nas listas feitas pelos partidos antes das eleições. Se a lista formada ao final for de seu agrado, o eleitor pode votar na lista. Caso contrário, é possível indicar candidatos preferidos de duas formas: assinalando o nome do candidato na lista no ato do voto ou reordenando a lista segundo suas preferências. O sistema eleitoral utilizado na Bélgica é um exemplo de lista flexível. Os eleitores podem assinalar sua preferência por um partido ou por um candidato. Os votos depositados no partido são então distribuídos progressivamente para o primeiro nome mais votado da lista. O objetivo é que os candidatos ultrapassem a quota de votos estabelecida como meta a ser alcançada para que consigam ocupar as cadeiras. O cálculo dessa quota é feito a partir da divisão do total de votos recebidos pelo partido pelo número de cadeiras conquistadas mais 1 (q=v/c+1). Após o primeiro nome alcançar a quota, o restante dos votos é transferido para o segundo nome mais votado até que esse também alcance a quota e assim sucessivamente até que se esgotem os votos depositados no partido. 
CRÍTICAS AO SISTEMA PROPORCIONAL
Um dos problemas levantados em relação à forma de representação proporcional é de que ela tende a produzir maior fragmentação parlamentar. Nos governos em que as eleições são feitas de forma proporcional, existe uma grande quantidade de partidos, o que torna difícil o surgimento de partidos com maioria absoluta.
Nesse cenário, os partidos de governo são forçados a fazer alianças pós-eleitorais com os demais partidos para que consigam a força necessária para manter suas pautas de governo. Essas alianças podem afastar o governo eleito de suas metas originais. Nesse caso, um partido de esquerda que governa uma nação de posição majoritariamente liberal, por exemplo, por não ter apoio suficiente para aprovar as medidas que deseja, acaba por aceitar reduzir a intensidade de suas medidas para que consiga obter parte do apoio de um partido conservador para que suas políticas sejam aprovadas. Outro grande problema apontado é que nem sempre os candidatos que recebem maior quantidade de votos são os que tomam posse. Em virtude da distribuição de cargos de acordo com a quantidade de votos angariados por uma coligação ou partido, existe a tendência de que as menores coligações recebam menor quantidade de cadeiras por conseguirem menor quantidade de votos totais. Isso quer dizer que mesmo que um candidato de um partido pequeno consiga quantidade expressiva de votos, o cargo acaba sendo ocupado por um candidato menos votado que se encontra em uma grande coligação que conseguiu grande quantidade de cadeiras na distribuição por partidos. A discussão acerca da escolha por lista aberta ou lista fechada diz respeito à forma como as candidaturas de um dado partido para o Legislativo serão lançadas nas eleições. Esse aspecto do processo eleitoral influencia não apenas no andamento das eleições, mas em toda a dinâmica política.
PODER CONSTITUINTE
A noção de supremacia da Carta Maior frente às outras normas jurídicas decorre de sua gênese, embasado em um poder fundador e instituidor dos demais poderes, nascendo daí seu epíteto, poder constituinte. O poder constituinte pode ser analisado em uma dupla perspectiva, qual seja: originário e reformador, o primeiro trata-se do poder elaborar as cartas constitucionais, o segundo tem como atribuição a reforma das constituições, como objetivo de adequá-las ao contexto social e político vigente.  As normas confeccionadas pelo poder constituinte – seja o originário ou reformador – estão insertas em um corpo normativo, à Constituição, situado em uma posição de primazia às demais normas do ordenamento jurídico.
ESBOÇO HISTÓRICO
A análise do Poder Constituinte, nos traços que hodiernamente se conhece, remete-se indispensavelmente, ao movimento constitucionalista do Século XVIII, que teve como foco a real participação dos cidadãos na formação de Um Estado Democrático de Direito. Gerado nos estudos do abade francês Joseph Sieyés, o Poder Constituinte, é fundamentalmente um poder de características políticas e filosóficas, vez que funda a disposição constitucional que irá gerenciar a vida de certa nação. 
CONCEITO DE PODER CONSTITUINTE 
Os conceitos formulados pelo os doutrinadores brasileiros são análogos e seu objeto evoca a formação de uma Carta Constitucional. Vejamos o que dizem os grandes doutrinadores do tema: CANOTILHO diz que: “o poder constituinte, como próprio nome indica, visa constituir, criar, positivar normas jurídicas de valor constitucional”. MALUF afirma o seguinte: “o poder constituinte é uma função da soberania nacional. É o poder de constituir e reconstituir ou reformular a ordem jurídica estatal”. Para BONAVIDES o poder constituinte é “um poder político, um poder de fato, um poder que não se analisa em termos jurídicos formais e cuja existência e ação independem de configuração jurídica”. O poder constituinte não se subordina a qualquer outro, possui sua própria natureza, é absolutamente livre, se expressando do modo que lhe convier, se funda sobre si mesmo, precisamente por ser antecedente ao ordenamento jurídico e consequentemente aos poderes constituídos. Resta demonstrado homogeneidade doutrinária acerca da conceituação do Poder Constituinte.
TITULAR DO PODER CONSTITUINTE
Para Emmanuel Joseph Sieyés o titular do Poder Constituinte é a nação vez que a titularidade do Poder coaduna-se a concepção de soberania do Estado que através da atividade do poder constituinte originário estabelecerá sua formação essencial pela carta constitucional, que será necessariamente superior aos poderes constituídos, do modo que todas as atitudes dos poderes compostos unicamente alcançará a inteira validade se sujeitar-se à Carta Magna. Emmanuel Joseph Sieyés (1784-1836) é o autor da obra Qu’est-ce que le tiers État?, que em uma tradução livre, significa o que é o terceiro Estado?, real manifesto da Insurreição Francesa, no qual exibe as exigências da burguesia, conceituando-a como a nação e por conseguinte, titular do poder constituinte, onde a titularidade do Poder estava relacionado à soberania do Estado, vez que mediante a atividade do constituinte de primeiro grau a organização da estrutura estatal era estabelecida, de maneira que toda expressão advinda dos poderes constituídos eram mero reflexo do poder constituinte de originário. Hodiernamente, é dominante na doutrina brasileira que a titularidade do Poder Constituinte concerne ao povo, pois o Estado emana da soberania popular, cujo conceito é mais amplo do que o de Nação, assim, os anseios constituintes na verdade são aspirações populares propagadas por meio de seus representantes. A doutrina contemporânea afirma ainda que o Poder Constituinte originou-se do advento das Constituições escritas, com a finalidade de limitar o poder do Estado e preservar os direitos e garantias individuais. MELLO legitimando este ponto de vista, ensina que as “Assembleias Constituintes não titularizam o Poder Constituinte. São apenas órgãos aos quais se atribui, por delegação popular, o exercíciodessa magna prerrogativa”. A Carta Magna de 1988 no seu art. 1º afirma ser o povo o detentor da soberania, onde todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.  O povo reconhecidamente é titular do Poder Constituinte, mas a ele não cabe o exercício direto do mesmo, havendo uma titularidade passiva, ao qual se atribui uma vontade constituinte que é sempre executada por um pequeno grupo social. Assim há distinção do titular do Poder Constituinte daquele que o exerce, onde o titular é necessariamente o povo e o exercente aquele que, em nome do povo, constrói o Estado, editando e reformando a carta constitucional.
TIPOS DE PODER CONSTITUINTE
Pacificamente, a doutrina admite duas espécies de poder constituinte denominados de originário e reformador. O poder constituinte originário é o poder de elaborar uma carta constitucional, já o poder reformador é utilizado para alterar formalmente uma Constituição existente. Essas duas formas de poder constituintes serão melhores ponderadas adiante. Somadas a essas duas formas tradicionais de poder constituinte, doutrinas contemporâneas acolhem a existência de mais duas espécies de poder constituinte, quais sejam: o poder difuso e o poder constituinte supranacional. O Poder constituinte difuso é manifestado mediante as chamadas mutações constitucionais, que podem ser concebidas como mudanças interpretativas no texto da Constituição, sem que haja uma alteração em sua estrutura formal. A norma expressa conservar-se com a mesma escrita, alterando apenas a sua acepção interpretativa, onde é adotada uma nova interpretação ao texto constitucional O poder constituinte supranacional basea-se na ideia de cidadania universal, na qual há uma maior relativização no princípio da soberania estatal, onde as Constituições assentem ao direito comunitário, tornando-se Textos Constitucionais supranacionais, globalizando o direito constitucional e acolhendo em especial, a influência do Direito Internacional dos Direitos Humanos. 
PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO
O Poder constituinte originário, genuíno ou de 1ºgrau instaura novo agrupamento social e político, com fulcro de organizar e conceber poderes com fins de reger os anseios de uma sociedade. Teoricamente ele é percebido como uma manifestação soberana da máxima aspiração política de um povo, social e juridicamente aparelhado. A inteligência de um Poder Constituinte é amparo racional de que há um documento legal súpero ao resto do ordenamento jurídico, que em princípio não poder ser alterado pelos poderes estabelecidos, já que ele é fonte de autoridade e soberania destes. É o poder que tem como razão de existência o início de uma nova ordem jurídica, seja pelo o nascimento de um Estado, por exemplo, como ocorreu com os Estados Unidos da América em 1776, ou porque uma Constituição é abandonada em detrimento de outra, como no caso da República Federativa do Brasil de 1988, esta pode ser realizada por diversas formas, tais como: democrática, revolucionária e por golpe de Estado. O poder constituinte de primeiro grau é a legitimação de uma nova forma de Poder, assentado na concepção de soberania nacional e popular, conferindo expressão jurídica às estes termos, imbuídos de filosofia iluminista e do pensamento mecanicista, historicista e antiautoritário das razões francesas. Esta espécie de poder se traduz incessantemente como um atributo de força, legitimação com competência de garantir, criar ou destruir uma constituição de um determinado Estado, alterando a sua estrutura e informando novos valores a nação.  Como dito a idealização da teoria do Poder Constituinte surge na Insurreição Francesa de 1789 a partir da obra “o panfleto "Qu’est-ce que le tiers état?", significando em português “O que é o terceiro Estado”, do abade Emmanuel Joseph Sieyès. Este autor utiliza-se de fundamentos da doutrina do contrato social, vislumbrando a existência de um poder inerente à nação, preponderante aos poderes ordinariamente compostos e por eles inalteráveis: o Poder Constituinte. O objetivo era a legitimação e a ascensão do Terceiro Estado ao poder político, esta obra delineou as linhas mestras da Teoria do Poder Constituinte, relevante tema de estudo do Direito Constitucional. 
CARACTERÍSTICAS DO PODER CONSTITUINTE
Na teoria de Sieyes o Poder Constituinte originário tem como características ser inicial, autônomo e omnipotente. Inicial porque não há anterior a ele nenhum outro poder, situando-se nele por primazia o desejo da vontade soberana. É um poder autônomo, pois é o único capacitado a deliberar o modo e o tempo da nova Constituição e Omnipotente porque não encontra-se subordinado a nenhuma forma ou comando. 
Destaca-se, ainda que o Poder Constituinte é imperecível, vez que não desparece com a consumação de sua obra, ou seja, com a criação de uma nova Constituição. Sieyés, ao tratar sobre o tema, diz que “o Poder Constituinte não esgota sua titularidade, que permanece latente, manifestando-se novamente mediante uma nova Assembleia Nacional Constituinte ou um ato revolucionário”.
 
FORMAS DE EXPERSSAO DO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO
Não existe procedimento determinado pelo qual se apresenta o poder constituinte originário, uma vez que tem como características ser incondicionado e ilimitado. Analisando historicamente a constituição de diversos países, há a possibilidade de assinalar duas formas básicas de expressão do poder constituinte originário, qual seja: Assembleia Nacional Constituinte e o Movimento Revolucionário, também chamado de outorga.
A Assembleia Constituinte é um mecanismo gerado dentro da ordem política e institucional de um Estado, munido de plenos poderes, para propor uma alteração ou a concepção de uma nova carta constitucional. Comumente, ela é composta a partir da escolha de representantes exclusivos para este fim e é dissolvida quando finda seus trabalhos. Em algumas nações, é comum que um referendo homologue a Constituição sugerida.
No Brasil, a última Assembleia Constituinte instaurada foi justamente a que apresentou o texto da Constituição Federal de 1988, que vigora até hoje.
O outro procedimento é a outorga, este de processo mais simples, pois, o agente simplesmente promulga a nova constituição, à qual o povo dá eficácia por aceitação tácita, cumprindo-a. Como exemplo podemos citar a Constituição Política do Império do Brasil, outorgada por uma Carta Régia do Imperador Dom Pedro I, em 25 de março de 1824.
PODER CONSTITUINTE DERIVADO
O poder constituinte de reforma é um poder secundário ou derivado, advindo do poder constituinte originário que regula o procedimento a ser empregado e os limites a serem vigiados, diferindo-se daquele por não ser inicial, nem incondicionado, nem ilimitado. Como dito acima, as normas originadas do Poder Constituinte regulam um corpo normativo situado em uma posição privilegiada em relação aos demais preceito jurídicos de uma nação, dividindo-o em originário e reformador. O Poder reformador nasceria do originário e teria como função precípua alterar o texto da constituição, sendo suas características substanciais a limitação material de reforma e a condicionalidade, pois se não existissem limiares, não haveria distinção entre o Poder criador e o revisor. 
CONCEITO DO PODER CONSTITUINTE DERIVADO 
O poder constituinte de reforma pode ser conceituado como um poder instituído pelo originário que visa modificar a Carta Constitucional, objetivando adapta-la as transformações sucedidas no campo social de um determinado Estado Soberano, amoldando-a as mutáveis exigências sociais, podendo essa reparação compreender uma adição, exclusão ou alteração de frações do conteúdo constitucional.  Por determinação do Poder de reforma nascem as normas constitucionais, não obstante a elaboração desse corpo normativo não efluir diretamente da soberania popular, mas indiretamente, tal como ocorre na produção das normas jurídicas secundárias. A expressão competência reformadora, aquela capaz de modificar a Constituição, parece o modo maisadequado de denominar a possibilidade de alterar parcialmente a Constituição, utilizando o termo Poder Constituinte apenas quando tratar de criação de uma nova lei maior. A concepção dominante na doutrina é que o poder constituinte reformador possui natureza jurídica, pois ele é um poder de direito, apenas manifestando a atividade de uma competência reformadora, e não político ou de fato, tal como ocorre com o poder constituinte originário.
CARACTERÍSTICAS 
O poder constituinte reformador não esboça as mesmas particularidades do Poder constituinte originário, pois um advém do outro, daí se arrebata a sua exordial característica, qual seja, a derivação, já que ele se origina de outro poder que é estabelecido na própria constituição, além de descender, ele é também subordinado ao Poder constituinte que o criou, existindo uma série de limites que podem ser explícitos, quando aparecem no texto constituinte, e implícitos, já que não constam expressamente na constituição.
A doutrina tem o hábito de diferenciar a titularidade do exercício do Poder Constituinte, sendo entendimento majoritário que a primeira é pertencente ao povo, ou seja, os anseios do constituinte é a vontade do povo, que apresenta-se por meio de seus representantes legais. No Brasil, a atribuição para exercício do poder constituinte reformador predito pela Constituição Federal de 1988 compete aos membros do Congresso Nacional, na figura dos deputados federais e senadores devidamente eleitos, que efetuam função legislativa proveniente do Poder legislativo e extraordinariamente idem exercem a função reformadora que advém do poder constituinte derivado. Maior parte da doutrina afirma que a reforma constitucional é um procedimento técnico de alteração constitucional, sendo ela tida como gênero do qual são espécies a revisão constitucional e a emenda. A emenda constitucional é uma modificação da constituição de um Estado, resultando em mudanças pontuais do texto constitucional, advindos de um processo legislativo rígido previsto na própria Carta Magna. Já a revisão é ampla alteração da redação do texto constitucional, destinando-se ao processo de transformações constitucionais pelos procedimentos e conformação as demarcações estabelecidas na Magna Carta. 
RESTRIÇÕES
O direito positivo comporta uma série de restrições ao Poder Constituinte de Reforma, integralmente prenunciados pelo ordenamento jurídico vigente, que podem ser classificados em uma pluralidade de classificações a depender da via de penetração na estrutura constitucional. Uma primeira esfera de restrições são as internas, também conhecidas como autônomas, que procedem da própria carta magna e que estabelecem divisas intransponíveis ao Poder Constituinte. 
Segundo SILVA, as limitações impostas ao poder reformador são de três espécies: Temporais, circunstanciais e materiais (explícitas ou implícitas). As primeiras, temporais, que impõe um lapso temporal para que haja a reforma do texto constitucional (daquilo que pode ser reformado pelo poder constituinte derivado, obviamente), não são comuns na história do Direito Constitucional brasileiro, tendo o seu único registro na Constituição do Império, de 1824. As limitações circunstanciais são aquelas impostas para garantir a segurança institucional quanto ao momento da reforma do texto constitucional em virtude de algumas conjunturas especificas presentes no Estado quando da tramitação do processo de emenda.Os limites circunstanciais existem para impedir reformas ao texto constitucional em momentos de adversidades institucionais, em razão do ambiente em que se instaura nessas situações impróprias como no estado de guerra, de sitio ou outro momento que possa limitar direitos e garantias fundamentais.E a última e mais importante das limitações para o nosso estudo é a material, que subdivide-se em limitações materiais implícitas e explicitas.  Os limites materiais explícitos são aqueles insertos em dispositivos da Constituição que obstam a competência do poder revisor ou reformador. Essas cláusulas, quanto a abrangência, podem ser comuns ou específicas de determinados princípios, e, quanto ao conteúdo podem envolver qualquer matéria constitucional. Em nossa lei maior, podemos identificar como limites explícitos ao poder de reformar, as cláusulas pétreas, que estão previstas no seu art. 60. Os limites implícitos são aqueles insertos e identificados ao longo da Constituição e decorrem de princípios, do regime e da forma de governo adotado, também denominada de cláusulas pétreas implícitas.  BONAVIDES (2001, Pag 178) ao tratar sobre a matéria, assevera que: tais limitações: São basicamente aquelas que se referem a extensão da reforma, á modificação do processo mesmo de revisão e a uma eventual substituição do poder constituinte derivado pelo poder constituinte originário.  SILVA demonstra os limites materiais implícitos, com base em Nelson de Souza Sampaio, nos seguintes trechos de sua obra:, onde diz: As concernentes ao titular do poder constituinte, pois uma reforma constitucional não pode mudar o titular do poder que cria o próprio poder reformador; as referentes ao titular do poder reformador, pois seria despautério que o legislador ordinário estabelecesse novo titular de um poder derivado só da vontade do constituinte originário; as relativas ao processo da própria emenda, distinguindo-se quanto à natureza da reforma, para admiti-la quando se tratar de tornar mais difícil seu processo, não aceitando quando vise atenuá-lo. Se a reforma da Constituição tem por fim renovar a própria Constituição é de compreender que a identidade basilar do texto deve ser protegida, o que, por si, já exprime um limite a atividade reformadora. O próprio constituinte originário indica os princípios que não comporta alterações, como forma de sustentar a unidade do texto constitucional.  Os limites, não têm força para impedir alterações do texto por meios revolucionários, mas, se, com insubordinação a essas fronteiras, impõe-se a mudança da Constituição, retira-se do procedimento a legalidade. Em todo o caso adverte SAMPAIO (1995, Pag 66), que “Cumpre evitar uma rigidez tão acentuada que seja um convite às revoluções, ou uma elasticidade tão exagerada que desvaneça a ideia de segurança do regime sob que se vive”.  Os limites, não devem ser compreendidos de modo a fomentar uma possível impossibilidade de alteração do texto Constitucional.
CLÁUSULAS PÉTRAS
A cerca das cláusulas pétreas aglutinasse três correntes doutrinárias, as que confrontam a sua legitimidade e eficácia jurídica, as que admitem restrições, mas as tem como relativa alimentando a sua remoção pelo mecanismo da dupla revisão e as que aceitam a limitação material e a tem como indispensável e necessária. A altercação dos que defendem ser juridicamente incabíveis as cláusulas pétreas (Loewenstein e Joseph Barthélemy) afeiçoam-se ao raciocínio de que não haveria distinção substancial entre o poder constituinte de revisão e o originário, sendo ambas formas de manifestação da soberania estatal. Ambos são executados em um regime democrático, por representantes eleitos pelo povo. Não haveria por que conceber o poder constituinte exercido num dado momento como superior à vontade do poder de revisão manifesto posteriormente, seria incongruente supor a existência de uma limitação das aspirações vigentes á época pelo constituinte originário. A enunciação de intangibilidade, por isso, teria uma incumbência política, mas não força jurídica. Outros depreendem que as normas que obstam a revisão de determinadas disposições básicas são juridicamente vinculantes, mas não seriam elas próprias inatingíveis á modificações e à supressão. Se forem extintas, abre-se curso para, em seguida, serem abortados os princípios petrificados, a esse procedimento denomina-se de dupla revisão. MENDES (2014, Pag 129) ao abordar o tema diz que: Aceita-se que o poder constituinte originário estabeleça que certas cláusulas estejam ao abrigo de mudanças, mas se propõe que essa determinação somente deverá ser observada enquanto ela própriaestiver em vigor, podendo ser revogada pelo poder de revisão. O sentido básico do estabelecimento de limites materiais seria, assim, o de aumentar a estabilidade de certas opções do constituinte originário, assegurar-lhe maior sobrevida, por meio do agravamento do processo da sua substituição. A razão dos que têm a limitação como absolutamente vinculante e indispensável ao ordenamento jurídico parte da inferência de que o poder de revisão, estruturado pelo o constituinte originário, deve se limitar as condições estabelecidas pela a Constituição.  Assinalasse que a revisão constitucional encara a lógica da Constituição e que a mesma não poderá se desgarrar do núcleo essencial dos princípios que a inspiraram e que lhe dão unidade, pois se assim ocorresse existiria um desvio de poder. Lembrando que a finalidade do poder de reforma não é construir uma nova Constituição, mas harmoniza-la conservando a sua identidade aos novos contextos. Se o poder de reforma se alforriasse por completo da Constituição que o originou, teríamos uma nova Constituição que usurparia a condição de poder constituinte originário. SCHMITT já tratava há muito sobre tema, afirmando o seguinte: Uma faculdade de ‘reformar a Constituição’, atribuída por uma normação legal-constitucional, significa que uma ou várias regulações legais-constitucionais podem ser substituídas, mas apenas no pressuposto de que permaneçam garantidas a identidade e a continuidade da Constituição, considerada como um todo”  Pondera-se, ainda, em desfavor dos argumentos da dupla revisão, que só faz sentido professar imutáveis determinadas normas se a competente declaração de imutabilidade igualmente o for. Ao contrário sensu, frustrar-se-ia os desígnios do constituinte originário. As cláusulas pétreas, garantem a imutabilidade de certos valores e preservam a identidade perquirida pelo constituinte originário, participando elas da essência inabalável da Constituição. Abolir as cláusulas pétreas é enfraquecer os princípios básicos essenciais projetados pelo o poder constituinte originário.
Prevalece, no Brasil, a inteligência propugnada pela última das correntes adiante estudada.
FINALIDADE DAS CLÁSULAS PÉTREAS
A finalidade da existência das cláusulas pétreas é obstar uma possível erosão da Constituição, e mais, não apenas existe para remediar situação de aniquilamento da Carta, ela detém a missão de tolher mera tentativa de suprimir o seu projeto básico. Almeja-se evitar que a sedução de apelos próprios de determinando momento político, como por exemplo, a proposta de emenda à constituição 33/2011, que visa o controle externo do judiciário pelo legislativo. 
A cláusula pétrea não tem por intento resguardar o texto de uma norma constitucional, ostenta, antes, a acepção mais profunda de impedir a ruptura com princípios e arcabouços essenciais da Carta Constitucional. Nesse sentido, MIRANDA (1988, Pag 155) lembra “que a cláusula pétrea não tem por escopo proteger dispositivos constitucionais, mas os princípios neles modelados”. 
CONCLUSÃO
O poder constituinte como exposto acima é verdadeira forma de manifestação política e soberana de um Estado. È através dele que se forma e organiza um Estado soberano e fomenta-se a sua estruturação. Lesar o Poder Constituinte originário mediante Poder Constituinte derivado é uma afronta as clausulas pétreas que são os institutos garantidores dos ideais de um povo.

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