Buscar

ATIVIDADE 04 - OK

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
Atividades 04 
 
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES: 
Leia o trecho do conto “Pai contra mãe”, de Machado de Assis 
(1839-1908), para responder à(s) questão(ões). 
 
A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, como terá 
sucedido a outras instituições sociais. Não cito alguns aparelhos 
senão por se ligarem a certo ofício. Um deles era o ferro ao pescoço, 
outro o ferro ao pé; havia também a máscara de folha de flandres. A 
máscara fazia perder o vício da embriaguez aos escravos, por lhes 
tapar a boca. Tinha só três buracos, dois para ver, um para respirar, 
e era fechada atrás da cabeça por um cadeado. Com o vício de beber, 
perdiam a tentação de furtar, porque geralmente era dos vinténs do 
senhor que eles tiravam com que matar a sede, e aí ficavam dois 
pecados extintos, e a sobriedade e a honestidade certas. Era 
grotesca tal máscara, mas a ordem social e humana nem sempre se 
alcança sem o grotesco, e alguma vez o cruel. Os funileiros as tinham 
penduradas, à venda, na porta das lojas. Mas não cuidemos de 
máscaras. 
O ferro ao pescoço era aplicado aos escravos fujões. 
Imaginai uma coleira grossa, com a haste grossa também, à direita 
ou à esquerda, até ao alto da cabeça e fechada atrás com chave. 
Pesava, naturalmente, mas era menos castigo que sinal. Escravo que 
fugia assim, onde quer que andasse, mostrava um reincidente, e com 
pouco era pegado. 
Há meio século, os escravos fugiam com frequência. Eram 
muitos, e nem todos gostavam da escravidão. Sucedia 
ocasionalmente apanharem pancada, e nem todos gostavam de 
apanhar pancada. Grande parte era apenas repreendida; havia 
alguém de casa que servia de padrinho, e o mesmo dono não era 
mau; além disso, o sentimento da propriedade moderava a ação, 
porque dinheiro também dói. A fuga repetia-se, entretanto. Casos 
houve, ainda que raros, em que o escravo de contrabando, apenas 
comprado no Valongo, deitava a correr, sem conhecer as ruas da 
cidade. Dos que seguiam para casa, não raro, apenas ladinos, pediam 
ao senhor que lhes marcasse aluguel, e iam ganhá-lo fora, 
quitandando. 
Quem perdia um escravo por fuga dava algum dinheiro a 
quem lho levasse. Punha anúncios nas folhas públicas, com os sinais 
do fugido, o nome, a roupa, o defeito físico, se o tinha, o bairro por 
onde andava e a quantia de gratificação. Quando não vinha a 
quantia, vinha promessa: “gratificar-se-á generosamente” – ou 
“receberá uma boa gratificação”. Muita vez o anúncio trazia em cima 
ou ao lado uma vinheta, figura de preto, descalço, correndo, vara ao 
ombro, e na ponta uma trouxa. Protestava-se com todo o rigor da lei 
contra quem o acoitasse. 
Ora, pegar escravos fugidios era um ofício do tempo. Não 
seria nobre, mas por ser instrumento da força com que se mantêm a 
lei e a propriedade, trazia esta outra nobreza implícita das ações 
reivindicadoras. Ninguém se metia em tal ofício por desfastio ou 
estudo; a pobreza, a necessidade de uma achega, a inaptidão para 
outros trabalhos, o acaso, e alguma vez o gosto de servir também, 
ainda que por outra via, davam o impulso ao homem que se sentia 
bastante rijo para pôr ordem à desordem. 
 
(Contos: uma antologia, 1998.) 
 
1. O leitor é figura recorrente e fundamental na prosa machadiana. 
Verifica-se a inclusão do leitor na narrativa no seguinte trecho: 
a) “A fuga repetia-se, entretanto. Casos houve, ainda que raros, em 
que o escravo de contrabando, apenas comprado no Valongo, 
deitava a correr, sem conhecer as ruas da cidade.” (3º parágrafo) 
b) “Quando não vinha a quantia, vinha promessa: ‘gratificar-se-á 
generosamente’ – ou ‘receberá uma boa gratificação’. Muita vez o 
anúncio trazia em cima ou ao lado uma vinheta, figura de preto, 
descalço, correndo, vara ao ombro, e na ponta uma trouxa.” (4º 
parágrafo) 
c) “Não cito alguns aparelhos senão por se ligarem a certo ofício. Um 
deles era o ferro ao pescoço, outro o ferro ao pé; havia também a 
máscara de folha de flandres.” (1º parágrafo) 
d) “O ferro ao pescoço era aplicado aos escravos fujões. Imaginai 
uma coleira grossa, com a haste grossa também, à direita ou à 
esquerda, até ao alto da cabeça e fechada atrás com chave.” (2º 
parágrafo) 
e) “Era grotesca tal máscara, mas a ordem social e humana nem 
sempre se alcança sem o grotesco, e alguma vez o cruel. Os 
funileiros as tinham penduradas, à venda, na porta das lojas.” (1º 
parágrafo) 
 
2. A perspectiva do narrador diante das situações e dos fatos 
relacionados à escravidão é marcada, sobretudo, 
a) pelo saudosismo. 
b) pela indiferença. 
c) pela indignação. 
d) pelo entusiasmo. 
e) pela ironia. 
 
3. Em “o sentimento da propriedade moderava a ação, porque 
dinheiro também dói.” (3º parágrafo), a “ação” a que se refere o 
narrador diz respeito 
a) à fuga dos escravos. 
b) ao contrabando de escravos. 
c) aos castigos físicos aplicados aos escravos. 
d) às repreensões verbais feitas aos escravos. 
e) à emancipação dos escravos. 
 
4. Um dia, meu pai tomou-me pela mão, minha mãe beijou-me a 
testa, molhando-me de lágrimas os cabelos e eu parti. 
Duas vezes fora visitar o Ateneu antes da minha instalação. 
Ateneu era o grande colégio da época. Afamado por um sistema de 
nutrido reclame, mantido por um diretor que de tempos a tempos 
reformava o estabelecimento, pintando-o jeitosamente de novidade, 
como os negociantes que liquidam para recomeçar com artigos de 
última remessa; o Ateneu desde muito tinha consolidado crédito na 
preferência dos pais, sem levar em conta a simpatia da meninada, a 
cercar de aclamações o bombo vistoso dos anúncios. 
O Dr. Aristarco Argolo de Ramos, da conhecida família do Visconde 
de Ramos, do Norte, enchia o império com o seu renome de 
pedagogo. Eram boletins de propaganda pelas províncias, 
conferências em diversos pontos da cidade, a pedidos, à substância, 
atochando a imprensa dos lugarejos, caixões, sobretudo, de livros 
elementares, fabricados às pressas com o ofegante e esbaforido 
concurso de professores prudentemente anônimos, caixões e mais 
caixões de volumes cartonados em Leipzig, inundando as escolas 
públicas de toda a parte com a sua invasão de capas azuis, róseas, 
amarelas, em que o nome de Aristarco, inteiro e sonoro, oferecia-se 
ao pasmo venerador dos esfaimados de alfabeto dos confins da 
pátria. Os lugares que os não procuravam eram um belo dia 
surpreendidos pela enchente, gratuita, espontânea, irresistível! E 
não havia senão aceitar a farinha daquela marca para o pão do 
espírito. 
 
POMPEIA, R. O Ateneu. São Paulo: Scipione, 2005. 
 
Ao descrever o Ateneu e as atitudes de seu diretor, o narrador 
revela um olhar sobre a inserção social do colégio demarcado pela 
a) ideologia mercantil da educação, repercutida nas vaidades 
pessoais. 
b) interferência afetiva das famílias, determinantes no processo 
educacional. 
 
 
 
 2 
 
c) produção pioneira de material didático, responsável pela 
facilitação do ensino. 
d) ampliação do acesso à educação, com a negociação dos custos 
escolares. 
e) cumplicidade entre educadores e famílias, unidos pelo interesse 
comum do avanço social. 
 
5. A pátria 
 
Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste! 
Criança! não verás nenhum país como este! 
Olha que céu! que mar! que rios! que floresta! 
A Natureza, aqui, perpetuamente em festa, 
É um seio de mãe a transbordar carinhos. 
Vê que vida há no chão! vê que vida há nos ninhos, 
Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos! 
Vê que luz, que calor, que multidão de insetos! 
Vê que grande extensão de matas, onde impera, 
Fecunda e luminosa, a eterna primavera! 
Boa terra! jamais negou a quem trabalha 
O pão que mata a fome, o teto que agasalha... 
 
Quem com o seu suor a fecunda e umedece, 
Vê pago o seu esforço, e é feliz, e enriquece! 
 
Criança! não verás país nenhum como este: 
Imita na grandeza a terra em que nasceste! 
 
BILAC, O. Poesias infantis. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1929. 
 
Publicado em 1904, o poema A pátria harmoniza-se comum projeto 
ideológico em construção na Primeira República. O discurso poético 
de Olavo Bilac ecoa esse projeto, na medida em que 
a) a paisagem natural ganha contornos surreais, como o projeto 
brasileiro de grandeza. 
b) a prosperidade individual, como a exuberância da terra, 
independe de políticas de governo. 
c) os valores afetivos atribuídos à família devem ser aplicados 
também aos ícones nacionais. 
d) a capacidade produtiva da terra garante ao país a riqueza que se 
verifica naquele momento. 
e) a valorização do trabalhador passa a integrar o conceito de bem-
estar social experimentado. 
 
6. Talvez pareça excessivo o escrúpulo do Cotrim, a quem não 
souber que ele possuía um caráter ferozmente honrado. Eu mesmo 
fui injusto com ele durante os anos que se seguiram ao inventário de 
meu pai. Reconheço que era um modelo. Arguiam-no de avareza, e 
cuido que tinham razão; mas a avareza é apenas a exageração de 
uma virtude, e as virtudes devem ser como os orçamentos: melhor é 
o saldo que o déficit. Como era muito seco de maneiras, tinha 
inimigos que chegavam a acusá-lo de bárbaro. O único fato alegado 
neste particular era o de mandar com frequência escravos ao 
calabouço, donde eles desciam a escorrer sangue; mas, além de que 
ele só mandava os perversos e os fujões, ocorre que, tendo 
longamente contrabandeado em escravos, habituara-se de certo 
modo ao trato um pouco mais duro que esse gênero de negócio 
requeria, e não se pode honestamente atribuir à índole original de 
um homem o que é puro efeito de relações sociais. A prova de que o 
Cotrim tinha sentimentos pios encontrava-se no seu amor aos filhos, 
e na dor que padeceu quando morreu Sara, dali a alguns meses; 
prova irrefutável, acho eu, e não única. Era tesoureiro de uma 
confraria, e irmão de várias irmandades, e até irmão remido de uma 
destas, o que não se coaduna muito com a reputação da avareza; 
verdade é que o benefício não caíra no chão: a irmandade (de que 
ele fora juiz) mandara-lhe tirar o retrato a óleo. 
 
ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Nova 
Aguilar, 1992. 
 
Obra que inaugura o Realismo na literatura brasileira, Memórias 
póstumas de Brás Cubas condensa uma expressividade que 
caracterizaria o estilo machadiano: a ironia. Descrevendo a moral de 
seu cunhado, Cotrim, o narrador-personagem Brás Cubas refina a 
percepção irônica ao 
a) acusar o cunhado de ser avarento para confessar-se injustiçado 
na divisão da herança paterna. 
b) atribuir a “efeito de relações sociais” a naturalidade, com que 
Cotrim prendia e torturava os escravos. 
c) considerar os “sentimentos pios” demonstrados pelo personagem 
quando da perda da filha Sara. 
d) menosprezar Cotrim por ser tesoureiro de uma confraria e 
membro remido de várias irmandades. 
e) insinuar que o cunhado era um homem vaidoso e egocêntrico, 
contemplado com um retrato a óleo. 
 
7. Mal secreto 
 
Se a cólera que espuma, a dor que mora 
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce, 
Tudo o que punge, tudo o que devora 
O coração, no rosto se estampasse; 
 
Se se pudesse, o espírito que chora, 
Ver através da máscara da face, 
Quanta gente, talvez, que inveja agora 
Nos causa, então piedade nos causasse! 
 
Quanta gente que ri, talvez, consigo 
Guarda um atroz, recôndito inimigo, 
Como invisível chaga cancerosa! 
Quanta gente que ri, talvez existe, 
Cuja ventura única consiste 
Em parecer aos outros venturosa! 
 
CORREIA, R. In: PATRIOTA, M. Para compreender Raimundo Correia. 
Brasília: Alhambra, 1995. 
 
Coerente com a proposta parnasiana de cuidado formal e 
racionalidade na condução temática, o soneto de Raimundo Correia 
reflete sobre a forma como as emoções do indivíduo são julgadas 
em sociedade. Na concepção do eu lírico, esse julgamento revela que 
a) a necessidade de ser socialmente aceito leva o indivíduo a agir de 
forma dissimulada. 
b) o sofrimento íntimo torna-se mais ameno quando compartilhado 
por um grupo social. 
c) a capacidade de perdoar e aceitar as diferenças neutraliza o 
sentimento de inveja. 
d) o instinto de solidariedade conduz o indivíduo a apiedar-se do 
próximo. 
e) a transfiguração da angústia em alegria é um artifício nocivo ao 
convívio social. 
 
8. Abatidos pelo fadinho harmonioso e nostálgico dos desterrados, 
iam todos, até mesmo os brasileiros, se concentrando e caindo em 
tristeza; mas, de repente, o cavaquinho de Porfiro, acompanhado 
pelo violão do Firmo, romperam vibrantemente com um chorado 
baiano. Nada mais que os primeiros acordes da música crioula para 
que o sangue de toda aquela gente despertasse logo, como se 
alguém lhe fustigasse o corpo com urtigas bravas. E seguiram-se 
outras notas, e outras, cada vez mas ardentes e mais delirantes. Já 
não eram dois instrumentos que soavam, eram lúbricos gemidos e 
suspiros soltos em torrente, a correrem serpenteando, como cobras 
numa floresta incendiada; eram ais convulsos, chorados em frenesi 
 
 
 
 3 
 
de amor música feita de beijos e soluços gostosos; carícia de fera, 
carícia de doer, fazendo estala de gozo. 
 
AZEVEDO, A. O cortiço. São Paulo: Ática, 1983 (fragmento). 
 
No romance O Cortiço (1890), de Aluizio Azevedo, as personagens 
são observadas como elementos coletivos caracterizados por 
condicionantes de origem social, sexo e etnia. Na passagem 
transcrita, o confronto entre brasileiros e portugueses revela 
prevalência do elemento brasileiro, pois 
a) destaca o nome de personagens brasileiras e omite o de 
personagens portuguesas. 
b) exalta a força do cenário natural brasileiro e considera o do 
português inexpressivo. 
c) mostra o poder envolvente da música brasileira, que cala o fado 
português. 
d) destaca o sentimentalismo brasileiro, contrário à tristeza dos 
portugueses. 
e) atribui aos brasileiros uma habilidade maior com instrumentos 
musicais. 
 
9. No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica 
sutilmente um outro estilo de época: o romantismo. 
 
"Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era 
talvez a mais atrevida criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais 
voluntariosa. Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, 
entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o 
autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; 
mas também não digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou 
espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia 
daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a outro 
indivíduo, para os fins secretos da criação." 
 
 (ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio 
de Janeiro: Jackson, 1957.) 
 
A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao 
romantismo está transcrita na alternativa: 
a) ... o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e 
espinhas... 
b) era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça... 
c) Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele 
feitiço, precário e eterno, ... 
d) Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos ... 
e) ... o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da 
criação. 
 
10. – Recusei a mão de minha filha, porque o senhor é... filho de 
uma escrava. 
– Eu? 
– O senhor é um homem de cor!... Infelizmente esta é a verdade... 
Raimundo tornou-se lívido. Manoel prosseguiu, no fim de um 
silêncio: 
– Já vê o amigo que não é por mim que lhe recusei Ana Rosa, mas é 
por tudo! A família de minha mulher sempre foi muito escrupulosa a 
esse respeito, e como ela é toda a sociedade do Maranhão! Concordo 
que seja uma asneira; concordo que seja um prejuízo tolo! O senhor 
porém não imagina o que é por cá a prevenção contra os mulatos!... 
Nunca me perdoariam um tal casamento; além do que, para realizá-
lo, teria que quebrar a promessa que fiz a minha sogra, de não dar a 
neta senão a um branco de lei, português ou descendente direto de 
portugueses! 
 
AZEVEDO, A. O mulato.São Paulo: Escala, 2008. 
 
 
Influenciada pelo ideário cientificista do Naturalismo, a obra 
destaca o modo como o mulato era visto pela sociedade de fins do 
século XIX. Nesse trecho, Manoel traduz uma concepção em que a 
a) miscigenação racial desqualificava o indivíduo. 
b) condição econômica anulada os conflitos raciais. 
c) discriminação racial era condenada pela sociedade. 
d) escravidão negava o direito da negra à maternidade. 
e) união entre mestiços era um risco à hegemonia dos brancos. 
 
11. O mulato 
 
 Ana Rosa cresceu; aprendera de cor a gramática do Sotero 
dos Reis; lera alguma coisa; sabia rudimentos de francês e tocava 
modinhas sentimentais ao violão e ao piano. Não era estúpida; tinha 
a intuição perfeita da virtude, um modo bonito, e por vezes 
lamentara não ser mais instruída. Conhecia muitos trabalhos de 
agulha; bordava como poucas, e dispunha de uma gargantazinha de 
contralto que fazia gosto de ouvir. 
 Uma só palavra boiava à superfície dos seus pensamentos: 
“Mulato”. E crescia, crescia, transformando-se em tenebrosa nuvem, 
que escondia todo o seu passado. Ideia parasita, que estrangulava 
todas as outras ideias. 
 – Mulato! 
 Esta só palavra explicava-lhe agora todos os mesquinhos 
escrúpulos, que a sociedade do Maranhão usara para com ele. 
Explicava tudo: a frieza de certas famílias a quem visitara; as 
reticências dos que lhe falavam de seus antepassados; a reserva e a 
cautela dos que, em sua presença, discutiam questões de raça e de 
sangue. 
 
AZEVEDO, A. O Mulato. São Paulo: Ática, 1996 (fragmento). 
 
O texto de Aluísio Azevedo é representativo do Naturalismo, vigente 
no final do século XIX. Nesse fragmento, o narrador expressa 
fidelidade ao discurso naturalista, pois 
a) relaciona a posição social a padrões de comportamento e à 
condição de raça. 
b) apresenta os homens e as mulheres melhores do que eram no 
século XIX. 
c) mostra a pouca cultura feminina e a distribuição de saberes entre 
homens e mulheres. 
d) ilustra os diferentes modos que um indivíduo tinha de ascender 
socialmente. 
e) critica a educação oferecida às mulheres e os maus-tratos 
dispensados aos negros. 
 
12. Os parnasianos brasileiros se distinguem dos românticos pela 
atenuação da subjetividade e do sentimentalismo, pela ausência 
quase completa de interesse político no contexto da obra e pelo 
cuidado da escrita, aspirando a uma expressão de tipo plástico. 
(Antonio Candido. Iniciação à literatura brasileira, 2010. Adaptado.) 
 
A referida “atenuação da subjetividade e do sentimentalismo” está 
bem exemplificada na seguinte estrofe do poeta parnasiano Alberto 
de Oliveira (1859-1937): 
a) Quando em meu peito rebentar-se a fibra, 
Que o espírito enlaça à dor vivente, 
Não derramem por mim nem uma lágrima 
Em pálpebra demente. 
b) Erguido em negro mármor luzidio, 
Portas fechadas, num mistério enorme, 
Numa terra de reis, mudo e sombrio, 
Sono de lendas um palácio dorme. 
c) Eu vi-a e minha alma antes de vê-la 
Sonhara-a linda como agora a vi; 
Nos puros olhos e na face bela, 
Dos meus sonhos a virgem conheci. 
 
 
 
 4 
 
d) Longe da pátria, sob um céu diverso 
Onde o sol como aqui tanto não arde, 
Chorei saudades do meu lar querido 
– Ave sem ninho que suspira à tarde. – 
e) Eu morro qual nas mãos da cozinheira 
O marreco piando na agonia… 
Como o cisne de outrora… que gemendo 
Entre os hinos de amor se enternecia. 
 
13. “Diferentemente do Realismo e do Naturalismo, que se 
voltavam para o exame e para a crítica da realidade, o 
Parnasianismo representou na poesia um retorno ao clássico, com 
todos os seus ingredientes: o princípio do belo na arte, a busca do 
equilíbrio e da perfeição formal. Os parnasianos acreditavam que o 
sentido maior da arte reside nela mesma, em sua perfeição, e não na 
sua relação com o mundo exterior.” 
 
CEREJA; MAGALHÃES, 1999, p. 334. 
 
Sobre o Parnasianismo, assinale a alternativa correta. 
a) Os maiores expoentes do Parnasianismo, na poesia e na prosa, 
ocuparam-se da literatura indianista, na qual exaltavam a 
dignidade do nativo e a beleza superior da paisagem tropical. 
b) Um exemplo de poesia parnasiana é a obra Suspiros poéticos e 
saudade, de Gonçalves de Magalhães, na qual o poeta anuncia a 
revolução literária, libertando-se dos modelos românticos, 
considerados ultrapassados. 
c) Os parnasianos consideravam que certos princípios românticos, 
como a simplicidade da linguagem, valorização da paisagem 
nacional, emprego de sintaxe e vocabulário mais brasileiros, 
sentimentalismo, tudo isso ocultava as verdadeiras qualidades da 
poesia. 
d) Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manoel da Costa exemplificam 
a tendência de uma poesia pura, indiferente às contingências 
históricas, com sátira à mestiçagem e elogio à nobreza local. 
 
14. Quanto à poesia parnasiana, é correto afirmar que se 
caracteriza por 
a) buscar uma linguagem capaz de sugerir a realidade, fazendo, para 
tanto, uso de símbolos, imagens, metáforas, sinestesias, além de 
recursos sonoros e cromáticos, tudo com a finalidade de exprimir 
o mundo interior, intuitivo, antilógico e antirracional. 
b) cultivar o desprezo pela vida urbana, ressaltando o gosto pela 
paisagem campestre; elevar o Ideal de uma vida simples, 
integrada à natureza; conter nos poemas elementos da cultura 
greco-latina; apresentar equilíbrio espiritual, racionalismo. 
c) apresentar interesse por temas religiosos, refletindo o conflito 
espiritual, a morbidez como forma de acentuar o sentido trágico 
da vida, além do emprego constante de figuras de linguagem e de 
termos requintados. 
d) possuir subjetivismo, egocentrismo e sentimentalismo, 
ampliando a experiência da sondagem Interior e preparando o 
terreno para investigação psicológica. 
e) pretender ser universal, utilizando-se de uma linguagem objetiva, 
que busca a contenção dos sentimentos e a perfeição formal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 5 
 
Gabarito 
1. D 
2. E 
3. C 
4. A 
5. B 
6. B 
7. A 
8. C 
9. A 
10. A 
11. A 
12. B 
13. C 
14. E

Continue navegando