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MELHORAMENTO GENÉTICO AVÍCOLA FRARE, A. L.; FELIZARI, J.; DELAI, R. FACULDADE ASSIS GURGACZ, CASCAVEL, 2013. ANDRÉ LUIZ FRARE – MÉDICO VETERINÁRIO JULIANA FELIZARI – MÉDICA VETERINÁRIA ROBSON DELAI – MESTRE EM BIOTECNOLGIA SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................05 2 DESENVOLVIMENTO.......................................................................................................06 2.1 HISTÓRICO......................................................................................................................06 2.2 CENÁRIO BRASILEIRO..................................................................................................08 2.2.1 Expansão e regionalização da avicultura industrial no Brasil.....................................12 2.3 AVICULTURA INDUSTRIAL DE ABATE NO OESTE DO ESTADO...........................18 2.4 PADRÕES TECNOLÓGICOS E SELETIVIDADE DOS AGRICULTORES................21 2.5 CRÉDITO RURAL............................................................................................................25 2.6 SANIDADE.......................................................................................................................26 2.7 CADEIAS PRODUTIVAS NA AVICULTURA INDUSTRIAL.........................................26 3 ESTATÍSTICAS NO MERCADO AVÍCOLA BRASILEIRO............................................26 4 O MELHORAMENTO GENÉTICO DE AVES..................................................................31 5 PRINCIPAIS RAÇAS DE FRANGOS...............................................................................36 5.1 RAÇAS PURAS:..............................................................................................................36 5.2 RAÇAS HÍBRIDAS DE CORTE......................................................................................41 5.3LINHAGENS COMERCIAIS DE POSTURA...................................................................42 6. NUTRIÇÃO.........................................................................................................................44 7. AMBIÊNCIA.......................................................................................................................50 7.1 GALPÃO PARA POEDEIRAS........................................................................................51 7.2 GALPÃO PARA FRANGOS DE CORTE.......................................................................51 7.3 EQUIPAMENTOS............................................................................................................51 8. MÉTODOS DE SELEÇÃO................................................................................................52 9 CONCLUSÃO.....................................................................................................................53 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................55 LISTA DE TABELA Tabela 1. Efetivo de Aves (mil cabeças, galos, frangos, frangas e pintos). Brasil, Região geográfica, Unidade da Federação, Mesorregião e Microrregião Geográfica (2000 e 2008).......................................................................................................................................20 Tabela 2. Efetivo de Aves (cabeças de galos frangos, frangas e pintos). Municípios sede dos complexos Industriais avícolas das cooperativas do Oeste do Paraná (2000- 2008).......................................................................................................................................20 Tabela 3. Tendência de Consumo Per/Capita de carne de Frango, Bovino, Suíno e Ovos no Brasil no período entre 1970-2012...................................................................................27 Tabela 4. Preço Médio Anual da Carne de Frango..............................................................28 Tabela 5. Preço Médio R$ anuais de frango, acém e ovos no varejo.................................28 Tabela 6. Ranking Mundial de consumo Per/Capita de Frango in natura com osso(Kg)..................................................................................................................................29 Tabela 7. A Situação de carne de Aves no Mundo em Toneladas.....................................29 Tabela 8. Produção de Carne de Frango no Brasil em Mil Toneladas...............................30 Tabela 09. Estimativa de Produção de Carne de Frango, em Função de Mudança de Linhagens, Supondo o Mesmo Número Inicial de Pintos de Corte.....................................30 Tabela 10. Custo, Receita e Margem Bruta da Industrialização do Frango (por 1.00 kg de matéria-prima) – R$ (Reais)..................................................................................................31 Tabela 11. Exportações de Carne de Frango por Destino..................................................31 LISTA DE FIGURA Figura 1: Raça Leghorn................................................................................................37 Figura 2: Raça Orpington.............................................................................................37 Figura 3: Raça Cornish.................................................................................................38 Figura 4: Raça Plymout rock branca............................................................................38 Figura 5: Plymouth rock barrada..................................................................................39 Figura 6: New Hampshire.............................................................................................39 Figura 7: Raça Rhode Island........................................................................................40 Figura 8: Raça Sussex..................................................................................................40 Figura 9: Raça Gigante de Jersey...............................................................................41 Figura 10: Raça Ross...................................................................................................41 Figura11: Raça Cobb....................................................................................................41 Figura 12: Raça Embrapa 021.....................................................................................42 Figura 13: Raça Embrapa 041 Colonial.......................................................................42 Figura 14: Raça Hi Line Brown and White...................................................................42 Figura 15: Raça Lohmann............................................................................................43 Figura 16: Raça Embrapa 011.....................................................................................43 Figura 17: Raça Embrapa 031.....................................................................................43 Figura 18: Raça Poedeira Colonial Embrapa 051.......................................................44 5 1 INTRODUÇÃO A indústria avícola brasileira tem merecido grande destaque nas últimas décadas no cenário do agronegócio brasileiro. O grande avanço nas áreas de genética, nutrição, ambiência e sanidade proporcionaram melhorias na qualidade do principal produto da indústria avícola: a carne. Em 2010 o Brasil exportou cerca de 5,752 milhões de toneladas de carne, sendo que a participação da carne de frango foi de 66,40%, carne bovina 21,39%, 9,39% carne suína, 2,74% carne de peru e 0,07% carne de patos, gansos e outras aves (União Brasileira de Avicultura – UBABEF, 2010). Os embarques de carne de aves (frango, peru, pato, ganso e outras) totalizaram 3,981 milhões de toneladas, gerando uma receita de US$ 7,244 bilhões. No caso da carne de frango, foiregistrado um novo recorde histórico nos volumes, com embarques de 3,819 milhões de toneladas. No contexto global o Japão, Arábia Saudita e União Européia (EU) se destacam pelos maiores índices de importações em 2011 de 820, 720 e 675 mil toneladas. Apesar da queda nas exportações de carne de peru em 2011, 141,2 mil toneladas, com uma redução de 10,5%, na comparação com o ano anterior, o Brasil se mantém na segunda posição de exportador mundial, perdendo para os EUA (247 mil ton). Já a receita cambial teve aumento de 4,7%, chegando a US$ 444,6 milhões. No início de 2012, a expectativa era que o Brasil ocupasse o segundo lugar no ranking de produção mundial de carne de frango, visto que as produções brasileiras (12,23 milhões de toneladas) e chinesas (12,55 milhões de toneladas) estavam muito próximas no final de 2010, porém essa diferença permaneceu no ano de 2011. Os EUA lideram o ranking com 16,80 milhões de toneladas, em segundo lugar a China com 13,20 e em terceiro o Brasil com 12,90 milhões de toneladas. Em 2011 o consumo per capita de carne de frango foi de 47 kg/hab/ano, o maior consumo observado nos últimos tempos, com aumento de 6% em relação 2010. No Brasil é a carne mais consumida, seguida pela carne bovina e suína com consumo de 38 e 15,1 kg/hab/ano respectivamente. Porém, ao se tratar do cenário mundial é a segunda carne mais consumida perdendo apenas para carne suína. Os Emirados Árabes Unidos apresentaram, em 2011, o maior consumo per capita de carne de frango, de 59,4 kg/hab/ano, seguido pelo Kuwait (58,9kg/hab/ano) e pelo Brasil. Em relação ao consumo de carne de peru, o consumo per capita brasileiro está ao redor de 1,77 kg/hab/ano. 6 Por isso, de maneira geral a avicultura brasileira atualmente atravessa uma das suas melhores fases, pois devido à escassez de carne bovina no mercado e seu elevado preço, o consumo de carne de frango tem aumentado consideravelmente nos últimos anos. 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 HISTÓRICO No período compreendido entre o início dos anos 1970 e a primeira década do século XXI ocorreram várias modificações na estrutura produtiva de frangos no que tange a genética e a nutrição animal, a automatização das atividades e a elevação da escala. A integração dos produtores às agroindústrias sempre foi seletiva, mas a partir dos anos 1980, em virtude da implantação de processos de qualidade total.e da necessidade de competir com mercados externos, vem aumentando a escala de produção mínima exigida, reduzindo a margem dos produtores e aumentando a seletividade. Segundo Belik (2007), nos anos entre 1960 e 1970 existiu nitidamente uma política agroindustrial no Brasil, baseada na integração entre a agropecuária e a indústria processadora, que visou agregar valor aos produtos agrícolas exportados e teve como expressão maior a criação do Fundo Geral para a Indústria e Agricultura (Funagri), cuja função foi fundamental na indústria de carnes. Os sistemas baseados na produção de grãos/produção animal, mais complexos e integrados à agroindústria, exigem um nível de capitalização que exclui a participação de produtores familiares mais pobres; (BUAINAIN et al., 2007). No decorrer dos anos 1970 se consolidou uma forma peculiar de inserção da agricultura no comércio internacional no que se refere à composição da produção, crescimento das atividades ligadas à exportação e aumento do grau de processamento industrial dos produtos (CARNEIRO, 2002). As indústrias de frangos se estabeleceram como um segmento moderno nos anos 1970, graças à política agrícola de crédito subsidiado e a instalação de frigoríficos, além das articulações entre grupos nacionais e empresas estrangeiras produtoras de linhagens (RIZZI, 1993). No plano mundial, além da incorporação de tecnologias a partir do progresso de áreas diversas do conhecimento (química, mecânica, biotecnologia, telecomunicações e 7 microeletrônica), ocorreu intenso aprendizado tecnológico e desenvolvimento de adaptações específicas (ESPÍNDOLA, 2002). As inovações tecnológicas oriundas da Terceira Revolução Industrial tiveram seus impactos visíveis nas empresas do setor de carnes, tais como: técnicas de manuseio de animais, pesquisa genética, técnicas de desossa, processamento e conservação das carnes; capacitação gerencial e industrial dos funcionários através de cursos; controle da produção animal por meio de terminais de computadores (ESPÍNDOLA, 1999). Entre 1930 e 1996, a capacidade de crescimento dos frangos (conversão ração/carne) aumentou 65% com diminuição de cerca de 50% na quantidade de ração consumida e redução do tempo de engorda que era de 105 dias, em 1930, para 45 dias, em 1996 (ALVES FILHO, et al., 1999), o que representa ganhos em termos de faturamento industrial. Uma tendência das principais economias capitalistas é a oferta de bens diferenciados ou customizados, (COUTINHO, 1992). No complexo industrial avícola, um exemplo de diferenciação, na ampliação do mercado, é a atuação das empresas de abate de frango no mercado internacional: frangos abatidos de acordo com os preceitos do Alcorão para os mercados muçulmanos, por exemplo. O consumo do frango industrial produziu modificações nos hábitos de consumo popular, (FRANÇA, et al., 2003), pois, tradicionalmente, as famílias criavam e abatiam os frangos em casa. A carne do frango caipira, entretanto, devido ao sabor e textura característicos, muitas vezes, continua na preferência da população. Um exemplo de diferenciação de produtos para atender esta preferência é o lançamento do frango caipira das marcas Perdigão e Sadia. Rizzi (1993) afirma que a diferenciação de produtos é uma tendência de mercado e de concorrência no segmento avícola. 2.2 CENÁRIO BRASILEIRO O próprio sistema de produção avícola tem incentivado o crescimento de produtores no ramo com o conseqüente desenvolvimento do setor. A integração vertical é o sistema de produção predominante no Brasil, e se encontra em estágio avançado de organização. 8 O sistema de integração sem dúvida tem contribuído muito para o desenvolvimento, pois ele detém todo o processo produtivo, desde a produção do ovo fértil até o abate, no qual a comercialização ocorre apenas uma vez. Esse tipo de sistema garante ao criador rendimento definido, lote após lote, ficando livre das oscilações de mercado. Este rendimento dependerá unicamente da eficiência produtiva do lote. Algumas agroindústrias garantem bonificações aos avicultores que produzem bons lotes, como meio de incentivar a qualidade de produção e avanços do setor. Uma maior exposição dos setores produtivos brasileiros à competição internacional ocorreu na década de 1990, período marcado pela abertura comercial brasileira e, do ponto de vista da avicultura industrial, uma ampliação de eficiência forçada pela concorrência e pelas exigências do mercado externo. Ao longo daquela década, a economia brasileira passou por um processo intenso de liberalização (CARNEIRO, 2002). Esperava-se que, com o processo de abertura comercial, haveria um verdadeiro choque de competitividade, (BRANDÃO, 2007). Segundo, Brandão (2007), o que se constatou foi a elevação do grau de abertura de várias cadeias e linhas de produção e uma re-especialização em commodities (minerais, agrícolas, agroindustriais etc.), estas últimas, justamente os setores sensíveis às economias de escala, energia, mão-de-obra e recursos naturais baratos, sem dispensar os incentivos fiscais e outras benesses públicas. Na década de 1990 se verifica o desmonte da estrutura de financiamento da agroindústria brasileira em que somente os setores que potencializaram os incentivos e privilégios das décadas anteriores conseguiram crescer e se adaptar à abertura do mercado (BELIK, 2007). Ao mesmo tempo e no período imediatamente posterior aos anos da década de 1990 ocorreu um crescimentotanto da agropecuária quanto dos produtos processados de base agrícola, apesar da ausência de intervenção e regulação direta por parte do Estado (BELIK, 2007). A avicultura brasileira, em expansão desde 1970, chegou às décadas de 1980 e 1990 como um segmento significativo da indústria de carnes no Brasil. No entanto, foi uma trajetória marcada por estratégias ofensivas (aquisições, joint ventures, lançamento de novos produtos, implantação de novas tecnologias, etc.) e estratégias defensivas (venda do total de ativos ou venda de setores produtivos), (ESPÍNDOLA, 2001). 9 Um exemplo destas estratégias foi a aquisição da Eleva pela empresa Perdigão, em outubro de 2007, ou seja, se concretizou uma fusão que mudou o ranking, concentrou o abate de frangos e a representatividade de apenas duas empresas respondendo pela maior parte das exportações brasileiras (AVISITE, 2007). Outro exemplo foi a aquisição de três empresas no Sul do Brasil pelo grupo norte- americano Tyson Foods, em setembro de 2008. A multinacional comprou 70% da Frangobras, situada em Campo Mourão, no Paraná e 100% de outras duas empresas em Santa Catarina: a Macedo Agroindustrial, localizada em São José e a Avita, em Itaiópolis. Os objetivos decisivos à instalação da subsidiária brasileira foram os seguintes: tornar-se a única empresa avícola do mundo presente nos três países maiores produtores e consumidores do mundo (EUA, China e Brasil); acessar os mercados da União Européia, que permanecem fechados para os exportadores de frango norte- americanos; aproveitar as condições favoráveis do Brasil para a produção de frangos, principalmente a disponibilidade de milho e soja que são os principais ingredientes da ração das aves, tendo em vista que a crise mundial no preço das commodities e a política dos Estados Unidos, de produzir etanol a partir do milho, influenciaram para que a Tyson Foods tivesse um gasto adicional de US$ 550 milhões entre os anos de 2007 e 2008 (AVISITE, 2008). Em curto período, de 2006 a 2009, as estratégias de mercado foram capazes de modificar a representatividade das empresas no cenário produtivo nacional, tal como a fusão entre as duas concorrentes históricas, Sadia e Perdigão que, a partir de negociação confirmada no mês de maio de 2009, formaram a Brasil Foods (BRF). Anteriormente a esta fusão, em 2001, as empresas Perdigão e Sadia já haviam criado a BRF Trading Company para atuar exclusivamente em mercados internacionais (FERNANDES FILHO; QUEIROZ, 2002). A produção de aves no Brasil tem se destacado principalmente na Região Sul, onde predomina o sistema de integração vertical e de cooperativas. Embora não se tenha dados precisos, estima-se que as produções integradas e cooperadas superam atualmente, 90% do total de carne de aves produzidas no Brasil. Os estados do sul do Brasil contribuem com 62,4% da produção brasileira, só o estado do Paraná contribui com 27,5%. Os grupos empresariais que se destacam pelo volume de carne disponibilizados no mercado interno e externo são a BRF Brasil Foods e o Grupo Marfrig com fornecimento total de carne de frango in natura de 1.833 e 927 mil toneladas respectivamente em 2011. 10 De modo geral, o consumo de carnes pela população brasileira foi ampliado. Entre as fontes de proteína animal, a carne bovina, que era a mais consumida, apresentou leve redução de 6,3 milhões de toneladas para 6,0 milhões de toneladas no período 1997- 2005, enquanto que o consumo de carne de frango, no mesmo período, elevou-se de 3,8 milhões para 6,6 milhões de toneladas (GONÇALVES; MACHADO, 2007). O consumo médio per capita/ano de carne de frango no Brasil em 1988 foi de 11,8 quilogramas e em 2007 alcançou a média de 37,8 quilogramas por habitante/ano (UBA, 2008). O incentivo ao consumo de carne de frango é vantajoso pela característica deste tipo de alimento, pois, é resultante de uma produção intensiva e apresenta melhor resposta em relação ao tempo e à área ocupada, justificando os esforços para aumentar a sua demanda (FERNANDES, et al., 1989). O consumo mundial de carne de frango aumentou gradualmente, no período de 2000 a 2007, respectivamente: 49.360, 50.854, 52.846, 52.903, 54.172, 57.339, 58.888 e 59.744 mil toneladas. Os maiores consumidores são os Estados Unidos seguidos pelo Japão, China, União Européia, Brasil e México (ABEF, 2008). Em 2004 o Brasil conquistou a liderança mundial nas exportações de frango, quando ultrapassou os Estados Unidos, que é o maior produtor de frangos do mundo. As exportações brasileiras e o seu aumento foram motivados pela Influenza Aviária, cujo surto, ocorrido desde o final de 2003, prejudicou a produção e causou o sacrifício de mais de 120 milhões de aves na Ásia (MARTINS, 2005). O Brasil possui um portfolio de compradores de frango superior a cento e cinqüenta países, entretanto, os países grandes produtores de petróleo estão entre os seus principais importadores, quais sejam: Arábia Saudita, Rússia, Emirados Árabes Unidos, Venezuela e Kuwait (AVISITE, 2009). A dependência da avicultura brasileira em relação ao mercado externo a coloca em vulnerabilidade, pois, numa situação de crise mundial poderá haver redução das encomendas, o que desencadearia a adoção de medidas para reduzir a produção no país. No final de 2008, devido à crise mundial, a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango (ABEF) recomendou uma redução de 20% na produção de aves para o mercado internacional e conseqüentemente as empresas reduziram o alojamento de pintainhos nos aviários de campo. 11 No Brasil, as políticas setoriais foram fundamentais para o incremento da produção e da exportação de frangos. As políticas públicas para a agricultura brasileira se caracterizaram historicamente pelo suprimento setorial, ou seja, foram direcionadas conforme tipos de produtos ou segmentos da agroindústria. No comércio globalizado, o fato de ganhar ou perder mercados representa as negociações que têm efeitos diretos nos espaços rurais. Atualmente segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o Brasil ocupa posição destaque no cenário internacional. É o primeiro maior exportador de carne de frango (desde o ano de 2004), atingindo em 2011 o recorde de aproximadamente 4,000 milhões de toneladas, seguido pelos Estados Unidos (EUA) e União Européia (UE) com 2,971milhões e 940 mil toneladas respectivamente, sendo que os dois primeiros países contribuem com 78% das exportações mundiais. Dados recentes da UBABEF indicam que as exportações brasileiras de carne de frango totalizaram 610,5 mil toneladas nos dois primeiros meses de 2012, registrando crescimento de 3,1% em relação as 591,9 mil toneladas registradas no mesmo período de 2012. O principal destino das exportações brasileiras se concentra nas mãos do Arábia Saudita, Japão, Holanda, Hong Kong e Emirados Árabes Unidos, estes países respondem por 52,5% da receita cambial brasileira, sendo que apenas os dois primeiros respondem por 30,8%. Diante deste contexto surgem preocupações a respeito desta hegemonia que torna o Brasil extremamente dependente destes mercados. Em relação à produção de carne de perus, o Brasil é o terceiro maior produtor, ficando atrás dos EUA e UE, mesmo com essa posição no cenário mundial, 2011 não foi um ano muito bom, a cadeia de produção de perus fechou com queda no setor, com produção de 305 mil toneladas contra 337 mil toneladas em 2010. O mercado de carne de patos, gansos e outras espécies responderam por embarques de 4.212 toneladas em 2010, o que correspondeu a uma queda de 14% em relação 2009. As principais regiões de destino foram Oriente Médio, África e Ásia, e os três maiores países importadores são Japão, Gâmbia e Emirados Árabes Unidos. 2.2.1 Expansão e regionalização da avicultura industrial no Brasil. A avicultura industrial (de postura) foi iniciadano Estado de São Paulo, com a chegada dos primeiros imigrantes japoneses. Nas décadas de 1940 e 1950 teve início a 12 avicultura industrial de abate no Estado de Santa Catarina, com a instalação da Sadia e da Perdigão. Posteriormente, o crescimento da produção de frangos no Sul do Brasil e a recente expansão da avicultura nas regiões Centro-Oeste e Norte, demonstram uma trajetória de mudanças e/ou permanências em nível técnico, econômico e social. Na avicultura foram criadas condições ambientais artificializadas na medida em que o progresso tecnológico propiciou maior controle produtivo, a exemplo da criação adensada de frangos em galpões climatizados. O fator mercado continua crucial em relação às oscilações de preços do produto e dos custos de produção, acompanhado de uma contínua capacidade de incorporar tecnologia. A expansão das plantas industriais avícolas no Brasil é dependente de uma conjuntura que inclui política agrícola, acesso aos mercados consumidores, aptidão dos produtores, condições de transporte e, principalmente, disponibilidade de matérias-primas indispensáveis à produção de frangos: o milho e a soja. Os elementos de uma suposta conjuntura que viabilizou uma regionalização produtiva podem ser verificados, no caso da avicultura, de acordo com Lima (1984): “A regionalização da atividade em localidades do sul do país, onde a estrutura de posse da terra foi conformada no processo de emigração estrangeira e que hoje se encontra consolidada, é acentuada ainda mais pela concentração nestes estados da produção dos insumos básicos da avicultura - soja e milho - o que implica em menores custos globais de transporte mesmo que se tenha que transportar posteriormente o produto final para um mercado consumidor distante”. No caso de Minas Gerais, dado a existência de regiões com alta produção de grãos foi também tentada a repetição de experiência de integração do sul do país. Verificam-se, porém, substanciais diferenças quanto a estrutura de posse da terra e mesmo quanto ao momento histórico de sua implantação que dificultaram a continuidade das iniciativas. No Estado de São Paulo, a implantação do Pró-Alcool a partir de 1976, foi responsável pela substituição acentuada do plantio de milho pelo de cana-de-açúcar e pelo déficit crescente e maiores custos relativos deste insumo, penalizando a avicultura local (LIMA, 1984). Nos Estados do Sul do Brasil, com o fim da fronteira agrícola no decorrer da década de 1970, o incremento da agricultura deixou de ser extensivo e passou a 13 depender, fundamentalmente, do aumento de produtividade e da intensificação do uso do solo, seja pela introdução de novos cultivos ou elevando o grau de integração da produção primária com a agroindústria, em especial, com a avicultura e a suinocultura (BANDEIRA, 1995). No Sul, a integração produtor/agroindústria foi centrada em pequenos proprietários e/ou agricultores familiares. Embora tenha havido predomínio deste modelo de integração, no Sul do Brasil. França et al, (2003) verificaram que o emprego de inovações tecnológicas no abate, no processamento, na comercialização dos produtos avícolas e sua inserção no mercado internacional promoveram o surgimento de um novo modelo de integração baseado em médios e grandes produtores, a exemplo do Projeto Buriti implantado em Rio Verde (GO) pela Perdigão. Arana (2001) em seu estudo sobre os avicultores associados à Coperguaçu Descalvado (SP) também verificou o surgimento de um novo perfil de produtores integrados, mais capitalizados, os verdadeiros empresários na atividade. Para Fernandes Filho et al, (2002), a principal explicação para a introdução deste novo modelo de integração na avicultura de abate brasileira é a pressão do mercado para que as empresas aumentem a competitividade de sua produção e mantenham e ampliem suas participações no mercado. Os prováveis impactos da adoção deste modelo de integração foram apontados por Fernandes Filho et al, (2002): Em termos sociais: exclusão e substituição de pequenos produtores e consequente redução do número de produtores integrados para cada planta industrial; diminuição do número de pessoas que trabalham nos aviários e/ou na assistência técnica; Em termos regionais: re-regionalização da avicultura de corte, as áreas propícias ao desenvolvimento desta atividade seriam aquelas onde há maior presença de médios e grandes produtores, tal como o Centro-Oeste. Em termos econômicos: redução dos custos de transação, de produção e de logística; Em termos ambientais: concentração dos dejetos em poucas unidades de produção e menores riscos ambientais 14 A disseminação deste modelo de integração e o risco de impactos negativos indicam necessidade de avaliações na destinação de fundos públicos para o seu fomento (FERNANDES FILHO, et al., 2002). Do ponto de vista das agroindústrias, o novo modelo de integração tende a ser mais vantajoso técnica e economicamente, mas, isto não significa que este modelo seja amplamente difundido, pois, do ponto de vista dos médios e grandes produtores a avicultura poderia não representar a melhor oportunidade para aplicação de capital (FERNANDES FILHO, et al., 2002). Segundo Mior (2005) as empresas Sadia, Perdigão e Seara construíram novas plantas industriais abatedoras de aves e suínos nas regiões Centro-Oeste e Sudeste. Entretanto, tais empresas também reinvestiram em suas plantas agroindustriais na região Oeste catarinense durante os anos 90 do século passado, modernizou suas unidades visando adequá-las à exportação de produtos de maior valor agregado para novos mercados, como o da Europa. Para Espíndola (2002), não se tratou de um abandono dos investimentos na região Sul, não consistiu em deslocamento de atividade, mas em investimentos que visaram ampliar a capacidade produtiva. Na agroindústria, vários implantes se realizaram, com destaque para o Centro- Oeste, com a geração de grande potencial de expansão dos complexos de grãos e carnes, ampliados pelo uso de incentivos fiscais. O crescimento da produção de aves e suínos no Centro-Oeste, assentado em novos sistemas de integração, avançou muito. Porém, essa é uma das regiões brasileiras mais dependentes dos investimentos públicos, sobretudo os infra-estruturais. Assim, no período 1970-1985, essa produção agropecuária continuou exercendo certo papel de frente de expansão para os capitais mercantis e agroindustriais (BRANDÃO, 2007). A relocalização e modernização de plantas industriais, como nos casos dos frigoríficos de aves, suínos e bovinos e das fábricas de óleos vegetais, ocorreram por meio da obtenção de recursos, junto ao sistema financeiro a baixas taxas de juros, na principal fonte de financiamento para investimento de capital de origem pública a partir de 1990: o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), operando através de repasses de recursos obtidos no exterior (BELIK, 2007). A União Brasileira de Avicultura (UBA, 2008) divulgou em seu relatório anual as 50 maiores empresas abatedoras de frango no Brasil. A empresa Sadia se posicionou em 15 primeiro lugar, participando, em 2007, com 15,07% do abate; em seguida ficou a Perdigão, com 12,51%. As demais empresas, na maioria, participaram com cerca de 1% no abate nacional. Entre as 50 empresas selecionadas (UBA, 2008), grande parte delas se localiza nos estados do Paraná (17 empresas) e de São Paulo (16 empresas). Contudo, as maiores empresas se localizam no Estado de Santa Catarina, por exemplo, Sadia e Perdigão que também possuem unidades industriais em outros estados (Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais etc.). A existência de pequenas e médias empresas é uma característica das estruturas de mercado nos diversos segmentos industriais, especialmente no setor agroalimentar que têm revelado um oligopólio diferenciado,onde as pequenas e médias empresas sobrevivem lado a lado com grandes firmas, ocupando espaços regionais do mercado, embora sujeitas aos movimentos destas últimas, (PAULA, 1999). O que dita a estrutura de tamanho da planta industrial é a interação entre economias de escala e flexibilização, por meio de plantas menores para fornecer produtos diferenciados, com possibilidades de rápidas transformações, conforme as demandas sejam modificadas (BNDES, 2005). A diversidade de adaptações das empresas quanto à localização e à estrutura pode ser contextualizada com o cenário globalizado do sistema internacional contemporâneo que, de acordo com Castro (2005), apesar de ampliar as possibilidades territoriais para as estratégias das empresas, impõem regras da competitividade internacional e pesadas exigências de contínuo progresso tecnológico e flexibilização (CASTRO, 2005). Na realidade, a globalização, atua de modo dinâmico na redefinição do tamanho das empresas, nos tipos de produtos, nas novas parcerias. Nesta nova dinâmica, tamanho não é documento, o que abre espaço para empresas pequenas e competitivas ao lado de enormes conglomerados resultantes de fusões. No Brasil, pequenos plantadores de soja do oeste do Paraná se organizam em cooperativas para fazer frente à competição dos grandes produtores do Centro-Oeste (CASTRO, 2005). Os grandes conglomerados e as empresas menores do setor cooperativo fazem parte de um grupo que pode ser enquadrado numa tipologia das agroindústrias, conforme Mior (2005), na forma convencional de agroindustrialização, segundo os estudiosos do 16 sistema alimentar, haveria a tendência para a concentração em estruturas econômicas cada vez maiores ocupando os diversos espaços e setores da cadeia produtiva. Um subconjunto destas redes verticais seria o formado pelo conglomerado agroindustrial representado pelo setor cooperativo. Embora abranja uma ampla gama de estruturas sociais nos marcos das cooperativas filiadas, sua inserção econômica se dá na mesma lógica de mercado da agroindústria convencional, isto é, aposta na economia de escala e na especialização como estratégia de organização da produção e industrialização. Evidentemente as escalas preconizadas pelo sistema agroindustrial cooperativo são menores que as da agroindústria convencional (MIOR, 2005). Entre os 25 maiores exportadores, no ranking da UBA (2008), as cinco cooperativas avícolas do Oeste Paranaense, C.Vale, Lar, Copacol, Copagril e Coopavel ficaram, respectivamente, em 7º, 9º, 10º, 21º e 25º com participações em média de 1%, enquanto as empresas primeiras colocadas (Sadia e Perdigão) alcançaram cerca de 20% das exportações brasileiras em 2007 (UBA, 2008). De acordo com dados da União Brasileira de Avicultura, em seus anuários de 2006, 2007 e 2008, observa-se concentração de abate e de exportação no Sul do Brasil, sendo que os estados do Paraná e de Santa Catarina apresentaram liderança ao longo dos anos, participando em 2008, respectivamente, com 23% e 16% do abate com Sistema de Inspeção Federal (SIF). No entanto, os resultados indicam redução do abate em Santa Catarina e menor crescimento do abate no Paraná, em 2008, em relação ao ano anterior. Na região Sudeste o destaque é para São Paulo, que manteve o crescimento no período e em 2008 participou com 14% do abate nacional. Também se destacou o Estado de Minas Gerais, com 6% do abate nacional, apresentando crescimento em 2008, de 20,56%, em relação ao ano anterior. No Centro-Oeste, os Estados que mais aumentaram o abate, em 2007, foram os Estados de Goiás (6%) e Mato Grosso (29%), apesar de juntos estes dois Estados participarem com apenas cerca de 6% no total nacional, naquele ano. Já em 2008, nesta região, o maior crescimento em relação ao ano anterior foi do Distrito Federal (16%), mas a maior participação no abate nacional correspondeu ao Estado de Goiás (4%). Quanto ao Nordeste, foram classificados Pernambuco e Bahia, com índice na participação nacional de abate inferior a 1% em cada Estado. Na região Norte se destaca 17 o Estado de Tocantins, que em 2008, apesar de participar com apenas 0,29% no abate nacional, apresentou o maior crescimento absoluto do país, no comparativo 2007/2008, de 159,91%. A expansão das indústrias de carne de frango para as diversas regiões brasileiras depende de condições viáveis. Azevedo et al (2002) apontam dois fatores principais na elevação do custo de produção na avicultura: a ração e os encargos fiscais e trabalhistas. França et al, (2003) demonstraram que o Centro-Oeste foi a região que mais recebeu investimentos no segmento avícola a partir dos anos de 1990, chamando atenção para um importante processo de expansão da avicultura também na região Norte, especificamente no Estado do Tocantins. Segundo França et al, (2003), as seguintes condições atraíram a avicultura industrial em Tocantins: créditos especiais; sistema de transportes intermodal (rodovia- ferrovia-hidrovia) possibilitando o escoamento da produção; ampliação da oferta de energia elétrica; potencial de produção de soja e milho (matérias-primas da ração das aves). Segundo Rodrigues et al (2009), o Estado do Tocantins representa uma pequena participação na produção nacional de carne de frango com a atuação de apenas duas empresas consideradas de pequeno e médio porte. Entretanto, diante da recente evolução relativa da produção, o Tocantins aparece como nova fronteira de crescimento do complexo industrial avícola. No triênio 2005 a 2007, a produção do Estado do Tocantins cresceu 36,9%, bem superior à média nacional que foi de 10,02% (RODRIGUES et al, 2009). Rodrigues et al (2009) ressaltaram que ainda não há no Tocantins um complexo industrial avícola plenamente instalado, pois, no caso da Frango Norte, a empresa adquire insumos (pintainhos e soja) do Distrito Federal e de São Paulo. A produção estadual de grãos não atinge a demanda total das avícolas locais, sendo que a permanência das empresas está aliada aos incentivos governamentais e à proximidade de mercados ainda inexplorados. Quanto à evolução da avicultura industrial brasileira na primeira década do século XXI, pode-se afirmar uma expansão acelerada que se dá nas novas fronteiras de crescimento, como é o caso do Tocantins, mas também ocorre uma expansão recente em regiões consideradas tradicionais em avicultura, como é o caso do Paraná, especificamente na Mesorregião Oeste Paranaense. 18 2.3 AVICULTURA INDUSTRIAL DE ABATE NO OESTE DO ESTADO DO PARANÁ. O início da avicultura industrial na região Oeste Paranaense remonta à década de 1970, com os contratos de integração de avicultores pela empresa Sadia que instalou uma unidade industrial no município de Toledo. A partir da década de 1980, as principais cooperativas agrícolas instaladas na região passaram por uma reestruturação empresarial, especialmente, com a implantação de complexos industriais avícolas, tendo em vista alguns fatores favoráveis: disponibilidade de matérias-primas para a formulação de ração para as aves; aumento da demanda mundial e nacional por carne de frango; agregação de valor por meio da industrialização de carnes; possibilidades de diversificar as fontes de renda para os produtores de grãos. A avicultura e o cooperativismo formam uma combinação que tem influenciado os projetos de expansão de algumas cooperativas paranaenses. As cooperativas Coagru, de Ubiratã (Mesorregião Centro Ocidental) e a Coasul, com sede em São João (Sudoeste) anunciaram, em 2008, a implantação de abatedouros de frangos (AVISITE, 2008). A atividade de abate de frangos, no Oeste Paranaense, congrega elementos suficientes para ser considerado um cluster produtivo, pois há nesta atividade um perfil industrial de grande porte com a presença da Sadia que desempenha o papel de empresa âncora. As cooperativas representariamas imitadoras na atividade, mas que inovaram na forma de organizar porque são concebidas pelo sistema cooperativista (DALMÁS, et al., 2007). Na Mesorregião Oeste Paranaense estão instaladas oito empresas abatedoras de frangos, dentre as quais cinco são cooperativas: C.Vale Cooperativa Agroindustrial (Palotina); Copacol Cooperativa Agroindustrial Consolata (Cafelândia); Copagril . Cooperativa Agrícola Mista Rondon (Marechal Cândido Rondon); Cooperativa Agroindustrial Lar (Medianeira); Coopavel Cooperativa Agroindustrial (Cascavel) e três empresas não cooperativas: Diplomata Industrial e Comercial (Cascavel); Kaefer Agroindustrial (Cascavel) e Sadia (Toledo). A expansão recente da avicultura nesta região pode ser verificada por meio dos dados da Pesquisa Pecuária Municipal, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 19 (IBGE). Houve significativo aumento do efetivo de rebanho (galos, frangos, frangas e pintos) em 2008 com relação ao ano de 2000, conforme se verifica na Tabela 01. A partir dos dados do IBGE, se observa que a avicultura cresceu no Brasil e em todo o Estado do Paraná e a região oeste superou o índice do crescimento estadual. O aumento do efetivo de aves influenciado pela entrada das cooperativas no segmento avícola é representativo nos municípios-sede dos abatedouros de frangos das cooperativas: Copacol (Cafelândia), Coopavel (Cascavel), Copagril (Marechal Cândido Rondon), Lar (Matelândia) e C.Vale (Palotina), conforme se verifica na Tabela 02. Tabela 1. Efetivo de Aves (mil cabeças, galos, frangos, frangas e pintos). Brasil, Região geográfica, Unidade da Federação, Mesorregião e Microrregião Geográfica (2000 e 2008). 2000 2008 Crescimento % Brasil 659.245 994.305 50,82 Sul 326.615 493.672 51,14 Paraná 123.293 214.184 73,71 Mesorregião Oeste do Paraná 35.172 74.635 112,2 MRG Cascavel 15.031 24.998 66,3 MRG Foz do Iguaçu 5.705 10.648 86,64 MGR Toledo 14.435 38.988 170 Fonte: IBGE Tabela 2. Efetivo de Aves (cabeças de galos frangos, frangas e pintos). Municípios sede dos complexos Indutstriais avícolas das cooperativas do Oeste do Paraná (2000-2008). MUNICÍPIOS 2000 2008 Crescimento % Cafelândia 2.176.000 3.849.970 76,92 Cascavel 3.999.800 5.037.129 25,93 Ma. C. Rondon 691.850 1.440.000 108.13 Matelândia 1.125.000 2.394.535 112,84 Palotina 2.407.680 5.280.000 119,29 Fonte: IBGE 20 A Mesorregião Oeste Paranaense é uma grande produtora de frangos e se constitui em território no qual se destaca a forte presença de indústrias abatedoras pertencentes às cooperativas agrícolas. Porém, o crescimento da avicultura extrapolou os limites do Oeste Paranaense, colocando o Estado do Paraná na liderança nacional de produção e exportação de carnes de frango. De acordo com a distribuição do efetivo animal, em 2006, em relação ao total do Estado, segundo as Mesorregiões, o Oeste concentrava o maior volume de aves, com 33,8% e em segunda posição, o Sudoeste, com 22,4%, seguido pela mesorregião Norte Central (13,4%) e Noroeste com 11% (ZANCHET, 2008). O potencial de crescimento da avicultura de corte na região oeste do Estado do Paraná se baseia em: disponibilidade de matérias-primas (milho e soja); as cooperativas se apresentam como empresas fortes e consolidadas; existe uma demanda, por parte dos agricultores da região, por alternativas de diversificação de produção e complemento de renda. Além disto, ocorreu uma evolução da avicultura industrial brasileira em aspectos comerciais e produtivos que surtiram efeitos diretos no faturamento das indústrias. A abertura de mercados não tradicionais, como a Índia e a China; também são fatores que impulsionaram a avicultura. O crescimento da avicultura nesta região também passa por desafios, do ponto de vista das cooperativas abatedoras, tais como: Fortalecer o mercado doméstico Abrir novos mercados internacionais e diminuir a dependência em relação à Europa e à Ásia Oferecer produtos de boa qualidade por preço competitivo Vencer as barreiras técnicas, sanitárias e tarifárias dos mercados importadores, cada vez mais os consumidores querem ter certeza de que o alimento é saudável e não agride o meio ambiente Adequação às exigências sanitárias, conforme o país ou região consumidora, o que requer atualizações constantes e implantação de programas de qualidade nas indústrias e no campo Agilidade diante de novas tendências para não perder lugar para o concorrente A mão-de-obra (nos frigoríficos) que não conseguiu acompanhar o crescimento da produção regional em volume e em qualificação. 21 2.4 PADRÕES TECNOLÓGICOS E SELETIVIDADE DOS AGRICULTORES. Segundo a União Brasileira de Avicultura (UBA), os desafios presentes e futuros que envolvem a produção de frangos são, na maioria absoluta, de ordem técnico- científica (AVISITE, 2008). Barreiras técnicas e sanitárias do comércio internacional pressionam as autoridades e os órgãos competentes a tomar medidas, tais como as instruções normativas publicadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) a fim de fixar os procedimentos para o registro, fiscalização e controle de estabelecimentos avícolas de reprodução e distribuição. A principal dificuldade de manejo na criação adensada de frangos é o controle da temperatura nos galpões, pois, deve ser adequado às condições do tempo e ao período de crescimento dos frangos. Uma causa recorrente da mortalidade de frangos é a ocorrência de alta temperatura (dias ou noites quentes) e de insuficiência do sistema de climatização. O fornecimento ininterrupto de energia elétrica é, portanto, fundamental nesta atividade. As dificuldades em relação ao controle da temperatura são amenizadas a partir de melhorias no sistema de climatização com a instalação de aparelhos adicionais (aspersor, exaustor, forração), além de alarmes que sinalizam a queda de energia e geradores automáticos, contando com a experiência de manejo e a atenção do avicultor. Ressalta-se o manejo adequado da cama de aviário para que os problemas ambientais decorrentes dos resíduos da avicultura sejam resolvidos com investimentos em tecnologia. A utilização de biodigestores, dos quais após o processo de fermentação são obtidos o biogás (gás inflamável) e o biofertilizante (líquido organo-mineral estabilizado), pode ser uma das tecnologias utilizadas para aperfeiçoar o balanço energético das propriedades (BELLAVER; PALHARES, 2002). Segundo Zilli (2003) o incentivo à implantação de biodigestores passa pela necessidade de subsídios por parte das instituições públicas para viabilizar essa forma de tratamento, pois, os benefícios econômicos para os produtores, frente ao preço atual da energia, devem ser compensadores. A grande importância do processo de biodigestão não está somente no fato de se obter energia alternativa a partir de resíduos orgânicos, mas na questão do saneamento 22 rural por meio da redução da carga orgânica poluente, além da obtenção de um efluente apropriado para a fertilização do solo (PALHARES, 2004). Ainda, de acordo com Palhares (2004), o custo do tratamento dos resíduos deve ser inserido ao custo de produção da atividade, a fim de proporcionar sustentabilidade à cadeia produtiva. A quantidade de produção constitui uma variável de fundamental importância para o êxito econômico dos produtores. Muitas vezes, a reduzida margem de lucro, obriga o agricultor a aumentar a escala de produção. O critério que define uma grande ou uma pequena produção também depende do tipo de sistema de cultivo (convencional etc.). A criação adensada de frangos em ambiente climatizado permite o alojamento de 25 mil aves em um galpão que, com a mesma dimensão, mas sem os equipamentos de climatização, alojaria apenas a metade. A instalação de galpões climatizados é a forma comumente aplicada paraaumentar a capacidade de alojamento na criação adensada de frangos, mas, outra tendência vem sendo aplicada no Paraná, em Santa Catarina e em São Paulo, é a construção de aviários gigantes, que reduzem custos na produção e podem ter capacidade de alojamento em torno de quatro vezes maior (AVISITE, 2009). No entanto, a possibilidade de ampliar a estrutura produtiva está atrelada à opção particular dos agricultores e às condições de custear tal investimento. Além de o custo ser caro, há outros obstáculos, tais como: em relação à disponibilidade de mão-de-obra; escassez de água; falta de área disponível no estabelecimento. A instalação da estrutura para a criação de frangos, com aproveitamento econômico, deve atender exigências mínimas quanto à distância em relação às habitações, mananciais, etc., sendo necessário, inclusive, licenciamento ambiental. Segundo Zilli (2003) a produção intensiva de animais, em algumas áreas, pode ser desestimulada devido à relevância da questão ambiental imposta aos produtores, ainda que seja economicamente viável. Na industrialização de aves, os ganhos expressivos de produtividade, redução de custos, qualidade e padronização foram favorecidos e estiveram intimamente ligados, segundo Nogueira (2003) à disseminação dos contratos de parceria/ integração. O sistema de produção de frangos seguiu uma tendência, no Brasil, iniciada na década de 1950 em Santa Catarina, pela empresa Sadia, com a produção de suínos e, posteriormente, na década de 1960, com as aves, cujo sistema de contrato se baseou no modelo de integração oriundo dos Estados Unidos. 23 Na avicultura industrial os produtores de frangos passaram a ser produtores integrados. Apesar deste modelo de integração ocorrer em várias regiões do Brasil, algumas empresas (Sadia, Perdigão, Grupo Chapecó) passaram a investir na produção própria de sua matéria-prima em conseqüência de alguns motivos, apontados por Espíndola (2009): O custo de manutenção deste sistema de integração é alto para as empresas e requer capital de giro A produção de carne de aves em nível mundial passou por melhorias qualitativas, obrigando as empresas a construírem granjas com capacidade mínima de 25 mil aves até 100 mil aves E a dispersão de investimentos na região Centro-Oeste promoveu o surgimento de um novo tipo de produtor. Nesse caso, as pequenas propriedades que serviam ao sistema de integração estão fora desses projetos, em virtude da indisponibilidade de espaço físico e recursos financeiros Sabe-se que a classificação de um estabelecimento agrícola como grande ou pequeno é relativa às características e padrões de cada local. É possível que um pequeno proprietário de terra seja um grande produtor de frangos, mas isto é um desafio que depende da capacidade de investimentos e de manutenção na atividade. A dimensão dos estabelecimentos agrícolas é um caráter de seletividade à inserção dos agricultores, mas não é o único, pois, por si só, não é suficiente para revelar a viabilidade ou potencialidade de exploração sustentável, esta depende da fertilidade do solo, da localização, do acesso aos mercados, etc. (BUAINAIN et al, 2007). Além da necessária profissionalização dos agricultores, cada vez mais exigida, especialmente na avicultura industrial. Neste sentido, uma prática constituída pela gestão empresarial das cooperativas abatedoras de frangos do Oeste Paranaense, por exemplo, foi a criação de uma universidade corporativa pela Coopavel, a Universidade Coopavel (Unicoop), em funcionamento desde o ano 2000. A Unicoop atua no âmbito da formação de seus funcionários e associados de maneira a comprometê-los com a administração dos negócios, de acordo com os objetivos estabelecidos pela empresa. Segundo Grolli (2005). A Universidade Coopavel também prepara o produtor para a assimilação de novas tecnologias, para a melhoria da produtividade e da qualidade dos produtos. Os cursos ministrados pela Unicoop são: administração com ênfase em administração rural; matemática financeira; cursos técnicos sobre produção de leite, de 24 aves, de suínos etc.; cursos de pós-graduação nas áreas de agronomia, medicina veterinária, entre outros (GROLLI, 2005). O vínculo entre produtores integrados e participação cooperativista é uma especificidade do Oeste Paranaense que envolve um maior nível de organização por parte dos avicultores, aumentando o poder de reivindicação junto ao governo, principalmente no direcionamento de políticas públicas e de crédito que interferem na eficiência da utilização dos recursos e nas opções produtivas. Os agricultores interessados em se tornar produtores de frangos integrados às cooperativas, precisam, primeiramente, se associar à cooperativa e também dispor de investimento financeiro para construir os galpões/aviários. Conforme o modelo e a capacidade produtiva o custo de implantação de um aviário varia de setenta a trezentos mil reais. Na maioria, a fonte do montante necessário para a construção de aviários é o crédito bancário. No Sul do Brasil, a disseminação do modelo de integração baseado em médios e grandes produtores desencadeia processo de transição nos espaços rurais com impactos diretos sobre a manutenção dos avicultores. Nas áreas de fronteira da avicultura industrial, a implantação das inovações é imediata. 2.5 CRÉDITO RURAL As políticas agrícolas estabelecidas pelo governo federal também tem auxiliado o desenvolvimento do setor avícola. Ano a ano, o governo Federal tem alocado cada vez mais recursos para o crédito rural. Porém, o pequeno e médio produtor avícola ainda tem dificuldades para ter acesso ao crédito rural oferecido pelo governo, em especial, ao Programa de Incentivo à Irrigação e à Armazenagem (Moderinfra) e ao Programa de Modernização da Agricultura e Conservação de Recursos Naturais (Moderagro). As três principais linhas de créditos que o setor avícola conta são a Moderinfra, Moderagro e Mais Alimentos. Nos três, o avicultor consegue bons valores, que serão parcelados com taxas de juros bastante atraentes. (UBABEF). 2.6 SANIDADE Os cuidados com a sanidade do lote é um ponto importante a ser ressaltado. A falta de um eficiente programa sanitário pode acarretar grandes riscos na produção e conseqüentemente ser uma barreira para o desenvolvimento da cadeia avícola. 25 Em setembro de 1994, o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) consolidou o Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA) objetivando normatizar as ações de acompanhamento sanitário. O PNSA abrange planos de contingência de influeza aviária, doença de newcastle, salmonelose e micoplasmose. No próprio site do ministério é possível o produtor ter acesso aos manuais de contingência. (PORTAL SUÍNOS E AVES, 2013). A grande preocupação dos consumidores em obter alimentos seguros e confiáveis para e si e seus familiares tem refletido no campo de produção fazendo com que o desenvolvimento do setor avícola esteja atrelado às exigências de mercado, que a cada ano se torna mais rigoroso. 2.7 CADEIAS PRODUTIVAS NA AVICULTURA INDUSTRIAL. As redefinições comerciais e produtivas na avicultura industrial fazem parte de importantes transformações na agricultura e na indústria brasileira, a partir de 1970, que envolvem o consumo, os aspectos tecnológicos e o comércio internacional. As diversas cadeias produtivas mercantis se constituíram apresentando características próprias em termos de produto, mercado, tecnologia, localização geográfica e organização da produção (ESPÍNDOLA, 2009). Os efeitos econômicos e tecnológicos, as condições ambientais, sociais, culturais e políticas, como e por que cada lugar participa no conjunto da atividade agroindustrial representariam os diferentes modos de relação do complexo agroindustrial com o território (SILVEIRA, 2005). 3 ESTATÍSTICAS NO MERCADO AVÍCOLABRASILEIRO O ano de 2012 foi um ano atípico, pois ocorreram diversas interpéres naturais que prejudicaram o setor avícola, tanto em produção como em mão de obra, devido a quedas econômicas. Um dos fatores foi a estiagem na agricultura dos Estados Unidos, a quebra nas safras norte-americanas de milho e soja, o aumento dos preços no mercado internacional, barreiras comerciais internacionais. E no Brasil, de janeiro a agosto de 2012, ocorreram altas de 90% nos preços de farelo de soja, 58% na soja em grão e 44% no milho, em plena safra. Mais de 5.750 demissões entre os meses de agosto a dezembro. Em 60 dias o setor deixou de produzir 26 200 mil toneladas de carne de frango no país, sendo que muitos frangos estavam morrendo de fome. (União Brasileira de Avicultura, 2012). Seguindo esse raciocínio, segue abaixo tabelas e gráficos que demonstram as altas e baixas do mercado avícola a nível mundial e nacional. Tabela 3. Tendência de Consumo Per/Capita de carne de Frango, Bovino, Suíno e Ovos no Brasil no período entre 1970-2012. Fonte: Sakomura, N. K, 2013 (UNESP - Dep. Zootecnia). Tabela 4. Preço Médio Anual da Carne de Frango Ano Preço (R$/kg) 1975 4,11 Anos Frango (kg) Bovino (kg) Suíno (kg) Ovos (unidades) 1970 2,3 22,8 8,1 61 1980 8,9 32,4 8,2 77 1985 8,9 22,8 6,9 87 1990 14,2 36,1 7,2 89 1995 23,3 39,3 8,3 101 2000 29,9 36,5 9,9 94 2005 35,8 36,3 12,1 138 2006 36,1 36,6 11,3 136 2007 37,6 36,2 13,0 137 2008 39,2 36,9 13,4 143 2009 38,9 32,0 14,2 146 2010 43,7 35,0 14,8 149 2011 45,4 35,6 14,5 155 2012 47,1 36,0 14,8 163 27 1980 3,56 1985 2,78 1990 2,22 1995 1,25 2000 1,55 2005 1,35 2006 1,16 2007 1,55 2008 1,63 2009 1,63 2010 1,65 2011 1,92 2012 2,00 Fonte: Fonte: Sakomura, N. K, 2013 (UNESP - Dep. Zootecnia).. Tabela 5. Preço Médio R$ anuais de frango, acém e ovos no varejo. Ano Frango (kg) Acém (kg) Ovos (dz) 2000 1,67 3,77 1,42 2001 1,79 3,94 1,61 2002 1,99 4,39 1,75 2003 2,56 5,19 2,57 2004 2,58 5,46 2,38 2005 2,64 5,16 2,40 2006 2,41 5,44 2,19 2007 3,07 5,86 2,66 2008 3,58 8,32 3,04 2009 3,80 8,39 3,02 2010 3,61 8,63 2,93 2011 4,27 9,27 3,06 2012 4,06 10,16 3,32 Fonte: Fonte: Sakomura, N. K, 2013 (UNESP - Dep. Zootecnia). . Tabela 6. Ranking Mundial de consumo Per/Capita de Frango in natura com osso(Kg). País 2008 2009 2010 2011 Emirados Árabes 63,8 63,1 65,5 67,2 28 Kuwait 65,8 75,0 62,3 64,1 Arábia Saudita 37,6 40,6 47,9 54,0 Brasil 39,3 39,7 40,8 47,4 Hong Kong 36,2 37,3 40,9 47,0 Estados Unidos 44,2 42,1 43,3 44,4 Malásia 38,6 37,7 37,4 37,2 Austrália 34,7 35,0 35,3 35,5 Argentina 31,4 32,4 34,0 36,0 Venezuela 36,6 29,9 31,4 31,1 África do Sul 29,3 29,4 30,5 30,9 Canadá 30,0 29,5 29,6 30,0 México 29,8 29,3 29,6 29,8 Fonte: Fonte: Sakomura, N. K, 2013 (UNESP - Dep. Zootecnia). . Tabela 7. A Situação de carne de Aves no Mundo em Toneladas. País Produção Importações Exportações Utilização 2009 2010 2009 2010 2009 2010 2009 2010 EUA 18.953 19.293 85 81 3.907 3.716 15.178 15.676 CHINA 16.439 17.022 1.740 1.765 916 1.056 17.263 17.731 U.E 11.914 12105 835 805 936 973 11.813 11.937 BRASIL 10.385 10.759 1 1 3.724 3.870 6.662 6.890 MÉXICO 2.633 2.659 725 776 9 10 3.349 3.425 ÍNDIA 2.624 2.726 0 0 1 2 2.623 2.724 URSS 2.360 2.635 964 511 7 2 3.318 3.144 IRÃ 1.682 1.550 60 100 26 26 1.716 1.624 INDONÉSIA 1.435 1.435 15 12 0 0 1.450 1.447 JAPÃO 1.394 1.392 797 903 9 10 2.183 2.285 TAILÂNDIA 1.134 1.208 1 1 596 644 539 565 OUTROS PAÍSES 22.715 22.933 5.622 6.055 985 973 27.349 28.013 TOTAL 93.668 95.717 10.84 5 11.01 0 11.11 6 11.28 2 93.443 95.461 Fonte: Fonte: Sakomura, N. K, 2013 (UNESP - Dep. Zootecnia). Tabela 8. Produção de Carne de Frango no Brasil em Mil Toneladas. 29 2008 2009 2010 2011 2012 JAN 914,0 889,7 1.000,6 1.088,5 1.156,4 FEV 866,3 780,5 870,3 950,6 1.051,6 MAR 925,5 862,0 966,8 1.048,7 1.053,1 ABR 880,0 630,4 1.026,2 1.079,0 1.057,9 MAI 872,1 901,9 1.072,1 1.121,0 1.107,4 JUN 861,8 892,2 1.041,2 1.089,2 1.090,6 JUL 897,0 956,5 1.067,4 1.094,7 1.083,8 AGO 923,8 1.004,1 1.057,0 1.031,7 1.030,7 SET 926,5 956,2 997,5 1.048,8 1.015,1 OUT 990,5 957,6 1.070,5 1.104,3 1.027,6 NOV 998,6 979,9 1.030,5 1.067,4 1.000,7 DEZ 975,6 1.010,0 1.112,1 1.138,4 970,1 TOTAL 11.032,7 11.021,10 12.312,3 12.863,2 12.645,1 Fonte: Fonte: Sakomura, N. K, 2013 (UNESP - Dep. Zootecnia).. Tabela 09. Estimativa de Produção de Carne de Frango, em Função de Mudança de Linhagens, Supondo o Mesmo Número Inicial de Pintos de Corte. Características Linhagem Tradicional Linhagem "de conformação" Nº Inicial de Pintos 100 100,00 Viabilidade 95% 95% Peso do frango Vivo (kg) 2,150 2,400 Peso do frango abatido (kg) 1,800 2,000 Peso total do lote (kg) 171,00 190,00 Aumento na Produção de Carne 11% Fonte: Fonte: Sakomura, N. K, 2013 (UNESP - Dep. Zootecnia) Tabela 10. Custo, Receita e Margem Bruta da Industrialização do Frango (por 1.00 kg de matéria-prima) – R$ (Reais) Atividade Matéria-Prima Receita Custo Margem 1º Passo Frango Inteiro 869,00 737,40 17,85 30 2º Passo Carcaça 1154,30 911,60 26,62 3º Passo Cortes 1483,40 1126,30 31,71 4 º Passo Asa 1638,80 1107,80 47,94 5º Passo Coxa BLL 1568,60 1298,10 20,84 6º Passo Coxa Kagugiri 1767,80 1609,10 9,86 7º Passo Peito 1764,50 1284,90 37,33 8º Passo Lingüiça frescal 3516,50 2577,00 36,46 Fonte: Fonte: Sakomura, N. K, 2013 (UNESP - Dep. Zootecnia) Tabela 11. Exportações de Carne de Frango por Destino. Destino kg líquido Oriente Médio 1.367.527.987 Ásia 946.862.840 UE 507.675.443 América 261.909.474 África 421.802.845 Rússia 72.813.865 Cuba 31.304.912 Canadá 18.698.979 Total 3.634.502.740 Fonte: Fonte: Sakomura, N. K, 2013 (UNESP - Dep. Zootecnia) Aqui foram apresentados alguns dados relevantes do Mercado Nacional. 4 O MELHORAMENTO GENÉTICO DE AVES As modificações na área genética resultaram no desenvolvimento do popular frango9 de granja, que desde sua constituição encontra-se em um dinâmico processo de melhoramento, superando-se em termos de índices zootécnicos a cada ano. Fazendo uma revisão sobre as inovações genéticas de 45 até 70, Giannoni et al, (1983) citam que as primeiras raças de aves de corte surgiram na Ásia e na Europa, porém a produção industrial de frango de granja (broiler) teve início em New England nos Estados Unidos da América do Norte. Desenvolveram-se as raças de dupla aptidão por volta de 1945 e uma delas, a New Hampshire, passou a ser gradualmente especializada para corte como raça pura. 31 Em seguida surgiram cruzamentos dessa raça com a Plymouth Rock Barrada, cujos produtos se destinavam ao corte. Logo após, surgiu a revolucionária raça Red Cornish, em 1948, desenvolvida por Charles Vantress e pouco depois a White Cornish dominante. Ao mesmo tempo outra mudança ocorria: o aparecimento do tipo corte White Rock melhorada por Henri Saglio, tanto como raça pura, como paternal. A partir deste período praticamente todos os “broilers” são produtos de cruzamentos entre Cornish e White Rock. Na década de 50 as fêmeas “broiler” parentais eram formadas por cruza simples, utilizando-se o vigor híbrido para as características reprodutivas. Surgiram então as marcas de híbridos selecionadas pela capacidade combinante entre linhagens. Em 1965 nova mudança ocorreu com a introdução do gene recessivo sexoligado“dwarf” (dw) descrito por HUTT, citado por GIANNONI & GIANONNI (1983), na linhagem paternal fêmea. A partir de 1970 linhagens parentais portadoras de “dw” substituíram algumas linhagens comerciais e semi comerciais da Europa. Essas linhagens apresentavam as seguintes vantagens: (a) 30% de redução no peso do corpo da linhagem materna, em conseqüência requeriam em média 40 gramas a menos de alimentos por dia, fato que reduziu o custo dos ovos de incubação e (b) a densidade populacional nos galinheiros podia ser aumentada de 20 a 30%. Por outro lado condicionavam algumas desvantagens como: (a) maior dificuldade de acasalamento, resultante da diferença de tamanho entre fêmeas dw (pequenas) e machos (grandes), necessitando geralmente de inseminação artificial, (b) diminuição da eclodibilidade total e (c) a maioria das linhagens dw ainda não se encontra estabilizada geneticamente e adaptada para a comercialização. Os ganhos decorrentes do melhoramento genético foram surpreendentes. Um exemplo disto é o progresso conseguido nas aves de postura, que produziam 150 ovos por ano e passaram as linhagens comerciais mais recentes para a produção média de 300 ovos em 52 semanas. Esta tecnologia iniciou-se nos EUA e rapidamente se expandiu para outros países. A conversão alimentar também foi atingida pelo melhoramento genético. Uma revisão a partir de 1945, feita por COTTA (1997). Baseado nestes dados, um frango de corte atingia o peso de 1,6 Kg com cerca de 98 dias, realizando uma conversão em torno de 3. Atualmente os frangos atingem o 32 mesmo peso com apenas um mês de idade, com uma conversão alimentar em torno de 1,66. Outro fato importante para a economia avícola foi a redução na idade de abate dos frangos10. Em 1912, eram necessários 112 dias para se produzir um frango com 1.500g de peso vivo, e hoje se obtêm 2.160g em 42 dias apenas (TEIXEIRA, 1997a). Considerando o período de 1930 a 1999, o frango aumenta em 73% o seu peso, passando de 1,5 Kg para 2,6 Kg na idade de abate, a conversão alimentar passa de 3,5 para 1,8. Isso significa uma economia de 48% na necessidade de ração. A idade de abate passa de 105 para 42 dias, portanto 60% a menos de tempo necessário para a época de abate. Para se ter uma noção da intensidade das mudanças genéticas, até a década de oitenta, os programas de melhoramento genético apresentam a seguinte desempenho (GIANNONI, et al.,1983): Ganho de peso – obtinha-se melhoramento de 4 a 5% ao ano Conversão alimentar – diminuía a razão de 1% ao ano Gordura abdominal (na avaliação por ultra-som) – já fazia parte do melhoramento genético a diminuição dos depósitos de gordura Porcentagem de cortes nobres (coxa e peito). O melhoramento já era direcionado para o aumento do rendimento dos cortes nobres E a seleção já considerava a necessidade de resistência ao estresse, em função da sua importância em face dos métodos mais intensivos e industrializados de produção. Apesar do melhoramento genético considerar a resistência ao estresse os resultados conseguidos não são significativos, a redução da mortalidade observada nos últimos anos deve ser atribuída em grande parte à melhoria do ambiente e das práticas de manejo. Observa-se uma diferença de mortalidade de 18,37% no período de 42 a 56 dias quando se compara frango de corte de 1997 com frango de menor evolução genética (diferença de 12 anos) em condições de desafio de alta temperatura a partir de 50 dias de idade (TORRES, 1998). Atualmente para Lana (2000) os ganhos genéticos anuais esperados são os seguintes: 2,5% no peso corporal; 0,02 unidades de diminuição na conversão alimentar; 0,25% no aumento do rendimento de carcaça; 0,1% de diminuição na gordura abdominal, 0,15% de aumento no rendimento de peito; e 0,4 dias de diminuição na idade de abate. 33 Espera-se que sejam mantidos nos níveis atuais à idade a maturidade sexual, o pico de produção, a eclodibilidade, a qualidade do ovo e a viabilidade dos frangos. Para da Silva (1988), a seleção genética é um método de se obter em alguns anos aquilo que as forças da natureza levariam milênios para fazer e que jamais chegariam a um resultado tão perfeito, do ponto de vista do processo de produção capitalista. Segundo o autor “algumas aves, como por exemplo, a galinha poedeira, a codorna japonesa e o peru americano, após anos de seleção genética, encontram-se tão distantes dos seus ancestrais nativos, que parecem novas espécies, e a reprodução não é mais possível a não ser quando conduzida artificialmente, dado que essas raças já perderam todos os instintos que não aqueles que se destinem à missão de fabricar ovos e carne”. Para Ota apud Goodman et al (1990) existem as previsões de que em tempo recente as atividades de melhoramento animal estarão bem de frente das transformações qualitativas de curto prazo na agricultura, iniciadas pelas biotecnologias. Um exemplo disto é utilização em fase experimental de hormônio do crescimento para galinhas produzido por bactérias desenhadas por engenharia genética. Esse hormônio não tem a finalidade de fazer as galinhas maiores, mas sim o de fazer galinhas normais crescerem mais rápido. Adendo: “União Brasileira de Avicultura emite nota de esclarecimento em resposta às informações dadas pela nutricionista clínica funcional Flávia Cyfer, a União Brasileira de Avicultura emitiu a seguinte nota de esclarecimento: "Com relação aos comentários feitos pela nutricionista Flávia Cyfer na edição do programa Globo Repórter (8/11), mencionando hormônios em aves, a União Brasileira de Avicultura (UBABEF) esclarece que não são utilizados hormônios na criação das aves no Brasil. Seu crescimento é influenciado, principalmente, pelo melhoramento genético por seleção natural (com o cruzamento de animais de melhor ganho de peso), nutrição, ambiência e cuidados adequados. Não há qualquer adição de hormônios em sua criação. A presença de hormônio em aves é um mito utilizado para justificar o crescimento e o menor tempo de abate dos frangos comerciais. Pesquisas mostram que a seleção genética é responsável por 90% da eficiência no ganho de peso. As evoluções nas áreas da genética e da nutrição (com base em dieta balanceada e eficiente), além do manejo nutricional e sanitário, resultam em uma ave que requer aproximadamente 1/3 do tempo e 1/3 do total de alimento de uma ave desenvolvida na década de 1950, por exemplo. 34 No Brasil há um rígido controle sanitário promovido anualmente pelo Ministério da Agricultura, por meio do Programa Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes (PNCRC), com análises sobre a ocorrência de resíduos nos produtos – desde a implantação do PNCRC, nunca foram constatadas ocorrências de utilização de hormônios. Em seu último levantamento, foram realizadas 3,7 mil análises em aves voltadas para o consumo do mercado interno e para a exportação. Nenhuma das análises deu resultado positivo para substâncias de ação anabolizante, assim como as demais análises realizadas em anos anteriores. O levantamento promovido pelo MAPA é o principal atestado sobre o elevado padrão produtivo da avicultura brasileira. A técnica também seria economicamente inviável, devido ao grande número de aves criadas para abate. Em 2012 a produção foi de 12,645 milhões de toneladas. O frango comercializado no Brasil é o mesmo vendido no mercado internacional, que impõe sérias condições sanitárias para os produtos que importa. A proibição ao uso de hormônios é uma delas, por isso nossas granjas e frigoríficos passam por constantes inspeções de técnicos estrangeiros, assim como é comum a aplicação de diversos testes na carne de frango na chegada ao porto de destino. O fato de o Brasil ter se tornado, a partir de 2004, o maior exportador mundial do produto, representa um atestado à qualidade e à sanidade de nosso produto, queestá em mais de 150 países e com vendas de quase 4 milhões de toneladas para o exterior" Segundo Sorj et al (1982) “a avicultura moderna é filha das mais avançadas técnicas de engenharia genética aplicadas à produção industrial de carnes animais. Pelo alto grau de conversão de cereal em carne, é o frango o animal que melhor se adapta à produção maciça de carnes a menores preços. A partir do controle genético, confinamento e regulação alimentar, reduzem-se (quando não eliminam) os determinantes naturais do ciclo de reprodução biológica do animal”. A esse respeito Da Silva (1996), em um breve resumo sobre o progresso técnico na agricultura, cita o seguinte “na agricultura devido ao fato do período produtivo estar condicionado por processos biológicos, dificilmente se consegue reduzi-los significativamente através de inovações que não as biológicas; e ainda assim com resultados bastante limitados.” 35 Dessa forma as mudanças na área da genética permitiram a substituição de raças puras de aves por híbridos sintéticos de alta performance produzidos pela indústria da área genética denominada no meio técnico por “avozeiro”. Os ganhos genéticos permitiram: a diminuição da idade de abate de 105 dias para 42 dias; a melhora na conversão alimentar passando de 3,5 para 1,8 ao abate e aumentar o peso vivo de 1,5 kg para 2,6 kg a idade de abate. 5 PRINCIPAIS RAÇAS DE FRANGOS 5.1 RAÇAS PURAS Leghorn: Raça mediterrânea, Crista serra ou dobrada para esquerda; crista lisa usada comercialmente, Pele amarela e produz ovos de casca branca, Variedades marrom, branca, amarela, preta, dourada, Aves pequenas; excelentes produtoras de ovos. Figura 1: Raça Leghorn Fonte: Universidade Federal dos Pampas, Junho, 2013. 36 Orpington: Raça inglesa,Dupla finalidade, Variedades preta, branca, amarela e azul. Aves pesadas (fêmeas: 3,6kg; machos: 4,5kg), Média produção de ovos (160 ovos/ciclo). Figura 2: Raça Orpington Fonte: Universidade Federal dos Pampas, Junho, 2013. Cornish: Raça inglesa de corte, Variedades preta, branca com vermelho e amarelo. Pele amarela e produz ovos de casca marrom, Conformação corporal c/ pernas curtas, corpo amplo e peito musculoso, Raça que ofereceu características principais ao frango de corte comercial. Figura 3: Raça Cornish 37 Fonte: Universidade Federal dos Pampas, Junho, 2013. Plymouth rock branca: muito utilizada nos primeiros cruzamentos industriais, pele amarela e crista lisa, penas brancas são grande vantagem. Figura 4: Raça Plymout rock branca Fonte: Universidade Federal dos Pampas, Junho, 2013. Plymouth rock barrada: apresentam penas com barras brancas e pretas no sentido transversal. produz ovos marrons. Atualmente vem sendo mais utilizada como linha fêmea nos cruzamentos com galos Rhode Island Red. Figura 5: Raça Plymouth rock barrada 38 Fonte: Universidade Federal dos Pampas, Junho, 2013. New Hampshire: Apresenta cor vermelho claro, pele amarela, crista lisa e produz ovos de cor marrom,foi muito utilizada para produção de frangos de corte, utilizada em muitos cruzamentos que formam os atuais híbridos (produção de grande qtdade de ovos com boa eclodibilidade). Figura 6: Raça New Hampshire Fonte: Universidade Federal dos Pampas, Junho, 2013. Rhode Island: raça americana de pele amarela e ovos marrons, admite-se variedades vermelha e branca, apresentam alta produção de ovos. Figura 7: Raça Rhode Island 39 Fonte: Universidade Federal dos Pampas, Junho, 2013. Sussex: raça inglesa predominantemente para corte; apresenta diversas variedades (mais popular é Light Sussex), pele branca, ovos marrons, boa produtora de carne. Figura 8: Raça Sussex Fonte: Universidade Federal dos Pampas, Junho, 2013. Gigante de Jersey: desenvolvida em New Jersey quando havia grande demanda por frangos pesados, aves de grande porte; variedades branca e preta; pele amarela, produtora de ovos marrons. Figura 9: Raça Gigante de Jersey 40 Fonte: Universidade Federal dos Pampas, Junho, 2013. 5.2 RAÇAS HÍBRIDAS DE CORTE Figura 10: Raça Ross Fonte: Universidade Federal dos Pampas, Junho, 2013. Figura11: Raça Cobb Fonte: Universidade Federal dos Pampas, Junho, 2013. Figura 12: Raça Embrapa 021 41 Fonte: Universidade Federal dos Pampas, Junho, 2013. Figura 13: Raça Embrapa 041 Colonial Fonte: Universidade Federal dos Pampas, Junho, 2013. 5.3LINHAGENS COMERCIAIS DE POSTURA Figura 14: Raça Hi Line Brown and White Fonte: Universidade Federal dos Pampas, Junho, 2013. Figura 15: Raça Lohmann 42 Fonte: Universidade Federal dos Pampas, Junho, 2013. Figura 16: Raça Embrapa 011 Fonte: Universidade Federal dos Pampas, Junho, 2013. Figura 17: Raça Embrapa 031 Fonte: Universidade Federal dos Pampas, Junho, 2013. Figura 18: Raça Poedeira Colonial Embrapa 051 43 Fonte: Universidade Federal dos Pampas, Junho, 2013. 6. NUTRIÇÃO A criação em ambiente confinado permitiu a diminuição dos riscos de mortalidade e maior controle da criação. Isto foi possível graças ao fornecimento de todos os nutrientes necessários à produção via rações balanceadas. Um dos fatores responsáveis pelo melhoramento das rações das aves e, conseqüentemente, pela possibilidade de criar aves em escala industrial, ou seja em grandes números e totalmente confinadas, foi a descoberta da vitamina D311 sintética, em 1932, que permitiu a criação de aves na ausência de raios solares (ENGLERT, 1978). As mudanças na nutrição têm oferecido a sua contribuição ao progresso genético do frango de corte. Para Englert (1978), a nutrição é uma ciência deste século, pois foi por volta de 1900 é que se começou a usar pela primeira vez rações à base de grãos cereais e alguns subprodutos de origem vegetal e animal. Até então, as aves eram criadas à solta e elas supriam suas deficiências alimentares ingerindo vegetais, insetos e minhocas, além dos grãos de milho e outros que recebiam do criador. Naquela época ainda se acreditava que para criar bem uma ave bastava mantê-la com o papo cheio. Segundo Teixeira (1997a), no campo da avicultura houve um progresso marcante na área de nutrição, a Tabela 12 mostra 40 anos de progresso na nutrição de frangos de corte, comparando as rações de 1929, 1956 e 1969. De 1929 para 1969 houve um aumento de 138,4% no peso médio dos frangos aos 28 dias. O autor atribui parte desta melhora à qualidade da ração que diminuiu o gasto com alimento por quilo de frango produzido em 41%. Tal fato trouxe um grande benefício 44 para o setor avícola, pois a ração é o principal responsável pelo custo de produção, sendo que este custo teve uma grande queda naquele período. Dentre vários pontos fundamentais no progresso obtido nos últimos anos, destacam-se três: 1 – identificação e determinação dos requerimentos de minerais, vitaminas e aminoácidos essenciais; 2 – reconhecimento da importância de equilíbrio entre o nível de energia e os demais nutrientes da dieta; 3 – relacionamento do custo da alimentação para a produção de um quilo de carne. Embora a nutrição animal seja considerada uma das ciências mais desenvolvidas no campo da zootecnia, ainda existem muitos fatores de produção para serem pesquisados. Muitos nutrientes requeridos pelos frangos de corte que já foram isolados e identificados, como os solúveis secos de destilarias, o soro em pó de leite, a levedura seca de cerveja, a farinha de miscélias de antibiótico, outros solúveis de fermentação e certos alimentos naturais; têm sido mencionados como boas fontes de fatores de crescimento não identificados (TEIXEIRA,1997a). O levantamento da evolução das exigências nutricionais das aves apresenta componentes bastante diferenciados. Existe um processo dinâmico
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