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PACOTE_ANTICRIME_-_Alterações_no_Código_Penal_-_Parte_Geral_e_Especial_2020

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Manual Caseiro 
 
Direito Administrativo – De 
na Súmula!!! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Alterações no Código Penal: 
Legítima Defesa (art. 25, CP) 
Pacote Anticrime 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No dia 24 de dezembro de 2019, foi publicada a Lei 
n. 13.964/2019, antigo PL 10.372/2018 — Pacote 
Anticrime. A Lei em comento aperfeiçoa a legislação 
penal e processual penal, ocasionando diversas 
alterações no Código Penal, Código de Processo 
Penal e Legislações Extravagantes. 
 
 
 
 
 
 
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Manual Caseiro 
 
Direito Administrativo – De 
na Súmula!!! 
 
 
Manual Caseiro 
Instagram: @manualcaseiro 
E-mail: manualcaseir@outlook.com 
Site: www.meumanualcaseiro.com.br 
PACOTE ANTICRIME: Alterações no Código Penal – Legítima Defesa 
Organizadora: Natália Fernanda de Oliveira 
 
 
 
PACOTE ANTICRIME 
Alterações no Código Penal – Legítima Defesa 
 
Foi sancionada em 24 de dezembro de 2019, a Lei 13.964, intitulada “Pacote Anticrime”, a qual 
promove uma verdadeira reforma na legislação penal e processual penal, alterando paradigmas substanciais, 
tanto do ponto de vista processual (CPP) quanto “material” (Código Penal e Legislação Penal Extravagante). 
Nessa linha, a Lei n. 13.964/2019 – Pacote Anticrime – aperfeiçoa a legislação penal e processual 
penal, gerando diversas alterações no CP, CPP e Legislação Extravagante. Nesse momento, iremos trabalhar 
com as alterações que foram produzidas no Código Penal – Parte Geral, especificadamente, legítima defesa. 
 
Considerações Iniciais 
Preliminarmente registramos que se trata de lei que entra em vigor na data de 23/01/2020 e que 
trouxe em seu bojo alterações ao Código Penal, ao Código de Processo Penal e em inúmeras leis 
extravagantes. 
Para além disso, lembramos que essa foi publicada no dia 24 de dezembro de 2019, tendo como 
vacatio legis o prazo de 30 dias, prazo esse, considerado extremamente curto diante de alterações tão 
importantes em nossa legislação. 
Vale ainda mencionar que as mudanças realizadas no Código Penal foram bem mais tímidas – ou 
seja, em menor quantidade – do que as realizadas no CPP, visto que a estrutura do nosso Código de Processo 
Penal foi substancialmente alterada. 
No que se refere as alterações de conteúdo penal material precisamos trabalhar com a questão afeta à 
retroatividade. Nesses casos, como já é de conhecimento de todos, a lei penal não irá retroagir, salvo, se 
para beneficiar o réu. 
mailto:manualcaseir@outlook.com
http://www.meumanualcaseiro.com.br/
 
 
 
 
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Manual Caseiro 
 
Direito Administrativo – De 
na Súmula!!! 
 
 
Há de se consignar que a legislação não trouxe somente alterações maléficas ao réu, mas é evidente 
que essa, no que tange ao direito penal teve consideravelmente muito mais alterações prejudiciais que 
benéficas. Ou seja, a larga maioria das normas vêm com a missão de recrudescer a lei penal. 
Dito isso temos que, no que diz respeito às normas penais materiais mais severas essas não 
retroagirão, podendo somente serem aplicadas após a entrada em vigor da lei. Noutro vértice, as normas que 
beneficiarem o réu retroagirão aos atos anteriormente praticados. 
Os dispositivos que forem de natureza – apenas - processual penal, teremos como necessária a 
aplicação da regra prevista no artigo 2º do CPP. Vejam, que nesses casos não iremos aplicar o princípio da 
irretroatividade, mas sim o princípio da imediatidade. 
Com isso, a lei processual penal já tem a incidência imediata e os atos processuais já praticados serão 
considerados válidos, independentemente se seus efeitos serão maléficos ou benéficos. 
ATENÇÃO – APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA IMEDIATIDADE 
Art. 2º A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a 
vigência da lei anterior. 
Quando a lei for de caráter misto – norma com regramento que trata tanto de matéria penal, como de 
matéria penal processual – iremos aplicar a regra do direito penal material. Ou seja, aplicar-se-á a 
irretroatividade. A lei somente retroagirá se for para beneficiar o réu. 
Feitas essas primeiras considerações, passamos agora para a análise das alterações afetas ao art. 25 
do Código Penal. 
Legítima Defesa 
O professor Cleber M asson1explica que o instituto da legítima defesa é inerente à condição humana. 
Acompanha o homem desde o seu nascimento, subsistindo durante toda a sua vida, por lhe ser natural o 
comportamento de defesa quando injustamente agredido por outra pessoa. Em razão da sua compreensão 
como direito natural, a legítima defesa sempre foi aceita por praticamente todos os sistemas jurídicos, ainda 
que muitas vezes não prevista expressamente em lei, constituindo-se, dentre todas, na causa de exclusão da 
ilicitude mais remota ao longo da história das civilizações. De fato, o Estado avocou para si a função 
jurisdicional, proibindo as pessoas de exercerem a autotutela, impedindo-as de fazerem justiça pelas próprias 
 
1 Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120) – vol. 1 / Cleber Masson. – 13. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 
2019. 
 
 
 
 
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Manual Caseiro 
 
Direito Administrativo – De 
na Súmula!!! 
 
 
mãos. Seus agentes não podem, contudo, estar presentes simultaneamente em todos os lugares, razão pela 
qual o Estado autoriza os indivíduos a defenderem direitos em sua ausência, pois não seria correto deles 
exigir a instantânea submissão a um ato injusto para, somente depois, buscar a reparação do dano perante o 
Poder Judiciário. 
Nessa esteira, diz-se que a legítima defesa é uma excludente de ilicitude ou de antijuridicidade. 
Isto é, ela exclui a contrariedade do ato em relação à ordem jurídica. Assim, mesmo que a pessoa cometa 
algo previsto em lei como proibido (por exemplo, causar lesões corporais ou mesmo a morte de outrem), 
caso essa conduta seja praticada em legítima defesa, ela não será antijurídica, mas lícita diz-se que a legítima 
defesa é uma excludente de ilicitude ou de antijuridicidade. Isto é, ela exclui a contrariedade do ato em 
relação à ordem jurídica. Assim, mesmo que a pessoa cometa algo previsto em lei como proibido (por 
exemplo, causar lesões corporais ou mesmo a morte de outrem), caso essa conduta seja praticada em legítima 
defesa, ela não será antijurídica, mas lícita. 
Como se extrai do art. 23, II, do Código Penal, a legítima defesa é causa de exclusão da ilicitude. 
Destarte, o fato típico praticado em legítima defesa é lícito. Não configura crime. 
Antes de qualquer coisa, é importante consignar que a alteração do art. 25 do Código Penal proposta 
originariamente no PL do ‘Pacote Anticrime’, apresentado ao Congresso Nacional continha uma alteração 
extremamente polêmica e não foi aceita pelo CN. 
Qual seria essa alteração polêmica? 
Tratava-se de alteração que permitia ao juiz diminuir a pena – reduzir a pena pela metade – ou até 
dispensar/deixar de aplicar a pena – hipótese de perdão judicial – nos casos em que o agente tivesse agido 
em excesso provocado por medo, surpresa ou violenta emoção. 
Nesse momento abrimos um parêntese para lembrar que o excesso – atualmente – seja ele doloso ou 
culposo é punível pela legislação pátria. 
 
Exclusão de ilicitude (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 I - em estado de necessidade; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 II - em legítima defesa;(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.(Incluído pela Leinº 7.209, 
de 11.7.1984) 
 
Excesso punível (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso 
doloso ou culposo.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art23
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art23
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art23
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art23
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art23
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art23
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art23
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art23
 
 
 
 
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Direito Administrativo – De 
na Súmula!!! 
 
 
Observem que de acordo com o que havia sido proposto, se o agente agiu em excesso, e esse excesso 
tive decorrido de situações de medo, surpresa ou violenta emoção, o magistrado poderia diminuir a pena pela 
metade, ou o juiz poderia simplesmente dispensar a pena. 
Ocorre que diante de algumas polêmicas com relação as questões técnico-jurídicas a alteração acabou 
sendo barrada no Congresso Nacional, ou seja, não se tratou de veto presidencial. 
 
Retornando ao nosso objeto de estudo – conteúdo do parágrafo único do art. 25 do CP – temos 
que esse não tem relação nenhuma com o conteúdo polêmico barrado no Congresso Nacional. 
Superada as devidas considerações, passaremos análise pontual da modificação do instituto da 
legítima defesa com o advento do Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/2019). 
Art. 25. Entende-se em legitima defesa quem, usando moderadamente dos meios 
necessários, repele injusta agressão, atual OU iminente, a direito seu ou de outrem. 
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se 
também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de 
agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes. 2 
Da simples leitura do art. 25 do CP extraímos os requisitos objetivos da legítima defesa: a) agressão 
injusta; b) atual ou iminente; c) uso moderado dos meios necessários; d) proteção do direito próprio ou de 
outrem. Além dos requisitos objetivos expressamente previstos no art. 25, a descriminante demanda mias 
um, de natureza subjetiva, qual seja, conhecimento da situação de fato justificante. Deve o agente conhecer 
as circunstâncias do fato justificante, demonstrando ter ciência de que está agindo diante de um ataque atual 
ou iminente 3. 
Pacote Anticrime 
Redação ANTES da Lei 13.964/19 (Pacote 
Anticrime) 
Redação DEPOIS da Lei 13.964/19 (Pacote 
Anticrime) 
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, 
usando moderadamente dos meios necessários, 
repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito 
seu ou de outrem. 
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, 
usando moderadamente dos meios necessários, 
repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito 
seu ou de outrem. 
Sem parágrafo correspondente. Parágrafo único. Observados os requisitos 
previstos no caput deste artigo, considera-se 
também em legítima defesa o agente de segurança 
pública que repele agressão ou risco de agressão a 
 
2 Acrescentado pelo Pacote Anticrime – Lei n. 13.964/2019. 
3 PACOTE ANTICRIME: Lei 13.964/2019: Comentários às alterações no CP, CPP e LEP, 2020, Rogério Sanches Cunha. 
 
 
 
 
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Direito Administrativo – De 
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vítima mantida refém durante a prática de 
crimes. 
O professor Fábio Roque explica que a alteração do parágrafo único do art. 25 do CP, não é uma 
alteração substancial de fato, isso porque a presente situação já poderia ser considerada legítima defesa. E o 
que fez o pacote anticrime? Passou a explicitar o que já se admitia na doutrina, prevendo agora de forma 
expressa. 
Corroborando ao exposto, Pedro Tenório e Estácio Luiz 4 (Pacote Anticrime: as modificações do 
sistema de justiça criminal brasileiro, 2020): 
Na prática, a inovação legislativa não trouxe modificações substanciais, porquanto se limitou a descrever 
uma hipótese de legítima defesa de terceiro já amplamente aceita pela doutrina e pela jurisprudência. 
Desse modo, temos que o art. 25 do Código Penal ganhou, com a Lei no 13.964/2019, um 
parágrafo único, a fim de enfatizar que atua também em legítima defesa o agente de segurança pública 
que repele agressão ou risco de agressão a vítima que é mantida refém durante a prática de crimes. A 
alteração reforça, por exemplo, que não há o “estrito cumprimento do dever legal de matar”. Uma vez 
preenchidos os requisitos do art. 25 (repelir agressão injusta, utilizando dos meios moderados, etc), o agente 
de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de 
crimes atuará em legítima defesa (e não em estrito cumprimento do dever legal). 
Assim, considera-se também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele 
agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes. 
A presente circunstância para caracterizar a legítima defesa, necessita que esteja em consonância com 
os requisitos proposto no caput, art. 25, é o que se pode extrair da parte inicial do parágrafo único. 
Insta observamos que, a alteração do art. 25, diferentemente da maioria das alterações do Pacote 
Anticrime, ela é benéfica. De modo que, tratando-se de norma penal mais benéfica5, observará a regra 
constitucional da retroatividade benéfica, conforme disciplina o texto constitucional. 
 
4 PACOTE ANTICRIME: As modificações no sistema de justiça criminal brasileiro, 2020. Pedro Tenório Soares Vieira Tavares; 
Estácio Luiz Gama de Lima Netto. 
 
5 Lei penal benéfica, lex mitior ou novatio legis in mellius: É a que se verifica quando, ocorrendo sucessão de leis penais no 
tempo, o fato previsto como crime ou contravenção penal tenha sido praticado na vigência da lei anterior, e o novel instrumento 
legislativo seja mais vantajoso ao agente, favorecendo-o de qualquer modo. A lei mais favorável deve ser obtida no caso concreto, 
aplicando-se a que produzir o resultado mais vantajoso ao agente (teoria da ponderação concreta). Aqui também a expressão “de 
qualquer modo” deve ser compreendida na acepção mais ampla possível. Nos termos do art. 5º, XL, da CF, a abolitio criminis e a 
novatio legis in mellius devem retroagir, por configurar nítido benefício ao réu. A retroatividade é automática, dispensa cláusula 
expressa e alcança inclusive os fatos já definitivamente julgados. 
 
 
 
 
 
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Direito Administrativo – De 
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Lei penal benéfica, também conhecida como lex mitior ou novatio legis in mellius, é a que se verifica quando, 
ocorrendo sucessão de leis penais no tempo, o fato previsto como crime ou contravenção penal tenha sido 
praticado na vigência da lei anterior, e o novel instrumento legislativo seja mais vantajoso ao agente, 
favorecendo-o de qualquer modo. 
Diante do exposto, contemplamos que a alteração trazida pela lei de 2019 não pode ser 
considerada como uma alteração substancial, isso porque, convenhamos, tal pratica já era considerada 
como legitima defesa. Com a inclusão da norma o legislador veio tão somente explicitar uma hipótese 
que já era considerada como legitima defesa. 
Imperioso mencionar que a conduta acima descrita - ao contrário de que muitos pensam - não era 
exemplo de estrito cumprimento de dever legal e por uma razão muito simples: não existe um dever legal de 
matar. 
Observação: até existe um dever legal de matar no Brasil, mas tão somente nos casos de pena de morte 
e em caso de guerra declarada. 
 
Assim, o exemplo dopolicial – atirador de elite – que está a postos para atirar no criminoso que fez 
de refém um dos clientes do banco, não está agindo em estrito cumprimento de dever legal, mas sim em 
legitima defesa de terceiro, salvaguardando a vida desse. E, ainda que existam algumas eventuais polêmicas 
na doutrina, esse é o entendimento largamente aceito em sede doutrinária. 
Dito isso, é de se considerar que o parágrafo único – acrescido pela Lei nº 13.964/2019 – apesar de 
não trazer grandes inovações práticas, teve o intuito de explicitar algo que já era considerado por nossa 
doutrina. 
Por fim, alertamos que a redação em comento, tem o cuidado de trazer os seguintes termos: 
“Observados os requisitos previstos no caput deste artigo.” Ou seja, será considerada como legitima defesa 
o ato praticado nesses casos, em tese. Isso porque, deverá ser analisado e comprovado no caso concreto se o 
agente atuou valendo-se da ideia de moderação e necessidade expressamente contida na norma penal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Alterações no Código Penal: 
Competência para Execução da Pena de Multa (art. 51, CP) 
Pacote Anticrime 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No dia 24 de dezembro de 2019, foi publicada a Lei 
n. 13.964/2019, antigo PL 10.372/2018 — Pacote 
Anticrime. A Lei em comento aperfeiçoa a legislação 
penal e processual penal, ocasionando diversas 
alterações no Código Penal, Código de Processo 
Penal e Legislações Extravagantes. 
 
 
 
 
 
 
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Manual Caseiro 
 
Direito Administrativo – De 
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Manual Caseiro 
Instagram: @manualcaseiro 
E-mail: manualcaseir@outlook.com 
Site: www.meumanualcaseiro.com.br 
PACOTE ANTICRIME: Alterações no Código Penal – Competência para Execução da Pena de 
MultaOrganizadora: Natália Fernanda de Oliveira 
 
 
 
PACOTE ANTICRIME 
Alterações no Código Penal – Competência para Execução da Pena de Multa 
 
Foi sancionada em 24 de dezembro de 2019, a Lei 13.964, intitulada “Pacote Anticrime”, a qual 
promove uma verdadeira reforma na legislação penal e processual penal, alterando paradigmas substanciais, 
tanto do ponto de vista processual (CPP) quanto “material” (Código Penal e Legislação Penal Extravagante). 
Nessa linha, a Lei n. 13.964/2019 – Pacote Anticrime – aperfeiçoa a legislação penal e processual 
penal, gerando diversas alterações no CP, CPP e Legislação Extravagante. Nesse momento, iremos trabalhar 
com as alterações que foram produzidas no Código Penal – Parte Geral, especificadamente, competência 
para execução da pena de multa. 
 
Pacote Anticrime 
Redação ANTES da Lei 13.964/19 (Pacote 
Anticrime) 
Redação DEPOIS da Lei 13.964/19 (Pacote 
Anticrime) 
Art. 51 - Transitada em julgado a sentença 
condenatória, a multa será considerada dívida de 
valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação 
relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, 
inclusive no que concerne às causas interruptivas e 
suspensivas da prescrição. 
Art. 51. Transitada em julgado a sentença 
condenatória, a multa será executada perante o 
juiz da execução penal e será considerada dívida 
de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida 
ativa da Fazenda Pública, inclusive no que 
concerne às causas interruptivas e suspensivas da 
prescrição. 
 
 Inicialmente, vamos relembrar todo o contexto histórico envolvendo a questão da pena de multa e seu 
descumprimento. 
Antes o advento da Lei nº 9.268/96, o art. 51 do Código Penal autorizava a conversão da multa em 
pena privativa de liberdade. Dessa forma, até 1996 a multa inadimplida era convertida em pena privativa de 
liberdade. Com as alterações trazidas pela novel legislativa, o CP determina que a multa não paga será 
considerada como dívida ativa aplicando-se-lhe a lei de execução fiscal. 
Assim: 
 
mailto:manualcaseir@outlook.com
http://www.meumanualcaseiro.com.br/
 
 
 
 
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Antes da Lei n. 9.268/96 Depois da Lei n. 9.268/96 
O art. 51 do CP autorizava a conversão da pena da 
multa em pena privativa de liberdade. 
O art. 51 do CP determina que a multa não paga será 
considerada como dívida ativa aplicando-se-lhe a lei 
de execução fiscal. 
 
Dessa forma: 
Antes da Lei n° 9.268/96: se o condenado, deliberadamente, deixasse de pagar a pena de multa, ela 
deveria ser convertida em pena de detenção. Em síntese, a pena de multa era transformada em pena privativa 
de liberdade. 
Posteriormente, a Lei em comento alterou o art. 51 do CP e previu que, se a multa não for paga, ela 
será considerada dívida de valor e deverá ser cobrada do condenado pela Fazenda Pública por meio de 
execução fiscal. 
Com o advento da Lei nº 9.268/96, discute-se a legitimidade e competência para a execução da multa. 
 
1ª Corrente: a competência para a execução da pena de multa continua sendo do juízo das execuções 
penais, sendo o Ministério Público a parte legítima, seguindo o rito da Lei de Execuções penais. Tese 
defendida por Bitencourt. 
2ª Corrente: a competência é dos juízos das execuções penais, sendo o Ministério Público parte 
legítima, seguindo o rito da lei de execuções fiscais. O TJ de Minas chegou emitir súmula nesse sentido. 
3 ª Corrente: a competência é da Vara da Fazenda Pública, figurando como parte legítima a Procuradoria da 
Fazenda, seguindo o rito da Lei de Execução Fiscal. É a corrente que prevalecia no STF e no STJ. 
 
Nesse sentido, inclusive, era o teor da Súmula 521 do STJ, que ficou superada com o novo 
entendimento do STJ. 
Súmula 521-STJ: A legitimidade para a execução fiscal de multa pendente de pagamento imposta em 
sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública. 
 
Conforme o novo entendimento do STF, o MP é quem deve executar a pena de multa e, apenas se 
ficar inerte por mais de 90 dias, essa legitimidade é transferida para a Fazenda Pública. Vejamos: 
O Ministério Público possui legitimidade para propor a cobrança de multa decorrente de 
sentença penal condenatória transitada em julgado, com a possibilidade subsidiária de 
cobrança pela Fazenda Pública. 
Quem executa a pena de multa? 
• Prioritariamente: o Ministério Público, na vara de execução penal, aplicando-se a LEP. 
 
 
 
 
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• Caso o MP se mantenha inerte por mais de 90 dias após ser devidamente intimado: a 
Fazenda Pública irá executar, na vara de execuções fiscais, aplicando-se a Lei nº 
6.830/80. STF. Plenário. ADI 3150/D/F, Rel. para acórdão Min. Roberto Barroso, julgado 
em 12 e 13/12/2018 (Info 927). STF. Plenário. AP 470/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, 
julgado em 12 e 13/12/2018 (Info 927). 
 
E o que previu o Pacote Anticrime em relação a esse tema? 
Para tornar o assunto mais complexo, a Lei 13.694/2019 modificou o artigo 51 do Código Penal, 
passando a prever que a execução deve se processar no Juízo da Execução Penal, o que parece reforçar a 
legitimidade do Ministério Público e afastar a da Procuradoria da Fazenda. 
Assim, a dívida de valor deve ser cobrada em Vara de Execução Penal. 
O que foi modificado no art. 51 do CP com o pacote anticrime foi a inclusão do juízo da execução 
penal como competente para a cobrança dessa dívida de valor. 
O prof. Fábio Roque explica que de forma semelhante ao art. 25 do CP, a novidade do art. 51 não é 
algo extretamente novo, originário. Isso porque o que trouxe o art. 51 já estava no julgamento do STF, porém 
com uma ressalva, pois era prioritariamente e caberia atuação daFazenda Pública de forma complementar e 
subsdiária. 
No atual cenário, não há a previsão da competência subsdiária das Varas da Fazenda Pública. Essa 
atuação subsidiária que o STF admitiu, não consta no Pacote Anticrime. 
Diante do entendimento do STF, aliado ainda a nova redação do art. 51 do CP trazida pelo pacote 
anticrime, nos parece que o entendimento exarado ao teor da Súmula 521 do STJ, resta superado. 
Corroborando ao exposto: 
... a recentíssima jurisprudência do STF parece ter superado o entendimento sumulado pelo tribunal da 
cidadania nos seguintes termos: “O MP é legitimado a cobrar a multa penal transitada em julgado na Vara das 
Execuções Penais. Caso o MP se mantenha inerte por mais de 90 dias, após ser devidamente intimado, a 
Procuradoria da Fazenda Pública irá executar, na Vara de Execuções Fiscais, aplicando-se a Lei 6.830/80” 
(STF. ADI 3150/DF e AP 470/MG, Pleno, Red. p/ ac. Min. Roberto Barroso, 13/12/2018 – Info 927).1 
 
Candidato, pode o Ministério Público ingressar com medidas assecuratórias para garantia no futuro da 
pena de multa? STJ decidiu que sim.O Ministério Público tem legitimidade para promover medida 
 
1 PACOTE ANTICRIME: As modificações no sistema de justiça criminal brasileiro, 2020. Pedro Tenório Soares Vieira Tavares; 
Estácio Luiz Gama de Lima Netto. 
 
 
 
 
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assecuratória que vise à garantia do pagamento de multa imposta por sentença penal condenatória 
(Informativo 558 do STJ). 
 
O Ministério Público tem legitimidade para promover medida assecuratória 
que vise à garantia do pagamento de multa imposta por sentença penal condenatória. 
É certo que, com a edição da Lei 9.268/1996, que deu nova redação ao art. 51 do 
CP, a legitimidade para a cobrança da pena de multa passou a ser da Fazenda Pública. No 
entanto, a pena de multa continua tendo natureza jurídica de sanção penal e, no caso em 
tela, não se está discutindo a legitimidade do MP para cobrança de pena de multa, mas 
sim para promover medida assecuratória, providência que está assegurada pelo art. 
142 do CPP e pela própria CF/88, quando esta prevê que o MP é titular da ação penal. 
Enquanto não há trânsito em julgado da condenação, a Fazenda Pública não pode 
tomar 
Qual quer providência relacionada com a cobrança da pena de multa. Assim, se não 
fosse 
permitido que o MP atuasse nesse caso, ninguém mais teria legitimidade para essas 
medidas acautelatórias, já que a atuação da Fazenda Pública na execução da multa 
penal só ocorre muito mais tarde, após o trânsito em julgado. STJ. 6ª Turma.REsp 
1.275.834-PR, Rel. Min. Ericson Maranho (Desembargador convocado do TJ-SP), julgado 
em 17/3/2015 (Info 558). 
Ante o consignado, contemplamos que NÃO se deve confundir legitimidade para executar 
a pena de multa com legitimidade para medidas processuais destinadas a garantir o 
pagamento da multa O Ministério Público não possui legitimidade para executar a pena de 
multa (Súmula 521-STJ). No entanto, ele possui legitimidade para, antes do trânsito em 
julgado da sentença penal condenatória, propor medidas acautelatórias destinadas a 
garantir o pagamento da multa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Alterações no Código Penal: 
Tempo de Cumprimento da Pena e Livramento Condicional 
Pacote Anticrime 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No dia 24 de dezembro de 2019, foi publicada a Lei 
n. 13.964/2019, antigo PL 10.372/2018 — Pacote 
Anticrime. A Lei em comento aperfeiçoa a legislação 
penal e processual penal, ocasionando diversas 
alterações no Código Penal, Código de Processo 
Penal e Legislações Extravagantes. 
 
 
 
 
 
 
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PACOTE ANTICRIME: Alterações no Código Penal – Tempo de Cumprimento da Pena e Livramento 
Condicional 
Organizadora: Natália Fernanda de Oliveira 
 
 
 
PACOTE ANTICRIME 
Alterações no Código Penal – Tempo de Cumprimento da Pena e Livramento Condicional 
 
Foi sancionada em 24 de dezembro de 2019, a Lei 13.964, intitulada “Pacote Anticrime”, a qual 
promove uma verdadeira reforma na legislação penal e processual penal, alterando paradigmas substanciais, 
tanto do ponto de vista processual (CPP) quanto “material” (Código Penal e Legislação Penal Extravagante). 
Nessa linha, a Lei n. 13.964/2019 – Pacote Anticrime – aperfeiçoa a legislação penal e processual 
penal, gerando diversas alterações no CP, CPP e Legislação Extravagante. Nesse momento, iremos trabalhar 
com as alterações que foram produzidas no Código Penal – Parte Geral, especificadamente, tempo de 
cumprimento da pena e livramento condicional. 
 
Tempo de Cumprimento da Pena 
 Preliminarmente, cumpre recordarmos que a Constituição Federal, em seu art. 5°, XLVII, “b”, veda 
penas de caráter perpétuo. Nessa esteira, em observância ao mandamento constitucional, o legislador 
infraconstitucional limitou o tempo de cumprimento da pena privativa de liberdade. 
A Lei nº 13.964/2019 veio dentre outras coisas alterar o conhecido art. 75 do Código Penal, artigo 
esse que dispõe que o cumprimento da pena privativa de liberdade não pode ultrapassar 30 anos. 
De acordo com a nova redação dada pela lei que entra em vigor na data de 23 de janeiro de 2020, o 
tempo máximo de cumprimento de pena privativa de liberdade no Brasil passa a ser de 40 anos. 
Não obstante as mudanças trazidas pela norma de 2019, é importante mencionar que, por óbvio – 
tratando-se de norma de direito penal maléfica - novatio legis in pejus – somente poderá ser aplicada para os 
crimes ocorridos a partir da entrada em vigor da lei. 
Noutro vértice, os crimes que foram cometidos antes dessa data continuam a ter suas penas com o 
cumprimento máximo de até 30 anos, sendo aplicada então a redação atual prevista do Código Penal. 
Para além disso, as considerações que faríamos sobre o tempo máximo de 30 anos, são igualmente 
válidas para o tempo máximo de até 40 anos. 
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Explicamos: 
Súmula 715 
A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo 
art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o 
livramento condicional ou regime mais favorável de execução. 
 
Vejam que atualmente o prazo unificado é de 30 anos, contudo passará a ser 40 anos com a entrada 
em vigor da lei. E, da mesma forma que os 30 anos não eram considerados como parâmetro para concessão 
de benefícios os 40 também não os serão. 
Muitos poderiam dizer que ainda que o agente seja condenado a 100 anos de reclusão, como ele só 
cumpriria 30, se condenado a 40 ou 50 anos, esses anos não fariam diferença. Grande equívoco. A diferença 
existe sim e reflexe nos cálculos. 
Isso porque, a obtenção dos benefícios penais – tais como a progressão de regime - não são 
computados a partir do prazo máximo de cumprimento. Eles são computados a partir da pena que é fixada 
na sentença. Então, se tivermos 100 anos para o cumprimento de pena, para a progressão de regime, o agente 
terá de cumprir um patamar que incida sobreos 100 anos e não sobre os 30 anos ou 40 como será futuramente. 
Outro ponto importante que deve ser observado diz respeito as medidas de segurança. Essas, como sabemos 
são aplicadas aos inimputáveis - por doença mental. 
Com relação a medida de segurança há de ser registrado a existência de divergência entre nossas 
Cortes – STF e STJ. Ambos os tribunais entendem que a medida de segurança não pode ter um prazo de 
duração ilimitado. Entretanto, para o STF o limite seria justamente o contido no art. 75 do Código Penal, ou 
seja, para o STF atualmente o prazo máximo para cumprimento de medida de segurança corresponde 
a 30 anos. Sendo assim com entrada em vigor da Lei nº 13.964/2019 esse prazo passa a ser de 40 anos. 
O STJ por sua vez, entende que o lapso de tempo máximo para o cumprimento de medida de 
segurança é o prazo máximo da pena em abstrato para o crime em questão. Ou seja, no caso de furto 
qualificado – em que a pena máxima é de 08 anos – a medida de segurança aplicada perduraria no máximo 
08 anos. 
Diante dessas considerações, a mudança trazida no art.75 pela ‘Lei Anticrime’ vai impactar 
diretamente no prazo de cumprimento da medida de segurança, quando o entendimento seguido for o do 
Supremo Tribunal Federal. De outro modo, caso o entendimento a ser aplicado coadune com o exarado pelo 
STJ, a alteração legislativa de 2019 em nada influenciaria. 
 
 
 
 
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No tocante às alterações afetas ao artigo 75 do CP, temos então que o prazo máximo de cumprimento 
de pena privativa de liberdade – após a entrada em vigor da lei - passa a ser de 40 anos e não de 30 anos, 
sendo essa a novidade trazida pela Pacote Anticrime. 
Vejamos: 
Redação ANTES da Lei 13.964/19 (Pacote 
Anticrime) 
Redação DEPOIS da Lei 13.964/19 (Pacote 
Anticrime) 
Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas 
privativas de liberdade não pode ser superior a 30 
(trinta) anos.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
§ 1º - Quando o agente for condenado a penas 
privativas de liberdade cuja soma seja superior a 30 
(trinta) anos, devem elas ser unificadas para 
atender ao limite máximo deste artigo. (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao 
início do cumprimento da pena, far-se-á nova 
unificação, desprezando-se, para esse fim, o 
período de pena já cumprido.(Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Art. 75. O tempo de cumprimento das penas 
privativas de liberdade não pode ser superior a 40 
(quarenta) anos. 
§ 1º Quando o agente for condenado a penas 
privativas de liberdade cuja soma seja superior a 40 
(quarenta) anos, devem elas ser unificadas para 
atender ao limite máximo deste artigo. 
(...) 
 
 
 
Livramento Condicional 
Em relação a alteração trazida no artigo 83 do Código Penal essa aborda a questão do livramento 
condicional. Registramos que a ‘Lei Anticrime’ - Lei nº 13.967/2019 - vem promover uma mudança no inciso 
III do artigo em comento, momento no qual fala dos critérios e requisitos para a obtenção do livramento 
condicional. 
Há de se ressaltar que vários são os requisitos, contudo, nesse momento serão abordados somente 
aqueles que foram objeto de mudança pela lei de 2019. 
De acordo com a nova redação, passa a ser criado no inciso III mais um requisito e para além disso, 
o inciso com a entrada em vigor da lei terá 04 alíneas. Entretanto, aquilo que consta de 03 alíneas já é 
atualmente requisito para a obtenção do benefício. Ou seja, alguns requisitos aparecem na Lei Anticrime, 
mas teve somente uma mudança de redação porque atualmente já estão no art. 83, inciso III do Código 
Penal. 
Mas então o que mudou? 
A lei de 2019 trouxe, em verdade, a criação de mais um requisito. De acordo com a nova disposição, 
não poderá obter o livramento condicional aquele que cometer falta disciplinar grave nos últimos 12 anos. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art75
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art75
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art75
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art75
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art75
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art75
 
 
 
 
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A questão em comento é interessante pelo fato de que até a presente data - de acordo com a Súmula 
441 do STJ – a falta disciplinar grave não interrompe o prazo para a obtenção do livramento condicional. 
Vejam então que, a situação deixa a entender que a falta grave é uma coisa e livramento condicional é outra 
coisa. 
Nesse sentido, de acordo com a nova lei, aquele que cometer uma falta disciplinar grave nos 
últimos 12 meses não poderá obter o livramento condicional, ainda que todos os outros requisitos tenham 
sido perfeitamente cumpridos. 
 
Redação ANTES da Lei 13.964/19 (Pacote 
Anticrime) 
Redação DEPOIS da Lei 13.964/19 (Pacote 
Anticrime) 
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento 
condicional ao condenado a pena privativa de 
liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde 
que: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
I - cumprida mais de um terço da pena se o 
condenado não for reincidente em crime doloso e 
tiver bons antecedentes; (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
II - cumprida mais da metade se o condenado for 
reincidente em crime doloso; (Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
III - comprovado comportamento satisfatório 
durante a execução da pena, bom desempenho no 
trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover 
à própria subsistência mediante trabalho 
honesto; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade 
de fazê-lo, o dano causado pela 
infração; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
 V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos 
casos de condenação por crime hediondo, prática 
de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas 
afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado 
não for reincidente específico em crimes dessa 
natureza. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 
2016) (Vigência) 
“Art. 83. 
III - comprovado: 
a) bom comportamento durante a execução da pena; 
b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 
(doze) meses; 
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi 
atribuído; e 
d) aptidão para prover a própria subsistência 
mediante trabalho honesto; 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art83
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art83
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art83
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art83
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art83
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art83
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art83
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art83
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art83
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art83
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13344.htm#art12
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13344.htm#art12
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13344.htm#art17
 
 
 
 
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Parágrafo único - Para o condenado por crime 
doloso, cometido com violência ou grave ameaça à 
pessoa, a concessão do livramento ficará também 
subordinada à constatação de condições pessoaisque façam presumir que o liberado não voltará a 
delinqüir. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
 
Diante do consignado, denota-se que o Pacote Anticrime apenas modificou o inciso III do art. 83. 
A nova redação adicionou o seguinte requisito: o condenado não pode ter cometido falta grave nos 
últimos 12 (doze) meses. Os demais requisitos do livramento condicional, contudo, foram preservados1. 
 
Em resumo, as alterações foram: 
Art. 75 do Código Penal Prazo máximo de cumprimento de pena privativa de liberdade passa 
de 30 a 40 anos com a entrada em vigor da Lei nº 13.964/2019. 
Art. 83, III do Código Penal Alteração da estrutura redacional com a inclusão de alíneas e o 
acréscimo de mais um requisito: para a obtenção de livramento 
condicional o agente não pode ter cometido falta grave 
nos últimos 12 meses. 
 
Obs.: Ainda que os demais requisitos estejam presentes se o agente 
cometeu a falta grave nos últimos 12 meses o livramento condicional 
não será concedido. 
 
 
 
 
1 PACOTE ANTICRIME: As modificações no sistema de justiça criminal brasileiro, 2020. Pedro Tenório Soares Vieira Tavares; 
Estácio Luiz Gama de Lima Netto. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art83
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art83
 
 
 
 
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Alterações no Código Penal: 
Efeitos da Condenação (Art. 91-A, CP) 
Pacote Anticrime 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No dia 24 de dezembro de 2019, foi publicada a Lei 
n. 13.964/2019, antigo PL 10.372/2018 — Pacote 
Anticrime. A Lei em comento aperfeiçoa a legislação 
penal e processual penal, ocasionando diversas 
alterações no Código Penal, Código de Processo 
Penal e Legislações Extravagantes. 
 
 
 
 
 
 
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PACOTE ANTICRIME: Alterações no Código Penal – Efeitos da Condenação (Art. 91-A, CP) 
Organizadora: Natália Fernanda de Oliveira 
 
 
 
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Alterações no Código Penal – Efeitos da Condenação (Art. 91-A, CP) 
 
Foi sancionada em 24 de dezembro de 2019, a Lei 13.964, intitulada “Pacote Anticrime”, a qual 
promove uma verdadeira reforma na legislação penal e processual penal, alterando paradigmas substanciais, 
tanto do ponto de vista processual (CPP) quanto “material” (Código Penal e Legislação Penal Extravagante). 
Nessa linha, a Lei n. 13.964/2019 – Pacote Anticrime – aperfeiçoa a legislação penal e processual 
penal, gerando diversas alterações no CP, CPP e Legislação Extravagante. Nesse momento, iremos trabalhar 
com as alterações que foram produzidas no Código Penal – Parte Geral, especificadamente, efeitos da 
condenação. 
 
Considerações Iniciais 
É cediço que a principal consequência do trânsito em julgado é o cumprimento da pena prevista no 
tipo penal. 
Nessa linha, o prof. Rogério Sanches explica que a principal e maior consequência do trânsito em 
julgado da sentença condenatória é, sem dúvida, fazer com que o condenado cumpra a pena determinada. 
Contudo, tal sentença, além de seus efeitos penais pode gerar, ainda, outros efeitos, de natureza diversa, 
como a reincidência, a interrupção do prazo prescricional do crime praticado, tornar certa a obrigação de 
reparar do dano, podendo, inclusive, fazer com que o sentenciado venha a perder o cargo, função pública 
ou mandato eletivo. 
Existem, portanto, efeitos secundários gerados pela sentença condenatória transitada em julgado que 
mais se parecem com outra pena, de natureza acessória. 
Nessa esteira, a condenação pode gerar efeitos penais e extrapenais. O efeito penal pode ser principal 
ou secundário, o extrapenal, por sua vez, pode ser genérico ou específico. 
• Efeito penal principal: execução forçada da sanção. 
• Efeito penal secundário: imposição da sanção penal e sua execução forçada) e secundários (maus 
antecedentes e reincidência como condições desfavoráveis do agente, a conversão das penas 
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restritivas de direitos, a interrupção do prazo prescricional, revogação do "sursis" e do livramento 
condicional etc.). 
• Efeito extrapenal genérico: art. 91 do Código Penal. 
• Efeito extrapenal específico: art. 91-A do Código Penal. 
 
Nas lições do Prof. Cleber Masson: 
Efeitos principais da condenação: São a imposição das penas privativas de liberdade, restritivas de direitos, 
pecuniárias, e, ainda, de medidas de segurança aos semi-imputáveis. A imposição de sanção penal é, sem 
dúvida, o efeito precípuo da condenação. A circunstância de estar o condenado obrigado a cumpri-la, todavia, 
não afasta a existência de outros efeitos, de cunho penal ou não, que em determinadas situações 
obrigatoriamente a ela aderem. 
Efeitos secundários da condenação: Também conhecidos como efeitos mediatos, acessórios, reflexos ou 
indiretos, constituem-se em consequências da sentença penal condenatória como fato jurídico. Os efeitos 
secundários se dividem em dois blocos: penais e extrapenais. Estão previstos no Código Penal e fora dele. 
 
Pacote Anticrime 
Redação ANTES da Lei 13.964/19 (Pacote 
Anticrime) 
Redação DEPOIS da Lei 13.964/19 (Pacote 
Anticrime) 
Sem dispositivo correspondente. “Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infrações 
às quais a lei comine pena máxima superior a 6 (seis) 
anos de reclusão, poderá ser decretada a perda, como 
produto ou proveito do crime, dos bens 
correspondentes à diferença entre o valor do 
patrimônio do condenado e aquele que seja 
compatível com o seu rendimento lícito. 
 
§ 1º Para efeito da perda prevista no caput deste 
artigo, entende-se por patrimônio do condenado 
todos os bens: 
 
I - de sua titularidade, ou em relação aos quais ele 
tenha o domínio e o benefício direto ou indireto, na 
data da infração penal ou recebidos posteriormente; 
e 
 
II - transferidos a terceiros a título gratuito ou 
mediante contraprestação irrisória, a partir do início 
da atividade criminal. 
 
§ 2º O condenado poderá demonstrar a inexistência 
da incompatibilidade ou a procedência lícita do 
patrimônio. 
 
 
 
 
 
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na Súmula!!! 
 
 
§ 3º A perda prevista neste artigo deverá ser 
requerida expressamente pelo Ministério Público, 
por ocasião do oferecimento da denúncia, com 
indicação da diferença apurada. 
 
§ 4º Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o 
valor da diferença apurada e especificar os bens cuja 
perda for decretada. 
 
§ 5º Os instrumentos utilizados para a prática de 
crimes por organizações criminosas e milícias 
deverão ser declarados perdidos em favor da União 
ou do Estado, dependendo da Justiça onde tramita a 
ação penal, ainda que não ponham em perigo a 
segurança das pessoas, a moral ou a ordem pública, 
nem ofereçam sério risco de ser utilizados para o 
cometimento de novos crimes.” 
 
 
O art. 91-A introduziu no sistema criminal brasileiro a figura do confisco alargado de bens do 
criminoso, já adotado em países como Portugal, Alemanha e Espanha. Nessa linha, Pedro Tenório (Pacote 
Anticrime: as modificações do sistema de justiça criminal brasileiro, 2020) conceitua: 
O confisco alargado consiste no perdimento de bens cujos valores sejam o resultado da diferença entre o 
patrimônio comprovadamentelícito ou oriundo de fontes legítimas do agente e o patrimônio total do 
condenado, estejam os bens ou valores registrados em seu nome ou nome de terceiro. 
 
Trata-se de um efeito extrapenal específico da sentença condenatória criminal, logo é efeito não 
automático, incidindo apenas em algumas infrações. Necessita de fundamentação expressa na decisão 
condenatória, e o mais importante, de pedido expresso por parte do Órgão do Ministério Público na denúncia. 
O Pacote Anticrime acrescentou o 91-A no Código Penal, segundo o qual, na hipótese de 
condenação por infrações às quais a lei comine pena máxima superior a 6 (seis) anos de reclusão, poderá 
ser decretada a perda, como produto ou proveito do crime, dos bens correspondentes à diferença entre o valor 
do patrimônio do condenado e aquele que seja compatível com o seu rendimento lícito. 
• O art. 91-A não é aplicável para qualquer condenação, mas nas infrações que a pena 
máxima seja superior a 6 (seis) anos de reclusão. Tem por critério a pena-base do tipo 
penal, e não a pena em concreto aplicado na sentença. 
 
 
 
 
 
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Direito Administrativo – De 
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Inicialmente, contemplamos que o legislador restringiu a aplicação dos regramentos incluídos pela 
Lei 13.964/2019 aos crimes cuja pena máxima seja superior a 6 anos de reclusão. Portanto, não é cabível a 
decretação da perda de bens, com base no artigo 91-A do CP, em todos os delitos. 
O caput restringe a sua incidência às infrações penais cujas penas máximas cominadas sejam superiores a 06 
(seis) anos de reclusão. Nesse ponto, o legislador fez duas exigências: a) Pena máxima cominada 
(abstratamente prevista!) superior a 06 (seis) anos; b) Pena seja de reclusão. Ou seja, perceba-se a 
especificidade do efeito, cuja incidência somente se dá em infrações penais eleitas pela legislação.1 
 
A perda é decretada com fundamento na existência de produto ou proveito do crime. A ideia é 
alcançar bens do condenado sem exigência de comprovação de que ele decorre diretamente da atividade 
criminosa (produto) ou deriva dela, por conversão dos bens (proveito). 
Nesta hipótese, o legislador exige apenas a demonstração de que o condenado possui patrimônio 
incompatível com aquele que poderia ter sido amealhado com seu rendimento lícito. Para tal 
comparação, o Código determina a consideração dos bens de titularidade do agente e daqueles sobre os quais 
ele tenha o domínio e o benefício direto ou indireto, tanto na data da infração quanto após o seu cometimento, 
ou seja, os bens recebidos após a data do delito. 
Consideram-se, ainda, como patrimônio do agente aqueles que forem transferidos a terceiros a título 
gratuito (como uma doação) ou mediante uma contraprestação irrisória (como um negócio de compra e venda 
simulado, em que o preço só serve para ocultar a natureza gratuita da alienação), a partir do início da atividade 
criminal. Entendo que, neste ponto, devemos considerar o início dos atos executórios, quando o agente já 
pode ser punido pela prática do delito, a título de tentativa. 
O parágrafo segundo do artigo 91-A do CP, por sua vez, permite, ao condenado, que demonstre que 
o patrimônio é compatível com sua renda lícita, o que afasta tal efeito da condenação. Possibilita, ainda, que 
o condenado demonstre a procedência lícita do patrimônio, como uma doação de um familiar ou o 
recebimento de uma herança. 
A lei exige o pedido expresso do Ministério Público, que deve ser feito por ocasião da denúncia, 
inclusive com a indicação da diferença apurada entre o patrimônio que o condenado possui e o que seria 
compatível com sua atividade profissional e/ou econômica lícita. 
 
Note-se, uma vez mais, que o confisco alargado não pode ser decretado exofficio pelo magistrado, estando 
submetido a requerimento expresso do Ministério Público quando do oferecimento da denúncia. Além disso, 
o órgão ministerial deve indicar, já na denúncia, a diferença apurada entre o valor patrimônio do condenado e 
 
1 Pedro Tenório (Pacote Anticrime: as modificações do sistema de justiça criminal brasileiro, 2020). 
 
 
 
 
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o valor do patrimônio que seria compatível com os seus rendimentos lícitos. Ainda assim, o magistrado, na 
decisão condenatória, deverá declarar o valor da diferença apurada e especificar os bens cuja perda for 
decretada2. 
 
Na sentença, o juiz deverá declarar a diferença efetivamente apurada, após o exercício do 
contraditório e da ampla defesa, com a especificação dos bens que terão a perda decretada. 
Por fim, o parágrafo quinto do artigo 91-A do Código prevê uma regra específica para os 
instrumentos utilizados para a prática de crimes por organizações criminosas e milícias. Nestes casos, 
serão declarados perdidos em favor da União ou do Estado, dependendo da Justiça onde tramita a ação penal. 
Ainda se especifica que deve haver a perda ainda que tais instrumentos não ponham em perigo a segurança 
das pessoas, a moral ou a ordem pública, nem ofereçam sério risco de ser utilizados para o cometimento de 
novos crimes. 
Se for caso de competência da Justiça Estadual, a perda dos instrumentos do crime será em favor do 
Estado. Sendo de competência da Justiça Federal, os instrumentos do crime devem ser perdidos em favor da 
União. 
Corroborando ao exposto, preleciona Pedro Tenório 3 
A inovação legislativa prevê, ainda, que os instrumentos utilizados para a prática de crimes por organizações 
criminosas e milícias deverão ser declarados perdidos em favor da União ou do Estado ainda que não ponham 
em perigo a segurança das pessoas, a moral ou a ordem pública, nem ofereçam sério risco de ser 
utilizados para o cometimento de novos crimes. 
A previsão de perdimento de bens em favor do Estado mesmo sem demonstração de perigo à segurança das 
pessoas, etc., deixa claro o alinhamento à necessidade do combate efetivo à criminalidade organizada, 
diminuindo os entraves para realização da persecução patrimonial dessas organizações, afastando, 
expressamente, requisitos comumente levantados em teses defensivas. 
 
Apesar de não haver menção a ser esse efeito automático ou não, a redação indica a necessidade de 
decretação judicial (“deverão ser declarados perdidos”), além de sua previsão estar em um artigo que 
menciona a necessidade de determinação na sentença. Deste modo, entendemos ser também um caso de 
efeito não automático, que deve ser decretado pelo juiz de forma expressa. 
Sugestão de estudo: https://www.youtube.com/watch?v=l14HUGreqZw&t=600s. 
 
2 Pedro Tenório e Estácio Luiz (Pacote Anticrime: as modificações do sistema de justiça criminal brasileiro, 2020). 
3 Pedro Tenório e Estácio Luiz (Pacote Anticrime: as modificações do sistema de justiça criminal brasileiro, 2020). 
https://www.youtube.com/watch?v=l14HUGreqZw&t=600s
 
 
 
 
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Alterações no Código Penal: 
Prescrição: novas causas impeditivas/suspensivas 
Pacote Anticrime 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No dia 24 de dezembro de 2019, foi publicada a Lei 
n. 13.964/2019, antigo PL 10.372/2018 — Pacote 
Anticrime. A Lei em comento aperfeiçoa a legislação 
penal e processual penal, ocasionando diversas 
alterações no Código Penal, Código de Processo 
Penal e Legislações Extravagantes. 
 
 
 
 
 
 
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Instagram: @manualcaseiro 
E-mail: manualcaseir@outlook.com 
Site: www.meumanualcaseiro.com.brPACOTE ANTICRIME: Alterações no Código Penal – Prescrição: novas causas 
impeditivas/suspensivas 
Organizadora: Natália Fernanda de Oliveira 
 
 
 
PACOTE ANTICRIME 
Alterações no Código Penal – Prescrição: novas causas impeditivas/suspensivas 
 
Foi sancionada em 24 de dezembro de 2019, a Lei 13.964, intitulada “Pacote Anticrime”, a qual 
promove uma verdadeira reforma na legislação penal e processual penal, alterando paradigmas substanciais, 
tanto do ponto de vista processual (CPP) quanto “material” (Código Penal e Legislação Penal Extravagante). 
Nessa linha, a Lei n. 13.964/2019 – Pacote Anticrime – aperfeiçoa a legislação penal e processual 
penal, gerando diversas alterações no CP, CPP e Legislação Extravagante. Nesse momento, iremos trabalhar 
com as alterações que foram produzidas no Código Penal – Parte Geral, especificadamente, prescrição: 
novas causas impeditivas/suspensivas. 
 
Considerações Iniciais 
Nada obstante o Código Penal fale em “causas impeditivas”, essas regras se aplicam ao 
impedimento e à suspensão da prescrição. Impedimento é o acontecimento que obsta o início do curso da 
prescrição. De seu turno, na suspensão esse acontecimento desponta durante o trâmite do prazo prescricional, 
travando momentaneamente a sua fluência. Superado esse entrave, a prescrição volta a correr normalmente, 
nela se computando o período anterior. 
Analisaremos cada uma das hipóteses indicadas pelo Código Penal, as que já estavam previstas no 
CP anterior ao Pacote Anticrime, bem como, as novas hipóteses. 
O Pacote Anticrime acrescenta dois novos incisos ao art. 116 do CP, trazendo duas novas causas 
[impeditivas/suspensivas]. Assim, temos que o Pacote Anticrime amplia as regras, incluindo novas situações 
que impedem o curso do prazo de prescrição dos crimes. 
Vejamos: 
 
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Pacote Anticrime 
Redação ANTES da Lei 13.964/19 (Pacote 
Anticrime) 
Redação DEPOIS da Lei 13.964/19 (Pacote 
Anticrime) 
Art. 116. Antes de passar em julgado a sentença 
final, a prescrição não corre: 
I - enquanto não resolvida, em outro processo, 
questão de que dependa o reconhecimento da 
existência do crime; 
II - enquanto o agente cumpre pena no 
estrangeiro. 
 
Parágrafo único - Depois de passada em julgado a 
sentença condenatória, a prescrição não corre 
durante o tempo em que o condenado está preso por 
outro motivo. 
“Art. 116. Antes de passar em julgado a sentença 
final, a prescrição não corre: 
(...) 
 
II - enquanto o agente cumpre pena no exterior; 
III - na pendência de embargos de declaração ou 
de recursos aos Tribunais Superiores, quando 
inadmissíveis; e 
IV - enquanto não cumprido ou não rescindido o 
acordo de não persecução penal. 
O que fez o Pacote Anticrime em relação ao tema prescrição? 
O PAC criou duas novas hipóteses de causas impeditivas (suspensivas) do fluxo do prazo 
prescricional ao adicionar os incisos III e IV ao art. 116, CPP. Ressalte-se que o inciso III do mesmo artigo 
não teve mudado o seu conteúdo, mas apenas a expressão “no estrangeiro” para “no exterior”. 
Cumpre destacarmos que as modificações ocasionadas pelo advento do Pacote Anticrime só podem 
ser aplicadas para os crimes cometidos após o início da vigência da Lei, já que a prescrição tem natureza 
penal, por limitar o poder de punir. Deste modo, as hipóteses dos incisos III e IV do artigo 116 só podem ser 
aplicadas aos crimes cometidos a partir de 23 da janeiro de 2020, quando a Lei n. 13.964/2019 (Pacote 
Anticrime) entra em vigência. Vale mencionar que o inciso II só teve sua redação modificada (estrangeiro 
→ exterior), sem alteração de conteúdo da norma que dele se extrai. 
Da leitura do dispositivo, percebe-se que a prescrição não corre enquanto, em outro processo, 
não for resolvida questão de que depende a existência do crime. 
Sobre o tema, preleciona Cleber Masson1: 
 
1 Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120) – vol. 1 / Cleber Masson. – 13. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 
2019. 
 
 
 
 
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Trata-se da questão prejudicial ainda não resolvida em outro processo. Questão prejudicial 
é a que influencia na tipicidade da conduta, é dizer, aquela cuja solução é fundamental para 
a existência do crime e, consequentemente, para o julgamento do mérito da ação penal. 
As questões prejudiciais estão previstas nos arts. 92 (relativas ao estado civil das pessoas) e 
93 (relativas a questões diversas) do Código de Processo Penal. 
O juiz criminal, geralmente, possui jurisdição para decidir qualquer questão, salvo a inerente 
ao estado civil das pessoas, caso em que a ação penal será obrigatoriamente suspensa até o 
trânsito em julgado da sentença proferida na ação civil (CPP, art. 92). Destarte, o termo 
inicial da suspensão da prescrição é o despacho que suspende a ação penal, e o termo final é 
o despacho que determina a retomada do seu trâmite. 
O exemplo clássico é o do agente processado por bigamia que, no juízo cível, busca a 
anulação de um dos casamentos. Se obtiver sucesso, não haverá o crime tipificado pelo art. 
235 do Código Penal. 
Em relação às questões prejudiciais diversas, ou seja, não atinentes ao estado civil das 
pessoas (CPP, art. 93), a suspensão da ação penal é facultativa, mas, se o juiz por ela optar, 
também estará suspensa a prescrição. 
Também há suspensão do prazo prescricional no caso de o agente estar cumprindo pena no 
exterior. 
Justifica-se essa causa impeditiva porque, normalmente, não se consegue a extradição de 
pessoa que cumpre pena no exterior. Em respeito à soberania do outro país, aguarda-se a 
integral satisfação da sanção penal no estrangeiro, para, posteriormente, ser o agente punido 
no Brasil. 
A prescrição não corre durante a pendência de embargos de declaração, bem como de recursos 
aos Tribunais Superiores, quando inadmissíveis2. Ou seja, deve-se analisar a não admissibilidade dos 
recursos para que haja a suspensão do prazo prescricional. 
A pretensão do legislador foi que o condenado não se utilize de manobras protelatórias. 
 
2 Nova hipótese que passou a ser prevista com o advento do Pacote Anticrime. 
 
 
 
 
 
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Enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal, que foi instituído, 
sem base legal, por uma resolução do CNMP e, posteriormente, efetivamente criado pela Lei 13.964/2019. 
Conforme o Pacote Anticrime, fica suspensa a prescrição enquanto ele não for cumprido ou rescindido. 
Por fim, a prisão do indivíduo, por outro motivo, é uma causa suspensiva da prescrição. 
Enquanto o agente estiver preso por delito diverso, a prescrição não corre. Só voltará a correr quando 
ele for posto em liberdade, enfatizando que ele deveria estar preso por motivo diverso, ou seja, não em razão 
do delito cujo prazo prescricional estava suspenso. 
A suspensão do curso do prazo prescricional não possui, na legislação, um limite expresso. A este 
respeito, o Superior Tribunal de Justiça editou o enunciado 415 da sua Súmula, entendendo que se deve 
respeitar o máximo da pena cominada ao delito para delimitação do período de suspensão da prescrição. 
Súmula 415 – STJ. O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo 
da pena cominada. 
Sugestão de estudo: https://www.youtube.com/watch?v=UMEmw0CMUQA 
 
 
 
 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=UMEmw0CMUQA
 
MANUAL CASeIRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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No dia 24 de dezembro de 2019, foi publicada a Lei 
n. 13.964/2019, antigo PL 10.372/2018 — Pacote 
Anticrime. A Lei em comento aperfeiçoaa legislação 
penal e processual penal, ocasionando diversas 
alterações no Código Penal, Código de Processo 
Penal e Legislações Extravagantes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Alterações no Código Penal – Crime de Roubo (Art. 157,CP) 
Pacote Anticrime 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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PACOTE ANTICRIME 
Alterações no Código Penal – Crime de Roubo 
 
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PACOTE ANTICRIME: Alterações no Código Penal – Crime de Roubo 
 Organizadora: Natália Fernanda de Oliveira 
 
 
 
 
 
Foi sancionada em 24 de dezembro de 2019, a Lei 13.964, intitulada “Pacote Anticrime”, a qual 
promove uma verdadeira reforma na legislação penal e processual penal, alterando paradigmas substanciais, 
tanto do ponto de vista processual (CPP) quanto “material” (Código Penal e Legislação Penal Extravagante). 
Nessa linha, a Lei n. 13.964/2019 – Pacote Anticrime – aperfeiçoa a legislação penal e processual 
penal, gerando diversas alterações no CP, CPP e Legislação Extravagante. Nesse momento, iremos trabalhar 
com as alterações que foram produzidas no Código Penal, especificamente, na parte especial – no crime de 
roubo (art. 157, CP). 
O que fez o Pacote Anticrime em relação ao crime de Roubo? 
 
 
Redação ANTES da Lei 13.964/19 (Pacote 
Anticrime) 
Redação DEPOIS da Lei 13.964/19 (Pacote 
Anticrime) 
Sem dispositivo correspondente. “Art. 157. 
§ 2º. 
VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com 
emprego de arma branca; 
Sem dispositivo correspondente. § 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida 
com emprego de arma de fogo de uso restrito ou 
proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no 
caput deste artigo. 
 
A alteração trazida pela ‘Lei Anticrime’ sobre o referido artigo é a primeira promovida na parte 
especial do Código Penal e diz respeito ao crime de roubo (art.157). Em verdade, mais especificamente sobre 
as causas de aumento de pena nos crimes de roubo. 
Registramos que até o ano de 2018 havia uma causa de aumento de pena para o crime de roubo, 
causa essa, relativa ao emprego de arma. Ou seja, o roubo mediante o emprego de arma estava previsto no 
artigo 157, §2º, inciso I, do Código Penal e sua pena seria aumentada de 1/3 a metade (1/2). 
Com isso, o entendimento absolutamente consolidado na jurisprudência, era no sentido de que, 
como a lei falava somente no emprego de arma, o aumento da pena valeria tanto para os casos envolvendo 
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MANUAL CASeIRO 
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No ‘Pacote Anticrime’, a novidade trazida pelo legislador foi o acréscimo do inciso VII, no §2º, 
passando a dispor que a pena será aumentada de 1/3 até a metade (1/2) quando houver o emprego de 
arma branca. Vejam então, que a lei de 2019 vem a suprir essa lacuna que foi deixada com a entrada em 
vigor da Lei nº 13.654 de 2018 – lei essa que limitou a causa de aumento de pena aos crimes praticados com 
o uso de arma de fogo. 
 
o emprego de arma de fogo como para os que ocorressem mediante o uso de arma branca. Entretanto, não 
se aplicaria a causa de aumento de pena para as hipóteses em que o crime ocorresse mediante o uso de arma 
de brinquedo ou simulacro de arma. 
Ocorre que no ano de 2018, foi promovia mudança na norma penal pela Lei nº 13.654/2018. A 
mudança consistiu na revogação do inciso I, e acrescentou o §2º- A que dispunha que a pena do crime de 
roubo seria aumentada de 2/3 nos casos em que houvesse o emprego de ‘arma de fogo’. 
Com isso - em 2018 - o emprego de arma de fogo que tinha causa de aumento de 1/3 a 1/2 (metade), 
passou a ter um aumento de até 2/3. A arma branca, por sua vez, ficou sem causa de aumento de pena, visto 
que da norma anterior subentendia-se que a causa de aumento de pena poderia ser aplicada tanto para os 
casos que houvesse o emprego de arma de fogo, como para os envolvendo o uso de arma branca. 
Com a inclusão da expressão ‘arma de fogo’, passou-se a desconsiderar o emprego de arma 
branca como causa de aumento. 
Resumindo, tivemos no ano da referida alteração uma lei mais severa para aquele que praticasse o 
crime com o uso de arma de fogo, e consequentemente uma lei mais branda para o roubo com o emprego de 
arma branca. 
Sobre o tema, sugerimos a leitura do artigo: https://www.dizerodireito.com.br/2018/05/stj-aplica- 
lei-136542018-e-retira.html. 
Portanto, a partir de 23 de janeiro de 2020, com o início de vigência da Lei 13.964/2019, passa a 
ser majorado o crime cometido com emprego de arma branca. Anteriormente, o crime deve ser 
considerado simples, seja por ter sido cometido no intervalo entre o advento da Lei 13.654/2018 ao início de 
vigência da Lei 13.964/2019, seja por ter a Lei 13.654/2018 retroagido para beneficiar os crimes cometidos 
anteriormente. É porque neste interstício só havia previsão de majorante para o emprego de arma de fogo, 
mas não de arma branca. 
Vejamos: 
 
 
 
https://www.dizerodireito.com.br/2018/05/stj-aplica-lei-136542018-e-retira.html
https://www.dizerodireito.com.br/2018/05/stj-aplica-lei-136542018-e-retira.html
4 
MANUAL CASeIRO 
 
 
Por derradeiro, não obstante as mudanças já mencionadas, o Pacote Anticrime também acrescentou 
o §2º-B no art. 157, dispondo que a pena será dobrada quando a arma de fogo empregada na prática do 
delito for de uso restrito ou proibido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Concluindo, temos que a partir da entrada em vigor da Lei nº 13.964 de 2019 teremos o aumento 
de 1/3 até a metade - com causa de aumento de pena – aos os crimes praticados com o emprego de arma 
branca e aumento de 2/3 quando houver o emprego de arma de fogo. 
 
 
 
 
 
Diante do exposto, no atual cenário temos a seguinte realidade: 
 
APÓS da entrada em 
vigor da 
‘Lei Anticrime’ 
Roubo com o emprego de arma branca – pena aumentada de 1/3 a metade; 
Roubo com o emprego de arma de fogo – pena aumentada de 2/3; 
Roubo com o emprego de arma de uso proibido ou restrito – pena dobrada 
Observação Lembrando que todos esses parâmetros incidirão sobre a pena-base do crime de 
roubo, pena essa de reclusão de 04 (quatro) a 10 (dez) anos, além da multa. 
 
 
Cumpre destacarmos ainda que a alteração produzida no Código Penal se trata de novatio legis in 
pejus1, ou seja, refere-se a norma penal que prejudica a situação do acusado/réu, isto porque trouxe novas 
causas de aumento de pena para o delito, até então inexistente. Em se tratando de novatio legis in pejus, 
deve respeitar a regra constitucional-penal da irretroatividade da lei penal prejudicial. 
Nessa perspectiva, a regra da retroatividade benéfica ou irretroatividade prejudicial trata-se de uma 
garantia fundamental, albergada na Constituição de 1988, no inciso XL do art. 5°, o qual dispõe que “a lei 
penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. Esse é também o conceito que se contém no âmbito 
normativo internacional, valendo registrar, nesse sentido, que a Convenção Americana sobre Direitos 
Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), em seu art. 9. Vejamos: 
 
 
1 O fenômeno jurídico da novatio legis in pejus refere-se à lei nova mais severa do que a anterior. Ante o princípio da retroatividade 
da lei penal benigna, a novatio legis in pejus não tem aplicação na esfera penal brasileira. 
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MANUAL CASeIRO 
 
 
Artigo 9° - Princípio da legalidade e da retroatividade 
 
Ninguém poderá ser condenado por atos ou omissões que, no momento em que foram cometidos, não 
constituam delito, de acordo com o direito aplicável. Tampouco poder- se-á impor pena mais grave do que a 
aplicável no momento da ocorrência do delito. Se, depois de perpetrado o delito, a lei estipular a imposição 
de pena mais leve, o deliquente deverá dela beneficiar-se. 
 
 
Por fim, e não menos importante, destaca-se que a Lei n. 13.964/2019trouxe um prazo de vocatio 
legis de 30 dias. 
 
 
ESQUEMATIZADO: 
 
 
ROUBO MEDIANTE EMPREGO DE ARMA 
 Antes da Lei 13.654/2018 Atualmente 
Arma de 
FOGO 
Era causa de aumento de pena 
A pena aumentava de 1/3 a 1/2. 
Continua sendo causa de aumento de pena. 
Mas agora a pena aumenta 2/3. 
Arma 
BRANCA 
Era causa de aumento de pena. 
A pena aumentava de 1/3 a 1/2. 
Volta a ser considerada causa de aumento de 
pena com um parâmetro específico. 
 
Deixou de ser causa de aumento de 
pena com o advento da Lei n. 
13.654/2018. 
A Lei 13.654/2018 é mais benéfica e 
irá retroagir 
PACOTE ANTICRIME: a pena será 
aumentada de 1/3 a metade a partir da 
vigência da Lei n. 13.964/2019. 
 
A partir de 23 de janeiro de 2020, com o início 
de vigência da Lei 13.964/2019, passa a ser 
majorado o crime cometido com emprego 
de arma branca. Anteriormente, o crime 
deve ser considerado simples, seja por ter sido 
cometido no intervalo entre o advento da Lei 
13.654/2018 ao início de vigência da Lei 
13.964/2019, seja por ter a Lei 13.654/2018 
retroagido para beneficiar os crimes 
cometidos anteriormente. É porque neste 
interstício só havia previsão de majorante para 
o emprego de arma de fogo, mas não de arma 
branca. 
Arma de Sem dispositivo correspondente. O Pacote Anticrime acrescentou o §2º-B no 
FOGO de uso art. 157, dispondo que a pena será dobrada 
restrito ou quando a arma de fogo empregada na 
proibido prática do delito for de uso restrito ou 
 proibido. 
 
 
 
 
 
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Alterações no Código Penal – Crime de Estelionato (Art. 171,CP) 
Pacote Anticrime 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No dia 24 de dezembro de 2019, foi publicada a Lei 
n. 13.964/2019, antigo PL 10.372/2018 — Pacote 
Anticrime. A Lei em comento aperfeiçoa a legislação 
penal e processual penal, ocasionando diversas 
alterações no Código Penal, Código de Processo 
Penal e Legislações Extravagantes. 
 
 
 
 
 
 
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PACOTE ANTICRIME: Alterações no Código Penal – Crime de Estelionato 
Organizadora: Natália Fernanda de Oliveira 
 
 
 
PACOTE ANTICRIME 
Alterações no Código Penal – Crime de Estelionato 
 
Foi sancionada em 24 de dezembro de 2019, a Lei 13.964, intitulada “Pacote Anticrime”, a qual 
promove uma verdadeira reforma na legislação penal e processual penal, alterando paradigmas substanciais, 
tanto do ponto de vista processual (CPP) quanto “material” (Código Penal e Legislação Penal Extravagante). 
Nessa linha, a Lei n. 13.964/2019 – Pacote Anticrime – aperfeiçoa a legislação penal e processual 
penal, gerando diversas alterações no CP, CPP e Legislação Extravagante. Nesse momento, iremos trabalhar 
com as alterações que foram produzidas no Código Penal – Parte Especial, especificadamente, no crime de 
Estelionato (art. 171, CP). 
Art. 171. (...) 
§ 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima for: 
I - a Administração Pública, direta ou indireta; 
II - criança ou adolescente; 
III - pessoa com deficiência mental; ou 
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz. 
 
O que fez o Pacote Anticrime em relação ao Crime de Estelionato? 
O Pacote Anticrime promoveu a mudança da natureza da ação penal no tocante ao crime de 
estelionato. Antes da inovação legal, a ação penal era, em regra, pública incondicionada, não exigindo 
representação nem para o início das investigações (abertura do IP) nem para proposição da ação penal. 
Agora, em regra, a ação penal será pública condicionada à representação, salvo nos casos em que a 
vítima se encaixar nas hipóteses dos incisos de I a IV do §5º, em que a ação continua a ser pública 
incondicionada.1 
 
 
1 PACOTE ANTICRIME: As modificações no sistema de justiça criminal brasileiro, 2020. Pedro Tenório Soares Vieira Tavares; 
Estácio Luiz Gama de Lima Netto. 
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Pacote Anticrime 
A Lei 13.964, de 24 de dezembro de 2019, denominada de Pacote Anticrime, introduziu o parágrafo 
quinto ao artigo 171 do Código Penal, que, portanto, se aplica ao estelionato e a todas as modalidades 
equiparadas (como a defraudação de penhor). Traz o dispositivo hipóteses em que a ação penal passa a 
ser pública incondicionada. 
Portanto, a regra agora é que a ação penal pública condicionada à representação. A ação penal passa 
a ser incondicionada excepcionalmente, se o delito for praticado contra a Administração Pública, direta ou 
indireta; contra criança ou adolescente; contra pessoa com deficiência mental; contra maior de 70 
(setenta) anos de idade ou contra incapaz. 
Vejamos: 
Redação ANTES da Lei 13.964/19 (Pacote 
Anticrime) 
Redação DEPOIS da Lei 13.964/19 (Pacote 
Anticrime) 
Sem artigo correspondente. Trata-se de inovação 
legislativa. 
§ 5º Somente se procede mediante representação, 
salvo se a vítima for: 
I - a Administração Pública, direta ou indireta; 
II - criança ou adolescente; 
III - pessoa com deficiência mental; ou 
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz. 
Aplicação da regra geral, crime de ação penal 
pública incondicionada 
Regra: Ação penal pública CONDICIONADA à 
representação da vítima. 
 
Exceções: Ação penal pública INCONDICIONADA 
quando a vítima for: 
I - a Administração Pública, direta ou indireta; 
II - criança ou adolescente; 
III - pessoa com deficiência mental; ou 
IV - maior de 70 anos de idade ou incapaz. 
 
A Lei nº 13.964 de 2019 – mais conhecida como ‘Lei Anticrime’ – traz em seu bojo a alteração 
da modalidade de ação penal, que como regra, sempre foi pública incondicionada. 
Analisando toda a contextualização do caso em apreço, temos que o estelionato – como acima 
mencionado - sempre foi crime de ação penal pública incondicionada. Entretanto, o referido crime contra o 
patrimônio, excepcionalmente, em hipóteses taxativas exige como requisito a representação do ofendido para 
o início da ação. Vejamos: 
Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo: 
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; 
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; 
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. 
 
 
 
 
 
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Assim contemplamos que até o advento do Pacote Anticrime (com vigência prevista a partir de 
23/01/2020) o crime de estelionato é processado mediante ação penal pública incondicionada, e, 
excepcionalmente, será processado através de ação pública condicionada à representação. 
Ao contrário disso, com a entrada em vigor da Lei Anticrime teremos - como regra - que os 
crimes de estelionato serão de ação penal pública condicionada à representação do ofendido. Observem 
que a titularidade do Ministério Público se mantém, contudo, passa a ser condicionada a representação do 
ofendido. 
De forma excepcional, a ação será pública incondicionada. 
Ação penal pública INCONDICIONADA quando a vítima for: 
I - a Administração Pública, direta ou indireta; 
II - criança ou adolescente; 
III - pessoa com deficiência mental; ou 
IV - maior de 70 anos de idade ou incapaz. 
 
No tocante à citada representação, essa deverá se proceder dentro do prazo decadencial de 06 meses, 
sendo

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