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Questões de Direito Penal

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Prévia do material em texto

2018
COORDENAÇÃO
ROGÉRIO SANCHES CUNHA
LEANDRO BORTOLETO
PAULO LÉPORE
Carreiras Policiais
DELEGADO DE 
POLÍCIA FEDERAL
Apresentação da 
Coleção Revisaço
“REVISAÇO” é a consagrada coleção de questões comentadas da Editora Juspodivm.
Com cuidado, pensamos num formato que fosse além dos comentários das questões. Algo que real-
mente pudesse ajudar o aluno no estudo de concursos ou Exames de Ordem, principalmente na revisão 
final.
Para isso, estabelecemos a seguinte estrutura didática:
• Questões divididas por matéria e assunto, comentadas assertiva por assertiva, item por 
item, demonstrando tanto o que está certo como o que está errado na questão;
• Sempre que possível, há uma “nota do autor” em cada questão trazendo comentários que vão 
além do assunto abordado no exercício.
Ao final das disciplinas apresentamos:
• Dicas de estudo, funcionando como verdadeiro resumo da matéria;
• Súmulas dos Tribunais Superiores;
• Informativos do STF, STJ e TST;
• Orientações Jurisprudenciais.
A ideia, portanto, é apresentar a prática do concurso ou Exame da Ordem (questões), a doutrina 
para estudo (dicas) e a jurisprudência (súmulas e informativos), formando a tríade necessária para uma 
revisão (verdadeiro REVISAÇO!) rumo ao sucesso na aprovação.
Vários livros compõem a coleção e, para todos, chamamos grandes nomes, professores experientes, 
profissionais de destaque e especialistas em cada área para que organizassem as obras e comentassem 
as questões.
Acreditamos que essa coleção será bastante útil aos candidatos de concursos públicos e Exame de 
Ordem.
EDITORA JUSPODIVM
www.editorajuspodivm.com.br
Direito Penal 29
 ÉQUESTÕES
1. EFICÁCIA DA LEI PENAL NO TEMPO
01. (Cespe – Delegado de Polícia Federal – DPF/2004 
– Adaptada) Em cada um dos itens seguintes, é apre-
sentada uma situação hipotética, seguida de uma asser-
tiva a ser julgada.
No dia 1°/3/1984, Jorge foi preso em flagrante por 
ter vendido lança-perfume (cloreto de etila), substân-
cia considerada entorpecente por portaria do Minis-
tério da Saúde de 27/1/1983. Todavia, no dia 4/4/1984, 
houve publicação de nova portaria daquele Ministério 
excluindo o cloreto de etila do rol de substâncias entor-
pecentes. Posteriormente, em 13/3/1985, foi publicada 
outra portaria do Ministério da Saúde, incluindo nova-
mente a referida substância naquela lista. Nessa situa-
ção, de acordo com o entendimento do STF, ocorreu a 
chamada abolitio criminis, e Jorge, em 4/4/1984, deveria 
ter sido posto em liberdade, não havendo retroação da 
portaria de 13/3/1985, em face do princípio da irretroati-
vidade da lei penal mais severa. 
|COMENTÁRIOS|.
Certo. Está correta a assertiva. O dispositivo que 
pune o tráfico de drogas é classificado como norma 
penal em branco própria (ou em sentido estrito ou 
heterogênea), isto é, que depende de complementação 
que, por sua vez, não emana do legislador, mas sim de 
fonte normativa diversa (no caso específico, portaria do 
Ministério da Saúde). Se uma substância é inserida na 
lista de psicotrópicos e, em seguida, retirada, os indiví-
duos que respondiam a processo criminal são beneficia-
dos pela abolitio criminis. Ainda que, logo em seguida, a 
substância volte a integrar a lista, não haverá retroativi-
dade porque a lei (no caso do exemplo, o complemento 
da norma penal em branco) não pode retroagir para 
prejudicar o indivíduo. O STF, aliás, já se pronunciou 
especificamente sobre o tema exposto na questão (HC 
68904/SP, j. 17/12/1991).
02. (Cespe – Delegado de Polícia Federal – DPF/2004 
– Adaptada) Em cada um dos itens a seguir, é apresen-
tada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva 
a ser julgada.
Roberval foi definitivamente condenado pela prá-
tica de crime punido com reclusão de um a três anos. 
Após o cumprimento de metade da pena a ele aplicada, 
adveio nova lei, que passou a punir o crime por ele pra-
ticado com detenção de dois a quatro anos. Nessa situa-
ção, a lei nova não se aplicará a Roberval, tendo em vista 
que sua condenação já havia transitado em julgado. 
|COMENTÁRIOS|.
Errado. Está errada a assertiva. Inicialmente, é 
necessário destacar que a aplicação de eventual lei 
benéfica ao autor de infração penal independe do trân-
sito em julgado da sentença. Se, durante a execução 
de pena definitiva pela prática de determinado crime 
sobrevier lei reduzindo a reprimenda cominada, nova 
dosimetria deverá ser feita para adequar a execução 
penal à norma posterior mais favorável. No exemplo 
citado, ademais, a lei não retroage porque, não obstante 
tenha modificado a pena de reclusão para detenção, o 
que, para estabelecer o regime inicial de cumprimento, 
poderia eventualmente ser considerado benéfico, 
aumentou os limites mínimo e máximo abstratamente 
cominados, caracterizando-se, portanto, novatio legis in 
pejus, irretroativa.
03. (Cespe – Delegado de Polícia Federal – DPF/2002 
– Adaptada) Acerca dos crimes contra o meio ambiente 
e de lavagem de dinheiro, julgue os itens a seguir.
Considere a seguinte situação hipotética. Ins-
taurou-se inquérito policial contra Jorge, sendo ele 
indiciado pela prática de crime contra a flora (art. 46, 
parágrafo único, da Lei n.° 9.605, de 12/2/1998), por 
haver sido flagrado, em 23/9/1997, transportando uma 
partida de toras de madeira com uma autorização de 
transporte de produto florestal inválida. Por ocasião da 
infração penal, estava em vigor a Lei n.° 4.771/1965, que 
previa como mera contravenção penal o transporte de 
Direito 
Penal
Rogério Sanches
 Rogério Sanches30
madeira sem licença válida. Nessa situação, em face do 
princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa, a 
Lei n.° 9.605/1998 não poderá ser aplicada.
|COMENTÁRIOS|.
Certo. Está correta a assertiva. A nova lei que, 
de qualquer modo, prejudica o réu (lex gravior) é irre-
troativa, devendo ser aplicada a lei vigente quando do 
tempo do fato. Trata-se de observância da lei ao prin-
cípio da anterioridade, corolário do princípio da legali-
dade. No exemplo citado, a lei não retroage porque o 
fato, tratado à época do cometimento como contraven-
ção penal, era punido com prisão simples de três meses 
a um ano. Com a entrada em vigor da Lei nº 9.605/98, o 
art. 46 elevou a conduta à natureza criminal e estabe-
leceu pena de detenção de seis meses a um ano. Vê-se, 
pois, que recrudesceu o tratamento antes conferido 
pela lei à conduta de transportar madeira sem licença 
válida, razão pela qual se aplica só a fatos cometidos 
a partir de 12 de fevereiro de 1998, quando entrou em 
vigor.
04. (Cespe – Delegado de Polícia Federal – DPF/2002 
– Adaptada) À luz dos direitos penal, processual penal e 
previdenciário, julgue os itens a seguir.
Considere a seguinte situação hipotética. Pablo 
foi denunciado em dezembro de 1.999 pela prática 
de crime contra a seguridade social, consistente em 
deixar de recolher, na época própria, contribuição ou 
outra importância devida à seguridade social e arre-
cadada dos segurados ou do público (art. 95, d, da Lei 
n.° 8.212/1991). Sabendo que o art. 3.° da Lei n.° 9.983, 
de 14/7/2000, revogou as alíneas do art. 95 da Lei n.° 
8.212/91, acrescentando à Parte Especial do Código 
Penal (CP) o seguinte dispositivo: "Art. 168-A. Deixar de 
repassar à previdência social as contribuições recolhi-
das dos contribuintes, no prazo e forma legal ou con-
vencional", então, nessa situação, e de acordo com o 
STJ, ocorreu a abolitio criminis em favor de Pablo, que é 
causa de extinção da punibilidade.
|COMENTÁRIOS|.
Errado. Está errada a assertiva, pois, no exemplo 
citado, não houve abolitio criminis, mas tão somente a 
transferência da figura típica de um diploma legal para 
outro, no que se denomina princípio da continuidade 
normativo-típica. Mantém-se o caráter proibido da con-
duta, porém com o deslocamento do conteúdo crimi-
noso para outro tipo penal. A intenção do legislador, 
nesse caso, é de que a conduta permaneça criminosa. 
O ato de deixar de recolher, na época própria, contribui-
ção ou outraimportância devida à seguridade social e 
arrecadada dos segurados ou do público não deixou de 
ser crime somente porque o art. 95 da Lei nº 8.212/91 
foi revogado; embora com redação diversa, a conduta 
permaneceu criminosa, mas por meio do art. 168-A do 
Código Penal.
2. EFICÁCIA DA LEI PENAL EM RELA-
ÇÃO ÀS PESSOAS
05. (Cespe – Delegado de Polícia Federal – DPF/2002 
– Adaptada) Em cada um dos itens subsequentes, é 
apresentada uma situação hipotética relativa à aplica-
ção da lei penal no espaço, seguida de uma assertiva a 
ser julgada.
Whesley, cônsul honorário no Brasil do país BBB, 
exasperou-se com a secretária no consulado daquela 
República por causa de um ex-namorado dela, tendo-a 
constrangido, mediante violência, a manter com ele 
conjunção carnal e cópula anal. Nessa situação, pelo 
fato de o autor dos eventos ser funcionário consular, 
aplicar-se-á a lei do país BBB.
|COMENTÁRIOS|.
Errado. Está errada a assertiva. Não se deve con-
fundir o agente diplomático com o agente consular. Os 
agentes consulares, em razão das suas funções mera-
mente administrativas, não desfrutam de imunidade 
diplomática. A sua imunidade é restrita aos atos de ofí-
cio, por isso chamada de imunidade funcional relativa. 
Dentro desse espírito, tratando-se de crime comum, 
será punido de acordo com a lei brasileira; já no caso de 
delito funcional, isto é, relacionado diretamente com a 
função consular (v.g fraude na concessão de passapor-
tes), incide a imunidade. No exemplo citado no enun-
ciado, em que houve crime de estupro (comum, por-
tanto), o cônsul será punido na forma da lei brasileira.
3. EFICÁCIA DA LEI PENAL NO ESPAÇO
06. (Cespe – Delegado de Polícia Federal – DPF/2004 
– Adaptada) Em cada um dos itens a seguir, é apresen-
tada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva 
a ser julgada.
Um cidadão sueco tentou matar o presidente do 
Brasil, que se encontrava em visita oficial à Suécia. Nessa 
hipótese, o crime praticado não ficará sujeito à lei bra-
sileira. 
|COMENTÁRIOS|.
Errado. Está errada a assertiva porque, nos ter-
mos do art. 7º, inciso I, a, do Código Penal, ficam sujei-
tos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, 
os crimes contra a vida ou a liberdade do Presidente da 
República. Trata-se de uma hipótese de extraterritoria-
lidade incondicionada, ou seja, a lei brasileira, para ser 
aplicada, não depende do preenchimento de nenhum 
requisito. Verificada a infração penal, aplica-se a lei bra-
sileira, não importando se o autor foi absolvido ou con-
denado no estrangeiro.
Direito Penal 31
07. (Cespe – Delegado de Polícia Federal – DPF/2002 
– Adaptada) Em cada um dos itens subsequentes, é 
apresentada uma situação hipotética relativa à aplica-
ção da lei penal no espaço, seguida de uma assertiva a 
ser julgada.
Em águas territoriais do Brasil, a bordo de um navio 
mercante que ostentava a bandeira da Argentina, um 
brasileiro praticou um homicídio contra um argentino, 
ambos tripulantes da embarcação. Nessa situação, apli-
car-se-á a lei penal argentina. 
|COMENTÁRIOS|.
Errado. Está errada a assertiva. De acordo com o 
art. 5º, § 2º, do Código Penal, a lei brasileira é aplicável 
a crimes cometidos a bordo de aeronaves ou embar-
cações estrangeiras de propriedade privada que se 
acharem em pouso no território nacional ou em voo no 
espaço aéreo correspondente ou em porto ou mar terri-
torial do Brasil. No exemplo mencionado no enunciado, 
um brasileiro cometeu homicídio contra um argentino 
em embarcação privada que, embora ostentasse ban-
deira estrangeira, navegava em águas territoriais brasi-
leiras. Neste caso, aplica-se, pois, a lei brasileira.
08. (Cespe – Delegado de Polícia Federal – DPF/2002 
– Adaptada) Em cada um dos itens subsequentes, é 
apresentada uma situação hipotética relativa à aplica-
ção da lei penal no espaço, seguida de uma assertiva a 
ser julgada.
Em alto-mar, a bordo de uma embarcação de 
recreio que ostentava a bandeira do Brasil, Júlio prati-
cou um crime de latrocínio contra Lauro. Nessa situação, 
aplicar-se-á a lei penal brasileira. 
|COMENTÁRIOS|.
Certo. Está correta a assertiva. Considera-se 
extensão do território nacional, nos termos do art. 5º, 
§ 1º, do Código Penal, as embarcações e as aeronaves 
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que 
se achem, respectivamente, em alto mar ou no espaço 
aéreo correspondente. Por esta razão, o autor de latrocí-
nio cometido a bordo de embarcação privada brasileira 
que navega em alto-mar será submetido à lei brasileira.
09. (Cespe – Delegado de Polícia Federal – DPF/2002 
– Adaptada) Em cada um dos itens subsequentes, é 
apresentada uma situação hipotética relativa à aplica-
ção da lei penal no espaço, seguida de uma assertiva a 
ser julgada.
Augusto, diplomata em serviço na embaixada 
do Brasil no país CCC, exigiu de alguns fornecedores 
estrangeiros a importância de US$ 1.200 para agilizar 
o pagamento de serviços prestados e de mercadorias 
adquiridas pela embaixada. Nessa situação, Augusto 
ficará sujeito à lei penal brasileira. 
|COMENTÁRIOS|.
Certo. Está correta a assertiva. Nos termos do art. 
7º, inc. I, 1º, c, do Código Penal, ficam sujeitos à lei bra-
sileira os delitos cometidos no estrangeiro contra a 
administração pública por quem está a seu serviço. Se 
Augusto, diplomata na embaixada do Brasil em outro 
país, exigiu vantagem indevida de fornecedores estran-
geiros que prestariam serviços e forneceriam mercado-
rias à embaixada, cometeu delito de concussão e será 
processado de acordo com a lei brasileira. A aplicação, 
no caso, da nossa Lei, também pode ser fundamentada 
na imunidade diplomática. O diplomata que violar lei 
penal estrangeira fica sujeito ás consequências penais 
do seu país de origem.
4. TEORIA DO DELITO
10. (Cespe – Delegado de Polícia Federal – DPF/2013) 
No que se refere à teoria geral do crime, julgue o pró-
ximo item.
Segundo a teoria causal, o dolo causalista é conhe-
cido como dolo normativo, pelo fato de existir, nesse 
dolo, juntamente com os elementos volitivos e cogni-
tivos, considerados psicológicos, elemento de natureza 
normativa (real ou potencial consciência sobre a ilici-
tude do fato). 
|COMENTÁRIOS|.
Certo. Está correta a assertiva. Para a teoria neo-
clássica (uma evolução dentro do próprio causalismo), o 
conceito analítico de crime é composto por três partes: 
fato típico, antijuridicidade e culpabilidade. É, portanto, 
tripartite. É somente no terceiro substrato do crime que 
se deve analisar, segundo o causalismo, o dolo ou culpa. 
A culpabilidade, conceituada como vínculo psíquico 
entre o autor e o resultado, seria composta de dois 
elementos: a imputabilidade e a culpabilidade dolosa 
ou a culpabilidade culposa. Já que a culpabilidade é o 
elemento valorativo do conceito de crime causalista, o 
dolo será denominado dolo normativo (em oposição aos 
finalistas, que adotarão o dolo natural).
5. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
11. (Cespe – Delegado de Polícia Federal – DPF/2013 
– Adaptada) Em relação ao concurso de agentes, à 
desistência voluntária e ao arrependimento eficaz, bem 
como à cominação das penas, ao erro do tipo e, ainda, 
à teoria geral da culpabilidade, julgue os itens subsecu-
tivos.
No arrependimento eficaz, é irrelevante que o 
agente proceda “virtutis” amore ou “formidine poence”, 
ou por motivos subalternos, egoísticos, desde que não 
tenha sido obstado por causas exteriores independen-
tes de sua vontade. 
 Rogério Sanches32
|COMENTÁRIOS|.
Certo. Está correta a assertiva. Previsto no artigo 
15, 2ª parte, do Código Penal, o arrependimento eficaz 
(arrependimento ativo ou resipiscência) ocorre quando 
os atos executórios já foram todos praticados, porém, 
o agente, decidindo recuar na atividade delituosa cor-
rida, desenvolve nova conduta com o objetivo de impe-
dir a produção do resultado (consumação). Para que 
se caracterize o arrependimento eficaz, contenta-se o 
legislador com a voluntariedade do agente, isto é, dis-
pensa-se a espontaneidade, o que significaque o insti-
tuto não se desnatura quando a decisão, livre de coação, 
sofre influência subjetiva externa. Da mesma forma, não 
se perscrutam os motivos que levaram o sujeito ativo a 
se arrepender; se o arrependimento, voluntário, for efi-
caz para evitar a consumação, aplicam-se os efeitos do 
art. 15 do Código Penal.
12. (Cespe – Delegado de Polícia Federal – DPF/2013 
– Adaptada) Em cada item a seguir, é apresentada uma 
situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser jul-
gada com base no direito penal.
Três criminosos interceptaram um carro forte e 
dominaram os seguranças, reduzindo-lhes por com-
pleto qualquer possibilidade de resistência, mediante 
grave ameaça e emprego de armamento de elevado 
calibre. O grupo, entretanto, encontrou vazio o cofre do 
veículo, pois, por erro de estratégia, efetuara a aborda-
gem depois que os valores e documentos já haviam sido 
deixados na agência bancária. Por fim, os criminosos 
acabaram fugindo sem nada subtrair. Nessa situação, 
ante a inexistência de valores no veículo e ante a ausên-
cia de subtração de bens, elementos constitutivos dos 
delitos patrimoniais, ficou descaracterizado o delito de 
roubo, subsistindo apenas o crime de constrangimento 
ilegal qualificado pelo concurso de pessoas e emprego 
de armas. 
|COMENTÁRIOS|.
Errado. Está errada a assertiva, pois se carac-
teriza, no caso, o crime de roubo tentado. A ocasional 
inexistência de valores em poder da vítima de assalto, 
inviabilizando a consumação, traduz caso de improprie-
dade relativa do objeto, o que caracteriza a tentativa, e 
não a figura do crime impossível. Neste sentido: “Nos 
termos da jurisprudência desta Corte, ainda que não 
exista nenhum bem com a vítima, o crime de roubo, por 
ser delito complexo, tem iniciada sua execução quando 
o agente, visando a subtração de coisa alheia móvel, 
realiza o núcleo da conduta meio (constrangimento ile-
gal/lesão corporal ou vias de fato), ainda que não con-
siga atingir o crime fim (subtração da coisa almejada)” 
(STJ – REsp 1340747/RJ, j. 13/05/2014).
6. ERRO
13. (Cespe – Delegado de Polícia Federal – DPF/2004 
– Adaptada) Em cada um dos itens seguintes, é apre-
sentada uma situação hipotética, seguida de uma asser-
tiva a ser julgada.
O médico Caio, por negligência que consistiu em 
não perguntar ou pesquisar sobre eventual gravidez de 
paciente nessa condição, receita-lhe um medicamento 
que provocou o aborto. Nessa situação, Caio agiu em 
erro de tipo vencível, em que se exclui o dolo, ficando 
isento de pena, por não existir aborto culposo. 
|COMENTÁRIOS|.
Certo. Está correta a assertiva, embora não se 
trate exatamente de “isenção de pena”, pois o erro de 
tipo incide na tipicidade, não na culpabilidade. O erro 
de tipo está previsto no artigo 20, caput, do Código 
Penal: “O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de 
crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime cul-
poso, se previsto em lei”. Nesse caso, o agente ignora ou 
tem conhecimento equivocado da realidade. Cuida-se 
de ignorância ou erro que recai sobre as elementa-
res, circunstâncias ou quaisquer dados que se agre-
gam a determinada figura típica. O erro de tipo pode 
ser essencial ou acidental. No essencial, o erro recai 
sobre os dados principais do tipo penal, enquanto que 
no acidental recai sobre dados secundários. No pri-
meiro, se avisado do erro, o agente para de agir crimino-
samente; no segundo, o agente corrige os caminhos ou 
sentido da conduta e continua agindo de forma ilícita. 
As consequências do erro de tipo essencial, de que trata 
a questão, vão depender de ser ele inevitável ou evitá-
vel: a) inevitável: também conhecido como justificável, 
escusável ou invencível, configura o erro imprevisível, 
excluindo o dolo (por não haver consciência) e culpa 
(pois ausente a previsibilidade); b) evitável: também 
conhecido como injustificável, inescusável ou vencível, 
cuida-se do erro previsível, só excluindo o dolo (por 
não existir consciência), mas punindo a culpa (se pre-
vista como crime), pois havia possibilidade de o agente 
conhecer do perigo. No exemplo da questão, o médico 
não tinha conhecimento da realidade porque, ao recei-
tar o medicamento potencialmente abortivo, ignorava 
que o fazia a uma gestante. Trata-se de um erro vencí-
vel (ou evitável) porque o médico foi negligente ao não 
adotar as necessárias precauções que, na sua condição, 
eram exigíveis para evitar o resultado danoso (aborto). 
Nestas situações, o erro de tipo exclui o dolo, mas per-
mite a punição por crime culposo se a lei penal assim 
determinar. Ocorre que, no caso do aborto, não se 
tipifica a forma culposa, razão pela qual o médico não 
sofrerá punição criminal. 
7. EXCLUSÃO DA ILICITUDE
14. (Cespe – Delegado de Polícia Federal – DPF/2013 
– Adaptada) No que se refere às causas de exclusão de 
ilicitude e à prescrição, julgue os seguintes itens.
Direito Penal 33
Considere que João, maior e capaz, após ser agre-
dido fisicamente por um desconhecido, também maior 
e capaz, comece a bater, moderadamente, na cabeça do 
agressor com um guarda-chuva e continue desferindo 
nele vários golpes, mesmo estando o desconhecido 
desacordado. Nessa situação hipotética, João incorre 
em excesso intensivo. 
|COMENTÁRIOS|.
Errado. Assumindo que a agressão contra João 
tenha sido injusta, sua reação moderada, para dela se 
afastar, poderia ser abarcada pela legítima defesa. Se, 
no entanto, após iniciar sua defesa de forma legítima 
João se excedeu e continuou a agredir aquele que o ata-
cou mesmo após este indivíduo perder a consciência, há 
o que a doutrina denomina excesso extensivo, conceitu-
ado como aquele em que o agente inicia sua conduta 
sob os efeitos da descriminante e, cessada esta situação, 
continua a atuar. O excesso pode ser doloso ou culposo. 
Utilizando o mesmo exemplo do enunciado, se João 
efetivamente pretendia prolongar sua agressão contra 
o indivíduo que o atacou, responderia por lesão corpo-
ral dolosa ou por homicídio doloso, conforme o resul-
tado de sua conduta. Se, por outro lado, prolongou sua 
agressão por não ter observado os cuidados necessários 
para simplesmente se defender, responderia, conforme 
o caso, por lesão corporal culposa ou por homicídio 
culposo. O excesso intensivo, mencionado na asser-
tiva, é aquele em que não se verificam, efetivamente, 
os requisitos da descriminante na conduta do agente. 
Segundo parte da doutrina, não se trata, na verdade, de 
excesso, pois, se não estavam presentes os requisitos da 
descriminante, é impossível que nela o sujeito tenha se 
excedido. 
15. (Cespe – Delegado de Polícia Federal – DPF/2013 
– Adaptada) No que se refere às causas de exclusão de 
ilicitude e à prescrição, julgue os seguintes itens.
Ocorre legítima defesa sucessiva, na hipótese de 
legítima defesa real contra legítima defesa putativa.
|COMENTÁRIOS|.
Errado. Está errada a assertiva. É sabido que a 
legítima defesa pressupõe agressão injusta, razão por 
que não é possível duas pessoas, simultaneamente, 
agirem, uma contra a outra, na legítima defesa de seu 
interesse. Nada impede, no entanto, que o originário 
injusto agressor repila o excesso cometido por aquele 
que se defendia de sua injusta agressão. Esta é a legí-
tima defesa sucessiva: o agressor se vê obrigado a se 
defender do excesso (abuso) dos meios defensivos utili-
zados pelo agredido.
16. (Cespe – Delegado de Polícia Federal – DPF/2004 
– Adaptada) Em cada um dos itens a seguir, é apresen-
tada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva 
a ser julgada.
Para prenderem em flagrante pessoa acusada de 
homicídio, policiais invadiram uma residência em que 
entrara o acusado, danificando a porta de entrada e 
sem mandado de busca e apreensão. Nessa situação, os 
policiais não responderão pelo crime de dano, pois agi-
ram em estrito cumprimento do dever legal, que é causa 
excludente da ilicitude. 
|COMENTÁRIOS|.
 Nota do autor: as descriminantes estão des-
critas principalmente na Parte Geral do Código Penal, 
mais precisamenteno artigo 23. Entretanto, é possível 
encontrar causas de exclusão de ilicitude na Parte Espe-
cial do Código, como se percebe no artigo 128, que trata 
das hipóteses de aborto autorizadas pela lei. Neste caso, 
estamos diante de uma “descriminante especial”. Nada 
impede, de igual modo, que a legislação penal extra-
vagante preveja hipóteses justificantes, como faz, por 
exemplo, a Lei nº 9.605/98.
Certo. Está correta a assertiva. Os agentes públi-
cos, no desempenho de suas atividades, muitas vezes, 
devem agir interferindo na esfera privada dos cidadãos, 
exatamente para assegurar o cumprimento da lei (em 
sentido lato). Essa intervenção pode redundar em agres-
são a bens jurídicos. Dentro de limites aceitáveis, tal 
intervenção é justificada pelo estrito cumprimento do 
dever legal. É o caso do exemplo mencionado no enun-
ciado, em que não haveria crime de dano ou mesmo, 
antes ainda, violação de domicílio. Para Zaffaroni, a 
conduta dos policiais, no problema proposto, sequer é 
típica, criando a tese da tipicidade conglobante. A pro-
posta da teoria da tipicidade conglobante é harmonizar 
os diversos ramos do Direito, partindo-se da premissa 
de unidade do ordenamento jurídico. É uma incoerên-
cia o Direito Penal estabelecer proibição de comporta-
mento determinado ou incentivado por outro ramo do 
Direito (isso é desordem jurídica). Dentro desse espírito, 
para se concluir pela tipicidade penal da conduta cau-
sadora de um resultado, é imprescindível verificar não 
apenas a subsunção formal fato/tipo e a relevância da 
lesão ou perigo de lesão, mas também se o compor-
tamento é antinormativo, leia-se, não determinado 
ou incentivado por qualquer ramo do Direito. Ex.: para 
Zaffaroni, o oficial de justiça, no cumprimento de uma 
ordem, ao executar a penhora e o sequestro de um qua-
dro de propriedade de um devedor, apesar de presentes 
a tipicidade formal e a tipicidade material, não pratica 
fato típico, pois não existe tipicidade penal. O ato do ofi-
cial não é antinormativo, mas normativo, determinado 
por lei. Não se pode admitir que na ordem normativa 
uma norma ordene o que outra proíbe. Da sua lição, 
conclui-se que a tipicidade conglobante tem como con-
sequência a transferência do estrito cumprimento de 
um dever legal e do exercício regular de direito incenti-
vado da ilicitude para a tipicidade, servindo como suas 
causas de exclusão.
 Rogério Sanches34
8. CULPABILIDADE
17. (Cespe – Delegado de Polícia Federal – DPF/2013) 
Considerando a distinção doutrinária entre culpabili-
dade de ato e culpabilidade de autor, julgue o seguinte 
item.
Tratando-se de culpabilidade pelo fato individual, o 
juízo de culpabilidade se amplia à total personalidade 
do autor e a seu desenvolvimento. 
|COMENTÁRIOS|.
 Nota do autor: a posição da culpabilidade na 
estrutura do crime (conceito analítico) depende da 
corrente que se adota. Para a corrente bipartite, a cul-
pabilidade não integra o crime. O crime existe com os 
requisitos “fato típico” e “ilicitude”, mas só será ligado ao 
agente se este for culpável. Dentro desse espírito, a cul-
pabilidade é pressuposto da pena, juízo de reprovação 
e censurabilidade. Assim entendem Julio Fabbrini Mira-
bete e Damásio de Jesus. Já para a corrente tripartite, 
a culpabilidade aparece como o terceiro substrato do 
crime. Trata-se de juízo de reprovação. A tipicidade, ili-
citude e a culpabilidade são pressupostos de aplicação 
da pena e, portanto, elementos constitutivos do crime.
Errado. Está errada a assertiva. Ao tratar da cul-
pabilidade, Rogério Greco ensina que, apesar da adoção 
de um moderado direito penal do fato, é possível distin-
guir-se culpabilidade de ato e culpabilidade de autor: “A 
culpabilidade do ato seria a reprovação do homem por 
aquilo que ele fez, considerando-se a sua capacidade 
de autodeterminação; já na culpabilidade do autor, 
o que se reprova é o homem como ele é, e não aquilo 
que fez”. Conclui o autor, com amparo em Hans-Hein-
rich Jescheck, que o mais adequado é a união de ambas 
as concepções: “O núcleo do conceito de culpabilidade 
somente pode ser a culpabilidade pelo fato individual, 
mas o Direito Penal deve ter em conta também muitas 
vezes a culpabilidade do autor” (Curso de Direito Penal 
– Parte Geral, p. 383).
18. (Cespe – Delegado de Polícia Federal – DPF/2004 
– Adaptada) Com relação à parte geral do direito penal, 
julgue os seguintes itens.
O sujeito ativo que pratica crime em face de embria-
guez voluntária ou culposa responde pelo crime prati-
cado. Adota-se, no caso, a teoria da conditio sine qua 
non para se imputar ao sujeito ativo a responsabilidade 
penal. 
|COMENTÁRIOS|.
 Nota do autor: embriaguez é a intoxicação 
transitória causada pelo álcool ou substância de efei-
tos análogos. Temos embriaguez voluntária quando 
o agente ingere a substância alcoólica com a intenção 
de embriagar-se; surge a embriaguez culposa quando 
o agente, por negligência ou imprudência, acaba por 
embriagar-se. Pode ser completa (retirando do agente, 
no momento da conduta, a capacidade de entendi-
mento e autodeterminação) ou incompleta (dimi-
nuindo a capacidade de entendimento e autodetermi-
nação). Seguindo a orientação do nosso Código Penal, 
a embriaguez não acidental jamais exclui a imputabili-
dade (art. 28, II), seja ela completa ou incompleta.
Errado. Está errada a assertiva, pois a conditio 
sine qua non é teoria concernente à relação de causa-
lidade. A teoria que fundamenta a punição do agente 
no caso de embriaguez voluntária ou culposa é a actio 
libera in causa. Em resumo, o ato transitório revestido de 
inconsciência (momento do crime, em que o agente se 
encontra embriagado) decorre de ato antecedente que 
foi livre na vontade (momento de ingestão da bebida 
ou substância análoga), transferindo-se para esse 
momento anterior a constatação da imputabilidade e 
da voluntariedade. A constatação da imputabilidade 
+ vontade do agente no momento em que ingeria 
a bebida evita a responsabilidade penal objetiva: se 
bebeu prevendo o resultado, querendo a sua produção, 
haverá crime doloso; se bebeu, prevendo o resultado, e 
aceitou sua produção, temos o dolo eventual; se bebeu 
e previu o resultado, o qual acreditou poder evitar, con-
figura-se a culpa consciente; se não previu, mas era pre-
visível, culpa inconsciente; se imprevisível, fato atípico.
19. (Cespe – Delegado de Polícia Federal – DPF/2002 
– Adaptada) Em cada um dos itens que se seguem, é 
apresentada uma situação hipotética, seguida de uma 
assertiva a ser julgada.
Dimas, psicopata com interdição decretada, matou 
Jair, fato esse presenciado por um agente de polícia. 
Nessa situação, o agente de polícia deverá efetuar a pri-
são de Dimas, em face do flagrante próprio. 
|COMENTÁRIOS|.
Certo. Está correta a assertiva. Inicialmente, des-
taca-se que se trata, efetivamente, de flagrante pró-
prio, pois o agente foi surpreendido no momento em 
que cometia o delito (art. 302, inciso I, do Código de 
Processo Penal). Pode ser efetuada a prisão, ademais, 
porque o fato de Dimas ter sido interditado civilmente 
não acarreta, necessariamente, a inimputabilidade. Para 
que se declare o agente inimputável é necessário que, 
no processo penal, seja ele submetido a perícia que 
constate a incapacidade de entendimento e de deter-
minação, no momento da ação delituosa, em razão de 
doença mental ou de desenvolvimento mental incom-
pleto ou retardado. Deve ser ressaltado, além disso, que 
psicopatia não é doença mental, mas transtorno de per-
sonalidade que, portanto, não retira do agente, por si 
só, a capacidade de entendimento e de determinação.
Direito Penal 35
9. EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE
20. (Cespe – Delegado de Polícia Federal – DPF/2013 
– Adaptada) Em relação ao concurso de agentes, à 
desistência voluntária e ao arrependimento eficaz, bem 
como à cominação das penas, ao erro do tipo e, ainda, 
à teoria geral da culpabilidade, julgue os itens subsecu-
tivos.
De acordo com a teoria extremada da culpabili-
dade, o erro sobreos pressupostos fáticos das causas 
descriminantes consiste em erro de tipo permissivo. 
|COMENTÁRIOS|.
Errado. Está errada a assertiva. De acordo com 
a teoria extremada (ou estrita) da culpabilidade, o erro 
sobre os pressupostos fáticos das causas de justifica-
ção deve ser tratado como erro de proibição (indireto 
ou erro de permissão). Justificam que o art. 20, § 1º, do 
CP, em se tratando de erro inevitável, não exclui dolo ou 
culpa (como exige o erro e tipo), mas isenta o agente de 
pena (como manda o erro de proibição). Elimina, nessa 
hipótese (erro escusável), a culpabilidade do sujeito que 
sabe exatamente o que faz (no nosso exemplo, “matar 
alguém”). É para a teoria limitada da culpabilidade que 
a descriminante putativa sobre pressupostos da situa-
ção fática tem a mesma natureza do erro de tipo (art. 
20 do CP). Se inevitável, além do dolo, exclui a culpa 
(isentando o agente de pena); se evitável, exclui o dolo, 
mas não isenta o agente de pena, subsistindo o crime 
culposo quando previsto em lei (culpa imprópria).
10. CONCURSO DE PESSOAS
21. (Cespe – Delegado de Polícia Federal – DPF/2013 
– Adaptada) Em relação ao concurso de agentes, à 
desistência voluntária e ao arrependimento eficaz, bem 
como à cominação das penas, ao erro do tipo e, ainda, 
à teoria geral da culpabilidade, julgue os itens subsecu-
tivos.
Configura autoria por convicção o fato de uma mãe, 
por convicção religiosa, não permitir a realização de 
transfusão de sangue indicada por equipe médica para 
salvar a vida de sua filha, mesmo ciente da imprescindi-
bilidade desse procedimento.
|COMENTÁRIOS|.
Certo. Está correta a assertiva. Há autoria por 
convicção quando o agente, conhecedor da norma, des-
cumpre-a por razões de consciência religiosa, filosófica, 
política. No exemplo citado, há autoria por convicção 
porque a mãe tinha consciência tanto de sua obrigação 
de cuidado (tanto que submeteu a filha aos cuidados 
médicos) quanto da imprescindibilidade do procedi-
mento para evitar a morte, mas, por razões de ordem 
religiosa, se recusou a permiti-lo. O STJ já decidiu, em 
situação desta natureza, que os pais não deveriam res-
ponder por homicídio: “Na espécie, como já assinalado 
nos votos vencidos, proferidos na origem, em sede de 
recurso em sentido estrito e embargos infringentes, 
tem-se como decisivo, para o desate da responsabiliza-
ção criminal, a aferição do relevo do consentimento dos 
pacientes para o advento do resultado tido como deli-
tivo. Em verdade, como inexistem direitos absolutos em 
nossa ordem constitucional, de igual forma a liberdade 
religiosa também se sujeita ao concerto axiológico, 
acomodando-se diante das demais condicionantes 
valorativas. Desta maneira, no caso em foco, ter-se-ia 
que aquilatar, a fim de bem se equacionar a expressão 
penal da conduta dos envolvidos, em que medida teria 
impacto a manifestação de vontade, religiosamente 
inspirada, dos pacientes. No juízo de ponderação, o 
peso dos bens jurídicos, de um lado, a vida e o superior 
interesse do adolescente, que ainda não teria discer-
nimento suficiente (ao menos em termos legais) para 
deliberar sobre os rumos de seu tratamento médico, 
sobrepairam sobre, de outro lado, a convicção religiosa 
dos pais, que teriam se manifestado contrariamente à 
transfusão de sangue. Nesse panorama, tem-se como 
inócua a negativa de concordância para a providência 
terapêutica, agigantando-se, ademais, a omissão do 
hospital, que, entendendo que seria imperiosa a inter-
venção, deveria, independentemente de qualquer posi-
ção dos pais, ter avançado pelo tratamento que enten-
diam ser o imprescindível para evitar a morte. Portanto, 
não há falar em tipicidade da conduta dos pais que, 
tendo levado sua filha para o hospital, mostrando que 
com ela se preocupavam, por convicção religiosa, não 
ofereceram consentimento para transfusão de sangue 
– pois, tal manifestação era indiferente para os médicos, 
que, nesse cenário, tinham o dever de salvar a vida. Con-
tudo, os médicos do hospital, crendo que se tratava de 
medida indispensável para se evitar a morte, não pode-
riam privar a adolescente de qualquer procedimento, 
mas, antes, a eles cumpria avançar no cumprimento de 
seu dever profissional” (HC 268.459/SP, j. 28/10/2014).
22. (Cespe – Delegado de Polícia Federal – DPF/2004 
– Adaptada) Em cada um dos itens a seguir, é apresen-
tada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva 
a ser julgada.
Júlio e Lúcio combinaram entre si a prática de crime 
de furto, ficando ajustado que aquele aguardaria no 
carro para assegurar a fuga e este entraria na residência 
— que, segundo pensavam, estaria vazia — para sub-
trair as joias de um cofre. Ao entrar na residência, Lúcio 
verificou que um morador estava presente. Lúcio, que 
tinha ido armado sem avisar Júlio, matou o morador 
para assegurar a prática do crime. Depois de fugirem, 
Júlio e Lúcio dividiram as joias subtraídas. Nessa situ-
ação, Júlio responderá pelo crime de furto, enquanto 
Lúcio responderá pelo crime de roubo. 
|COMENTÁRIOS|.
 Nota do autor: define-se o concurso de agen-
tes como a reunião de uma pluralidade de pessoas com 
o objetivo de concorrer para a prática de determinado 
 Rogério Sanches36
crime. Trata-se do chamado “concursus delinquentium”, 
que se distingue do denominado “concursus delicto-
rum”, hipótese em que se observa a imputação de vários 
delitos a um único sujeito ativo.
Certo. Está correta a assertiva, que trata da deno-
minada cooperação dolosamente distinta, desvio subje-
tivo de condutas ou desvio entre os agentes em que um 
dos concorrentes do crime pretendia integrar ação cri-
minosa menos grave do que aquela efetivamente prati-
cada. Neste caso, ser-lhe-á aplicada a pena do crime que 
pretendia cometer, aumentada até metade na hipótese 
de ter sido previsível o resultado mais grave (o que não 
parece ser o caso do exemplo, em que Júlio sequer sabia 
que Lúcio estava armado). 
23. (Cespe – Delegado de Polícia Federal – DPF/2004 
– Adaptada) Com relação à parte geral do direito penal, 
julgue os seguintes itens.
De acordo com o sistema adotado pelo Código 
Penal, é possível impor aos partícipes da mesma ativi-
dade delituosa penas de intensidades desiguais. 
|COMENTÁRIOS|.
Certo. Está correta a assertiva. A teoria ado-
tada pelo Código Penal no concurso de pessoas foi a 
monista, estabelecendo-se a existência de apenas um 
crime e a responsabilidade de todos os que concorrem 
para a sua prática. O artigo 29 do Código Penal, toda-
via, em sua parte final, faz uma ressalva no sentido de 
que todos incidem nas penas cominadas ao crime “na 
medida de sua culpabilidade”. É certo que a adoção da 
teoria monista representa um princípio de justiça, pois 
impõe imputação equivalente a todos os que concor-
reram para o mesmo fato. A menção à culpabilidade 
constitui um plus, possibilitando, no momento da apli-
cação da pena, a justa punição pela conduta criminosa, 
analisando-se o concurso de pessoas à luz do dolo e da 
culpa, bem como da censurabilidade da conduta. É com 
base na culpabilidade, aliás, que os parágrafos do art. 
29 trazem algumas exceções ao caput ao tratarem da 
participação de menor importância e da cooperação 
dolosamente distinta.
11. PENA DE MULTA
24. (Cespe – Delegado de Polícia Federal – DPF/2013) 
A respeito da pena pecuniária, julgue o item abaixo.
A multa aplicada cumulativamente com a pena 
de reclusão pode ser executada em face do espólio, 
quando o réu vem a óbito no curso da execução da 
pena, respeitando-se o limite das forças da herança. 
|COMENTÁRIOS|.
Errado. Está errada a assertiva. O art. 5º, inciso 
XLV da Constituição Federal estabelece o princípio da 
intransmissibilidade das penas, que, em caráter abso-
luto, dispõe que “nenhuma pena passará da pessoa do 
condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a 
decretação do perdimento de bens ser, nos termos da 
lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, 
até o limite do valor do patrimônio transferido”. A penade multa, embora atualmente executada como dívida 
de valor, mantém seu caráter penal e, por isso, uma vez 
morto o agente, extingue-se a punibilidade sem a pos-
sibilidade de que a cobrança recaia nos herdeiros, ainda 
que respeitados os limites da herança.
12. EFEITOS DA CONDENAÇÃO
25. (Cespe – Delegado de Polícia Federal – DPF/2013) 
Em relação aos efeitos da condenação, julgue o item 
que se segue.
Considere que uma mulher, maior e capaz, chegue 
a casa, logo após ter sido demitida, e, nervosa, agrida, 
injustificada e intencionalmente, seu filho de dois anos 
de idade, causando-lhe lesões corporais de natureza 
leve. Nessa situação hipotética, caso essa mulher seja 
condenada pela referida agressão após o devido pro-
cesso legal, não caberá, como efeito da condenação, 
a decretação de sua incapacidade para o exercício do 
poder familiar, nos termos do CP. 
|COMENTÁRIOS|.
Certo. Está correta a assertiva. É efeito específico 
da condenação a incapacidade do condenado para o 
exercício do poder familiar, tutela ou curatela (art. 92, II, 
do CP). A incidência desse efeito, no entanto, pressupõe 
agente condenado definitivamente por crime doloso, 
punido com reclusão (não importando o quantum), pra-
ticado contra filho, tutelado ou curatelado. No exemplo 
citado, embora a mulher tenha sido condenada por 
cometer lesão corporal contra seu filho, este delito é 
punido com detenção tanto na forma básica do caput 
do art. 129 do Código Penal quanto na forma qualificada 
do § 9º do mesmo dispositivo, que, pensamos, seria a 
subsunção mais adequada à conduta.
13. PRESCRIÇÃO
26. (Cespe – Delegado de Polícia Federal – DPF/2013 
– Adaptada) No que se refere às causas de exclusão de 
ilicitude e à prescrição, julgue os seguintes itens.
Suponha que determinada sentença condenató-
ria, com pena de dez anos de reclusão, imposta ao réu, 
tenha sido recebida em termo próprio, em cartório, 
pelo escrivão, em 13/8/2011 e publicada no órgão oficial 
em 17/8/2011, e que tenha sido o réu intimado, pesso-
almente, em 20/8/2011, e a defensoria pública e o MP 
intimados, pessoalmente, em 19/8/2011. Nessa situação 
hipotética, a interrupção do curso da prescrição ocorreu 
em 17/8/2011. 
Direito Penal 37
|COMENTÁRIOS|.
Errado. Está errada a assertiva. A publicação da 
sentença condenatória recorrível interrompe o prazo 
prescricional, ainda que total ou parcialmente refor-
mada pelo Tribunal. “Publicação” não deve ser con-
fundida com divulgação na imprensa oficial, sendo 
compreendida nos termos do artigo 389 do Código 
de Processo Penal: “A sentença será publicada em mão 
do escrivão, que lavrará nos autos o respectivo termo, 
registrando-a em livro especialmente destinado a esse 
fim”. Desse modo, considera-se publicada a sentença 
quando o escrivão procede à juntada desta aos autos 
– na sentença ou acórdão proferidos na própria audiên-
cia ou sessão, a publicação ocorre neste ato (STJ: “Para 
efeito de configuração do marco interruptivo do prazo 
prescricional a que se refere o art. 117, IV, do CP, conside-
ra-se como publicado o “acórdão condenatório recorrí-
vel” na data da sessão pública de julgamento, e não na 
data de sua veiculação no Diário da Justiça ou em meio 
de comunicação congênere” (HC 233.594, Sexta Turma, 
Rel. Min. Alderita Ramos de Oliveira, j. 16/04/2013).
27. (Cespe – Delegado de Polícia Federal – DPF/2013 
– Adaptada) No que se refere às causas de exclusão de 
ilicitude e à prescrição, julgue os seguintes itens.
Considere que Jorge, Carlos e Antônio sejam con-
denados, definitivamente, a uma mesma pena, por 
terem praticado, em coautoria, o crime de roubo. Nessa 
situação, incidindo a interrupção da prescrição da pre-
tensão executória da referida pena em relação a Jorge, 
essa interrupção não produzirá efeitos em relação aos 
demais coautores. 
|COMENTÁRIOS|.
Certo. Está errada a assertiva, pois, por expressa 
disposição do art. 117, § 1º, do Código Penal, a inter-
rupção do prazo da prescrição executória não produz 
efeitos sobre todos os agentes. A extensão dos efeitos 
da interrupção ocorre pelo recebimento da denúncia ou 
da queixa, pela pronúncia, pela decisão confirmatória 
da pronúncia e pela publicação da sentença ou acórdão 
condenatórios recorríveis.
28. (Cespe – Delegado de Polícia Federal – DPF/2013 
– Adaptada) No que se refere às causas de exclusão de 
ilicitude e à prescrição, julgue os seguintes itens.
A detração é considerada para efeito da prescrição 
da pretensão punitiva, não se estendendo aos cálculos 
relativos à prescrição da pretensão executória. 
|COMENTÁRIOS|.
Errado. Está errada a assertiva. Os tribunais supe-
riores têm vedado, quando da interpretação do artigo 
113 do Código Penal, a sua ampliação para permitir o 
cômputo do tempo de prisão provisória (detração) no 
cálculo do prazo prescricional. Nesse sentido, entende 
o STF: “A prescrição regulada pela pena residual (CP, art. 
113) não admite o cômputo do tempo de prisão provi-
sória e só abrange as hipóteses de evasão do conde-
nado ou revogação do livramento condicional. O prazo 
de prescrição da pretensão executória é o previsto no 
art. 110, caput, do Código Penal, ou seja, calcula-se com 
base na pena aplicada. A detração (CP, art. 42) é feita 
quando do cumprimento da pena” (RHC 84.177/SP, Dj 
20/08/2004). No STJ, confira-se: “O período de prisão 
provisória somente é levado em conta para o desconto da 
pena a ser cumprida, sendo irrelevante para fins de conta-
gem do prazo prescricional, ressaltando-se que o cálculo 
aplicado em decorrência do contido no art. 113 do Estatuto 
Repressivo somente incide nas hipóteses de evasão do ape-
nado ou de revogação do livramento condicional, que não 
é o caso dos autos. Precedentes" (EDcl no AgRg no REsp 
1.564.309/MS, j. 24/04/2018).
14. LESÃO CORPORAL
29. (Cespe – Delegado de Polícia Federal – DPF/2004 
– Adaptada) Em cada um dos itens a seguir, é apresen-
tada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva 
a ser julgada.
Como forma de punir um ex-membro de sua qua-
drilha que o havia delatado à polícia, um traficante de 
drogas espancou um irmão do delator, em plena rua, 
quando ele voltava do trabalho para casa. Nessa situa-
ção, o referido traficante praticou crime de tortura. 
|COMENTÁRIOS|.
Errado. Está errada a assertiva. Trata-se do crime 
de lesão corporal, em que se pune a conduta de ofen-
der, direta ou indiretamente, a integridade corporal 
ou a saúde de outrem, quer causando uma enfermi-
dade, quer agravando a que já existe. Para que o ato de 
“punição” fosse tratado como tortura, a vítima haveria 
de estar sob guarda, poder ou autoridade do agente e, 
nessa condição, ter sido submetida, com emprego de 
violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico 
ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal. Não 
é, evidentemente, o que ocorre no exemplo citado.
15. SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO
30. (Cespe – Delegado de Polícia Federal – DPF/2013 
– Adaptada) Com relação aos crimes previstos no CP, 
julgue os itens que se seguem.
O delito de sequestro e cárcere privado, inserido 
entre os crimes contra a pessoa, constitui infração penal 
de ação múltipla, e a circunstância de ter sido prati-
cado contra menor de dezoito anos de idade qualifica 
o crime. 
|COMENTÁRIOS|.
Errado. Está errada a assertiva. O crime de 
sequestro ou cárcere privado é de ação única, pois o 
art. 148 do Código Penal traz somente uma ação nuclear 
típica: privar. Em tempo, a distinção entre ambas as for-
 Rogério Sanches38
mas de privar a liberdade de alguém traz certa confu-
são. Aníbal Bruno explica: “De dois modos se pode exer-
cer sobre a vítima essa privação da liberdade que con-
siste em anular ou reduzir a sua capacidade de mover-
-se livremente de um para outro lugar: o sequestro e 
o cárcere privado. O sequestro é a forma geral dessa 
espécie punível, da qual o cárcere privado é um modo 
particular da execução, que se distingue porque nele a 
detenção da vítima se faz em recinto fechado, dentro de 
um aposento, no interiorde uma casa, donde não lhe 
é permitido sair. O sequestro executa-se por qualquer 
modo que consista em pôr o indivíduo em situação de 
não poder locomover-se livremente. A vítima pode ficar 
estritamente presa, atada a um tronco, amarrada de pés 
e mãos, retida dentro de um aposento isolado” (Crimes 
contra a pessoa, p. 358-359).
16. EXTORSÃO
31. (Cespe – Delegado de Polícia Federal – DPF/2004 
– Adaptada) Em cada um dos itens a seguir, é apresen-
tada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva 
a ser julgada.
Túlio constrangeu Wagner, mediante emprego de 
arma de fogo, a assinar e lhe entregar dois cheques 
seus, um no valor de R$ 1.000,00 e outro no valor de R$ 
2.500,00. Nessa situação, Túlio praticou crime de roubo 
qualificado pelo emprego de arma de fogo. 
|COMENTÁRIOS|.
Errado. Está errada a assertiva. Se Túlio constran-
geu Wagner, com emprego de arma de fogo, a assinar 
e a lhe entregar dois cheques, sua conduta se subsume 
ao art. 158 do Código Penal, que tipifica a extorsão. A 
conduta do crime de extorsão reside no verbo nuclear 
constranger, isto é, obrigar, coagir alguém a fazer algo, 
tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa, o 
que se dá mediante violência (física) ou grave ameaça. 
Tratando-se de extorsão cometida com o emprego de 
arma de fogo, a pena é aumentada de um terço até a 
metade. Assim como ocorre no crime de roubo, o subs-
tantivo arma gera controvérsia na doutrina. Para uns, a 
expressão abrange somente os objetos produzidos (e 
destinados) com a finalidade bélica (ex.: arma de fogo). 
Outros, realizando interpretação extensiva, compreen-
dem também os objetos confeccionados sem finalidade 
bélica, porém capazes de intimidar, ferir o próximo (ex.: 
faca de cozinha, navalha, foice, tesoura, guarda-chuva, 
pedra etc.). Prevalece na doutrina e jurisprudência o 
sentido amplo, abrangendo as duas acepções (todo o 
objeto ou utensílio que sirva para matar, ferir ou ame-
açar, seja qual for a forma ou o seu destino principal).
Com o advento da Lei 13.654/18, percebe-se uma 
discrepância: no roubo, para haver o aumento de pena 
pelo emprego de arma, a arma deve ser de fogo. O legis-
lador alterou a majorante do roubo, mas não o fez na 
extorsão, em que continua sendo suficiente, para gerar 
o aumento, o emprego de arma em sentido amplo.
17. EXTORSÃO MEDIANTE SEQUES-
TRO
32. (Cespe – Delegado de Polícia Federal – DPF/2004 
– Adaptada) Em cada um dos itens seguintes, é apre-
sentada uma situação hipotética, seguida de uma asser-
tiva a ser julgada.
Rômulo sequestrou Lúcio, exigindo de sua família 
o pagamento de R$ 100.000,00 como resgate. Nessa 
situação, o crime de extorsão mediante sequestro prati-
cado por Rômulo é considerado crime habitual. 
|COMENTÁRIOS|.
Errado. Está errada a assertiva, pois a extorsão 
mediante sequestro é crime permanente, em que a exe-
cução se protrai no tempo por determinação do sujeito 
ativo. Não se confunde com crime habitual, aquele que 
se configura mediante a reiteração de atos, ou seja, 
repetição da conduta que revele ser aquela atividade 
um procedimento costumeiro por parte do agente. 
33. (Cespe – Delegado de Polícia Federal – DPF/2002 
– Adaptada) Acerca dos crimes contra o patrimônio e a 
administração pública, julgue os itens abaixo.
Considere a seguinte situação hipotética. Sílvio 
interceptou o veículo de Mariana e, mediante grave 
ameaça exercida com o emprego de um revólver, pri-
vou-a de sua liberdade de locomoção. O fato ocorreu em 
Brasília – DF. Oito horas após a abordagem, Sílvio entrou 
em contato com a família de Mariana e exigiu como con-
dição para libertá-la a importância de R$ 150.000,00 em 
dinheiro, a ser entregue na cidade de Goiânia – GO. No 
dia seguinte, enquanto Mariana permaneceu no cati-
veiro em Brasília, Sílvio deslocou-se até a cidade de Goi-
ânia, onde foi preso em flagrante no momento em que 
iria receber o dinheiro do resgate. Nessa situação, Sílvio 
responderá pelo crime de extorsão mediante sequestro, 
na forma consumada.
|COMENTÁRIOS|.
Certo. Está correta a assertiva. O crime de extor-
são mediante sequestro é formal, consumando-se com 
a privação da liberdade da vítima, configurando o rece-
bimento do resgate mero exaurimento, a ser conside-
rando pelo magistrado na dosagem da pena (nesse sen-
tido: STF, informativo 27). No exemplo do enunciado, a 
vítima estava privada de sua liberdade há horas e houve 
a exigência do resgate. Mesmo que o agente não tenha 
conseguido receber aquela importância, o delito já 
estava consumado. 
18. APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVI-
DENCIÁRIA
34. (Cespe – Delegado de Polícia Federal – DPF/2002 
– Adaptada) À luz dos direitos penal, processual penal e 
previdenciário, julgue os itens a seguir.
Direito Penal 39
Considere a seguinte situação hipotética. Flávio dei-
xou de recolher contribuições por ele devidas à seguri-
dade social, que integraram custos relativos à venda de 
produtos. Antes do início de qualquer ação fiscal e do 
oferecimento de denúncia, Flávio, espontaneamente, 
declarou e confessou, perante a autarquia previdenci-
ária, os valores não-repassados, efetuando o integral 
pagamento das contribuições apropriadas e prestando 
as informações devidas. Nessa situação, o juiz deverá 
declarar a extinção da punibilidade.
|COMENTÁRIOS|.
Certo. Está correta a assertiva. Há, no exemplo 
citado, o crime do art. 168-A, § 1º, inciso II, do Código 
Penal, em que o contribuinte (empresário) contabiliza no 
preço final do produto que comercializa o valor da con-
tribuição devida em razão da manutenção de funcioná-
rios, não promovendo, porém, o devido recolhimento. 
Assim procedendo, o agente obtém dupla vantagem, 
pois “recupera” no momento da venda do seu produto 
um montante que nem mesmo chegou a ser escritu-
rado como despesa. Há de se ressaltar, no entanto, que 
a extinção da punibilidade pelo pagamento não segue, 
atualmente, o texto expresso do art. 168-A, § 2º, do 
Código Penal. De acordo com a orientação adotada pelo 
STF (HC 85.452/SP), em razão do disposto no art. 9º, § 2º, 
da Lei nº 10.684/03, o pagamento de tributo realizado a 
qualquer tempo gera a extinção da punibilidade. Note-
-se que não se confunde esta situação com o parcela-
mento do débito, que, segundo o disposto no art. 83 da 
Lei nº 9.430/96, com redação dada pela Lei nº 12.382/11, 
somente suspende a pretensão punitiva se o pedido 
tiver sido formalizado antes do recebimento da denún-
cia. Cumprido este requisito, se efetuado o pagamento 
integral dos débitos oriundos dos tributos e acessórios 
que tiverem sido objeto de concessão de parcelamento, 
extingue-se a punibilidade. De acordo com o STF, convi-
vem ambos os dispositivos legais (HC 116.828/SP).
19. ESTELIONATO
35. (Cespe – Delegado de Polícia Federal – DPF/2013 
– Adaptada) Com relação aos crimes previstos no CP, 
julgue os itens que se seguem.
No estelionato perpetrado em detrimento de enti-
dade de direito público, admite-se a incidência da figura 
privilegiada (pequeno valor do prejuízo) por ser circuns-
tância de natureza objetiva. 
|COMENTÁRIOS|.
Anulada. No gabarito preliminar, a assertiva havia 
sido considerada incorreta. Ocorre que, como a própria 
organizadora do concurso apontou posteriormente, o 
Supremo Tribunal Federal já decidiu pela possibilidade 
de aplicar o privilégio referente ao pequeno valor do 
prejuízo no estelionato majorado na forma do art. 171, § 
3º, do Código Penal, em procedimento análogo àquele 
já amplamente adotado para o privilégio no furto quali-
ficado: “ Crime cometido em detrimento de entidade de 
direito público. Estelionato qualificado (CP, art. 171, § 3º). 
Prejuízo de pequeno valor. Privilégio reconhecido (CP, 
art. 171, § 1º), mesmo cuidando-se de delito qualificado. 
Analogia ao privilégio aplicável ao crime de furto de 
bem de pequeno valor (CP, art. 155, § 2º). Precedentes 
desta Corte” (AP 481/PA, j. 08/09/2011).
36. (Cespe – Delegado de Polícia Federal – 
DPF/2002) Em cada um dos itens que se seguem, é 
apresentada uma situação hipotética,seguida de uma 
assertiva a ser julgada.
Dorival alienou a Joaquim uma quitinete de que era 
proprietário, recebendo, no ato da lavratura da escritura 
de compra e venda, a importância de R$ 50.000,00 em 
dinheiro. Por estar passando por sérias dificuldades 
financeiras, Dorival, no mesmo dia, vendeu a mesma 
quitinete a Magda, recebendo, pela transação, a impor-
tância de R$ 40.000,00. Magda dirigiu-se ao cartório 
de registro de imóveis e providenciou a transcrição da 
escritura de compra e venda. Joaquim, quando tentou 
registrar a sua escritura, verificou que tinha sido vítima 
de uma fraude e dirigiu-se à autoridade policial, apre-
sentando uma delatio criminis. A autoridade policial 
instaurou inquérito policial e indiciou Dorival pela prá-
tica do crime de estelionato, na modalidade de dispo-
sição de coisa alheia como própria. Sabendo que, para 
ocorrer a aquisição da propriedade imóvel, é necessária 
a transcrição do título de transferência no registro de 
imóveis, então, nessa situação, Dorival não praticou a 
infração penal pela qual a autoridade policial o indiciou. 
|COMENTÁRIOS|.
Certo. Está correta a assertiva. Para que se trans-
mita a propriedade de bem imóvel, nos termos do art. 
1.245 do Código Civil, é preciso que se providencie o 
registro do título translativo no Registro de Imóveis. 
Enquanto esta providência não é adotada, o alienante 
continua a figurar como dono do imóvel (§ 1º). No 
exemplo citado, portanto, em que Dorival alienou o 
bem a duas pessoas no mesmo dia, antes que a primeira 
efetuasse o registro, não há o crime de estelionato na 
modalidade de disposição de coisa alheia como própria, 
pois o imóvel, à luz do ordenamento jurídico, ainda era 
dele. Sua conduta se subsume, todavia, à forma básica 
do estelionato por ter obtido, para si, vantagem ilícita 
em prejuízo alheio, induzindo a erro os adquirentes ao 
lhes vender o mesmo imóvel como se estivesse livre e 
desembaraçado.
37. (Cespe – Delegado de Polícia Federal – DPF/2002 
– Adaptada) À luz dos direitos penal, processual penal 
e previdenciário, julgue os itens a seguir.
No caso de prática de crime de estelionato contra 
autarquia da previdência social, aplica-se a circunstân-
cia especial de aumento prevista no CP, ou seja, a pena 
aumenta-se de um terço. 
Direito Penal 49
Direito Penal
Rogério Sanches
• O funcionalismo é um movimento da atualidade, 
uma corrente doutrinária que visa a analisar a real 
função do Direito Penal. Muito embora não haja 
pleno consenso acerca da sua teorização, sobres-
saem-se dois segmentos importantes: o funciona-
lismo teleológico e o funcionalismo sistêmico. 
Para o funcionalismo teleológico (ou moderado), 
que tem como maior expoente Claus Roxin, a fun-
ção do Direito Penal é assegurar bens jurídicos, 
assim considerados aqueles valores indispensáveis 
à convivência harmônica em sociedade, valendo-se 
de medidas de política criminal. Já de acordo com o 
funcionalismo sistêmico (ou radical), defendido 
por Günther Jakobs, a função do Direito Penal é a de 
assegurar o império da norma, ou seja, resguar-
dar o sistema, mostrando que o direito posto existe 
e não pode ser violado. Quando o Direito Penal é 
chamado a atuar, o bem jurídico protegido já foi 
violado, de modo que sua função primordial não 
pode ser a segurança de bens jurídicos, mas sim a 
garantia de validade do sistema.
• A teoria garantista penal de Ferrajoli tem sua base 
fincada em dez axiomas ou implicações dêon-
ticas que não expressam proposições assertivas, 
mas proposições prescritivas; não descrevem o que 
ocorre, mas prescrevem o que deva ocorrer; não 
enunciam as condições que um sistema penal efe-
tivamente satisfaz, mas as que deva satisfazer em 
adesão aos seus princípios normativos internos e/
ou a parâmetros de justificação externa. Cada um 
dos axiomas do garantismo proposto por Luigi Fer-
rajoli se relaciona com um princípio. Vejamos:
 ÉDICAS
1. NOÇÕES GERAIS DE DIREITO PENAL
• Diferenças entre Direito Penal, Criminologia e Polí-
tica Criminal:
Direito penal Criminologia Política criminal
Analisando os 
fatos humanos 
i n d e s e j a d o s , 
define quais 
devem ser rotu-
lados como infra-
ções penais, anun-
ciando as respecti-
vas sanções.
Ciência empírica 
que estuda o 
crime, a pessoa 
do criminoso, da 
vítima e o com-
portamento da 
sociedade.
Trabalha as estra-
tégias e meios de 
controle social da 
criminalidade.
Se ocupa do crime 
enquanto norma
Se ocupa do crime 
enquanto fato
Se ocupa do crime 
enquanto valor
• A “privatização” do direito penal é a expressão uti-
lizada por parte da doutrina para destacar o (atual 
e crescente) papel da vítima no âmbito criminal. 
Depois de anos relegada ao segundo (ou terceiro) 
plano, passou a vítima a ter inúmeros institutos 
penais e processuais penais criados sob seu enfo-
que, preponderando seu interesse sobre o punitivo 
do Estado. O dano causado pelo crime finalmente 
encontra-se na linha de ação do juízo criminal. Pare-
ce-nos que o divisor de águas veio com a criação da 
Lei 9.099/95, prevendo uma etapa de composição 
civil entre os envolvidos no crime, acordo que, uma 
vez homologado, conduz à renúncia do direito de 
queixa ou representação (art. 74 da Lei dos Juizados 
Especiais.
Axioma Princípio correlato
Nulla poena sine crimine Princípio da retributividade ou da consequencialidade da pena em relação ao delito
Nullum crimen sine lege Princípio da legalidade
Nulla lex (poenalis) sine necessitate Princípio da necessidade ou da economia do direito penal
Nulla necessitas sine injuria Princípio da lesividade ou da ofensividade do evento
Nulla injuris sine acione Princípio da materialidade ou da exterioridade da ação
Nulla actio sine culpa Princípio da culpabilidade
Nulla culpa sine judicio Princípio da jurisdicionariedade
Nullum judicio sine accusatione Princípio acusatório
Nullum accusatio sine probatione Princípio do ônus da prova ou da verificação
Nulla probatio sine defensione Princípio da defesa ou da falseabilidade
 Rogério Sanches50
2. FONTES DO DIREITO PENAL
• A Constituição Federal situa-se no rol das fontes 
imediatas. Muito embora a lei detenha a exclusivi-
dade no tocante à criação das infrações penais e das 
respectivas sanções, não se pode deixar de consta-
tar que a Carta Magna nos revela direito penal, esta-
belecendo alguns patamares abaixo dos quais a 
intervenção penal não se pode colocar. Esses pata-
mares são verdadeiros mandados de criminalização, 
porque vinculam o legislador ordinário, reduzindo 
a sua margem de atuação para obrigá-lo a proteger 
(de forma suficiente/eficiente) certos temas (bens 
ou interesses). É o que ocorre, por exemplo, com o 
crime de racismo (art. 5º, XLII, CF/88), com os crimes 
hediondos e equiparados (art. 5º, XLIII, CF/88), com 
a ação de grupos armados contra a ordem constitu-
cional e o Estado Democrático (art. 5º, XLIV, CF/88) e 
com os crimes ambientais (art. 225, § 3º, CF/88).
• Flávio Monteiro de Barros, concordando com Luiz 
Vicente Cernichiaro, inclui também, como fonte 
mediata do Direito Penal, os atos administrativos. 
Observa ser comum à sua utilização nas chama-
das normas penais em branco, servindo de com-
plemento da conduta criminosa (art. 33 da Lei nº 
11.343/06, em que se necessita de complemento 
para definir que substâncias podem ser definidas 
como drogas).
• Importante esclarecer que os tratados e conven-
ções não são instrumentos hábeis à criação de cri-
mes ou cominação de penas para o direito interno 
(apenas para o direito internacional). Assim, antes 
do advento das Leis 12.694/12 e 12.850/13 (que defi-
niram, sucessivamente, organização criminosa), o 
STF manifestou-se pela inadmissibilidade da utili-
zação do conceito de organização criminosa dado 
pela Convenção de Palermo, trancando a ação 
penal que deu origem à impetração, em face da ati-
picidade da conduta (HC nº 96007).
• Qual a finalidade do costume no ordenamento 
jurídico-penal? Apesar de não possuir o condão 
de criar ou revogar crimes e sanções, o costumeé 
importantíssimo vetor de interpretação das normas 
penais. Em outras palavras, é possível o uso do cos-
tume segundo a lei (secundum legem), atuando den-
tro dos limites do tipo penal. Esse costume interpre-
tativo possibilita a adequação do tipo às exigências 
éticas coletivas, v.g., como ocorre na definição do 
que seja repouso noturno, expressão constante do 
artigo 155, § 1º, do Código Penal. Neste caso, é evi-
dente a importância do costume, já que, em gran-
des centros urbanos, o período de descanso será 
diverso daquele observado em pequenas comuni-
dades do interior.
3. INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL
• Resumo das formas de interpretação da lei penal:
Interpretação 
quanto 
ao sujeito
Interpretação 
quanto 
ao modo
Interpretação 
quanto 
ao resultado
Autêntica ou 
Legislativa
Doutrinária
Jurisprudencial
Literal
Teleológica
Histórica
Sistemática
Progressiva
Lógica
Declarativa
Restritiva
Extensiva
• Sobre a interpretação da lei penal, destaca-se a 
extensiva, mais precisamente, a discussão se pode 
(ou não) ser em prejuízo do réu. Lembremos que a 
interpretação extensiva se dá quando o intérprete 
amplia o significado de uma palavra para alcançar o 
real significado da norma. Para Nucci, é indiferente 
se a interpretação extensiva beneficia ou prejudica 
o réu, “pois a tarefa do intérprete é conferir aplica-
ção lógica ao sistema normativo, evitando-se con-
tradições e injustiças” (Manual de Direito Penal. 6ª 
ed. São Paulo: RT, 2009, p. 91-92). Luiz Regis Prado, 
partidário do mesmo entendimento, citando nosso 
Código Penal, dá alguns exemplos: “o art. 130 do 
Código Penal (perigo de contágio venéreo) inclui 
não só o perigo, mas também o próprio contágio de 
moléstia grave; no art. 168 (apropriação indébita), a 
expressão “coisa alheia” inclui a coisa comum; o art. 
235 (bigamia) refere-se não apenas à bigamia, mas 
também à poligamia; o art. 260 (perigo de desastre 
ferroviário) envolve, além do serviço ferroviário, o 
serviço de metrô” (Curso de Direito Penal Brasileiro. 
Vol. 1. 8ª ed. São Paulo: RT, 2008, p. 179).
• A interpretação sui generis se subdivide em exofó-
rica e endofórica, dependendo do conteúdo que 
complementará o sentido da norma interpretada. 
Exofórica ocorre quando o significado da norma 
interpretada não está no ordenamento normativo. 
A palavra “tipo”, por exemplo, presente no art. 20 
do CP, tem seu significado extraído da doutrina (e 
não da lei). Será endofórica quando o texto norma-
tivo interpretado toma de empréstimo o sentido de 
outros textos do próprio ordenamento, ainda que 
não sejam da mesma Lei. Esta espécie está presente 
na norma penal em branco (assunto que aprofun-
damos no tópico princípio da legalidade).
4. TEORIA GERAL DA NORMA PENAL
• Os princípios podem ser explícitos, positivados 
no ordenamento, ou implícitos, quando derivam 
daqueles expressamente previstos e que decorrem 
de interpretação sistemática de determinados dis-
positivos. Como exemplo dos primeiros, temos o da 
individualização da pena, insculpido no artigo 5º, 
inciso XLVI, da Constituição Federal, do qual deriva, 
implicitamente, o da proporcionalidade, segundo 
o qual se deve estabelecer um equilíbrio entre a 
gravidade da infração praticada e a severidade da 
pena, seja em abstrato, seja em concreto.
Direito Penal 51
• Quando se pensa em princípio da legalidade (art. 1º 
do CP), não basta a existência de lei que institua o 
crime e que comine a pena, sendo imprescindível 
a concorrência de outros subprincípios: a) lei ante-
rior (praevia): é vedada a edição de leis incrimina-
doras com aplicação retroativa. Uma vez em vigor, 
a lei somente poderá ser aplicada sobre fatos a ela 
supervenientes, e não sobre acontecimentos passa-
dos, salvo se para beneficiar o agente; b) lei escrita 
(lex scripta): veda-se a utilização do direito consue-
tudinário quando se trata de norma incriminadora; 
c) lei estrita (lex stricta): se a incriminação de deter-
minado fato não foi prevista expressamente pelo 
legislador, é vedado ao intérprete aplicar a analogia 
para estender a abrangência de outra norma para 
punir ou agravar a pena do autor desse fato. O que 
se proíbe, portanto, é a analogia in malam partem, 
sendo possível se para beneficiar o réu; d) lei certa 
(lex certa): a lei penal não pode ser indeterminada, 
provida de conteúdo demasiadamente genérico e 
que dificulte sua interpretação, especialmente no 
que tange à conduta incriminada.
• Não se confundem os princípios da responsabili-
dade pessoal, da responsabilidade subjetiva e da 
culpabilidade: a) responsabilidade pessoal: proíbe-
-se o castigo penal pelo fato de outrem, ainda que a 
pena seja estritamente pecuniária (pena de multa). 
Inexiste, portanto, responsabilidade penal coletiva 
no Direito Penal; b) princípio da responsabilidade 
subjetiva: não basta que o fato seja materialmente 
causado pelo agente, só podendo haver responsa-
bilização se o fato foi querido, desejado, previsível; 
c) princípio da culpabilidade: postulado limitador 
do direito de punir. Assim, só pode o Estado punir 
agente imputável, com potencial consciência da ili-
citude, quando dele exigível conduta diversa.
• A proporcionalidade deve ser observada em dois 
momentos distintos: a) no plano abstrato: deve o 
legislador, ao tornar típico determinado fato, aten-
tar-se para o liame existente entre a conduta e suas 
consequências, a fim de estabelecer a reprimenda 
em patamar adequado não somente à reparação 
pelo dano ao bem jurídico tutelado como também 
para atender integralmente às finalidades da pena; 
b) no plano concreto: não é só o legislador quem 
está obrigado a observar o princípio da proporcio-
nalidade, mas também o julgador. Este, antes de 
estabelecer a reprimenda, deverá observar, dentro 
dos limites estabelecidos pela lei, as circunstâncias 
e as características da prática da infração penal, 
para, somente após, aplicá-la em concreto. Assim, 
por exemplo, deve ser mais severamente punido o 
agente que, num crime de roubo, emprega violên-
cia, do que aquele que, nas mesmas circunstâncias, 
efetua a subtração somente mediante grave ame-
aça.
• De acordo com o Estatuto de Roma (Decreto nº 
4.388/2002), podemos enumerar três consequ-
ências extraídas do princípio da presunção de 
inocência: (A) Qualquer restrição à liberdade do 
investigado/acusado somente se admite após sua 
condenação definitiva, não evitando, porém, a 
prisão cautelar ao longo da persecução criminal, 
desde que imprescindível, exigindo-se adequada 
fundamentação; (B) Cumpre à acusação o dever de 
demonstrar a responsabilidade do réu, e não a este 
comprovar sua inocência (o ônus da prova incumbe 
sempre ao titular da ação penal); (C) A condenação 
deve derivar da certeza do julgador, sendo que 
eventual dúvida será interpretada em favor do réu 
(in dubio pro reo).
• A lei penal em branco (própria ou imprópria) pode 
ser complementada por normas oriundas de ins-
tâncias federativas diversas (Poderes Executivo ou 
Legislativo Federal, Estadual ou Municipal). O art. 
63 da Lei dos Crimes Ambientais (Lei 9.605/98), por 
exemplo, pune com reclusão, de 1 a 3 anos, e multa, 
“alterar aspecto ou estrutura de edificação ou local 
especialmente protegido por lei, ato administrativo 
ou decisão judicial em razão de seu valor paisa-
gístico, ecológico, turístico ou artístico, histórico, 
cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou 
monumental, sem autorização da autoridade com-
petente ou em desacordo com a concedida”. Nestes 
casos, a lei ou ato administrativo criado para prote-
ger a edificação pode ser municipal.
• Da sucessão de leis no tempo podem advir cinco 
possibilidades: 1)novatio legis incriminadora: é irre-
troativa; 2) novatio legis in pejus (lex gravior): também 
é irretroativa; 3) novatio legis in mellius (lex mitior): é 
retroativa; 4) lei intermediária: a lei intermediária 
(ou intermédia) é aquela que deverá ser aplicada 
porque benéfica ao réu, muito embora não fosse 
a lei vigente ao tempo do fato, tampouco seja a lei 
vigenteno momento do julgamento; 4) abolitio cri-
minis: trata-se da revogação de um tipo penal pela 
superveniência de lei descriminalizadora e conse-
quente extinção do jus puniendi (direito de punir) e 
jus punitionis (direito de executar a punição).
• A lei penal não incriminadora pode ser dividida 
em: 1) permissiva justificante: a lei penal não incri-
minadora que torna lícita determinadas condutas 
que, normalmente, estariam sujeitas à reprimenda 
estatal, como ocorre, por exemplo, com a legítima 
defesa; 2) permissiva exculpante: elimina a culpa-
bilidade, como é o caso da embriaguez acidental 
completa; 3) explicativa ou interpretativa: desti-
na-se a esclarecer o conteúdo da norma, como o 
artigo 327 do Código Penal, que trata do conceito 
de funcionário público para fins penais; 4) comple-
mentar: que tem a função de delimitar a aplicação 
das leis incriminadoras, como ocorre com o artigo 
5º do Código Penal, que dispõe sobre a aplicação 
da lei penal no território brasileiro; 5) lei penal de 
extensão ou integrativa: utilizada para viabilizar a 
tipicidade de alguns fatos, como fazem os artigos 
14, II e o artigo 29 do Código Penal – a tentativa e 
a participação seriam condutas atípicas não fossem 
tais normas.
 Rogério Sanches136
• Há ainda outras condutas tipificadas na Lei nº 
13.260/16:
 a) a promoção, constituição, integração ou presta-
ção de auxílio, pessoalmente ou por interposta pes-
soa, a organização terrorista (art. 3º). Organizações 
terroristas, segundo definição apresentada pela 
Lei nº 13.260/16 no art. 1º, § 2º, inciso II, da Lei nº 
12.850/13, são aquelas voltadas para a prática dos 
atos de terrorismo legalmente definidos.
 b) a realização de atos preparatórios de terrorismo 
com o propósito inequívoco de consumar tal delito 
(art. 5º). Pune-se neste caso a preparação da prepa-
ração. Por exemplo: o agente é surpreendido fabri-
cando um explosivo que será utilizado num ato de 
terrorismo. Pode ser punido com base no art. 5º em 
virtude de um ato que se encontra numa fase ainda 
anterior à que normalmente seria tratada como 
preparação (nesse contexto, aquela fase em que o 
agente efetivamente se dirige ao local do ato por-
tando o explosivo). No mesmo art. 5º são tipificadas 
as condutas de recrutar, organizar, transportar ou 
municiar indivíduos que viajem para país distinto 
daquele de sua residência ou nacionalidade; e de 
fornecer ou receber treinamento em país distinto 
daquele de sua residência ou nacionalidade.
 c) as condutas de receber, prover, oferecer, obter, 
guardar, manter em depósito, solicitar, investir, de 
qualquer modo, direta ou indiretamente, recur-
sos, ativos, bens, direitos, valores ou serviços de 
qualquer natureza, para o planejamento, a prepa-
ração ou a execução dos crimes previstos na Lei 
nº 13.260/16 (art. 6º). Punem-se também os atos 
de oferecer ou receber, obter, guardar, manter em 
depósito, solicitar, investir ou de qualquer modo 
contribuir para a obtenção de ativo, bem ou recurso 
financeiro, com a finalidade de financiar, total ou 
parcialmente, pessoa, grupo de pessoas, associa-
ção, entidade, organização criminosa que tenha 
como atividade principal ou secundária, mesmo em 
caráter eventual, a prática dos crimes previstos na 
mesma Lei. Trata-se do crime mais grave tipificado 
nesta Lei, pois enseja reclusão de quinze a trinta 
anos, contra doze a trinta anos dos atos de terro-
rismo.
• De acordo com expressa disposição do art. 11 da Lei 
nº 13.260/16, os crimes de terrorismo são praticados 
contra o interesse da União. Por isso, a investigação 
é atribuição da Polícia Federal e a competência de 
julgamento é da Justiça Federal.
• A Lei nº 13.260/16 manda aplicar aos crimes de 
terrorismo as técnicas de investigação e os meios 
extraordinários de obtenção de prova previstos na 
Lei 12.850/13 – organizações criminosas (art. 3o) – 
destacando-se: a) colaboração premiada; b) capta-
ção ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos 
ou acústicos; c) ação controlada; d) acesso a regis-
tros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados 
cadastrais constantes de bancos de dados públicos 
ou privados e a informações eleitorais ou comer-
ciais; e) interceptação de comunicações telefônicas 
e telemáticas, nos termos da legislação específica; 
f) afastamento dos sigilos financeiro, bancário e 
fiscal, nos termos da legislação específica; g) infil-
tração, por policiais, em atividade de investigação; 
h) cooperação entre instituições e órgãos federais, 
distritais, estaduais e municipais na busca de pro-
vas e informações de interesse da investigação ou 
da instrução criminal.
 É SÚMULAS DO SUPREMO TRIBU-
NAL FEDERAL E DO SUPERIOR TRI-
BUNAL DE JUSTIÇA
1. EFICÁCIA DA LEI PENAL NO TEMPO
1.1. STF
• Súmula nº 711 – A lei penal mais grave aplica-se ao 
crime continuado ou ao crime permanente, se a sua 
vigência é anterior à cessação da continuidade ou 
da permanência.
1.2. STJ
• Súmula nº 501 – É cabível a aplicação retroativa da 
Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da incidên-
cia das suas disposições, na íntegra, seja mais favo-
rável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n. 
6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis.
2. EFICÁCIA DA LEI PENAL EM RELA-
ÇÃO ÀS PESSOAS
2.1. STF
• Súmula vinculante nº 45 – A competência consti-
tucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro 
por prerrogativa de função estabelecido exclusiva-
mente pela constituição estadual.
• Súmula nº 702 – A competência do Tribunal de 
Justiça para julgar prefeitos restringe-se aos crimes 
de competência da justiça comum estadual; nos 
demais casos, a competência originária caberá ao 
respectivo tribunal de segundo grau.
• Súmula nº 451 – A competência especial por prer-
rogativa de função não se estende ao crime come-
tido após a cessação definitiva do exercício funcio-
nal.
3. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
3.1. STF
• Súmula nº 145 – Não há crime, quando a prepara-
ção do flagrante pela polícia torna impossível a sua 
consumação.
Direito Penal 137
4. CONCURSO DE PESSOAS
4.1. STF
• Súmula nº 245 – A imunidade parlamentar não se 
estende ao corréu sem essa prerrogativa.
5. APLICAÇÃO DA PENA
5.1. STF
• Súmula nº 719 – A imposição do regime de cumpri-
mento mais severo do que a pena aplicada permitir 
exige motivação idônea.
• Súmula nº 718 – A opinião do julgador sobre a gra-
vidade em abstrato do crime não constitui motiva-
ção idônea para a imposição de regime mais severo 
do que o permitido segundo a pena aplicada.
5.2. STJ
• Súmula nº 545 – Quando a confissão for utilizada 
para a formação do convencimento do julgador, o 
réu fará jus à atenuante prevista no art. 65, III, d, do 
Código Penal.
• Súmula nº 493 – É inadmissível a fixação de pena 
substitutiva (art. 44 do CP) como condição especial 
ao regime aberto.
• Súmula nº 444 – É vedada a utilização de inquéri-
tos policiais e ações penais em curso para agravar a 
pena-base.
• Súmula nº 443 – O aumento na terceira fase de 
aplicação da pena no crime de roubo circunstan-
ciado exige fundamentação concreta, não sendo 
suficiente para a sua exasperação a mera indicação 
do número de majorantes.
• Súmula nº 442 – É inadmissível aplicar, no furto 
qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante 
do roubo.
• Súmula nº 440 – Fixada a pena-base no mínimo 
legal, é vedado o estabelecimento de regime pri-
sional mais gravoso do que o cabível em razão da 
sanção imposta, com base apenas na gravidade 
abstrata do delito.
• Súmula nº 269 – É admissível a adoção do regime 
prisional semiaberto aos reincidentes condenados 
a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis 
as circunstâncias judiciais.
• Súmula nº 241 – A reincidência penal não pode ser 
considerada como circunstância agravante e, simul-
taneamente, como circunstância judicial.
• Súmula nº 231 – A incidência da circunstância 
atenuante não pode conduzir à redução da pena 
abaixo do mínimo legal.
• Súmula nº 171 – Cominadas cumulativamente, em 
lei especial, penas privativa de liberdade e pecuniá-
ria, é

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