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2013 Direito imobiliário Prof.ª Daniella Boppré de Athayde Abram Copyright © UNIASSELVI 2013 Elaboração: Prof.ª Daniella Boppré de Athayde Abram Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 346.043 A158d Abram, Daniella Boppré de Athayde Direito imobiliário / Daniella Boppré de Athayde Abram. Indaial : Uniasselvi, 2013. 157 p. : il ISBN 978-85-7830-761-5 I. Direito imobiliário. 1. Centro Universitário Leonardo da Vinci. 2. Abram, Daniella Boppré de Athayde. III ApresentAção Prezado(a) acadêmico(a)! Em nosso dia a dia, deparamo-nos, frequentemente, com transações que envolvem bens imóveis, tais como a compra e a venda, a locação e o financiamento da casa própria. Estas transações imobiliárias são regidas pelo Direito Imobiliário, que é o objeto da nossa disciplina. Como futuro profissional do mercado imobiliário, você terá contato constante com o Direito, pois trabalhará com contratos, direitos reais de garantia e operações de financiamento, o que torna muito importante a compreensão do conteúdo desta disciplina. Iniciaremos com uma ampla visão do Direito, para podermos conhecer suas subdivisões e, assim, contextualizarmos o Direito Imobiliário. A seguir, estudaremos institutos essenciais deste importante ramo do Direito, tais como: posse e propriedade, Sistema Financeiro da Habitação, incorporação, registro imobiliário, entre outros. Também é importante o conhecimento da legislação específica que regulamenta as transações imobiliárias. E nesta legislação específica, destacamos o Código Civil. Porém, não podemos deixar de citar outras importantes leis que também disciplinam o Direito Imobiliário, tais como a Lei de Locações Urbanas (Lei nº 8.245/91), a Lei de Registros Públicos (Lei nº 6.015/73), a Lei do Parcelamento do Solo Urbano (Lei nº 6.766/79), entre outras. Bons estudos! Prof.ª Daniella Boppré de Athayde Abram IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI VII sumário UNIDADE 1 – NOÇÕES GERAIS DE DIREITO – DIREITO CIVIL – DIREITO IMOBILIÁRIO .......................................................................................................... 1 TÓPICO 1 – CONCEPÇÃO DE DIREITO ....................................................................................... 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 3 2 NOÇÕES DE DIREITO .................................................................................................................... 3 2.1 DIREITO OBJETIVO E SUBJETIVO ................................................................................. 4 2.2 DIREITO E MORAL ................................................................................................................ 5 2.3 FONTES DO DIREITO ........................................................................................................... 5 2.4 NORMA JURÍDICA ................................................................................................................. 7 2.5 RELAÇÃO JURÍDICA ............................................................................................................. 7 3 DIREITO POSITIVO ........................................................................................................................ 8 3.1 DIVISÃO DO DIREITO POSITIVO: DIREITO PÚBLICO E PRIVADO ............... 8 4 DIREITO CIVIL ................................................................................................................................. 10 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 11 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 12 TÓPICO 2 – DIREITO CIVIL – PARTE GERAL E PARTE ESPECIAL ..................................... 13 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 13 2 SUBDIVISÕES DA PARTE GERAL DO CÓDIGO CIVIL ....................................................... 14 2.1 SUJEITO DE DIREITO ........................................................................................................... 15 2.2 PESSOA FÍSICA ........................................................................................................................ 15 2.3 PESSOA JURÍDICA ................................................................................................................. 18 2.4 BENS .............................................................................................................................................. 20 2.5 FATOS JURÍDICOS .................................................................................................................. 24 3 SUBDIVISÕES DA PARTE ESPECIAL DO CÓDIGO CIVIL .................................................. 28 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 29 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 30 TÓPICO 3 – DIREITO IMOBILIÁRIO ............................................................................................. 33 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 33 2 CONCEITO DE DIREITO IMOBILIÁRIO ................................................................................... 33 3 DIREITO DAS COISAS: DIREITO DE CONSTRUIR – DIREITO DE VIZINHANÇA ..... 34 3.1 LIMITAÇÕES DO DIREITO DE CONSTRUIR PELO DIREITO DE VIZINHANÇA ........................................................................................................................... 34 4 DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – CONCEITOS IMPORTANTES ........................................... 35 4.1 CONCEITO DE OBRIGAÇÃO .............................................................................................36 4.2 FONTES DAS OBRIGAÇÕES............................................................................................... 37 4.3 ESPÉCIES DE OBRIGAÇÕES ............................................................................................... 37 4.4 TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES ............................................................................... 37 4.5 CUMPRIMENTO OU PAGAMENTO DA OBRIGAÇÃO .......................................... 37 4.6 DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO ........................................................................ 38 4.7 OBRIGAÇÕES CONTRATUAIS ......................................................................................... 39 VIII RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 40 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 41 TÓPICO 4 – DIREITOS REAIS – POSSE E PROPRIEDADE ..................................................... 43 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 43 2 PROPRIEDADE ................................................................................................................................. 43 2.1 CLASSIFICAÇÃO DA PROPRIEDADE .......................................................................... 44 2.2 FORMAS DE AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE .......................................................... 44 3 POSSE .................................................................................................................................................. 46 3.1 CLASSIFICAÇÃO DA POSSE ............................................................................................. 46 4 DIREITOS REAIS SOBRE AS COISAS ALHEIAS SOBRE IMÓVEIS ................................... 48 4.1 DIREITOS REAIS SOBRE COISAS ALHEIAS DE GOZO E FRUIÇÃO ............... 49 4.2 DIREITOS REAIS SOBRE COISAS ALHEIAS DE AQUISIÇÃO ............................ 50 4.3 DIREITOS REAIS SOBRE COISAS ALHEIAS DE GARANTIA ............................ 50 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 51 RESUMO DO TÓPICO 4..................................................................................................................... 57 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 58 UNIDADE 2 – DIREITO IMOBILIÁRIO – PRINCIPAIS INSTITUTOS .................................. 61 TÓPICO 1 – INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA E CONDOMÍNIO ......................................... 63 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 63 2 INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA ................................................................................................ 63 2.1 INCORPORADOR ................................................................................................................... 64 2.2 REQUISITOS LEGAIS DA INCORPORAÇÃO ............................................................. 64 3 CONDOMÍNIO .................................................................................................................................. 66 3.1 ESPÉCIES DE CONDOMÍNIO ............................................................................................ 66 3.1.1 Condomínio edilício ............................................................................................................ 66 3.1.1.1 Instituição e constituição do condomínio edilício .............................................. 67 3.1.1.2 Direitos e deveres do condômino ......................................................................... 69 3.1.1.3 Síndico ....................................................................................................................... 69 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 71 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 72 TÓPICO 2 – FINANCIAMENTOS IMOBILIÁRIOS E LOTEAMENTOS ................................ 73 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 73 2 FINANCIAMENTOS IMOBILIÁRIOS ......................................................................................... 73 2.1 SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO (SFH) ...................................................... 74 2.2 SISTEMA FINANCEIRO IMOBILIÁRIO (SFI) ............................................................. 76 2.3 CARTEIRA HIPOTECÁRIA ................................................................................................. 80 2.4 FINANCIAMENTO DIRETO COM A CONSTRUTORA ......................................... 80 2.5 PROGRAMA DE ARRENDAMENTO RESIDENCIAL (PAR) ................................. 81 3 DICAS PARA EVITAR PROBLEMAS NO FINANCIAMENTO DE UM IMÓVEL ............. 81 4 UTILIZAÇÃO DO FGTS NA AQUISIÇÃO DE IMÓVEL RESIDENCIAL ........................... 83 5 PRINCÍPIOS APLICÁVEIS AOS FINANCIAMENTOS IMOBILIÁRIOS, APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E REVISÃO DAS CLÁUSULAS CONTRATUAIS ................................................................................................................................. 85 6 LOTEAMENTO .................................................................................................................................. 86 7 REQUISITOS LEGAIS NECESSÁRIOS À REGULARIDADE DO LOTEAMENTO .......... 87 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 88 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 89 IX TÓPICO 3 – ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA E CONSÓRCIO PARA A AQUISIÇÃO DE IMÓVEIS ......................................................................................... 91 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 91 2 ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA DE BEM IMÓVEL ......................................................................... 91 3 MODELO DE CONTRATO DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA DE BEM IMÓVEL (CONFORME LEI Nº 9.514/97) ........................................................................................................ 92 4 CONSÓRCIO PARA AQUISIÇÃO DE IMÓVEIS (Consórcio Imobiliário) .......................... 98 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 105 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 108 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 109 UNIDADE 3 – REGISTRO IMOBILIÁRIO - CUIDADOS NA AQUISIÇÃO DE IMÓVEIS - LEGISLAÇÃO IMOBILIÁRIA ............................................................................... 111 TÓPICO 1 – REGISTRO IMOBILIÁRIO ......................................................................................... 113 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 113 2 REGISTRO IMOBILIÁRIO ............................................................................................................. 113 2.1FUNÇÃO ...................................................................................................................................... 114 2.2 LEGISLAÇÃO ............................................................................................................................ 114 2.3 PRINCIPAIS ATOS DO REGISTRO IMOBILIÁRIO ................................................... 118 2.4 ACESSO ÀS INFORMAÇÕES CONSTANTES DO REGISTRO IMOBILIÁRIO 118 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 120 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 121 TÓPICO 2 – CUIDADOS NA AQUISIÇÃO DE IMÓVEIS ......................................................... 123 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 123 2 PESQUISA NO REGISTRO DE IMÓVEIS E ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO ............................................................................................................................................ 123 3 OUTRAS OBSERVAÇÕES IMPORTANTES ............................................................................... 124 3.1 AQUISIÇÃO DE BENS DE PROPRIEDADE DE UMA EMPRESA ........................ 124 3.2 REGIME DE BENS ................................................................................................................... 124 3.3 BEM DE FAMÍLIA .................................................................................................................... 126 3.4 AQUISIÇÃO DE IMÓVEL NA PLANTA ......................................................................... 128 3.5 CONTRATOS IMOBILIÁRIOS ........................................................................................... 128 3.6 LOTEAMENTOS - CUIDADOS NA HORA DE COMPRAR ................................... 129 3.7 DESPESAS .................................................................................................................................. 130 3.8 DÚVIDAS FREQUENTES ..................................................................................................... 131 3.9 TERRENOS DE MARINHA ................................................................................................. 135 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 138 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 149 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 150 TÓPICO 3 – LEGISLAÇÃO IMOBILIÁRIA .................................................................................... 151 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 151 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 153 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 154 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 155 X 1 UNIDADE 1 NOÇÕES GERAIS DE DIREITO – DIREITO CIVIL – DIREITO IMOBILIÁRIO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade, você será capaz de: • ter uma visão geral da Ciência do Direito, bem como de suas subdivisões; • identificar e diferenciar a parte geral e especial do direito civil e suas sub- divisões; • compreender o conceito de direito imobiliário. Esta unidade está dividida em quatro tópicos, com um conteúdo que irá ajudar você a ter uma noção geral de Direito, buscando contextualizar o Direito Imobiliário como ramo do Direito Civil e especialmente ligado ao Direito das Coisas. Ao final de cada tópico você encontrará atividades que contribuirão para uma melhor fixação do conteúdo. TÓPICO 1 – CONCEPÇÃO DE DIREITO TÓPICO 2 – DIREITO CIVIL – PARTE GERAL E PARTE ESPECIAL TÓPICO 3 – DIREITO IMOBILIÁRIO TÓPICO 4 – DIREITOS REAIS – POSSE E PROPRIEDADE 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 CONCEPÇÃO DE DIREITO 1 INTRODUÇÃO Para que possamos estudar o Direito Imobiliário é importante que primeiro entendamos alguns conceitos ligados à ciência do Direito (afinal, o que é Direito?) para, então, conhecermos o Direito Civil e, finalmente, o Direito Imobiliário. Por isso, neste tópico estudaremos este e alguns conceitos importantes ligados à Introdução ao Estudo do Direito. 2 NOÇÕES DE DIREITO A palavra “direito” vem do latim directum, “literalmente direto, trazendo à mente a concepção de que o direito deve ser uma linha direta, isto é, conforme uma regra” (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2003, p. 2). O termo tem muitos significados e não é possível resumi-lo em um só conceito. Para amparar nosso estudo é suficiente analisar a Ciência do Direito e as noções de direito objetivo e subjetivo, para, então, nos aprofundarmos no estudo do Direito Positivo, em sua mais clássica divisão, qual seja, o Direito Público e o Privado. Inicialmente, pode-se afirmar que o Direito, visto como ciência, objetiva estudar as normas que regulamentam a conduta humana na vida em sociedade e que devem ser cumpridas a fim de se garantir a paz social. “A Ciência do Direito é uma ciência de investigação de conduta que tem em vista um dever-ser jurídico, isto é, a Ciência do Direito investiga e estuda as normas jurídicas. Estas prescrevem aos indivíduos certas regras de conduta que devem ser obedecidas” (RIZATTO NUNES, 2003, p. 35). Gagliano e Pamplona Filho (2003, p. 3) bem ressaltam que o Direito tem uma “característica essencialmente humana, instrumento necessário ao convívio social [...]. Isso significa que não há como falar em direito sem falar em alteridade, isto é, a relação com o outro, valendo ser invocado o brocardo latino Ubi homo ubi jus (onde há homem, há direito), significativo de tal condição”. Como vimos, a vida em sociedade é regulamentada por normas. Estas normas valem para todos, sendo seu conhecimento e cumprimento obrigatórios, como se lê do artigo 3º da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro: “Ninguém se escusa de cumprir a lei alegando que não a conhece”. UNIDADE 1 | NOÇÕES GERAIS DE DIREITO – DIREITO CIVIL – DIREITO IMOBILIÁRIO 4 2.1 DIREITO OBJETIVO E SUBJETIVO É este o conjunto de normas vigentes e impostas que devem ser conhecidas e cumpridas por todos, que se denomina direito objetivo. O direito objetivo pode ser conceituado como “o complexo de normas jurídicas que regem o comportamento humano, de modo obrigatório, prescrevendo uma sanção no caso de sua violação (jus est norma agendi)” (DINIZ, 2003, p. 244). “Trata-se, portanto, da norma de comportamento a que a pessoa deve se submeter, preceito esse que, caso descumprido, deve impor, pelo sistema, a aplicação de uma sanção institucionalizada”. Por exemplo, respeitar as normas de trânsito é um direito objetivo imposto ao indivíduo (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2003, p. 2). Já o direito subjetivo, segundo Godofredo Telles (apud Diniz 2003, p. 244): é a permissão dada por meio de norma jurídica, para fazer ou não fazer alguma coisa, para ter ou não ter algo, ou, ainda, a autorização para exigir, por meio dos órgãos competentes do poder público ou por meio de processos legais, em prejuízo causado por violação de norma, o cumprimento da norma infringida ou a reparação do mal sofrido. Por ex.: são direitos subjetivos as permissões decasar e constituir família, de adotar pessoa como filho [...]. O direito subjetivo se diferencia do objetivo em razão de este, como acima mencionado, ter caráter coativo (cumprimento obrigatório), enquanto o direito subjetivo representa uma faculdade do titular de invocar a lei para tutelar seu direito. Porém, como bem esclarece Maria Helena Diniz (2003, p. 248) “nítida é a correlação existente entre o direito objetivo e o subjetivo. Apesar de intimamente ligados, são inconfundíveis [...]”. Um não pode existir sem o outro. O direito objetivo existe em razão do subjetivo, para revelar a permissão de praticar atos. O direito subjetivo, por sua vez, constitui-se de permissões dadas por meio do direito objetivo (TELLES apud DINIZ, 2003). Füher e Milaré (2005) trazem um interessante exemplo que bem ilustra esta ligação, que pode ser assim resumido: o meu direito de propriedade é garantido pela Constituição Federal (regra de direito objetivo), sendo que, se alguém violar este direito e invadir a minha propriedade, poderei acionar ou não o Poder Judiciário para que a irregularidade seja sanada. Esta é uma faculdade minha, ou seja, um direito subjetivo. Assim, o Direito Civil, do qual faz parte o Direito Imobiliário, é regra de direito objetivo, e os “direitos” dele resultantes serão regras de direito subjetivo. Neste Caderno de Estudos utilizaremos a noção de direito objetivo que, quando ordenado e visto de forma técnica, se transforma no direito em vigor em um determinado país, chamado “Direito Positivo”, que estudaremos mais adiante. TÓPICO 1 | CONCEPÇÃO DE DIREITO 5 2.1 DIREITO OBJETIVO E SUBJETIVO 2.2 DIREITO E MORAL Antes de continuarmos o nosso estudo, é importante esclarecer que o direito não se confunde com a moral, como frequentemente acontece. A moral, conforme ensinam Gagliano e Pamplona Filho (2003, p. 7), “tem um campo de ação mais amplo que o direito [...]”, embora a “[...] moralidade deva sempre ser um norte na aplicação da norma jurídica [...] não há como negar que a moral tem uma preocupação expressiva com o foro íntimo, enquanto o direito se relaciona, evidentemente, com a ação exterior do homem” (GAGLIANO E PAMPLONA FILHO, 2003, p. 6-7). 2.3 FONTES DO DIREITO Como é sabido, fonte significa “origem, gênese, de onde provém (água). As chamadas ‘fontes do direito’ nada mais são, portanto, do que os meios pelos quais se formam ou se estabelecem as normas jurídicas” (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2003, p. 9-10). Isto posto, podemos dizer que a lei é a principal fonte do Direito, como se vê do art. 4º da Lei de Introdução do Código Civil, “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de Direito”. Além da lei, também são fontes do Direito: a doutrina, a jurisprudência, a equidade, a analogia e os princípios gerais de Direito. Vejamos, de forma sucinta, como se caracteriza cada uma destas fontes.A lei, ou legislação, como preferem alguns autores, é a primeira e principal fonte do Direito, e segundo Rizatto Nunes (2003, p. 72), é “o conjunto das normas jurídicas emanadas do Estado, através de seus vários órgãos, entre os quais realça-se, com relevo, nesse tema, o Poder Legislativo”. No ordenamento jurídico há várias espécies de leis (constitucional, ordinária, delegada etc.) e uma hierarquia. No patamar mais alto está a Constituição Federal, que é a principal lei do país, sendo, por isso, muitas vezes, chamada de “Lei Magna” ou “Carta Magna”. Abaixo da Constituição Federal estão as leis complementares, as leis ordinárias (e também os tratados internacionais), as leis delegadas, os decretos legislativos e resoluções, as medidas provisórias. A seguir estão os decretos regulamentares e, por fim, as normas inferiores, como portarias, circulares etc. Trazemos, a seguir, algumas noções gerais sobre cada uma delas: lei complementar: “alusiva à estrutura estatal ou aos serviços do Estado, constituindo as leis de organização básica” (DINIZ, 2003, p. 287), a lei ordinária é “fruto da atividade típica e regular do Poder Legislativo. Como exemplo de lei ordinária temos o Código Civil, o Código de Processo Civil [...]” (RIZZATTO NUNES, 2003, p. 77). As leis delegadas “serão elaboradas pelo Presidente da UNIDADE 1 | NOÇÕES GERAIS DE DIREITO – DIREITO CIVIL – DIREITO IMOBILIÁRIO 6 República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional” (RIZZATTO NUNES, 2003, p. 77). Ainda no mesmo patamar estão as Medidas Provisórias que o Presidente da República poderá utilizar, no caso de relevância e urgência, conforme o art. 62 da Constituição Federal. Logo abaixo, na hierarquia das normas, vem o decreto regulamentar, que, conforme Rizzatto Nunes (2003, p. 79) “é ato do Poder Executivo e deve ser baixado para regulamentar norma de hierarquia superior, como, por exemplo, a lei ordinária”. Por fim, as resoluções são “[...] atos normativos administrativos, através dos quais o Legislativo dispõe sobre matéria que não se insere nem no âmbito da lei, nem do decreto legislativo [...] cuidam, geralmente, de algum assunto interno do Legislativo” (FÜHER; MILARÉ, 2005, p. 54). O costume, por sua vez, “[...] é o uso geral, constante e notório, observado socialmente e correspondente a uma necessidade jurídica [...]. Baseia-se, indubitavelmente, no argumento de que algo deve ser feito porque sempre o foi, tendo sua autoridade respaldada na força conferida ao tempo e no uso contínuo das normas” (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2003, p. 17). É, assim, uma norma jurídica não escrita, “que surge da prática longa, diuturna e reiterada da sociedade” (RIZZATTO NUNES, 2003, p. 94). A jurisprudência é definida por Rizzatto Nunes (2003, p. 87) “como o conjunto das decisões dos tribunais a respeito do mesmo assunto”. “É reconhecida como fonte do direito porque caba por prevalecer na maioria dos casos” (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2003, p. 17), ou seja, as decisões dos tribunais são citadas como fundamento nas teses jurídicas e apontadas como precedentes, “impondo ao legislador uma nova visão dos institutos jurídicos, alterando-os, às vezes integralmente, forçando a expedição de leis que consagrem sua orientação” (VENOSA apud DINIZ, 2003, p. 296). A doutrina pode ser definida como o pensamento dos estudiosos do Direito, que são chamados de doutrinadores. Todos os conceitos citados neste caderno fazem parte da doutrina. É importante fonte do Direito, porque “é essencial para aclarar pontos, estabelecer novos parâmetros, descobrir caminhos ainda não pesquisados, apresentar soluções justas, enfim, interpretar as normas, pesquisar os fatos e propor alternativas, com vistas a auxiliar a construção sempre necessária e constante do Estado de Direito, com o aperfeiçoamento do sistema jurídico” (RIZZATTO NUNES, 2003, p. 104). Já a equidade, segundo Raposo e Heine (2004, p. 31), é o princípio pelo qual “deve o juiz valorizar mais a razão (observando sempre a boa-fé) que a própria regra de Direito [...], observando o que for justo e razoável [...]”. Gagliano e Pamplona Filho (2003, p. 26) explicam que, nos casos em que pode julgar por equidade, “é facultado expressamente ao julgador valer-se de seus próprios critérios de justiça quando for decidir, não estando adstrito às regras ou métodos preestabelecidos”. Porém, o julgamento por equidade não é a regra geral e o juiz só pode julgar por equidade quando autorizado por lei. Como exemplo de julgamento por equidade, Raposo e Heine (2004) citam a aplicação da regra in dubio pro misero, ou seja, em alguns casos, havendo dúvida, o juiz pode decidir em favor do mais fraco economicamente, como ocorre no Direito do Trabalho. TÓPICO 1 | CONCEPÇÃO DE DIREITO 7 O juiz julgará com emprego da analogia quando “um fato não foi regulado de modo direto ou específico em lei de ser julgado pelo juiz e essevai buscar a solução em uma lei prevista para uma hipótese distinta, mas semelhante ao caso não regulado” (RAPOSO; HEINE, 2004, p. 31). Por fim, os princípios gerais do Direito são “regras gerais de conduta que o juiz segue quando vai interpretar o caso que está analisando. Essas regras, normalmente, não estão escritas” (RAPOSO; HEINE, 2004, p. 30) citam como exemplo de princípios gerais do Direito: viver honestamente, não causar danos a outra pessoa e dar a cada um o que é seu. Antes de encerrarmos este item, vamos ainda tratar dos conceitos de normas e relação jurídicas. 2.4 NORMA JURÍDICA Já vimos antes que o Direito é uma ciência que estuda as normas jurídicas. Mas, o que são normas jurídicas? Estas são as normas “[...] que disciplinam condutas ou atos (comportamentos), através do seu caráter coercitivo (que reprime), imperativo (que ordena) e compulsório (que obriga)” (RAPOSO; HEINE, 2004, p. 29). Pode-se dizer, de acordo com os ensinamentos de Gusmão (2006), que são características da norma jurídica: quando as normas jurídicas disciplinam condutas, estas são bilaterais, “por enlaçar o direito de uma parte com o dever da outra”(GUSMÃO, 2006, p. 86). A norma jurídica é também abstrata, por “não regular caso singular e por estabelecer modelo aplicável a vários casos, enquadráveis no tipo nela previsto” (GUSMÃO, 2006, p. 81). É imperativa, porque contém “um comando, uma prescrição, impondo uma conduta a ser observada. A norma jurídica também é coercitiva, pois, uma vez desrespeitada, a sanção é imposta pelo Estado, ou seja, a norma jurídica traz consigo uma sanção, que poderá cair sobre a pessoa ou seu patrimônio” (GUSMÃO, 2006, p. 81). 2.5 RELAÇÃO JURÍDICA Conforme Gusmão (2006, p. 258), “a relação jurídica é o vínculo que une uma ou mais pessoas, decorrente de um fato ou de um ato previsto em norma jurídica, que produz efeitos jurídicos, ou, mais singelamente, vínculo jurídico estabelecido entre pessoas, em que uma delas pode exigir de outra determinada obrigação”. As relações jurídicas são originadas de atos ou fatos jurídicos (cujos conceitos veremos adiante), que envolvem pessoas físicas ou jurídicas. Essas relações são chamadas “jurídicas”, pois seu objeto é um interesse juridicamente protegido, ou seja, que interessam ao Direito, como o patrimônio, a vida, a honra etc. UNIDADE 1 | NOÇÕES GERAIS DE DIREITO – DIREITO CIVIL – DIREITO IMOBILIÁRIO 8 3 DIREITO POSITIVO Segundo Raposo e Heine (2004, p. 27), “Direito Positivo é o conjunto da legislação em vigor num determinado país”. Já para Rizzatto Nunes (2003, p. 115), o Direito Positivo “é o conjunto das normas jurídicas escritas e não escritas (o costume jurídico), vigentes em um determinado território e, também, na órbita internacional na relação entre os Estados [...]”. Esta noção se opõe ao conceito de Direito Natural, que é anterior ao Direito Positivo e que se origina da própria natureza, a exemplo do direito à vida, que independe da vontade humana. O Direito Positivo é dividido principalmente entre Direito Público e Privado, de acordo com a natureza das relações que regulam e os sujeitos desta relação jurídica, como veremos a seguir. A relação jurídica pode ser pessoal, quando envolve relação das pessoas entre si (ex.: contratos) ou real, quando envolve as relações das pessoas com as coisas, como, por exemplo, no direito de propriedade ou posse sobre um imóvel. 3.1 DIVISÃO DO DIREITO POSITIVO: DIREITO PÚBLICO E PRIVADO Outra importante divisão trazida pela doutrina é a que classifica o Direito Positivo em Direito Nacional e Internacional. O Direito Nacional pode ser entendido como “aquele que rege as relações jurídicas dentro do direito aplicável ao território do Estado” (RAPOSO; HEINE, 2004, p. 28). Já o Direito Internacional, segundo os mesmos autores, “rege as relações entre os Estados soberanos (Brasil, Inglaterra, Estados Unidos, França, Alemanha, México, Chile etc.)” (RAPOSO; HEINE, 2004, p. 28), conforme revelam os mesmos autores. O Direito Nacional é dividido em Direito Privado e Público. O Direito Público é o ramo do Direito Positivo que rege as relações “em que o sujeito é o Estado, tutelando os interesses gerais e visando o fim social, quer perante seus membros, quer perante os outros Estados” (DINIZ, 2003, p. 254). O Direito Público é, ainda, subdividido em Direito Público interno e externo. Fazem parte do Direito Público interno o Direito Constitucional, o Direito Administrativo, o Direito Tributário, o Direito Processual, o Direito Eleitoral, o Direito Penal e o Direito Militar. Já o Direito Público externo é formado pelo Direito Internacional, “que pode ser público, que se constitui de normas disciplinadoras das relações entre Estados, ou privado, que rege as relações do Estado com cidadãos pertencentes a Estados diversos” (MONTEIRO apud DINIZ, 2003, p. 254). O Direito Privado tem por objetivo a regulamentação das relações dos particulares entre si, sem que o Estado tome parte nesta relação. Desta forma: TÓPICO 1 | CONCEPÇÃO DE DIREITO 9 3 DIREITO POSITIVO Direito Privado = ramo do Direito que traz as regras que disciplinarão as relações entre as pessoas. Assim, por exemplo, quando tratarmos do Direito Imobiliário, estudaremos ramos do Direito Privado, porque as transações imobiliárias envolverão relações de particulares entre si, de caráter privado. O Direito Privado abrange o Direito Civil e o Direito Comercial. O Direito Civil “é a forma originária de todo o Direito privado” (GUSMÃO, 2006, p. 190). Regulamenta as relações entre as pessoas, tais como: as relativas ao casamento, filiação, bens, contratos ou atos ilícitos. O Direito Comercial, por sua vez, foi amplamente modificado. Com a entrada em vigor do Código Civil de 2003, foi revogada a primeira parte do Código Comercial e o Direito da Empresa passou a ser tratado pelo Código Civil, que será objeto de estudo no próximo tópico. Quanto ao Direito do Trabalho, alguns autores o enquadram como ramo do Direito Privado, conforme propõe Diniz (2003 p. 255), enquanto outros o enquadram como ramo do Direito Público, tendo características dos dois ramos. Assim, para um melhor entendimento, elaboramos o mapa conceitual a seguir: FIGURA 1 – O DIREITO POSITIVO E SEUS RAMOS FONTE: A autora Constitucional Administrativo Tributário Processual Penal Eleitoral MilitarInterno Público Comercial Trabalho Externo Internacional Direito Civil Privado Público Privado UNIDADE 1 | NOÇÕES GERAIS DE DIREITO – DIREITO CIVIL – DIREITO IMOBILIÁRIO 10 4 DIREITO CIVIL Para iniciarmos o estudo do Direito Civil, vamos trazer um conceito da doutrina de Füher e Milaré (2005, p. 224), Direito Civil é visto como “o conjunto de normas que regulamentam as relações jurídicas dos particulares entre si”. As normas de Direito Civil estão reunidas no Código Civil, Lei nº 10.406/02, que entrou em vigor em 2003, e também em outras leis, como a lei de locações urbanas, registros públicos, divórcio, entre muitas outras. Neste momento do nosso estudo vamos nos concentrar no Código Civil. Ele inicia com uma “Lei de Introdução”, que atualmente se chama Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), que é aplicável a todos os ramos do Direito e traz importantes normas jurídicas sobre a aplicação da lei no tempo e no espaço, entre outras. Após a LICC, o Código Civil é dividido em duas partes – a parte geral e a parte especial, que estudaremos no tópico seguinte. Então, vamos lá? 11 4 DIREITO CIVIL Neste tópico, caro(a) acadêmico(a), estudamos algumas noções de Direito, através das quais aprendemos: • A concepção de Direito, suas divisões e as diferenças entre direito e moral. • O Direito tem outras fontes além da lei, como a doutrina e a jurisprudência. • Os conceitos de norma jurídicae relação jurídica. • O Conceito de Direito Positivo e sua divisão em Direito Público e Privado. • O Conceito de Direito Civil e seu enquadramento como ramo do Direito Privado. RESUMO DO TÓPICO 1 12 1 A partir do conhecimento que você adquiriu até aqui, preencha a coluna a seguir resumindo os conceitos que estudou, como forma de reflexão e fixação deste conhecimento: AUTOATIVIDADE DIREITO DIREITO OBJETIVO LEI COSTUME JURISPRUDÊNCIA DOUTRINA EQUIDADE ANALOGIA 2 Preencha as lacunas do grupo 2 relacionando-as com as assertivas do grupo 1: GRUPO 1 (1) Direito Nacional. (2) Direito Internacional. (3) Direito Público. (4) Direito Privado. GRUPO 2 ( ) .................... é o ramo do Direito Positivo que rege as relações em que o sujeito é o Estado, tutelando os interesses gerais e visando ao fim social, quer perante seus membros, quer perante os outros estados. ( ) .................... tem por objetivo a regulamentação das relações dos particulares entre si, sem que o Estado tome parte nesta relação. ( ) ..................... aquele que rege as relações jurídicas dentro do direito aplicável ao território do Estado. ( ) ....................... rege as relações entre os Estados soberanos. 13 TÓPICO 2 DIREITO CIVIL – PARTE GERAL E PARTE ESPECIAL UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Caro(a) acadêmico(a)! Agora que você já aprendeu as noções básicas da Introdução ao Estudo do Direito, vamos estudar outros conceitos importantes que vão nos preparar para o estudo específico do Direito Imobiliário. Neste tópico entenderemos principalmente como se estrutura o Direito Civil, para então ingressarmos no estudo do Direito Imobiliário, no Tópico 3. Para entendermos bem como funciona o Direito Civil, é importante que entendamos que o Código Civil é dividido em duas grandes partes: A parte geral (arts. 1º a 232) e a parte especial (arts. 233 a 2.046). Na parte geral encontraremos dispositivos legais sobre as pessoas, os bens e os fatos jurídicos. A parte geral é subdividida em três partes, chamadas Livros: Livro I - Das pessoas; Livro II - Dos bens e Livro III – Dos fatos jurídicos. Já na parte especial vamos encontrar o Direito das Obrigações, o Direito da Empresa, o Direito das Coisas (que é o mais importante em nosso estudo), o Direito de Família e o Direito das Sucessões. A figura a seguir nos ajudará a ter uma visão melhor desta divisão. UNIDADE 1 | NOÇÕES GERAIS DE DIREITO – DIREITO CIVIL – DIREITO IMOBILIÁRIO 14 FIGURA 2 – DIVISÕES E SUBDIVISÕES FONTE: A autora DAS PESSOAS DOS BENS DOS FATOS JURÍDICOS DIREITO DA EMPRESA DIREITO DAS COISAS DIREITO DE FAMÍLIA PARTE ESPECIAL PARTE GERAL DIREITO CIVIL DIREITO DAS OBRIGAÇÕES DIREITO DAS SUCESSÕES DICAS Como sugestão, entre no site: <www.planalto.gov.br>, no link “legislação” e baixe uma versão atualizada do Código Civil e dê uma olhada nesta divisão de que tratamos acima. Será importante para nosso estudo futuro e para a sua vida profissional. Agora que você já conhece a estrutura do Direito Civil, vamos estudar separadamente cada uma das suas partes. Começaremos pela “Parte Geral”. 2 SUBDIVISÕES DA PARTE GERAL DO CÓDIGO CIVIL Como você já viu, a parte geral do Código Civil trata “Das pessoas”, “Dos bens” e “Dos Fatos Jurídicos”. É importante ressaltar que esta parte geral do Código Civil traz regras que se aplicam a todos os ramos do Direito, que compõem a parte especial do Código, e também será aplicável nas transações imobiliárias. Então, vamos em frente? TÓPICO 2 | DIREITO CIVIL – PARTE GERAL E PARTE ESPECIAL 15 FIGURA 2 – DIVISÕES E SUBDIVISÕES 2 SUBDIVISÕES DA PARTE GERAL DO CÓDIGO CIVIL 2.1 SUJEITO DE DIREITO Partiremos, agora, para o estudo dos conceitos de pessoa natural e jurídica, porém, para que possamos entender estes conceitos, é importante sabermos que existe o sujeito de direito. “Não há direito que não tenha sujeito, pois ele tem por objetivo proteger os interesses humanos” (RAPOSO; HEINE, 2004, p. 33). O sujeito pode ser ativo ou passivo, de acordo com a posição ocupada na relação jurídica. Assim, por exemplo, quando falamos que Pedro tornou-se titular de um direito de propriedade sobre determinado bem que adquiriu, podemos dizer que Sujeito Ativo, nesta relação jurídica, enquanto aquela pessoa que vendeu torna- se Sujeito Passivo nesta relação, pois terá que cumprir o que determina a norma (entregar o bem). Verificamos, pois, que os sujeitos de direito podem ser assim classificados: FIGURA 3 – ESPÉCIES DE SUJEITO DE DIREITO FONTE: A autora Sujeito de Direito Ativo Titular de direito Passivo Responsável pelo cumprimento de uma obrigação Não são somente as pessoas físicas que são sujeitos de direito. Também poderão ser sujeitos de direito, por exemplo, as empresas, os condomínios etc. ATENCAO 2.2 PESSOA FÍSICA Quando falamos em “pessoas”, podemos nos referir às pessoas físicas (naturais), ou às pessoas jurídicas. Vamos estudar cada um destes conceitos? A pessoa física, também chamada de pessoa natural, é o ser humano. Diz- se natural, porque sua existência legal se inicia por um fato natural (o nascimento). Na definição de Coelho (2006, p. 156), “homens e mulheres são todos considerados pessoas para o direito, isto é, aptos a titularizar direitos e obrigações e autorizados à prática dos atos jurídicos em geral”. Quando tratamos da prática destes atos jurídicos, precisamos entender que as pessoas físicas têm personalidade e capacidade jurídica. UNIDADE 1 | NOÇÕES GERAIS DE DIREITO – DIREITO CIVIL – DIREITO IMOBILIÁRIO 16 Porém, Personalidade Jurídica e Capacidade Jurídica não se confundem. De uma forma simplificada, podemos dizer que a personalidade é a aptidão para ser titular de direitos e obrigações civis, ficando, assim, a pessoa natural “autorizada a praticar qualquer ato jurídico que deseja, salvo se houver proibição expressa”, de acordo com o que diz Fábio Ulhoa Coellho (2006, p. 156). Toda pessoa natural tem personalidade jurídica, desde que nasça com vida. Porém, o Código Civil protege o nascituro (bebê em gestação) desde a concepção. Da personalidade decorrem vários direitos, tais como direito ao nome, ao corpo, à honra etc. A capacidade jurídica, por sua vez, é a “aptidão de alguém para exercer por si os atos da vida civil” (BEVILÁCQUA apud ULHOA, 2006, p. 158). Uma pessoa física pode ter personalidade jurídica para praticar um determinado ato da vida civil, porém ser incapaz para praticá-lo por si só, ou “pessoalmente”, conforme diz o Código Civil. A capacidade é a regra, como nos ensina Coelho (2006, p. 160): As pessoas são, por princípio, capazes e podem, assim, praticar os atos e negócios por si mesmas. A incapacidade é uma situação excepcional prevista expressamente em lei com o objetivo de proteger determinadas pessoas. Os incapazes são considerados, pela lei, não inteiramente preparados para dispor e administrar seus bens e interesses sem a mediação de outra pessoa (representante ou assistente). Quando falamos em capacidade, é necessário, ainda, que se diferencie a incapacidade absoluta da incapacidade relativa. Os absolutamente incapazes de exercer pessoalmente (por si) os atos da vida civil são entendidos pelo Direito como pessoas que não têm a mínima condição de decidir sobre seus direitos e interesses. Por isso, terão que ser representados. Já os relativamente incapazes, segundo o Direito, já têm algum discernimento e podem expressar sua vontade, que é levada em consideração. Por isso, diz-se que serão assistidos (ou seja, auxiliados). Para facilitar seu entendimento, elaboramos o quadro a seguir: QUADRO 1 – INCAPACIDADE ABSOLUTA E RELATIVA Absolutamente incapazes (serão representados) - Menores de 16 anos(chamados de menores impúberes). - Os que por enfermidade ou doença mental não puderem exprimir sua vontade. - Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. TÓPICO 2 | DIREITO CIVIL – PARTE GERAL E PARTE ESPECIAL 17 QUADRO 1 – INCAPACIDADE ABSOLUTA E RELATIVA Relativamente incapazes (serão assistidos) - Maiores de 16 e menores de 18 anos. (Chamados de menores púberes). - Os ébrios habiturais (alcoólatras), os viciados em tóxicos e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido. - Os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo. - Os pródigos (aqueles que sempre gastam tudo o que têm). FONTE: A autora Como nosso tema é o Direito Imobiliário, podemos ilustrar o que acabamos de ver, através do seguinte exemplo: João, que é menor, com 15 anos de idade, recebeu um imóvel de herança de seu avô. Pode-se afirmar que João tem personalidade jurídica, porém, o Código Civil dispõe que os menores de 16 anos são absolutamente incapazes de exercer atos da vida civil. Assim, não poderá vender “sozinho” o imóvel de que é titular, porque, apesar de ter personalidade jurídica, falta-lhe “capacidade civil” para tal, sendo necessário, para que o negócio se concretize, que seja representado por seu pai, mãe ou por seu representante legal na falta deles. UNI Você já está estudando há mais de uma hora? É bom então levantar, relaxar um pouco, quem sabe tomar água, para irmos em frente. Que tal? A incapacidade civil em razão da menoridade cessa aos 18 anos. Porém, esta incapacidade poderá terminar antes, caso ocorram os casos previstos no Código Civil, art. 5º: a emancipação, que é concedida pelos pais ou pelo juiz nas condições previstas em lei; pelo exercício de emprego público efetivo; pela colação de grau em curso superior; pelo estabelecimento civil ou comercial que garanta economia própria; pelo casamento. Outro tema de importância no estudo das pessoas naturais é o relativo ao domicílio e à residência. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, as expressões não são sinônimas. O domicílio da pessoa natural é definido pelo próprio Código Civil, sendo o lugar em que a pessoa estabelece sua residência de forma definitiva. Assim, como regra geral, a pessoa natural terá um só domicílio e várias residências. Podemos citar como exemplo uma pessoa que mora em uma cidade com sua UNIDADE 1 | NOÇÕES GERAIS DE DIREITO – DIREITO CIVIL – DIREITO IMOBILIÁRIO 18 família (domicílio), mas três vezes por semana fica em cidades vizinhas em que há filiais de sua empresa. Estas cidades podem ser consideradas como o local de suas residências. Como já dissemos antes, o nascimento com vida é o início da personalidade civil. Já a extinção da pessoa natural ocorre com a morte. Deste modo, “a morte implica o fim da pessoa natural. A partir desse fato jurídico, nenhum novo direito ou dever pode ser-lhe imputado” (COELHO, 2006, p. 215). 2.3 PESSOA JURÍDICA “A pessoa jurídica é a entidade constituída de homens ou bens, com vida, direitos, obrigações e patrimônios próprios” (RAPOSO; HEINE, 2004, p. 33). É constituída pelo homem, e nasce da junção da vontade destas pessoas. Segundo o dicionário jurídico de Silva (1991, p. 368): [...] a expressão é utilizada para designar as instituições, corporações, associações e sociedades, que por força ou determinação da lei se personalizam, tomam individualidade própria, para constituir uma entidade jurídica, distinta das pessoas que a formam ou que a compõem. Diz-se jurídica porque se mostra uma encarnação da lei. Uma vez constituída de acordo com o que determina a legislação, a pessoa jurídica passa a ter vida própria, sendo, como já dissemos antes, sujeito de direito e, assim, titular de direitos e obrigações. Apenas a pessoa jurídica responde por suas obrigações como regra geral, podendo, contudo, ocorrer a desconsideração da pessoa jurídica, nos casos previstos em lei, tanto no Código Civil como no Código do Consumidor em caso de abuso por parte dos seus componentes, a exemplo do que ocorre quando usam a pessoa jurídica para cometer fraudes. Quando houver a desconsideração da pessoa jurídica, os bens particulares de seus integrantes poderão responder por dívidas da empresa. Para a constituição da pessoa jurídica, o acordo de vontades de seus constituintes (que serão seus representantes legais) será materializado em um documento próprio, chamado estatuto ou contrato social, dependendo do tipo de sociedade. Este documento deverá ser redigido de acordo com o que dispõe a lei. Para que a pessoa jurídica exista juridicamente, passando assim a ser sujeito de direito, é necessário o registro deste documento no órgão competente (Junta Comercial ou Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas ou Títulos e Documentos, conforme denominação em cada Estado), que também dependerá do tipo de sociedade. Neste órgão deverão ser também registradas todas as alterações e modificações do contrato social ou do estatuto. TÓPICO 2 | DIREITO CIVIL – PARTE GERAL E PARTE ESPECIAL 19 2.3 PESSOA JURÍDICA As pessoas jurídicas podem ser classificadas, segundo Raposo e Heine (2004), quanto à órbita de atuação: pessoa jurídica de direito público externo e de direito público interno. As pessoas jurídicas de direito público externo são os países estrangeiros, organismos internacionais e outros do gênero, e as de direito público interno, a União, Estados, Municípios, Distrito Federal etc., e as de direito privado, que são as que interessam ao nosso estudo, uma vez que são regidas pelos princípios de direito privado: as sociedades, as associações e as fundações. De forma resumida, podemos dizer que as sociedades são “pessoas jurídicas de fins econômicos” (COELHO, 2006, p. 253), ou seja, o que motiva a constituição e a manutenção deste tipo de pessoa jurídica é a obtenção de lucro, sendo esta sua principal finalidade. As sociedades, por sua vez, de acordo com o Código Civil, podem ser classificadas em empresárias ou simples. Esta classificação decorre “de acordo com a forma como é organizada a exploração da atividade econômica” (COELHO, 2006, p. 254). O mesmo autor nos ensina que as sociedades empresárias são as que combinam os quatro fatores de produção (capital, mão de obra, consumo e tecnologia), organizando as atividades como empresa. Aponta como sociedades empresárias: um banco, um hospital, um supermercado etc. Destas sociedades cuida o Direito Comercial. As “sociedades limitadas” e as “sociedades anônimas” que conhecemos são espécies de sociedades empresárias. Já nas sociedades simples, “o objetivo é a exploração de atividade econômica de atividade intelectual” (COELHO, 2006, p. 254), e que são estudadas pelo Direito Civil. A associação, por sua vez, caracteriza-se como sendo “a pessoa jurídica em que se reúnem pessoas com objetivos comuns de natureza não econômica” (COELHO, 2006, p. 248). O mesmo professor exemplifica como associações as constituídas por moradores de um bairro, “Associação de Moradores”, ou uma “Associação de Lojistas” de uma cidade. A fundação, por fim, resulta da “afetação de um patrimônio a determinada finalidade [...]” (COELHO, 2006, p. 255). Uma determinada pessoa, chamada “instituidor” (pessoa física ou jurídica) escolhe bens do seu patrimônio (em vida ou por testamento) e “vincula” a administração e os frutos destes bens à realização de objetivos (não econômicos) que gostaria de ver realizados. Difere da sociedade e da associação por não possuir membros, pois nem mesmo o instituidor pode ser assim considerado. As fundações são fiscalizadas pelo Ministério Público, que é representado, em âmbito estadual, pelo promotor de Justiça, que pode, inclusive, pedir a sua extinção judicial. Podemos visualizar os diferentes tipos de sociedade de forma esquematizada:UNIDADE 1 | NOÇÕES GERAIS DE DIREITO – DIREITO CIVIL – DIREITO IMOBILIÁRIO 20 FIGURA 4 – ESPÉCIES DE PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO FONTE: A autora Associação atividade não econômica objetivos comuns Fundação atividade não econômica patrim. do instituidor Sociedade atividade econômica Pessoas Jurídicas de Direito Privado Empresárias lucro Simples ativ. Intelec. O domicílio da pessoa jurídica é o local que for escolhido nos seus atos constitutivos, ou, em não tendo havido esta escolha, será considerado como domicílio o local de sua sede, por ser este o local em que deverá cumprir suas obrigações. A extinção da pessoa jurídica pode ser chamada de dissolução ou liquidação, dependendo do tipo de sociedade. De forma simplificada, podemos afirmar que a dissolução da pessoa jurídica pode ocorrer por vontade dos sócios (convencional), por determinação legal ou administrativa e, ainda, por decisão judicial. 2.4 BENS Para compreendermos melhor o conceito de bem, precisamos entender que, para o Direito, “bem” e “coisa” não se confundem. Coisa “é tudo aquilo que existe, excluído o homem” (RIOS, 1999, p. 31), enquanto Bens “são as coisas úteis ou com valor econômico” (RIOS, 1999, p.31) e que podem ser apropriadas pelo homem. Podemos, pois, chamar de bem “tudo aquilo que satisfaz uma obrigação” (GONÇALVES, 2007, p. 238), podendo também ser considerados bens as “coisas materiais, concretas, úteis aos homens e de expressão econômica, suscetíveis de apreciação, bem como as de existência imaterial economicamente apreciáveis” (GONÇALVES, 2007, p. 239). Existem várias espécies de bens, previstas no Código Civil: bens considerados em si mesmos (imóveis, móveis, fungíveis e consumíveis, divisíveis e bens singulares e coletivos), bens reciprocamente considerados, bens públicos etc. Para a nossa disciplina, será suficiente conhecermos as principais divisões. Vamos ver cada conceito separadamente? TÓPICO 2 | DIREITO CIVIL – PARTE GERAL E PARTE ESPECIAL 21 FIGURA 4 – ESPÉCIES DE PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO FONTE: A autora 2.4 BENS Inicialmente, vamos iniciar com a clássica divisão entre bens móveis ou imóveis. O conceito de bens móveis é trazido pelo próprio Código Civil, em seu art. 82. Como o próprio nome diz, móveis são “os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social”. Os animais, chamados semoventes (porque se movem por si só) são considerados pelo direito como bens móveis. Também são considerados bens móveis perante o direito civil as ações das sociedades, os papéis do mercado de valores, entre outros. Para o estudo de nossa disciplina é muito importante conhecermos o conceito de bens imóveis, uma vez que o Direito Imobiliário trata justamente das transações imobiliárias, ou seja, que têm por objeto bens imóveis. Os imóveis, como regra geral, são os bens “que não se pode transportar, sem destruição, de um para o outro lugar” (BEVILÁCQUA apud GONÇALVES, 2006, p. 246). Assim, podemos considerar como bens imóveis o solo e seus componentes, o subsolo e o espaço aéreo. Porém, segundo o Código Civil, em seu art. 79, são bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente e, assim sendo, são imóveis as construções, as plantações, as árvores e os frutos etc. Esta distinção é de suma importância, por diversos motivos. Por exemplo, a aquisição da propriedade de bens móveis se dá pela simples tradição (entrega), enquanto a dos bens imóveis só ocorre depois do registro da escritura pública no cartório do registro de imóveis. Para as pessoas casadas entregarem bens imóveis como garantia (ex.: hipoteca), dependem da autorização do cônjuge, o que não acontece nos bens móveis, entre outros. Outra classificação divide os bens em fungíveis ou infungíveis. Os bens fungíveis, conforme o art. 85 do Código Civil, são os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade, a exemplo do dinheiro e de alimentos. Ao contrário, os infungíveis são os que não têm as características acima. Porém, é interessante como um bem fungível pode se tornar infungível, como nos exemplos trazidos por Carlos Roberto Gonçalves (2006), quando uma pessoa empresta a outra uma moeda rara de colecionador, ou um boi que, emprestado para serviços de lavoura, é infungível, enquanto o mesmo boi, se destinado ao corte, se torna fungível. No estudo dos contratos imobiliários, esta distinção vai determinar a espécie de contrato cabível; por exemplo, no mútuo, o objeto deve ser coisa fungível, enquanto no comodato o bem será necessariamente infungível. Os bens também podem ser classificados em consumíveis ou inconsumíveis, sendo que os bens consumíveis, segundo o art. 86 do Código UNIDADE 1 | NOÇÕES GERAIS DE DIREITO – DIREITO CIVIL – DIREITO IMOBILIÁRIO 22 Civil, são os móveis, cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação, e inconsumíveis os que podem ser utilizados sem que haja destruição de sua substância. O conceito de bens divisíveis também consta do Código Civil, em seu art. 87, que diz que bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração de sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam, e indivisíveis são aqueles que não possuem esta qualidade, como exemplo, uma máquina, uma vez que, se tirarmos uma peça, ela deixa de funcionar. Conforme o art. 89 do Código Civil, são singulares os bens que, embora reunidos, se consideram, de per si (por si só), independentes dos demais. Assim, um carro é um bem singular quando considerado individualmente, como a maioria dos bens. Os bens coletivos, também chamados universalidades, são os que, “sendo compostos por várias coisas singulares, se consideram em conjunto” (GONÇALVES, 2006, p. 260). Assim, o mesmo carro, que é um bem singular, pode integrar um conjunto e, assim, formar um bem coletivo, como uma frota. Os bens podem ser ainda principais ou acessórios. Os bens acessórios são assim chamados porque dependem da existência de outro, o principal, para existirem. “Assim, o solo é bem principal, porque existe sobre si, concretamente, sem qualquer dependência” (GONÇALVES, 2006, p. 261), enquanto a árvore é bem acessório, pois depende do solo em que está plantada para existir. Apesar desta relação de dependência, o Código Civil permite que os bens acessórios (frutos e produtos) sejam objeto de negócio jurídico. Os bens acessórios são subdivididos em frutos, produtos, pertenças e benfeitorias. Os produtos se distinguem dos frutos porque os produtos não podem ser colhidos periodicamente, “como as pedras e os metais, que se extraem das pedreiras e das minas”, conforme Bevilácqua (apud GONÇALVES, 2006, p. 263). Já os frutos, segundo Gonçalves (2006, p. 264-265), “são utilidades que uma coisa periodicamente produz. Nascem e renascem da coisa, sem acarretar- lhe a destruição no todo ou em parte”. Os frutos são, ainda, classificados em naturais, como o fruto das árvores; industriais, como, por exemplo, a produção de uma fábrica, e, também, civis, “que são os rendimentos produzidos pela coisa, em virtude de sua utilização por terceiros, como os juros e os aluguéis” (GONÇALVES, 2006, p. 264). As pertenças, segundo o art. 93, ao contrário dos frutos e produtos, não são partes integrantes do bem, como os produtos e os frutos, mas se destinam, de modo duradouro, ao uso, serviço ou amorfoseamento de outro. Como exemplo, podem-se citar os “objetos de decoração de uma residência” (GONÇALVES, 2006, p. 265). TÓPICO 2 | DIREITO CIVIL – PARTE GERAL E PARTE ESPECIAL 23 Por fim, as benfeitorias “são os melhoramentos que podem ser inseridosna coisa”, de acordo com a opinião de Gonçalves (2006, p. 267). O tipo de melhoramento que for inserido na coisa determinará o tipo de benfeitoria, qual seja, necessária, útil ou voluptuária. IMPORTANT E Agora, como você já sabe a diferença entre frutos, produtos, pertenças e benfeitorias, que são bens acessórios, é preciso que saiba a diferença entre estes tipos de benfeitorias que citamos acima. Por quê? Porque eles vão influenciar alguns temas de interesse para o Direito Imobiliário, tais como a posse, locação e o condomínio, como veremos mais adiante. Conhecer a diferença entre benfeitorias necessárias, úteis e voluptuárias é o que faremos na sequência. A distinção entre os tipos de benfeitorias é encontrada no Código Civil em seu art. 96. Assim, de forma resumida, são necessárias aquelas destinadas à conservação do bem (ex.: manutenção de um telhado de uma casa), enquanto as úteis são as que aumentam ou facilitam seu uso (ex.: instalação de um ar- condicionado), e, por fim, as voluptuárias, que são aquelas de mero deleite ou recreio, mas que não aumentam nem facilitam o uso do bem (como, por exemplo, um jardim). Já os bens públicos, conforme o art. 98 do Código Civil, são os “pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno” (BRASIL, 2002), como, por exemplo, as praias, as praças e outros bens pertencentes à União, estados e municípios. Por sua vez, os privados são os que pertencem aos particulares. Os bens públicos são inalienáveis, ou seja, a titularidade do direito de propriedade, como regra geral, não pode ser objeto de transferência. Somente em casos especiais, com regras específicas constantes do Direito Administrativo, é que a alienação destes bens será permitida. Os bens particulares, por sua vez, salvo as exceções previstas na lei civil, poderão ser alienados e, assim, transferido o direito de propriedade sobre eles, quando forem, por exemplo, objeto de contrato de compra e venda, doação e outras transações imobiliárias. UNIDADE 1 | NOÇÕES GERAIS DE DIREITO – DIREITO CIVIL – DIREITO IMOBILIÁRIO 24 ESTUDOS FU TUROS Você perceberá que estes conceitos que acabamos de estudar são fundamentais para o Direito Imobiliário, pois tratam de assuntos como capacidade civil e classificação dos bens, por exemplo, em bens móveis e imóveis. Assim, poderemos responder a questionamentos importantes, tais como: “Qual é a idade mínima para se assinar um contrato?” “Que tipo de bem pode ser objeto de contratos como o de locação e comodato?”. Vistas as diferenças entre as classes de bens principais e suas subdivisões, para uma melhor compreensão, de forma esquematizada, podemos visualizar o seguinte: FIGURA 5 – BENS PRINCIPAIS E ACESSÓRIOS E SUAS SUBDIVISÕES FONTE: A autora NECESSÁRIAS ÚTEIS VOLUNTÁRIAS ACESSÓRIOS PRINCIPAIS BENS PRODUTOS FRUTOS PERTENÇAS BENFEITORIAS NATURAIS CIVIS COMERCIAIS 2.5 FATOS JURÍDICOS No Livro III do Código Civil vamos encontrar a legislação referente aos fatos jurídicos. O entendimento deste conceito é também fundamental no estudo do Direito Imobiliário. Primeiramente, precisamos entender o que é um fato jurídico. É qualquer acontecimento que tenha consequências no mundo jurídico, ou seja, todo acontecimento que produz efeito jurídico, ou, em outras palavras, fatos que “interessem” (sejam importantes) perante o Direito e, assim: TÓPICO 2 | DIREITO CIVIL – PARTE GERAL E PARTE ESPECIAL 25 FIGURA 5 – BENS PRINCIPAIS E ACESSÓRIOS E SUAS SUBDIVISÕES 2.5 FATOS JURÍDICOS Só é fato jurídico o acontecimento que produz efeitos no mundo jurídico. Desta forma, Não é todo acontecimento que será um fato jurídico. Para entendermos bem esta afirmação, podemos imaginar que o nascimento de uma pessoa é um fato jurídico, pois produz efeitos no mundo jurídico. Você lembra que o nascimento com vida é o início da personalidade jurídica? Então, o nascimento é um fato que tem relevância para o Direito, e por isso é considerado um fato jurídico. Os fatos jurídicos podem ser então naturais, porque vêm da natureza, ex.: nascimento, morte, terremoto, raios etc., e, assim, independem da vontade humana para ocorrerem; ou humanos, que dependem da vontade humana para se verificarem, e que também são chamados atos jurídicos. Para o nosso estudo é preciso que entendamos bem o conceito de ato jurídico. Mas, antes, vamos visualizar de forma esquematizada o que vimos até agora. FIGURA 6 – FATOS JURÍDICOS E SUAS SUBDIVISÕES FONTE: A autora FATOS JURÍDICOS LÍCITOS ILÍCITOS NEGÓCIO JURÍDICO ATO JURÍDICO "são ações humanas que criam, modificam, transferem ou extinguem direitos." FATOS HUMANOS (ATOS HUMANOS) FATOS NATURAIS (Independem da vontade) (Dependem da vontade) UNIDADE 1 | NOÇÕES GERAIS DE DIREITO – DIREITO CIVIL – DIREITO IMOBILIÁRIO 26 Os atos jurídicos são divididos em lícitos, quando seus efeitos são voluntários, e ilícitos, quando os efeitos são involuntários, conforme explica Gonçalves (2006). Desta forma, um contrato, que seja firmado dentro do que dispõe a lei, será um ato jurídico lícito, pois seu efeito será aquele esperado, ou seja, o pagamento do preço resultará na transferência da propriedade. Já um acidente de trânsito será um ato ilícito, pois gerará efeitos não pretendidos pelas partes envolvidas. Entre a classificação dos atos jurídicos, temos o NEGÓCIO JURÍDICO, como você pode ver no esquema acima, tendo como característica principal a junção da vontade dos agentes (particulares) que produzirá os efeitos pretendidos, ou seja, criar, modificar, transferir ou extinguir direitos. Por isso se diz que o contrato é seu símbolo (AMARAL apud GONÇALVES, 2006). IMPORTANT E CONTRATO = NEGÓCIO JURÍDICO Você entendeu por que este conceito é tão importante? Porque as transações imobiliárias envolvem contratos, que são as principais espécies de negócio jurídico. Porém, para que o negócio jurídico seja VÁLIDO, ou seja, para que possa produzir os efeitos de criar, modificar, transferir ou extinguir direitos, é necessário que estejam presentes seus requisitos de validade, previstos no art. 104 do Código Civil: NEGÓCIO JURÍDICO VÁLIDO = AGENTE CAPAZ + OBJETO LÍCITO + FORMA PRESCRITA OU NÃO DEFESA EM LEI Para que o agente seja CAPAZ, é preciso que tenha CAPACIDADE CIVIL, que é a aptidão para praticar por si os atos da vida civil, sendo que em caso de incapacidade absoluta do agente (por exemplo, menores de 16 anos), ele será representado e, em caso de incapacidade relativa (por exemplo, maior de 16 e menor de 18 anos), o agente será assistido. Estes conceitos já foram estudados no Tópico 1. O OBJETO LÍCITO é “o que não atenta contra a lei, a moral ou os bons costumes” (GONÇALVES, 2006, p. 320). Assim, como você já viu, os bens públicos não podem ser objeto de compra e venda, pois sua alienação não é permitida por lei. TÓPICO 2 | DIREITO CIVIL – PARTE GERAL E PARTE ESPECIAL 27 Desta forma, um contrato, que seja firmado dentro do que dispõe a lei, será um ato jurídico lícito, pois seu efeito será aquele esperado, ou seja, o pagamento do preço resultará na transferência da propriedade. Já um acidente de trânsito será um ato ilícito, pois gerará efeitos não pretendidos pelas partes envolvidas. A FORMA é a maneira pela qual o negócio jurídico se exterioriza. Segundo o Código Civil, a forma deve ser a prescrita (prevista) ou não defesa (proibida) em lei. Assim, falando em transações imobiliárias, podemos dizer que a compra e venda de um bem imóvel, para ser válida, DEVE NECESSARIAMENTE SER REALIZADA POR ESCRITURA PÚBLICA e não apenas por contrato, pois assim exige o Código Civil. Quando faltarem os requisitos legais, o negócio jurídico será NULO, como previsto no art. 166 do Código Civil. No negócio jurídico, a vontadeé o elemento essencial, porque ele nasce da conjunção de duas vontades. Por isso, ela deve ser válida, ou seja, não deve haver nada que influencie esta vontade, que deve ser livre. Se assim não for, o negócio jurídico será viciado, e será anulável, no prazo de quatro anos (conforme art. 178 CC). Poderá também ser ANULÁVEL em caso de incapacidade relativa do agente ou vício de consentimento, também chamado defeitos do negócio jurídico que se originam da vontade viciada. São defeitos do ato jurídico os previstos nos artigos 138 a 165 do Código Civil: o erro substancial, o dolo, a coação, o estado de perigo, a lesão e a fraude contra credores. De uma forma simplificada, podemos dizer que, no erro, a pessoa não tem noção da verdade, e, se soubesse, a manifestação da vontade seria diferente. No dolo, há o emprego de um artifício para induzir alguém para realizar o negócio em benefício próprio ou de terceiro. Na coação, há um fundado temor de dano próximo a acontecer (iminente) à pessoa, à família ou aos seus bens. Na fraude a credores, o devedor se desfaz de seus bens, de forma maliciosa, para escapar das dívidas. O estado de perigo ficará demonstrado quando alguém se obrigar, por uma prestação muito onerosa, para salvar a si, pessoa de sua família, ou outro ente querido de grave dano conhecido da outra parte. Por fim, haverá lesão quando uma pessoa, em razão de necessidade ou inexperiência, se obriga por uma prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta, por exemplo, quando uma pessoa vende um bem por um valor muito inferior ao que ele realmente vale, por dificuldades financeiras. Assim, se um negócio jurídico for assinado por um menor de 16 anos, ele será nulo e não poderá produzir efeitos. Porém, se uma pessoa maior for coagida a assiná-lo, ele será anulável, só não produzindo efeitos depois desta declaração. UNIDADE 1 | NOÇÕES GERAIS DE DIREITO – DIREITO CIVIL – DIREITO IMOBILIÁRIO 28 3 SUBDIVISÕES DA PARTE ESPECIAL DO CÓDIGO CIVIL Agora sim, podemos conhecer os ramos do Direito Civil que compõem a parte especial do Código Civil: Direito das Obrigações, Direito da Empresa, Direito das Coisas, Direito de Família e Direito das Sucessões. Cada um dos ramos específicos desta parte especial disciplina uma espécie de relação jurídica, como veremos a seguir. As subdivisões da parte especial do Direito Civil são: O Direito das Obrigações “trata do vínculo pessoal que liga credores e devedores, tendo por objeto uma prestação patrimonial” (FÜHER; MILARÉ, 2005, p. 224). Já o Direito da Empresa “refere-se ao exercício profissional da atividade econômica organizada, para a produção ou circulação de bens e serviços” (FÜHER; MILARÉ, 2005, p. 224). O Direito das Coisas, por sua vez, disciplina a relação que “se estabelece entre as pessoas e os bens, como a propriedade, a posse ou a hipoteca” (FÜHER; MILARÉ, 2005, p. 224). O Direito de Família, segundo Gusmão (2006, p. 204), é “a parte do direito, norteado pelo interesse social, que rege as relações jurídicas constitutivas da família e as dela decorrentes. Tem por matéria as relações jurídicas que formam a família, ou seja, as entre esposos, entre pais e filhos e entre parentes”. Por fim, “o Direito das Sucessões tem por objetivo dispor sobre como ocorrerá a transmissão dos bens das pessoas falecidas” (FÜHER; MILARÉ, 2005, p. 224). 29 3 SUBDIVISÕES DA PARTE ESPECIAL DO CÓDIGO CIVIL RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, caro(a) acadêmico(a), você teve a oportunidade de estudar os conteúdos apresentados no resumo a seguir: • A parte geral do Código Civil se aplica a todos os ramos da parte especial. • A parte geral se divide em três livros: das pessoas, dos bens e dos fatos jurídicos. • A parte especial do Código Civil trata do Direito das Obrigações, Direito da Empresa, Direito de Família, Direito das Coisas e Direito das Sucessões. • O contrato é o principal símbolo do negócio jurídico e que para sua validade depende da existência de agente capaz, objeto lícito e forma prescrita ou não proibida em lei. • Na falta dos requisitos legais ou ocorrendo “defeito” no negócio jurídico, o ato poderá ser nulo ou anulável. 30 Caro(a) acadêmico(a)! Você compreendeu bem os conceitos trazidos neste tópico? Então, de acordo com as frases, escolha as palavras que completam o esquema a seguir: 1 Para o estudo do Direito Imobiliário é importante conhecermos as diversas espécies de bens. Inicialmente, podemos dividi-los em bens móveis e ______________, pois, como o próprio nome diz, o Direito Imobiliário regulamenta relações que envolvam bens desse tipo. 2 Por isso, podemos dizer que são bens _______________ aqueles “que não se pode transportar, sem destruição, de um para outro lugar” (BEVILÁCQUA apud GONÇALVES, 2006, p. 246). 3 Outra classificação importante que devemos registrar é a que divide os bens em principais e _____________, que só existem mediante a existência dos bens principais, como, por exemplo, ocorre com a árvore em relação ao solo. Os bens _______________ são os bens móveis que não se podem substituir por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. 4 Outra classificação importante para o estudo do Direito Imobiliário é a que os divide em bens principais e acessórios. Estes, por sua vez, se subdividem em ___________, ___________, _________ e benfeitorias. As benfeitorias podem ser úteis, necessárias ou _________________, que são aquelas que apenas tornam o bem mais belo ou luxuoso. 5 Tem o contrato como seu símbolo: __________________. 6 Um dos requisitos de validade do negócio jurídico: __________________. 7 Tem por objetivo criar, modificar, transferir ou extinguir direitos: _________________. 8 Característica que impede um menor de praticar atos por si na vida civil: ___________. 9 O Código Civil é dividido em duas partes: uma ________ e outra especial. 10 Além de modificar e criar direitos, outra característica do negócio jurídico válido é o poder de _____________ direitos. 11 Quando o objeto do contrato é permitido em lei, dizemos que este objeto é _______. AUTOATIVIDADE 31 12 Um ato jurídico que não tenha os requisitos de validade não produzirá ____________. 13 Diz-se que no negócio jurídico há uma junção da ____________ dos agentes. 14 O mesmo que forma prevista em lei: forma ____________ em lei. Diz-se de fatos como a chuva: fatos _________________. 32 33 TÓPICO 3 DIREITO IMOBILIÁRIO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Agora que já conhecemos o Direito Privado, o Direito Civil e suas subdivisões, vamos iniciar o estudo do Direito Imobiliário, em que se estudam as várias formas de aquisição e perda da propriedade, o direito de construir e o direito de vizinhança. Também se estuda nesta área o condomínio, os direitos reais sobre coisas alheias, como a servidão, o direito de superfície e a hipoteca, que fazem parte do Direito das Coisas. Iniciaremos pelo conceito deste importante ramo do Direito e de institutos de Direito das Coisas a ele ligados, a exemplo da Posse e Propriedade e Direito das Obrigações, porque é no âmbito deste ramo do Direito que nascem as transações imobiliárias. Preparado? Então, vamos continuar. 2 CONCEITO DE DIREITO IMOBILIÁRIO Com a evolução da sociedade e o crescimento da população, nasceu a necessidade de aumento das habitações e o surgimento de loteamentos, condomínios e várias outras transações que envolvam bens imóveis. Surge também a necessidade de haver profissionais como você, que auxiliarão as partes nestas transações, e também uma legislação própria para regulamentar estas relações. É aí que surge o Direito Imobiliário. O Direito Imobiliário, segundo Tostes Malta e Júlia Lefévre, citados por Torres (2006, p.1), pode ser conceituado como o: Ramo
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