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O ÍNDIO NA LITERATURA BRASILEIRA

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1. O ÍNDIO NA LITERATURA BRASILEIRA
1.1. Introdução:
Este trabalho tem por base esclarecer a importância do índio na literatura brasileira, sendo uma figura da identidade nacional, e caracterizando-o de modos diferentes em várias escolas literárias, iniciando pelo Quinhentismo, com a Carta de Pero Vaz de Caminha. A figura indígena será destacada em obras de autores literários, entre eles José de Alencar, que retratou o índio como um herói e um guerreiro brasileiro.
1.2. O Índio no Quinhentismo:
A figura indígena, no que se refere ao delineamento da identidade nacional, aliada à descrição do espaço natural brasileiro pode ser considerada uma constante dentro de nossa tradição literária. Se observarmos, por exemplo, a Carta de Pero Vaz de Caminha enviada a El rei D. Manuel nos séculos XVII e XVIII, podemos verificar este paradigma. Na carta o objetivo temático principal é dar conta do “achamento” do Brasil. A descrição dos nativos e do espaço assume, portanto, relevância dentro da organização do texto na medida em que focaliza a exuberância de um espaço recém descoberto:
“A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes. bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Não fazem o menor caso de encobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto. Ambos traziam os beiços de baixo furados e metidos neles seus ossos brancos e verdadeiros, do comprimento duma mão travessa, da grossura dum fuso de algodão, agudos na ponta como furador. Metem-nos pela parte de dentro do beiço; e a parte que lhes fica entre o beiço e os dentes é feita como roque de xadrês, ali encaixado de tal sorte que não os molesta, nem os estorva no falar, no comer ou no beber.” (CAMINHA, 1500, p. 21).
Esta tendência em associar o indígena ao elemento exótico da diversidade brasileira deixa latente marcas culturais européias no processo de caracterização do indígena, uma vez que o ponto de enunciação, principalmente entre os séculos XV e XIX, é determinado pelo olhar europeu. Estas marcas, presentes na “Carta” e em grande parte da chamada Literatura de viajantes europeus, são sentidas nas descrições do nativo a mercê do olhar “civilizado”.
1.3. O Índio no Arcadismo:
Como personagem, aparecerá no século XVII, na poesia épica (O Uraguai de Basílio da Gama e Caramuru de Santa Rita Durão). 
Em O Uraguai já existe uma contraposição do índio ao europeu:
Gentes da Europa, nunca nos trouxera
O vento a nós; ah! Não embalde
Estendeu entre nós a Natureza
Todo esse espaço imenso de águas!
Como o poema trata da lula das missões, naturalmente aparecem personagens indígenas. Mas o autor não irá retratar a cultura indígena como poderiam fazer supor os versos da primeira parte da obra. Há somente um personagem, Sepé, que passou à tradição gaúcha, dando nome a uma localidade do Rio Grande do Sul. Esse, como os outros heróis, Kakambo e Lindóia, são tratados com o mesmo lirismo e exaltação que receberiam os índios na literatura romântica. Mas é bom lembrar sempre que a intenção principal do poema é o ataque aos jesuítas, motivo pelo qual o índio irá assumir um papel secundário, apesar de toda a beleza com que o autor procura impregnar o célebre episódio da morte de Lindóia.
Santa Rita Durão, como se vê pelo próprio título - Caramuru – já procurará mostrar a identificação entre o índio e o colonizador. Mostra, inclusive, o índio, num ligeiro episódio em que se refere à religião, como admitindo uma entidade divina superior a Tupã, na qual chega a definir o deus cristão. Afora isso, se limita a dar um panorama geral do Brasil e a narrar a história do Brasil, da época do descobrimento até a data da elaboração da obra.
1.4. O Índio no Romantismo:
O Indianismo foi a forma mais representativa do nosso nacionalismo literário. Correspondeu à busca de um legítimo antepassado nacional que fosse diferente do europeu. Já que não tínhamos um passado medieval, com seus heróis típicos, como os europeus, foi na cultura indígena que alguns escritores encontraram inspiração para simbolizar nossas origens históricas.
A figura do índio foi idealizada com o objetivo de equiparar esse nosso antepassado ao europeu. Por isso, o índio que aparece como personagem na literatura romântica é sempre bom, nobre, corajoso, belo. Com essas características passou a ser um dos símbolos de nossa independência espiritual, social, política e literária.
1.5. Gonçalves Dias:
Gonçalves Dias escritor romântico da primeira fase usou de impressões que guardara dos nativos com o contato que teve na sua infância. A visão que ele dá mais próximo da realidade do índio esta ligando aos costumes. Assim como os europeus buscavam suas origens da nacionalidade na literatura, Gonçalves Dias também vai buscar tendo por referencia a visão do europeu em relação ao índio, redescobrindo o índio uma raça que estava adormecida pela tradição que é revivida mesclada ao culto de bom selvagem. As situações desenvolvidas como gestos heróicos e trágicos têm na sua forma reflexos de epopéia, das tragédias clássicas dos romances de cavalarias medievais, ou seja, não houve uma identidade, mas uma reprodução dos valores do outro. Suas principais obras indianistas são os livros Juca Pirama, Marabá e Leito de Folhas Verdes, seu índio é muito idealizado e moldado com sentimentos de bravura e de louvor à honra características que reflete pensamentos de um mundo ocidental, a de um herói cavalheiro medieval.
Trecho da obra Juca Pirama:
“No meio das tabas de amenos verdores, / Cercadas de troncos cobertos de flores, / Alteiam-se os tetos d'altiva nação; / São muitos seus filhos, nos ânimos fortes, / Temíveis na guerra, que em densas coortes / Assombram das matas a imensa extensão.”
1.6. José de Alencar:
Podemos considerar Alencar como o precursor do romantismo no Brasil dentro das quatro características: indianista, psicológico, regional e histórico. Quando o Romantismo irrompeu no Brasil na década de 30 do século dezenove, ele apresentava um nacionalismo exacerbado pela Independência do país em 1822. A produção literária romântica brasileira, ainda que se orientando pelos mesmos postulados estéticos da escola romântica européia, adquiriu contornos extremamente próprios e renovadores, tendo a eles se adicionado o projeto de construção de uma identidade nacional. A busca de uma nova forma de expressão lingüística, os temas ligados à exuberância da natureza tropical, as questões político-sociais, o indianismo e o nacionalismo foram os traços marcantes dessa geração literária no Brasil.
José de Alencar fora por muitos considerado como ofensor da história e da verdade, pois não retratou o índio sob a realidade, mas sim sob uma ótica guerreira e heróica, endeusado, porém isso não afetou o prestígio que o autor obteve, a preferência de suas leituras são as que tratavam do indígena, sem dúvida.
No romance indianista de José de Alencar, o índio é visto em três etapas diferentes: antes de ter contato com o branco, em Ubirajara; um branco convivendo no meio indígena, em Iracema e o índio no cotidiano do homem branco, em O Guarani.
1.7. Ubirajara:
Induzido pela vontade de resgatar a nossa nacionalidade, o índio vem a ser a base da formação do povo brasileiro, segundo o nacionalismo romântico. Nesse sentido, reconstruir a imagem do índio é fundamental para alicerçar o espírito de brasilidade. O escritor defende o índio bem como sua cultura original, procurando reforçar os pontos que os diferenciam do modo de vida dos europeus. Resgata-lhes valores maiores como a lealdade, a fidelidade, a bravura, o destemor e a valentia, desculpando-lhes casos de poligamia como parte da própria cultura indígena. Culpa os "intrusos" pelas consequências do processo de aculturação do índio brasileiro, pela perda de sua identidade cultural. Sem dúvida, Alencar dedicou boa parte de suas últimas leituras ao resgate dos valores autenticamente indígenas e, nesse sentido, Ubirajara reflete os valores defendidos pelo escritor. A narrativa centra-se em Jaguarê, jovem caçador, que não poupaesforços para ser reconhecido como guerreiro. Em combate com o grande guerreiro Pojucã, Jaguarê vence e é reconhecido como o grande herói, passando a ser chamado de Ubirajara, o senhor da terra, aquele que é capaz de cumprir sua missão como chefe da tribo dos araguaias. Encontra-se na floresta com Araci, estrela do dia, bela virgem tocantim, filha do chefe Itaquê. Ubirajara é recebido pelos tocantins e, como pretende desposar a jovem Araci, deve enfrentar outros pretendentes. Alencar relata a luta contra os tapuias, a união dos povos araguaia e tocantim sob a liderança de Ubirajara. Nasce assim essa nação indígena que habitava as cabeceiras do Rio São Francisco antes de os portugueses aqui ancorarem.
1.8. Iracema:
José de Alencar criou “Iracema” em 1875 com uma preocupação na cabeça: construir uma literatura nacional, uma literatura brasileira, o que significava isto naquele momento uma literatura de qualidade. Significava adequar-se ao modelo, ao figurino romântico, o que era naquela época o que havia de melhor na literatura. A figura do herói, a idealização, o sentimentalismo, a emotividade eram os ingredientes que uma arte tinha que ter em uma literatura para ser considerado uma produção de nível. Mas ele queria fazer isso dentro do Brasil. Então ele tinha que usar motivos, assuntos, ambientes e personagens brasileiros. Foi o que ele fez em vários de seus livros, inclusive em “Iracema”, que conta a história de um encontro amoroso entre duas civilizações diferentes, duas culturas diferentes. De um lado, a índia Iracema, que representa a terra brasileira, de outro lado, Martim, o branco que veio da Europa e que aqui no Brasil se encontra com a índia e se apaixona por ela. O encontro dos dois não é só uma história de amor, mas é também um encontro de duas culturas, a construção de uma nacionalidade, que é a nacionalidade brasileira. A construção dessa nacionalidade brasileira fica representada na figura do filho deles, que é Moacir. O Moacir é uma representação da nacionalidade brasileira, é representação da raça brasileira. É preciso entender no livro esses dois níveis, então, existe um nível histórico, de fato ele está falando de um encontro de duas raças diferentes que realmente se encontraram aqui no Brasil. E existe um nível simbólico, que é a construção da nacionalidade brasileira. Tudo o que acontece em volta dessa criança que é o Moacir tem como alvo representar a nacionalidade brasileira. Ele recebe da mãe o amor pela terra e recebe do pai a cultura europeia. É isso que José de Alencar diz que é o Brasil. O Brasil, para ele, é o resultado dessa cultura que veio da Europa e que ele incorpora no Romantismo e de uma paixão pela terra, e que incorpora no seu livro falando da terra brasileira.
1.9. O Guarani:
Publicado em 1857, O Guarani é a expressão máxima do Romantismo na ficção de José de Alencar e de nossa literatura. Nesse romance, o escritor consegue adaptar com perfeição os valores do movimento romântico europeu à realidade brasileira, de acordo como a percebiam nossos intelectuais no século XIX. Peri personifica exatamente o ideal de herói que se encontra nas obras dos autores estrangeiros desta escola literária. Mais que isto, Peri é um índio, um homem primitivo, cujo caráter está alheio às influências “perniciosas” da civilização. Neste sentido, ele é a representação concreta do “bom selvagem” de Rousseau, ao mesmo tempo que simboliza a índole do homem brasileiro, num momento em que o país recém-independente precisa afirmar-se como nação. Da mesma forma, o cenário das matas virgens do passado colonial constitui a expressão nacional equivalente ao mundo medieval que os românticos da Europa elegeram como o espaço e o tempo privilegiados, em sua literatura altamente idealizada, que apresentava ao leitor uma visão de mundo sublime. O desenvolvimento do enredo apresenta amor e aventura: os fatos se sucedem numa seqüência ininterrupta, característica de imaginação prodigiosa de Alencar. Neles, o autor encontra os elementos adequados para fazer de sua narrativa uma verdadeira epopéia: é a história de um povo que ele conta. Através da união do índio Peri com Ceci - a moça branca e européia, filha do colonizador - podemos imbuir que ele narra a formação da nacionalidade brasileira. 
2. O Índio no Modernismo:
No modernismo, logo no início, com a poesia Pau Brasil e o Antropofagismo, de Oswald de Andrade, pode-se dizer que surgiram alguns sintomas do indianismo, nâo tanto pelos dois manifestos de Oswald, quanto por algumas obras de pintura. Mas, depois de pouco tempo, o antropofagismo tomou da poesia oswaldiana somente o poema piada e, com esse modelo, tratou apenas motivos folclóricos, como Raul Bopp em Cobra Norato, ou procurou dar cunho anedótico a episódios da história do Brasil, como Murilo Mendes, na maioria dos poemas de O Jogador de Diabolô. Mário de Andrade, sem qualquer declarada intenção de antropofagismo ou de qualquer corrente, procurou reintroduzir o motivo indígena; em primeiro lugar, fazendo herói do seu livro a personagem mítica encontrada por ele no livro de Koch-Grünberg; além disso, vários episódios de Macunaíma são de matéria do lendário dos índios. Contudo, podemos dizer que não se trata de obra essencialmente indianista, porque o livro contém elementos folclóricos de várias regiões do Brasil, além de
episódios de sátira à nossa vida política ou aos nossos costumes.
2.1. João Guimarães Rosa e Darcy Ribeiro:
Depois de um longo intervalo é que o motivo indígena reaparecerá, já depois da década de sessenta, principalmente com dois autores maiores, João Guimarães Rosa (Meu tio, o Yauaretê) e Darcy Ribeiro (Maíra); cremos que nos poderemos limitar a esse, uma vez que Utopia Selvagem é mais uma adaptação do processo de construção de Macunaíma a uma espécie de paródia da lenda das Amazonas. Podemos dizer que o romance de Darcy Ribeiro é o maior exemplo de indianismo na nossa literatura. Darcy Ribeiro reúne aí os seus conhecimentos de antropologia e consegue dar a eles um tratamento ficcional que os transforma em algo que vai muito além do registro. Esse tratamento não só nos põe em contato com a cultura indígena, mas nos revela o drama de uma parcela da humanidade, com a qual nos faz sentir ligados, através da presença de algumas personagens. O narrador acaba incluindo episódios da sua própria vida, para fazer com que o leitor conclua que está tomando conhecimento de uma cultura que representa uma parcela da nossa humanidade e não algo para ser visto como simples motivo exótico ou pitoresco, como chega a ocorrer não raro com as obras indianistas do passado que, se não fazem isso, procuram mostrar o índio vivendo como nós. Márcio Souza, natural da região amazônica, pode ser considerado outro grande exemplo do que poderíamos chamar indianismo da nova era literária. Também as suas obras constituem motivo de registro; apenas o registro não tem o conteúdo lírico ou dramático encontrados no romance de Darcy Ribeiro. As suas obras visam mais ao protesto e à sátira política. Para isso é que o tratamento ficcional dá vida ao material informativo e por isso aproxima-nos das várias culturas da área amazônica e procura fazer-nos sentir como irmanados a elas.
2.2. Conclusão:
Cheguei à conclusão de que formação da imagem do índio pela cultura branca sempre estará permeada em lugares comuns e valores incertos que tornarão essa imagem defeituosa e infiel, porque apresenta uma perspectiva “de fora” da matéria literária. Entretanto, o objetivo da análise do texto de informação Carta, de Pero Vaz de Caminha, do romance Iracema, de José de Alencar, e de muitos episódios de Macunaíma, de Mário de Andrade não foi diminuir essas obras, já que todas elas deram o pontapé inicial para as reflexões sobre a representação do índio no contexto brasileiro. Se Caminha foi o primeiro a expor a imagem do índio, sobretudo, Alencar e Mário de Andrade foram inovadores ao começarem a criar uma linguagem brasileira em suas obras, sendo que Mário conseguiu compreender boa parte da cultura brasileira em Macunaíma.Também, essas obras serviram de fonte de questionamento por parte dos escritores indígenas, que puderam criar uma literatura rica em respeito, auto-afirmação, no sentido de manter sempre firmes suas raízes perante o outro (o branco), mas sem o depreciar, e estabelecer o diálogo. Tal é a ousadia das literaturas indígenas que elas se dispuseram a empregar a linguagem do outro para expor a sua cultura, como nós fazemos quando escrevemos em outras línguas com o intuito de levar aos outros povos a riqueza de nossa cultura. O marco do descobrimento, 1500, não foi o ponto único de contato. Esse contato acontece até os dias atuais, uma vez que os brasileiros conhecem novas tribos, e também são tempos em que não se percebe a importância de valorizar, compartilhando nossa cultura e aprendendo com outras culturas, a diversidade cultural. Nesse sentido, por fim, creio que o tema que motivou este trabalho foi cumprido.
O Índio no Quinhentismo
Descrição dos nativos e do espaço que ele assume, na Carta de Pero Vaz de Caminha:
A feição deles é serem pardos. Maneira d’avermelhados, de rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir nem mostrar as suas vergonhas. E estão à cerca disso com tanta inocência como tem em mostrar o rosto.”
O Índio no Arcadismo:
Basílio da Gama e sua obra “O Uraguai”:
Santa Rita Durão e sua obra “Caramuru”:
O Índio no Romantismo
Gonçalves Dias e sua obra “Juca Pirama”:
José de Alencar e suas obras:
Ubirajara:
Iracema:
O Guarani:
O Índio no Modernismo:
Oswald de Andrade:
Mário de Andrade e sua obra “Macunaíma”:
 João Guimarães Rosa: Darcy Ribeiro:
 
Letra da música “Iracema voou”, de Chico Buarque:
Iracema voou
Para a América
Leva roupa de lã
E anda lépida
Vê um filme de quando em vez
Não domina o idioma inglês
Lava chão numa casa de chá
Tem saído ao luar
Com um mímico
Ambiciona estudar
Canto lírico
Não dá mole pra polícia
Se puder, vai ficando por lá
Tem saudade do Ceará
Mas não muita
Uns dias, afoita
Me liga a cobrar
– É Iracema da América
Analisando a Música:
Iracema voou para a América. Saiu do Ceará para lavar chão em uma casa de chá nos Estados Unidos. Na música de Chico Buarque, vê a protagonista de uma das obras que é marco da literatura brasileira, Iracema (1865), de José de Alencar, situada no contexto do século XX. Da idealizada virgem dos lábios de mel, que representava toda pureza associada às terras brasileiras, desejosas da civilização trazida pelo português, chegamos à condição da mulher de ascendência indígena após a colonização. A importante constatação que observamos na música de Chico Buarque é a perspectiva do deslocamento, explorada nos Estudos Culturais e presente na literatura contemporânea. A Iracema de Chico Buarque não aguarda retorno de Martim. É a cearense que busca um futuro melhor em outras terras além das fronteiras do território nacional, em um país que promete uma vida melhor e detém maior poder econômico. A característica do sujeito que se desloca para um novo território, como é o caso da Iracema de Chico Buarque, é habitar um entre-lugar. Ela não é mais apenas cearense, mas também não domina o idioma inglês, assim só pode ser designada por um duplo. A última frase da música simboliza essa duplicidade, pois “É Iracema da América” tanto indica a identificação de uma chamada a cobrar, como serve para definir a condição desse sujeito, que não pode mais ser apenas a Iracema romântica de Alencar. A narrativa brasileira produzida no século XX ecoa a música entoada por Chico Buarque, pois apresenta um indígena viajante, à procura de sua identidade, e não arraigado ao solo à espera do colonizador, como as personagens alencarianas. Além disso, ao reavaliar as oposições nativo x estrangeiro, branco x índio, essa literatura aponta para aquela que parece ser a condição do sujeito pós-colonial – aquele que passa a se sentir estrangeiro dentro de seu próprio território.
Bibliografia:
http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20080422095658AAK8S0W
http://seer.fclar.unesp.br
http://www.fa7.edu.br/recursos/imagens/File/publicidade/ic/2006/figuradoindio.pdf
http://tecendotextos-patycorrente.blogspot.com.br/2012/02/por-uma-literatura-nacional-historico.html
http://vestibular.uol.com.br/resumos-de-livros/ubirajara.jhtm
http://www.youtube.com/watch?v=57R6X7ks8IE
http://videversos.blogspot.com.br/2011/06/analise-do-livro-o-guarani.html
Livro Língua e Literatura – Volume 2
SUMÁRIO
1. O ÍNDIO NA LITERATURA BRASILEIRA ----------------------------------- 1 
1.1. Introdução --------------------------------------------------------------------------- 1
1.2. O Índio no Quinhentismo -------------------------------------------------------- 1
1.3. O Índio no Arcadismo -------------------------------------------------------------1
1.4. O Índio no Romantismo ----------------------------------------------------------2
1.5. Gonçalves Dias ---------------------------------------------------------------------2
1.6. José de Alencar -------------------------------------------------------------------- 3
1.7. Ubirajara ----------------------------------------------------------------------------- 3
1.8. Iracema -------------------------------------------------------------------------------4
1.9. O Guarani ----------------------------------------------------------------------------4
2. O Índio no Modernismo ----------------------------------------------------------5
2.1. João Guimarães Rosa e Darcy Ribeiro --------------------------------------5
2.2. Conclusão ---------------------------------------------------------------------------6
ANEXOS ---------------------------------------------------------------------------------------7
BIBLIOGRAFIA ------------------------------------------------------------------------------- 
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