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DISTRIBUIÇÃO DOS FÁRMACOS 1. Volume de distribuição Para que o fármaco tenha um efeito sistêmico, ele precisa estar na corrente sanguínea, cair na circulação sistêmica para, posteriormente, se encontrar nos tecidos. O nosso organismo, em sua maior composição, tem-se a presença de líquidos tanto no sangue quanto nos tecidos e são nesses locais em que se encontra o fármaco. A quantidade de fármaco presente no sangue e nos tecidos é dada a partir do volume de distribuição. O volume de distribuição é o volume de líquido necessário para qual um fármaco possa estar totalmente distribuído em um sistema. O fármaco é melhor distribuído quando chega a um maior número de tecidos do organismo. Quando se apresenta muito alto em determinado tecido, significa que não foi bem distribuído, concentrando-se em outros tecidos. ( Vd : volume de distribuição (dl) M: quantidade de fármaco presente no corpo [c]: concentração do fármaco no sangue ou no plasma ) O volume de distribuição é uma medida extremamente eficiente para se determinar a quantidade total de um fármaco no organismo porque existem drogas que estão presentes predominantemente nos tecidos, mas não na circulação. Ex1: Foram administrados 420mg de X via endovenosa e a concentração plasmática obtida foi 4mg/dl. Qual é o volume de distribuição desse fármaco? Vd = 420 : 4 = 105dl ou 10,5l Ex2: Aplicou-se na veia do indivíduo 5g de insulina e a concentração plasmática obtida foi 100mg/dl. Qual é o volume de distribuição desse fármaco? Vd = 5000 : 100 = 50dl Se a concentração do fármaco for muito baixa no plasma ou no sangue e for muito alta nos tecidos, essa relação nos dá um volume de distribuição muito elevado. Isso acontece porque se tem a distribuição do fármaco em locais fora da circulação; geralmente ocorre com fármacos extremamente lipossolúveis, que se ligam fortemente a proteínas plasmáticas e que ficam impregnados nos tecidos. 2. Biodisponibilidade e taxa de absorção dos fármacos Considerando um fármaco administrado via oral, ele passa pelo intestino delgado e vai para o sistema porta-hepático (fígado). Posteriormente do fígado, ele cai para a circulação sistêmica e se distribui para todo o organismo. Na administração por via oral, tem-se de início 100% do fármaco; a partir do momento em que ele cai no trato gastrointestinal, pra ser absorvido pelo fígado, uma fração se perde (pode se associar ao bolo fecal, sendo na maioria dos fármacos uma fração desprezível). Então, absorve-se uma quantidade específica do fármaco menor do que foi administrado. No fígado, o fármaco sofre metabolização, e na circulação tem-se uma fração do fármaco que corresponde a fração de 100% administrada menos as frações perdidas (bolo fecal e metabolização do fármaco). A biodisponibilidade reflete a quantidade da fração ativa do fármaco que chegará efetivamente na circulação sistêmica. Ex1: Foram administrados 2g da droga via oral, com biodisponibilidade de 30% e taxa de ligação à proteína, resultando em 594mg ligados. Qual foi a quantidade absorvida pelo organismo e a dose livre da droga encontrada? Absorção = 30% de 2g = 600mg Dose livre = 600mg – 594mg = 6mg A taxa de absorção reflete a velocidade com que um fármaco atinge o pico de concentração plasmática. Quando se administra um fármaco por via oral, ele não é imediatamente absorvido; ele leva um tempo pra ser absorvido até atingir a concentração plasmática de pico naquela quantidade. 3. Meia-vida dos fármacos O tempo de meia-vida reflete o tempo necessário para se eliminar 50% da concentração de um fármaco do organismo em um dado instante. Ex1: Foram administrados 2g da droga via oral às 16h40, com absorção de 600mg e taxa de ligação à proteína, resultando em 594mg ligados e 6mg de dose livre. Qual é a dose de todas as frações da droga, se está droga tem meia-vida de 6h. *dose eficaz mínima: 6mg *dose letal: 20mg 17h 23h 5h 11h 17h 23h 5h 11h 17h total 600mg 300mg 150mg 75mg 37,5mg 18,7mg 9,3mg 4,68mg 2,34mg ligada 594mg 197mg 148,5mg 74,2mg 37,6mg 17,8mg 8,9mg 4,4mg 2,2mg livre 6mg 3mg 1,5mg 0,75mg 0,38mg 0,19mg 0,09mg 0,04mg 0,02mg Os efeitos da droga no organismo acabam quando a dose livre encontrada é menor que a dose eficaz mínima. 4. Estado de equilíbrio O estado de equilíbrio reflete um valor constante obtido em relação à taxa de administração e a depuração de um fármaco após múltiplas doses. Essa condição é obtida após alguns tempos de meia-vida. Ex1: Foram administrados 500mg da droga via oral de 8h em 8h. Qual é a concentração da droga no sangue nos horários de administração, sabendo que a primeira dose foi dada às 18h? 18h 02h 10h 18h 02h 10h 18h 02h 10h 18h 500mg 250mg 125mg 62,5mg 31mg 16mg 8mg 4mg 2mg 1mg -------- 500mg 250mg 125mg 62,5mg 31mg 16mg 8mg 4mg 2mg -------- -------- 500mg 250mg 125mg 62,5mg 31mg 16mg 8mg 4mg -------- -------- -------- 500mg 250mg 125mg 62,5mg 31mg 16mg 8mg -------- -------- -------- -------- 500mg 250mg 125mg 62,5mg 31mg 16mg -------- -------- -------- -------- -------- 500mg 250mg 125mg 62,5mg 31mg -------- -------- -------- -------- -------- -------- 500mg 250mg 125mg 62,5mg -------- -------- -------- -------- -------- -------- -------- 500mg 250mg 125mg -------- -------- -------- -------- -------- -------- -------- -------- 500mg 250mg Gráfico da concentração da droga no sangue ( 600 500 400 300 200 100 ) ( 18h 02h 10h 18h 02h 10h 18h 02h 10h 18h ) OBS1: Latência é o tempo decorrido do momento que o fármaco foi administrado até a concentração mínima necessária para exercer sua função. OBS2: T.c.max é o tempo que demora para que o fármaco atinja a maior concentração sanguínea. OBS3: Janela terapêutica é o tempo que a droga está exercendo sua função, ou seja, o tempo acima da concentração mínima. OBS4: A dose venosa é a massa que chegou na corrente sanguínea e pode ser calculada pela fórmula do VD ( VD=M/Q). OBS5: O cálculo da biodisponibilidade é feito com uma simples regra de 3, onde o total administrado por via oral (por exemplo) está para 100%, assim como a dose venosa/massa que chegou ao sangue está para X. A porcentagem encontrada será a biodisponibilidade.
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