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CONTRAVENÇÕES PENAIS

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Aula 10
Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
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CONTRAVENÇÕES PENAIS 
 
Sumário 
1 - Considerações Iniciais ................................................................................................. 3 
2 – Parte Geral das contravenções penais.. ........................................................................ 5 
3 - Parte Especial das Contravenções Penais......................................................................17 
4 - Lista de Questões sem comentários.............................................................................42 
5 - Lista de Questões com comentários.............................................................................46 
6 - Resumo..................................................................................................................53 
7 - Gabarito..................................................................................................................55 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CONTRAVENÇÕES PENAIS 
1 - Considerações Iniciais 
 
 A maioria das contravenções penais encontra-se prevista no Decreto-Lei 
nº 3688/1941. Tal diploma legal também é conhecido como Lei das 
Contravenções Penais e foi recepcionado pela Constituição Federal com status de 
lei ordinária. 
 
 Inicialmente, é importante falar um pouco sobre o gênero infração penal 
para depois realizar a necessária distinção entre crime e contravenção penal. 
 
 Conforme a sua gravidade, a expressão infração penal pode ser dividida em 
2 critérios: 
 
 
 
 
 
 Não há uma diferença estrutural ente crime e contravenção penal, 
porquanto ambos são fatos típicos e antijurídicos. A diferença entre eles reside 
apenas quanto ao grau de gravidade da conduta. Tanto assim o é que o jurista 
• a infração penal pode ter 3 espécies: crime,
delito e contravenção penal. Crime é a
denominação dada aos fatos ilicítos mais
graves. Delito é o nome dado menos aos
fatos ilícitos com sanções menos severas. Por
fim, contravenção penal refere-se aos fatos
ilícitos com as penas mais brandas. Repare
que esse critério diferencia crime do delito.
Não foi o critério adotado no Brasil.
Critério tricotômico
• a infração penal admite apenas duas
espécies: Crime (delito) ou contravenção
penal. São denominados de crimes os fatos
ilegais a que se cominam sanções mais
severas. Já as contravenções penais são
destinadas aos fatos menos graves. Nesse
critério não há distinção entre crime e delito.
Foi o critério adotado no Brasil.
Critério Dicotômico
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Nelson Hungria denominava a contravenção penal de “crime anão”, por ser um 
fato de menor gravidade e repercussão social. 
 
 De acordo com o art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal, considera-
se crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou detenção, quer 
isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; 
contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão 
simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente. 
 
 Reparem que o critério da cominação da sanção penal é o mais eficiente 
para saber quando uma infração penal é crime ou contravenção. O crime é 
sempre apenado com reclusão, detenção ou multa. Já a contravenção penal 
admite tão somente 2 sanções, quais sejam, prisão simples e multa. 
 
 Destaco ainda outras 3 importantes diferenças entre crime e 
contravenção penal. 
 
Ação Penal. Nos crimes a ação penal pode ser pública (condicionada ou 
incondicionada) e privada. Na contravenção penal a ação penal é sempre 
pública incondicionada (art. 17 do Dec-Lei 3688/41). 
Tentativa. No crime é perfeitamente possível a tentativa. Já na contravenção 
penal não há que se falar na figura tentada (art. 4º do Dec-Lei 3688/41). 
Extraterritorialidade. Os crimes praticados no exterior podem ser punidos 
no Brasil. Já a contravenção penal cometida no exterior não pode ser punida 
no Brasil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2 – Parte Geral das Contravenções Penais 
 
 
 
 
 
 Como se vê, esse artigo estabelece o princípio da especialidade, ou seja, 
diante de determinada situação aplica-se as regras contidas na Lei de 
Contravenções Penais (LCP) se existir regulação específica. Em outras palavras, 
aplica-se tão somente os comandos insertos no Código Penal (CP) quando a Lei 
de Contravenções Penais não tratar do assunto. Para exemplificar a questão basta 
notar que o Dec-Lei nº 3699/41 não previu as hipóteses de causas de justificação 
(excludentes de ilicitudes). Assim, com fundamento no art. 1º da LCP, aplica-se 
as regras descritas nos arts. 23/25 do CP para justificar uma absolvição de uma 
contravenção penal calcada em uma excludente de ilicitude (ex: legítima defesa). 
 
 Questão: É possível aplicar as regras da tentativa (art. 14, II, do CP) 
diante de uma contravenção penal? 
 
 A resposta é negativa, porquanto a LCP tratou do assunto em seu art. 4º 
(Não é punível a tentativa de contravenção). Logo, lei especial (Lei de 
Contravenções Penais) afasta a regra geral (Código Penal). 
 
 
 
 
 
 
 
 No que se refere ao assunto territorialidade, a LCP acolheu o critério da 
territorialidade exclusiva, isto é, o Decreto-Lei nº 3688/41 (Lei de 
Contravenções Penais) apenas tem aplicabilidade às contravenções penais 
ocorridas em território brasileiro. Repare que a extraterritorialidade da lei 
penal brasil é prevista apenas aos crimes quando presentes os pressupostos 
legais delineados no art. 7º do Código Penal. Em resumo, não há que se falar 
em extraterritorialidade para as contravenções penais. 
 
Art. 1º da LCP. Aplicam-se às contravenções as regras gerais do Código Penal, 
sempre que a presente Lei não disponha de modo diverso. 
Art. 2º A lei brasileira só é aplicável à contravenção praticada no território 
nacional. 
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 Questão: É possível conceder a extradição de estrangeiro pela prática de 
contravenção penal? 
 
 A resposta é negativa, vez que não há indispensável dupla tipicidade para 
a concessão do pedido extradicional, segundo posição firmada pelo STF. 
Vejamos: 
 
EXTRADIÇÃO. PEDIDO DE EXTENSÃO. 
PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE: 
IMPROCEDÊNCIA DA ALEGAÇÃO DE QUE 
CONSTITUI ÓBICE À CONCESSÃO DA 
EXTENSÃO. IMPOSSIBILIDADE DE RENÚNCIA A TAL PRINCÍPIO. 
EXPLORAÇÃO ILÍCITA DE JOGO E EXPOSIÇÃO ILÍCITA DE MATERIAL DE 
JOGO: FATOS QUE NÃO CONFIGURAM CRIMES NO BRASIL, MAS 
CONTRAVENÇÕES PENAIS. FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTOS: 
REGULARIDADE FORMAL DO PEDIDO DE EXTENSÃO. 
 1. O princípio da especialidade (artigo 91, I, da Lei n. 6.815/80) não é obstáculo 
ao deferimento do pedido de extensão. A regra que se extrai do texto normativo 
visa a impedir, em benefício do extraditando, que o Estado requerente instaure 
contra ele --- sem o controle de legalidade pelo Supremo Tribunal Federal --- 
ação penal ou execute pena por condenação referente a fatos anteriores àqueles 
pelos quais foi deferido o pleito extradicional. Precedentes.2. O pedido de renúncia ao princípio da especialidade é irrelevante, porque não 
tem a virtude de afastar o controle de legalidade do pleito extradicional a cargo 
do Supremo Tribunal Federal. Precedentes. 
3. A exploração ilícita de jogo e a exposição ilícita de material de jogo configuram 
contravenções penais no ordenamento jurídico brasileiro. A extensão, nesse 
ponto, não pode ser concedida, por expressa vedação do artigo 77, II, da Lei n. 
6.815/80. 
4. O pedido de extensão quanto ao crime de falsificação de documentos obedece 
aos requisitos formais. Extensão deferida, em parte. (Ext 787 extensão, 
Relator: Min. EROS GRAU, Tribunal Pleno, julgado em 23/03/2006, DJ 28-04-
2006 PP-00005 EMENT VOL-02230- PP-00001) 
 
 
 
 
 
Art. 3º da LCP. Para a existência da contravenção, basta a ação ou omissão 
voluntária. Deve-se, todavia, ter em conta o dolo ou a culpa, se a lei faz 
depender, de um ou de outra, qualquer efeito jurídico. 
 
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 É sabido que em relação aos crimes, a conduta é classificada como dolosa 
ou culposa. Em relação à contravenção penal, o art. 3º da LCP exige somente a 
ação ou omissão voluntária, pouco importando a aferição de dolo ou culpa, ou 
seja, não é feita uma análise sobre a real intenção do agente. É o que a doutrina 
chamou de voluntariedade, bastando tão somente a vontade de praticar a 
conduta descrita no tipo, independente da intenção do agente. Essas 
contravenções penais são chamadas de típicas ou próprias. 
 
 Contudo, há situações expressamente previstas na Parte Especial da Lei de 
Contravenções Penais que exigem a ocorrência de dolo ou culpa. Essas 
contravenções penais são denominadas de atípicas ou impróprias, pois incluem o 
dolo ou culpa em sua descrição típica. Exemplo: art. 26 da LCP – contravenção 
penal de violação de lugar ou objeto (Abrir, alguém, no exercício de profissão de 
serralheiro ou ofício análogo, a pedido ou por incumbência de pessoa de cuja 
legitimidade não se tenha certificado previamente, fechadura ou qualquer outro 
aparelho destinado à defesa de lugar ou objeto). A conduta culposa deriva do 
fato de o agente não se certificar da legitimidade da pessoa que solicitou a 
abertura da fechadura. 
 
 Esse art. 3º da LCP é muito criticado pela doutrina, sobretudo após a 
reforma penal de 1984 com a proibição da responsabilidade penal 
objetiva, ou seja, para que alguém sofra uma sanção penal deve agir com 
dolo ou culpa. Vejamos a lição do professor Damásio de Jesus: “Adotada a 
teoria finalista da ação e vedada a responsabilidade objetiva pela reforma penal 
de 1984, o disposto na última parte do art. 3º, em que se diz prescindir a 
contravenção de dolo ou culpa, salvo casos excepcionais, está superado: a 
contravenção, assim como o crime, exige dolo ou culpa, conforme a descrição 
típica. O dolo se apresenta como elemento subjetivo implícito no tipo; a culpa, 
como elemento normativo. Ausentes, o fato é atípico. Veja-se, entretanto, que a 
admissão da modalidade culposa, nas contravenções, é diferente do sistema do 
Código Penal. Neste, a culpa deve ser expressa (art. 18, parágrafo único). Nas 
hipóteses em que a infração é culposa, a Lei das Contravenções Penais não 
emprega as expressões usuais do Código Penal, como ‘se o crime é culposo’, ‘no 
caso de culpa’ etc. A existência da modalidade culposa, nas contravenções, 
decorre da própria descrição legal do fato. Ex.: ‘dar causa a desabamento de 
construção por erro no projeto’ (art. 31, caput). A culpa decorre da própria 
natureza do fato definido na norma. É necessário, portanto, que a lei 
contravencional contenha referência à modalidade culposa, empregando termos 
indicativos da ausência de cuidado na realização da conduta. Ausentes, significa 
que a contravenção só admite dolo, sendo atípico o fato culposo. Assim, as vias 
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de fato são estritamente dolosas, uma vez que o art. 21 da Lei das Contravenções 
Penais não contém redação recepcionando o comportamento culposo”1. 
Recomendo adotar a posição do professor Damásio Evangelista de Jesus. 
 
 
 
 É certo que a maioria das contravenções penais são unissubsistentes, isto 
é, consumam-se com um único ato executório. Portanto, incompatíveis com a 
tentativa. 
 Todavia, por motivo de política criminal ante a inexpressiva potencialidade 
lesiva, o legislador optou por afastar a tentativa de todas as contravenções 
penais, inclusive daquelas plurissubsistentes (aquelas em que se dá mediante 
mais de 1 ato executório). Embora no plano fático fosse possível uma tentativa 
de vias de fato (contravenção penal descrita no art. 21 da LCP), a figura tentada 
é inadmissível com base em expressa previsão legal. Exemplo: O agente é 
impedido de dar um soco em outrem. Esse fato não será punível, por força do 
art. 4º da LCP. 
 
 
 
 
 
 A pena de prisão simples deve ser cumprida, sem rigor penitenciário, 
em estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, em regime 
semiaberto ou aberto (art. 6º, caput, da LCP). O preso ficará sempre separado 
dos condenados a penas de reclusão ou detenção (art. 6º, § 1º, da LCP). O 
trabalho é facultativo, se a pena não excede a 15 (quinze) dias (art. 6º, §2º, da 
LCP). 
 
 Questão: É possível decretar a prisão preventiva de agente que pratica 
contravenção penal? 
 
 A resposta é negativa, vez que a prisão preventiva é cabível apenas aos 
crimes, conforme ressalva expressa contida no art. 312, caput, do CPP (A prisão 
preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem 
econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação 
 
1 JESUS, Damásio de. Lei das contravenções penais anotada. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2001. 
Art. 4º da LCP. Não é punível a tentativa de contravenção. 
 
Art. 5º da LCP. As penas principais são: 
I — prisão simples; 
II — multa. 
 
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da lei penal, quando houve prova da existência do crime e indício suficiente de 
autoria). 
 
 Adota-se as regras do art. 11 do CP2 também nas contravenções penais. 
Com isso, desprezam-se na pena de prisão simples as frações de dia. 
 
 No tocante à pena de multa, não é demais lembrar que atualmente o seu 
valor não pode ser mensurado em contos de réis ou cruzeiros. No ponto, adota-
se a mesma regra do critério do dia-multa descrito no Código Penal, tanto 
pela quantidade (10 a 360 dias-multa) quanto pelo valor (um trigésimo a cinco 
vezes o salário mínimo vigente no país). Por oportuno, lembre-se que para a 
fixação do número de dias-multa é levado em conta as circunstâncias judiciais 
(art. 59 do CP). Já quanto ao valor de cada dia-multa é utilizado o critério da 
situação econômica do condenado, segundo estabelece o art. 60, caput, do CP. 
 
 
 Determina o art. 9º da LCP de que a multa é convertida em prisão simples, 
de acordo com o que dispõe o Código Penal sobre a conversão de multa em 
detenção. Pois bem. Desde já é importante destacar que o art. 9º da LCP foi 
revogado pelo art. 51 do CP, com redação dada pela lei nº 9268/96, eis 
que a referida conversão atualmente não é mais possível. Assim, em caso 
de não pagamento, a multa deve ser executada em observância à legislação 
tributária. 
 
 
 
 Questão: Qual é o prazo de duração da pena de prisão simples? 
 
 A duração da pena de prisãosimples não pode, em caso algum, ser 
superior a cinco anos (art. 10 da LCP). Esse limite de 5 anos é aplicado também 
em caso de concurso de contravenções penais. 
 
 
 
 
 
2 Art. 11 do CP: Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as 
frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro. 
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 Para melhor entender esse artigo devemos conjugá-lo com o art. 63 do 
Código Penal3. Vejamos as possíveis situações envolvendo a reincidência: 
 
1ª situação: O agente pratica nova contravenção penal após ter sido 
condenado por sentença transitada em julgado por contravenção penal no 
Brasil. É reincidente (art. 7º da LCP) 
2ª situação: O agente que pratica nova contravenção penal após ter sido 
condenado por sentença transitada em julgado por contravenção penal no 
exterior. Não é considerado reincidente, porquanto essa situação não foi 
prevista no art. 7º da LCP. 
3ª situação: O agente que comete crime após ter sido condenado por 
sentença transitada em julgado por contravenção penal. Não é considerado 
reincidente, porquanto essa situação não foi prevista no art. 7º da LCP e nem 
no art. 63 do CP. 
4ª situação: O agente que comete crime após ter sido condenado por 
sentença transitada em julgado por crime no Brasil ou no exterior. É 
reincidente, nos exatos termos do art. 63 do CP. 
5ª situação: O agente que comete contravenção penal após ter sido 
condenado por sentença transitada em julgado por crime, no Brasil ou no 
exterior. É considerado reincidente, com base no art. 7º LCP. 
 
 
 
 
 
 Esse dispositivo legal da LCP versa sobre uma hipótese de perdão judicial 
quando restar caracterizado o desconhecimento escusável da lei pelo agente. 
Lembre-se que esse desconhecimento é considerado escusável quando o agente, 
ainda que tivesse realizado um esforço normal, não teria condições de conhecer 
a ilicitude do fato. Assim, reconhecido o perdão judicial, o magistrado deve 
declarar extinta a punibilidade, nos exatos termos do art. 107, IX, do Código 
Penal. 
 
 
3 Art. 63 do CP: Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar 
em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior. 
Art. 7º da LCP. Verifica-se a reincidência quando o agente pratica uma 
contravenção depois de passar em julgado a sentença que o tenha condenado, 
no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou, no Brasil, por motivo de 
contravenção. 
Art. 8º da LCP. No caso de ignorância ou de errada compreensão da lei, 
quando escusáveis, a pena pode deixar de ser aplicada. 
 
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 É importante consignar a posição do professor Damásio Evangelista 
de Jesus que defende a revogação desse dispositivo legal desde a 
reforma penal de 1984, nos seguintes termos: “O art. 8º da Lei das 
Contravenções Penais foi elaborado na mesma época do antigo art. 16 do Código 
Penal. Esse artigo dizia ser irrelevante o erro de direito quanto aos crimes, ainda 
que fosse escusável. Com a reforma penal de 1984, ele foi substituído pelo art. 
21, que trata do chamado erro de proibição. Nesse dispositivo, o legislador diz 
que o erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável (isto é, escusável), exclui a 
culpabilidade, devendo o réu ser absolvido. Ora, se no crime, que é infração mais 
grave, o desconhecimento escusável da lei exclui a culpabilidade, seria injusto 
que nas contravenções, infrações de menor gravidade, tal circunstância 
funcionasse como mero perdão judicial.4” Com esse posicionamento o referido 
jurista defende que o correto seria reconhecer a exclusão da culpabilidade se o 
desconhecimento da lei for escusável. Entendimento que recomendo adotar em 
prova. 
 
 
 
 
 
 Esse dispositivo legal versa sobre os benefícios do sursis e do livramento 
condicional envolvendo contravenção penal. 
 
 Os requisitos para a concessão do sursis são idênticos os previstos no art. 
77 do Código Penal: 
 
 
a) pena fixada na sentença não seja superior a 2 anos; 
b) não seja cabível a substituição por pena restritiva de direitos; 
c) o agente não seja reincidente; 
d) as circunstâncias judicias do art. 59 do CP sejam favoráveis ao 
agente. 
 
 
 A diferença reside no tempo de duração período de prova. Enquanto no 
CP o período de prova é de 2 a 4 anos. Na LCP esse período de prova é de 1 a 
3 anos. 
 
 OBS: As causas de revogação e prorrogação do sursis envolvendo 
contravenção penal também são as mesmas daquelas previstas no Código Penal. 
 
4 JESUS, Damásio de. Lei das contravenções penais anotada. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2001. 
Art. 11 da LCP. Desde que reunidas as condições legais, o juiz pode 
suspender, por tempo não inferior a um ano nem superior a três, a execução 
da pena de prisão simples, bem como conceder livramento condicional. 
 
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 Também é possível a concessão de livramento condicional quando o agente 
praticar uma contravenção penal após o cumprimento dos requisitos 
estabelecidos no art. 83 do Código Penal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Desde já devo pontuar que esse artigo foi revogado tacitamente pela Lei nº 
7.209/84, diploma legal responsável por realizar a reforma da parte geral do CP. 
Com isso, não há que se falar atualmente em penas acessórias na seara da 
legislação penal comum. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 De pronto, devo pontuar que a medida de segurança do exílio local (art. 13 
da LCP), assim como a liberdade vigiada (art. 16, § único, da LCP) foram 
revogadas pela reforma penal de 1984, sendo tais medidas extirpadas do 
nosso ordenamento jurídico. 
 
Art. 12 da LCP. As penas acessórias são a publicação da sentença e as 
seguintes interdições de direitos: 
I — a incapacidade temporária para profissão ou atividade, cujo exercício 
dependa de habilitação especial, licença ou autorização do poder público; 
 
II — a suspensão dos direitos políticos. 
Parágrafo único. Incorrem: 
a) na interdição sob n. I, por um mês a dois anos, o condenado por motivo de 
contravenção cometida com abuso de profissão ou atividade ou com infração 
de dever a ela inerente; 
b) na interdição sob n. II, o condenado a pena privativa de liberdade, enquanto 
dure a execução da pena ou a aplicação da medida de segurança detentiva. 
 
Art. 13 da LCP. Aplicam-se, por motivo de contravenção, as medidas de 
segurança estabelecidas no Código Penal, à exceção do exílio local. 
Art. 16 da LCP. O prazo mínimo de duração da internação em manicômio 
judiciário ou em casa de custódia e tratamento é de 6 meses. 
Parágrafo único. O juiz, entretanto, pode, ao invés de decretar a internação, 
submeter o indivíduo a liberdade vigiada. 
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 A medida de segurança descrita no CP, por sua vez, é classificada em 
duas espécies: 
A) Detentiva – refere-se à internação em hospital de custódia e 
tratamento psiquiátrico. Essa medida de segurança é obrigatória aos 
condenados com penas de reclusão; 
 
B) Restritiva – diz respeito ao tratamento ambulatorial. Nesse caso nãohá internação, o agente permanece livre, porém realizando tratamento 
em clínica psiquiátrica. OBS: Nos crimes apenados com detenção caberá 
ao magistrado decidir pela sujeição, ou não, ao tratamento ambulatorial. 
Para tanto, o magistrado levará em conta o grau de periculosidade. 
 
Existe um prazo mínimo de internação ou de tratamento ambulatorial, que 
é, de acordo com o CP, de 1 a 3 anos. Transcorrido esse prazo mínimo, o 
acusado é submetido a uma perícia médica para verificar se cessou, ou não, a 
periculosidade do agente. Caso não seja caso de desinternação/liberação 
condicional ao fim do período mínimo, a perícia será renovada anualmente ou a 
qualquer tempo, se assim determinar o Juízo da Execução. A internação, ou 
tratamento ambulatorial, será por prazo indeterminado quanto ao limite máximo. 
 
 Pois bem. Esse prazo de internação será de 6 meses a 3 anos em caso 
de contravenção penal, nos termos do art. 16, caput, da LCP, c.c os arts. 97, 
§1º, e 98 do CP. Na escolha do período, o juiz levará em conta a gravidade da 
contravenção penal cometida. 
 
Questão: Se ao final do período mínimo a perícia concluir pela cessação 
da periculosidade? 
Nesse caso ao agente será concedida a desinternação ou a liberação 
condicional. Durante o período de um ano após a desinternação ou a liberação 
condicional, o agente será fiscalizado acerca de sua periculosidade. Se nesse 
período de 1 ano o agente voltar a praticar fato revelador de sua periculosidade, 
o Juiz deverá restabelecer a medida de segurança. 
 
 
 
 
Art. 14 da LCP. Presumem-se perigosos, além dos indivíduos a que se 
referem os ns. I e II do art. 78 do Código Penal: 
I — o condenado por motivo de contravenção cometido, em estado de 
embriaguez pelo álcool ou substância de efeitos 
análogos, quando habitual a embriaguez; 
II — o condenado por vadiagem ou mendicância. 
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Esse dispositivo legal que versa a presunção de periculosidade foi 
revogado tacitamente pela Lei nº 7209/84, diploma legal responsável por 
realizar a reforma da parte geral do Código Penal. Não há que se falar nos dias 
atuais em presunção de periculosidade. 
 
 
 
 
 
 Também estamos diante de outro dispositivo legal que foi revogado pela 
Lei nº 7209/84. 
 
 
 
 
 
 
 Inicialmente, vale destacar que o art. 26 do CPP estabelecia que a ação 
penal em sede de contravenção penal era deflagrada por auto de prisão em 
flagrante delito ou por portaria confeccionada pela autoridade judiciária. Ocorre 
que o referido dispositivo legal do CPP sequer foi recepcionado pela 
Constituição Federal, porquanto o art. 129, I, da CF5 estabeleceu ao 
Ministério Público a titularidade da ação penal pública. 
 
 A ação penal em caso envolvendo contravenção penal é sempre pública e 
incondicionada. Vale dizer, é promovida pelo Ministério Público com o 
oferecimento da denúncia e independente de qualquer condicionante para a 
deflagração da persecução penal. 
 
 Chamo ainda atenção para destacar que todas as contravenções penais são 
infrações penais de menor potencial ofensivo (art. 61 da Lei nº 9099/956). 
Praticado uma infração penal de menor potencial ofensivo, a autoridade policial 
determina a lavratura do termo circunstanciado de ocorrência (TCO), ou 
seja, um procedimento muito mais célere e simplificado quando cotejado com o 
inquérito policial. Em outras palavras, não há que se falar em instauração de 
 
5 Art. 129 da CF: São funções institucionais do Ministério Público: 
I – promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; 
6 Art. 61 da Lei nº 9099/95: Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para 
os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não 
superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. 
Art. 15 da LCP. São internados em colônia agrícola ou em instituto de 
trabalho, de reeducação ou de ensino profissional, pelo prazo mínimo de um 
ano: 
I — o condenado por vadiagem (art. 59); 
II — o condenado por mendicância (art. 60 e seu parágrafo). 
Art. 17 da LCP. A ação penal é pública, devendo a autoridade proceder de 
ofício. 
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inquérito policial para apuração de contravenção penal. Todavia, nada obsta que 
após a lavratura do Termo Circunstanciado de Ocorrência seja determinada a 
instauração de um inquérito policial para a análise da mesma conduta diante da 
complexidade da causa (pluralidade de acusados ou perícia complexa) ou em 
caso de conexão ou continência de infração penal de menor potencial ofensivo 
com infração penal comum. 
 
 Nas palavras dos professores Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar, 
Termo circunstanciado de ocorrência consiste em uma investigação 
simplificada, com o resumo das declarações das pessoas envolvidas e 
das testemunhas e, eventualmente com a juntada de exame de corpo de 
delito para os crimes que deixam vestígios. Objetiva-se como se infere, 
coligir elementos que atestem autoria e materialidade delitiva, ainda que 
de forma sintetizada. Nos autos do termo circunstanciado de ocorrência, o 
delegado tomará o compromisso do autuado de comparecer ao juizado 
especial em dia e horário designados previamente.7 Somente em caso de 
recusar em assinar esse compromisso será lavrado auto de prisão em flagrante 
delito. 
 
 Na audiência preliminar, presente o representante do Ministério Público, o 
autor do fato e a vítima e, se possível, o responsável civil, acompanhados por 
seus advogados, o Juiz esclarecerá sobre a possibilidade da composição dos 
danos e da aceitação da proposta de aplicação imediata de pena não privativa de 
liberdade (transação penal). 
 Tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso 
de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena 
restritiva de direitos ou multas (transação penal), a ser especificada na proposta. 
Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz 
aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, 
sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de 
cinco anos. Da sentença homologatória da transação penal caberá a apelação, 
nos termos do art. 82 da Lei nº 9099/95. 
 
 
7 TÁVORA, Nestor; RODRIGUES ALENCAR, Rosmar. Curso de Direito Processual Penal. 11ª edição. 
Salvador: Editora JusPodvm: 2016, p. 1186 
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 Se não ocorrer a transação penal pela ausência do autor ou pelo não 
preenchimento dos requisitos legais para a concessão de referido instituto 
despenalizador, o MP oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver 
necessidade de diligências imprescindíveis. Daí o rito a ser observado é o 
sumaríssimo descrito nos arts. 77/81, todos da Lei nº 9099/95. 
 
 OBS: Não se aplica a Lei nº 9099/95 em caso de contravenções 
penais praticados no âmbito de violência doméstica e familiar contra a 
mulher, por força do art. 41 da Lei 11340/068. Exemplo: Contravenção de Vias 
de fato (art. 21 da LCP) praticada contra a mulher não terá a incidência da Lei nº 
9099/95. 
 
 Questão: A Justiça Federal de 1º grau de jurisdição tem competência para 
processar e julgar algum fato contravencional? 
 
 A resposta é negativa. De acordo com oart. 109, VI, da Constituição 
Federal, a Justiça Federal não tem competência para processar e julgar 
contravenção penal, ainda que tal fato viole bens, serviços ou interesses da União 
Federal, suas autarquias, ou empresas públicas. Essa proibição alcança também 
a contravenção penal que for conexa com algum delito de competência da Justiça 
Federal, aplicando-se, na espécie, a separação de processos. Por oportuno, vale 
destacar a súmula 38 do STJ: 
 
 
 
 
 
 OBS: Todavia se o autor da contravenção penal for pessoa com 
prerrogativa de foro (ex: juiz federal ou procurador da república), a competência 
para processar e julgar esse fato contravencional será do Tribunal Regional 
Federal, em razão do previsto no art. 108, I, “a”, da Constituição Federal. Repare 
que o critério funcional se sobrepõe à competência material. 
 
8 Art. 41 da Lei 11340/06: Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a 
mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9099, de 26 de setembro de 
1995. 
Súmula 38 do STJ: Compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da 
Constituição de 1988, o processo por contravenção penal, ainda que praticada 
em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades. 
 
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3 – Parte Especial das Contravenções Penais 
 
 A parte especial da Lei de Contravenções Penais é dividida em 8 capítulos: 
Capítulo I — Das Contravenções Referentes à Pessoa; Capítulo II — Das 
Contravenções Referentes ao Patrimônio; Capítulo III — Das Contravenções 
Referentes à Incolumidade Pública; Capítulo IV — Das Contravenções Referentes 
à Paz Pública; Capítulo V — Das Contravenções Referentes à Fé Pública; Capítulo 
VI — Das Contravenções Relativas à Organização do Trabalho; Capítulo VII — 
Das Contravenções relativas à Polícia de Costumes; Capítulo VIII — Das 
Contravenções Referentes à Administração Pública. 
 
 Abordaremos as principais contravenções penais. 
 
 
DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS REFERENTES À PESSOA 
 
Fabrico, comércio ou detenção de arma ou munição 
 
 
 
 
 
 
 Com o advento do Estatuto do Desarmamento, essa contravenção penal 
passou a ter aplicabilidade apenas para as armas brancas (punhal, espada, faca, 
etc.). Vale dizer, o fabrico, comércio e a detenção de arma de fogo ou munição é 
crime tipificado na Lei 10826/03. 
 
 Objetividade jurídica. Tal contravenção tem como objetividade jurídica 
manter intacta a integridade física e psíquica da população, evitando-se também 
a prática de crimes mais graves (lesão corporal, homicídio, etc.). Cuida-se de 
infração de perigo abstrato. 
 
Art. 18 da LCP: Fabricar, importar, exportar, ter em depósito ou vender, sem 
permissão da autoridade, arma ou munição: 
Pena — prisão simples, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas 
cumulativamente, se o fato não constitui crime contra a ordem política ou social. 
 
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 Sujeito ativo. Cuida-se de contravenção comum, isto é, pode ser cometida 
por qualquer pessoa. 
 
 Elementos objetivos. São 5 condutas descritas no tipo penal. Fabricar 
significa produzir. Importar é ingressar com o objeto material no território 
nacional. Exportar é sair com o objeto material do território nacional. Ter em 
depósito é manter o objeto material sob sua responsabilidade. Vender é negociar 
com o intuito de lucro. 
 
 OBS: Somente configura essa contravenção penal as armas brancas 
próprias, ou seja, apenas aquelas empregadas como ferramenta de ataque. 
 
 Elemento subjetivo. É o dolo, ou seja, vontade livre e consciente de 
praticar o fato descrito no tipo. 
 
Porte de arma 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Com o advento do Estatuto do Desarmamento, essa contravenção penal 
passou a ter aplicabilidade apenas para as armas brancas (punhal, espada, faca, 
etc.). Vale dizer, a posse e o porte de arma de fogo, acessório ou munição é 
crime tipificado na Lei 10826/03. 
 
 Objetividade jurídica. Tal contravenção tem como objetividade jurídica 
manter intacta a integridade física e psíquica da população, evitando-se também 
a prática de crimes mais graves (lesão corporal, homicídio, etc.). Cuida-se de 
infração de perigo abstrato. 
 
Art. 19 da LCP: Trazer consigo arma fora de casa ou de dependência desta, sem 
licença da autoridade: 
 
Pena — prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou multa, ou ambas 
cumulativamente. 
§1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até ½ (metade), se o agente já foi 
condenado, em sentença irrecorrível, por violência contra a pessoa. 
§2º Incorre na pena de prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, ou 
multa, quem, possuindo arma ou munição: 
a) deixa de fazer comunicação ou entrega à autoridade, quando a lei o determinada; 
b) permite que alienado, menor de 18 anos, ou pessoa inexperiente no manejo de 
arma a tenha consigo; 
 
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 Sujeito ativo. Cuida-se de contravenção comum, isto é, pode ser cometida 
por qualquer pessoa. 
 
 Elementos objetivos. Trazer consigo arma significa ter a arma próxima 
para poder usá-la a qualquer momento para ataque ou defesa. 
 
 OBS: Somente configura essa contravenção 
penal as armas brancas próprias, ou seja, 
apenas aquelas empregadas como ferramenta de 
ataque. 
 
 Elemento subjetivo. É o dolo, ou seja, vontade livre e consciente de 
praticar o fato descrito no tipo. 
 
 Causa de aumento. É causa de aumento de pena de 1/3 até ½, se o 
agente já foi condenado, em sentença irrecorrível (transitada em julgado), por 
violência contra a pessoa. Exemplo: O agente já tiver uma condenação com 
manto da coisa julgada por um delito de homicídio. 
 
 Figura equiparada. A pena também será de 15 (quinze) dias a 3 (três) 
meses, ou multa, quem, possuindo arma ou munição: a) deixa de fazer 
comunicação ou entrega à autoridade, quando a lei o determinada; b) permite 
que alienado, menor de 18 anos, ou pessoa inexperiente no manejo de arma a 
tenha consigo; 
 
Anúncio de meio abortivo 
 
 
 
 
 
 
 Com essa contravenção penal, o legislador visou proteger a vida 
intrauterina, ou seja, a vida do feto no interior do útero. 
 
 Sujeito ativo. Cuida-se de contravenção comum, isto é, pode ser cometida 
por qualquer pessoa. 
 
Art. 20 da LCP: Anunciar processo, substância ou objeto destinado a provocar 
aborto. 
Pena — multa. 
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 Elementos objetivos. Anunciar significa tornar público. Processo, 
substância ou objeto destinado a provocar o aborto diz respeito a qualquer meio 
de divulgação (rádio, jornal, etc.) empregado para divulgar técnicas para 
interromper a gravidez com a consequente morte do produto da concepção. Para 
configuração dessa contravenção penal é indispensável que essa divulgação 
alcance um número indeterminado de pessoas. 
 
 Elemento subjetivo. É o dolo, ou seja, vontade livre e consciente de 
praticar o fato descrito no tipo. 
 
 Vias de fato 
 
 
 
 
 
 
 Com essa contravenção penal, o legislador visou proteger a incolumidade 
pessoal. 
 
 Sujeito ativo. Cuida-se de contravenção comum, isto é, pode ser cometida 
por qualquerpessoa. 
 
 Elemento objetivo. Praticar vias de fato significa em realizar violência ou 
esforço físico sem a intenção de produzir dano à integridade corporal de outrem. 
O agente atua sem a intenção de lesionar (animus laedendi). 
 
 Elemento subjetivo. É o dolo, ou seja, vontade livre e consciente de 
praticar o fato descrito no tipo. 
 
 Questão: Qual é a diferença entre vias de fato e tentativa de lesão 
corporal? 
 
 A diferença nesse caso reside no elemento subjetivo do agente. Se há a 
vontade de lesionar outrem (animus laedendi), o agente responderá por tentativa 
de lesão corporal (art. 129, caput, c.c o art. 14, II, ambos do CP). De outro lado, 
se o agente não tem a intenção de lesionar (animus laedendi) responderá pela 
contravenção penal de vias de fato (art. 21 da LCP). 
 
Art. 21 da LCP: Praticar vias de fato contra alguém: 
Pena — prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, se o fato não 
constitui crime. 
Parágrafo único. Aumenta-se a pena de um terço até a metade, se a vítima é 
maior de 60 anos. 
 
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A contravenção penal de vias de fato é infração penal 
subsidiária, ou seja, somente haverá tal contravenção penal se a violência 
empregada pelo agente não for meio de execução de um crime. É o próprio 
preceito secundário do art. 21 da LCP que realiza essa ressalva (se o fato não 
constitui crime) - princípio da subsidiariedade expressa. Exemplo: Não há 
que se falar em contravenção penal de vias de fato se o agente empregou a 
violência para praticar o delito de estupro. 
 
 Causa de aumento. A pena será aumentada de 1/3 até ½ se a vítima for 
maior de 60 anos. Essa majorante foi acrescentada pelo Estatuto do Idoso (Lei 
10741/03). 
 
 Ação Penal. Com o advento da Lei nº 9099/95 que passou a exigir 
representação para os crimes de lesão corporal leve, ou seja, transformou um 
crime de ação penal pública incondicionada em ação penal pública condicionada 
a representação, vários juristas passaram a sustentar que a contravenção penal 
de vias de fato (infração penal de menor gravidade), por analogia in bonam 
partem, também deveria ser de ação penal pública condicionada. Todavia, esse 
entendimento não foi acolhido pelo STJ, que manteve firme sua posição no 
sentido de que a contravenção penal de vias de fato é ação penal pública 
incondicionada, nos exatos termos do art. 17 da LCP. Vejamos: 
 
PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM 
RECURSO ESPECIAL. VIAS DE FATO EM 
AMBIENTE DOMÉSTICO. AÇÃO PENAL 
PÚBLICA INCONDICIONADA. 
1. Nas contravenções penais de vias de fato, praticadas no âmbito das relações 
domésticas e familiares, a ação penal é pública incondicionada, nos termos do 
art. 17 da Lei de Contravenções Penais, que não foi alterado pela Lei n. 
9.099/1995, nem pela Lei n. 11.340/2006. Precedentes. 
2. Agravo regimental desprovido. 
(AgRg no AREsp 1036763/SP, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, 
SEXTA TURMA, julgado em 06/04/2017, DJe 20/04/2017) 
 
 
 
 
 
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DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS REFERENTES AO PATRIMÔNIO 
 
Instrumento de emprego usual na prática de furto 
 
 
 
 
 
 
 Com essa contravenção penal, o legislador visou proteger o patrimônio. 
 
 Sujeito ativo. Cuida-se de contravenção comum, isto é, pode ser cometida 
por qualquer pessoa. 
 
 Elemento objetivo. Fabricar é produzir. Ceder é fornecer. Vender é 
negociar com o intuito de lucro. É uma contravenção de ação múltipla. Assim, 
se o agente praticar mais de uma conduta descrita no tipo penal, no mesmo 
contexto fático, em homenagem ao princípio da alternatividade, incorrerá numa 
única contravenção penal. 
 
 Gazua corresponde a chave falsa, ou seja, ferramenta apta a abrir 
fechadura ou cadeado. Exemplos de outro instrumento normalmente empregado 
para a prática de furto: Pés-de-cabra, alavanca, etc. 
 
 Questão: O agente que fabrica uma gazua e, em seguida, pratica o delito 
de furto responderá por quantas infrações penais? 
 
 Nesse caso o agente responderá apenas pelo delito de furto qualificado (art. 
155, § 4º, III, do Código Penal. Em homenagem ao princípio da consunção, a 
contravenção penal é absorvida pelo crime de furto, pois funcionou como mero 
meio para a execução da infração penal mais grave. 
 
 Elemento subjetivo. É o dolo, ou seja, vontade livre e consciente de 
praticar o fato descrito no tipo. 
 
 
 
 
Art. 24 da LCP: Fabricar, ceder ou vender gazua ou instrumento empregado 
usualmente na prática de crime de furto: 
Pena — prisão simples, de seis meses a dois anos, e multa. 
 
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Posse não justificada de instrumento de emprego usual na prática de 
furto 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Cabe apontar que o Supremo Tribunal Federal, em 03 de outubro de 2013, 
ao julgar o recurso extraordinário de nº 583523 declarou que esse dispositivo 
legal não foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988 por malferir 
os princípios da dignidade humana (art. 1º, III, da CF) e da isonomia (art. 5º, 
caput, e I, da Constituição Federal). Esse foi o julgado: 
 
Recurso extraordinário. Constitucional. Direito 
Penal. Contravenção penal. 2. Posse não justificada 
de instrumento de emprego usual na prática de 
furto (artigo 25 do Decreto-Lei n. 3.688/1941). Réu 
condenado em definitivo por diversos crimes de furto. Alegação de que o tipo não 
teria sido recepcionado pela Constituição Federal de 1988. Arguição de ofensa 
aos princípios da isonomia e da presunção de inocência. 3. Aplicação da 
sistemática da repercussão geral – tema 113, por maioria de votos em 
24.10.2008, rel. Ministro Cezar Peluso. 4. Ocorrência da prescrição intercorrente 
da pretensão punitiva antes da redistribuição do processo a esta relatoria. 
Superação da prescrição para exame da recepção do tipo contravencional pela 
Constituição Federal antes do reconhecimento da extinção da punibilidade, por 
ser mais benéfico ao recorrente. 5. Possibilidade do exercício de fiscalização da 
constitucionalidade das leis em matéria penal. Infração penal de perigo abstrato 
à luz do princípio da proporcionalidade. 6. Reconhecimento de violação aos 
princípios da dignidade da pessoa humana e da isonomia, previstos nos artigos 
artigos 1º, inciso III; e 5º, caput e inciso I, da Constituição Federal. Não recepção 
do artigo 25 do Decreto-Lei 3.688/41 pela Constituição Federal de 1988. 7. 
Recurso extraordinário conhecido e provido para absolver o recorrente nos 
termos do artigo 386, inciso III, do Código de Processo Penal. (RE 583523, 
Relator: Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 03/10/2013) 
 
Violação de lugar ou objeto 
Art. 25 da LCP: Ter alguém em seu poder, depois de condenado por crime de 
furto ou roubo, ou enquanto sujeito à liberdade vigiada ou quando conhecido 
como vadio ou mendigo, gazuas, chaves falsas ou alteradas ou instrumentos 
empregados usualmente na prática de crime de furto, desde que não prove 
destinação legítima: 
Pena — prisão simples, de dois meses a um ano, e multa. 
 
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 Com essa contravenção penal, o legislador visou proteger o patrimônio. 
 
 Sujeito ativo. Cuida-se de contravenção própria,pois o tipo penal exige 
uma qualidade especial do sujeito ativo, qual seja, deve estar no exercício de 
profissão de serralheiro ou ofício análogo (ex: chaveiro) que é chamado para 
abrir uma fechadura ou qualquer outro aparelho destinado à defesa de lugar ou 
objeto. 
 
 Elemento objetivo. Abrir fechadura ou qualquer outro aparelho destinado 
à defesa de lugar (ex:casa, loja, etc.) ou objeto (automóvel, motocicleta, etc.). 
Cuida-se de uma conduta negligente, ou seja, o agente não deve ter verificado 
se a pessoa que solicitou seu serviço tinha realmente legitimidade em relação ao 
lugar ou objeto. 
 
 Essa contravenção consuma-se no exato momento em que o agente abre 
a fechadura ou qualquer outro aparelho destinado à defesa de lugar ou objeto, 
independentemente de ocorrer qualquer resultado lesivo. 
 
 Elemento subjetivo. É a culpa, ou seja, o agente deve ser negligente ao 
não tomar os cuidados necessários para verificar a legitimidade da pessoa que 
solicita o serviço em relação ao lugar ou o objeto. 
 
DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS REFERENTES À INCOLUMIDADE PÚBLICA 
Disparo de arma de fogo 
 
 
 Já o art. 28, parágrafo único, da LCP versa sobre a contravenção penal de 
deflagração perigosa de fogo de artifício, que visa proteger a incolumidade 
pública que pode ser exposta a perigo por meio de incêndios causados por fogos 
de artifício. 
 
Art. 26 da LCP: Abrir, alguém, no exercício de profissão de serralheiro ou ofício 
análogo, a pedido ou por incumbência de pessoa de cuja legitimidade não se 
tenha certificado previamente, fechadura ou qualquer outro aparelho 
destinado à defesa de lugar ou objeto: 
Pena — prisão simples de 15 dias a 3 meses, ou multa. 
 
 
Art. 28 da LCP: Disparar arma de fogo em lugar habitado ou em suas 
adjacências, em via pública ou em direção a ela: 
Pena — prisão simples, de um a seis meses, ou multa. 
Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias a dois 
meses, ou multa, quem, em lugar habitado ou em suas adjacências, em via 
pública ou em direção a ela, sem licença da autoridade, causa deflagração 
perigosa, queima fogo de artifício ou solta balão aceso. 
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 Sujeito ativo. Cuida-se de contravenção comum, isto é, pode ser cometida 
por qualquer pessoa. 
 
 
 Elemento objetivo. Deflagração significa detonar fogos de artifícios 
(rojões, bombinhas, etc.). Se tiver autorização da autoridade competente, o fato 
é atípico. 
 
 OBS: Se porventura essa deflagração atingir uma pessoa e causar lesões 
corporais, estaremos diante do delito de lesão corporal descrito no art. 129 do 
Código Penal. 
 
 Elemento subjetivo. É o dolo, ou seja, vontade livre e consciente de 
praticar o fato descrito no tipo. 
 
 
Omissão de cautela na guarda ou condução de animais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Com essa contravenção penal, o legislador visou proteger a incolumidade 
pública. 
 
 Sujeito ativo e passivo. Cuida-se de contravenção comum, isto é, pode 
ser cometida por qualquer pessoa (proprietária ou possuidora do animal). Já o 
sujeito passivo é a coletividade e, de modo eventual, os ofendidos do perigo 
gerado pelo animal. 
 
 Estamos diante de uma contravenção de perigo abstrato, ou seja, há uma 
presunção absoluta de periculosidade com a prática da conduta descrita no tipo 
penal. Se por acaso o agente deixar esse animal solto e esse vier a causar uma 
lesão corporal em alguém, o agente responderá por lesão corporal culposa 
Art. 31 da LCP: Deixar em liberdade, confiar à guarda de pessoa inexperiente, 
ou não guardar com a devida cautela 
animal perigoso: 
Pena — prisão simples, de dez dias a dois meses, ou multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: 
a) na via pública abandona animal de tiro, carga ou corrida, ou o confia a pessoa 
inexperiente. 
b) excita ou irrita animal, expondo a perigo a segurança alheia. 
c) conduz animal, na via pública, pondo em perigo a segurança alheia. 
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(infração penal mais grave), em virtude da manifesta negligência na guarda do 
animal. 
 
 Elemento objetivo. Deixar em liberdade significa soltar o animal sem 
qualquer objeto limitando a sua locomoção. A expressão “pessoas inexperientes” 
deve ser compreendida como aquela pessoa que não tem qualquer conhecimento 
para lidar com determinados animais. Animal perigoso é aquele bravio, selvagem, 
não domesticado. 
 
 A contravenção penal descrita no art. 31, caput, da LCP é culposa, 
porquanto o agente deve agir com negligência. 
 
 
 Figura equiparadas. Primeiramente, devemos destacar que as figuras 
equiparadas são dolosas. São 3 hipóteses: a) quem na via pública abandona 
anima de tiro, carga ou corrida, ou o confia a pessoa inexperiente; b) excita ou 
irrita animal, expondo a perigo a segurança alheia; c) conduz animal, na via 
pública, pondo em perigo a segurança alheia. 
 
 
Falta de habilitação para dirigir veículo 
 
 
 
 
 
 Primeiramente, vale destacar que o art. 309 do Código de Trânsito 
Brasileiro9 derrogou a contravenção do art. 32 da LCP no tocante à condução de 
veículo automotor. Assim, essa contravenção penal atualmente apenas tem 
aplicabilidade em caso de condução em águas públicas de embarcação 
motorizada sem a devida habilitação. Essa é a redação da súmula 720 do STF: 
 
 
 
 
 
 
 
9 Art. 309 do CTB: Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida permissão para dirigir 
ou habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano: Pena – detenção, 
de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, ou multa. 
Art. 32 da LCP: Dirigir, sem a devida habilitação, veículo na via pública, ou 
embarcação a motor em águas públicas: 
Pena — multa. 
 
 
Súmula 720 do STF: O art. 309 do Código de Trânsito Brasileiro, que reclama 
decorra do fato perigo de dano, derrogou o art. 32 da Lei das Contravenções 
Penais no tocante à direção sem habilitação em vias terrestres. 
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 OBS: Para configuração do crime do art. 309 do CTB não basta dirigir 
veículo automotor sem a devida habilitação, pois necessita-se também da 
demonstração de perigo concreto. 
 
 Cuida-se de uma contravenção penal que visa proteger a incolumidade 
pública, mais precisamente a segurança em águas públicas. Exemplo: Sem a 
devida habilitação, andar de lancha em rio (águas públicas). 
 
 Sujeito ativo. É uma contravenção comum, isto é, pode ser cometido por 
qualquer pessoa. 
 
 
 Elemento objetivo. Dirigir, sem a devida habilitação, embarcação a motor 
em águas públicas. Dirigir significa pilotar. Trata-se de uma contravenção penal 
de perigo abstrato, ou seja, para a sua ocorrência não é a demonstração de 
alguém estar em perigo. 
 
 O fato é atípico se o agente sem habilitação dirige embarcação a motor em 
águas de propriedade particular. 
 
 Questão: Responde por essa contravenção penal o agente que estar com 
sua habilitação suspensa ou cassada? 
 
 A resposta é afirmativa. O agente estar com sua habilitação suspensa ou 
cassada deve ser considerada como uma pessoa não habilitada. De outro giro, 
será considerado como mera infração administrativa se o agente, embora 
habilitado, não portar esse documento no momento em que é submetido à 
abordagem. 
 
 Questão: Por quais infrações penais o agente responderá se apresentar 
documentofalso de habilitação para conduzir embarcação a motor? 
 
 O agente responderá pela contravenção penal do art. 32 da LCP, assim 
como pelo delito de uso de documento falso (art. 304 do CP). 
 
 Elemento subjetivo. É o dolo, ou seja, vontade livre e consciente de 
praticar a conduta descrita no tipo penal. 
 
 
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Direção perigosa na via pública 
 
 
 
 
 
 
 Primeiramente, vale destacar que o STF, nos autos do HC 86276, entendeu 
que a contravenção penal em estudo continua em vigor no tocante à direção 
perigosa de veículo automotor, nos casos não abrangidos pelo Código de Trânsito 
Brasileiro. Exemplos: trafegar na contramão; realizar ultrapassagem pela direita, 
etc. 
 
 Quais são as hipóteses de direção perigosa descritas no CTB? 
 
 Embriaguez ao volante (art. 306 do CTB), racha (art. 308 do CTB), dirigir 
sem habilitação (art. 309 do CTB), excesso de velocidade ou velocidade 
incompatível (art. 311 do CTB). 
 
 Em resumo, a contravenção penal em tela terá caráter residual, pois será 
considerada como tal a direção perigosa não descrita no Código de Trânsito 
Brasileiro como crime ou infração administrativa. 
 
 Cuida-se de uma contravenção penal que visa proteger a incolumidade 
pública, mais precisamente a segurança no trânsito. 
 
 Sujeito ativo. É uma contravenção comum, isto é, pode ser cometido por 
qualquer pessoa. 
 
 
 Elemento objetivo. Dirigir significa pilotar. Via pública são as vias de 
acesso ao público. Exemplos: estradas, ruas, etc. OBS: Estacionamento de 
mercado, de shopping, ruas de condomínio não configuram via pública, pois são 
de propriedade particular. 
 
 Trata-se de uma contravenção penal de perigo abstrato, ou seja, para a 
sua ocorrência não é a demonstração de alguém estar em perigo. 
 Se o agente conduzindo de forma perigosa o veículo causar acidente de 
trânsito, o delito de lesão corporal culposa ou homicídio absorve a contravenção 
penal em estudo. 
Art. 34 da LCP: Dirigir veículos na via pública, ou embarcações em águas 
públicas, pondo em perigo a segurança alheia: 
Pena — prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa. 
 
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DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS REFERENTES À PAZ PÚBLICA 
 
Provocação de tumulto e conduta inconveniente 
 
 
 
 
 
 
 Cuida-se de uma contravenção penal que visa proteger a tranquilidade 
pública. 
 
 Sujeito ativo. É uma contravenção comum, isto é, pode ser cometido por 
qualquer pessoa. 
 
 Elemento objetivo. Provocar tumulto significa criar confusão, bagunça, 
desordem. Portar-se de modo inconveniente ou desrespeitoso significa ter uma 
conduta grosseira e totalmente inadequada para a situação. Exemplo: Gritar 
durante uma peça de teatro. 
 
 A LCP ainda exige que esse comportamento inadequado ocorra nos 
seguintes locais: a) solenidade ou ato oficial; b) assembleia; c) espetáculos 
públicos. 
 
 Chamo ainda a atenção de vocês para destacar que essa contravenção 
penal somente será aplicada se o fato não constituir infração penal mais grave. 
Cuida-se da adoção do princípio da subsidiariedade expressa. Exemplo: Se 
o agente ingressar no campo de um estádio de futebol nu responderá apenas 
pelo crime de ato obsceno e não por essa contravenção penal. 
 
Perturbação do trabalho ou do sossego alheios 
 
 
 
 
 
 
Art. 40 da LCP: Provocar tumulto ou portar-se de modo inconveniente ou 
desrespeitoso, em solenidade ou ato oficial, em assembleia ou espetáculo 
público, se o fato não constitui infração penal mais grave: 
Pena — prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou multa. 
Art. 42 da LCP: Perturbar alguém, o trabalho ou o sossego alheios: 
I — com gritaria ou algazarra; 
II — exercendo profissão incômoda ou ruidosa, em desacordo com as 
prescrições legais; 
III — abusando de instrumentos sonoros ou sinais acústicos; 
IV — provocando ou não procurando impedir barulho produzido por animal de 
que tem guarda: 
Pena — prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa. 
 
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 Cuida-se de uma contravenção penal que visa proteger a paz pública. 
 
 Sujeito ativo. É uma contravenção comum, isto é, pode ser cometido por 
qualquer pessoa. 
 
 Elemento objetivo. Essa contravenção pode ser cometida das seguintes 
maneiras: 
 
a) Gritaria significa causar barulho com a voz humana. Algazarra alcança 
bagunça realizada por outras maneiras (Ex: chutar latinhas de 
refrigerante). 
b) Exercício de profissão incômoda ou ruidosa significa que para a 
configuração dessa contravenção esse exercício profissional deve ser 
exercido em desacordo com as disposições legais. 
c) Abuso de instrumentos sonoros ou de sinais acústicos. Ex: Proprietário 
de casa noturna que não obedece ao limite de decibéis estabelecido para 
a área. 
d) Provocar animal de que tenha a guarda para fazer barulho. É uma 
conduta comissiva (ação) 
e) Não procurar impedir barulho causado por animal de que tenha a 
guarda. É uma conduta omissiva própria (omissão). 
 
 OBS: Para aferição da perturbação não se leva em conta as percepções do 
incomodado, mas sim o critério do homem médio. 
 
 
 Elemento normativo. O termo “alheios” é o elemento normativo do tipo. 
Assim, não há que se falar nessa contravenção penal se a perturbação for de uma 
única pessoa. Essa contravenção penal exige uma perturbação que atinja a 
coletividade. Também se leva em consideração aspectos culturais e os 
costumes locais. Essa é a posição do STF: 
 
Habeas Corpus. 2. Contravenção Penal. 3. 
Perturbação do Trabalho ou Sossego Alheios. 4. 
Atipicidade da conduta. 5. Ausência de perturbação 
à paz social. 6. Falta de justa causa. 7. Ordem 
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concedida. (HC 85032, Relator: Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado 
em 17/05/2005) 
 
Simulação da qualidade de funcionário público 
 
 
 
 
 
 Cuida-se de uma contravenção penal que visa proteger a fé pública dos 
atos emanados dos funcionários públicos. 
 
 Sujeito ativo. É uma contravenção comum, isto é, pode ser cometido por 
qualquer pessoa. Pode, inclusive, ser praticado por funcionário público que finge 
ser detentor de uma função diversão da que realmente apresenta. Ex: Escrivão 
de polícia que se passa por delegado de polícia. 
 
 Elemento objetivo. Fingir é simular. Apresentar-se como funcionário 
público. O conceito de funcionário público está descrito no art. 327, caput, do CP 
(Considera-se funcionário público que, ainda que transitoriamente ou sem 
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública). Pouco importa para a 
caracterização dessa contravenção penal se o agente disse ser funcionário público 
federal, estadual ou municipal. 
 
 Essa contravenção penal tem caráter subsidiário, ou seja, somente é 
aplicada se não configurar infração penal mais grave. Assim, se o agente 
efetivamente praticar um ato privativo de funcionário público, ele responderá 
pelo delito de usurpação de função pública (art. 328 do Código Penal). De outro, 
se a intenção do agente é obter vantagem ilícita mediante prejuízo a outrem, ele 
responderá pelo delito de estelionato (art. 171 do Código Penal). Por fim,responderá pelo crime de falsa identidade (art. 307 do Código Penal) se o agente 
atribui falsa identidade para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou 
para causar dano a outrem. 
 
DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS REFERENTES À ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO 
 
Exercício ilegal de profissão ou atividade 
 
Art. 45 da LCP: Fingir-se funcionário público: 
 
Pena — prisão simples, de um a três meses, ou multa. 
 
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 Cuida-se de uma contravenção penal que visa impedir que o exercício 
profissional seja desempenhado por pessoa que não tenha conhecimento técnico 
para tanto. Assim, o exercício ilegal da profissão de advogado, ou seja, sem a 
observância do disciplinado na Lei 8906/94 (Estatuto da OAB) pode caracterizar 
a contravenção penal em estudo. Outro exemplo: O corretor de imóveis deve 
estar registrado no CRECI. 
 
 
 
 Questão: Qual infração comete a pessoa que está impedida ou suspensa 
de exercer a advocacia? 
 
 Também cometerá a contravenção penal de exercício ilegal de profissão ou 
atividade. O impedimento ou a suspensão para o exercício da advocacia significa 
que o agente não preenche as condições legais para o exercício da atividade 
profissional. 
 
 Sujeito ativo. É uma contravenção comum, isto é, pode ser cometido por 
qualquer pessoa. No que se refere às profissões de dentista, farmacêutico e 
médico não há que se falar na contravenção penal em apreço, pois o Código 
Penal, em seu artigo 28210, estabeleceu crime para essas situações. 
 
 Elemento objetivo. Para a configuração dessa contravenção penal é 
necessário que o agente exerça, anuncie profissão ou função econômica sem 
preencher os pressupostos legais. Repare que estamos diante de uma norma 
penal em branco, porquanto o tipo penal é complementado por outra lei que 
regulamenta o exercício da atividade profissional. Contudo, se não existir lei 
regulamentado a profissão ou a atividade econômica exercida, a conduta é 
atípica. 
 
10 Art. 282 do CP: Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou 
farmacêutico, sem autorização legal ou excedendo-lhe os limites: 
Pena – detenção, de 6 meses a 2 (dois) anos. 
Art. 47 da LCP: Exercer profissão ou atividade econômica ou anunciar que a 
exerce, sem preencher as condições a que por lei está subordinado o seu 
exercício: 
 
Pena — prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa. 
 
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 Vejamos um julgado do STJ que bem elucida a contravenção penal em 
estudo: 
 
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. PENAL. 
CORRETOR DE IMÓVEIS. EXERCÍCIO DAS 
ATIVIDADES APÓS CANCELAMENTO DE SUA 
INSCRIÇÃO NO CRECI, POR INADIMPLÊNCIA 
DAS ANUIDADES. CONTRAVENÇÃO PENAL CONFIGURADA (ART. 47 DO 
DECRETO-LEI 3.688/1941. EXERCÍCIO ILEGAL DA PROFISSÃO OU 
ATIVIDADE. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. 
1. A conduta do agente que exerce atividades de corretagem de imóveis após o 
cancelamento de sua inscrição no CRECI, por inadimplência das anuidades 
devidas, se amolda à contravenção penal prevista no art. 47 do Decreto-lei 
3.688/1941, haja vista que permaneceu clandestinamente na profissão 
regulamentada, exercendo-a sem o preenchimento de condição legal a que está 
subordinado o seu exercício, qual seja, inscrição perante o órgão de fiscalização 
profissional. 
2. Não há que se falar, no caso dos autos, de violação à decisão administrativa 
proibitiva do exercício de atividade e, consequentemente, no crime previsto no 
art. 205 do CP, haja vista o disposto nos arts. 3º, 4º e 5º, da Resolução nº 
761/2002, do Conselho Federal de Corretores de Imóveis - COFECI, no sentido 
de que o pagamento do débito acarreta a restauração automática da inscrição no 
CRECI, e que "o cancelamento de inscrição por falta de pagamento [...] não 
representa punição disciplinar mas, sim, mero ato administrativo de saneamento 
cadastral". 
3. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo de Direito da 1ª Vara do 
Juizado Especial Cível e Criminal de Poços de Caldas - MG, o suscitado. (CC 
104.924/MG, Rel. Ministro JORGE MUSSI, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 
24/03/2010, DJe 19/04/2010) 
 
 Questão: Também responde por essa contravenção penal o “flanelinha” 
que não estiver registrado no órgão competente? 
 
 A resposta é negativa, pois a mens legis é de que para o desempenho da 
profissão exista uma habilitação específica 
(conhecimento especializado), o que não ocorre no 
caso dos flanelinhas. Vejamos um julgado do STJ 
sobre o assunto: 
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PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. 
CONTRAVENÇÃO PENAL. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO. ART. 47 DA LCP. 
"FLANELINHA". AUSÊNCIA DE REGISTRO. ATIPICIDADE DA CONDUTA. 
AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA PARA A AÇÃO PENAL. TRANCAMENTO. 
RECURSO ORDINÁRIO PROVIDO. I - O trancamento da ação penal constitui 
medida excepcional, justificada apenas quando comprovadas de plano, sem 
necessidade de análise aprofundada de fatos e provas, a atipicidade da conduta, 
a presença de causa de extinção de punibilidade ou a ausência de prova da 
materialidade ou de indícios mínimos de autoria. 
II - A jurisprudência do col. Supremo Tribunal Federal, bem como desta Corte, 
há muito se firmou no sentido de ser atípico o exercício da atividade desenvolvida 
pelo denominado "flanelinha", sem o registro nos órgãos competentes, ainda que 
esta exigência encontre previsão em lei, uma vez que a sua ausência não atingiria 
de forma significativa o bem jurídico tutelado pela norma penal. 
III - Segundo entendimento do excelso Supremo Tribunal Federal e desta Corte, 
a contravenção penal descrita no art. 47 da LCP (Dec.-Lei n. 3.688/41), tem como 
objetivo a tutela da organização do trabalho, notadamente as profissões que 
exigem habilitação ou qualificação técnica especializada, razão pela qual deve 
haver complementação por outra norma para definir tais requisitos. 
IV - A existência de norma estabelecendo a necessidade de registro para o 
exercício da atividade do "flanelinha", mediante a simples apresentação de 
documentos pessoais sem exigência de conhecimentos técnicos especializados, 
não se afigura, todavia, apta a criminalizar referida conduta à luz dos princípios 
do direito penal, em especial o da intervenção mínima e da ofensividade, Recurso 
ordinário provido para determinar o trancamento da ação penal em face da 
atipicidade da conduta. 
(RHC 88.815/RJ, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 
28/11/2017, DJe 06/12/2017) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS REFERENTES À POLÍCIA DE COSTUMES 
 
Jogo de azar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Cuida-se de uma contravenção penal que visa tutelar os bons costumes. 
 
 
 Cuida-se de uma contravenção penal que visa tutelar os bons costumes e, 
de forma secundária, o patrimônio das pessoas viciadas em jogos de azar. 
 
 Sujeito ativo. Cuida-se de uma contravenção comum, ou seja, pode ser 
cometida por qualquer pessoa. De acordo com o art. 50, caput, da LCP, merece 
censura o dono do local e o responsável pelo negócio clandestino. Já os 
funcionáriosdo estabelecimento podem figurar como partícipes dessa 
contravenção penal. Também será causa de aumento de pena de 1/3 aplicável 
ao responsável pelo jogo se existe entre os empregados ou participa do jogo 
pessoa menor de 18 anos. 
 
 Também é aplicável a pena de multa para quem é encontrado a participar 
do jogo, como ponteiro ou apostador (jogador). 
 
Art. 50 da LCP: Estabelecer ou explorar jogo de azar em lugar público ou acessível 
ao público, mediante pagamento de entrada ou sem ele: 
 
Pena — prisão simples, de três meses a um ano, e multa, estendendo-se os efeitos 
da condenação à perda dos móveis e objetos de decoração do local. 
§1º. A pena será aumentada de um terço se existe entre os empregados ou participa 
do jogo pessoa menor de dezoito anos. 
§2º Incorre na pena de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis, quem é 
encontrado a participar do jogo, como ponteiro ou apostador. 
§ 3º Consideram-se, jogos de azar: 
a) o jogo em que o ganho e a perda dependem exclusiva ou principalmente da sorte; 
b) as apostas sobre corrida de cavalos fora de hipódromo ou de local onde sejam 
autorizadas; 
c) as apostas sobre qualquer outra competição esportiva. 
§ 4º Equiparam-se, para os efeitos penais, a lugar acessível ao público: 
a) a casa particular em que se realizam jogos de azar, quando deles habitualmente 
participam pessoas que não sejam 
da família de quem a ocupa; 
b) o hotel ou casa de habitação coletiva, a cujos hóspedes e moradores se proporciona 
jogo de azar; 
c) a sede ou dependência de sociedade ou associação, em que se realiza jogo de azar; 
d) o estabelecimento destinado à exploração de jogo de azar, ainda que se dissimule 
esse destino. 
 
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 Elementos objetivos. Estabelecer é instituir um local para a prática de 
jogos de azar. Explorar é obter lucro com o jogo de azar, sem estar na condição 
de apostador. 
 
 O que é jogo de azar? 
 
 De acordo com a norma penal explicativa descrita no art. 50, §3º, da LCP, 
jogo de azar pode ser de 3 espécies: a) o jogo em que o ganho e a perda 
dependem exclusiva ou principalmente da sorte. Exemplo: roleta, pôquer; b) as 
apostas sobre corrida de cavalos fora de hipódromo ou de local onde sejam 
autorizadas; c) as apostas sobre qualquer outra competição esportiva. Exemplo: 
bolão que toma enorme proporção pública, atingindo a participação de pessoas 
indeterminadas. 
 
 Destaco ainda a vocês que além da pena de prisão simples e multa, é 
também efeito da condenação a perda dos móveis existentes no local, bem como 
dos objetos de decoração. 
 
 
 
Jogo do bicho 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Essa contravenção penal tinha previsão inicialmente no art. 58 da LCP, 
porém foi posteriormente revogada pelo art. 58 do Decreto-Lei 6259/44. 
Também havia rito específico para tratar dessa contravenção penal no art. 3º da 
Lei nº 1508/51, porém atualmente o procedimento a ser adotado é o sumaríssimo 
estabelecido na Lei nº 9099/95. 
 
 Cuida-se de uma contravenção penal que visa tutelar os bons costumes. 
 
 
Art. 58 da LCP: Realizar o denominado “jogo do bicho”, em que um dos participantes, 
considerado comprador ou ponto, entrega certa quantia com a indicação de combinações de 
algarismos ou nome de animais, a que correspondem números, ao outro participante, 
considerado o vendedor ou banqueiro, que se obriga mediante qualquer sorteio ao pagamento 
de prêmios em dinheiro: 
 
Penas — de seis meses a um ano de prisão simples e multa ao vendedor ou banqueiro, e de 
quarenta a trinta dias de prisão celular ou multa ao comprador ou ponto. 
 
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 O que é o jogo do bicho? 
 
 Seria um jogo de azar nos moldes de uma loteria, porém realizada por 
particular. Além das figuras do banqueiro (aquele que arcar com o prêmio do 
bilhete sorteado) e do apostador, existe também o intermediário (aquele que 
colhe as apostas junto aos apostadores e as encaminham ao banqueiro), descrita 
no art. 58, §1º, “a”, do referido decreto-lei. 
 
 Questão: O intermediário pode ser punido se não forem identificados os 
apostadores e o banqueiro? 
 
 A resposta é positiva. Aliás, há uma súmula do Superior Tribunal de Justiça 
sobre o tema. 
 
 
 
 
 
 
 
 Questão: Além das pessoas citadas (banqueiro, apostador e 
intermediário), outras também podem figurar como sujeito ativo? 
 
 A resposta é afirmativa. De acordo com o art. 58, §1º, do Decreto-Lei nº 
6259/44, também podem figurar como sujeito ativo: 1) os que transportarem, 
conduzirem, possuírem, tiverem sob sua guarda ou poder, fabricarem, derem, 
cederem, trocarem, guardarem em qualquer parte, listas com indicações do jogo 
ou material próprio para a contravenção, bem como de qualquer forma 
contribuírem para a sua confecção, utilização, curso ou emprego, seja qual for a 
sua espécie ou quantidade; 2) os que procederem à apuração de listas ou à 
organização de mapas relativos ao movimento do jogo; 3) os que por qualquer 
modo promoverem ou facilitarem a realização do jogo. 
 
 Para a comprovação desse fato contravencional, consideram-se idôneas 
como prova quaisquer listas com indicações claras ou disfarçadas, uma vez que 
a perícia revele se destinarem a perpetração do jogo do bicho (art. 58, §2º, do 
Decreto-Lei nº 6259/44. 
 
 Reparem que a perícia é fundamental para demonstrar tal fato 
contravencional, notadamente para restar claro que o material apreendido é do 
Súmula 51 do STJ: A punição do intermediador, no jogo do bicho, independe 
da identificação do apostador ou do banqueiro. 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 10
Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2
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Aula 
 
 
 
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jogo do bicho, vez que, em regra, as apostas são lançadas em símbolos e 
abreviaturas que exige conhecimento específico para decifrá-los. 
 
Vadiagem 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Inicialmente, vale destacar que já há projeto de lei em trâmite no 
Congresso Nacional para revogar essa contravenção penal, sobretudo diante de 
um país com milhões de desempregados. 
 
 Cuida-se de uma contravenção penal que visa impedir que o ocioso, que 
não é detentor de bens para manter sua subsistência, possa cometer crimes 
contra o patrimônio alheio. 
 
 Sujeito ativo. Trata-se de uma contravenção comum, ou seja, pode ser 
cometida por qualquer pessoa. Basta que reúna condições físicas para o trabalho, 
porém opte pela ociosidade, mesmo não possuindo renda para manter a sua 
subsistência. 
 
 Questão: E se o agente, embora ocioso, tenha investimentos capazes de 
prover a subsistência? 
 
 Nessa situação, não há que se falar na contravenção penal de vadiagem, 
vez que o agente tem condições de manter a sua subsistência. 
 
 Elemento objetivo. A conduta típica pode ser praticada das seguintes 
formas: 1) entregar-se à ociosidade de forma habitual. Trata-se de uma conduta 
omissiva. O agente deve optar por viver sem trabalhar. Não há que se falar nessa 
contravenção penal se o agente está desempregado por falta de oportunidade de 
trabalho, pois aí a ociosidade não é voluntária. A aquisição superveniente de 
renda que assegure ao condenado meios de subsistência extingue a 
pena. 2) prover a própria subsistência mediante ocupação ilícita. Exemplo: 
Art. 59 da LCP: Entregar-se alguém habitualmente à ociosidade, sendo válido 
para o trabalho, sem ter renda que lhe assegure meios bastantes de 
subsistência, ou provar a própria subsistência mediante

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