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Livro Eletrônico Aula 10 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca 55314334925 - marcos santos Aula 2 AULA CONTRAVENÇÕES PENAIS Sumário 1 - Considerações Iniciais ................................................................................................. 3 2 – Parte Geral das contravenções penais.. ........................................................................ 5 3 - Parte Especial das Contravenções Penais......................................................................17 4 - Lista de Questões sem comentários.............................................................................42 5 - Lista de Questões com comentários.............................................................................46 6 - Resumo..................................................................................................................53 7 - Gabarito..................................................................................................................55 Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 10 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 3 CONTRAVENÇÕES PENAIS 1 - Considerações Iniciais A maioria das contravenções penais encontra-se prevista no Decreto-Lei nº 3688/1941. Tal diploma legal também é conhecido como Lei das Contravenções Penais e foi recepcionado pela Constituição Federal com status de lei ordinária. Inicialmente, é importante falar um pouco sobre o gênero infração penal para depois realizar a necessária distinção entre crime e contravenção penal. Conforme a sua gravidade, a expressão infração penal pode ser dividida em 2 critérios: Não há uma diferença estrutural ente crime e contravenção penal, porquanto ambos são fatos típicos e antijurídicos. A diferença entre eles reside apenas quanto ao grau de gravidade da conduta. Tanto assim o é que o jurista • a infração penal pode ter 3 espécies: crime, delito e contravenção penal. Crime é a denominação dada aos fatos ilicítos mais graves. Delito é o nome dado menos aos fatos ilícitos com sanções menos severas. Por fim, contravenção penal refere-se aos fatos ilícitos com as penas mais brandas. Repare que esse critério diferencia crime do delito. Não foi o critério adotado no Brasil. Critério tricotômico • a infração penal admite apenas duas espécies: Crime (delito) ou contravenção penal. São denominados de crimes os fatos ilegais a que se cominam sanções mais severas. Já as contravenções penais são destinadas aos fatos menos graves. Nesse critério não há distinção entre crime e delito. Foi o critério adotado no Brasil. Critério Dicotômico Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 10 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 4 Nelson Hungria denominava a contravenção penal de “crime anão”, por ser um fato de menor gravidade e repercussão social. De acordo com o art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal, considera- se crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente. Reparem que o critério da cominação da sanção penal é o mais eficiente para saber quando uma infração penal é crime ou contravenção. O crime é sempre apenado com reclusão, detenção ou multa. Já a contravenção penal admite tão somente 2 sanções, quais sejam, prisão simples e multa. Destaco ainda outras 3 importantes diferenças entre crime e contravenção penal. Ação Penal. Nos crimes a ação penal pode ser pública (condicionada ou incondicionada) e privada. Na contravenção penal a ação penal é sempre pública incondicionada (art. 17 do Dec-Lei 3688/41). Tentativa. No crime é perfeitamente possível a tentativa. Já na contravenção penal não há que se falar na figura tentada (art. 4º do Dec-Lei 3688/41). Extraterritorialidade. Os crimes praticados no exterior podem ser punidos no Brasil. Já a contravenção penal cometida no exterior não pode ser punida no Brasil. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 10 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 5 2 – Parte Geral das Contravenções Penais Como se vê, esse artigo estabelece o princípio da especialidade, ou seja, diante de determinada situação aplica-se as regras contidas na Lei de Contravenções Penais (LCP) se existir regulação específica. Em outras palavras, aplica-se tão somente os comandos insertos no Código Penal (CP) quando a Lei de Contravenções Penais não tratar do assunto. Para exemplificar a questão basta notar que o Dec-Lei nº 3699/41 não previu as hipóteses de causas de justificação (excludentes de ilicitudes). Assim, com fundamento no art. 1º da LCP, aplica-se as regras descritas nos arts. 23/25 do CP para justificar uma absolvição de uma contravenção penal calcada em uma excludente de ilicitude (ex: legítima defesa). Questão: É possível aplicar as regras da tentativa (art. 14, II, do CP) diante de uma contravenção penal? A resposta é negativa, porquanto a LCP tratou do assunto em seu art. 4º (Não é punível a tentativa de contravenção). Logo, lei especial (Lei de Contravenções Penais) afasta a regra geral (Código Penal). No que se refere ao assunto territorialidade, a LCP acolheu o critério da territorialidade exclusiva, isto é, o Decreto-Lei nº 3688/41 (Lei de Contravenções Penais) apenas tem aplicabilidade às contravenções penais ocorridas em território brasileiro. Repare que a extraterritorialidade da lei penal brasil é prevista apenas aos crimes quando presentes os pressupostos legais delineados no art. 7º do Código Penal. Em resumo, não há que se falar em extraterritorialidade para as contravenções penais. Art. 1º da LCP. Aplicam-se às contravenções as regras gerais do Código Penal, sempre que a presente Lei não disponha de modo diverso. Art. 2º A lei brasileira só é aplicável à contravenção praticada no território nacional. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 10 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 6 Questão: É possível conceder a extradição de estrangeiro pela prática de contravenção penal? A resposta é negativa, vez que não há indispensável dupla tipicidade para a concessão do pedido extradicional, segundo posição firmada pelo STF. Vejamos: EXTRADIÇÃO. PEDIDO DE EXTENSÃO. PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE: IMPROCEDÊNCIA DA ALEGAÇÃO DE QUE CONSTITUI ÓBICE À CONCESSÃO DA EXTENSÃO. IMPOSSIBILIDADE DE RENÚNCIA A TAL PRINCÍPIO. EXPLORAÇÃO ILÍCITA DE JOGO E EXPOSIÇÃO ILÍCITA DE MATERIAL DE JOGO: FATOS QUE NÃO CONFIGURAM CRIMES NO BRASIL, MAS CONTRAVENÇÕES PENAIS. FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTOS: REGULARIDADE FORMAL DO PEDIDO DE EXTENSÃO. 1. O princípio da especialidade (artigo 91, I, da Lei n. 6.815/80) não é obstáculo ao deferimento do pedido de extensão. A regra que se extrai do texto normativo visa a impedir, em benefício do extraditando, que o Estado requerente instaure contra ele --- sem o controle de legalidade pelo Supremo Tribunal Federal --- ação penal ou execute pena por condenação referente a fatos anteriores àqueles pelos quais foi deferido o pleito extradicional. Precedentes.2. O pedido de renúncia ao princípio da especialidade é irrelevante, porque não tem a virtude de afastar o controle de legalidade do pleito extradicional a cargo do Supremo Tribunal Federal. Precedentes. 3. A exploração ilícita de jogo e a exposição ilícita de material de jogo configuram contravenções penais no ordenamento jurídico brasileiro. A extensão, nesse ponto, não pode ser concedida, por expressa vedação do artigo 77, II, da Lei n. 6.815/80. 4. O pedido de extensão quanto ao crime de falsificação de documentos obedece aos requisitos formais. Extensão deferida, em parte. (Ext 787 extensão, Relator: Min. EROS GRAU, Tribunal Pleno, julgado em 23/03/2006, DJ 28-04- 2006 PP-00005 EMENT VOL-02230- PP-00001) Art. 3º da LCP. Para a existência da contravenção, basta a ação ou omissão voluntária. Deve-se, todavia, ter em conta o dolo ou a culpa, se a lei faz depender, de um ou de outra, qualquer efeito jurídico. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 10 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 7 É sabido que em relação aos crimes, a conduta é classificada como dolosa ou culposa. Em relação à contravenção penal, o art. 3º da LCP exige somente a ação ou omissão voluntária, pouco importando a aferição de dolo ou culpa, ou seja, não é feita uma análise sobre a real intenção do agente. É o que a doutrina chamou de voluntariedade, bastando tão somente a vontade de praticar a conduta descrita no tipo, independente da intenção do agente. Essas contravenções penais são chamadas de típicas ou próprias. Contudo, há situações expressamente previstas na Parte Especial da Lei de Contravenções Penais que exigem a ocorrência de dolo ou culpa. Essas contravenções penais são denominadas de atípicas ou impróprias, pois incluem o dolo ou culpa em sua descrição típica. Exemplo: art. 26 da LCP – contravenção penal de violação de lugar ou objeto (Abrir, alguém, no exercício de profissão de serralheiro ou ofício análogo, a pedido ou por incumbência de pessoa de cuja legitimidade não se tenha certificado previamente, fechadura ou qualquer outro aparelho destinado à defesa de lugar ou objeto). A conduta culposa deriva do fato de o agente não se certificar da legitimidade da pessoa que solicitou a abertura da fechadura. Esse art. 3º da LCP é muito criticado pela doutrina, sobretudo após a reforma penal de 1984 com a proibição da responsabilidade penal objetiva, ou seja, para que alguém sofra uma sanção penal deve agir com dolo ou culpa. Vejamos a lição do professor Damásio de Jesus: “Adotada a teoria finalista da ação e vedada a responsabilidade objetiva pela reforma penal de 1984, o disposto na última parte do art. 3º, em que se diz prescindir a contravenção de dolo ou culpa, salvo casos excepcionais, está superado: a contravenção, assim como o crime, exige dolo ou culpa, conforme a descrição típica. O dolo se apresenta como elemento subjetivo implícito no tipo; a culpa, como elemento normativo. Ausentes, o fato é atípico. Veja-se, entretanto, que a admissão da modalidade culposa, nas contravenções, é diferente do sistema do Código Penal. Neste, a culpa deve ser expressa (art. 18, parágrafo único). Nas hipóteses em que a infração é culposa, a Lei das Contravenções Penais não emprega as expressões usuais do Código Penal, como ‘se o crime é culposo’, ‘no caso de culpa’ etc. A existência da modalidade culposa, nas contravenções, decorre da própria descrição legal do fato. Ex.: ‘dar causa a desabamento de construção por erro no projeto’ (art. 31, caput). A culpa decorre da própria natureza do fato definido na norma. É necessário, portanto, que a lei contravencional contenha referência à modalidade culposa, empregando termos indicativos da ausência de cuidado na realização da conduta. Ausentes, significa que a contravenção só admite dolo, sendo atípico o fato culposo. Assim, as vias Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 10 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 8 de fato são estritamente dolosas, uma vez que o art. 21 da Lei das Contravenções Penais não contém redação recepcionando o comportamento culposo”1. Recomendo adotar a posição do professor Damásio Evangelista de Jesus. É certo que a maioria das contravenções penais são unissubsistentes, isto é, consumam-se com um único ato executório. Portanto, incompatíveis com a tentativa. Todavia, por motivo de política criminal ante a inexpressiva potencialidade lesiva, o legislador optou por afastar a tentativa de todas as contravenções penais, inclusive daquelas plurissubsistentes (aquelas em que se dá mediante mais de 1 ato executório). Embora no plano fático fosse possível uma tentativa de vias de fato (contravenção penal descrita no art. 21 da LCP), a figura tentada é inadmissível com base em expressa previsão legal. Exemplo: O agente é impedido de dar um soco em outrem. Esse fato não será punível, por força do art. 4º da LCP. A pena de prisão simples deve ser cumprida, sem rigor penitenciário, em estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, em regime semiaberto ou aberto (art. 6º, caput, da LCP). O preso ficará sempre separado dos condenados a penas de reclusão ou detenção (art. 6º, § 1º, da LCP). O trabalho é facultativo, se a pena não excede a 15 (quinze) dias (art. 6º, §2º, da LCP). Questão: É possível decretar a prisão preventiva de agente que pratica contravenção penal? A resposta é negativa, vez que a prisão preventiva é cabível apenas aos crimes, conforme ressalva expressa contida no art. 312, caput, do CPP (A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação 1 JESUS, Damásio de. Lei das contravenções penais anotada. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2001. Art. 4º da LCP. Não é punível a tentativa de contravenção. Art. 5º da LCP. As penas principais são: I — prisão simples; II — multa. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 10 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 9 da lei penal, quando houve prova da existência do crime e indício suficiente de autoria). Adota-se as regras do art. 11 do CP2 também nas contravenções penais. Com isso, desprezam-se na pena de prisão simples as frações de dia. No tocante à pena de multa, não é demais lembrar que atualmente o seu valor não pode ser mensurado em contos de réis ou cruzeiros. No ponto, adota- se a mesma regra do critério do dia-multa descrito no Código Penal, tanto pela quantidade (10 a 360 dias-multa) quanto pelo valor (um trigésimo a cinco vezes o salário mínimo vigente no país). Por oportuno, lembre-se que para a fixação do número de dias-multa é levado em conta as circunstâncias judiciais (art. 59 do CP). Já quanto ao valor de cada dia-multa é utilizado o critério da situação econômica do condenado, segundo estabelece o art. 60, caput, do CP. Determina o art. 9º da LCP de que a multa é convertida em prisão simples, de acordo com o que dispõe o Código Penal sobre a conversão de multa em detenção. Pois bem. Desde já é importante destacar que o art. 9º da LCP foi revogado pelo art. 51 do CP, com redação dada pela lei nº 9268/96, eis que a referida conversão atualmente não é mais possível. Assim, em caso de não pagamento, a multa deve ser executada em observância à legislação tributária. Questão: Qual é o prazo de duração da pena de prisão simples? A duração da pena de prisãosimples não pode, em caso algum, ser superior a cinco anos (art. 10 da LCP). Esse limite de 5 anos é aplicado também em caso de concurso de contravenções penais. 2 Art. 11 do CP: Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 10 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 10 Para melhor entender esse artigo devemos conjugá-lo com o art. 63 do Código Penal3. Vejamos as possíveis situações envolvendo a reincidência: 1ª situação: O agente pratica nova contravenção penal após ter sido condenado por sentença transitada em julgado por contravenção penal no Brasil. É reincidente (art. 7º da LCP) 2ª situação: O agente que pratica nova contravenção penal após ter sido condenado por sentença transitada em julgado por contravenção penal no exterior. Não é considerado reincidente, porquanto essa situação não foi prevista no art. 7º da LCP. 3ª situação: O agente que comete crime após ter sido condenado por sentença transitada em julgado por contravenção penal. Não é considerado reincidente, porquanto essa situação não foi prevista no art. 7º da LCP e nem no art. 63 do CP. 4ª situação: O agente que comete crime após ter sido condenado por sentença transitada em julgado por crime no Brasil ou no exterior. É reincidente, nos exatos termos do art. 63 do CP. 5ª situação: O agente que comete contravenção penal após ter sido condenado por sentença transitada em julgado por crime, no Brasil ou no exterior. É considerado reincidente, com base no art. 7º LCP. Esse dispositivo legal da LCP versa sobre uma hipótese de perdão judicial quando restar caracterizado o desconhecimento escusável da lei pelo agente. Lembre-se que esse desconhecimento é considerado escusável quando o agente, ainda que tivesse realizado um esforço normal, não teria condições de conhecer a ilicitude do fato. Assim, reconhecido o perdão judicial, o magistrado deve declarar extinta a punibilidade, nos exatos termos do art. 107, IX, do Código Penal. 3 Art. 63 do CP: Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior. Art. 7º da LCP. Verifica-se a reincidência quando o agente pratica uma contravenção depois de passar em julgado a sentença que o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou, no Brasil, por motivo de contravenção. Art. 8º da LCP. No caso de ignorância ou de errada compreensão da lei, quando escusáveis, a pena pode deixar de ser aplicada. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 10 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 11 É importante consignar a posição do professor Damásio Evangelista de Jesus que defende a revogação desse dispositivo legal desde a reforma penal de 1984, nos seguintes termos: “O art. 8º da Lei das Contravenções Penais foi elaborado na mesma época do antigo art. 16 do Código Penal. Esse artigo dizia ser irrelevante o erro de direito quanto aos crimes, ainda que fosse escusável. Com a reforma penal de 1984, ele foi substituído pelo art. 21, que trata do chamado erro de proibição. Nesse dispositivo, o legislador diz que o erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável (isto é, escusável), exclui a culpabilidade, devendo o réu ser absolvido. Ora, se no crime, que é infração mais grave, o desconhecimento escusável da lei exclui a culpabilidade, seria injusto que nas contravenções, infrações de menor gravidade, tal circunstância funcionasse como mero perdão judicial.4” Com esse posicionamento o referido jurista defende que o correto seria reconhecer a exclusão da culpabilidade se o desconhecimento da lei for escusável. Entendimento que recomendo adotar em prova. Esse dispositivo legal versa sobre os benefícios do sursis e do livramento condicional envolvendo contravenção penal. Os requisitos para a concessão do sursis são idênticos os previstos no art. 77 do Código Penal: a) pena fixada na sentença não seja superior a 2 anos; b) não seja cabível a substituição por pena restritiva de direitos; c) o agente não seja reincidente; d) as circunstâncias judicias do art. 59 do CP sejam favoráveis ao agente. A diferença reside no tempo de duração período de prova. Enquanto no CP o período de prova é de 2 a 4 anos. Na LCP esse período de prova é de 1 a 3 anos. OBS: As causas de revogação e prorrogação do sursis envolvendo contravenção penal também são as mesmas daquelas previstas no Código Penal. 4 JESUS, Damásio de. Lei das contravenções penais anotada. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2001. Art. 11 da LCP. Desde que reunidas as condições legais, o juiz pode suspender, por tempo não inferior a um ano nem superior a três, a execução da pena de prisão simples, bem como conceder livramento condicional. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 10 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 12 Também é possível a concessão de livramento condicional quando o agente praticar uma contravenção penal após o cumprimento dos requisitos estabelecidos no art. 83 do Código Penal. Desde já devo pontuar que esse artigo foi revogado tacitamente pela Lei nº 7.209/84, diploma legal responsável por realizar a reforma da parte geral do CP. Com isso, não há que se falar atualmente em penas acessórias na seara da legislação penal comum. De pronto, devo pontuar que a medida de segurança do exílio local (art. 13 da LCP), assim como a liberdade vigiada (art. 16, § único, da LCP) foram revogadas pela reforma penal de 1984, sendo tais medidas extirpadas do nosso ordenamento jurídico. Art. 12 da LCP. As penas acessórias são a publicação da sentença e as seguintes interdições de direitos: I — a incapacidade temporária para profissão ou atividade, cujo exercício dependa de habilitação especial, licença ou autorização do poder público; II — a suspensão dos direitos políticos. Parágrafo único. Incorrem: a) na interdição sob n. I, por um mês a dois anos, o condenado por motivo de contravenção cometida com abuso de profissão ou atividade ou com infração de dever a ela inerente; b) na interdição sob n. II, o condenado a pena privativa de liberdade, enquanto dure a execução da pena ou a aplicação da medida de segurança detentiva. Art. 13 da LCP. Aplicam-se, por motivo de contravenção, as medidas de segurança estabelecidas no Código Penal, à exceção do exílio local. Art. 16 da LCP. O prazo mínimo de duração da internação em manicômio judiciário ou em casa de custódia e tratamento é de 6 meses. Parágrafo único. O juiz, entretanto, pode, ao invés de decretar a internação, submeter o indivíduo a liberdade vigiada. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 10 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 13 A medida de segurança descrita no CP, por sua vez, é classificada em duas espécies: A) Detentiva – refere-se à internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico. Essa medida de segurança é obrigatória aos condenados com penas de reclusão; B) Restritiva – diz respeito ao tratamento ambulatorial. Nesse caso nãohá internação, o agente permanece livre, porém realizando tratamento em clínica psiquiátrica. OBS: Nos crimes apenados com detenção caberá ao magistrado decidir pela sujeição, ou não, ao tratamento ambulatorial. Para tanto, o magistrado levará em conta o grau de periculosidade. Existe um prazo mínimo de internação ou de tratamento ambulatorial, que é, de acordo com o CP, de 1 a 3 anos. Transcorrido esse prazo mínimo, o acusado é submetido a uma perícia médica para verificar se cessou, ou não, a periculosidade do agente. Caso não seja caso de desinternação/liberação condicional ao fim do período mínimo, a perícia será renovada anualmente ou a qualquer tempo, se assim determinar o Juízo da Execução. A internação, ou tratamento ambulatorial, será por prazo indeterminado quanto ao limite máximo. Pois bem. Esse prazo de internação será de 6 meses a 3 anos em caso de contravenção penal, nos termos do art. 16, caput, da LCP, c.c os arts. 97, §1º, e 98 do CP. Na escolha do período, o juiz levará em conta a gravidade da contravenção penal cometida. Questão: Se ao final do período mínimo a perícia concluir pela cessação da periculosidade? Nesse caso ao agente será concedida a desinternação ou a liberação condicional. Durante o período de um ano após a desinternação ou a liberação condicional, o agente será fiscalizado acerca de sua periculosidade. Se nesse período de 1 ano o agente voltar a praticar fato revelador de sua periculosidade, o Juiz deverá restabelecer a medida de segurança. Art. 14 da LCP. Presumem-se perigosos, além dos indivíduos a que se referem os ns. I e II do art. 78 do Código Penal: I — o condenado por motivo de contravenção cometido, em estado de embriaguez pelo álcool ou substância de efeitos análogos, quando habitual a embriaguez; II — o condenado por vadiagem ou mendicância. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 10 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 14 Esse dispositivo legal que versa a presunção de periculosidade foi revogado tacitamente pela Lei nº 7209/84, diploma legal responsável por realizar a reforma da parte geral do Código Penal. Não há que se falar nos dias atuais em presunção de periculosidade. Também estamos diante de outro dispositivo legal que foi revogado pela Lei nº 7209/84. Inicialmente, vale destacar que o art. 26 do CPP estabelecia que a ação penal em sede de contravenção penal era deflagrada por auto de prisão em flagrante delito ou por portaria confeccionada pela autoridade judiciária. Ocorre que o referido dispositivo legal do CPP sequer foi recepcionado pela Constituição Federal, porquanto o art. 129, I, da CF5 estabeleceu ao Ministério Público a titularidade da ação penal pública. A ação penal em caso envolvendo contravenção penal é sempre pública e incondicionada. Vale dizer, é promovida pelo Ministério Público com o oferecimento da denúncia e independente de qualquer condicionante para a deflagração da persecução penal. Chamo ainda atenção para destacar que todas as contravenções penais são infrações penais de menor potencial ofensivo (art. 61 da Lei nº 9099/956). Praticado uma infração penal de menor potencial ofensivo, a autoridade policial determina a lavratura do termo circunstanciado de ocorrência (TCO), ou seja, um procedimento muito mais célere e simplificado quando cotejado com o inquérito policial. Em outras palavras, não há que se falar em instauração de 5 Art. 129 da CF: São funções institucionais do Ministério Público: I – promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; 6 Art. 61 da Lei nº 9099/95: Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. Art. 15 da LCP. São internados em colônia agrícola ou em instituto de trabalho, de reeducação ou de ensino profissional, pelo prazo mínimo de um ano: I — o condenado por vadiagem (art. 59); II — o condenado por mendicância (art. 60 e seu parágrafo). Art. 17 da LCP. A ação penal é pública, devendo a autoridade proceder de ofício. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 10 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 15 inquérito policial para apuração de contravenção penal. Todavia, nada obsta que após a lavratura do Termo Circunstanciado de Ocorrência seja determinada a instauração de um inquérito policial para a análise da mesma conduta diante da complexidade da causa (pluralidade de acusados ou perícia complexa) ou em caso de conexão ou continência de infração penal de menor potencial ofensivo com infração penal comum. Nas palavras dos professores Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar, Termo circunstanciado de ocorrência consiste em uma investigação simplificada, com o resumo das declarações das pessoas envolvidas e das testemunhas e, eventualmente com a juntada de exame de corpo de delito para os crimes que deixam vestígios. Objetiva-se como se infere, coligir elementos que atestem autoria e materialidade delitiva, ainda que de forma sintetizada. Nos autos do termo circunstanciado de ocorrência, o delegado tomará o compromisso do autuado de comparecer ao juizado especial em dia e horário designados previamente.7 Somente em caso de recusar em assinar esse compromisso será lavrado auto de prisão em flagrante delito. Na audiência preliminar, presente o representante do Ministério Público, o autor do fato e a vítima e, se possível, o responsável civil, acompanhados por seus advogados, o Juiz esclarecerá sobre a possibilidade da composição dos danos e da aceitação da proposta de aplicação imediata de pena não privativa de liberdade (transação penal). Tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas (transação penal), a ser especificada na proposta. Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos. Da sentença homologatória da transação penal caberá a apelação, nos termos do art. 82 da Lei nº 9099/95. 7 TÁVORA, Nestor; RODRIGUES ALENCAR, Rosmar. Curso de Direito Processual Penal. 11ª edição. Salvador: Editora JusPodvm: 2016, p. 1186 Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 10 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 16 Se não ocorrer a transação penal pela ausência do autor ou pelo não preenchimento dos requisitos legais para a concessão de referido instituto despenalizador, o MP oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de diligências imprescindíveis. Daí o rito a ser observado é o sumaríssimo descrito nos arts. 77/81, todos da Lei nº 9099/95. OBS: Não se aplica a Lei nº 9099/95 em caso de contravenções penais praticados no âmbito de violência doméstica e familiar contra a mulher, por força do art. 41 da Lei 11340/068. Exemplo: Contravenção de Vias de fato (art. 21 da LCP) praticada contra a mulher não terá a incidência da Lei nº 9099/95. Questão: A Justiça Federal de 1º grau de jurisdição tem competência para processar e julgar algum fato contravencional? A resposta é negativa. De acordo com oart. 109, VI, da Constituição Federal, a Justiça Federal não tem competência para processar e julgar contravenção penal, ainda que tal fato viole bens, serviços ou interesses da União Federal, suas autarquias, ou empresas públicas. Essa proibição alcança também a contravenção penal que for conexa com algum delito de competência da Justiça Federal, aplicando-se, na espécie, a separação de processos. Por oportuno, vale destacar a súmula 38 do STJ: OBS: Todavia se o autor da contravenção penal for pessoa com prerrogativa de foro (ex: juiz federal ou procurador da república), a competência para processar e julgar esse fato contravencional será do Tribunal Regional Federal, em razão do previsto no art. 108, I, “a”, da Constituição Federal. Repare que o critério funcional se sobrepõe à competência material. 8 Art. 41 da Lei 11340/06: Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9099, de 26 de setembro de 1995. Súmula 38 do STJ: Compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição de 1988, o processo por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 10 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 17 3 – Parte Especial das Contravenções Penais A parte especial da Lei de Contravenções Penais é dividida em 8 capítulos: Capítulo I — Das Contravenções Referentes à Pessoa; Capítulo II — Das Contravenções Referentes ao Patrimônio; Capítulo III — Das Contravenções Referentes à Incolumidade Pública; Capítulo IV — Das Contravenções Referentes à Paz Pública; Capítulo V — Das Contravenções Referentes à Fé Pública; Capítulo VI — Das Contravenções Relativas à Organização do Trabalho; Capítulo VII — Das Contravenções relativas à Polícia de Costumes; Capítulo VIII — Das Contravenções Referentes à Administração Pública. Abordaremos as principais contravenções penais. DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS REFERENTES À PESSOA Fabrico, comércio ou detenção de arma ou munição Com o advento do Estatuto do Desarmamento, essa contravenção penal passou a ter aplicabilidade apenas para as armas brancas (punhal, espada, faca, etc.). Vale dizer, o fabrico, comércio e a detenção de arma de fogo ou munição é crime tipificado na Lei 10826/03. Objetividade jurídica. Tal contravenção tem como objetividade jurídica manter intacta a integridade física e psíquica da população, evitando-se também a prática de crimes mais graves (lesão corporal, homicídio, etc.). Cuida-se de infração de perigo abstrato. Art. 18 da LCP: Fabricar, importar, exportar, ter em depósito ou vender, sem permissão da autoridade, arma ou munição: Pena — prisão simples, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas cumulativamente, se o fato não constitui crime contra a ordem política ou social. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 10 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 18 Sujeito ativo. Cuida-se de contravenção comum, isto é, pode ser cometida por qualquer pessoa. Elementos objetivos. São 5 condutas descritas no tipo penal. Fabricar significa produzir. Importar é ingressar com o objeto material no território nacional. Exportar é sair com o objeto material do território nacional. Ter em depósito é manter o objeto material sob sua responsabilidade. Vender é negociar com o intuito de lucro. OBS: Somente configura essa contravenção penal as armas brancas próprias, ou seja, apenas aquelas empregadas como ferramenta de ataque. Elemento subjetivo. É o dolo, ou seja, vontade livre e consciente de praticar o fato descrito no tipo. Porte de arma Com o advento do Estatuto do Desarmamento, essa contravenção penal passou a ter aplicabilidade apenas para as armas brancas (punhal, espada, faca, etc.). Vale dizer, a posse e o porte de arma de fogo, acessório ou munição é crime tipificado na Lei 10826/03. Objetividade jurídica. Tal contravenção tem como objetividade jurídica manter intacta a integridade física e psíquica da população, evitando-se também a prática de crimes mais graves (lesão corporal, homicídio, etc.). Cuida-se de infração de perigo abstrato. Art. 19 da LCP: Trazer consigo arma fora de casa ou de dependência desta, sem licença da autoridade: Pena — prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou multa, ou ambas cumulativamente. §1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até ½ (metade), se o agente já foi condenado, em sentença irrecorrível, por violência contra a pessoa. §2º Incorre na pena de prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, ou multa, quem, possuindo arma ou munição: a) deixa de fazer comunicação ou entrega à autoridade, quando a lei o determinada; b) permite que alienado, menor de 18 anos, ou pessoa inexperiente no manejo de arma a tenha consigo; Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 10 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 19 Sujeito ativo. Cuida-se de contravenção comum, isto é, pode ser cometida por qualquer pessoa. Elementos objetivos. Trazer consigo arma significa ter a arma próxima para poder usá-la a qualquer momento para ataque ou defesa. OBS: Somente configura essa contravenção penal as armas brancas próprias, ou seja, apenas aquelas empregadas como ferramenta de ataque. Elemento subjetivo. É o dolo, ou seja, vontade livre e consciente de praticar o fato descrito no tipo. Causa de aumento. É causa de aumento de pena de 1/3 até ½, se o agente já foi condenado, em sentença irrecorrível (transitada em julgado), por violência contra a pessoa. Exemplo: O agente já tiver uma condenação com manto da coisa julgada por um delito de homicídio. Figura equiparada. A pena também será de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, ou multa, quem, possuindo arma ou munição: a) deixa de fazer comunicação ou entrega à autoridade, quando a lei o determinada; b) permite que alienado, menor de 18 anos, ou pessoa inexperiente no manejo de arma a tenha consigo; Anúncio de meio abortivo Com essa contravenção penal, o legislador visou proteger a vida intrauterina, ou seja, a vida do feto no interior do útero. Sujeito ativo. Cuida-se de contravenção comum, isto é, pode ser cometida por qualquer pessoa. Art. 20 da LCP: Anunciar processo, substância ou objeto destinado a provocar aborto. Pena — multa. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 10 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 20 Elementos objetivos. Anunciar significa tornar público. Processo, substância ou objeto destinado a provocar o aborto diz respeito a qualquer meio de divulgação (rádio, jornal, etc.) empregado para divulgar técnicas para interromper a gravidez com a consequente morte do produto da concepção. Para configuração dessa contravenção penal é indispensável que essa divulgação alcance um número indeterminado de pessoas. Elemento subjetivo. É o dolo, ou seja, vontade livre e consciente de praticar o fato descrito no tipo. Vias de fato Com essa contravenção penal, o legislador visou proteger a incolumidade pessoal. Sujeito ativo. Cuida-se de contravenção comum, isto é, pode ser cometida por qualquerpessoa. Elemento objetivo. Praticar vias de fato significa em realizar violência ou esforço físico sem a intenção de produzir dano à integridade corporal de outrem. O agente atua sem a intenção de lesionar (animus laedendi). Elemento subjetivo. É o dolo, ou seja, vontade livre e consciente de praticar o fato descrito no tipo. Questão: Qual é a diferença entre vias de fato e tentativa de lesão corporal? A diferença nesse caso reside no elemento subjetivo do agente. Se há a vontade de lesionar outrem (animus laedendi), o agente responderá por tentativa de lesão corporal (art. 129, caput, c.c o art. 14, II, ambos do CP). De outro lado, se o agente não tem a intenção de lesionar (animus laedendi) responderá pela contravenção penal de vias de fato (art. 21 da LCP). Art. 21 da LCP: Praticar vias de fato contra alguém: Pena — prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, se o fato não constitui crime. Parágrafo único. Aumenta-se a pena de um terço até a metade, se a vítima é maior de 60 anos. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 10 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 21 A contravenção penal de vias de fato é infração penal subsidiária, ou seja, somente haverá tal contravenção penal se a violência empregada pelo agente não for meio de execução de um crime. É o próprio preceito secundário do art. 21 da LCP que realiza essa ressalva (se o fato não constitui crime) - princípio da subsidiariedade expressa. Exemplo: Não há que se falar em contravenção penal de vias de fato se o agente empregou a violência para praticar o delito de estupro. Causa de aumento. A pena será aumentada de 1/3 até ½ se a vítima for maior de 60 anos. Essa majorante foi acrescentada pelo Estatuto do Idoso (Lei 10741/03). Ação Penal. Com o advento da Lei nº 9099/95 que passou a exigir representação para os crimes de lesão corporal leve, ou seja, transformou um crime de ação penal pública incondicionada em ação penal pública condicionada a representação, vários juristas passaram a sustentar que a contravenção penal de vias de fato (infração penal de menor gravidade), por analogia in bonam partem, também deveria ser de ação penal pública condicionada. Todavia, esse entendimento não foi acolhido pelo STJ, que manteve firme sua posição no sentido de que a contravenção penal de vias de fato é ação penal pública incondicionada, nos exatos termos do art. 17 da LCP. Vejamos: PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. VIAS DE FATO EM AMBIENTE DOMÉSTICO. AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA. 1. Nas contravenções penais de vias de fato, praticadas no âmbito das relações domésticas e familiares, a ação penal é pública incondicionada, nos termos do art. 17 da Lei de Contravenções Penais, que não foi alterado pela Lei n. 9.099/1995, nem pela Lei n. 11.340/2006. Precedentes. 2. Agravo regimental desprovido. (AgRg no AREsp 1036763/SP, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 06/04/2017, DJe 20/04/2017) Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 10 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 22 DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS REFERENTES AO PATRIMÔNIO Instrumento de emprego usual na prática de furto Com essa contravenção penal, o legislador visou proteger o patrimônio. Sujeito ativo. Cuida-se de contravenção comum, isto é, pode ser cometida por qualquer pessoa. Elemento objetivo. Fabricar é produzir. Ceder é fornecer. Vender é negociar com o intuito de lucro. É uma contravenção de ação múltipla. Assim, se o agente praticar mais de uma conduta descrita no tipo penal, no mesmo contexto fático, em homenagem ao princípio da alternatividade, incorrerá numa única contravenção penal. Gazua corresponde a chave falsa, ou seja, ferramenta apta a abrir fechadura ou cadeado. Exemplos de outro instrumento normalmente empregado para a prática de furto: Pés-de-cabra, alavanca, etc. Questão: O agente que fabrica uma gazua e, em seguida, pratica o delito de furto responderá por quantas infrações penais? Nesse caso o agente responderá apenas pelo delito de furto qualificado (art. 155, § 4º, III, do Código Penal. Em homenagem ao princípio da consunção, a contravenção penal é absorvida pelo crime de furto, pois funcionou como mero meio para a execução da infração penal mais grave. Elemento subjetivo. É o dolo, ou seja, vontade livre e consciente de praticar o fato descrito no tipo. Art. 24 da LCP: Fabricar, ceder ou vender gazua ou instrumento empregado usualmente na prática de crime de furto: Pena — prisão simples, de seis meses a dois anos, e multa. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 10 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 23 Posse não justificada de instrumento de emprego usual na prática de furto Cabe apontar que o Supremo Tribunal Federal, em 03 de outubro de 2013, ao julgar o recurso extraordinário de nº 583523 declarou que esse dispositivo legal não foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988 por malferir os princípios da dignidade humana (art. 1º, III, da CF) e da isonomia (art. 5º, caput, e I, da Constituição Federal). Esse foi o julgado: Recurso extraordinário. Constitucional. Direito Penal. Contravenção penal. 2. Posse não justificada de instrumento de emprego usual na prática de furto (artigo 25 do Decreto-Lei n. 3.688/1941). Réu condenado em definitivo por diversos crimes de furto. Alegação de que o tipo não teria sido recepcionado pela Constituição Federal de 1988. Arguição de ofensa aos princípios da isonomia e da presunção de inocência. 3. Aplicação da sistemática da repercussão geral – tema 113, por maioria de votos em 24.10.2008, rel. Ministro Cezar Peluso. 4. Ocorrência da prescrição intercorrente da pretensão punitiva antes da redistribuição do processo a esta relatoria. Superação da prescrição para exame da recepção do tipo contravencional pela Constituição Federal antes do reconhecimento da extinção da punibilidade, por ser mais benéfico ao recorrente. 5. Possibilidade do exercício de fiscalização da constitucionalidade das leis em matéria penal. Infração penal de perigo abstrato à luz do princípio da proporcionalidade. 6. Reconhecimento de violação aos princípios da dignidade da pessoa humana e da isonomia, previstos nos artigos artigos 1º, inciso III; e 5º, caput e inciso I, da Constituição Federal. Não recepção do artigo 25 do Decreto-Lei 3.688/41 pela Constituição Federal de 1988. 7. Recurso extraordinário conhecido e provido para absolver o recorrente nos termos do artigo 386, inciso III, do Código de Processo Penal. (RE 583523, Relator: Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 03/10/2013) Violação de lugar ou objeto Art. 25 da LCP: Ter alguém em seu poder, depois de condenado por crime de furto ou roubo, ou enquanto sujeito à liberdade vigiada ou quando conhecido como vadio ou mendigo, gazuas, chaves falsas ou alteradas ou instrumentos empregados usualmente na prática de crime de furto, desde que não prove destinação legítima: Pena — prisão simples, de dois meses a um ano, e multa. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 10 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 24 Com essa contravenção penal, o legislador visou proteger o patrimônio. Sujeito ativo. Cuida-se de contravenção própria,pois o tipo penal exige uma qualidade especial do sujeito ativo, qual seja, deve estar no exercício de profissão de serralheiro ou ofício análogo (ex: chaveiro) que é chamado para abrir uma fechadura ou qualquer outro aparelho destinado à defesa de lugar ou objeto. Elemento objetivo. Abrir fechadura ou qualquer outro aparelho destinado à defesa de lugar (ex:casa, loja, etc.) ou objeto (automóvel, motocicleta, etc.). Cuida-se de uma conduta negligente, ou seja, o agente não deve ter verificado se a pessoa que solicitou seu serviço tinha realmente legitimidade em relação ao lugar ou objeto. Essa contravenção consuma-se no exato momento em que o agente abre a fechadura ou qualquer outro aparelho destinado à defesa de lugar ou objeto, independentemente de ocorrer qualquer resultado lesivo. Elemento subjetivo. É a culpa, ou seja, o agente deve ser negligente ao não tomar os cuidados necessários para verificar a legitimidade da pessoa que solicita o serviço em relação ao lugar ou o objeto. DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS REFERENTES À INCOLUMIDADE PÚBLICA Disparo de arma de fogo Já o art. 28, parágrafo único, da LCP versa sobre a contravenção penal de deflagração perigosa de fogo de artifício, que visa proteger a incolumidade pública que pode ser exposta a perigo por meio de incêndios causados por fogos de artifício. Art. 26 da LCP: Abrir, alguém, no exercício de profissão de serralheiro ou ofício análogo, a pedido ou por incumbência de pessoa de cuja legitimidade não se tenha certificado previamente, fechadura ou qualquer outro aparelho destinado à defesa de lugar ou objeto: Pena — prisão simples de 15 dias a 3 meses, ou multa. Art. 28 da LCP: Disparar arma de fogo em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela: Pena — prisão simples, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias a dois meses, ou multa, quem, em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, sem licença da autoridade, causa deflagração perigosa, queima fogo de artifício ou solta balão aceso. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 10 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 25 Sujeito ativo. Cuida-se de contravenção comum, isto é, pode ser cometida por qualquer pessoa. Elemento objetivo. Deflagração significa detonar fogos de artifícios (rojões, bombinhas, etc.). Se tiver autorização da autoridade competente, o fato é atípico. OBS: Se porventura essa deflagração atingir uma pessoa e causar lesões corporais, estaremos diante do delito de lesão corporal descrito no art. 129 do Código Penal. Elemento subjetivo. É o dolo, ou seja, vontade livre e consciente de praticar o fato descrito no tipo. Omissão de cautela na guarda ou condução de animais Com essa contravenção penal, o legislador visou proteger a incolumidade pública. Sujeito ativo e passivo. Cuida-se de contravenção comum, isto é, pode ser cometida por qualquer pessoa (proprietária ou possuidora do animal). Já o sujeito passivo é a coletividade e, de modo eventual, os ofendidos do perigo gerado pelo animal. Estamos diante de uma contravenção de perigo abstrato, ou seja, há uma presunção absoluta de periculosidade com a prática da conduta descrita no tipo penal. Se por acaso o agente deixar esse animal solto e esse vier a causar uma lesão corporal em alguém, o agente responderá por lesão corporal culposa Art. 31 da LCP: Deixar em liberdade, confiar à guarda de pessoa inexperiente, ou não guardar com a devida cautela animal perigoso: Pena — prisão simples, de dez dias a dois meses, ou multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: a) na via pública abandona animal de tiro, carga ou corrida, ou o confia a pessoa inexperiente. b) excita ou irrita animal, expondo a perigo a segurança alheia. c) conduz animal, na via pública, pondo em perigo a segurança alheia. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 10 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 26 (infração penal mais grave), em virtude da manifesta negligência na guarda do animal. Elemento objetivo. Deixar em liberdade significa soltar o animal sem qualquer objeto limitando a sua locomoção. A expressão “pessoas inexperientes” deve ser compreendida como aquela pessoa que não tem qualquer conhecimento para lidar com determinados animais. Animal perigoso é aquele bravio, selvagem, não domesticado. A contravenção penal descrita no art. 31, caput, da LCP é culposa, porquanto o agente deve agir com negligência. Figura equiparadas. Primeiramente, devemos destacar que as figuras equiparadas são dolosas. São 3 hipóteses: a) quem na via pública abandona anima de tiro, carga ou corrida, ou o confia a pessoa inexperiente; b) excita ou irrita animal, expondo a perigo a segurança alheia; c) conduz animal, na via pública, pondo em perigo a segurança alheia. Falta de habilitação para dirigir veículo Primeiramente, vale destacar que o art. 309 do Código de Trânsito Brasileiro9 derrogou a contravenção do art. 32 da LCP no tocante à condução de veículo automotor. Assim, essa contravenção penal atualmente apenas tem aplicabilidade em caso de condução em águas públicas de embarcação motorizada sem a devida habilitação. Essa é a redação da súmula 720 do STF: 9 Art. 309 do CTB: Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida permissão para dirigir ou habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano: Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, ou multa. Art. 32 da LCP: Dirigir, sem a devida habilitação, veículo na via pública, ou embarcação a motor em águas públicas: Pena — multa. Súmula 720 do STF: O art. 309 do Código de Trânsito Brasileiro, que reclama decorra do fato perigo de dano, derrogou o art. 32 da Lei das Contravenções Penais no tocante à direção sem habilitação em vias terrestres. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 10 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 27 OBS: Para configuração do crime do art. 309 do CTB não basta dirigir veículo automotor sem a devida habilitação, pois necessita-se também da demonstração de perigo concreto. Cuida-se de uma contravenção penal que visa proteger a incolumidade pública, mais precisamente a segurança em águas públicas. Exemplo: Sem a devida habilitação, andar de lancha em rio (águas públicas). Sujeito ativo. É uma contravenção comum, isto é, pode ser cometido por qualquer pessoa. Elemento objetivo. Dirigir, sem a devida habilitação, embarcação a motor em águas públicas. Dirigir significa pilotar. Trata-se de uma contravenção penal de perigo abstrato, ou seja, para a sua ocorrência não é a demonstração de alguém estar em perigo. O fato é atípico se o agente sem habilitação dirige embarcação a motor em águas de propriedade particular. Questão: Responde por essa contravenção penal o agente que estar com sua habilitação suspensa ou cassada? A resposta é afirmativa. O agente estar com sua habilitação suspensa ou cassada deve ser considerada como uma pessoa não habilitada. De outro giro, será considerado como mera infração administrativa se o agente, embora habilitado, não portar esse documento no momento em que é submetido à abordagem. Questão: Por quais infrações penais o agente responderá se apresentar documentofalso de habilitação para conduzir embarcação a motor? O agente responderá pela contravenção penal do art. 32 da LCP, assim como pelo delito de uso de documento falso (art. 304 do CP). Elemento subjetivo. É o dolo, ou seja, vontade livre e consciente de praticar a conduta descrita no tipo penal. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 10 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 28 Direção perigosa na via pública Primeiramente, vale destacar que o STF, nos autos do HC 86276, entendeu que a contravenção penal em estudo continua em vigor no tocante à direção perigosa de veículo automotor, nos casos não abrangidos pelo Código de Trânsito Brasileiro. Exemplos: trafegar na contramão; realizar ultrapassagem pela direita, etc. Quais são as hipóteses de direção perigosa descritas no CTB? Embriaguez ao volante (art. 306 do CTB), racha (art. 308 do CTB), dirigir sem habilitação (art. 309 do CTB), excesso de velocidade ou velocidade incompatível (art. 311 do CTB). Em resumo, a contravenção penal em tela terá caráter residual, pois será considerada como tal a direção perigosa não descrita no Código de Trânsito Brasileiro como crime ou infração administrativa. Cuida-se de uma contravenção penal que visa proteger a incolumidade pública, mais precisamente a segurança no trânsito. Sujeito ativo. É uma contravenção comum, isto é, pode ser cometido por qualquer pessoa. Elemento objetivo. Dirigir significa pilotar. Via pública são as vias de acesso ao público. Exemplos: estradas, ruas, etc. OBS: Estacionamento de mercado, de shopping, ruas de condomínio não configuram via pública, pois são de propriedade particular. Trata-se de uma contravenção penal de perigo abstrato, ou seja, para a sua ocorrência não é a demonstração de alguém estar em perigo. Se o agente conduzindo de forma perigosa o veículo causar acidente de trânsito, o delito de lesão corporal culposa ou homicídio absorve a contravenção penal em estudo. Art. 34 da LCP: Dirigir veículos na via pública, ou embarcações em águas públicas, pondo em perigo a segurança alheia: Pena — prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 10 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 29 DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS REFERENTES À PAZ PÚBLICA Provocação de tumulto e conduta inconveniente Cuida-se de uma contravenção penal que visa proteger a tranquilidade pública. Sujeito ativo. É uma contravenção comum, isto é, pode ser cometido por qualquer pessoa. Elemento objetivo. Provocar tumulto significa criar confusão, bagunça, desordem. Portar-se de modo inconveniente ou desrespeitoso significa ter uma conduta grosseira e totalmente inadequada para a situação. Exemplo: Gritar durante uma peça de teatro. A LCP ainda exige que esse comportamento inadequado ocorra nos seguintes locais: a) solenidade ou ato oficial; b) assembleia; c) espetáculos públicos. Chamo ainda a atenção de vocês para destacar que essa contravenção penal somente será aplicada se o fato não constituir infração penal mais grave. Cuida-se da adoção do princípio da subsidiariedade expressa. Exemplo: Se o agente ingressar no campo de um estádio de futebol nu responderá apenas pelo crime de ato obsceno e não por essa contravenção penal. Perturbação do trabalho ou do sossego alheios Art. 40 da LCP: Provocar tumulto ou portar-se de modo inconveniente ou desrespeitoso, em solenidade ou ato oficial, em assembleia ou espetáculo público, se o fato não constitui infração penal mais grave: Pena — prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou multa. Art. 42 da LCP: Perturbar alguém, o trabalho ou o sossego alheios: I — com gritaria ou algazarra; II — exercendo profissão incômoda ou ruidosa, em desacordo com as prescrições legais; III — abusando de instrumentos sonoros ou sinais acústicos; IV — provocando ou não procurando impedir barulho produzido por animal de que tem guarda: Pena — prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 10 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 30 Cuida-se de uma contravenção penal que visa proteger a paz pública. Sujeito ativo. É uma contravenção comum, isto é, pode ser cometido por qualquer pessoa. Elemento objetivo. Essa contravenção pode ser cometida das seguintes maneiras: a) Gritaria significa causar barulho com a voz humana. Algazarra alcança bagunça realizada por outras maneiras (Ex: chutar latinhas de refrigerante). b) Exercício de profissão incômoda ou ruidosa significa que para a configuração dessa contravenção esse exercício profissional deve ser exercido em desacordo com as disposições legais. c) Abuso de instrumentos sonoros ou de sinais acústicos. Ex: Proprietário de casa noturna que não obedece ao limite de decibéis estabelecido para a área. d) Provocar animal de que tenha a guarda para fazer barulho. É uma conduta comissiva (ação) e) Não procurar impedir barulho causado por animal de que tenha a guarda. É uma conduta omissiva própria (omissão). OBS: Para aferição da perturbação não se leva em conta as percepções do incomodado, mas sim o critério do homem médio. Elemento normativo. O termo “alheios” é o elemento normativo do tipo. Assim, não há que se falar nessa contravenção penal se a perturbação for de uma única pessoa. Essa contravenção penal exige uma perturbação que atinja a coletividade. Também se leva em consideração aspectos culturais e os costumes locais. Essa é a posição do STF: Habeas Corpus. 2. Contravenção Penal. 3. Perturbação do Trabalho ou Sossego Alheios. 4. Atipicidade da conduta. 5. Ausência de perturbação à paz social. 6. Falta de justa causa. 7. Ordem Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 10 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 31 concedida. (HC 85032, Relator: Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 17/05/2005) Simulação da qualidade de funcionário público Cuida-se de uma contravenção penal que visa proteger a fé pública dos atos emanados dos funcionários públicos. Sujeito ativo. É uma contravenção comum, isto é, pode ser cometido por qualquer pessoa. Pode, inclusive, ser praticado por funcionário público que finge ser detentor de uma função diversão da que realmente apresenta. Ex: Escrivão de polícia que se passa por delegado de polícia. Elemento objetivo. Fingir é simular. Apresentar-se como funcionário público. O conceito de funcionário público está descrito no art. 327, caput, do CP (Considera-se funcionário público que, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública). Pouco importa para a caracterização dessa contravenção penal se o agente disse ser funcionário público federal, estadual ou municipal. Essa contravenção penal tem caráter subsidiário, ou seja, somente é aplicada se não configurar infração penal mais grave. Assim, se o agente efetivamente praticar um ato privativo de funcionário público, ele responderá pelo delito de usurpação de função pública (art. 328 do Código Penal). De outro, se a intenção do agente é obter vantagem ilícita mediante prejuízo a outrem, ele responderá pelo delito de estelionato (art. 171 do Código Penal). Por fim,responderá pelo crime de falsa identidade (art. 307 do Código Penal) se o agente atribui falsa identidade para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem. DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS REFERENTES À ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO Exercício ilegal de profissão ou atividade Art. 45 da LCP: Fingir-se funcionário público: Pena — prisão simples, de um a três meses, ou multa. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 10 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 32 Cuida-se de uma contravenção penal que visa impedir que o exercício profissional seja desempenhado por pessoa que não tenha conhecimento técnico para tanto. Assim, o exercício ilegal da profissão de advogado, ou seja, sem a observância do disciplinado na Lei 8906/94 (Estatuto da OAB) pode caracterizar a contravenção penal em estudo. Outro exemplo: O corretor de imóveis deve estar registrado no CRECI. Questão: Qual infração comete a pessoa que está impedida ou suspensa de exercer a advocacia? Também cometerá a contravenção penal de exercício ilegal de profissão ou atividade. O impedimento ou a suspensão para o exercício da advocacia significa que o agente não preenche as condições legais para o exercício da atividade profissional. Sujeito ativo. É uma contravenção comum, isto é, pode ser cometido por qualquer pessoa. No que se refere às profissões de dentista, farmacêutico e médico não há que se falar na contravenção penal em apreço, pois o Código Penal, em seu artigo 28210, estabeleceu crime para essas situações. Elemento objetivo. Para a configuração dessa contravenção penal é necessário que o agente exerça, anuncie profissão ou função econômica sem preencher os pressupostos legais. Repare que estamos diante de uma norma penal em branco, porquanto o tipo penal é complementado por outra lei que regulamenta o exercício da atividade profissional. Contudo, se não existir lei regulamentado a profissão ou a atividade econômica exercida, a conduta é atípica. 10 Art. 282 do CP: Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou farmacêutico, sem autorização legal ou excedendo-lhe os limites: Pena – detenção, de 6 meses a 2 (dois) anos. Art. 47 da LCP: Exercer profissão ou atividade econômica ou anunciar que a exerce, sem preencher as condições a que por lei está subordinado o seu exercício: Pena — prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 10 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 33 Vejamos um julgado do STJ que bem elucida a contravenção penal em estudo: CONFLITO DE COMPETÊNCIA. PENAL. CORRETOR DE IMÓVEIS. EXERCÍCIO DAS ATIVIDADES APÓS CANCELAMENTO DE SUA INSCRIÇÃO NO CRECI, POR INADIMPLÊNCIA DAS ANUIDADES. CONTRAVENÇÃO PENAL CONFIGURADA (ART. 47 DO DECRETO-LEI 3.688/1941. EXERCÍCIO ILEGAL DA PROFISSÃO OU ATIVIDADE. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. 1. A conduta do agente que exerce atividades de corretagem de imóveis após o cancelamento de sua inscrição no CRECI, por inadimplência das anuidades devidas, se amolda à contravenção penal prevista no art. 47 do Decreto-lei 3.688/1941, haja vista que permaneceu clandestinamente na profissão regulamentada, exercendo-a sem o preenchimento de condição legal a que está subordinado o seu exercício, qual seja, inscrição perante o órgão de fiscalização profissional. 2. Não há que se falar, no caso dos autos, de violação à decisão administrativa proibitiva do exercício de atividade e, consequentemente, no crime previsto no art. 205 do CP, haja vista o disposto nos arts. 3º, 4º e 5º, da Resolução nº 761/2002, do Conselho Federal de Corretores de Imóveis - COFECI, no sentido de que o pagamento do débito acarreta a restauração automática da inscrição no CRECI, e que "o cancelamento de inscrição por falta de pagamento [...] não representa punição disciplinar mas, sim, mero ato administrativo de saneamento cadastral". 3. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo de Direito da 1ª Vara do Juizado Especial Cível e Criminal de Poços de Caldas - MG, o suscitado. (CC 104.924/MG, Rel. Ministro JORGE MUSSI, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 24/03/2010, DJe 19/04/2010) Questão: Também responde por essa contravenção penal o “flanelinha” que não estiver registrado no órgão competente? A resposta é negativa, pois a mens legis é de que para o desempenho da profissão exista uma habilitação específica (conhecimento especializado), o que não ocorre no caso dos flanelinhas. Vejamos um julgado do STJ sobre o assunto: Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 10 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 34 PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CONTRAVENÇÃO PENAL. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO. ART. 47 DA LCP. "FLANELINHA". AUSÊNCIA DE REGISTRO. ATIPICIDADE DA CONDUTA. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA PARA A AÇÃO PENAL. TRANCAMENTO. RECURSO ORDINÁRIO PROVIDO. I - O trancamento da ação penal constitui medida excepcional, justificada apenas quando comprovadas de plano, sem necessidade de análise aprofundada de fatos e provas, a atipicidade da conduta, a presença de causa de extinção de punibilidade ou a ausência de prova da materialidade ou de indícios mínimos de autoria. II - A jurisprudência do col. Supremo Tribunal Federal, bem como desta Corte, há muito se firmou no sentido de ser atípico o exercício da atividade desenvolvida pelo denominado "flanelinha", sem o registro nos órgãos competentes, ainda que esta exigência encontre previsão em lei, uma vez que a sua ausência não atingiria de forma significativa o bem jurídico tutelado pela norma penal. III - Segundo entendimento do excelso Supremo Tribunal Federal e desta Corte, a contravenção penal descrita no art. 47 da LCP (Dec.-Lei n. 3.688/41), tem como objetivo a tutela da organização do trabalho, notadamente as profissões que exigem habilitação ou qualificação técnica especializada, razão pela qual deve haver complementação por outra norma para definir tais requisitos. IV - A existência de norma estabelecendo a necessidade de registro para o exercício da atividade do "flanelinha", mediante a simples apresentação de documentos pessoais sem exigência de conhecimentos técnicos especializados, não se afigura, todavia, apta a criminalizar referida conduta à luz dos princípios do direito penal, em especial o da intervenção mínima e da ofensividade, Recurso ordinário provido para determinar o trancamento da ação penal em face da atipicidade da conduta. (RHC 88.815/RJ, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 28/11/2017, DJe 06/12/2017) Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 10 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 35 DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS REFERENTES À POLÍCIA DE COSTUMES Jogo de azar Cuida-se de uma contravenção penal que visa tutelar os bons costumes. Cuida-se de uma contravenção penal que visa tutelar os bons costumes e, de forma secundária, o patrimônio das pessoas viciadas em jogos de azar. Sujeito ativo. Cuida-se de uma contravenção comum, ou seja, pode ser cometida por qualquer pessoa. De acordo com o art. 50, caput, da LCP, merece censura o dono do local e o responsável pelo negócio clandestino. Já os funcionáriosdo estabelecimento podem figurar como partícipes dessa contravenção penal. Também será causa de aumento de pena de 1/3 aplicável ao responsável pelo jogo se existe entre os empregados ou participa do jogo pessoa menor de 18 anos. Também é aplicável a pena de multa para quem é encontrado a participar do jogo, como ponteiro ou apostador (jogador). Art. 50 da LCP: Estabelecer ou explorar jogo de azar em lugar público ou acessível ao público, mediante pagamento de entrada ou sem ele: Pena — prisão simples, de três meses a um ano, e multa, estendendo-se os efeitos da condenação à perda dos móveis e objetos de decoração do local. §1º. A pena será aumentada de um terço se existe entre os empregados ou participa do jogo pessoa menor de dezoito anos. §2º Incorre na pena de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis, quem é encontrado a participar do jogo, como ponteiro ou apostador. § 3º Consideram-se, jogos de azar: a) o jogo em que o ganho e a perda dependem exclusiva ou principalmente da sorte; b) as apostas sobre corrida de cavalos fora de hipódromo ou de local onde sejam autorizadas; c) as apostas sobre qualquer outra competição esportiva. § 4º Equiparam-se, para os efeitos penais, a lugar acessível ao público: a) a casa particular em que se realizam jogos de azar, quando deles habitualmente participam pessoas que não sejam da família de quem a ocupa; b) o hotel ou casa de habitação coletiva, a cujos hóspedes e moradores se proporciona jogo de azar; c) a sede ou dependência de sociedade ou associação, em que se realiza jogo de azar; d) o estabelecimento destinado à exploração de jogo de azar, ainda que se dissimule esse destino. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 10 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 36 Elementos objetivos. Estabelecer é instituir um local para a prática de jogos de azar. Explorar é obter lucro com o jogo de azar, sem estar na condição de apostador. O que é jogo de azar? De acordo com a norma penal explicativa descrita no art. 50, §3º, da LCP, jogo de azar pode ser de 3 espécies: a) o jogo em que o ganho e a perda dependem exclusiva ou principalmente da sorte. Exemplo: roleta, pôquer; b) as apostas sobre corrida de cavalos fora de hipódromo ou de local onde sejam autorizadas; c) as apostas sobre qualquer outra competição esportiva. Exemplo: bolão que toma enorme proporção pública, atingindo a participação de pessoas indeterminadas. Destaco ainda a vocês que além da pena de prisão simples e multa, é também efeito da condenação a perda dos móveis existentes no local, bem como dos objetos de decoração. Jogo do bicho Essa contravenção penal tinha previsão inicialmente no art. 58 da LCP, porém foi posteriormente revogada pelo art. 58 do Decreto-Lei 6259/44. Também havia rito específico para tratar dessa contravenção penal no art. 3º da Lei nº 1508/51, porém atualmente o procedimento a ser adotado é o sumaríssimo estabelecido na Lei nº 9099/95. Cuida-se de uma contravenção penal que visa tutelar os bons costumes. Art. 58 da LCP: Realizar o denominado “jogo do bicho”, em que um dos participantes, considerado comprador ou ponto, entrega certa quantia com a indicação de combinações de algarismos ou nome de animais, a que correspondem números, ao outro participante, considerado o vendedor ou banqueiro, que se obriga mediante qualquer sorteio ao pagamento de prêmios em dinheiro: Penas — de seis meses a um ano de prisão simples e multa ao vendedor ou banqueiro, e de quarenta a trinta dias de prisão celular ou multa ao comprador ou ponto. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 10 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 37 O que é o jogo do bicho? Seria um jogo de azar nos moldes de uma loteria, porém realizada por particular. Além das figuras do banqueiro (aquele que arcar com o prêmio do bilhete sorteado) e do apostador, existe também o intermediário (aquele que colhe as apostas junto aos apostadores e as encaminham ao banqueiro), descrita no art. 58, §1º, “a”, do referido decreto-lei. Questão: O intermediário pode ser punido se não forem identificados os apostadores e o banqueiro? A resposta é positiva. Aliás, há uma súmula do Superior Tribunal de Justiça sobre o tema. Questão: Além das pessoas citadas (banqueiro, apostador e intermediário), outras também podem figurar como sujeito ativo? A resposta é afirmativa. De acordo com o art. 58, §1º, do Decreto-Lei nº 6259/44, também podem figurar como sujeito ativo: 1) os que transportarem, conduzirem, possuírem, tiverem sob sua guarda ou poder, fabricarem, derem, cederem, trocarem, guardarem em qualquer parte, listas com indicações do jogo ou material próprio para a contravenção, bem como de qualquer forma contribuírem para a sua confecção, utilização, curso ou emprego, seja qual for a sua espécie ou quantidade; 2) os que procederem à apuração de listas ou à organização de mapas relativos ao movimento do jogo; 3) os que por qualquer modo promoverem ou facilitarem a realização do jogo. Para a comprovação desse fato contravencional, consideram-se idôneas como prova quaisquer listas com indicações claras ou disfarçadas, uma vez que a perícia revele se destinarem a perpetração do jogo do bicho (art. 58, §2º, do Decreto-Lei nº 6259/44. Reparem que a perícia é fundamental para demonstrar tal fato contravencional, notadamente para restar claro que o material apreendido é do Súmula 51 do STJ: A punição do intermediador, no jogo do bicho, independe da identificação do apostador ou do banqueiro. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 10 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 38 jogo do bicho, vez que, em regra, as apostas são lançadas em símbolos e abreviaturas que exige conhecimento específico para decifrá-los. Vadiagem Inicialmente, vale destacar que já há projeto de lei em trâmite no Congresso Nacional para revogar essa contravenção penal, sobretudo diante de um país com milhões de desempregados. Cuida-se de uma contravenção penal que visa impedir que o ocioso, que não é detentor de bens para manter sua subsistência, possa cometer crimes contra o patrimônio alheio. Sujeito ativo. Trata-se de uma contravenção comum, ou seja, pode ser cometida por qualquer pessoa. Basta que reúna condições físicas para o trabalho, porém opte pela ociosidade, mesmo não possuindo renda para manter a sua subsistência. Questão: E se o agente, embora ocioso, tenha investimentos capazes de prover a subsistência? Nessa situação, não há que se falar na contravenção penal de vadiagem, vez que o agente tem condições de manter a sua subsistência. Elemento objetivo. A conduta típica pode ser praticada das seguintes formas: 1) entregar-se à ociosidade de forma habitual. Trata-se de uma conduta omissiva. O agente deve optar por viver sem trabalhar. Não há que se falar nessa contravenção penal se o agente está desempregado por falta de oportunidade de trabalho, pois aí a ociosidade não é voluntária. A aquisição superveniente de renda que assegure ao condenado meios de subsistência extingue a pena. 2) prover a própria subsistência mediante ocupação ilícita. Exemplo: Art. 59 da LCP: Entregar-se alguém habitualmente à ociosidade, sendo válido para o trabalho, sem ter renda que lhe assegure meios bastantes de subsistência, ou provar a própria subsistência mediante
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