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CONTABILIDADE INTERNACIONAL Carlos de Oliveira O48c Oliveira, Carlos de. Contabilidade internacional [recurso eletrônico] / Carlos de Oliveira; coordenação: Pablo Rojas. – Porto Alegre : SAGAH, 2016. Editado como livro impresso em 2016. ISBN 978-85-69726-05-0 1. Contabilidade internacional. I. Título. CDU 657 Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 © SAGAH EDUCAÇÃO S.A., 2016 Colaboraram nesta edição: Coordenador técnico: Pablo Rojas Capa e projeto gráfico: Equipe SAGAH Imagem da capa: Shutterstock Editoração: Kaka Silocchi Reservados todos os direitos de publicação à SAGAH EDUCAÇÃO S.A., uma empresa do GRUPO A EDUCAÇÃO S.A Av. Jerônimo de Ornelas, 670 - Santana 90040-340 - Porto Alegre, RS Fone: (51) 3027-7000 Fax: (51) 3027-7070 É proibida a duplicação deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônicos, mecânicos, gravação, fotocópia, distribuição na Web e outros), sem permissão expressa da empresa. 78 INTRODUÇÃO Com o processo de convergência às normas internacionais de contabilidade a Ciência Contábil se consolida como a linguagem universal de negócios, sendo capaz de interpretar, mensurar e divulgar de forma homogênea, os fenômenos econômicos envolvidos nas relações empresariais. Os profissionais contábeis buscam através do processo de Harmonização Contábil, atingir um alto grau de confiabilidade nos relatórios voltados aos usuários externos, que em última instância representam o objetivo da Contabilidade Societária, proporcionando maior transparência e segurança às informações contábeis reportadas. Vários países vem se esforçando na busca da adequação de suas normas contábeis a esse novo conceito, que no Brasil foi viabilizado com a entrada em vigor da Lei 11.638/2007. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Ao final desta unidade você deverá ser capaz de: • Identificar a diferença entre contabilidade baseada em normas e baseada em princípios, • Reconhecer a importância dos organismos reguladores na elaboração das normas contábeis, • Reconhecer a influência da norma contábil para a consolidação da estrutura conceitual da contabilidade. PRINCÍPIOS VERSUS NORMAS Procuramos nesta unidade, dirimir as dúvidas que permeiam os significados de princípios e normas. Os princípios são elementos que estabelecem a direção a seguir, são gerais e universais, são elementos que caracterizam o conhecimento científico, buscam as causas dos eventos através do método cientifico. 79 As normas dirigem a ação, são proposições rígidas de ordenamento e comando, leis que se não forem obedecidas levam risco ao comportamento. O conceito de “Princípios”, em Contabilidade, tem sentido próprio. O Conselho Federal de Contabilidade (CFC), órgão fiscalizador da profissão no Brasil, através de sua Resolução de nº. 750/93, orienta e regula sobre o conceito contábil a ser reconhecido e adotado. Os Princípios estabelecem os parâmetros condicionantes das normas. As normas são convenções estabelecidas por doutrinadores ou por profissionais contábeis, com a finalidade de apontar o caminho a ser seguido em termos de harmonização, e tornar homogêneos os resultados obtidos com a aplicação prática dos conhecimentos científicos. As normas podem variar segundo o ambiente cultural ou econômico, e suas aplicações procuram atender especificamente às necessidades do meio em que estão inseridas. O ideal é que as normas sejam uniformes e proporcionem o entendimento a todos os interessados Para os usuários da informação contábil, as transações econômicas retratadas nos relatórios contábeis financeiros devem ser baseadas em normas ou princípios, desde que esses sigam critérios que primem pela uniformidade e homogeneidade, com o propósito final de evitar a ocorrência de distorções que levem à má interpretação das mesmas. O Conselho Federal de Contabilidade (CFC), por meio da Resolução de nº. 751/93, disciplina sobre a aplicação das Normas Brasileiras de Contabilidade que estabelecem regras de conduta profissional e procedimentos técnicos a serem observados. Em termos de legislação, as principais normas contábeis do Brasil estão contidas: no Código Comercial Brasileiro (Lei 5.56/1850), com alterações impostas pelas regras do Novo Código Civil Brasileiro (Lei 10.406/2002); Lei 6.404/1976, também alterada pela Lei 11.638/2007; Lei 4.320/1964 para entidades públicas; Resoluções emitidas pela CVM, SUSEP, BACEN, entre outras ordenações. 80 A REGULAÇÃO DA CONTABILIDADE Nesse aspecto, a regulação da contabilidade vem estabelecer a direção sobre a forma de elaboração e divulgação das informações contábeis, assume importante papel no suprimento das necessidades informacionais de seus usuários. O sistema de regulação da contabilidade, até antes da consolidação do processo de convergência aos padrões internacionais de contabilidade é influenciado por diversos agentes. Órgãos do Estado, entidades profissionais, instituições vinculadas ao mercado financeiro e aos meios acadêmicos que interagem entre si e agem sobre o próprio sistema. No uso de sua autoridade e de acordo com os objetivos, esses agentes atuam na formulação das leis e decretos, regulamentam, padronizam e recomendam às entidades, estabelecendo as políticas contábeis (Normas Contábeis) a serem adotadas pelas entidades que reportam a informação contábil na mensuração e evidenciação de suas transações econômicas. A Contabilidade, classificada como ciência social aplicada, se solidifica pelo importante papel que assume no processo de fornecimento de informações de caráter econômico financeiro, que permite aos usuários da informação contábil um embasamento sólido para a tomada de decisões e julgamentos adequados dos eventos de natureza econômica, melhorando dessa forma, a prestação de contas destas entidades para os diversos segmentos da sociedade. Considerando a existência dos diversos agentes econômicos interessados na informação contábil, seus relacionamentos recíprocos e cada qual com seus interesses específicos, o que se observa por consequência é uma diversidade de usos da informação contábil. Sendo assim, surgem questões relativas a quais e em que formato as informações devem ser produzidas e evidenciadas para melhor suprir às necessidades dos usuários. Surge daí o processo de regulação da contabilidade, no qual um determinado agente com poder estabelecido, se responsabiliza pela elaboração dos padrões 81 ou normas que irão definir as maneiras pelas quais as informações contábeis serão geradas e divulgadas, como também a que público elas se destinam. O processo de regulação da contabilidade depende do ambiente cultural, sócio econômico e histórico; estabelecido como produto dessa ordem social como necessidade dos agentes, sobretudo econômicos de conhecer os elementos que compõem o patrimônio das entidades e como esses elementos interagem para a composição do resultado econômico dessas entidades. TEORIA NORMATIVA DA CONTABILIDADE A estrutura conceitual da Contabilidade no Brasil ainda é predominantemente normativo, em relação às características objetivas das demonstrações contábeis. Existem muitos obstáculos a ser vencidos na busca da harmonização contábil, tendo em vista a diversidade de órgãos e entidades profissionais responsáveis pela definição das práticas contábeis que terão efeito. Essa diversidade de entidades impõe sérias dificuldades na fixação de padrões de contabilidade não apenas no âmbito nacional, mas também no plano internacional tornando mais complexas as interpretações para os usuários em geral. Na atualidade, várias entidades atuam no desenvolvimento de procedimentos e harmonização de normas contábeis. Entre essas entidades envolvidas no processo de harmonização contábil devemos enfatizar o papel do International Accounting Standards Board (IASB), a International Federation of Accountants (IFAC), o Financial Accounting Standards Board (FASB), o InternationalOrganization of Securities Commissions (IOSCO) e o International Standards of Accounting and Reporting (ISAR), da UNCTAD/ONU. Saliente-se que o IOSCO representa as entidades reguladoras dos Mercados de Capitais (Comissões de Valores Mobiliários) em âmbito mundial e tem atuação conjunta com o IASB na fixação de Normas Internacionais de Contabilidade adotadas nos processos relativos à oferta de títulos multinacionais. 82 No Brasil há uma multiplicidade de órgãos e entidades reguladoras, responsáveis por editar normas contábeis, tais como a Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), o Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON) e o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), e a necessidade de harmonização das normas contábeis passou a fazer parte das preocupações desses principais organismos. Em consequência desta inquietação foi constituído o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) em Outubro de 2005, suportado pela da Resolução CFC nº 1.055 e reconhecido, indiretamente, pela Lei nº 11.638/07 como o órgão responsável pela centralização dos esforços de convergência das práticas contábeis brasileiras às internacionais. A instalação do CPC representa um importante avanço no caminho da atualização e da modernização de normas e preceitos contábeis, inovando o tratamento das questões de regulação ao reunir representantes de entidades das áreas privada e acadêmica e do setor governamental na busca dos padrões ideais para integrar o Brasil na vanguarda da ciência contábil. Desta maneira, os princípios e normas contábeis adotados no Brasil passam a representar com segurança e objetividade as informações produzidas pela contabilidade, podendo influenciar diretamente as convenções e princípios adotados pela profissão contábil internacionalmente. A contabilidade baseada em princípios, definida na estrutura conceitual difere daquela que busca a fixação de normas contábeis. Cabe salientar que o conjunto de normas contábeis estabelecidas no país possui mais de uma fonte emissora de princípios contábeis, com destaque para o CFC, a CVM e o IBRACON, que passaram a se constituir a base da estrutura contábil no Brasil. Essa estrutura se manteve até a tradução pelo CPC, do documento publicado pelo IASB com o título “Framework for the Preparation and Presentation of Financial Statements” e aprovado pela CVM (Del. 539/08). 83 NORMAS CONTÁBEIS E A ESTRUTURA CONCEITUAL DA CONTABILIDADE Durante muitas décadas, os profissionais da Contabilidade e as entidades públicas procuram um conjunto ideal de normas, padrões ou procedimentos contábeis que atendam suas necessidades, e extensivamente às expectativas dos usuários das informações financeiras. Diversos organismos representativos da classe contábil e de pesquisadores apresentaram propostas com esse fim. Porém, a partir da década de 1.960 foi criada a base conceitual denominada Estrutura Conceitual de Contabilidade Financeira. Essa base conceitual busca identificar os princípios, padrões e normas aplicáveis à Contabilidade, definidos pelos objetivos, características, critérios de reconhecimento e mensuração dos elementos nas demonstrações financeiras. Hendriksen e Van Breda (2009) citam o documento produzido pela Associação Americana de Contabilidade em 1.966, denominado “A statement of basic accounting theory”, como aquele que primeiro trouxe à luz os novos pronunciamentos de teoria da contabilidade orientados para o usuário. No Brasil, o primeiro esforço nessa direção veio com a “Estrutura Conceitual Básica de Contabilidade” elaborada originalmente pelo Instituto Brasileiro de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Ipecafi), a qual o IBRACON, em 22 de novembro de 1985, incorporou ao seu conjunto de pronunciamentos técnicos, sendo, finalmente, aprovado pela CVM, por intermédio da Deliberação CVM n.º 29 de 5 de fevereiro de 1986. Em 2007, o CPC, a CVM e o CFC apresentaram um pronunciamento básico, mediante Audiência Pública, relativo à Estrutura Conceitual para a Elaboração das Demonstrações Contábeis, o qual estabelece os conceitos fundamentais para a preparação e apresentação das demonstrações contábeis destinadas a usuários externos. Ao traduzir o documento de mesmo teor elaborado pelo IASB, inicia-se no Brasil uma nova tomada de posição em relação à apresentação dos conceitos contábeis fundamentais. Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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